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Relator: Eduardo Machado Rocha

Tema(s):
Abandono afetivo (http://www.ibdfam.org.br/jurisprudencia/tema/Abandono afetivo) Fluência do prazo prescricional (http://www.ibdfam.org.br/jurisprudencia/tema/ Fluência do prazo prescricional) Maioridade civil

Tribunal TJMS

Data: 19/05/2017

Chamada Jurisprudência na integra Ementa na Íntegra

Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul


1 de março de 2016
3ª Câmara Cível
Apelação - Nº 0803375-21.2014.8.12.0019 - Ponta Porã
Relator : Exmo. Sr. Des. Eduardo Machado Rocha
Apelante : A. A. dos S.
Advogado : Lissandro Miguel de Campos Duarte
Apelado : M. A. R.
Advogado : Maurício Rodrigues Camuci
 
EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE C/C INDENIZAÇÃO – PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO –
EXTEMPORANEIDADE – REJEITADA – MÉRITO – INDENIZAÇÃO POR ABANDONO AFETIVO – FLUÊNCIA DO PRAZO PRESCRICIONAL – A PARTIR DA MAIORIDADE
CIVIL, QUANDO CESSADO O PÁTRIO PODER – PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA – ART. 177 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916 – RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
O Superior Tribunal de Justiça ⟴rmou entendimento no sentido de que a rati⟴cação da apelação cível interposta antes do julgamento dos embargos de declaração
somente é necessária quando houver alteração na conclusão do julgamento anterior.
A ação de indenização por dano moral decorrente de abandono afetivo possui natureza pessoal, sendo, portanto, aplicável o prazo prescricional de 20 (anos) anos
previsto no Código Civil/1916, a contar da maioridade civil do interessado.
Tendo o autor atingido a maioridade em 15/04/1985, deveria ter ingressado com a presente demanda até 15 de abril de 2005, contudo, só o fez em 27 de novembro
de 2014, quando transcorrido mais de 29 anos, razão pela qual, mantêm-se a sentença que reconheceu a prescrição indenizatória.
 
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade e
com parecer, afastar a preliminar e negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Campo Grande, 1 de março de 2016.
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
 
RELATÓRIO
O Sr. Des. Eduardo Machado Rocha.
A. A. dos S., inconformado com a sentença prolatada pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Ponta Porã, nos autos da Ação de Reconhecimento de
Paternidade c/c Indenização por Danos Morais que move em face de M. A. R., interpõe apelação cível, objetivando a reforma da sentença que julgou parcialmente
procedentes os pedidos iniciais, para declarar a paternidade do autor na pessoa do requerido.
Alega que o apelado descumpriu com os deveres fundamentais relativos à autoridade parental, de modo que é responsável pelos danos sofridos.
Aduz que o abandono moral é su⟴ciente para impor ao apelado a obrigação ao pagamento de danos morais, estando embasado tanto do ponto de vista da
legislação, que autoriza a condenação, quanto da doutrina e jurisprudência.
Relata que o ato ilícito praticado pelo apelado decorre de ato desumano, falta de sentimento, de dignidade e de respeito, pois abandonou-o antes de seu nascimento.
Salienta ser plenamente possível que uma pessoa com mais de 40 ou 50 anos de idade pleiteie ressarcimento por abandono efetivo, desde que o pai nunca o tenha
registrado e reconhecido publicamente, o que é o caso dos autos.
Por ⟴m, requer o provimento do recurso.
Em contrarrazões, o apelado suscita preliminar de não conhecimento do recurso em razão de sua extemporaneidade e, no mérito, manifesta-se pelo seu
desprovimento.
A Procuradoria-Geral de Justiça, opina pelo conhecimento e desprovimento do recurso. (⣈s. 210/217)
 
VOTO
O Sr. Des. Eduardo Machado Rocha. (Relator)
A. A. dos S., inconformado com a sentença prolatada pelo Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Ponta Porã, nos autos da Ação de Reconhecimento de
Paternidade c/c Indenização por Danos Morais que move em face de M. A. R., interpõe apelação cível, objetivando a reforma da sentença que julgou parcialmente
procedentes os pedidos iniciais, para declarar a paternidade do autor na pessoa do requerido.
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
Segundo a inicial, a genitora do autor e o requerido mantiveram um relacionamento amoroso público e notório, do qual resultou na concepção do requerente,
contudo após a notícia da gravidez, o requerido abandonou a genitora sem dar explicação.
Aduziu o requerente que ao completar 16 (dezesseis) anos de idade, a genitora contou-lhe a história de seu nascimento e quem era seu pai biológico, onde
imediatamente buscou saber mais notícias do paradeiro do mesmo, tendo o encontrando na agência do Banco do Brasil pela primeira vez.
Salientou que o requerido fez inúmeras promessas, no sentido de prestar assistência ético-moral e legal, porém, tais promessas ⟴caram no esquecimento até os
dias de hoje.
Sustentou que o segundo encontro ocorreu quando estava com 23 (vinte e três) anos de idade, sendo que posteriormente nunca mais tiveram contato.
Relatou que o requerido jamais contribuiu com o seu sustento, por essa razão, ingressou com a presente demanda objetivando o reconhecimento da paternidade,
bem como indenização por danos morais.
Devidamente citado, o requerido apresentou contestação. (⣈s. 111/121)
Em sentença proferida, o magistrado a quo reconheceu a prescrição da pretensão do autor em relação aos danos morais por abandono afetivo e, declarou a
paternidade do autor na pessoa do requerido. (⣈s. 147/150)
Irresignado, a parte autora recorre a esta Corte objetivando a reforma da sentença.
Para tanto, alega que o apelado descumpriu com os deveres fundamentais relativos à autoridade parental, de modo que é responsável pelos danos sofridos.
Reverbera que o abandono moral é su⟴ciente para impor ao apelado a obrigação ao pagamento de danos morais, estando embasado tanto do ponto de vista da
legislação, que autoriza a condenação, quanto da doutrina e jurisprudência.
Relata que o ato ilícito praticado pelo apelado decorre de ato desumano, falta de sentimento, de dignidade e de respeito, pois abandonou-o antes de seu nascimento.
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
Em contrarrazões, o apelado suscita preliminar de não conhecimento do recurso em razão de sua extemporaneidade e, no mérito, manifesta-se pelo seu
desprovimento.
Sendo assim, passo a análise da preliminar suscitada em contrarrazões.
O apelado alega que com o julgamento dos embargos de declaração o recurso de apelação interposto somente teria validade caso fossem rati⟴cadas as suas
razões.
Contudo, sem razão.
Como é cediço, a rati⟴cação da apelação cível interposta antes do julgamento dos embargos de declaração, somente é necessária quando houver alteração na
conclusão do julgamento anterior.
Nesse sentido, é o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, verbis:
"QUESTÃO DE ORDEM. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. CORTE ESPECIAL.RECURSO INTERPOSTO ANTES DO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO.NÃO ALTERAÇÃO DA DECISÃO EMBARGADA. DESNECESSIDADE DE RATIFICAÇÃO. INSTRUMENTALISMO PROCESSUAL. CONHECIMENTO DO
RECURSO. INTERPRETAÇÃO DA SÚMULA 418 DO STJ QUE PRIVILEGIA O MÉRITO DO RECURSO E O AMPLO ACESSO À JUSTIÇA.
(...)
3. Segundo dispõe a Súmula 418 do STJ"é inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior
rati⟴cação".
(...)
6. Assim, a única interpretação cabível para o enunciado da Súmula 418 do STJ é aquela que prevê o ônus da rati⟴cação do recurso interposto na pendência de
embargos declaratórios apenas quando houver alteração na conclusão do julgamento anterior .
7. Questão de ordem aprovada para o ⟴m de reconhecer a tempestividade do recurso de apelação interposto no processo de origem." (REsp 1129215/DF, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/09/2015, DJe 03/11/2015).
Assim, não havendo a modi⟴cação do julgado em sede de declaratórios, não há falar em extemporaneidade do recurso de apelação interposto, sendo, portanto,
despicienda a rati⟴cação das razões recursais.
Por esta razão, rejeito a preliminar.
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
No que concerne a pretensão de indenização por abandono afetivo, tenho que o recurso não merece provimento, ante a ocorrência da prescrição.
O Superior Tribunal de Justiça assentou entendimento de que, no casos como o dos autos, o prazo prescricional somente começa a correr a partir da maioridade do
interessado, uma vez que não há falar em prescrição entre ascendentes e descendentes antes da cessão do poder familiar.
Nesse sentido:
"RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. APRECIAÇÃO, EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL, DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. INVIABILIDADE.
COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS, POR ABANDONO AFETIVO E ALEGADA OFENSA. DECISÃO QUE JULGA ANTECIPADAMENTE O FEITO PARA, SEM EMISSÃO
DE JUÍZO ACERCA DO SEU CABIMENTO, RECONHECER A PRESCRIÇÃO. PATERNIDADE CONHECIDA PELO AUTOR, QUE AJUIZOU A AÇÃO COM 51 ANOS DE IDADE,
DESDE A SUA INFÂNCIA. FLUÊNCIA DO PRAZO PRESCRICIONAL A CONTAR DA MAIORIDADE, QUANDO CESSOU O PODER FAMILIAR DO RÉU.
Embora seja dever de todo magistrado velar a Constituição, para que se evite supressão de competência do egrégio STF, não se admite apreciação, em sede de
recurso especial, de matéria constitucional.
Os direitos subjetivos estão sujeitos à violações, e quando veri⟴cadas, nasce para o titular do direito subjetivo a faculdade (poder) de exigir de outrem uma ação ou
omissão (prestação positiva ou negativa), poder este tradicionalmente nomeado de pretensão.
A ação de investigação de paternidade é imprescritível, tratando-se de direito personalíssimo, e a sentença que reconhece o vínculo tem caráter declaratório,
visando acertar a relação juridica da paternidade do ⟴lho, sem constituir para o autor nenhum direito novo, não podendo o seu efeito retro operante alcançar os
efeitos passados das situações de direito.
O autor nasceu no ano de 1957 e, como a⟴rma que desde a infância tinha conhecimento de que o réu era seu pai, à luz do disposto nos artigos 9º, 168, 177 e392, III,
do Código Civil de 1916, o prazo prescricional vintenário, previsto no Código anterior para as ações pessoais, ⣈ui a partir de quando o autor atingiu a maioridade e
extinguiu-se assim o "pátrio poder". Todavia, tendo a ação sido ajuizada somente em outubro de 2008, impõe-se reconhecer operada a prescrição, o que inviabiliza a
apreciação da pretensão quanto a compensação por danos morais.
Recurso especial não provido." (REsp 1298576 RJ 2011/0306174-0, Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 21/08/2012, publicado em 06/09/2012)
destaquei indenização pelo autor.
Nota-se que o autor atingiu a sua maioridade civil ainda na vigência do Código Civil de 1916 que em seu art. 177, estabelecia que "as ações pessoais prescrevem,
ordinariamente, em vinte anos, as reais em dez, entre presentes e entre ausentes, em quinze, contados da data em que poderiam ter sido propostas."
Como se vê, o prazo prescricional para as ações de natureza pessoais era de 20 anos, a contar da maioridade civil do interessado, conforme disposto no artigo
supracitado. Assim, o autor deveria ter ingressado com a presente ação objetivando a pretensão indenizatória até 15 de abril de 2005, contudo, só o fez em 27 de
novembro de 2014 (⣈s. 01), quando transcorrido mais de 29 anos.
Ademais, caber ressaltar que, não obstante o autor/apelante tenha conseguido obter a certeza de que o requerido era seu genitor após a realização do teste do DNA
que se deu em novembro de 2010 (⣈s. 39/46), o recorrente já sabia sobre a paternidade, uma vez que na própria peça inicial a⟴rmou que teve seu primeiro contato
com o requerido aos 16 anos de idade e depois quando atingiu 23 anos de idade. Verbis: (⣈s. 07/08)
"(...) Ao completar 16 (dezesseis) anos de idade, sua genitora lhe contou a história de seu nascimento e quem era seu pai biológico, onde imediatamente por
completa curiosidade o Requerente buscou saber mais notícias do paradeiro seu pai, o encontrando na agência do Banco do Brasil pela primeira vez.
(...)
Tome nota aqui que, este foi o primeiro encontro entre as partes, onde o segundo ocorreu quando o Requerente estava com 23 anos de idade e já estava
trabalhando como técnico em telefonia, sendo que posteriormente nunca mais tiveram contato, fazendo o Requerido com o ⟴lho exatamente o que fez com sua
mãe, ⟴cando assim demonstrado todo sofrimento e humilhação que a mesma passou com o descaso e abandono do Requerido diante de sua gestação e criação."
Assim, tendo em vista que o autor ingressou com a presente demanda somente após transcorrido o prazo prescricional indenizatório, a manutenção da sentença é
medida que se impõe.
Ressalte-se ainda que não há falar na aplicabilidade da regra de transição prevista no art. 2.028 do Código Civil, tendo em vista que quando da entrada em vigor na
novel legislação, já havia transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada.
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
 
DECISÃO
Como consta na ata, a decisão foi a seguinte:
POR UNANIMIDADE E COM PARECER, AFASTARAM A PRELIMINAR E NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.
Presidência do Exmo. Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson
Relator, o Exmo. Sr. Des. Eduardo Machado Rocha.
Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Des. Eduardo Machado Rocha, Des. Nélio Stábile e Des. Fernando Mauro Moreira Marinho.
Campo Grande, 01 de março de 2016.
ac
 

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