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Terceira Parte - Anomalias intertemporais

 
A Textura do presente - uma digressão
 
O passado e futuro são frutos dos nossos pensamentos e expectativas, no meio de tudo
isso, há o presente que serve como uma fronteira entre o que foi e será, nos mostrando o
que é, ou seja, a realidade.
É apresentado um questionamento sobre o que realmente vemos no nosso presente, e se
essa realidade é de fato aquilo que vemos ou se há barreiras criadas pela nossa mente.
No corpo humano, os responsáveis pela criação dos sentimentos sensoriais está a cargo do
sistema auditivo e visual e olfativo. Esses órgãos são seletivos na hora da transmissão das
imagens. Por exemplo:
Os sistemas visuais consegue captar 98% das imagens demonstradas na vida real. Os
outros 2% são simplesmente ignorados. Neste mundo, os 2% são imagens geradas pelos
raios ultravioletas. No reino animal, isso não acontece com as abelhas, por exemplo.
Seguindo a mesma lógica, o sistema auditivo consegue capital 20 mil vibrações sonoras por
segundo, mas há uma limitação nas ondas hertzianas que são as ondas sonoras levadas
aos sons e rádios e também sons que apenas outros animais estão aptos a ouvir.
Essa espécie de proteção natural tem motivo causal: Sem essa proteção novos sentidos
seriam expostos a uma grande oferta de novos sentidos. No curto prazo, entraríamos em
choque de novas informações, sobrecarregando o cérebro humano.
Naturalmente, o universo nos limita em relação ao que vemos nas óticas sensitivas. As
estrelas são cosmos do passado, mesmo que em teoria os visualizamos no presente, assim
como os raios de luzes que vemos, onde são apenas fotografias de raios de oito minutos
anteriores.
Conclui-se que o presente atual é o passado para um mundo onde as sensibilidades são
plenas. A sensibilidade é vital para entendermos os perigos do mundo.

Agir no presente tendo em vista o futuro

Por natureza, pensamos e realizamos ações visando nosso futuro. Podemos tomar também
ações que involuntariamente ou não, pode comprometer nosso envelhecer.
No nosso cérebro temos dois mecanismos que podem explicar essas escolhas:

O sistema límbico, parte do cérebro que ativa nossos desejos no curto prazo. Por isso
tomamos ações não pensadas, privilegiando o presente e os alguns prazeres
momentâneos.
O córtex pré-frontal é o lado do cérebro onde nossas pré escolhas são questionadas,
avaliando-as em prós e contras.
Os dois pensamentos vivem uma espécie de "guerra mental", em busca de validação
presente para nossas ações.
Podemos pensar financeiro como os juros a receber (pré-frontal), e juros a pagar (límbico).
O uso das duas fases do cérebro estão ligados a nossa fase de vida e o meio onde vivemos,
a região e cultura onde levamos nossa vida.
Um estudo observado levou em conta algumas constatações. Para emendar este estudo
foram dados doces a crianças de formas diferentes (quantidades), e foi possível entender as
seguintes variáveis em povos distintos:
As crianças asiáticas optaram por receber menos doces no curto prazo, para colher os
frutos no longo prazo. Já as crianças africanas optaram por receber mais no curto prazo,
recebendo menos doces no longo prazo. Outro ponto observado foi a presença ou ausência
paterna dentro de um domicílio. Crianças sem um pai dentro de sua casa tendem a tomar
ações pensando no presente. Já as crianças com essa figura, fizeram escolhas de longo
prazo.
Entrando no aspecto idade também se conclui que quando jovens, as pessoas optam por
fazerem escolhas visando o presente. Há uma dificuldade em visualizar o futuro e seus
impedimentos. Naturalmente, os jovens têm mais dificuldades em discernir sobre as
consequências de suas ações. Além do mais, os jovens carregam além dos seus sonhos,
algumas frustrações de seus pais, que por vezes podem atrapalhar sua jornada pessoal e
profissional.
Ao fim fazemos apostas, muitas vezes pensadas ou impulsivas, que acarretam em situações
do presente.
É possível prever uma mudança de chave e as tomadas de decisão são tomadas mais
pensadamente ao chegar até certa idade.
Horizonte temporal - Intervalo de tempo entre escolhas do presente e futuro. Com algumas
frustações na vida, podemos visualizar algumas dessas ações. Para sanar isso criamos
metas e planejamos nossas vidas.
Quando atuamos em posições de risco, ou se estamos próximos de áreas de risco (Guerras,
violência urbana, epidemias), optamos em sermos mais irracionais e descontarmos nosso
futuro.
Se o nosso horizonte for este, optamos por investir nosso tempo em ações que possam
mitigar os riscos, e deixamos de lado nossas poupanças e investimentos em detrimento da
nossa vida presente.
Naturalmente, devido a limitação de tempo que temos em vida, optamos por viver o dia a
dia, e essa mudança de mentalidade leva tempo e mudanças estruturais devem ser feitas
dentro dessas localidades.
 
A substituição do futuro: Miopia

A formação de seres humanos é custosa de todas as formas. Leva tempo e custos


financeiros para formar um adulto pronto para a sociedade. Nós somos os únicos seres que
conseguem articular mentalmente coisas não palpáveis e anteceder possíveis problemas.
Essas tomadas de decisões são feitas após a ação orgânica na nossa mente que leva em
conta nossas escolhas morais criadas durante nosso desenvolvimento.
Nossas escolhas são afetadas também por movimentos naturais de desejo e sentimento
que afeta as nossas escolhas. Muitas vezes, não se é pensado nas consequências dessas
ações.
O subconsciente começa a maquinar sobre o valor dessas ações e como nosso futuro e
presente podem ser afetados.
Naturalmente, os seres humanos fazem juízo de valor. Em grande maioria, os indivíduos
geram valor sobre as ações do presente (miopia temporal), ou se importam excessivamente
com as consequências do futuro (hipermetropia).
Na miopia, costumamos enxergar nosso horizonte de forma curta, e tomamos as ações de
acordo com aquelas coisas que mais afetam nossa vida no curto prazo.

 A superestimação do futuro: hipermetropia

 Ao subestimar o presente, acabamos sufocando a nossa vida e trazendo um desajuste de


sentidos. Sem pensar no presente, o subconsciente humano esvazia o sentido da vida como
todo.
A hipermetropia é também um fenômeno que subestima as demandas do presente e
superestima o futuro, que logicamente é incerto. A opção por negar o presente e colher os
juros no futuro, seria o prêmio pela paciência.
No mundo real há diversos exemplos onde essas ações são perigosas para à vida humana.
As pessoas com anorexia vendem seu hoje, em busca de um "corpo perfeito", algo visto de
forma obsessiva, tudo levado ao extremo de uma ação que deveria ser em prol da qualidade
de vida.
Ao verificar os valores da sociedade moderna, grandes pensadores explicam que após a
criação do dinheiro, os humanos começaram a se apegar às coisas abstratas, não mais às
coisas concretas da vida. Pagamos o presente, em detrimento das ações passadas.
Os seres humanos vivem dilemas, onde os valores da poupança e viver sem impedimentos
podem levar nossa régua moral para ações que tomamos durante os dias.

 
Cálculo econômico e uso do tempo: tempo é dinheiro?

Cada dia apresenta seu sentido particular e pode ser representado como uma vida única.
Pode-se dizer que o tempo é infinito, mas a duração de um dia é um fenômeno finito.
O tempo é um ativo escasso da sociedade e trabalhamos para cada dia derrubarmos o
período que estamos trabalhando, estudando ou realizando atividades tediosas. Com a
evolução da produção e seus meios, as pessoas possuem mais tempo em família como
nunca. O ganho maciço em produtividade, acelerou o ganho financeiro médio e também o
ganho de tempo para evolução profissional.
A qualificação eleva a produtividade, podendo colocar pessoas em posições mais bem
remuneradas. Com isso, o mundo pode reduzir sua pobreza extrema.
Tempo e dinheiro tem afinidade sobre a teoria dos custos de oportunidade. E os custos
implícitos nas transações realizadas. Se deixo de estudar para assistir TV, estou utilizando
um recurso escasso (tempo), para realizar outra atividade.
A teoria econômica do tempo também mostra que realizamos nossos projetos de acordo
com as restrições de tempo informadas. Os seres humanos entram em paradoxo sobre o
cálculo do tempo:
Quanto se cuida mais do tempo, mais preocupado com o desperdício e o sentimento de
pressa os aflige.

Quarta parte
Juros, Poupança e crescimento.
O ser social e o tempo: primórdios

O homem é dos animais, o que demanda mais tempo e recursos para sua formação
completa. Ao discorrer do capítulo, há uma breve fala sobre como eram as relações entre
índios e europeus logo após sua chegada.
Antes de construirmos nossa sociedade, o homem selvagem era incapaz de viver em um
ambiente moderno, sem falar do pensamento único de apenas sobreviver ao mundo, não
havia pensamento no amanhã, somente ao hoje.
Uma característica a ser observada era como a vida longa era uma exclusividade e os
homens era reconhecidos pela bravura. Um herói guerreiro é um credor de juros, mas um
covarde deve esses juros.
Os índios ao iniciar o trabalho agrícola possuíam uma aparente dificuldade em poupar o que
produziam. A necessidade de consumo imediato era vista e muitos não conseguiam manter
suas produções ao longo prazo. Esse tipo de comportamento é explicado pelo medo do
amanhã, expectativa de vida baixa, perigos da floresta, risco de tocaias e invasões
repentinas além da necessidade de expansão de território, muito similar ao nomadismo. Um
fator comportamental também tem poder de afetar a visão de curto prazo desse grupo: O
coletivismo. A vida e poupanças estão estritamente ligadas à força do grupo.
O processo de colonização enfrentou dificuldades em corrigir os juros que deveriam ser
pagos, pelo modo de vida anterior. A dificuldade em largar dos prazeres experimentados foi
um deles.
 
Origens sociais da solicitude perante o amanhã
 
A humanidade ao não conhecer por completo e nem possuir aparato para exploração, a
agricultura era limitada apenas para consumo próprio. Com o avançar dos anos, a
exploração e os avanços tecnológicos permitiram que a humanidade experimentasse um
ambiente de segurança alimentar, com risco de desabastecimento chegar a nível
praticamente zero.
Neste momento, a humanidade começa a se questionar sobre a necessidade de se realizar
poupança, visando um amanhã mais prospero.

Os determinantes da orientação de futuro


Com a queda da tirania, avanço da tecnologia e integração dos povos, a sociedade pode
experimentar os maiores níveis de liberdade já vistos. Com essas combinações juntas, a
sociedade também pode hoje fazer escolhas futuras.
Alguns teóricos defendem a "teoria dos juros”, que foi dividida em: 1 - Grau de impaciência;2
- Oportunidades de investimento.
O estudo de grau de impaciência é o indicador demonstrado para definir a urgência e
intensidade de uma população sobre demandas variadas. Quanto maior a impaciência,
menor a disponibilidade para renunciar a algo.
Já as oportunidades de investimento são sobre os estudos comportamentais de uma
população sobre o futuro e sua disponibilidade para grandes mudanças em prol de receber
mais louros no futuro.
Nas sociedades antigas, já era possível ver os dilemas éticos sobre a geração de estoques
e consumo em momentos de menores produções.
 
Poupança e acumulação: o enredo do crescimento

A poupança precaucionaria tem premissa base o movimento de prudência. O pensamento


humano sobre um futuro incerto. O saldo dessas contas recaem sobre a poupança
suntuária que é simplesmente a tomada de ações socialmente positivas visando
recompensas celestes. As duas poupanças tem características curiosas em relação as
poupanças tradicionais. Nenhuma delas realimenta o processo produtivo. Essas poupanças
passaram a dividir espaço com a poupança reprodutiva.
Tem como base a retroalimentação de um processo. É a capacidade de gerar receitas
novas, é um meio que exige flexibilidade para aprendizagem.
Neste capítulo, o autor também aborda os investimentos e como eles trazem os retornos por
ativos, que ao acumularmos, podemos gerar mais capital. Utiliza-se o exemplo de uma
empresa de móveis que reinveste seus ativos em novas ações no mercado de capitais.
Essa sempre consegue ter seu retorno com taxas muito próximas a de juros, trazendo
viabilidade a esse investimento. A rentabilidade do negócio acaba pagando os custos
financeiros da alçada, imaginando um ponto de máxima sobre.
Na relação entre investidor e empresa a ser investida, há a relação entre débitos e créditos.
Sem essa relação forte e vigente, não há este mercado. A economia sempre opera com
empresas/pessoas com débitos e créditos a recolher.
Com essas relações estabelecidas, o produtor consegue otimizar sua produção, melhorando
a produtividade.
O único meio possível de melhoria geral de renda. A expansão da moeda defendida por
alguns autores, gera inflação.
Se um país deseja gerar crescimento expandindo sua base monetária, o trabalhador será o
pagador dessa poupança involuntária, beneficiando os grandes em detrimento do poder de
consumo do cidadão.
Um meio mais rápido de expandir seu crescimento é atrair as poupanças externas para o
país. Com mais dinheiro vindo de fora, é possível melhorar a produtividade, captar
conhecimento técnico e ajudar em economias com as poupanças internas pequenas. Mas
como todos os aspectos da vida, há os "trade off". Em contrapartida, os países devem viver
com essa de poupança de forma a complementar essa renda. Dar calote nesses players
pode acarretar em descrédito do país e situações embaraçosas como a Argentina sofreu
com o FMI.

 Variações do grau de impaciência: ética e instituições


 
Ao discorrer desse livro, pode-se ver como a abordagem das diferenças entre sociedades,
convívio familiar e estrutura de país pode afetar as relações entre ser bonificado pelos juros
ou sofrer com altas taxas.
Em sociedade onde há leis claras (segurança jurídica), acesso a serviços de qualidade,
educação de qualidade e bons índices sociais, há uma tendencia de sociedade preocupada
com seu futuro e opta por ter suas economias premiadas no longo prazo.
Já em locais com ausência de segurança jurídica, indicadores sociais ruins e pouco acesso
à educação financeira e geral de qualidade, os habitantes optam por recebíveis de curto
prazo. Em prol da aceleração da qualidade de vida.
Como pensamento econômico é muito difícil visualizar um novo ambiente onde todos optam
por um pensamento de futuro. A base da economia moderna entende que trade-off devem
ser feitos. Tudo isso fruto das nossas raízes históricas.

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