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ELEMENTOS DE LIDERANÇA
[ J. ~l A I .\ ]

LUià àeHETTINI FILHO


fNDICE
Introdução Pág .
JPMU8 comu licl e t• . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Co nceito de lideran<:a. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1~

O líder
QunJidatlPM U;l!ÜC::tl! . . . . . . . . • . . . , . • . . . . . • • . . . • 16
QualldadPM subMtanciaiM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Qualidades accessórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Tipos de líder . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 19
Treinamento de líderes . . . . . . . . . . . . . . 20
Mapas de caracterfsticos das idade11 28
O líder e a comunicação . . . . . . . . . . . . 32

O exercício da liderança
Planejamento 3G
Organiza<;ào 3fi
Co mando . . . . 37
Coordena<;ào .. 40
ContrOle .. . . . . . . . 40
Liderança de grupo
O grupo . . · . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Funcionamento de um grupo .. . . . . . 48
011 o bjetlvoe . . . . . . . . . . . . . . 50
011 processo" de ~Gào ,.. .. . . .. . . .. . . 50
O grupo e o Indivíduo . . . . . . . . . . . . . . 51
o,. grupos mai11 eflcl!!ntes . . . . . . . . . . . . . . 52
O que >~e deve >~aber a respeito do grupo . . . . 52
As t4!cnl cas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Dlscu88ão em pequenos grupos . . . . . . . . 53
:M4!todo de !racionamento . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Grupo de .. cochicho" . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . 5S
Simpósio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5S
Discussão em painel . . 57
Audiência de comissão . . . . . . . . . . . . 58
Preleção . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . .. . 59
Discussão llvre . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 61
Grupos de Idéias . . . . . . . . . . . . . . ,. . . . . . . . . . 62
A vallação .. .. .. .. .. .. ,. . .. .. .. .. .. .. .. 62.
E para terminar . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 65
Blbllogratta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Por Que. o Sapo dá Pulos?
Sempre ouvi dizer que "a necessidade faz o sapo pu-
lnr". Não posso garantir a validade científica da afir-
mação, porém não resta dúvida que expressa alguma
realidade. Êsses ELEMENTOS DE LIDERANÇA são
o resultado de uma 11ecessidade.

Depois de alguns anos de conhecer e lidar com jo-


vells, adultos e adolesce11tes no ambiente das igrejas
evangélicas, não tive outra saída para aquietar minha
consciência senão estudando um pouco mais objetiva-
mente o grave problema da organização, liderança e
funcionamento de nossas entidades. Minha idéia foi
apenas levantar o problema, oferecer algumas indica-
ções tão objetivas quanto me fôsse possível e deixar a
matéria à consideração daqueles que muito bem po-
dem desenvolvê-la.

Ma., um estranho fenômeno aconteceu: descobri


que minha inquietação aumentava, pois agora creio que
q~te é absolutamente. imprescindível experimentar algu-
mas coisas que aqui foram ditas, organizar planos · pi-
lôto, estabelecer cursos de treinamento para líderes e
um número quase interminavel de providênciru.

Consciência é coisa que não se aquieta. Não é mes-


mo possíveL. A consciência precisa estar em constan-
PUBLICAÇÃO DO te ebulição, em efervescência. Precisa ser cada dia mais
DEPARTAMENTO DE sensível.
TREINAMENTO

IMPRESSO NAS Agora .•ó rPsta t'er .~e o sapo continua a pular.
OFICINAS DA
ÇASA PUBLICADORA BATISTA Luís Schettini Filho
,
JESUS COMO LIDER
O líder sabe conduzir as pessoas pelos caminhos
que prepara. Dêsse ponto de vista Jesus foi líder per-
feito . A comprovação está nas conseqüências de seu
convite àqueles a quem encontrava: "Segue-me".
Jesus empregou cerca de trinta anos treinando,
num processo de prepara4;;ão para trabalhar ativa e
ostensivamente dm·ante três anos apenas. Gastou
tl'inta anos vivendo entre as pessdas: "E habitou en-
tre nús e vimos a sua glória" (João 1 :1-t). Jesus gas-
tava grande parte do seu tempo vivendo com as
pessoas: conve1-sando, comendo, ensinando. Foi ci'Í-
ticado como súi acontecer crlm qualquer líder.
Xo grupo dos doze que Jesus ot·ganizoJ, havia
os mais va1·iados tipos de personalidade, com as quais
êle teria de lidar, ensinando cada uma a atingir o
seu. ideal.
Geralmente temos duas idéias erradas a respei-
to dos apóstolos. Pensamos que eram homens ex-
cepcionais e profundamente 1·eliigosos . Por iss1)
mesmo muitos têm n idéia de que para ser discípu-
lo de Jesus é necessú1·io fazer coisas espetaculares
c dramáticas. Os apóstolos eram homens como to-
dos ós outros. Cada um dêles tinha, enJretanto,
suas características distintivas. Reunidos em gru-
po, necessitavam de set· compreendidos, orienta-
dos e ajudados para que o grupo através de sua
a tiv.idade, a tingisse seus objetivos . Para isso ne-
cessitava,IU ~~ um ~ider que compreendesse · tôdas .es•
sas coisas · e ·sou.Desse ·prc:>porcionar .a cada. um oca-·
10 LUIS SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE L;.IOERANÇA 11

sião de agir dentro da esfera de suas possibili~at!es. Jesus três vêzes a pergunta: . "Pedro, amas-me ?"
~enhum dêles foi anulado em suas ca~acter1s.h~as Do mesmo modo quando· t·ecebeu, em . visão, or-
pessoais, pelo contrário, ~es~s. os aproveitava sabJU- dem de Deus para matar e comer animais consi-
mente. Basta examinar mdtvrdualmente certos as- derados imundos pelos judeus, somente após a ter-
pectos da vida de alguns apóstolos. ceira Ol'dem repetida é que se convenceu de que
André, por exemplo , era modesto, prático, co- Deus tinha razão.
rajoso . Foi ele o primeiro discípulo convidado por ~o grupo dds discípulos Pedro representava o
.Jesus. Teve coragem de aceitar o convite sem ter indivíduo tendente a monopolizar, tanto que, em
um outro exemplo pnrn aferir a sua decisãú. En- muitas ocasiões ele aparece falando por todos . Je-
tretanto era homem recatado, não gostava de falm· sus, entretanto, tentava canalizar tôdas essas po-
em público, pelo menos não e.st~va interess.arlo em tencialidades para resultarem em saldo positivo.
set· ouvido por grandes mulhdoes. Preferia ~alar Jesus aceitava os seus discípulos .como eles ernm.
às pessoas individualmente. Era ho.mem que tmha estimulando-lhes as virtudes e corrigindo-lhes os
pouco para dizer, porque estava m.mto o~upado .:m defeitos, pacientemente, porque um lídet· nunca per-
fazct· as coisas. Sempre estava h gado a ocaswes de a paciência.
imporlant~s. Tinha a habilidade ?e ver ~ opor~u­
nidadc das coisas. Foi êle quem vm nos cmco paes Já Tiago manifeslavn cnraclei'Ístico·s bastante
e dois peixes de um menino a possibilidade de ali- diferentes. Era calmo. ~ão linha os rompantes de
mentm· ttma multidão . Pedro. Seu nome geralmente aparecia ao lado do
de Pedro e .João em conexão com episódios signifi-
E Pedro? Pedro era homem do mar, portanto ca ti vos. Irritava-se com pequenas coisas que con-
afeito aos momentos de violência. Era tempestuo- trariavam sua maneira de encará-las. Exemplo dis-
so como o oceano . Quando muitos _vêem apenas so foi o pedido que fêz a .Jesus para mandar fogo do
característicos negativos nas pessoas, .Jesus desco- céu pàra destruir os · samaritanos. Era ambicioso.
bre ~s ·potencialidades positivas. Foi com<;> agiu I~le e João -queriam assentar-se-ao lado de Jesus no
com relação a Pedro. O falo de lhe h·ocar o nome seu• ·Reino . E. como que uma lição da história, o
de Simão para Pedro (rocha), mostra o que ~le an- primeiro discípulo a motTer foi Tiago, sendo .João
tevia em Simão. Era üma oportunidade que lhe o último. Porém, quando Herodes, no intúito de ga-
dava. nhar popularidade, quis matar o líder da "heresia"
Pedro era homem arrojado: houve ocasião em conhecida como a igreja cristã, escolheu a Tiago.
que desejou andar sôbre o mar, enquanto os ou- Assim cada um dos doze apresentava suas pe-
tros discípulos se deixavam dominar pelo_ mêdo. · culiaridades. E Jesus os aproveitou a lodos num
Em contraposição Pedro era homem que <temora- esfôrço de encarregat·-lhes das mais diversas tare-
va a aprender ou, pelo menos, a aceitar as coisas. fas. Jesus era líder perfeito, pois trabalhando com
Para afirmar seu amor a Jesus, precisou ou:vir :de instrumentós tão .diversos soube . aproveitá-los · a
~LEMENTOS DE LIDERAN~A
12 LUIS SCHETTINI FILHÓ
líder é um fenômeno de emergencia na \;da do
parth· exatamente dos elementos que tinha à dispo- grupo".
sição, valorizando a personalidade humana e le-
vando o grupo que liderava a atingir seus objetivos. O líder é um indivídud que, sem impor, tem a
habilidade de impor-se perante o grupo, sem fazer
CONCEITO DE LIDERANÇA tudo em lugar de todos, mas que leva cada um a
realizar-se dentro do grupo através da ação coor-
A. conceituação de liderança só se lornarit cla- denada. O líder é, sobretudo, aquele que serve.
nuuente explicita quando especificarmos e exami- :\'ão existe conceito mais cristão do que êste. A pa-
nannos as atribuições do líder. Dêsse modo poder- lavra de Jesus expressa essa verdade: "Eu vim para
se-ia dizer que líder é aquêle que planeja, organi- servir e não para ser servido'' .
:za, cdmamm, coordena e controla.
Essa conceituação é de tal amplitude que in;
clui tôdas as atribuições do líder. Ser líder é mais
do que "fazer funcionar o pessoal", conforme que-
rem alguns.
Antecedenu<j a essas atribuições, entretanto,
lemos de mencionat· dois fatôres que determinam
e identificam o líder: (1) a preeminência e (.2) a
influência.
O líder é, antes de tudo, um elemento que se
sobressai no grupo e que exerce influência sôbre os
demais. Quais os requisitos para se exercer, fun-
cionalmente, essa liderança'? São dois: (1) domí-
nio e utilizaç~io dos métodos -de atuação sôbre a
conduta humana e (2) conhecimentd das moti"a-
ções do comportamento humano no trabalho, isto
é, conhecimento das causas que levam as pessoas a
agir dessa ou daquela fôrma.
Isso indica a necessidade de se estt~dar os ca-
racterísticos da pessoa humana, como exige que se
tenha as qualidades que oferecem possibilidades de
utilização· de formas de ação e métodos que iiifluên-
ciem ·a comunidade. E' importante lembrar· que "o
O LiDER·
O líder deve possuir um certo número de qua-
lidades imprescindiveis à sua ação. Essas qualida-
des têm uma faixa de variação e sempre que são
relacionadas recebem a influência de seus autôres,
que não se podem manter infensos às suas prefe-
rências e aecessidades pessoais. Entretanto há qua-
lidades que devem ser constantes no líder, carian-
do apenas o grau de intensidade e· perfeição.
As quaUdades aqui mencionadas se restringem
às necessidades de uma Uderança tendo em vista o
nosso ambiente evangélico.
As qualidades do líder estão relacionadas em
três grupos que se completam. A divisão que fa-
zemos tem uma finalidade mais didática que pro-
priamente de estabelecer uma diferença entre elas.

QUALIDADES BÁSICAS
Religiosas
Para uma liderança cristã é necessário uma ge-
fmína conversão ao Evangelho de Jesus e uma con-
seqüênte visão da missão profética do cristão, que
se expressa num acentuado espírito de serviço.
Morais
O caráter é qualidade básica para o líder. Nada
existe substitua um caráter íntegro para conseguir
a confiança das pessoas e dos grupos. As pessoas
precisam dizer a respeito do líder: "Podemos con-
16 LUIS SCHETTINI FILHO ELE"~E.N.TOS.·. Ç)E·. LJI:>E~A.N_ÇA

fiar nele". E isso mio será di lo de um homem de QUALIDADES_ ACÇ:eSSóR_IAS ·- __: : .:. _ :-
caráter defeituoso.
Conhecimento das ; f.un-ções ·essenciais . da org~~­
E' preciso que o líder seja pdssuído de um sen-
timento de eqüidade, lealdade e entusiasmo. Deve nização ~ - . ·. ~ :> ..), . - ~- .:·
ser um individuo respeitadoe do próximo. Essa qualidade. aplicada ao ambiente . das~ igi·~-~
. as significa que o líder não pode desconh.ecer_ a
QUALIDADES SUBSTANCIAIS !sU:.utura em que se movimenta. a sua - orgamz~~ao,
também a mecânica dessa estrutura .no am-
Capacidade administrativa ~~:::onacional . .Isso .é- imprescindive~ ~~ra .c nar:-co:
Resume-se · nos elementos que ci ta mos como dições de coordenação. e ter uma vlsao de conJunL !
auxílio ü conceituação de liderança e que serão dis- da obra total a ser fella.
cutidos ponnenorizadamente quando falarmos do
"exet·cicio da liderança". São: planejamento,. or- Saúde física e menta·l
ganização, comando, coordenação e con trôle.
De certo modo essas qualidades funcionam
Capacidade técnica como base de tôd~s as outra~, p~is· qualquer u~: .
delas será afetada .na sua . aphc~ç.ao · q~ando -. a. sau, .
Isso significa conhecimento do setor onde se de é deficiente.
tem de exercer a lideran<;.-a. Quanto mais próximo
da execução dos planos estiver o lídet·, tanto maior Coragem
a necessidade de conhecimentos técnicos para
ol'ientar o trabalho a ser feito. E' necessário ainda Principalmente ·sob o aspecto moral. Signific!l
um mínimo de conhecimentos técnicos do funcio- a maneira de agir com determina~~o, tomar P?Sl·
namenld dos vários setores da organização onde se -o ao lado dos interêsses da coletiVJdade. O m:edo
desenvolve a lidet·ança pam que haja condições ça · · l l'd
e a tibieza destroe.m um posstve . 1 .er · , .- · ·
de avaliação dos resultados.
O conhecimento da técnica do tt·abalho exe- Decisão ·:·
cutado- pelos liderados oferece ao lider oportunida-
s .. de~ididó.-~quêlé""que sabe .d que está faze~~ ~·
do ~o!verter . dúvidas e1Tl decisão, poss.ibili~ades -.
de de solicitat· a execução das tarefas no tempo há-
bil; isto é, ele terá noção do tempo em que as tare-
fas poderão ser executadas porque conhece as difi- em· Ie
. al"dades
I d · - hder~
, e' a tarefa de um verdadeiro -
culdades do trabalho. Falando sôbt·e o assunto, diz E' oportuno, entretanto, .ressaltar que a . e~lsao n_a~, ·.
Ordway Tead que o chefe deve estar preparado para deve ser apenas. uma ahtude pess9al. dc_J hde~, . mas, :
responder a pergunta: "Estamos executando o nos- deve refletir e expressar, tanto quanto .possiVel! o ·_,
so trabalho com inteira eficiência?" pensamento do grupo.
r
18 L.UIS SCHETTINI FILHO
ELEMENTOS DE LIDERANÇA

. Senso de determinação e direção.


Ta cto
Isso significa ' ter consciência clara dos objeti- Consiste na adaptação dos métodos às situa-
vos do grupo e possuir capacidade de mantê-lo~. ções concretas, na escolha das atitudes apropriadas
Para isso, os objetivós têm de ser atraentes, de fa· em conformidade com as pessoas com quem lida-
cil comunicação a outras pessoas. 'I
mos .

·Habilidade educativa Capacidade de escolha correta dos auxiliares


Gm bom líder <lificilmente resistirá muito tem-
Dirigir significa também ensinar. Através de po a auxiliares ineficientes. Não resta dúvida de
uma liderança capaz surgem experiências que con- que da escolha dos auxiliares mais diretos é que
tribuem para a formação de u ma mentalidade dependerá grande parte do êxito da obra.
;nova. :\Iuitas vêzes em nossas igrejas verificam-se
fracassos em certos empreendimentos como decor-
Cordialidade rência de auxiliares ineficientes. Há quem pense
que apenas qualidades espirituais razoáveis ou mes-
Cordialidade em liderança é mais do que deli-
cadeza ou "boas maneiras". E' real interesse pela mo excelentes, constituem qu\lificação única para o
desempenho de qualquer função dentro da igreja.
personalidade dos liderados. A cordialidade facilita o
Evidentemente que em tôdas as atividades relacio-
incremento da influência do lider.
nadas com as finalidades da igreja, a preparação
espiritual é indispensável, porém, além da inclina-
Capacidade de diagnosticar situações huma- ção pessoal de cada um para os diferentes tipos
nas de trabalhd, faz-se necessária ainda uma prepara-
E' a qualidade que . permite a identificação de ção especifica.
situações que condicionam a conduta humana. E' Capacidade de delegar atribuições
saber, por exemplo, quando está na hora de mu- O líder não é aquêle que tenta fazer tudo em
dar o método. Há sintomas que, reunidos; forne- lugar de todos·. E' indispensável que · saiba distri-
cem as coordenadas _para um diagnóstico _que indi- buir o traQalho, o que implica em confiança nos
cârá novos rumos a seguir_ Por exemplo, o méto- seus auxiliares.
do deve set· mudado quando, o aproveitamento de-
crescer· o número de críticas e sugestões começa- TIPOS DE LíDER
rem a ~lUmentar demasiadamente; crescer o desin-
ierêsse · dos liderados em trabalhm·· pelos objetivos Há, fundamentalmente, dois tipos distintos de
<lo" grupo; o pt·ó<h·id líder começar a duvidar de lideres, que se diferenciam pelos métodos que usam
seu método. para conseguir influenciar os liderados a atingirem
seus objetivds.
. : L.U_IS SCHET;t"INI -J;'ILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA

O líder autocrático _m aneiras de presidir uma reunião, como orientar


o
E' que coloca séu próprio interesse como fun- ds trabalhos de uma comissão, como dirigir a dis-
cussão d eum assunto, etc . É imprescindível tam-
damento dos· objetivos do grupo. Preocupa-se em
impor a sua vontade. Vale-se mais da coação que bém informar sôbre o comportamento generalizado
da persuasão. Seu interêsse está apenas no resul- dos grupos pois quando estão reunidas em grupo,
tado. Torna-se inaccessivel aos liderados, pois en- as pessoas reagem diferentemente da maneira co-
tende que uma aproximação lhe diminuiria a auto- mo o fariam estando sozinhas. Há atitudes dos
ridade. grupos que são mais. ou menos fixas. Os lideres
precisam ser informados dêsses fenômenos para
O líder democrático saber como conduzi-lo eficientemente. Numa eta-
Fundamenta os objetivos · do grupo na causa pa final é necessárid treinar todos os membros do
comum. Sua preocupação é reunir .a cooperação dos grupo, pois em geral, o treinamento é mais eficien-
liderados. Predominantemente recorre à persua~ te quando feito em grupos. ·
são para conseguir seus propósitos. Além de estar Pode-se promover a preparação inicial de líde-
preocupado com os resultados, · ocupa-se do proces- res utilizando um processo que percorre as etapas
so de consegui-los. Busca uma obediência consen- do auto-treinamento e da seleção.
tida e não imposta. Isso quer dizer que êle sugere o
que acha melhor para o grupo clara e objetivamen-
te para que todos cheguem à conclusão do que é real- Auto-treinamento
mente melhor. Isso é uma obediência consentida. Dá
preferência a uma conquista remota que atenda os O auto-treinamento de um grupo consiste em
interesses coletivds a uma aquisição jmediata que um programa de trabalho no qual os membros de
seja apenas de interêsse pessoal. um grupo planejam detalhadamente sua atividade,
encarando-a objetivamente. Nessa ocasião cada
~ão resta dúvida tle que um líder do tipo de- um vai observar e tentar compreender os efeitos das
mocrático não só conseguirá com mais eficiência ações tanto dos indivíduos quanto da comunidade .
os objetivos do grupo,._como também se enquadra- c_omo uma decorrência dessa atitude de compreen-
rá mais perfeitamente nos ideais cristãos. c;ao, surg1rao processos de trabalho mais eficazes e
TREINAMENTO DE LiDERES a utilização mais eficiente das capacidades e habi-
lidades individuais.
Há três aspectos que devemos considerar ao
empreender um programa de treinamento de lide- Xum processo de auto-treino cada membro do
res. Primeiramente deve-se propiciar conhecimen- grupo anotar-á suas observações sôbre a maneira
tos particulares. Isso quer dizer que devemos pro- como se processa o trabalho e o modo como se de-
ver os líderes de conhecimentos objetivos, como: sem:olv.em as atividades progr!lmadas para o gru-
po, m<hcando os pontos fracos de sua ação. Assim,
LUIS SCHETTINI FILHO
ELEMENTOS DE LIDERANÇA

em reuruoes periódicas, todos podem discutir es- Como organizar um Curso prático de treinament() ·
sas observações para buscar as soluções possíveis de líderes
que serão experimentadas no próprio trabalho do
grupo que, por sua vez oferecerá ensejo a novas ob- As seguintes providências são úteis e decisivas
servações, dando lugar assim a um processo de no sucesso de qualquer Curso que se queira orga-
aperfeiçoamento . Dessa forma o grupo se vai auto- nizar:
treinando.
1 . Determinar para a realização do Curso uma
:Esse processo apresenta várias vantagens, pois época favorável aos seus possíveis participan-
catalogar os problemas e obstáculos enfrentados, o tes.
grupo está ativando o desejo de treinar-se como de-
terminando a direção que deve dar ao treinamento. 2. Selecionar os seus participantes. );ão é conve-
Ainda mais: tôdas as vêzes que tomamos consciên- niente que seja um número muito grande . Tal-
cia de uma situação problemática, nossa tendên, vez uma média de 30. ·
cia é nos comportar de maneira diferente. 3. Estabelecer cla_ramente os objetivos do Curso.
Entretanto essa modalidade de treinamento exi- 4. Organizar dctalhadamente o programa, do qual
ge que a indicação dos problemas do grupo seja devem constar nãd somente os temas, como
feita de uma maneira tão impessoal quanto possí- também a modalidade pela qual serão tratados
vel para não degenerar em críticas pessoais que (grupos tle trabalho, preleções, entrevistas, etc . )
destroem o espírito de grupo . i 5. :\fanler contato prévio com os possíveis partici-
Seleção I pantes, enviando-lhes todo o material informa-
tivo sôbre o Curso, como . objetivos, suas apli-
Vai depender da estrutura da organização o -I cações práticas, bibliografias e outros elementos
tipo de líder que ela necessita. Por exemplo: uma
- organização que exija presidente, secretário, tesou-
I que não somente despertem maior interesse c
entusiasmo pelo assunto e pela idéia do Curso
reiro, terá de selecionar entre seus líderes aquêles
que tinham as habilidades requeridas para exercer
j como também sirvam de uma preparação bási-
ca a fiin de facilitar a ministração das aulas.
cada uma dessas funções. ~esse contato prévid deve-se enviar um ques-

O processo de auto-treinamento fornece bas-


tante informação sôbre os membros do grupo fa-
cilitando a designação da pessoa certa para a fun-
ção adequada. As pessoas devem ser escolhidas para

'
t


~

.;.:
tionál"io que terá um lugar importante na ela-
boração do programa. Trata-se de um "Questio·
nário para a avaliação de interêsse". Baseado
nas respostas a êsse questionário é que o organi-
zador do Curso preparará o seu currículo.
as diversas funções de acôrdo com as habilidades ,, Esse método é .importante para que a ênfase
que possuem. i
não esteja em responder perguntas que os inte-

!,
LUIS SCHETTINI FILHO ELEMEN-TOS DE: LIDERANÇA

·: .· -··rêssados nao ·fizeram. O Curso será muito mais Questfonário .de . avaliação
prático e interessante se girar emc tôrno de pro-
. _. -h lemas c· necessidades reais de seus participan- Qual a sua intenção ao fazer o Curso? ------
-tes. O questionário poderá ser mais ou menos
assim: Que aprendeu de mais importante?
Questionário para avaliação de interêsse
O Curso abordou os temas que você esperava ?
Curso de Treinamento de Lideres
se não, quais as omissões?
Diretor:
Como pretende utilizar o que aprendeu no Cur-
to cal Data so?
_ Marque em orde~ de prioridade os assuntos de
seu interêsse: Como poderão ser melhorados os futuros Cur-
( ) técnicas de liderança sos?
( ) planejamento de pro9ramas
(
\ ) como dirigir uma reúnião Outras sugestões
( ) publicida<.le
Há dutras providências que a entidade ou indi-
( ) utilização de materiais audio-visuais víduos podem tomar no sentido de melhorar seus
( ) técnicas de grupo conhecimentos e adquirir novas habilidades aplicá-
veis à liderança. Por exemplo: -
Outros assuntos
Enconh·os de Líderes
Os Líderes de uma mesma lÕcalidade ou re-
Como líder, meus principais problemas são-
·- gião, poderão manter encontros periódicos para tro-
car experiências, apresentando problemas peculia-
res de seu trabalho, ocasião quando poderão sur-
Nonte-------------------------------- gir soluções aproveitáveis. Pelo menos êsse méto-
do nos coloca em contato com novas situações e
. Endereço
6. Proceder a uma avaliação do Curso, que pode ser
·obtida p~las respostas · d.os . participantes a um
j suas prováveis soluções.
Correspondência
Uma ouh·a providência é manter correspon-
· questionário nos seguintes têrmos: dência com líderes de outras regiões, fazendo inter-
ELEMENTOS DE LIDERANÇA 27.
LUIS SCHETTINI FILHO

Essa ficha C?nterá indica5ão que dará a localização


câmbio de planos de trabalho, informações, méto- exata e precisa do material selecionado. Por exem-
dos, ele. Isso pode ajudar, principalmente àqueles. plo: se temos em um livro uma página ou um tre-
que se encontram em regiões de acesso mais difí- cho de interêsse sôbre como organizar uma secre-
cil. taria, marcaremos no livro e faremos uma ficha
Intercâmbio de Lideres c?m ? s.eguinte ti.tulo: SECRETARIA (Organiza-
O contato com situações novas provoca maiol!' çao), mdicando o titulo do livro, o autor e o núme-
amplitude de visão, oferecendo subsídios para uma- ro ~le pági~a. Se o que .lemos foi , por exemplo, um
visão mais elástica e, por isso mesmo, mais ajusta- artigo de Jornal ou revista, podemos recortá-lo, co-
da e real dos problemas de liderança. Assim é que,. lar nm;na folha de papel e arquivar em uma pasta
através de convênios, po1· exemplo, mesmo que por- apropriada . Cada artigo levará um número. ~a
períodos curtos, poder-se-ia fazer intercâmbio de- ficha que terá como título a especificação do assun-
lideres. to, constará a indicação: ~go n°. '5, por exemplo.
~o campo do trabalho da Juventude essa pd- Acreditamos que essas providências, se toma-
tica tem sido utilizada com bastante êxito . Tem-se- das em caráter sistemático, produzirão excelentes
verificado grande proveito dêsses intercâmbios .. resultados; pois oferecerão àqueles que lideram gru-
principalmente no âmbito internacional. pos, subsuhos e elementos valiosos que njudariio
grandemente na consecução de sua finalidade.
Biblioteca especializada
Esta é uma providência indispensável e que.. DUAS ATITUDES DO LíDER
com maior ou menor dificuldade, todos poderão
tomar. Hoje já é fácil encontrar uma boa bibli<>- O bom líder apresenta, infalivelmente duas ca-
grafia sobre liderança, mesmo em português. São racterísticas, que são fatores de sucesso n~ seu tt-a-
~le grande utilidade os livros sôbre Relações Huma- balho.
nas, Liderança, Relações Públicas, Chefia, Admi-
nis-tração; Psicologia, etc. Uma biblioteca especia- Conhecer os lidemdos
lizada em liderança, mesmo que tenha oito ou dez É impossível conhecer as pessoas sem se manh.·-
volumes, prestará um serviço inestimável àqueles interêsse por elas, sem vibrar por suas conquistas ou
que têm a responsabilidade de dirigir grupos. preocupar-se com seus fracassos. O líder não pode
Arquivo prescindir do conhecimento dos rudimentos da psico-
'Cm arquivo é como que um segundo cérebro. logia das várias idades com que trabalha. O líder in-
É impassível guardar na memória tudo o que se lê
teressado em conseguir o máximo das pessoas em
ou o que se ouve. Por isso que um arquivo bem or- «fazê-las funcionar:. dentro do programa de açã~ es-
ganizado, funcional, torna-se uma ajuda excelen- tabelecido, precisa estar inteirado das características
te. Poder-se-á fazer uma ficha para cada assunto. psicológicas marcantes das pessoas com quem lida.
'28 LUIS SCHETTINI . FILHO ELEMENTOS ..DE LIDERANÇA

Será proveitoso se o líder pt·eparar, para ? seu 2. Impulsivo 2. Impulsivo


uso pessoal, um fichário onde possa coletar mfor· 3. Sugestionável 3. Incansável
mações sôbre os componentes do s~u grupo. Por 4. Pouco ou nenhum au· 4. S ugestionáver
.exemplo: uma ficha que forneça mais ou menos os
~eguintes dados:
to-contrôle 5. Crescimento rápido
5 . Incansável 6. ~Ienos dependente
Enderêço - - - - - - - - - - - -
Fisicamente Fisicamente
:Nome
Telefone - - -- - Idade - - - - 1. Egoísta 1. Sensível
Grau de Instrução - - - - - - - - 2. Brinca sozinho 2. Brinca com outros
3. Ama rílimo 3. Deseja cómpanhia
Cargos que ocupa na igreja :\lundo do "faz de
conta"
Profissão
Socialmente Socialmente
Atividades que pode desempenhar nu
1-. Curioso 1. Período escolar
grupo
2. Imaginativo 2. Grande curiosidade
:-.ro verso da ficha podem ser feitas observa· 3. Atenção limitada 3. Aparece a razão
-ções a respeito da pessoa à medida que fôr desem- :\iemória vaga 4. Gosta de histórias
·penhando seu trabalho.
5. Perdoa com facili- 5. Imaginação e inicia-
Para auxiliar o líder no conhecimento dos seus dade tiva
lidet·ados, pelo menos num aspecto, apresentamos 6. Gosta de história 6 . Desenvolvimento da
um "mapa de característicos das idades", que é memória
uma adaptação de "Christian Leadership", · de ~lary
Frances Johnson Preston. Espiritualmente Espiritualmente

Mapa de característicos das idades 1. Fé simples 1. Distinção entre certo


2. Acreditam no que di.,. e errado
IDADE: 1-5 IDADE: 6-8
zern 2. Despertarnento do in-
.Mentalmente Mentalmente 3 . Impressionável terêsse pela Religião
1. Ativo 1. Ativo 3. Conversão possível
ELEMENTOS DE . LIDERANÇA
30 LUIS SCHETTINI FILHO
:l. Ideais em declínio ra impressão religiosa
IDADE: 9-12 IDADE: 13-16 -t. Senso de honm 4. Desânimo
Mentalmente Mentalmente .J. Gosta de heróis 5. Covardia
1. Ativo - muita ener- 1. Exagero da auto-con- IDADE: 17-2t
gia fiança IDADE: 25- (Adultos)
2. Gdsta de aventuras 2. Interessado em apa- · Mentalmente Mentalmente
rência pessoal
3 . Associa ti vo 3. Desenvolvimento se- 1 . Maturidarle 1. ~laturos
4. Franco cérebro xual 2. Fôt·ça
3. Auto-confiança 2. Agressivos
em desenvolvimeu to -t. Mends energia
-t. Energia 3. Poder de perseveran-
Fisicamente Fisicamente 5. Hábitos rle saúde for- ça .
mados
1. Espírito de grupo 1. Espíl'ito de auto-con- 6. Atléticos
muito forte fiança
2. Agresivamen te sexual 2. Acanhado Fisicamente
3. Desajeitado Fisicamente
3 . Desenvolvimento do
-L Impulso em conflitos 1. Independentes
sentimento 1. Recreação- jogos
;>. Romance I
4. Gosta de ser como ar- 2. Responsáveis 2. Desejo de servir
6 . Vaga emoção 3. Altruístas
tistas 7. Introspectivo 4. Amigds
8. Reajustamento social 5. Espírito de renúncia
6. Amor-sexo
Socialmente S<lcialmente 7. .Mostra habilidades
-
1 . Boa memória 1. Investigador
2. Atenção voluntária 2. Raciocínio rápido Socialmente
3. Confuso Socialmente
3. Perguntador
4. Gostar de pesquisar 4. Idealista 1 . Escolha f ei ta
5. Abandona Escola e 1 . Concentração
5. Gosta de disputas 2. Razão e vontade
Trabalho 3. Amadurecidos 2. Pesquisa independen-
6. Adora heróis 6. Memória associativa te
4. Mente ativa
Espiritualmente Espiritualmente 5. Sequioso pela ver- 3. Memóda prática
dade
1. Pronto para evangeli- 1 . Crise religiosa 6. Pensador independen-
zação 2. Desejo de servir te
2. Impressionável 3. Tempo favorável pa-
· .LUIS - SCHETTII'tl.- FILHO .,
ELEMENTOS DE L1DERAN_ÇA
Espiritualmente · Espiritualmente
defeituosa. Assim se o líder (transmissor)- e 0 :~~­
1. Vida cristã de serviço 1. Conversão pouco pos- po (receptor) não estiverem ajustados um ao outro-~·
2. Conversão sível h~verá cor:nunicação deficiente e, com oconseqüên:
3... Duvidas aparecem 2. Convicção profunda c1a, transtorno na execução do plano de trabalho.
4. Escôlha da vocação 3. Hábitos formadds Para exemplificar: a ira, a emoçüo são obstá-
culos à comunicação porque transtornam as condi-
Ajudar os liderados a progredir ções _de aju~tamento ~ecessários. O desajustado co-
Há muitas coisas que o líder pode fazer para mumca-se somente ate onde seu desajustamento per-
ajudar aos seus liderados. E' necessário criar um mite.
:1mbiente de confiança e cultivo da vida cristã ao Maneira de ouvir
redor do qual se deve desenvolver a atividade da or-
ganização. Geralmente preferimos falar ·a ouvir, pois falan-
A par dêsse cuidado o líder deve proporêionar do transmitimos nossas idéias, tomamos ares de im-
ocasião para atividades que provoquem estímulo in- portantes e nos torna~os centro das atenções.
telectual, como também aparelhar seus liderados de Quando ouvimos nos perdemos no meio do gru-
recursos que lhe permitam tornarem-se cidadãos p~ e como que desaparecemos. Talvez seja essa a rn-
atuantes como cristãos na sua comunidade dentro e zaó porque falamos mais do que ouvimos. Percen-
fora da igreja. ' tualmente o que assimilamos do que ouvimos alcan-
ça apenas 30 ~ - :Mesmo essa percentagem costuma
O L1DER E A COMUNICAÇÃO ser reduzida de 50 % duas semanas após à audição. -

Liderar é comunicar. O líder tem a o·brigação )faneira de Falar


de comunicar-se com habilidade com os membros do O modo de as pessoas falarem influi em muito
seu grupo. no pensamento que querem transmitir_ As mesmas
Três elementos são indispensáveis a uma comu- palavras ditas de forma diferente e em tonalidade
nicação ef~tiva: diversa, têm efeitos os mais variados.
Há os que falam aos arrancos, os que embru-
, ·Ajustamento lham as palavras, os que falam com a boca apenas
Tanto a transmissão quanto a recepção têm de entr~-aberta , os que "m~stigam" as palavras. Há
passar por um processo de ajustamento para que a aqueles que falam demaswdamente dentgat· ou de-
comunicação se faça com eficiência. Por exemplo: pt·essa demais.
se a sintonia de um receptor com o . transmissor ra- Tudo isso _influi na com~nicação que queremos
diofônico não estiver ajustada, a comunicação será fazer. A maneira de falar é de fato importante. De-
vemos usar, tanto quanto possível palavras harmo-

. '
LUIS SCHETTINI FILHo-
34

niosas. e positivas. O "F orbes Magazine'~ publicou,.


num- Curso de Relações Humanas, a segumte suges-
tão: O EXERCíCIO DA LIDERANÇA
"As cinco palavt·as mais importantes: Após a conceituação de liderança e o relacio·
_ Estou muito satisfeito com você! namento das qualidades marcantes de um líder, de-
As quatro palavras mais importantes: vemos passar ao aspecto mais prático, que é o exer-
cício da liderança propriamente dito. ~ão se pode
- Qual a sua opinião?
ser tão específico quanto um figurino, mas é possí-
As trcs palavras mais importantes: vel oferecer algumas normas que satisfarão algumas
- Faça o favor~ niente fazer periodicamente as seguintes três per-
As duas palavras mais importantes: necessidades maiores de nossas igrejas no setot· ad-
ministrativo ou de liderança de um modo geral.
- ~!ui to obrigado! liderança de um modo geral.
A palavra menos importante:
-Eu. Confot·me nossa conceituação, o líder é aquele
que planeja, organiza, comanda, coordena e controla.
Para avaliar nossas atitudes com respeito ao
ajustamento, à maneira de (alar e o~vir, é conve- Planejamento
noicnte fazer periodicamente as scgumtes três per·
g~11tas:
Planejamento é, essencialmente, "previsão",
"antecipação". ~sa previsão só tomará a forma de
a) Qual a minha melhor qualidade? planejamento por meio de uma pesquisa ou de um
b) Em que aspecto tenho maior urgência de me· levantamento das possibilidades do grupo, das me-
lhorar ·? tas a atingir, etc. Isso permitirá um conhecimento
mais ponuenorizado da situação real, das possibi-
c) Quais as minhas outras necessidades? lidades dos elementos, da disponibilidade de recur-
sos para se atingir as finalidades desejadas. Um bom
planejamento tem as seguintes. características:
1. Objetivo definido
.?.. Relacionamento dos recursos materiais e huma-
nos.
3. Escolha do método adequado, tendo em vista os
recursos disponíveis e o objetivo a alcançar.

L.
36 LUIS SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA . 37

4. Unidade Se dentro do grupo fôr necessário determinar


alguém que oriente agrupamentos menores, é im-
5. Contjnuidade prescindível determinar, com bastante clareza, as
6. Nlaleabilidade suas funções, como colocar sob sua supervisão um
7. Precisão grupo de pessoas que não seja demasiadamente gran-
de a fim de não prejudicar a atenção que deve dar
Vm plano de trabalho que visa alcancar uma a cada uma.
meta final, compõe-se de vúrias metas sectmdúrias
que devem ser como estágios inter-relacionados e Quantd à distribuição das tarefas é preciso ter
em vista o tempo. a complexidade do trabalho e a
que conduzam ao objetivo final.
habilidade pessoal a fim de não sobrecarregar as
'Êsses objetivos secundários devem ser flexíveis pessoas cdmo também não subestimar suas possi-
e conCISOS. bilidades.
·É importante lembrar que os planos devem con-
vencer as · pessoas que vão executá-los. Em síntese, Comando
t_nn plano de trabalho deve responder taxativamente Constituído o grupo de pessoas que vai executar
a i tens como: o plano, cabe ao líder fazê-lo "funcionar". Para diri-
1 .. Quem irá realizar o trabalho? gir hem um grupo é necessário que o líder tenha em
conta certos princípios de fundamental import~ncia,
2. Que trabalho, precisamente, deverá ser realizado·? como: divisão do trabalhd, autoridade, disciplina,
3. Quando será realizado·? centralização, eqüidade, iniciativa e a união do grupo.
.t. Onde será executado? Relacionadas com a direção há várias iniciati·
vas de vital importância para a consecução de um
;>. Por ·que realizá-lo? programa de ação, que passamos a enumerat·:
Organização Dar ordens
Organizar· é providenciar todos os recursos ma· Talvez a expressão não seja bem · adequada ao
teriais indispensáveis à execução do plano de traba· nosso ambiente, que se move na voluntariedade do
lho ou pwgrama de ação estabelecido. se1·viço. Entretanto, a empregamos estritamente no
Dois aspectos são de grande importância na or· sentido administrativo, que significa a determina-
ganização de um tmbalhô: o organismo material, ção das tarefas e das pessoas para executá-las, o que
vale dizer: distribuição de responsabilidades.
isto é, a providência dos elementos mater·iais neces·
sários à execução do plano; o organismo social, isto A execuçãd de um trabalho deve ser coisa natu-
é, o adestramento·, a ·seleção e à distribuição do pes· ral, sem que seja necessária uma ordem ou permis-
soal de acôrdo com o plano estabeleddo. são· especial. Se para a execução de cada tarefa, o
38 LUIS" SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA

líder precisa intervir no sentidd de consegui!· o seu ti vos. Isso, no entanto, requer do líder que seja um
cumprimento, existe uma flagrante deficiência de es- individuo receptivo às sugestões de seus liderados·.
truturação ou de planejamento. Isso significa que É preciso também, que diante de uma suges-
num trabalho bem planejado, estruturado e organi- tão concreta, se verifique a sua exequibilidade. Em
zado, o número de ''ordens" é reduzido ao mínimo . caso negativo, ter cuidado ue explicar ao seu autor
l'ma ~ rdem dada com eficiência deve ser: l:iara, a inconveniência de sua aplicação . Importante, con-
em Iom adequado de voz, cortez, uma ordem posi- tudo é identificar o autor da sugestão para que se
tiva. poss~ estimulá-lo.
Ao distribuir o trabalho o líder deve estar bem Fortalecer o espírito de equipe
informado da tarefa que vai dar, consciente da ca-
pacidade ua pessoa que irá executá-lo. Às vezes é Sem que haja espírito de equipe, uifíc~l será
preciso fazer uma demonstmção prática . executa r qualque1· plano de trab?lbo, P<?r. ma1s bem
elaborado que seja. Como elemento bastco para o
Incentivo desenvolvimento uo espírito u eequipe, encontra-
mos a confiança que o grupo deposita no líder .
1lá um desejo constante na pessoa humana -
É preciso ainda levar os membros do grupo
desejo de aprovação. O incentivo é o meio de satis-
fazee esse uesejo e, conseqüentemente, aumentm· a a descobrirem que os interêsses ue cada um se con-
tooperação dos liderados. É necessário, entretanto, fundem com o interesse da prganização a que per-
comedimente no elogio, para que êle seja valori- tencem. Tudo o que pt·ovoque a unidade do grupo,
zado . é benéfico para o desenvolvimento do ~rograma de
ação estabelecido. Por exemplo: a adoçao de emble-
Obter sugestões mas, uistintivcs, etc .
.-\ liderança democrática pede que os membros Manter a disciplina
do grupo participem tanto na determinação das me-
);ão se confunda disciplina com pum..çao . ~in­
tas a atingir, quanto no estabelecimento dos processos
de trabalho. É mais importante coordenar o pensa- guém vive sem disciplina. I~so é ve~dade tanto na
mento do grupo sintetizar suas sugestões, do que im- vida indiviuual quanto coletiva. É Importante ter
por uma idéia que ainda não foi assimilada pela em mente que o- termo disciplina, deriva de. d~c~· ·
maioria. pulo. Ora, o líder que procura manter a dJsclph-
na no seu grupo está simplesmente mantendo re-
Assim a obtenção de sugestões torna-se método lações de professor para alunos, o que implica em
excelente não só para aperfeiçoar o programa de pacit!ncia, orientação, serviço.
ação, como para estimular os membros do grupo As dificuldades relacionadas com a aplicação
a se empenhare111 mais na realização de seus obje- de medidas disciplinares decorrem mais da maneira
'· 40 LUIS- SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA

-de aplicá-las· do que · mesmo de sua própria neces- vidade, uma idéia de apt·oveitamento ou dos pún-·
sidade. tos fracos da execução.
Coordenação Presidência de reuniões
É harmonização. É não se perdet· em porme- As reuniões são veículos de coordenação do tra-
nores, mas dar lugar ad fundamental. É dar as de- lwlho. Seu resultado positivo, em grande parte,
vidas propot·ções às várias fases do planejamento. cs lá em função da sabedoria na sua direção. Há
Cada setor ele atividade da organização tem de cres- vári<5s aspectos que devem set· definidos e sistema-
cer harmônicamente com os demais para que haja tizados para que uma reunião desempenhe sua fi-
equilibrio de desenvolvimento. nalidade.
Para que isso aconteça é necessário que haja As reuniões podem contribuir para a obtenção
comunicação sistemática entre os responsáveis pe- de uma opinião coletiva, modificar o ponto de vista
·lds vários setores, o que se pode proporcionar atra- de algum membro do grupo, fortalecendo assim o
vés de· reuniões de comissões. ~entido de equipe du analisar situações que exijam
uma -;olução em conjunto.
Contr:õle Algumas providências tomadas a tempo con-
tribuirão para o exito de uma reunião:
Controlar significa verificar se tudo corre de
acôl'<lo com o programa traçado. Significa desco- 1. Prepanu· adequadamente o ambiente onde se
brir as falhas para, em seguida, fazer as adaptações processará a reunião.
ou empreender as transformações indicadas. 2. Preparar cuidadosamente a agenda da reunião
O contrôle deve ser exercido mais sôbre os fa- de modo que os participantes possam tomat· co-
tos que sôbre as pessoas. Há várias maneiras de nhecimento dela com a devida antecedência a
contro'lar a execução de um plano de trabalho, de- fim de terem o tempo necessário para o seu
pendendo da natureza de cada ativídade. Para o exame.
tipo de "organizações" que temos em _nossas igre- 3. Demonstrar esfôrço e interêsse em compt·een-
jas, acreditamos que uma forma eficiente de man- der o que os participantes querem realmente ex-
ter o contrôle é através de relatórios sistemáticos pressar .
dos responsáveis pelos diversos setores, discutindo- -4. E vi ta r que a t·eunião -se proldngue demasiada-
. os em cdnjunto à luz dos objetivos comuns e totais mente, exigindo dispêndio exagerado de energias
da organização. na consideração dos assuntos.
O sistema de gráficos para indicar o progres- É preciso que haja equilíbrio entre o tempo
so, as realizações c as conquistas do programa de dedicado à análise dos problemas e o tempo sepa-
~ção, poderá oferecer, com maior nitidez e ·objeti- l.·ado à "criação" de idéias du soluções.
LUIS SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA

Há três atitudes básicas que se podem adotar no Um proveitoso exercício para o líder é; apóS.:
desenrolar de uma reunião: as reuniões, proceder a uma avaliação para aquila-
(1) Formular perguntas sem proposições afirmati- tar os resultados, descobrindd, inclusive, novas for-
vas para estimular e exercitar a mente dos par- mas de agir em reuniões posteriores para conseguir
ticipantes a emitir suas opiniões de modo que resultados mais compensadores . Deverá verificar~
se possa, com o decorrer da reuniãó, estabe- Se o problema foi apresentado de forma razoável
lecer a média do pensamento do grupo. e precisa; se as questões apresentadas eram r ealmen-
te relacionadas com o problema em foco; Se man-
(2) O presidente poderá, através de perguntas E> teve a presidência da reunião num tom ''impes-
afirmativas, apresentar a solução do problema soal"; se a discussão foi dirigida de modo a conàu-
e, gradativamente, guiar o plenário à sua con- zir o plenário a uma solução; se procurou, em têr-
clusão. Êste é o chamado métodd do "desen- mos claros e concisos, formular o pensamento do
volvimento" . !&;se método, além de exigir grupo, como resultado do desenvolvimento da dis-
muita habilidade, nem sempre se coaduna 11om cussão; se descobriu a ocasião de formular a pro-
o espírito democrático de nossas organizações. posição representativa do pensamento do grupo .
(3) E,quadonar o problema em tôda a sua ampli- Aü conduzir uma reunião o líder, fatalmente.
tude, aproveitandó tôdas as opiniões e expe- vai encontrar os mais diversos tipos 1le pessoas ma-
riências para se chegar a um acôrdo que seria nifestando suas idiosincrasias . É p1·ecisp saber li-
a descoberta da solução . l?:sse método de "dis- dar com elas, canalizando suas pntencialidades nu-
cussão" é o mais comumente usado. ma dire~,:ão que contribua para a consecução das
Sôbre o sucesso ou fracasso de uma reumao, finalidades do grupo . De acôrdo com a observação
encontramos algumas observações interessantes nu- de Fern em seu livro "Training for Supervision in
. ma publicação da Divisão de Treinamento do "Of- Industry", encontramos, de modo geral, sete tipos
fice of Personnel" do :vtinistério da Agricultura dos de pessoas num grupo de discussão: o palrador, o
Estados Unidos da América do Norte . Um dirigen- discutidor, d autoritário, o silencioso, o nervoso, O'
1e de reuniãó terá sua eficiência comprometida critico e o teói'Íco.
quando: expressa sua opinião como chefe; procura Secretaria de reuniões
impor suas idéias ao grupo; atropela e precipita a
discussão desde o princípio; consulta ostensivamen- Vm dos trabalhos importàntes do secretál'io é a
te o relógio; formula muitas perguntas que com- ata. Conhecemos muitos secretários que não têrn
portam respostas apenas "sim" ou "não"; demora a mínima idéia de como confeccionar uma ala . E
em tópicos demasiadamente longos na discussão; isso, às vêzes, dificulta bastante a produtividade do
estabelece paralelos entre os participantes da reu- grupo.
nião; dissolve a reunião sem qualquer espécie de Que é uma ata? Ata é um registro fiel e com-
súmula. preensivo do que se passa na sessão, e não peça li-

r
LUIS. SCHETTINI FILHO
ELEMENTOS DE LIDERANÇA 45-
terária ou um umontoado de elogios. A ata deve ser
registrada no livro competente, que precisa de ter-. está "combuição". Se a ata já estiver assinada, a
na página inicial, o "termo de abertura". O livro correção se fará na ata seguinte.
deve ser marginado e ter tôdas as suas púginas ru- O livro de atas deve ter, pelo menos, dois centí-
bricadas pelo presidente. metros de mar·gem. ~a margem direita registra-
As atas devem ser redigidas. se possível, na mos o título dos assuntos tratados no corpo da ata ..
ocasião da reunião para ser lida nu final . Se isso Isso facilitará bastante consultas postel'iores.
não fór possível, no dia seguinte deverá o secretá- Diretrizes gerais ·
rio já proceder à redaç~io, pois isso o ajudará bas- Dando ênfase a alguns aspectos mais impor-
tante a redigi-la com fidelidade. tantes já mencionados, apresentamos algumas ob-
A ata deverá conter o seguinte: servações de caráter eminentemente prático, algu-·
mas delas citadas por \V. Estelita Campos em seu
1. Título da reunião. Exemplo: "Primeira reuruao livro ''Chefia, sua técnica e seus problemas".
ordinária da ... " ou "Terceira reunião extqwr-
dinária da ... " 1 . Liderar não significa primordialmente man-
2. Local, dia e hora por extenso. dar . Liderar implica em ler atribuições e res-
ponsabilidades.
3. Descrição concisa, porém dura dos principais
fatos ocürTidos na sessão. <> Dedique o tempo necessário a cada atribuição E.
responsabilidade !le acórdu con1 sua ordem de·
4. Uma proposta deve ser registrada na forma em importância.
que fui aprovada. Proposta rejeitada não figu-
ra em ata, a não ser mediante pedido do propo- 3. Esforce-se para colocar apenas uma pessoa.
nente, aprovado pelo pl~nário. responsável por um setor de atividade.
;) . Encerramento da reuniãd. 4. Seu instrumento principal de liderança deve ser·
a persuasão e, ocasionalmente, a sugestão .
~a confecção de uma ata nãei se usam pará-
grafos nem se deixam espaços vazios. Não se risca 5 . Antes de vencer os liderados, procure conven- ·
nem se apaga. Havendo algum êrro, segue-se es- cê-los.
crevendo, esclarecendo, em geral, com a palavra 6. Procure conhecer os liderados individualmen-·
"digo", e acrescendo a expressão correta. te. Isso evitará que você lhes dê tarefas além
Como se emenda uma ata? Se o secretárid em ou aquém de suas possibilidades.
vez de "contribuição", escreveu "combuição", an-
-tes ?e assinar, escreverá: "Em tempo: nesta ata, 7. O líder autêntico representa as aspirações do
na hnha 20 da folha 12, leia-se "contribuição.. onde seu grupo. Isso implica em que você deve ser·
um exemplo na sua conduta pessoal.
LUIS SCHETTINI FILHO

8. Examine, periodicamente, o plano de trabalho


que está seguindo para verifica1· se não neces-
sita ser ajusta do . '
. LIDERANÇA DE GRUPO
9. Lembre-se de reunir periodicamente seus co-
laboradores mais diretos para manter a uni- A atividade do grupo gira em redor de um
dade da dit·eção. complexo de situações. De início algumas pergun-
10 . :Vlostre entusiasmo no seu trabalho . O entu-
ms logo surgem, mostrando a complexidade e a
importância dos grupos . Sabemos de fato o que
siasmo é sempre contagiante. queremos fazer·! Há facções dentro do grupo que
11 . P,:ocu~·e criar condições favoráveis para um encaram de modo diferente o trabalho que se em-
novo _mtegrante do grupo, apt·esentando-o aos preende "! E quanto aos métodos empregados, to-
demats, colocando-lhe a par dos planos e das dos concordam ? Existe realmente o sentido de gru-
realizações. po ? Quais as relações dos componentes do grupo
uns com os outros? Existe comunicação do grupo
com o restante da comunidade total?
:\fossa exposição sôbre a liderança de grupo
baseia-se na idéia de grupo democrático, que tem
as seguin~es características: Seus objetivos e a es-
colha dos meios para sua consecução devem ser de-
terminados pelo próprio grupo; o consenso do gru-
po predomina, mesmo que haja opiniões individuais
discordantes; as idéias examinadas pelo _grupo são
aceitas em função do seu valor sem se levar em
; conta qualquer outro critério; os líderes têm wmo
:
i
função pr·incipal criar condições para a nçãó dos
grupos.
i Do mesmo modo que os indivíduos, os gr·upos
· têm necessidades e desejos, alguns dos quais são es-
colhidos como seus objetivos . Para satisfazer seus
desejds ou, no caso, para alcançar· seus objetivos,
são escolhidos os processos de ação . São três os
elementos fundamentais do procedimento do gru-
po: o grupo, os objetivos e os processas de ação.
48 LUIS SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA 49

O grupo as coisas. Se mio fôt· desenvolvida a área de har-


monia nas relações pessoais. a produtividade do
Os membros do grupo diferem de si. Cada um grupo serú grandemente reduzida .
possui seus in terêsses, aspirações, motivações, a ti-
:t.udes, hábitos, sentimentos, que são projetados nos Quando estão e m grupo as pessoas reagem da ~
demais. Além das fôrças positivas existem as de mais variadas formas . Hás os hiper-sensíveis:
1eor negativd como a angústia, frustrações, inibi- são aqueles que se melindram pm· qualquer dá-
ções, etc. Tudo isso incide sôbre o grupo. Por um c:i-acruela-palha. Hú os negativistas. Há tam-
processo de associação, a combinação dessas fôr- hcm os que sempre estão mencionandó as fal-
ças gera por sua vez outras fôrças, que atuam no tas e defeitos dos companheiros. Apenas alguns
grupo . exemplos . Para melhorm· as relações humanas
~~ desenvolver as habilidades sociais entre os
É necessá;·io ter tôda essa pt·oblemática em
mente quando se está com a respdnsabilidade da li- componentes de um grupo, pode-se, por exem-
derança de um grupo. plo, constituit· os grupos de uma maneil·a hete-
rogênea, de modo que as pessoas difiram na ma-
Funcionamento de um grupo neira de considerat· as ·coisas, tenham atitudes
diferentes, etc. Também é conveniente ter mo-
Há alguns pormenores importantes e que de- mentos de recreação quando, em relações amis-
vem ser observados para que um grupo em ação tosas l' informais, os componentes do grupo se
possa desempenhar bem suas funções. ~onheçam melhlH.. Deve-se evitar a pressão dos
objetivos externos ao grupo como, por exem-
1. Preparação do ambiente - O ambiente físico plo. os pn!miós, as competições. ÊSses recur-
merece cuidados: a localização das cadeiras, da sos podem provoc:.H· animosi<.l~des prejudiciais.
mesa dd dirigente, a decoração, a iluminação,
etc. É preciso que haja, tanto quanto possível, um :1.. Observação dos processos de grupo - Todo
senso de igualdade entre os participantes de um grupo aó disculit· um pt·oblema ou estudar os
_grupo de trabalho . Por essa razão devem ser mé todos de açüo para empreender qualquer ati-
abolidos os títulos no tratamento com as pes- vidade, toma uma dit·eção que tanto pode levá-
soas a fim de não haver inibições que prej udi- lo ao êxito quanto ao fmcasso. Pot· isso é im-
quem a produtividade dd grupo. Outro deta- portanie que, ao se lançar a um estudo, o grupo
lhe importante é evitar que um grupo pequeno tenha o que se poderia chamat· de "observador''.
se reuna em uma sala demasiadamente grande e Será alguém que, estando no grupo, não parti-
vice-versa . cipará da discussão do estudo. Estará apenas
2. Redução das áreas de conflito - Todo grupo observando para, ao final de cada etapa de tra-
está sujeitd a conflitos entre seus membros, pois balho, responder· a perguntas cdmo estas: por
cada um tem sua maneira de set· e de encarar que o líder procedeu dessa ou daquela maneira ?
. .. 11

50 LUIS SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA


51
por que alguns componentes do grupo se _cvm- ~ . açã.? eficiente do grupo,. ent,retanto, exig~:·
portaram dessa ou daqu~l~ forma? Quat~ os ~ venf~caçao de certds requisitos sem os quais será
trâmites que o grupo uhhzou para desenvol- Impossivel uma ação produtiva.
ver a discussão'? O ambiente físicd estava ade-
É_ D:ecessário, por exemplo, ter bem definidos :
quado ao tipo de discus~ão ou estudo'! Houve os. obJehYos do gru~o,. quais suas finalidades, deter-
participação geral na açao ·do grupo ou apenas
n~mar com ~lareza para o que o grupo existe. Além
dois ou três "lideraram" a discussão?
d1sso, ~traves de um processo de avaliaç-.io, deve-se ·
O aspecto da participação total do grupo na :]
dete:m1~ar se o grupd é competente para atingir :
discussiio de um assunto é de fundamental impor- as fma!alades a que se propõe. Possui o grupo 0 ·
tância. Será proveitoso fazer uma verificação da '
t:onhec1mento e a autoridade necessários sôbre 0 ·
freqüência de participações. Para isso pode-se ado- assunto de que trata? .
tar a sugestãp de Jack R. Gibb.
Existe unanimidade de propésilo entre os com-
Identifique os participantes da discussão com ~onent~s ~o grup~ .. Sem cóncordância será dificí-
um número e marque quantos ''cincd segundos'' limo atmg1r os obJehvos estabelecidos. ·
eada um fala. Cada retângulo equivale a einco se-
gundos. Com o contrôle _riRoroso du~a~te ~8 mi- . Depois de considerar todos êstes .aspectos é con-
nutos já se pode ter uma 1de1a da parhc1paçao oral ve~Iente_ prev~r as conseqüências da ação do grupo .
do grupo. pms mmtas vezes preparamo-nos para a ação e so-
rnos_surpreendidos no despreparo para enfrentar a
Os objetivos reaç-.10.
Para apresentar · produção justificável, o gru-
po . precisa ter objetivos cl_aros e defin~do_s . li:sses O grupo e o indivíduo
objetivos devem ser escolhidos pelo propr10 grupo
e nunca impostos por um agente externo c estranho O grupd exerce influência sôbre os individuas ·
ao grupo. que o :ompõem. O aprendizado no grupo difere do .
aprendtz_ado. ~m estudo individuo!. Aliás, aprende-
Os processos de ação mos mais facilmente quando estamos em grupo.
~.sses processos que dão conseqüência aos ob- As pes~oas adquirem crenças, manei~as, atitu-
jetivos estabelecidos, são as técnicas. As técnicas des e sentimentos relacionados com os grupos a.
são recursos utilizados para estimular as pessoas que pertenc~J? . . O modo de as pessoas agirem é ·
a se inter-relacionarem. Os objetivos de um gru- uma consequenc1a do grupo que domina seus inte-
po .serão mais fàcilmente alcançados quando se ado- resses. ~ã? há. dúvida de que o grupo a que per- .
tam as técnicas adequadas, do que quando se ' de- le~l.cemos, ~n,lu~ em nossa vi~a muito mais ~o que
pende simplesmente de um comportamento im]ml- pt:ssamos mlagmar. Influencia nosso modo · de fa-
sivo e imprevisível . lar, nossas convicções e nossos princíp_io~;- ·;. · ; ._'·;
LUIS SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA
52 "

Os grupos mais eficientes 4. A vinculação do grupo com outras organizações


similares.
Quais seriam os. tipos de grupos mais efic~en­
5. A maneira pela qual o grupo colabora com ou-
tes na sua ação e que cumprem realmente sua fma-
trós grupos na comunidade tôda. Isso será va-
uidade ? lioso para revelar o grau de maturidade dos com-
Há vários fatores que são responsáveis pela pro- ponentes do grupo. Quanto mais insulado, mais
dutividade do grupo. Por exemplo: O intere~se e o fechado dentro de si mesmo, mais denota falta
prazer dos membros do grupo em estarem JUntos; de ma tu !'idade .
a espontaneidade de ação dos membros do grupo.
Quando OS componentes do g:upo . f~zel~l porque AS 'N:CNICAS
querem, motivados por uma d1spos1çao mte~na, ?
clima que se cria torna-se grandemente favoravel a Mencionaremos, a titulo de · exemplo, algumas
produtividade; As decisões como resul~a~o ?o con- técnicas de grupo, isto é, processos de ação nos
senso geral do grupo. Nenhuma dec1sao 1mP?lit~ grupos, com alRuma orientação sôbre o seu funcio-
contribuirá para que o grupo alcan.ce seu~ obj~t~­ namento. As técnicas devem ser adaptadas às si-
vos . Os objetivos que as pessoas tem ma1s facili- tuações concretas, o que vale dizer que os exem-
dade em compreender são aquêles que ajudaram a plos aqui apresentados, não devem ser necessària-
encontrar . mente aplicáveis às situações de todos os grupos.
O que se deve ~ber a respeito do grupo Nossa intenção é ajudar os lideres a aproveitar
mais eficientemente o trabalho e o esfôrço dos gru-
~ão se compreende que um líder desconheça cer- pos que dirigem.
tos aspectos da vida do seu grupo . Há pormenores
que devem ser do seu conhecimento. Por exem- Discussão em pequenos grupos
-
plo: Esses grupos situam-se entre cinco e vinte pes-
1-. Os estatutos, os regulamentos ou regimento in- soas e, apesar de ter uma estrutura simples, quase
terno que servem de diretriz para a vida do baseada na conversa informal, pode produzir resul-
·grupó. tados excelentes na solução de problemas.
2. A história do grupo: como nasceu, porque foi ~e método contribui para a educação do gru-
organizado, como também os trâmites do seu de- po, pelo menos nos seguintes aspectos: Desenvolve
.. senvolvimento. a capacidade de apreciação e compreensão das idéias
3-. Os planos estudados, experimentados e execut~­ apresentadas para exame; difunde informações e
.- dos através dds anos, para que se possa descobrtr conhecimentos; auxilia ós membros do grupo a
- · quais as preocupações maiores e mais constan- firmar suas próprias idéias; permite a formação de
tes do grupo no decurso de sua existência. um núcleo de lideres dentro do grupo.
LUIS SCHETTINI FILHO
54 ELEMENTOS DE LIDERANÇA ss
Entretanto um grupo de trabalho dêsse tipo só
2) Anotar o sentido da discus's ão e não apenas
terá êxito quando: as palavras que são ditas .
1 . 0 número de participantes fôr rdeduzido de modo 3) Anotar também as opiniões mais significati-
a permitir a participação de to os. vas da minoria.
2 . .O nível das relações humanas do grupo permi- '!) Preparar, o mais cêdo possível, as atas das
tir a ampla discussão do assunto. reuniões.
3. A participação fôr distribuída por todos e não
fit:ar restrita ao dirigente. Método de "fracionamento"
Utilização do método É conhecido como o método Phillips 66 porque
grupo de 6 pessoas se reunem durante 6 minutos.
1. Definir o objetivo tanto do gmpo quanto da reu-
Essa era a idéia original de seu autor, J. Donald
nião. Phillips. ·
2. Escolher um líder que tenha a capaci?ade d~ &se métodd consiste em dividir os participan-
pensar objetivamente, que seja imparcial, que tes em pequenos grupos de quatro ou seis pessoas
<.--stimule as idéias dos outros e que tenha poder para discutirem os assuntos propostos. Caracteri-
de síntese. za-se principalmente por: Permitir a participação
;3 . Escolher um secretário para anotar os resulta- .da totalidade do grupo; estimular o intercâmbio de
dos da t·eunião. idéias e posibilitar a definição do consenso geral na
base dos resultados dos pequenos grupo; encorajar
..J. Dar a todos a oportunidade falar , evitando os a distribuição do trabalho, como também despertar
·• discursos" e as repetições. o senso de responsabilidade; dificultar a imposição
5. Evitat· que haja predomínio de apenas dois ou de idéias de um líder autocráticó; contribuir para
tres na discussão do assunto. libertar de sua inibição os membros do grupo mais
retraídos.
6. O lider deve:
1) Estimular o próprio grupo a responder as Utilidade do método
Perr,un
o
tas levanta das. • 1 . Preparar com antecedência as perguntas que
2) Solicitar nos momentos apropriados relato- servirão de roteiro para a discussão nos peque-
rios das anotações dó secretário. nos grupos.
3) Auxiliar o secretário na redação de suas no- 2. Ao líder compete:
tas.
1) Formar os grupos fracionários.
7. O secretário deve:
2) Dar instruções gerais para o seu funciona-
1) Entender-se com o líder sôbre sua atuação. mento.
55 L.UIS SCHETTINI FIL.HO ELEMENTOS DE L.IDERANÇA : $T

3) Determinar o tempo reservado para a dis- Utilização do méto'do


cussãd dos grupos.
A atuação mais destacada na parte do desen-
4) Reunir os relatórios dos grupos e preparar as volvimento do simpósio cabe ao líder, que deve pro-
conclusões . videnciar:
Grupo de "cochicho" 1. Um encontro com os oradores para verificar se
o esquema traçado para a reunião está clara-
tf?,sse processo é semelhante ao do "fraciona- mente compreendidd .
mento" . Difere apenas no número de componente
dos pequenos grupos, que são apenas de duas pes- 2. Apresentação do assunto aos participantes do
soas . Daí o nome "grupd de cochicho". simpósio, inclusive, situando-o no contexto · do
interêsse do grupo.
Esse método garante a participação total dos
membros do grupo e é bem fácil de ser aplicado. 3. Ocasião para que os partjcipantes façam suas
Não deve ser aplicado a grupos além de 40 ou 90 indagações, a fim de que o assunto fique total-
pessoas, pois sua execução se tornará difícil. O mé- ·I
I
mente aclaradd .
to'd o tem a virtude de dar oportunidade de expres-
são às características heterogêneas dos membros Discussão em painel
dos grupos. Trata-se da discussãQ de um assunto por um
Quanto à utilizat;ão do método basta que haja número reduzido de p,e ssoas - três a cinco - sob
um acôrdo entre dois participantes do grupo sôbre a direção de um presidente, perante uma assistên-
quem relatará os resultados do estudo. cia. Deve-se estudar a orientação a dar ao debate,
o que poàerá ser feito em uma reunião prévia do
Simpósio presidente com os participantes da discussão.
Caracteriza-se por uma reumao de discursos e O método é útil para expor vários aspectos de
palestras ou conferências em tôrno de alguns aspec- um mesmo problema. Geralmente atr:1i :1 atenção
tos de um mesmo probl~ma . Cada aspecto do as- da assistência, como decorrência do caráter dramá-
~mnto deverá ser apresentado por um orador dife- tico da apresentaçãd. É um bom método pam esti-
rente . O tempo médio de cada orador pode ser, mular os membros do painel a buscar fatos e sub-
por exemplo, de 20 minutos. sídios sôbre o assunto a ser discutido. O processo
O método permite uma apresentação sistemá- contribui também para forçar o grupo à considera-
tica de idéias. Verifica-se que a intera<;ão, isto é, as ção de assuntos controvertidos.
relações entre os participantes da reunião, é míni-
Utilização do método
ma. O simpósio é mais aplicável quando o grupo
é demasiado grande para a utilização de outro mé- 1. Certificar-se de que o assunto selecionado é real-
~odo. mente do interêsse do grupo.
LUIS SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA
·59
58

2. Selecionar cuidadosamente os membros do pai- são têm oportunidade de preparar novas pergun-
nel, · tendd em vista o interêsse e a capacidade tas.
para o tratamento do assunto. O método ajuda o grupo que ficaria inibido e
3 . Colocá-los em posição que possam ver-se ao ,inseguro na posição de interrogadores.
conversar, como serem vistos pela assistência. Utilização do método.
É importante observar alguns aspectos dessa co- 1. Cónviuar uma pessoa capacitada que possa res-
locaçãd. Por exemplo: não se deve colocar lado ponder satisfatoriamente as perguntas sôbre o
a lado pessoas que tenham os mesmos pontos assunto escolhido . Geralmente é necessário con-
de vista; deve-se distribuir aquêles de ânimo vidar alguém alheio ao grupo.
mais exaltado de maneira a não ficarem juntos.
Isso ajudará a incitar os mais apáticos à dis- 2. Formar uma Comissão constituída de pessoas
cussão do tema . que tenham habilidade de fazer perguntas e que
provoquem respostas objetivas e diretas.
4. O painel deve ser dirigido de modo informal' e 3. Reunir com antecedência a Co'm issão para estu-
em tom de conversa. dar a dirccão a dar ao interrogatório lendo em
5. O presidente da discussão deve intervir se hou- vista o interêsse do grupo.
ver necessidade de resumir as idéias expostas 4. Será bom promover uma reunião da Comissão
para maior clareza dos assistentes, como tam- com o entrevistado para estabelecei'! o assunto e
bém para reconduzir à discussão do rumo pre- seus aspectos mais importantes, como a duração
estabelecido. da entrevista.
6. É importante apresentar uma síntese final dos 5. É conveniente escolher alguém para relatar a
resultados da discussão. matéria, oferecendo, em síntese, os resultados
objetivos da entrevista.
Audiência de comissão
Entrevista
Consiste no interrogatório de uma pessoa por
É um método semelhante ao de " audiência de
uma Comissão, na presença do auditório. Dêsse
comissão", com a diferença de que o interrogatório
modo a Comissão torna-se o elemento de ligação
é feito por uma pessoa apenas . Nesse caso o con-
·entre o auditório e o interrogado.
trôle ou a direção a dar à reunião fica sob a res-
ÊSse processd, é por sua própria natureza, bas- ponsabilidade de uma só pessoa, que é o entrevis-
tante formal . Um bom interrogatório produz re- tador.
~ultados excelentes. Jsso, entretanto, só acontece
quando _há uma divisão de responsabilidades entre Preleção
os membros da Comissão . Enquanto uma pergun- É geralmente o método mais utilizado e, tal-
!fa está sendo respondida ós componentes da comis- vez, por isso mesmo, o que produz pouco rendi-
60 LUIS SCHETTINI FILHO ELEMENTOS DE LIDERANÇA - 61

menta; pois muitos assuntos. seriam mais bem tra- sentadas dêem sentido às palavras que êle vai
tados se aplicados outros métodos. dizer.
É um método bastante fonnal. Dá ensejo a
que se apresente um assunto sem quaisquer inter- Discussão livre
rupções. É um processo rápido de comunicação e Trata-se de um método que visa encorajar a
1transmissão de informações, entretanto, torna-se expressão livre das idéias. Tôdas as idéias devem
bastante difícil medir objetivamente seus resulta- ser aceitas sem controvérsias, excetuando as que
dos. conflituam com os objeHvos básicos da própria
Pode servir de estimulo ao grupo para ler ou existência do grupo.
discutir sôbre o assunto. Ajuda a audiência a ad- Uma discussão dêsse tipo só pode funcionar
quirir a experiência de outras pessoas, ainda que bem em pequenos grupos. É . caracteristicamente
jndiretamente. informal. Oferece ensejo de se considerar muitas
~os grupos onde existe tendência acentuada. à. alternativas para a solução do problema em foco .
passividade, o méto·do da preleção produz bons re- O intercàmbio de idéias e opiniões ajuda no fortale-
;;ultaclos. Entretanto, é inoportuna sua aplicação· cimento da união do grupo. O processo é útil quan-
quando existe no grupo resistência a idéias que vêm do os membros do grupo apresentam um certo de-
Ue "fora". · senvolvimento no seu grau de maturidade.
I
Utilização do método Utilização do método
1. É importante a preparação adequada do ambien- 1. Conhecer o assunto discutido pelo menos em
te físico. Os ouvintes devem estar cdnfortàvel- seus aspectos, fundamentais.
mente instalados para que o cansaço físico não·
lhes distraia a atenção. Também e necessário 2. Determinar com antecedência o tempo dedicado
que todos ouçam sem dificuldade o que diz o· à discussão.
orador. 3. Escolher um diretor para conduzir a reunião
2. Infarmar ao preletor sôbre o assunto, esclare- que deve zelar pelo respeito às normas prees-
cendo quais os aspectos de maior interesse do· tabelecidas.
grupo. Determinar o tempo que deve ser usa-
do, como, tanto quanto possível, dar ao orador ..t. As idéias devem ser expressas sem que se pen-
uma idéia do número de presentes à reunião. se na possibilidade ou não de sua execução.
3. Esclarecer ao orador o lugar de sua preleção no- 5 . Suspender a discussão após o tempo estabeleci-
contexto total das atividades dd grupo. do para que se passe ao processo de análise,
4. Apresentar o orador, suscintamente, porém, fa- quando o próprio grupo selecionará d que é via-
zendo-o de tal forma que as credenciais apre- vel para o aproveitamento da organização.
ELEMENTOS DE LIDERANÇA
LUIS SCHETTINI FILHO

Folha de sugestões de fim de reunião ·


Grupos de idéias ("Brainstorming")
1. Que achou desta reuniãó (marque)
É um sistema que consiste em dividir um gru-
j)O em sub-grupos, po1· exemplo, de 5 a 10 pessoas, Ruim - - - ~ediocre Boa - - - óti-
que se reunem por um periodd curto ·de tempo ma Excelente - - -
(talvez 20 minutos) para sugerir i~éias para a so- 2 . O planejamento desta reunião foi
lução de um problema específico exposto na reu- Suficiente Muito pouco - - - Demasi:i-
rlião plenária . Por exemplo, se o problema fosse
.. a falta de pontualidade dos membros da organi- do---
zação no comparecimento às suas reuniões"," os sub- • 3. O programa total depende dos membros
grupos iriam reunir-se para sugerir fórmulas para Em demasia O suficiente Pouco-
a solução do problema. Cada sub-grupo deverá ter
um líder e um secretário para anotar as idéias. demais---
É importante que as idéias não sejam discuti- 4. Quais as idéias mais importantes que aprendeu.
das. Tôdas devem ser anotadas ; Posteriormen'te é nesta sessão ?
.(rue se fará a seleçãd ou avaliação das idéias. Êsse :J. Quais os aperfeiçoamen~ó~ que su~:r~ para tor-
trabalho poderá ser feito por uma comissão eleitn nar mais eficiente a prox1ma reumao! ·
pelo plenário. (:i'Jão é preciso assinar)
f.E·sse método tem a vantagem de, além de produ-
zir idéias aproveitáveis, conseguir a participação da
quase to"talidade do grupo. Observações sôbre a produtividade do grupo
Notas
AVALIAÇÃO
Orientação
Para que cada reunião contribua para o aper- 1 . Que conseguimos?
feiçoamento da seguinte, é necessário que se pro- 2. Até que ponto conhecemos o que estamos fa-
cesse a uma avaliação das reuniões' realizadas. zendo?
Os métodos de avaliação, para apresentar re-
sultados bastante precisos. são muito complexos e 3. Até que pontd percebemos a maneira por que
fugiriam às finalidades dessas notas sôbre "Ele- estamos fazendo'?
mentos de Liderança". Mas a títuld de exemplo é 4. Até que ponto fomos prejudicados por falta de
-que sugerimos a preparação de uma "folha de su- informações?
gestões de fim · de reunião", e um quadro demons- Motivação e unidade
trativo de "Observa:ções sôbre a produtividade do 1 . Estávamos nós igualmente interessados por um
grupo", conform-e a orientação de Beal, Bohlen c
Raudabaugh em "Liderança e dinâmica de grupo". fim comum ·?
64 L.UIS SCHETTINI FILHO

2. O interêsse foi mantido ou esmoreceu?


3. Até que ponto sentiu-se o grt1po unido no traba-
lho que realizamos? E PARA TERMINAR
4. Até que ponto podemos subordinar o interêsse
individual ao fim comum? As relações humanas, pessoais, tantd de indi-
viduo para indivíduo, quanto do individuo para com
Atmosfera sua comunidade, são preocupações do cristianismo.
A Bíblia está cheia de princípios, preceitos e
1. Era a atmosfera geral do grupo cerimoniosa ou sugestões visando propiciar ao homem maiores pos-
não? sibilidades de vida em grupo . "Amarás a teu pró-
2. Franca ou inibida? ximo como a ti mesmo", disse Jesus. O amor, o
reconhecimento do valor do próximo e o respeito
3. Cooperativa ou competitiva? por sua dignidade, são os fundamentos de uma vida
4. Amistosa ou hostil? em grupo construtiva e cristã.
5. Outros comentários. As idéias expdstas nestas notas deram ênfase
ao aspecto psicológico e social da vida em grupo,
Contribuição dos membros aspectos que aumentarão de valor e significado
quando considerados sob o ponto de vista dos en-
1. Foi a participação geral ou parcial? sinos de Jesus.
2. iForam as contribuições sinceras ou prestadas 'Jesus cria no valdr do grupo. Reuniu doze ho-
na tangente? mens de caracteres bastante diversos. Boa parte de
seu ministério gastou em criar um espírito de co-
3 . Mostraram as contribuições que os que as fize- munidade entre indivíduos tão diferentes.
ram ~s~avam prestando atenção ao que os ou- Dêsse modo todos aquêles que receberam a di-
tros d1z1am?
fícil tarefa de desempenhar a função de líderes,
4. Foram as contribuições casuísticas e voltadas não podem prescindir do preparo ~piritual indispen-
para o. problema ou se fixaram em noções pre- sável como do treinamento especifico para o seu
concebidas e pontos de vista emocionais? trabalho.
Com estas notas tentámos simplesmente colo-
Contribuição de membros especiais car à disposição daqueles que têm função de dire-
l. O li der serve bem ao grupo? ção em nosso ambiente evangélico, alguns elemen-
2. O secretário? tos de liderança na confiança de que abrirão no-
vos hdrizontes e de que motivarão um interêsse
3. Os especialistas ? constante e crescente no aprendizado da arte de
4· Os demais que têm funções especiais? conduzir pessoas.
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