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1. Introdução....................................................................................................................... 2
1.1. Pergunta de Partida ................................................................................................. 2
1.2. Hipótese .................................................................................................................. 2
1.3. Objectivos ............................................................................................................... 2
1.3.1. Objectivo geral .................................................................................................... 2
1.3.2. Objectivo Espeficos............................................................................................. 2
1.4. Justificativo do Estudo ............................................................................................ 3
1.5. Metodologia do Estudo ........................................................................................... 3
1.6. Estrutura do Trabalho ............................................................................................. 3
2. Conceitos Operacionais .................................................................................................. 4
2.1. A natureza da Geopolítica ....................................................................................... 4
2.2. África Austral ......................................................................................................... 5
2.3. Kuito Kwanavale .................................................................................................... 6
3. A Batalha do Kuito Kwanavale ...................................................................................... 7
3.1. Contexto Histórico .................................................................................................. 7
3.2. Protagonistas e suas Intenções ................................................................................ 9
3.3. As operações e o fim da Batalha ........................................................................... 10
4. África Austral após a Batalha....................................................................................... 12
4.1. Independência da Namíbia.................................................................................... 12
4.2. O fim do Apartheid na África do Sul .................................................................... 13
4.3. Processo de Paz em Angola .................................................................................. 14
5. Conclusão ..................................................................................................................... 15
Bibliografia .......................................................................................................................... 16
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1. Introdução
A África Austral é, e sempre foi, um espaço geopolítico de renovada importância no Sistema
Internacional, muito por conta dos seus recursos minerais e das suas relações interestaduais,
inter-regional e internacional, sustentadas pelos seculares laços de irmandade que ligam os
povos desta região, pelo património cultural e a luta de libertação dos países da região.
Kuito Kwanavale foi a maior batalha convencional a sul do Sahara depois da Segunda Guerra
Mundial, aquela que envolveu força militar regular do Estado Angolano, braço armado da
UNITA, as forças armadas da África do Sul, as forças armadas Revolucionaria de Cuba e
teve a participação indireta dos Estados Unidos e da União Soviética, com o maior número
de jactos caças-bombardeiros e de helicópteros, de tanques de guerra e outros veículos
blindados, o maior número de peças de artilharia de grande calibre e alcance.
1.1.Pergunta de Partida
Diante do exposto a cima nos remetemos a seguinte pergunta de partida, que nossa pesquisa
vai procura responder:
1.2.Hipótese
Nosso pouco conhecimento nos permite elaborar a seguinte hipótese, ou resposta hipotética,
a pergunta de partida supracitada:
1.3.Objectivos
Para a materialização do objetivo geral do nosso estudo, traçamos como objetivo espeficos:
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Compreender o processo histórico que dá corpo a batalha do Kuito Kwanavale, uma
vez que ela nos ajudará a contexto social e político do período em que acontece a
batalha do Kuito Kwanavale;
Identificar os protagonistas da batalha e a suas intenções na batalha, com fim último
de apontar as reais causas da batalha do Kuito Kwanavale.
1.4.Justificativo do Estudo
Em função do nosso objetivo geral, optamos por usar a pesquisa bibliográfica, que segundo
Lakatos & Marconi (1992), se traduz no levantamento de toda a bibliografia já publicada,
em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Esta escolha não foi por
acaso, já que o a Influência da batalha do Kuito Kwanavale na geopolítica da África Austral
só poderá ser compreendida com a leitura de toda bibliografia já publicada sobre.
A leitura de toda bibliografia já publicada sobre o assunto, não foi suficiente para criarmos
um elo entre a batalha do Kuito Kwanavale e a Geopolítica da região austral, tivemos de
utilizar um enfoque exploratório, que “ tem como objetivo proporcionar maior familiaridade
com o objeto de estudo, com vista a torná-lo mais explicito” (Gil, 2008).
1.6.Estrutura do Trabalho
Este trabalho está repartido em três parte em função dos objetivos a serem alcançados:
A primeira parte vai preocupar-se em discutir alguns conceitos que sustentam a base
teórica e conceptual do nosso estudo, nomeadamente o conceito de geopolítica,
África Austral e Kuito Kwanavale;
A segunda parte vai falar sobre o contexto histórico da batalha do Kuito Kwanavale,
dos protagonistas da batalha e suas intenções na batalha;
A terceira e última parte abordará sobre o objetivo geral do nosso estudo, trazendo a
discussão os acontecimentos que marcam a viragem da geopolítica da África austral.
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2. Conceitos Operacionais
2.1.A natureza da Geopolítica
O neologismo “geopolítica” é uma combinação dos termos “Geo”, que tem o sentido de
Espaço geográfica, e “Politik”, que tem o sentido de Administração do Estado. Estes termos
combinados estabelecem uma relação Espaço/Estado.
O jurista sueco, também professor de Ciência Política e História, Rudolf Kjellén, volta a usar
o neologismo “geopolítica” em 1916, na sua obra “Staten som lifsform”, desta vez
acompanhado com uma base conceptual para facilmente se identificar a área de atuação da
geopolítica.
As várias configurações sociopolíticas que foram surgindo no mundo serviram de base para
o aprofundamento da geopolítica, enquanto disciplina cientifica, dando asa a várias teorias
geopolíticas que começaram a impor-se como projetos estruturados para conquista e
expansão do poder das grandes potências, logo como teorias justificativas, comprometidas,
muitas vezes desvirtuando a essência conceptual de Kjellén, mas que foram fazendo escola,
como é o caso da Escola de Munique fundada por Karl Haushofer que serviu aos interesses
Navi.
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espacial, com as raízes mergulhadas no solo ambiente. (Castro,
1955)
É apropriado a posição que tomamos uma vez que o nosso estudo procura saber, no contexto
da Batalha do Kuito Kwanavale quem era os protagonistas, inclusive aqueles que tinham
apenas interesse secundários no conflito e posteriormente isolar as suas intenções, para
facilmente perceber as causas do conflito e as implicações para a região Austral. Todo isso
na ótica que a Geopolítica é uma disciplina analítica descritiva que “estuda a relação entre a
conduta da política exterior de um país e o quadro geográfico no qual ela se exerce”.
(Boniface, 2011)
2.2.África Austral
Para esse estudo nos interessa apenas a região Meridional, também conhecida por África
Austral, que é a região localizada na parte sul do continente africano, geograficamente, esta
região encontra-se entre o oceano Índico, a leste, e o oceano Atlântico, a oeste, com uma
economia centrada na agricultura e no extravio de minerais.
Há distintas visões sobre o que deve ser considerado como África Austral. Podem assinalar-
se 3 perspectivas:
Restrita: RAS e territórios mantidos durante muitos anos na sua órbita política e
económica, Namíbia, Botsuana, Lesoto e Suazilândia (África Austral);
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Intermédia: Restrita mais Angola, Moçambique, Zimbábue, Zâmbia e Malawi;
conjunto de Estados cujos trajectos para as independências foram, ainda que em
graus diferentes, afectados pela ascensão do apartheid na RAS e que, uma vez
independentes, contribuíram decisivamente para o seu termo (África Austral mais
África Subtropical);
Alargada: Correspondente à SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral), herdeira da SADCC (Conferência para a Cooperação e Desenvolvimento
da África Austral) formada em 1980 por Angola, Moçambique, Zimbábue, Zâmbia,
Malawi, Tanzânia, Botsuana, Lesoto e Suazilândia; a SADCC passaria a SADC em
1992 com a admissão da Namíbia, vindo depois a integrar a RAS, Maurícia,
República Democrática do Congo, Seicheles e Madagáscar.
A nossa abordagem vai centrar-se na perspectiva Intermédia, que considera África Austral
todo território controlado pela África do Sul e incluindo aqueles que são afetados pela
ascensão do regime de segregação racial instalado na África do Sul, sem descorar a
perspectiva alargada, que é um fruto caindo da Batalha do Kuito Kwanavale.
2.3.Kuito Kwanavale
Kuito Kwanavale está situado na província do Kuando Kubango, delimitado a sul pelo
município de Nankhova, a oeste pelo município de Menongue, a leste pelo município de
Mavinga e a norte pelo município de Kangamba (Província do Moxico), ocupa uma área
geográfica de aproximadamente 35.610km².
Nesta região, como salienta o relatório da ONG Development Workshop of Angola, ocorreu
um dos episódios mais sangrentos da guerra civil angolana, a batalha de quatro meses que
seria considerada mais tarde um marco da libertação da África Austral. Nos confrontos,
estavam em jogo a hegemonia de forças políticas internas angolanas e das potências
mundiais EUA e URSS.
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3. A Batalha do Kuito Kwanavale
3.1.Contexto Histórico
A batalha do Kuito Kwanavale insere no período histórico que vai de 1948 a 1994, se
tivermos em conta os antecedentes históricos que motivaram o colidir da campanha e as suas
consequências e relevância para região Austral da África.
Os factores importantes deste período que nos ajudam a compreender o desenrolar desta
campanha militar são a descolonização da África Austral no pós-Segunda Guerra Mundial e
a Guerra Fria. E admite-se que a batalha afetou o cenário securitário da África Austral até,
pelo menos, o ano 1994, marcado pelo fim do regime do apartheid.
A luta pelas independências das colônias portuguesas da região, que teve início nos
anos 1960 e terminou no meado dos anos 1970, após o derrube do regime colonial e
fascista que imperava em Portugal, culminando com a proclamação da independência
de Moçambique em 23 de junho de 1975, e de Angola em 11 de novembro 1975;
O fim do regime de minoria branca na antiga Rodésia do Sul, actual Zimbábue, a luta
da União Popular Africana do Zimbabué (ZAPU) e da União Nacional Africana do
Zimbabué (ZANU) contra a minoria branca prolongou-se até ao ano 1980, ano em
que o povo conquistou a verdadeira independência, pondo fim ao regime de
exploração e segregação racial que vigorava no país desde início dos anos 1960;
A independência do território do antigo Sudoeste Africano, actual Namíbia, o
problema da Namíbia foi várias vezes levado a discussão na Organização das Nações
Unidas (ONU), que declarou ilegal a ocupação do território pela África do Sul e
estabeleceu em 1961 como seu objetivo a independência da Namíbia, mas a África
do Sul negava-se a ceder as diretrizes da ONU e introduziu no território as leis do
Apartheid;
O fim do regime de Apartheid na África do Sul, a política racial da África do Sul,
implicava a separação rigorosa e discriminatória de brancos e não brancos, lançou
uma sombra negra sobre o pais e o desenvolvimento ao não dar oportunidades aos
não brancos do território;
A criação da Linha da Frente, que mais tarde veria a se transformar na Comunidade
de Desenvolvimento da África Austral (SADC), era uma união voluntária de Estados
que, segundo Comitê Cientifico Internacional da UNESCO para Redação da Historia
Geral da África, tinha a finalidade de criar um sistema de compromissos recíprocos
e de acções de apoio ao Movimento de Libertação Nacional na luta pelo derrube do
colonialismo, do Apartheid e que defendesse os Estados membros da expansão
econômica e comercial e da ameaça militar por parte dos regimes instalados em
Angola, na África do Sul, em Moçambique, na Namíbia e no Zimbabué. (Comitê
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Científico Internacional da UNESCO para Redação da História Geral da África,
2010)
Num olhar além das fronteiras regionais, visualizamos três conflitos primeiramente externos
que contribuíram para acrescer o valor estratégico da África Austral, se destaca nesta lista a
Guerra Fria, que é conflito sem confronto militar direto entre as potências ocidentais e o
bloco soviético, que “começa em 1946-1947, com o fim da primeira guerra mundial, e acaba
em 1989, com a queda do muro de Berlim”. (Boniface, 2011)
Na África Austral a rivalidade entre o leste e o oeste cristalizou‑se muito por conta dos
recursos minerais e da posição estratégica da região, levando a União Soviética a “estender
a sua zona de influência geopolítica e geoestratégia a posições chaves do continente”, diante
desta ofensiva Soviética, os Estados Unidos “lançaram-se no apoio aos movimentos
anticomunistas”. (Comitê Científico Internacional da UNESCO para Redação da História
Geral da África, 2010)
A região era dominada pela África do Sul com a sua política externa expansionista de
segregação racial, que servia como tampão que impedia a instalação de regimes
revolucionários negros nas suas fronteiras.
Percebe claramente que a Política Externa da África do Sul era conduzida pela lógica do
determinismo geográfico, desenvolvida por Ratzel e aprofundada nas escolas clássicas da
geopolítica, centrada na ideia de “Espaço é Poder”, logo quem quisesse ter controle
ideológico sobre uma região, que é caso da África do Sul devia garantir a hegemonia
territorial sobre os vários que compõem a região.
Para fazer frente às investidas da África do Sul para dominar a região, os países e
movimentos da região congregaram esforções e criaram a Linha da Frente, Simão descreve
que esta organização política foi criada com o objetivo “coordenar a luta pela libertação
política da região, nas frentes política, diplomática e militar” (Simão, 2007). Esta plataforma
serviu para os movimentos manterem contato e troca de ideias sobre a situação política da
região.
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3.2.Protagonistas e suas Intenções
A definição clássica de Guerra, do general prussiano, que segundo qual, a guerra “é um acto
violência com a intenção de coagir o adversário a realizar a minha vontade” (Clausewitz
apud Boniface, 2011), nos leva a concluir que a guerra é um confronto entre Estados e/ou
unidades político-militar (Protagonistas) que implica o uso da força armada para a satisfação
dos seus objetivos (Intensões).
A Batalha do Kuito Kwanavale não foz a regra do conceito de guerra supracitado, uma vês
que com muita facilidade identificamos os protagonistas, e esta acção nos remete
rapidamente a olhar para as reais motivações da batalha, o que chamamos de intensões.
Os autores que escreveram sobre a batalha do Kuito Kwanavale são unânimes em dizer que
os “Protagonistas” desta batalha são:
Marcelo Leal (2011), no seu trabalho acadêmico, aponta que a principal intenção ou objetivo
militar dos protagonistas da batalha do Kuito Kwanavale é “controle do território Angolano
a sudeste do Rio Kuito”, todas as outras intenções estavam atreladas a esta, o que levanta a
seguinte pergunta: Por quê era importante controlar o território Angolano a sudeste do Rio
Kuito?
A batalha era inevitável por conta da importância estratégica da referida localidade para as
protagonistas do conflito. Para responder à pergunta levantada acima recorremos ao texto de
Johny Santana de Araújo, publicado pela revista Florianópolis, que diz:
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pelo Congresso Nacional Africano, em inglês: African National
Congress (ANC), respectivamente.
Para as FAPLA alcançarem a Jamba, a porta de entrada estratégica
era a região de Kuito Kwanavale. O pequeno aeródromo que lá
existia assegurava que o apoio logístico fosse efetuado por via aérea
– uma vantagem que seria explorada por qualquer contendor que
controlasse a região. (Araújo, 2021)
A Campanha do Kuito Kwanaval teve início em abril de 1987 com um conjunto de ofensivas
lançadas contra a região de Mavinga, com o objetivo de desalojar a UNITA. Nestas incursões
não houve a participação da SADF e nem das FAR. Só a partir de 6 de setembro é que se
registaram os primeiros confrontos entre as forças sul-africanas e angolanas (Gomez, 2014).
Nesta mesma época, vão lançar-se as operações; Modular4 e Saludando Octuber5, colocando
URSS, Cuba, Angola, EUA e África do Sul, além da UNITA, em uma campanha que iria
determinar o futuro da África Austral – a campanha do Kuito Kwanaval.
As ofensivas de outubro foram tão fortes que obrigaram o recuo das brigadas das forças
angolanas, estacionadas perto de Mavinga. Os confrontos de 24 de outubro, de 18 de
novembro a leste do Kuito Kwanaval; 25 de novembro Entre-os-Rios Chambinga e Cuatir
foram de igual modo desastroso para as FAPLA.
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As forças cubanas começaram a dar suporte à campanha militar das FAPLA, a partir de
novembro de 1987, e só em 1988 começaram as maiores batalhas entre as FAR/FAPLA e a
SADF/UNITA. Em janeiro de 1988, as forças sul-africanas deram continuidade à sua
ofensiva estratégica com o objectivo militar de afastar as forças combatentes cubanas e
angolanas, posicionadas a leste do rio Cuíto onde a 21ª brigada foi bombardeada e obrigada
a recuar para o rio (Gomez, 2014).
Quanto a quem venceu a batalha, há quem defenda que a batalha de Kuito Kwanavale foi
uma vitória de Pirro para ambas as partes: Angola e Cuba sofreram grandes perdas em termos
de pessoal e material, enquanto a África do Sul e a UNITA não conseguiram ganhar terreno.
Mas numa perspectiva subjetiva pode-se falar em vitória angolano-cubana, uma vez que,
Angola e Cuba tinham como objetivo estratégico segurar a cidade, enquanto o objetivo sul-
africano era capturá-la.
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4. África Austral após a Batalha
A batalha do Kuito Kwanavale foi o de uma batalha travada entre forças cubanas, angolanas,
namibianas e sul-africanas, no sudoeste de Angola. Durou de agosto de 1987 a março de
1988 e foi a maior batalha travada em solo africano desde a Segunda Guerra Mundial. Teve
com um conjunto de ofensivas lançadas contra a região de Mavinga, com o objetivo de
desalojar a UNITA e terminou com a assinatura dos acordos de Nova Iorque, que acabou
com a presencia da África do Sul no território Angolano (Gomez, 2014).
Após essa batalha, a Áfricado Sul começou a recuar das suas aventuras militares na região e
do apartheid, pois a batalha ditou o fim da invencibilidade da máquina de guerra sul-africana,
e onde a aviação militar de combate pôs fim à supremacia aérea que o regime de apartheid
detinha, obrigando assim a sua liderança a aceitar um processo de negociações que
salvaguardou a realização de mudanças profundas de modo pacífico.
A nova geopolítica da Região Austral é marca por três grandes acontecimentos, que derivam
das negociações de Nova Iorque, são eles: a independia da Namíbia, por conta da
implementação da resolução 435 da ONU, a abertura política na África do Sul, que culminou
com a eleição de Nelson Mandela a presidente da África do Sul, e a Paz em Angola, uma
vez que o MPLA se viu obrigado negociar com a UNITA o fim da guerra civil.
Vamos discutir aparte cada um deste acontecimentos, para melhor compreender o impacto
que estes têm na estabilização política e segurança militar da África Austral.
4.1.Independência da Namíbia
A Namíbia era um país ocupado ilegalmente pelos racistas Sul-africanos, que entendiam, na
lógica do determinismo geográfico de Ratzel, que deviam manter controle do território para
estender a sua influência sobre a região. Para fazer frente aos Sul-africanos e a suas políticas
expansionistas surgiu a SWAPO, uma organização política de libertação da Namíbia,
fundada em 1960 e presidida por Sam Nujoma.
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A independência de Angola (1975) e do Zimbabué (1980) serviu de catalizador para a
resolução do problema namibiano, uma vez que as atenções dos países da Linha da Frente a
partir de Angola ficou centrada na Namíbia. Durante este período o Estado angolano
desenvolveu intensas movimentações no domínio diplomático com os países ocidentais e no
campo regional, onde contava com o apoio do grupo dos Países da Linha da frente.
Com o fim da batalha supracitada, o governo Sul-africano de minoria branca, foi pressionado
pela comunidade internacional a negociar com a SWAPO a descolonização da Namíbia.
Segue-se então uma série de reformas constitucionais no território namibiano, que
culminaram com proclamação da independência nacional da Namíbia a 21 de março de 1990
e a ascensão de Sam Nujoma, como presidente da República. (Comitê Científico
Internacional da UNESCO para Redação da História Geral da África, 2010)
O Apartheid foi uma política de segregação racial absoluta, instalado na África do Sul, onde
uma minoria branca dominava selváticamente uma maioria negra, negando aos negros o
direito de ser livres, de escolher o lugar de residência, de estudar e até de trabalhar.
Por conta desta política, o país conheceu, nos anos 1960, uma onda de manifestações que
foram duramente reprimidas pelo regime, como resposta à campanha civil lançada pelo
ANC, partido nacionalista criado em 1912, o líder do ANC, Nelson Mandela, é preso,
condenado a prisão perpétua e o partido é declarado ilegal.
Gomez (2014) aponta que o problema racial da África do Sul era conjuntural, logo a sua
resolução só seria possível com a solução de dois problemas que estavam ligados entre si,
que são:
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A derrocada do regime do Apartheid que imperava na África do Sul começou a desenhar-se
em fevereiro de 1990, com as reformas políticas de Frederik De Klerk, então presidente da
África do Sul, e que levaram à libertação do líder histórico do ANC, Nelson Mandela, após
28 anos de prisão e a convocação de eleições gerais multipartidárias, que terminou com a
eleição de Nelson Mandela como o primeiro presidente negro da África do Sul.
No contexto interno angolano, o fim da batalha Kuito Kwanavale vai significar o início de
uma série de negociações para um possível acordo de paz, para pôr fim ao conflito civil
iniciado em 1975, pelos movimentos de libertação nacional.
Apesar do fim da batalha do Kuito Kwanavale, a guerra armada em Angola prosseguia, pois,
a UNITA se fortificara durante o período de 1987 até 1988, ocupando espaços importantes
do território angolano, enquanto as FPLA centravam as suas forças no combate hegemônico
regional (Simão, 2007).
A posição da UNITA obrigou o MPLA a iniciar uma série de negociações, que culminaram
com a assinatura dos acordos de Bicesse, em maio de 1991, sob a presidência de Portugal e
com a presença, na qualidade de observadores, de representantes dos Estados Unidos, da
União Soviética e das Nações Unidas.
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5. Conclusão
Antes da Batalha do Kuito Kwanavale, a África Austral foi marcada pelo elevado nível de
violência política, causado pelas lutas de libertação nacional na África do Sul, Angola,
Moçambique, Namíbia e Zimbabué e às agressões rodesianas e sul-africanas aos países
vizinhos, de um lado, e num outro momento pela África do Sul com a sua política externa
expansionista de segregação racial, que servia como tampão que impedia a instalação de
regimes revolucionários negros nas suas fronteiras.
No entanto, batalha do Kuito Kwanavale teve início com um conjunto de ofensivas lançadas
contra a região de Mavinga, com o objetivo de desalojar a UNITA, durou de agosto de 1987
a março de 1988, e terminou com a assinatura dos acordos de Nova Iorque, que acabou com
a presencia da África do Sul no território Angolano, e abriu caminho para modernização
política dos estados, promoção da democracia, respeito pelos direitos humanos e cooperação
regional.
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Bibliografia
Araújo, J. S. (2021). A batalha de Cuito Cuanavale 1987-1988: a guerra pela sua memória.
Florianópolis, 10-11.
Boniface, P. (2011). Dicionário das Relações Internacionais. Lisboa: Plátano.
Castro, J. d. (1955). A Geopolítica da Fome. Rio de Janeiro: Livraia.
Lakatos, E. M., & Marconi, M. A. (1992). Metodologia do Trabalho Científico (4ª ed.). São
Paulo: Atlas.
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