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ANO LETIVO DE 2021 / 2022

Português *12º ANO

Correção Ficha de Trabalho nº 3

“O sentimento dum ocidental”: III – Ao Gás

I. Procura os versos que transmitem as seguintes referências:

1 – Alusão às senhoras da burguesia que percorriam as ruas e as lojas,


“religiosamente”.
Vv. 97 a 100
“As burguesinhas do Catolicismo
Resvalam pelo chão minado pelos canos;
E lembram-me, ao chorar doente dos pianos,
As freiras que os jejuns matavam de histerismo.”

2 – O sujeito poético assume a pretensão de que a realidade seja o assunto da


sua obra; referência aos “amigos do alheio”.
Vv. 105 a 108
“E eu que medito um livro que exacerbe,
Quisera que o real e a análise mo dessem;
Casas de confecções e modas resplandecem;
Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.”
3 – Atração do sujeito poético por uma mulher sensual, sofisticada, que faz as
suas compras.
Vv. 113 a 116
“Que grande cobra, a lúbrica pessoa,
Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo!
Sua excelência atrai, magnética, entre luxo,
Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.”

4 – Referência às prostitutas da cidade, associadas a doenças.


Vv. 89 a 92
“E saio. A noite pesa, esmaga. Nos
Passeios de lajedo arrastam-se as impuras.
Ó moles hospitais! Sai das embocaduras
Um sopro que arrepia os ombros quase nus.”

5 – Menção de profissões de trabalhadores humildes, mas admiradas pelo


sujeito poético.
Vv. 101 a 104
Num cuteleiro, de avental, ao torno,
Um forjador maneja um malho, rubramente;
E de uma padaria exala-se, inda quente,
Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.
6 – O sujeito poético encontra na rua, a pedir esmola, o seu antigo professor.
Vv. 129 a 132
“Dó da miséria!… Compaixão de mim!…”
E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso,
Pede-me sempre esmola um homenzinho idoso,
Meu velho professor nas aulas de Latim?

7 – As lojas são associadas a locais de culto religioso, numa crítica ao


“consumismo” que o desenvolvimento do comércio envolvia.
Vv. 93 a 96
“Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso
Ver círios laterais, ver filas de capelas,
Com santos e fiéis, andores, ramos, velas,
Em uma catedral de um comprimento imenso.”

8 – O sujeito poético deseja conseguir exprimir, nos seus versos, todos os


contornos da cidade.
Vv. 109 a 112
“Longas descidas! Não poder pintar
Com versos magistrais, salubres e sinceros,
A esguia difusão dos vossos reverberos,
E a vossa palidez romântica e lunar!”
9 – Alusão a uma senhora de idade, de elevada classe social, e aos cavalos da
sua carruagem.
Vv. 117 a 120
“E aquela velha, de bandós! Por vezes,
A sua traine imita um leque antigo, aberto,
Nas barras verticais, as duas tintas. Perto,
Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.”

10 – A cidade transmite um profundo cansaço ao sujeito poético; na noite,


ouve-se um vendedor de cautelas; os prédios lembram sepulcros.
Vv. 125 a 128
“Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes
Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco;
Da solidão regouga um cauteleiro rouco;
Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.”

11 – Referências às mercadorias novas e sofisticadas das lojas e dos


vendedores.
Vv. 121 a 124
Desdobram-se tecidos estrangeiros;
Plantas ornamentais secam nos mostradores;
Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores,
E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.
II. Identifica os recursos expressivos patentes nos seguintes trechos, apontando a
respetiva expressividade.

a)- “A noite pesa, esmaga.” (v.89): está


patente uma personificação/ metáfora, que
evidenciam o efeito negativo da noite da cidade sobre o sujeito
poético, que se sente oprimido pelo ambiente noturno.

b)- “Ó moles hospitais!” (v.91): verifica-se a utilização de uma


exclamação, que enfatiza a ideia de doença associada à cidade,
sobretudo relacionada com a prostituição e degradação social.

c)- “ao chorar doente dos pianos” (v.99): está presente a hipálage,
que realça o ambiente religioso evocado pelo sujeito poético de um
modo negativo, relacionado com as figuras burguesas que povoavam
a cidade e percorriam as lojas.

d)- “Um forjador maneja um malho, rubramente;/ E de uma


padaria exala-se, inda quente, / Um cheiro salutar e honesto a pão no
forno.” (vv. 102-104): os versos referem-se a atividades de
trabalhadores humildes, pelos quais o sujeito poético expressa a sua
admiração, patente na linguagem valorativa apresentada. A
utilização expressiva do advérbio “rubramente” enriquece a
atividade do forjador; a hipálage sublinha a saúde e honestidade dos
padeiros. Torna-se evidente a presença da sinestesia, muito
expressiva ao apontar sensações táteis, auditivas, visuais, olfativas e
gustativas.

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