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No congresso de Milão, onde foi mostrado através de casos de sucesso

no método de oralização, com aparelhos fonadores, indivíduos surdos que


conseguiram emitir voz, foi decido que a oralização era o método a ser
empregado na educação do indivíduo surdo.

Decisão essa que teve cunho político, pois a educação de surdos


conforme apontado por Meserlian e Vitaliano (2009), não havia até então,
fracassado. Neste contexto oralista, que proibia ao aluno surdo o acesso a sua
língua natural e o forçava para ter comunicação, algo que é seu de direito, se
submeter a treinamentos longos, exaustivos e que na maioria das vezes, sem
resultados;

Os defensores do Oralismo, para a sua efetiva consolidação como


método de educação de surdos, diziam que o pensamento só poderia ser
desenvolvido através da fala, ou quando numa visão do clérigo que os pecados
só podiam ser confessos através da oralizarão, evitando qualquer equivoco de
interpretações ou até mesmo que o sujeito surdo não era possuidor de uma
alma, portanto não passível de salvação.

O falar se torna assim o meio de garantia de direito, portanto para que


alguém pudesse ter acesso as garantias ouvintistas deveria se capaz de
comunicar-se com estes.

Diante do fracasso do Oralismo, que não conseguiu atender as


expectativas educacionais para o publico surdo, surgiu alternativas que
propunham foco na comunicação, como o caso da Comunicação Total.

Nessa perspectiva, o objetivo era a comunicação do indivíduo,


independentemente do método usado, seja o oralismo, seja meios
tecnológicos, seja por sinais, o importante era que o indivíduo conseguisse
alcançar a comunicação.

Entende-se que a comunicação é importante, mas para que esta exista,


os indivíduos envolvidos devem falar a mesma língua, a mistura de tudo não
garante que se estabeleça um diálogo. O surdo conseguia manter uma
conversa rasa, mas se aprofundar em um tema, sem domínio de todos os
aspectos linguísticos de uma língua, tanto por parte de quem fala como por
parte de quem ouve, se mostrou um enorme desafio.
Ela, a Comunicação Total, abre espaço para entender que há outras
formas de comunicação, mas não consegue ainda atender as demandas do
publico alvo da educação dos surdos.

Antes do congresso de Milão a educação de surdos não havia


fracassado como afirma Meserlian e Vitaliano (2009), os autores dizem que
muitos se dedicaram a educação desses sujeitos, criando métodos e técnicas,
algumas documentadas e outras passadas apenas por relatos de quem
presenciava, não que esses fossem perfeitos, já que a maioria reconheciam e
percebiam que os sujeitos surdos tem na língua de sinais a forma de
construção de pensamento e de aquisição de conhecimento, mas ainda assim,
era através da língua portuguesa escrita a forma de comunicação social
esperada dos sujeitos surdos, deles deveria vir a adaptação para a integração
na sociedade.

Quando penso nessa característica da educação dos surdos, tida antes


do congresso de Milão, mesmo sabendo que ela foi, com os autores
mencionados dizem, satisfatória para educação surdo, me vem a imagem da
ponte, onde de cada lado há um indivíduo, que para se encontrarem no meio,
havendo esforços de ambas as partes, seria mais rápido, fácil, menos
exaustivo para somente um lado desse diálogo.

É aí que vem o Bilinguismo, o sujeito surdo tem direito a comunicação


em sua língua natural, mas como uma parte integrante da sociedade, ele tem
direito também a ter uma segunda língua (L2) que no caso seria o Língua
Portuguesa escrita para que assim ele não fique marginalizado em situações
extrema, poia a sociedade tem que fornece as condições para que esse
indivíduo se comunique em sua língua natural.

Hoje no Brasil, presenciamos discursões políticas em volta da


alfabetização do sujeito surdo, já que ainda como uma sociedade Oralista
temos o domínio pela voz do mais forte, as conquistas alcançadas sempre são
ameadas por aqueles que veem no avanço das minorias, uma ameaça as
maiorias, porque mudar algo que para mim está bom e fácil?

Afinal, ainda estamos na sociedade onde o discurso é: - você que lute!

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