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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS


DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA DE GEOGRAFIA HUMANA E AMBIENTAL

GEOPOLÍTICA: UMA APRECIAÇÃO HISTÓRICA

Carlos Eduardo Valle Rosa

De onde vem o termo geopolítica e de que forma ele é pensado em sua história são
pontos centrais para entendermos este conceito que hoje se tornou inerente ao pensamento
político. O texto de Carlos Eduardo Rosa busca, então, nos introduzir à geopolítica partindo
de seu ponto inicial, quando o cientista político Kjellén (1864-1922) utilizou pela primeira
vez o termo, em 1899.
Desde então, a geopolítica tem sido base para diversos teóricos, que a associam à
economia, a ciência política, a sociologia, relações internacionais, etc. Entretanto, o conceito
ao longo do tempo mudou de significado conforme foi pensado, e representou desde
pensamentos imperialistas e organicistas até preocupações sociais e ambientais.
Podemos pensar em uma sistematização histórica que divide o pensamento geopolítico
em fases, que desde a sua origem correspondem à mudança de foco em relação a
características geografias, econômicas, políticas ou sociais. Em primeiro momento, as
primeiras definições do que realmente seria geopolítica haviam se voltado a uma teoria do
Estado como organismo no espaço, gerando uma primeira fase geopolítica, a Imperialista.
Neste momento muito se discutia sobre as dimensões físicas do poder de um Estado,
tais como seu poderio territorial, fosse em terra firme ou no mar. Na geopolítica imperialista,
pensava-se sobre quais os pivôs geográficos para o desenvolvimento de uma nação, sem
atentar-se prolongadamente sobre questões interestatais, como influências políticas e
econômicas.
Após duas Guerras Mundiais e uma mudança substancial na divisão de poder no
planeta, a geopolítica avançou para uma nova fase junto à Guerra Fria. Agora, debruçando-se
sobre as pressões exercidas pelas potências em conflito. Os Estados foram classificados em
nível de desenvolvimento, novas políticas mundiais surgiram e os territórios e a hegemonia se
transformaram em conceitos novos, acompanhados pela reflexão sobre questões político-
ideológicas, territórios periféricos e relações interestatais.
Continuando ao passo da história, o fim da guerra fria anunciou o começo de uma
nova geopolítica, que buscava entender relações e teorias que não faziam mais sentido.
É assim que surge a geopolítica da Nova Ordem Mundial. Com os Estados Unidos
consolidados como uma superpotência mundial, agora muito se pensava sobre questões como
sua liderança econômica, militar e cultural, também sobre paradigmas do neoliberalismo e do
liberalismo transnacional, como o desenvolvimento de fundos monetários e leis comerciais
gerais, além da consolidação da globalização e da evolução tecnológica.
Preocupando-se com o Novo Mundo, as consequências da guerra e também do
desenvolvimento econômico e político, a geopolítica tem seu momento mais reconhecido.
Protocolos e conferências sobre as relações entre poder, geografia e ambiente preenchem a
história e concedem ao pensamento geopolítico sua face multidisciplinar que conhecemos
hoje, dando luz sob a globalização, desigualdades sociais e instabilidades territoriais que antes
haviam passado pelas sombras da teoria.
É junto a esse momento que poderíamos então tecer críticas a geopolítica. Seguindo
uma de suas “fases”, a Antigeopolítica se encarrega de pensar a si mesma. É nela que se
contesta a própria geopolítica, percebendo que esta é também importante arma ideológica e
teórica, transformadora de informações em conhecimento, que impõe realidades construídas
pelas suas reflexões.
Em conclusão, é com essa análise histórica e reflexão extensa se que pode examinar
melhor as dimensões do conceito de geopolítica. Sua multiplicidade de significados
demonstra uma ciência forte e viva, que analisa desde uma geografia física e territorial até as
áreas das ciências sociais e as relações desiguais entre indivíduos, centros e periferias do
conhecimento e da vida social. É na interdisciplinaridade da geopolítica que reside sua força e
sua capacidade de observar e refletir sobre o mundo político, econômico e social em que nos
encontramos.

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