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Pedro Henrique da Silva Olimpio RA:148944

01. Analise a realidade do trabalho na pandemia e suas variadas configurações


como o home office até o caso daqueles que não puderam se isolar. Você deve
utilizar os conceitos presentes em dois ou mais textos que lemos até aqui.

Ao longo da história o estudo do trabalho visou e ainda busca desvendar os


aspectos e características dos agentes desse processo bem como os fluxos
interativos que ali ocorrem, isto é, analisar o trabalho que como Marx discorre em
sua obra “Manuscritos econômico-filosóficos” é essencialmente uma ideia livre e por
isso distingue das demais como dos animais, pois não se faz em função da
necessidade imediata, mas sim de uma vontade, através de consciência a respeito
da apropriação da natureza. Porém, quando norteado pelo capital, o trabalho perde
sua essência de caráter livre, pois o trabalhador passa a exercer seus atos
condicionados a vontade do detentor dos meios de produção, do líder, do chefe.
Logo, a compreensão dessa conceituação estabelecida por Marx e a correlação com
as proposições levantadas por David Harvey em “O processo de trabalho e o
processo de valorização” nos permitirão encontrar respostas para diversas questões
que surgiram com a nova realidade do trabalho no atual cenário pandêmico que tem
gerado diversos impactos e provocado mudanças que vêm exigindo maior
adaptação por parte das organizações e de seus trabalhadores.

Os trabalhadores que foram impossibilitados de se isolar dividem-se em duas


vertentes: aqueles que permaneceram sobre o controle de capitalistas
(denominados por Marx como os detentores dos meios de produção na explicação
trabalhador-capitalista) e que de forma ilícita foram obrigados a trabalhar indo contra
as imposições dos órgãos reguladores por estarem sujeitos a esse domínio e por
necessitar suprir as suas necessidades básicas para sobreviver, e em segundo lugar
aqueles que integram os setores essenciais (saúde, logística, abastecimento, etc.).
No primeiro caso, percebe-se o processo de alienação do trabalho descrito por Karl
Marx, decorrente da separação do homem e do produto de seu trabalho de forma
intensificada, culminando na expansão e acumulação de riquezas que se
concentram sobre a posse dos líderes detentores dos meios de produção, ao passo
que os trabalhadores não enriquecem da mesma forma, mas sim tendem a ter
condições mais precárias (expostos ao contágio) com o fato da ganância implícita
dos seus líderes em querer ganhar cada vez mais e expandir sua margem de lucro
mesmo durante a pandemia. Na segunda vertente, a exemplo dos profissionais de
saúde torna-se aplicável a junção da contestação de Marx as ideias de Fourier
quanto ao processo do trabalho. Porém, essa aplicabilidade não se dá pela
divergência entre os dois autores, mas pela análise de uma perspectiva diferente
onde as ideias de ambos se complementam, pois os profissionais da área da saúde
durante o cenário pandêmico carregam consigo uma enorme dose de esforço e
disciplina para execução de seu trabalho, mas também trazem a paixão contigo, não
pelo cuidar de doentes (obviamente desejariam a saúde a todos se fosse possível),
mas por trazerem consigo o prazer em se doar ao próximo.

Quanto ao home office parte das firmas e empresas buscaram transparecer


uma certa atitude de benevolência em relação aos trabalhadores como se a entrega
dos materiais para trabalho e a flexibilização fosse uma espécie de favor concedido
a estes, mas a realidade é que os detentores dos meios de produção estavam
cumprindo sua obrigação cívica e moral. Isto é, cívica pela imposição das normas
pelos órgãos reguladores e moral devido a “retribuição” para com os trabalhadores
que agregaram determinada quantidade de valor e lucro para o crescimento da
empresa ao longo de sua jornada nesta. Porém, nem todos tiveram a oportunidade
de participarem desse processo devido a demissão no início dessa nova realidade.

De fato, a concepção burguesa que impera na sociedade contemporânea


precisa dar espaço para uma mentalidade mais consciente e relacionada a
concepções mentais saudáveis para que os problemas sociais e resultantes do
capitalismo possam ser superados de maneira a causar as menores sequelas
possíveis.

02. De que modo os argumentos de Graeber nos permitem compreender os


fundamentos sociais das relações econômicas?

David Graeber ao longo do texto demonstra a correlação quanto a


classificação das relações econômicas de acordo com as relações socias, para isso,
antes de se aprofundar na compreensão dos fundamentos sociais das relações
econômicas se faz necessária a compreensão das relações socias por si só.

O antropólogo aponta a forma simplista que é aceita e disseminada perante a


origem e desenvolvimento do dinheiro, dívidas e trocas ao longo da história pelo
senso comum, mesmo elucidando que todo o processo ocorreu de maneira muito
mais complexa e que detalhes não foram retratados. Porém, Graeber deixa claro
que estudiosos de destaque como Adam Smith (mesmo este sendo seu alvo de
refutação) não eram munidos de diversas informações que atualmente estão
disponíveis, logo parte dos preceitos defendidos naquele período traziam maior peso
de aceitação. No entanto, mesmo com o conhecimento de novas informações
antropológicas e estudos publicados como os ensaios de Mitchell Innes em 1913 e
1914, o relato que perdurava a respeito da história monetária não foi atualizado de
acordo com dinâmica de tais acontecimentos e o autor destaca que as informações
descobertas e apresentadas se quer foram refutadas pelos economistas, foram
simplesmente ignoradas, mantendo assim, a aceitação profunda do mito do
escambo, da teoria simplista pré-estabelecida pelo senso comum e nos levando ao
início de sua argumentação onde discorre a respeito de que para todo problema
complexo, há uma resposta simples, intuitiva, mas errada de acordo com o que
havia sido revelado pelas novas descobertas (dinheiro e crédito para posterior
surgimento do escambo).

Observa-se nos argumentos descritos por Graeber uma convergência no que


se refere a um dos principais pontos que resultaram nesse relato-padrão da história
monetária invertido. Desde a citação da obra antropológica sobre o escambo escrita
por Caroline Humphrey, os ensaios de Mitchell Innes e a tradução dos hieróglifos
egípcios e escrita cuneiforme mesopotâmica (pontos chave para a quebra do que
se havia enraizado pelo senso comum), percebe-se a escassez de informações
(antes das primeiras décadas do século XX) e falta de profundidade das análises
etnográficas que eram realizadas após as primeiras décadas do século XX, onde
Graeber destaca uma espécie de negligencia por parte dos economistas. De fato, as
relações econômicas constituem um importante fundamento das relações sociais e
das atividades de interação entre os indivíduos de um grupo social. Logo, um recorte
analítico raso (negligência aos costumes, período, localidade, generalização e
sintetização em excesso das informações) sob determinado grupo social resultará
numa teoria econômica sobre este repleta de lacunas. Tal descrição pode ser
exemplificada pelos estudiosos que se pautaram através da descrição generalizada
de Adam Smith ao estudar povos distintos e não alcançaram sucesso na busca pela
terra do escambo como descrito pelo autor, devido a análise etnográfica rasa e
aplicação de conceitos que já haviam sido destituídos pela descoberta de novas
informações.

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