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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS

Processo N° 0014519-92.2017.4.01.3500 - 11ª VARA - GOIÂNIA


Nº de registro e-CVD 00043.2020.00113500.1.00106/00032

§
Autor § Ação Penal Pública
§ Incondicionada
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL §
§
§
§
§
§
§ Processo Nº
§ 14519-92.2017.4.01.3500
§
§
§
Réus §
§
ROGÉRIO SOARES DA SILVA, §
BRUNA LORRANE DOS SANTOS SILVA, § Classe 13101
DANIEL SILVA CARVALHO, § Processo Comum
JORGE RODRIGUES CAMPOS § Juiz Singular
§

DECISÃO

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SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS

Processo N° 0014519-92.2017.4.01.3500 - 11ª VARA - GOIÂNIA


Nº de registro e-CVD 00043.2020.00113500.1.00106/00032

I – O acusado Rogério Soares da Silva tem como advogado constituído o Dr.


Flávio Gonçalves Vieira, OAB/GO 27.275. Vol. 1, Fl. 125. A sentença condenatória foi
publicada em 11 de novembro de 2019. Vol. 2, Fl. 245. Em se tratando de réu solto
defendido por advogado constituído, a jurisprudência dominante não exige a intimação
pessoal do acusado da prolação da sentença condenatória. “Consoante entendimento
consolidado do Superior Tribunal de Justiça, de acordo com o art. 392, I e II, do Código
de Processo Penal, é necessária apenas a intimação pessoal de réu preso. Na hipótese,
tem-se que o réu estava solto à época do processo, bastando a intimação do causídico
por ele contratado, que, conforme consta no acórdão, foi devidamente intimado em
8/10/2018.” (STJ, AgRg no HC 528.642/SC, Rel. Min. NEFI CORDEIRO, Sexta Turma,
julgado em 10/12/2019, DJe 13/12/2019.) “Ambas as Turmas que compõem a 3ª Seção
[do STJ] firmaram a compreensão de que, em se tratando de réu solto, é suficiente a
intimação de seu advogado acerca da sentença condenatória, procedimento que
garante a observância dos princípios da ampla defesa e do contraditório. [...] Na
hipótese em tela, o acusado respondeu ao processo em liberdade, tendo o causídico por
ele contratado sido devidamente intimado do édito repressivo, o que afasta a mácula
suscitada pela defesa.” (STJ, AgRg no AREsp 1507696/SP, Rel. Min. JORGE MUSSI,
Quinta Turma, julgado em 08/10/2019, DJe 23/10/2019.) “É desnecessária a intimação
pessoal do réu acerca da condenação a que foi submetido, quando responde em
liberdade a ação penal, sendo bastante a intimação do advogado constituído, por meio
de publicação na imprensa oficial. Precedentes. 4. A jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça já estabeleceu que "A obrigatoriedade de intimação pessoal do
acusado para tomar ciência da sentença somente ocorre se este estiver preso, podendo
ser dirigida unicamente ao patrocinador da defesa, pela imprensa oficial, na hipótese

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de réu solto, segundo prevê o art. 392, incisos I e II, c.c. o art. 370, parágrafo único,
ambos do Diploma Processual Penal, pois satisfaz a garantia do contraditório e da
ampla defesa’. (STJ, RHC 45336/SP; rel. Ministra Laurita Vaz; Quinta Turma do STJ;
unânime; DJe 30/04/2014).” (TRF1, RSE 0002236-93.2011.4.01.3808, Rel.
Desembargador Federal NÉVITON GUEDES, Quarta Turma, e-DJF1 16.08.2017.) “A
legislação processual penal que trata da matéria não prevê como obrigatória a
intimação pessoal do réu solto acerca da sentença condenatória, bastando a sua
intimação na pessoa de seu advogado constituído. A teor do art. 392, II, do CPP, a
intimação pessoal do réu pode ser feita tanto na pessoa do réu como na pessoa do
defensor por ele constituído. [...] II Tendo sido regularmente realizada a intimação do
paciente, por meio de publicação no diário eletrônico, na pessoa do advogado por ele
constituído, não há que se falar em nulidade a ser declarada no procedimento sob esse
prisma, já que se encontra em plena conformidade com aquilo que é previsto em lei.”
(TRF1, HC 1032801-20.2019.4.01.0000, Desembargador Federal CÂNDIDO RIBEIRO,
Quarta Turma, PJe 30/10/2019.) Na mesma direção: STF, HC 144735 AgR, Rel. Min.
GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 04/04/2018, DJe-077 23-04-2018;
RHC 117752, Rel. Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 07/04/2015, DJe-
113 15-06-2015.

A despeito disso, na espécie, o acusado Rogério foi intimado pessoalmente da


sentença condenatória em 8 de fevereiro de 2020. Vol. 2, Fls. 262-263. No mandado
constou que o acusado deveria “informar ao Oficial de Justiça se deseja interpor
recurso de apelação”. Vol. 2, Fl. 262. O acusado Rogério nada informou ao Oficial de
Justiça.

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Por outro lado, “[o]s autos dão conta de que se trata[] de réu solto com patrono
constituído e que não houve qualquer renúncia desse advogado, sendo desnecessária a
intimação do [acusado] para constituir novo defensor, uma vez que cabe à defesa
técnica analisar a conveniência e a viabilidade na interposição dos recursos” cabíveis.
(STF, HC 114107, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em
27/11/2012, DJe-243 12-12-2012.)

“O prazo para interposição do recurso de apelação criminal é de 5 (cinco) dias,


nos termos do art. 593, II, do Código de Processo Penal.” (TRF1, HC 1037718-
82.2019.4.01.0000, Desembargador Federal OLINDO HERCULANO DE MENEZES,
Quarta Turma, PJe 17/12/2019.)

Considerando que a intimação do advogado do acusado Rogério foi


aperfeiçoada em 19 de novembro de 2019 e que o próprio acusado Rogério foi intimado
em 8 de fevereiro de 2020, é evidente o trânsito em julgado, para esse acusado, da
sentença condenatória.

II – A Polícia Civil apreendeu, em poder dos autos, a quantia de R$ 471,00,


quatro relógios, duas peças de roupa íntima masculina e dois aparelhos celulares com
as telas danificadas (uma trincada e uma arranhada). Processo Apenso 26767-
27.2016.4.01.3500, Fls. 25, 66 e 69.

Para a decretação do perdimento de bens em favor da União, na hipótese


prevista no Art. 91, inciso II, alínea b, do CP1, é necessário, primeiramente, que os
bens tenham sido adquiridos em data contemporânea com a da prática da infração

1 O qual prevê a perda em favor da União do “produto do crime ou qualquer bem ou valor que constitua
proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso”.
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penal. (TRF1, ACR 2001.35.00.005233-2/GO, Rel. Desembargador Federal PLAUTO


RIBEIRO, Terceira Turma, DJ de 05/12/2003, P. 57; MS 2003.01.00.040420-8/MT, Rel.
Desembargador Federal OLINDO MENEZES, Segunda Seção, DJ de 03/05/2005, P. 3;
ACR 2000.38.00.035955-8/MG, Rel. Desembargador Federal I’TALO FIORAVANTI
SABO MENDES, Quarta Turma, e-DJF1 de 31/07/2008 p. 98; TRF4, ACR
200572000024239, Rel. Desembargador Federal ÉLCIO PINHEIRO DE CASTRO,
Oitava Turma, DJ 03/05/2006 P. 612; STF, Inquérito 705/DF AgR, Rel. Min. ILMAR
GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 25/08/1993, DJ 20-10-1995 P. 35254.)

Por outro lado, incumbe ao acusado o ônus de provar que, a despeito de o bem ter
sido adquirido no período em que praticado o crime, não foi obtido com recursos
provenientes dele (delito), mas, sim, de fonte lícita. (TRF1, ACR 2001.35.00.005233-
2/GO, Rel. Desembargador Federal PLAUTO RIBEIRO, Terceira Turma, DJ de
05/12/2003, p. 57; TRF5, ACR 200784000033385, Rel. Desembargador Federal
MANOEL ERHARDT, Segunda Turma, DJ 19/03/2008 P. 137; MS 200405000017925,
Rel. Desembargador Federal MARCELO NAVARRO, Quarta Turma, DJ 12/03/2008 P.
916.)

Os acusados foram condenados pela prática do crime de introdução na circulação


de moeda falsa. Nos termos da sentença condenatória, os acusados introduziram
diversas cédulas falsas na circulação. Os acusados não demonstraram, ao longo do
processo, que dispunham de recursos lícitos para a aquisição desses bens.

Em consequência, impõe-se a decretação do perdimento dos bens apreendidos


com os acusados em favor da União. CP, Art. 91, inciso II, alínea b.

A quantia em dinheiro deverá ser convertida em renda da União.


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Os relógios, as roupas e os celulares não possuem valor econômico suficiente


para justificar a alienação respectiva em procedimento público. Nos termos do Manual
de Bens Apreendidos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) (MBA/CNJ), quando
verificar a “antieconomicidade do leilão” de bem cujo perdimento foi decretado, o Juízo
poderá determinar a doação dele a entidade de assistência social.

III – À vista do exposto:

A) Decreto o perdimento dos bens apreendidos com os acusados em favor da


União, devendo a Secretaria, após o trânsito em julgado: (i) proceder à conversão em
renda da União da quantia de R$ 471,00; (ii) doar os demais bens a entidades de
assistência social cadastradas perante este Juízo que demonstrarem interesse no seu
recebimento; (iii) não havendo entidades interessadas, proceder à destruição dos
demais bens, diante da ausência de valor econômico respectivo. (CP, Art. 91, inciso II,
alínea b; Processo Apenso 26767-27.2016.4.01.3500, Fls. 25, 66 e 69);

B) Certifique a Secretaria quanto ao trânsito em julgado da sentença para o


acusado Rogério Soares da Silva;

C) Diante do trânsito em julgado da sentença para o acusado Rogério e da


interposição de recurso pelos demais réus, determino o desmembramento dos autos
(CPP, Art. 80) e o cadastramento do processo de execução no Sistema Eletrônico de
Execução Unificado (SEEU) em relação ao acusado Rogério Soares da Silva;

D) Recebo as apelações interpostas pelos acusados Bruna Lorrane dos Santos


Silva, Jorge Rodrigues Campos e Daniel Silva Carvalho, com as razões respectivas
(CPP, Art. 593; Vol. 2, Fls. 253-258 verso e 269-274);
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E) Vista ao Ministério Público Federal (MPF) para apresentar as contrarrazões,


no prazo de 8 dias (CPP, Art. 600);

F) Apresentadas as contrarrazões, remeter os autos ao egrégio TRF 1ª Região,


com as homenagens deste Juízo.

Publique-se. Notifique-se a Defensoria Pública da União (DPU).

Goiânia, 16 de março de 2020.

LEÃO APARECIDO ALVES


Juiz Federal

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