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Prova Final

Fundamentos da Sociologia

Discente: Luanna Victória de Brito Silva

Docente: Jonatas Ferreira

Assunto referente a primeira unidade: Kant, “O que é o iluminismo?”

Para Kant, o homem que se prepondera no julgamento alheio é responsável pela sua
menoridade, é preciso decisão e coragem para ir atrás do próprio entendimento, “sapere
aude” é preciso ousar saber. O mundo civilizado teria dado ao homem comodismos
suficientes que o tornou covarde e preguiçoso, se há livros que ditam para ele todo o
conhecimento, não é preciso esforço da sua parte, não é preciso por si próprio cultivar
consciência moral se há um diretor espiritual que o conduza. O homem teme sua passagem
para a maioridade, a ponto de não permitir nem mesmo a tentativa de sair do seu estado
menor, por apego. O homem mesmo ao se soltar de sua menoridade não estaria confiante o
suficiente nem mesmo para atravessar pequenos desafios, por não estarem habituados a serem
livres, diante de tal transformação poucos estariam seguros em seus passos. Para o autor
mesmo em um contexto com tutores pré-estabelecidos é inevitável que alguns cheguem ao
esclarecimento, mesmo com julgamentos, que só atrasam este feito. Kant diz que uma
revolução talvez acabasse com a opressão gananciosa, mas ainda assim, não haveria uma
verdadeira reforma no modo de pensar, pois haveriam novos preconceitos, tal qual os
anteriores, que serviriam de rédeas à grande massa.

É preciso então, exigir a liberdade de fazer uso público da razão. Do modo que as coisas são
organizadas socialmente, é de interesse do oficial assim como do funcionário de finanças que
não penses, assim diz o filosofo. O autor cita e descreve o uso privado da razão como aquele
que se faz na função em que está exercendo, como um cargo público onde deve exercer sua
virtude, sendo assim, os membros da comunidade deverão permanecer passivos e permitirem
serem orientados pelo governo. Neste caso, seria prejudicial caso ao ser ordenado um oficial
questionasse seu superior sobre a utilidade da ordem, mas não deveria ser impedido de levar
suas observações acerca do comportamento do superior para que o público as julgue. Partindo
deste raciocínio, um cidadão não pode se opor a pagar os impostos, mas estaria agindo de
maneira legitima ao expor suas ideias contra esta regra.
Um professor contratado estaria fazendo uso de sua razão privada, há limites no que ele poder
expor e na maneira em que deve agir, ele exercendo sua profissão não é livre, entretanto,
como um cidadão comum ele exerce seu direito de falar em público e faz uso de uma
liberdade ilimitada para falar por si próprio e fazer uso da sua razão.

Kant falando em seu contexto, responde que não vivemos em uma época esclarecida,
segundo ele, os homens em grande ainda não se sentiriam prontos e seguros para o
esclarecimento. Dirá “Falta ainda muito para que os homens tomados em conjunto, da
maneira como as coisas agora estão, se encontrem já numa situação ou nela se possam apenas
vir a por de, em matéria de religião, se servirem bem e com segurança do seu próprio
entendimento, sem a orientação de outrem. Temos apenas claros indícios de que se lhes abre
agora o campo em que podem atuar livremente, e diminuem pouco a pouco os obstáculos à
ilustração geral, ou a saída dos homens da menoridade de que são culpados.” A sensação de
liberdade poderia entrar em conflito com o governo no qual não fazia boa compreensão,
porém não haveria real motivo para conflito uma vez que o esclarecimento libertaria o
homem da brutalidade. Esta libertação era a ideia principal do iluminismo, principalmente da
imposição feita pelos governantes da religião de modo que não se fazia sobre a arte e a
ciência.

O autor reflete sobre um paradoxo, um estado que obtém maior liberdade civil garantiria para
população segurança, logo sua liberdade, mas lhes traria também variáveis limites, a
impedindo de alcançar toda sua capacidade. Em conclusão, a natureza do homem é uma
natureza livre, logo as pessoas tenderiam cada vez mais a buscar sua liberdade.
Assunto referente a primeira unidade: Desigualdade social para Marx e para Rousseau

Para Marx, a desigualdade é consequência da divisão de classes, e estando inserida nessas


divisões, a classe dominante se favorecia da exploração da classe trabalhadora como forma de
manter seu domínio, em uma espécie de ciclo. Marx faz uma crítica ao fato de uma pequena
parcela da sociedade deter poder sobre a maioria, para ele, não há naturalidade neste discurso
e a raiz da desigualdade está na propriedade privada. Segundo o filósofo, para que o ser
humano venha a desenvolver suas potencialidades intrínsecas é necessário não estar lutando
primordialmente para a sobreviver, algo que não o diferencia de um animal faminto. A
hierarquia social manteve o homem preso em sua menoridade impedindo sua potencialidade
de crescimento. Somente através de uma revolução radical na sociedade seria possível acabar
com a desigualdade social. Para Marx, o maior opositor de uma possível mudança radical
seria a religião, pois era uma instituição composta pela elite, que incentivava as massas a
permanecer em uma situação de exploração com a promessa de um paraíso após a morte.
Uma vez que a revolução só seria possível com a organização coletiva da classe trabalhadora,
para um esclarecimento desta classe (que vivem em sua maioria alienados por dogmas
religiosos) é preciso convencê-los do direito de uma vida sem opressão, neste caso, o
comunismo não se apresenta como uma utopia, mas como algo que pode vir a ser alcançado
através do coletivo, uma vez que os trabalhadores estivem cientes que a fonte da miséria,
medo e intolerância está na estrutura desigual criada a partir da propriedade.

Para Rousseau, “A propriedade privada introduz a desigualdade entre os homens, a diferença


entre o rico e o pobre, o poderoso e o fraco, o senhor e o escravo, até a predominância do
mais forte. O homem é corrompido pelo poder e esmagado pela violência.” Partindo deste
ponto, para o escritor, o ser humano deriva de um estado de natureza praticamente sem
nenhuma desigualdade, estado esse que o homem tinha uma vida essencialmente animal, a
vivencia e os desafios da floresta os fizeram seres pouco sujeito às doenças, diferente do
mundo civilizado. Segundo Rousseau, o destino do homem primitivo não seria a vida em
sociedade pois, a felicidade e o bem estar era fruto de uma vida independente e solitária. Para
ele o homem é um ser amoral, e a partir de seus instintos naturais apenas agrediria a natureza
em legitima defesa, sendo assim, a desigualdade iria surgir quando um pedaço de terra é
cercado e tido como propriedade.

Seguindo este raciocínio, os homens são levados a querer usufruir de tudo que podem, porém,
esta forma de sobrevivência organizada exclui muito dos outros homens, que uma vez sem
recursos se submetem aqueles que o tem. É impossível voltar ao estado de natureza do
homem, por isso, Rousseau criou o contrato social, a obra busca compreender como é
formado o estado e o que leva as pessoas a seguirem a ordem, o contrato social seria um
pacto social, que buscaria a igualdade entre todos, através de regras bem definidas criadas
pelos homens visando garantir o bem-estar dos mesmos. O contrato social era um mecanismo
para que o homem ganhasse sua liberdade civil uma vez que havia perdido sua liberdade
natural. Elaborariam leis e se comprometeriam a cumpri-las, isso asseguraria sua liberdade
uma vez que se trata da soberania do povo. Rousseau se mostrava contra o poder absolutista
vigente na Europa, defendia a importância do Estado, mas também apontava suas
irregularidades.
Assunto referente a segunda unidade: Globalização

A globalização pode ser descrita como um avanço na área econômica, política e cultural, é
fulcral para seu impulso a terceira revolução industrial (revolução técnico-cientifica-
informacional) uma vez que ocorre avanços nas tecnologias de comunicação e de meios de
transporte, encurtando a distância entre fronteiras geográficas e facilitando as trocas
comerciais. No século XV e XVII, as grandes navegações possibilitaram a expansão do
comércio a nível internacional, sendo este o primeiro passo para tornar o mundo globalizado.
Buscando romper com o monopólio italiano e encontrar um novo caminho para as índias
orientais (fornecedora de especiarias) as coroas espanhola e portuguesa deram início a “era
dos descobrimentos”. A terceira revolução industrial, no século XX, conta com tecnologias
mais avançadas que ajudam a expandir a globalização com a chamada “era das navegações”
como bússolas, pólvora e caravelas. No lado econômico, o avanço das trocas comerciais,
aumentou a concorrência a nível mundial e mostra também seu reflexo na política.

A partir da década de 80, estando recuperados das devastações da segunda guerra mundial, o
Japão e a Alemanha com suas grandes economias industriais reduziram os custos de suas
multinacionais para permanecerem competitivas. Como alternativa, migraram suas empresas
para países em desenvolvimento, buscando se beneficiar de baixos impostos e mão de obra
mais barata, isto influenciou outros países industrializados para que fizessem o mesmo. As
multinacionais detinham poder sobre o governo do país em que estava instalada assim como
em seus trabalhadores, podendo ameaçar fechar as portas caso suas exigências não fossem
atendidas, assim como poderia sair de uma país para outro quando vissem vantagem. Mesmo
podendo ser visto como uma exploração, várias pessoas de países menos desenvolvidos
afirmam preferir o trabalho na fábrica ao trabalho monótono no campo, como é o caso de
uma mulher da zona rural da Indonésia entrevistada por Diane Wolf, ela ganhava menos de
um dólar por dia para costurar bolsos e camisa, mas considerava o trabalho menos árduo e
mantinha sua esperança em trabalhos melhores para futuras gerações. Há grande preocupação
ambiental uma vez que os governos de países ainda em processo de desenvolvimento
continuam atraindo cada vez mais fabricas com uma promessa de baixa regularização sobre
emissão de poluentes e isenção de impostos.

A Nike foi uma empresa bastante criticada pelas suas condições de trabalho em países como
Indonésia e Vietnã, onde o trabalho chega a 16 horas diárias. na Indonésia os trabalhadores
recebiam um salário de cerca de 10 centavos de dólar por hora, o que levou a revolta de
grupos americanos de direitos humanos, havendo pouco impacto sobre a situação. A Shein
(varejista de roupas online) tem uma grande demanda de compras internacionais por seus
produtos com preços relativamente acessíveis, esteve em várias acusações sobre manter seus
trabalhadores em regime semiescravo, uma emissora britânica acusou a mesma de pagar
menos de um centavo por peças produzidas por costureiros e artesãos imigrantes, após uma
repórter se disfarçar de candidata a vaga, em conversa com os gerentes foi informada que os
trabalhadores da fábrica trabalhavam cerca de 18 horas por dia e tinham um folga por mês,
violando as leis trabalhistas chinesas. Rachel Bick, Erika Halsey e Christine C. Ekenga,
desenvolveram um estudo chamado “The global environmental injustice of fast fashion (A
injustiça ambiental global da fast fashion, em tradução livre), que apontam impactos da fast
fashion nos Estados Unidos, são comprados 80 mil milhões por ano de peças de vestuário em
todo o mundo. Já em Portugal, dados da Agência portuguesa do ambiente (APA) em 2019
divulgou que foram recolhidas 185 mil toneladas de resíduos têxteis. Fibras como o poliéster
e o algodão, bastante usadas para a produção dos produtos, apresentam impactos bastantes
negativos, uma vez que para o cultivo do algodão são utilizados água em abundância,
fertilizantes e pesticidas que, poluem os mares, rios e lagos.

Por outro lado, a globalização com o impulso do avanço tecnológico, permitiu acesso
instantâneo a informações de qualquer lugar do planeta, assim como as trocas linguísticas e à
amplificação do turismo, sendo ele regional ou internacional. Também são notórios os
avanços no conhecimento científico, quando há uma descoberta cientifica em determinado
país o resto do mundo ficará sabendo quase em tempo real, o mesmo também acontece com a
economia, política, etc.
Assunto referente a segunda unidade: Raça e Etnicidade

No contexto brasileiro, com a variação de cultura e etnicidade, o folclore é um meio de


reafirmar suas raízes, através principalmente, da música e da dança. Segundo Seyferth
(2003), tem se multiplicado manifestações culturais em regiões de grande imigração alemã,
como a Oktoberfest em Blumenau, como uma forma de reforçar a identidade dessas pessoas
enquanto teuto-brasileiras, isto é chamado pelo autor Hebert Gans de etnicidade simbólica,
quando é cultivado um amor pela cultura de seu antepassado e suas tradições. Esta etnicidade
simbólica por sua vez não é celebrada pela maioria dos afrodescendentes, podendo haver
orgulho e respeito por sua cultura, mas o racismo é um empecilho para a celebração de sua
identidade. A discussão acerca da manifestação do racismo é bastante ampla, passa de um
racismo estrutural ao institucional, onde pessoas negras são perseguidas ao entrar em lojas ou
mais facilmente coagidas pela polícia. Nos anos 90, Sérgio Adorno realizou uma pesquisa
acerca da discriminação racial no Brasil na área jurídica, observou que naquela época haviam
58% de negros presos em flagrante para 42% de brancos. Em 2020, o 14° anuário brasileiro
de segurança pública, revelou que nos últimos 15 anos a quantidade de negros no sistema
carcerário cresceu cerca de 14% enquanto de brancos diminuiu 19%, segundo o anuário
“Aliado a isso, as chances diferenciais a que negros estão submetidos socialmente e as
condições de pobreza que enfrentam no cotidiano fazem com que se tornem os alvos
preferenciais das políticas de encarceramento do país.”

Robert Park desenvolveu a teoria ecológica, na qual buscava explicar por estágios as
mudanças inevitáveis nas relações étnicas e raciais, segundo ele, primeiro ocorre a invasão,
quando um grupo étnico tenta se mudar de seu território para outro, isto não se restringe a um
país, podendo ser espaços bem menores como um bairro, havendo resistência da parte dos
grupos ali presentes, logo após competem pelos recursos ali presentes como moradia e
emprego, até o ponto em que resolvem cooperar e aceitar a residência do outro grupo étnico,
a partir disso vem a segregação, os diferentes grupos não compartilham da mesma política,
igreja e até mesmo espaços públicos, e ao final, com a mistura do grupo distinto com a
sociedade local, há uma assimilação através da confiança e compreensão, e o grupo não passa
mais a ser tido como distinto. Em 1950, Florestan Fernandes e Roger Bastide desenvolveram
uma pesquisa sobre a relações de negros e brancos na cidade de São Paulo, concluiu que a
industrialização e a sociedade pós-escravocrata não teriam trazidos benefícios econômicos e
culturais para os negros, pois a mentalidade escravocrata ainda estava presente, o que ele
chamou de “autêntico e fechado mundo dos brancos”, ou seja, não houve uma integração do
negro a sociedade, se contrapondo a Pierson que acredita que as relações raciais sobrepõem-
se às relações de classe.

No dilema racial brasileiro, além da desqualificação do negro por causa da condição social
em que ele está inserido, ele ainda encontra obstáculos para sair desta situação, suas
características e condutas são julgadas “não brancas o suficiente” dificultando o que ele possa
reafirmar sua raça, gerando assim um ciclo de discriminação e impossibilitando que ele seja
inserido de forma igualitária na sociedade. Florestan Fernandes chama atenção para o mito da
democracia racial, que considera o negro culpado por sua condição de vida, o que isenta o
branco de sua culpa, e analisa as relações socias com base na aparência impossibilitando uma
avaliação justa da realidade no Brasil e criando uma falsa consciência da mesma ao defender
que as oportunidades são iguais e que não existe racismo no Brasil. Por outro lado, há
diversas vantagens na etnicidade, como a econômica, um imigrante que ao chegar a um país
sem muito conhecimento de sua língua e cultura se junta a grupos de sua etnia que trabalham
ali, tal coisa os leva a se afirmarem ainda mais.

O processo de globalização foi uma das causas que aumentaram o fluxo de migração no
mundo, outras razões como política e econômica também são essenciais para que pessoas
saim de seus países em busca de refúgio. Esse processo de migração pode ser visto como
positivo uma vez que os imigrantes trazem consigo costumes e uma nova cultura para aquele
país. O Brasil é um país visto como tolerante em receber imigrantes, por outro lado, grupos
que vivem à margem da sociedade no país como os indígenas que não possuem essa mesma
compaixão por parte dos brasileiros. Após o genocídio e estando nos grupos étnicos com pior
tratamento por parte do governo, é necessário o etnodesenvolvimento, políticas públicas que
façam com que os grupos étnicos se desenvolvam respeitando suas identidades e tradições,
como desenvolveu o antropólogo Renato Athias, no Brasil é necessário políticas que
possibilitem a clareza nos direitos de propriedade de terra, reconhecimento e garantia da voz
do povo indígena, respeito a sua identidade cultural, reconhecimento formal de suas
organizações, apoio a suas iniciativas, apoio a segurança alimentar e responsabilização do
estado de apoiar serviços de saúde dignos.

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