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Projeto

Geométrico
Projeto de
Terraplanagem

Projeto de uma
Pavimentação

Estrada
Obras de Arte

Drenagem

Desapropriação

Impacto
Ambiental

Sinalização
Escolha de Traçado
Prioridade de ligação em
função de dados
socioeconômicos

Demanda de tráfego

Evitar trechos retos longos


(~2 a 3 km)
Topografia

Escolha de Traçado
Geologia

Hidrologia

Desapropriação

Impacto
ambiental
Função dos movimentos de
terra

Escolha de Traçado
Topografia
Harmonia com a topografia
do local

Estabilização de cortes e
Geologia aterros em terrenos
desfavoráveis

Regime pluviométrico

Hidrologia Drenagem

Obras de arte
Escolha de Traçado
Benfeitorias no local
Desapropriação escolhidos aumentam o
custo das desapropriações

Exige a derrubada de
vegetação

Impacta fauna e flora da


Impacto ambiental
região

Divide a região em duas


áreas isoladas
Etapas para Anteprojeto
Possíveis locais de
passagem
Reconhecimento da região
Levantamento de
obstáculos topográficos,
geológicos, hidrológicos

Mapas, cartas, topografia,


Coleta de dados estudos anteriores, fotos
aéreas

Escala 1:10.000 pelo


menos
Etapas para Anteprojeto
Traçado de rodovias: representa
espacialmente a rodovia
Levantamento de alternativas
possíveis
Diretriz do traçado: Ampla faixa de
terreno o qual possa ser lançado o
traçado

De condição: Obrigatoriamente
atingidos (ou evitados) por razões
sociais, economicas, estratégicas
Determinação de pontos
obrigatórios
De passagem: Obrigatoriedade de
serem atingidos (ou evitados)
devido a razões técnicas
Etapas para Anteprojeto
Levantamento de
quantitativos e custos
preliminares das alternativas

Avaliação de traçados

Elaboração de planta de
perfis
Recomendações para projeto
Greide da rodovia deve resultar suave e
uniforme, evitando-se as constantes quebras
do alinhamento vertical e os pequenos
comprimentos com rampas diferentes

Nos trechos em corte ou em seção mista,


deve-se projetar o greide com declividade
igual ou superior a 1%

Em regiões planas o greide deve ser


prefrencialmente elevado

Nos trechos em cortes , deve-se evitar


concavidades com rampas de sinais
contrários afim de evitar problemas com a
drenagem
Construção de estradas x Culturas Indígenas
Entre 1960 e 1970 o governo militar brasileiro estabeleceu como meta a ocupação da Amazônia levando, segundo eles,
desenvolvimento social e econômico para a região. Nestes quase 50 anos da abertura de cicatrizes na Floresta Amazônica, muitas
rodovias foram implantadas no todo ou em parte com o objetivo de “levar desenvolvimento” à região. As mais relevantes são a BR-
364 (Cuiabá – Porto Velho); BR-319 (Porto Velho – Manaus); BR-163 (Cuiabá – Santarém); BR-010 (Belém – Brasília) e a BR-230
(Transamazônica).

Estradas e terras indígenas


A imagem abaixo foi obtida da dissertação de mestrado de Paula Dodde (2012). Neste mapa fica evidente que quase a totalidade
das terras indígenas na Amazônia são entrecortadas por estradas e rodovias de diversas dimensões.
A relação da rodovia com povos indígenas sempre foi conturbada, e normalmente as questões se referem às políticas públicas, ou
a falta destas. Existem muitas histórias, e nenhuma boa. Veja dois casos recentes:
• Em 2013, um relatório da Comissão da Verdade mostrou que a no período da construção da BR-230, 29 grupos indígenas de
11 etnias sofreram severas atrocidades, sendo expostos ao trabalho escravo. Os Jiahui tiveram a população reduzida em
90% e os Tenharim em mais de 50%.

• Da construção até os dias atuais a situação não se alterou. Em 2017, guerreiros Munduruku fecharam a BR por mais de uma
semana e criaram um engarrafamento de mais de 40 km. Os pedidos eram, novamente, políticas públicas e demarcação de
terras.

Os Kiñas e a BR-174
Em 1967 o povo Waimiri-Atroari habitava toda a região entre Manaus e o município de Caracaraí, em Roraima. Estavam inseridos
na parte norte do vale do rio Urubu e inclui os rios Uatumã, Curiuaú, Camanaú, Alalaú (Amazonas) e os rios Jauapery e Anauá
(Roraima).
O início das obras da BR-174, ou mesmo a fase de demarcação, deu origem ao grande massacre dos Waimiri-Atroari. As estratégias
usadas foram várias, desde contratação de outras tribos (Wai-Wai, Tucano, mundurucu, …), pacificadores e indianistas experientes
em outros países e estados brasileiros e, finalmente, a força do exército.
Outra estratégia usada desde os primórdios da ocupação de territórios por colonizadores, foi a disseminação de doenças.
Aparentemente, índios doentes de outros povos indígenas eram contratados para irem às aldeias. Como resultado, dezenas e até
centenas de Kiñas morriam sem poderem se defender
Hoje, apesar de constantes batalhas judiciais e governamentais, a BR 174, no trecho das terras dos Waimiri-Atroari, é fechada às
18:30h e reaberta às 6h do dia seguinte. Os índios justificam a ação para sua própria proteção e evitar atropelamentos de animais
selvagens. Estes últimos são fontes de alimento e de inúmeras crenças.
O Plano de Proteção Ambiental (PPA) dos Waimiri-Atroari

O PPA foi idealizado com sete linhas de atuação:


• Acompanhamento das atividades de manutenção da BR-174;
• Fiscalização e vigilância para minimizar ações de predadores e poluidores;
• Campanhas educativas e informativas dirigidas a transeuntes;
• Coleta de lixo lançado na rodovia por usuários;
• Fiscalização noturna na rodovia, somente liberada para casos específicos;
• Monitoramento de animais selvagens atropelados;
• Controle dos usuários da rodovia.

Últimos acontecimentos
Desde sempre os governos federais e estaduais do Amazonas e Roraima atuaram para o fechamento noturno da BR-174 e de outras
ações dos Kiña.
Entretanto, em 2017, o Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM), através da Ação Civil Pública (Processo n° 1001605-
06.2017.401.3200) pediu a reparação dos danos causados aos índios.
No começo de fevereiro de 2018, após mais de 40 anos da conclusão das obras, a Justiça Federal do Amazonas reconheceu as
violações praticadas aos Waimiri-Atroari.
Os principais pontos foram:

a) Adotem as medidas necessárias para retificar, no prazo de 60 dias, a área objeto de homologação do Decreto n° 97.837/1989, de
modo a afastar a exclusão prevista no art. 2°, parágrafo único, do trecho referente à BR-174 do território Waimiri-Atroari;
b) Abstenham-se imediatamente de adotar qualquer medida legislativa ou administrativa que tenha impacto sobre o território Waimiri-
Atroari ou de realizar empreendimentos na área se não houver o consentimento prévio e vinculante do povo Waimiri-Atroari, nos
termos do art. 6° da Convenção n° 169/OIT e como medida de reparação pelos danos causados àquele grupo;
c) Abstenham-se imediatamente de promover a militarização da política indigenista no território Waimiri-Atroari, observando
concretamente as seguintes vedações: proibição de incursões militares na área sem o prévio consentimento do povo Waimiri-Atroari,
a ser obtido nos termos do art. 6° da Convenção n° 169/OIT; vedação da condução de assuntos referentes a direitos indígenas do
povo Waimiri-Atroari por agentes e órgãos militares.

Em sede de pedido de tutela de evidência requer que a União e a FUNAI, sob pena de multa diária:
a) Assegurem, no prazo de 60 dias, a preservação dos locais sagrados, cemitérios e espaços territoriais imprescindíveis de
pertencimento ao povo que sejam impactados pela rodovia, mediante indicação e sinalização, observado o art. 6° da Convenção
169 OIT;
b) Promovam, no prazo de 60 dias, a reunião e sistematização no Arquivo Nacional, de toda a documentação pertinente à apuração
das graves violações de direitos humanos cometidas contra o povo Kinja, visando a ampla divulgação ao público, bem como a
abertura de todos os arquivos civis e militares que direta ou indiretamente tratem das atividades desenvolvidas por quaisquer das
forças militares durante a construção da rodovia BR-174, e a abertura dos arquivos do 6° BEC e do 1° BIS referente ao período de
1967-1977.
E ainda há um pedido de indenização de 50 milhões.

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