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17/10/2004
O ciclo de lactação de uma vaca leiteira deve ser, de aproximadamente, 12 a 13 meses. A lactação começa
no dia do nascimento do bezerro e continua pelos próximos 305 dias (considerando uma lactação de
aproximadamente 10 meses). Os 45-60 dias seguintes são denominados período seco. Este é um período
de transição para a lactação seguinte. Durante o período seco a vaca não produz leite, mas utiliza os
nutrientes para o feto e para regenerar as células produtoras de leite do úbere, preparando-se para a
próxima lactação. Conforme ilustrado na figura acima, durante a lactação, a produção de leite, a ingestão
de matéria seca e o peso corporal seguem um modelo típico de mudança. Com base nessas mudanças,
quatro fases distintas de alimentação podem ser definidas:
2) Equilíbrio energético; pico de ingestão de matéria seca (70 a 140 dias da lactação). A produção de leite
começa a cair enquanto a ingestão de matéria seca continua a aumentar. A demanda de energia para a
lactação pode ser alcançada pela quantidade de energia que a vaca é capaz de ingerir. A vaca cessa a
mobilização de reservas corporais.
3) Balanço energético positivo; terço médio e final de lactação (140 a 305 dias ou mais da lactação).
Ambas, produção de leite e ingestão de matéria seca diminuem gradativamente. A vaca ingere mais
energia do que a necessária para a produção de leite e, consequentemente, as reservas corporais são
repostas. A vaca ganha peso corporal.
Saúde e nutrição durante a fase inicial d lactação são pontos críticos para performance em toda a lactação.
É no início da lactação que se expressa o potencial genético da vaca; se a nutrição e o ambiente não são
adequados, a produção de leite durante toda a lactação será penalizada. Normalmente para uma vaca
adulta, cada aumento de 1kg de leite no pico da lactação resulta em aumento de aproximadamente 250kg
de leite em toda a lactação.
No início da lactação, a vaca está sob muito estresse para produzir grandes quantidades de leite.
Entretanto, nesse estádio da lactação, ela tem um limite para ingerir a quantidade necessária de alimento.
Dessa forma, no início da lactação, é normal a vaca mobilizar reservas corporais. A habilidade em mobilizar
suas reservas corporais contribui para a manifestação de seu potencial genético de produção de leite.
Vacas com alto potencial genético para produção de leite mobilizam grandes quantidades de tecidos
corporais até 3 meses da lactação. Vacas de baixo potencial genético para produção de leite mobilizam
menos reservas corporais e permanecem em balanço energético negativo por curto período de tempo
(menos de 2 meses).
Vários tecidos do corpo são mobilizados para suprir os nutrientes que não estão em quantidades adequadas
na dieta para sustentar a produção de leite. A energia pode ser obtida a partir do tecido adiposo (gordura),
quantidade limitada de proteína a partir dos músculos e os minerais (cálcio e fósforo) a partir dos ossos.
Como resultado, as vacas podem perder até O,70 kg de peso corporal por dia. A maioria dessas perdas de
peso vem da mobilização do tecido adiposo. Quando os nutrientes fornecidos pela dieta não são suficientes
para atender seu potencial genético de produção, a vaca de alta produção continuará a produzir elevadas
quantidades de leite às custas das reservas corporais e de grandes perdas de peso corporal. A vaca com
baixo potencial genético não é capaz de sustentar alta produção de leite, em conseqüência, o pico da
lactação provavelmente será mais baixo e ocorrerá mais cedo.
Perda excessiva de peso corporal pode ter efeitos prejudiciais na saúde e na performance reprodutiva da
vaca. Dessa forma, os nutrientes da dieta no início da lactação precisam ser ajustados de maneira a evitar
perda excessiva de peso. Durante o período seco, a ingestão é baixa (10 a 12 kg de matéria seca) e a dieta
é composta, primariamente, de forragem com quantidades limitadas de concentrado. Por isso, no início da
lactação, mais concentrados devem ser adicionados para aumentar a densidade de energia da dieta.
Contudo, tanto a quantidade insuficiente como o excesso podem ter efeitos prejudiciais.
A subalimentação, especialmente em energia, na fase inicial da lactação, tem grande efeito prejudicial por
toda a lactação. A grande perda da produção de leite devido à subalimentação das vacas, nos três
primeiros meses de lactação, pode não ser recuperada, mesmo se a dieta for balanceada nos sete ou oito
meses subsequentes da lactação. A diminuição da produção devido à subalimentação ou ao
desbalanceamento da dieta é proporcional à quantidade de nutrientes (primariamente energia) deficientes
na dieta.
Além disso, a habilidade da vaca em elevar a produção de leite quando se fornece uma dieta balanceada
diminui com o avanço da lactação. Menor resposta à adequada suplementação está associada à maneira
como as vacas utilizam a energia nos diferentes estádios da lactação. Depois de atender ao requisito de
energia para mantença, a prioridade seguinte é para a produção de leite no início da lactação. À medida
que a lactação avança, a prioridade muda em direção à restauração das reservas corporais perdidas na
lactação. Dessa forma, há um efeito a longo prazo da restrição de energia imposta no início da lactação. A
produção de leite nos terços médio ou final da lactação será máxima somente para vacas alimentadas
corretamente no início da lactação.
O tipo de dieta usado no início da lactação afeta não somente a produção de leite e perda de peso, mas
também a fertilidade. Embora o ciclo estral (funções ovarianas) possa estar ativo tão cedo quanto 20 a 35
dias após o parto, dificilmente uma nova gestação será bem sucedida quando ocorrer o balanço energético
negativo (início da lactação).
No próximo artigo dessa seção estaremos descrevendo as outras fases do ciclo de lactação. Não
perca !!!
Fonte:
Guia Técnico da Pecuária Leiteira – Nutrição e Alimentação, do Instituto Babcock da Universidade de
Wisconsin, Madison, EUA.