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O caso de Angola*
Francisco Queiroz**
sumergida en España, Ediciones Pirámede, SA, Madrid 1988, p. 18. Este Autor enumera
os seguintes termos, utilizados para referir o que designa de «economía sumergida»: clan-
destina, ilegal, oculta o escondida, atípica, subterránea, paralela, segunda, no oficial, no
reglamentaria, al margen, fantasma, crepuscular, marginal, doméstica, familiar, periférica,
bis, dual, sumergida, en la sombra, invisible, intersticial, informal, a escondidas, bajo
mano, sin factura, en trastienda, en dinero efectivo, residual, a domicilio, no observada.
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worldwide phenomenon, in Finance & Development / December, 1983, pp. 10 e ss., num
artigo cujo material é baseado no livro do mesmo autor, intitulado The Underground
Economy in the United States and Abroad, edição da Lexington Books, 1982. No entender
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deste autor, «In a well-working market economy, without a public sector, there would
be no underground activities. Incentives for the grouth of these activities increase with
greater regulation of the economy, larger public sectors, and higher levels of taxation».
4 DE SOTTO, Hernando, El otro Sendero, Editorial Sudamericana, Buenos Aires,
MAN num artigo intitulado The Next Path, in Forbes (FBR), May 23, 1994, pp. 106 e ss.
7 RUESGA, M. Santos, Al Otro Lado De La Economía, Como Funciona La Economía
Sumergida, ediciones GPS, 1994, Madrid, para quem as causas da economia subterrânea
residem sobretudo na busca de maiores benefícios, na crise económica e desemprego
estrutural e na internacionalização da economia, pp. 24 e ss.
9 Incluem-se nesta perspetiva autores consagrados, como BRUNO DALLAGO,
The Irregular Economy: The ‘Underground’ Economy and the ‘Black’ Labour Market,
Alderchot, U.K.: Dartmouth; Brookfield, Vt.: Gower, 1990, pp. 202 e ss.; EDGAR L.
FEIGE, The Underground Economy: Tax Evasion and Information distortion, Cambridge,
New York and Melbourn, Cambridge University Press, 1989, pp. 378 e ss.
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Soares, Economia Política, 5.ª edição, Almedina, 1991, pp. 185 e ss. e 194 e ss.
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abril, sobre as Bases Gerais das Empresas Públicas, art. 21.º (Princípios de Gestão), e
o Decreto-Lei n.º 464/82, de 9 de dezembro, sobre o Estatuto do Gestor Público, art.
9.º (Obrigações dos Gestores Públicos). Nestes diplomas é sublinhada a necessidade de
se assegurar a viabilidade económica e o equilíbrio financeiro na gestão das empresas
públicas, devendo os gestores públicos exercer as suas funções e gerir as respetivas
empresas segundo critérios de eficiência económica.
16 A manutenção dos trabalhadores no emprego por vezes processa-se com prejuízo
19 Ver HAROL LUBBEL, The Informal Sector in the 1980s and 1990s, cit., pp. 106 e ss.
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20 Cfr. The Economist, edição de 14 de agosto de 1993, p. 55, num estudo que inclui
rácios sobre a economia informal no PIB relativos ao Reino Unido (15%), Grécia, Itália,
Portugal e Espanha (20-30%); cfr. também Canadian Business Review, edição do verão
de 1994, sobre a economia informal no Canadá, atribuindo 15% do PIB (artigo intitu-
lado Canada’s Underground Economy, de ROLF MIRUS e ROGER S. AMITH, p. 26).
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22 É muito frequente ver os nomes dos mercados e praças associados a aconteci-
mentos que de uma forma ou outra marcaram o imaginário popular. O maior mercado
de comércio informal (grossista e retalhista) de Angola, situado em Luanda, chamava-
-se «Roque Santeiro», nome de uma novela brasileira que a televisão local passou na
altura da formação espontânea desse mercado. Muitos outros mercados ostentam nomes
associados a novelas brasileiras e a outros acontecimentos. Por exemplo: «Trapalhões»,
nome de série cómica brasileira, atribuído ao mercado do mesmo nome situado na Ilha
de Luanda, onde se pratica o comércio de bebidas mantidas frescas em caixas térmicas,
pratos tradicionais (funji, mufete, feijão-de-óleo-de-palma, etc.) e pedaços de frango
ou de carne de suíno ou vaca grelhados no momento (os chamados pinchos); «Praça
das Corridas», nome atribuído a um mercado de localização indeterminada por sofrer
frequentes «corridas» da polícia; «Ajuda Marido», mercado que assim se chama porque
as quitandeiras que ali operavam argumentavam em geral que praticavam o comércio
informal para contribuir para o sustento da casa, assim «ajudando os maridos», maridos
esses que, por vezes, eram altos funcionários do Estado mal pagos; etc.
23 Cfr. Decreto n.º 20/90, de 28 de setembro, sobre o Regime de Preços, especialmente
o cap. II, onde são estabelecidos três tipos de preços (fixados, margens de comerciali-
zação máxima e preços livres), consoante a sua importância nos níveis e necessidades
de consumo sociais; Decreto n.º 28/82, de 12 de maio, sobre o Exercício da Atividade
Comercial, revogado pelo Decreto n.º0 30-I/92, de 7 de agosto, sobre a mesma matéria.
Para uma visão geral desta matéria, vd. ROQUE, Fátima Moura, Regime Comercial
Angolano e Sua Reforma, in Estudos de Economia, Vol. XII, n.º 3, abr.-jun., 1992,
pp. 283 a 302.
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políticas, despenalizou a posse de moeda estrangeira por particulares. Até então vigorava
a proibição genérica de posse de moeda estrangeira por particulares, imposta pela Lei
Cambial (Lei n.º 9/88, de 2 de junho).
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29 A matéria dos subsídios por deslocações em serviço era regulada pelo Decreto
logia moderna foi a pesquisa de campo (recherche de terrain), a partir da qual a classe
intelectual franqueou a fronteira que a separa do resto da sociedade para descobrir como
vivem de facto as pessoas. L’entreprise Africaine et L’economie Informell, Entreprises
et Entrepreneurs Africains, Edition de Karthala – Orstom, Paris, 1995.
34 Cfr. notas de pé de página 3 e 11, infra, Cap. I, sec. 2. e 4., e respetivos desen-
Henrique, Angola, Estrutura Económica e Classes Sociais, União dos Escritores Ango-
lanos, 6.ª ed., Luanda, 1988, pp. 13 a 27.
37 Cfr. GODINHO, Vitorino Magalhães, Os Descobrimentos e a Economia Mundial,
1.º vol., Editorial Arcádia, Lisboa, 1963. Segundo este historiador, fora dos circuitos
marroquino e indiano da expansão portuguesa, «os navegadores, comerciantes, conquis-
tadores, colonos e missionários depararam com sociedades muito mais arcaicas, algumas
praticando a simples dádiva sem qualquer avaliação, outras já dispondo de objetos pri-
vilegiados (frequentes vezes por razões mágicas, religiosas ou outras não diretamente
económicas) que servem de padrão de valor ou de instrumento de permuta» (p. 327).
38 PENOUIL, Marc, e LACHAUD, Jean Pierre, Le Développment Spontané, Les
39 Ver, neste sentido, GUERRA, Henrique, op. cit., para quem «a introdução de
poderosas estruturas capitalistas nas regiões subdesenvolvidas do Terceiro Mundo não
veio, em geral, atenuar, antes, pelo contrário, veio, em geral, agravar os problemas que
existiam nesses países». Na opinião deste autor, «esta contradição violenta entre o setor
capitalista e o setor tradicional introduzida nos países subdesenvolvidos é a principal
responsável pelas caraterísticas sociais que têm sido apontadas aos países do Terceiro
Mundo» (p. 14).
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40 Testemunho dessa preocupação institucional sobre a economia não oficial foi a
Conferência Mundial sobre o Emprego realizada no Quénia, em 1972, onde se abordou,
pela primeira vez de forma sistemática, a economia informal nos países em desenvolvi-
mento, e se produziram recomendações pertinentes a observar pelos Estados-membros.