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PROPOSTA DE REDAÇÃO 19/2022 - NERDE

PROFESSOR BRENO AUGUSTO A P ROSA

UFU: Escreva uma CARTA DE SOLICITAÇÃO para o Ministro do Meio Ambiente acerca do avanço da
degradação ambiental e o desafio da sustentabilidade no Brasil.

ENEM: Escreva uma dissertação acerca dos “ Desafios de implementar a sustentabilidade no país do
agronegócio”.
Sustentabilidade: um desafio para o Brasil

“Destruir matas virgens, nas quais a natureza nos ofertou com mão pródiga as melhores e mais preciosas madeiras
do mundo, além de outros frutos dignos da melhor estimação, e sem causa, como até agora tem-se praticado no
Brasil, é extravagância insofrível, crime horrendo e grande insulto feito à mesma natureza.”

A frase, pasmem, é de José Bonifácio de Andrada e Silva, Patriarca da Independência, portanto com 200 anos de
idade, bicentenária, efeméride que o País está empenhado em comemorar. Não a frase, claro, que está no
artigo “Agronegócio e a Agricultura Sustentável”, de autoria dos engenheiros agrônomos Walter Lazzarini e José
Pedro Coelho e Silva.
O artigo é um dos que compõem o livro Sustentabilidade no Agronegócio – 26 textos ao todo, mais introdução, pré e
posfácio, 806 páginas, editado pelos professores Cleverson Vitório Andreoli e Arlindo Philippi Jr.
Ao longo dos artigos, o livro apresenta e debate diversos pontos de vista sobre o tema apresentado no título da obra,
que faz parte da Coleção Ambiental, coordenada pelo professor Arlindo Philippi Jr., que já soma outras seis
publicações, sob as asas do Instituto de Estudos Avançados e da Faculdade de Saúde Pública, ambos da Universidade
de São Paulo, e da editora Manole.
“A busca de desenvolvimento sustentável representa um dos maiores desafios para a humanidade e, em especial,
para o Brasil”, diz, no prefácio da obra, Maurício Antônio Lopes, PhD e pesquisador, ex-presidente da Embrapa,
empresa que acumula notável experiência no desenvolvimento da agricultura brasileira.
Por que um dos maiores desafios? Andreoli e Philippi, editores do livro, explicam: “As características do País
estabelecem vocação natural para o desenvolvimento da agricultura, pois em grande parte do território nacional há
solos com potencial agrícola, abundante disponibilidade de recursos hídricos, insolação e variação térmica,
adequados à maior parte dos cultivos.” E acrescentam: “Adicionalmente, o Brasil abriga uma megabiodiversidade que
fornece serviços ambientais que determinam grande potencial competitivo para o agronegócio.”
Os artigos do livro iluminam o caminho para superar a imagem polêmica, certa ou errada, que se consolidou ao longo
dos tempos, como demonstra a histórica frase atribuída ao Patriarca da Independência José Bonifácio, citada no
começo deste artigo. Apontam para a importância do agronegócio como sustentáculo da economia brasileira e
alimentador da crescente demanda mundial e a importância fundamental de que a produção e a comercialização
agrícola sigam as regras básicas de sustentabilidade, que ganham cada vez maior espaço em todo o mundo,
especialmente nos países nossos clientes.
Os artigos do livro apontam para a importância do agronegócio como sustentáculo da economia nacional - Foto:
Wikimedia Commons

O livro “reúne diferentes perspectivas acerca de como integrar as múltiplas facetas da governança ambiental em prol
de um agronegócio mais sustentável”. Aborda também “sistemas, práticas, tecnologias e indicadores para a
intensificação sustentável da agricultura, uma estratégia central para sustentar 10 bilhões de pessoas em um mundo
que possa ser saudável e equilibrado”. Discute “as interconexões entre o agronegócio, as questões climáticas e os
serviços ecossistêmicos e as mudanças climáticas que já estão afetando a produtividade agrícola e representam um
risco iminente para a segurança alimentar planetária”. Finalmente, debate o “marco legal, arranjos de governança e
educação”, que são facetas da governança ambiental.
Vale anotar a observação que faz parte do 18° artigo, Produção Rural no Semiárido: vulnerabilidade climática e
desenvolvimento sustentável: “O conceito do agronegócio está carregado, em muitos setores, especialmente
acadêmicos e terceiro setor, de um simbolismo negativo. Isso acentua o conflito”. E continua: “Em realidade uma
grande parte dos agricultores familiares tem ou deseja ter ou, ao menos, deseja obter lucro na sua terra – o que é
totalmente legítimo, mesmo se isso os coloca simbolicamente em contraposição à narrativa tradicional da agricultura
familiar ou ‘campesinato’, eminentemente extrativista ou de subsistência”.

Grande parte dos agricultores familiares tem o desejo não só de subsistência, mas de obter lucro na terra - Foto:
Embrapa

“A agricultura, em que pese ser uma atividade que mais aproxima o homem da natureza, é uma importante fonte de
degradação ambiental; para ser sustentável, portanto, precisa adotar práticas que protejam o solo, a água, a fauna e,
principalmente, nos dias atuais, a vegetação nativa”, diz no posfácio do livro o deputado federal Arnaldo Jardim, ex-
politécnico e ex-secretário da Agricultura do Estado de São Paulo. “A preocupação com a sustentabilidade da
produção deixou de ser apenas um modismo, veio para ficar. Uma atividade econômica para ser sustentável deve
garantir que todas as etapas de seu processo produtivo tenham o menor impacto possível sobre o meio ambiente”,
acrescentou.
A advertência do Patriarca da Independência, José Bonifácio, que foi tutor do ainda menino Pedro II, missão da qual
foi afastado pela nobreza em função de suas ideias progressistas para a época, mostra que a questão da preservação
ambiental acompanha nossa história até os dias de hoje. Nos dias que correm – em que são fundamentais as
exportações agrícolas brasileiras e a segurança alimentar de nossa população –, a sustentabilidade do agronegócio é
imprescindível, inescapável.

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