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13/10/2017

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA


Centro de Ciências Exatas
Departamento de Química

Introdução à análise
quantitativa

Docente: Profa. Dra. Alessandra Maffei Monteiro


Curso: Farmácia
Disciplina: Química Analítica (6QUI040)

alessandra.maffei.monteiro@gmail.com

Química analítica
“A química analítica é uma ciência de medição que consiste em um conjunto de
ideias e métodos poderosos que são úteis em todos os campos da ciência e
medicina.”

Análise qualitativa: visa a identificação dos elementos e


compostos presentes em uma amostra.

Análise quantitativa: visa determinar a quantidade de


cada substância presente em uma amostra.

Analitos são os componentes da amostra a serem determinados.


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Classificação dos métodos analíticos

Métodos Clássicos Métodos Instrumentais

- Ideais para análises esporádicas; - Ideais para análise de rotina;

- Custo relativamente baixo; - Custo elevado;

- Aparelhagem de fácil aquisição; - Podem exigir operador treinado;

- Geralmente utilizados quando se - Necessitam de calibração do

tem um pequeno número de equipamento;

amostras. - Utilizados quando se tem um

- Tem boa exatidão. número de amostras elevado.


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Métodos clássicos ou de via úmida

São quantitativos e podem ser classificados da seguinte forma:


Bureta
(titulante)
• Volumétricos: se baseiam na medida do volume de uma

solução, de concentração conhecida, necessário para reagir Erlenmeyer


(titulado)
completamente com o analito.

• Gravimétricos: se baseiam na medida de massa de um analito ou composto puro

no qual o analito esteja quimicamente relacionado.

Cl- (aq) + Ag+ (aq) AgCl (s)


analito precipitante Precipitado
(AgNO3) pouco solúvel 4

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Métodos instrumentais

São baseados em propriedades físicas e/ou químicas, sendo amplamente

usados em análises quantitativas.

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Espectrofotômetro
UV-vis pHmetro Cromatógrafo a líquido

Espectrofotômetro de
absorção atômica Cromatógrafo a gás 7

O processo analítico

De um modo geral, uma análise química quantitativa é composta por etapas,


cada qual com grau de importância e influência no resultado final da análise:

1. Definição do problema

2. Escolha do método

3. Amostragem

4. Preparo da amostra

5. Medida e calibração

6. Cálculo e avaliação dos resultados pela estimativa da confiabilidade

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1. Definição do problema

Determinação de elementos em baixas concentrações em


diferentes amostras.

Determinação de mercúrio em águas e sedimentos

Níveis típicos de Hg
em amostras ambientais

Ar 1 - 4 ng m3
Chuva 5 - 100 ng L-1
Oceano aberto 0,5 - 3 ng L-1
Água costeira 2 -15 ng L-1
Rios e lagos 1 - 3 ng L-1
Sedimentos < 700 ng g-1
Sedimentos marinhos < 100 ng g-1
Solos contaminados 50 -100 µg g-1

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2. Escolha do método analítico

Definido o problema, é essencial responder as seguintes questões para


que se possa escolher o método analítico:

1. Qual é a exatidão necessária?

2. Qual é a quantidade de amostra disponível?

3. Qual é a faixa de concentração do analito?

4. Qual é a composição da amostra?

5. Quantas amostras serão analisadas?

6. Quais são os recursos disponíveis?


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“Qual a exatidão necessária?

Métodos clássicos: exatidão de até 99,9% quando o analito se


encontra em mais de 10% na amostra.

Em quantidades < 10% a exatidão cai significativamente,


necessitando de métodos mais exatos e sofisticados.

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“Qual é a quantidade de amostra disponível?”

Tamanho inicial da amostra

0,001 g 0,01 g 0,1 g

Ultra-
Ultra-micro Micro Semi-
Semi-micro Macro
análise análise análise análise

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Classificação para os métodos analíticos de acordo com o tamanho da


amostra.

Classificação Tamanho da amostra Tipo de métodos


Macro ≥ 0,1 g Clássicos
Meso (Semimicro) 10 – 100 mg
Micro 1,0 – 10 mg
Submicro 0,1 – 1 mg
Ultramicro ≤ 0,1 mg Instrumentais
Traços 100 a 10000 μm (ppm)
Microtraços 10-7 – 10-4 μm
Nanotraços 10-10 – 10-7 μm

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“Qual é a concentração do analito na amostra?”

Proporção relativa dos analitos

100 ppm
0,01% 1%

Micro Macro
Traços componentes componentes

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Proporção relativa dos analitos

Amostra
Pequena Grande
Analito
Determinação de Cd em Determinação de Pb em
Traço <0,01% formigas amostras de solos

Micro <1% Determinação de Mg em Determinação de Zn em


frutos amostras de solos

Determinação de Cu em
Macro >1% Determinação de Fe em
amostras de minério de
amostras de sangue
cobre

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Figura adaptada de http://www.perkinelmer.com/

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“Qual é a composição da amostra?”

Amostra = analito + matriz

Material de composição complexa: necessidade de efetuar a separação dos


interferentes potenciais antes da medida. 18

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NATUREZA AMOSTRA-ANALITO

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NATUREZA AMOSTRA-ANALITO
Amostra - Analito Exemplo
Inorgânica – inorgânica Ouro em minerais
Inorgânica – orgânica Pesticida em solos
Inorgânica – bioquímica Moléculas em meteoritos
orgânica – inorgânica Metais em fármacos
orgânica – orgânica BTEX em petróleo
orgânica – bioquímica Enzima em solvente
bioquímica – inorgânica Ferro em sangue
bioquímica – orgânica Drogas em urina
bioquímica – bioquímica Proteínas em leite
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“Quantas amostras serão analisadas?

Poucas amostras – são preferíveis os métodos analíticos que permitem


reduzir ao mínimo os preparativos preliminares e o custo da análise,
ainda que o mesmo seja mais trabalhoso.

Muitas amostras – pode-se escolher métodos de análise mais sofisticados


e que requerem algumas operações adicionais (calibração, etc), pois o
custo relativamente elevado se distribui sobre o grande número de
amostras a analisar.

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“Quais são os recursos disponíveis?

Nem sempre é possível utilizar o melhor método:

$ Custo

Reagente

Equipamento

Pessoal especializado

Tempo
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3. Amostragem

A amostragem é o processo de coletar uma quantidade suficiente de


um material que seja representativo da composição química de todo o
material, evitando contaminações e preservando adequadamente os
analitos.

Amostragem
Homogênea: água
Amostra
Heterogênea: minérios

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Amostragem de solo

Amostragem de sangue
Normas para amostragem
Coleta e cuidados no transporte e
armazenamento da amostra:
- Preservação da amostra
- Evitar contaminação.
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4. Preparo da amostra

O objetivo da preparo da amostra é tornar o analito disponível para ser


medido, conforme o método analítico escolhido.

Somente nas mais simples situações nenhum preparo de amostra é


necessário antes da etapa de medida.

Medida de pH
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Há problema em não fazer preparo de amostra reais?

• Complexidade das amostras reais;

• Supressão ou aumento do sinal analítico;

• Contaminação e danos ao equipamento;

• Perda de exatidão e precisão.

Entre todas as operações analíticas, a etapa de pré-tratamento das

amostras é a mais crítica. Em geral, é nesta etapa que se cometem

mais erros e que se gasta mais tempo. É também a etapa de maior

custo.
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Tempo gasto na análise química

Amostragem Análise
6% 6%

Preparo da amostra
Tratamento dos dados
61%
27%

Adaptado de Ronald E. Major “An overview of sample preparation”, LC-GC, vol 9, nº1, 1991.
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A importância do preparo de amostras nos


métodos analíticos

Nenhuma Mínima
1,6% 6,8%

Máxima Moderada
60,6% 31,0%

http://www.sampleprep.duq.edu/dir/why_sp_1.html
Adaptado de Ronald E. Major “An overview of sample preparation”, LC-GC, vol 9, nº1, 1991.
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Tratamento preliminar das amostras

Depende do estado em que as amostras foram coletadas, podendo ser


realizada antes ou depois da amostra ser entregue ao laboratório.

• Lavagem: restrita a alguns materiais, como raízes, folhas e frutos de vegetais.

• Secagem: feita até que se tenha massa constante, sendo realizada para
amostras sólidas.

• Moagem: para amostras sólidas, melhorando a homogeneidade e reduzindo


o tamanho das partículas.

• Filtração: recomendado para amostras líquidas com alto teor de sólidos em


suspensão. Separa a fração solúvel do resíduo.

• Centrifugação: promover separação em algumas amostras líquidas.


(Exemplo: separar glóbulos vermelhos do plasma sanguíneo).
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a) Amostras sólidas

Alguns métodos analíticos permitem a análise direta de sólidos, sendo a


amostra previamente homogeneizada e moída para promover a
diminuição do tamanho das partículas. Tal condição facilita a
solubilização.

Cuidados

Sólidos podem absorver ou perder umidade, condição que altera a


composição química da amostra. Em geral, as amostras são secas antes
da análise ou sua umidade é determinada no momento da análise.

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Solubilização da amostra

A maioria das análises químicas é realizada a partir de soluções da


amostra, preparadas em um solvente que garanta a solubilização tanto da
matriz quanto do analito.

Idealmente o solvente deve dissolver toda a amostra de forma rápida e


completa, sem que ocorra a perda do analito. Contudo, vários materiais
(minerais a base de silício, tecido animal, etc) são insolúveis em solventes
comuns e necessitam de tratamento químico drástico, sendo esta uma
tarefa difícil e demorada do processo analítico.

Importante: o analito solubilizado deve possuir uma propriedade física


ou química mensurável que seja proporcional à concentração.
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b) Amostras líquidas

Devem ser mantidas em frascos fechados para evitar a evaporação de


solventes, condição que altera a composição química da amostra.

Se o analito for um gás dissolvido em um líquido (ex.: gases sanguíneos),


o frasco deve ser mantido dentro de um recipiente selado, para evitar a
contaminação por gases atmosféricos.

Cuidados

Os frascos devem estar limpos para evitar contaminações da amostra.

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Os procedimentos de preparo de amostras dependem da


natureza da amostra, da natureza dos analitos a serem
determinados e suas concentrações, do método de análise e da
precisão e exatidão desejadas.

ANÁLISE DIRETA? DILUIÇÃO?

DECOMPOSIÇÃO
PRÉ-CONCENTRAÇÃO?
POR VIA SECA ?

DECOMPOSIÇÃO
EXTRAÇÃO?
POR VIA ÚMIDA ?
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Eliminação de interferentes

Uma vez que a amostra está em solução e o analito foi convertido em


uma forma apropriada para a medida, a eliminação de substâncias
interferentes deve ser feita.

Interferentes são espécies que podem causar erro na análise, levando a


um aumento ou diminuição do valor medido.

Por que ocorrem interferências em análises químicas?


Porque os interferentes respondem de forma similar ao analito.
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Réplicas da amostra

São as porções de um material, que possuem o mesmo tamanho


(massa ou volume) e que são submetidas a um mesmo procedimento
analítico sob condições tão similares quanto possível.

As réplicas permitem melhorar a qualidade dos resultados e avaliar a


confiabilidade dos mesmos, mediante tratamento estatísticos.

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5. Medida e calibração

Os resultados dependem de uma medida final (X) de uma propriedade


química ou física do analito. Tal propriedade deve variar de forma
conhecida e reprodutível com a concentração (ca) do analito.

Idealmente, a medida da propriedade é diretamente proporcional à


concentração:

ca = k X

k = constante de proporcionalidade, determinada pelo processo de


calibração.
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6. Cálculo e avaliação dos resultados

O cálculo das concentrações dos analitos à partir dos dados é, em


geral, relativamente fácil. Tais cálculos são baseados em dados
experimentais coletados na etapa de medida, nas características dos
instrumentos de medida e na estequiometria das reações químicas.

Os resultados analíticos são “incompletos” sem que haja uma


estimativa de sua confiabilidade. Para que os dados tenham algum
significado, os resultados devem ser avaliados via tratamento
estatístico.

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Bibliografia utilizada e recomendada

Fundamentos de Química Analítica


D. A. Skoog, D. M. West, F. J. Holler, S. R. Crouch;
9ª ed., Cengage Learning, 2014.

Análise Química Quantitativa


D. C. Harris; 8ª ed.; LTC, 2012.

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