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Montes Claros - MG
Janeiro/2019
Dacielle Antunes Santos
Montes Claros - MG
Janeiro/2019
A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS: desafio para os professores
regentes
RESUMO
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Aluna do curso de pós-graduação em Educação Física Escolar pela Universidade Estadual de Montes
Claros –Unimontes; graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB; e-mail:
daciellesantos@hotmail.com
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Aluna do curso de pós-graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Montes Claros –
Unimontes; graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário de Rio Preto – UNIRP; pós-graduada em
Alfabetização e Letramento pela Faculdade Integrada de Araguatins – FAIARA; pós-graduada em
Educação Especial Inclusiva pela Faculdade Verde Norte – FAVENORTE; e-mail:
oliveiraevinha5@gmail.com
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INTRODUÇÃO
diferente das aulas regulares gerando, portanto, falta de interesse dos alunos em frequentá-la.
Sabe-se que ler, escrever e fazer cálculos é muito importante, mas sem os
movimentos coordenados essas práticas não seriam possíveis. Quando uma criança ingressa
na escola muitos priorizam que a mesma deverá aprender a ler e escrever com habilidade e
esquecem que, para que isso ocorra, deve-se trabalhar a coordenação motora. Sendo assim, o
desenvolvimento psicomotor evolui de forma lenta, pois a falta de habilidade motora pode ser
devido à insuficiência da vivência corporal (OLIVEIRA, 2009).
Portanto, muitas dificuldades de aprendizagem das crianças “são decorrentes de
um todo vivido com seu próprio corpo, e não apenas problemas específicos de aprendizagem
de leitura, escrita, etc.”, ou seja, que os movimentos são primordiais e que a falta deles pode
gerar dificuldades na aprendizagem dos mesmos (NEGRINI, 1980).
De acordo com Caparroz (1997) a marginalização da EF vem ao logo da história
onde era encarada como uma disciplina de obediência e subordinação, enaltecendo apenas a
aptidão física dos alunos e que somente os alunos que destacavam eram valorizados.
Além disso, atualmente depara-se com o fato de que em muitas escolas a EF nos
anos iniciais ainda está sendo ministrada por professores regentes, desvalorizando os
profissionais com formação na área.
Nota-se, que os professores regentes têm dificuldades em trabalhar com a EF nos
anos iniciais do ensino fundamental, pois se trata de uma disciplina que exige formação
específica. Portanto, devemos considerar que o fato de não ter a formação adequada para essa
disciplina, poderá trazer problemas para o desenvolvimento físico, cognitivo e social dos
alunos. O mais importante é que a criança não seja privada da EF que tem direito, e que seja
entendida como ser integral, sem uma separação entre corpo e mente. Daí a necessidade de
um ensino competente (FREIRE, 1997).
Assim sendo, são vários os desafios e dificuldades encontrados pelos professores
regentes que lecionam nos anos iniciais do ensino fundamental, pois os mesmos não tem
formação específica na área de EF, dificultando assim, o planejamento da aula e gerando
desestímulo dos mesmos. Em muitas escolas os alunos também não têm interesse pela EF,
pois a mesma é repassada de forma aleatória como uma atividade recreativa e assim, não tem
o mesmo respaldo que as demais disciplinas (PERES, 2001).
Do mesmo modo, a escola quando for incluir a EF na sua grade curricular, deverá
também se estruturar para receber esse profissional, pois em muitas escolas não tem uma área
específica para realização das atividades como uma quadra por exemplo. Portanto, deve-se
adequar o currículo e o ambiente. Assim, haverá uma valorização da disciplina e do
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profissional, onde estes visam à aprendizagem do aluno. Ou seja, haverá a participação efetiva
do aluno e do professor, trocas de experiências, onde este relacionamento contribuirá para o
desenvolvimento d autonomia do educando, e consequentemente o professor desempenhará o
seu papel de educador (MATOS, 2008).
Diante desse cenário, e entendendo a importância da EF para o ser humano, desde
que desenvolvida de forma correta, e não somente como atividade recreativa, é que se decidiu
desenvolver essa pesquisa, pois a atividade docente para a EF nas séries iniciais do ensino
fundamental é um desafio a ser enfrentado quando a questão está voltada para o emprego das
técnicas de ensino. Assim, ensinar exige formação e perfil profissional, que levam ao
encontro de metodologias adequadas para serem aplicadas no ato do processo do ensino. É
viável acrescentar também, que ainda existem instituições educativas que não dispõem de um
profissional licenciado em EF para ministrar essas aulas, ficando as mesmas sob a
responsabilidade do professor regente de turma, que não dispõe de formação necessária para
tal fim.
Por conseguinte, faz-se necessário conhecer a realidade da Educação Física
Escolar (EFE) nos anos iniciais do ensino fundamental que possuem aulas ministradas por
professores regentes de turma. Como também, analisar a legislação existente que trata da
legalidade da atuação profissional na EFE; compreender as causas e efeitos das aulas de EF
ministradas por esses professores regentes; e também, apontar as dificuldades enfrentadas por
eles.
Para tanto, o presente estudo foi conduzido a partir de pesquisas de caráter
bibliográfico, e pesquisa realizada através de livros, consultas de trabalhos científicos, artigos
e teses disponibilizadas no Google Acadêmico e na base de dados Scielo. Como estratégia de
busca foi usada as seguintes palavras chaves: Educação Física Escolar; Professor de Educação
Física; Professor Regente; Ensino Fundamental I.
Sendo assim, quais são os desafios e dificuldades do professor regente que leciona
aulas de EF nos anos iniciais do ensino fundamental I?
A Legislação
A Educação Física Escolar, nos anos iniciais do ensino fundamental, ainda não
está sob a responsabilidade de professores licenciados em Educação Física, ao passo que, a
LDB de Lei nº 9.394/96, art. 26, parágrafo 3º, determina que “a educação física, integrada à
proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação infantil e do
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ensino fundamental, [...]” (BRASIL, 1996). Embora seja obrigatório, “a lei não determina
quem deve ser o responsável pelas aulas dessa disciplina, se um professor especialista na área
de Educação Física ou o próprio professor regente das aulas, denominado de professor
polivalente [...]” (PEREIRA; NISTA PICCOLO e SANTOS, 2009, p.343). A propósito, na
legislação é facultativo que tanto quanto os docentes de Educação Física como os professores
regentes de turma ministrem o componente curricular de Educação Física na Educação
Infantil e nos anos iniciais do fundamental” (BRASIL, 2013). A instituição educativa ou o
sistema de ensino decidem a preferência pela qualificação do profissional.
No contexto disciplinar acerca da educação física na escola, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, no artigo 26, parágrafo 3º, destaca que, “a Educação Física,
integrada a proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Escola Básica,
ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos
cursos noturnos” (BRASIL, 1996).
Nesta conjuntura, a EF escolar tem por escopo a promoção do desenvolvimento
das funções motoras e psíquicas das crianças, auxiliando-as a construírem uma percepção que
as ajudarão em seu dia a dia e, seu exercício deve basicamente fazer parte da escola, uma vez
que o ambiente escolar é o elemento educativo mais eficaz e eficiente para a concretização
deste aprendizado (SILVA, et al, 2011). “Se cabe à Educação Física introduzir e integrar o
aluno na cultura corporal do movimento, é imprescindível considerar que: i) a integração há
de ser do aluno concebido enquanto uma totalidade humana, com suas dimensões [...]”
(BETTI, 2009, p. 285). Conforme, Etchepare, Pereira, Zinn (2003) toda a ação pedagógica
necessita de planejamento e objetivos claros. Isto sugere que, a finalidade da Educação Física
no Ensino Fundamental não é o desenvolvimento de modelos motores, mas, a partir do
planejamento de atividades, favorecer o desenvolver de habilidades motoras, capacidades
perceptivas e motoras e capacidades físico-motoras (ZUNINO, 2008).
“Ressalta-se que é na escola que muitas crianças têm seu primeiro contato com
atividades físicas planejadas, daí sua importância como promotora de desenvolvimento e
aprimoramento “das esferas cognitivas, motoras e auditivas”[...]” (MIQUELIN et. al., 2015
p.6). A EF escolar promove o “fortalecimento do organismo”, melhorando a saúde física e
mental das crianças, “propiciando o desenvolvimento de habilidades úteis à vida, criando
hábitos culturais de higiene” (RODRIGUES, 2013 apud MIQUELIN et. al., 2015 p.6).
Neste sentido, acredita-se ser um enorme apoio na constituição de uma inovação
na sociedade onde perpétua o respeito ao ser humano, à vida, à natureza, como princípio e não
a ressalva. Reconhece-se que a tão almejada mudança social se concretizará pela escola, bem
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como por ela. Daí a relevância de abordar demandas sociais, que possibilitaria ao alunado ler
o mundo e realizar uma análise da conjuntura atual (BRASIL, 1997). Entende-se que, a escola
desempenha uma importante função para transformação da sociedade, interferindo
diretamente na formação de cidadãos críticos, reflexivos e ativos, ao exercerem a cidadania de
maneira construtiva.
A formação profissional em EF
No que se refere aos benefícios acerca da Educação Física para a formação dos
educandos do ensino fundamental, Zunino (2008) enfatiza, que a Educação Física é uma das
formas mais eficientes pela qual o indivíduo pode interagir e, também é uma ferramenta
relevante para a aquisição e aprimoramento de novas habilidades motoras e psicomotoras,
pois é uma prática pedagógica capaz não somente de promover a habilidade física como a
aquisição de consciência e compreensão da realidade de forma democrática, humanizada e
diversificada, pois nesta etapa educacional a Educação Física deve ser vista como meio de
informação e formação para as gerações.
transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das
lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da
qualidade de vida” (RODRIGUES, 2013). Pois, “[...] acreditamos ser uma importante
contribuição na formação de uma nova sociedade onde o respeito ao ser humano, à vida, à
natureza, seja regra e não a exceção. Reconhecemos que a tão sonhada transformação social
se dará pela escola, mas também por ela. Daí a importância da abordagem de questões sociais,
que permitiria ao aluno fazer uma leitura do mundo e uma interpretação da realidade”
(BRASIL, 1997).
O prejuízo das aulas de educação física ministradas por professores sem formação que
podem acarretar na formação dos seus alunos
Souza (2013), denuncia argumentando que “existem carências no contexto das aulas
de Educação Física, não usufruem das condições necessárias para realizar uma boa pratica
pedagógica, sendo comum a falta de espaço físico e a precariedade dos materiais existentes,
levando assim o desinteresse do aluno”. Somariva et. al (2013), corrobora enfatizando que
“existe a falta de respeito para com os professores por parte dos alunos, existe também a falta
de espaço adequado para realizar as atividades necessárias, ainda existe a falta de vontade dos
alunos em fazer as aulas”.
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Pirolo (2005) e Magalhães (2004) concordam que existe essa dificuldade afirmando
que “a prática pedagógica é dinâmica e reflete os conflitos e as contradições sociais, estando
repleta de dificuldades dos profissionais em lidar com esta complexidade”. Materiais escassos
e ultrapassados acabam por trazer certa desmotivação, tanto para professores quanto para
alunos. (TEIXEIRA, 2013). É necessário lembrar que “[...] há um desgaste maior do professor
no sentido de providenciar recursos materiais, teóricos, frente a necessidade de coordenar
diferentes programações em diferentes turmas; as próprias limitações de formação
profissional do professor; e dificuldades em encontrar subsídios teóricos para desenvolver
discussões sobre as implicações do movimento nos níveis sociocultural, ou seja a inexistência
de material para o ensino[...]” (DARIDO, et al.1999, p.140).
3 METODOLOGIA
Ensinar nos dias atuais tem sido um desafio constante onde requer do profissional
docente uma formação de qualidade para repassar aos alunos uma serie de conteúdos
disponibilizados pelo referido currículo escolar. Ribeiro (1998, p. 54) faz uma alerta
enfatizando que “ entre os grandes problemas do ensino do país, a formação deficiente de
professores é um dos que mais incomodam. Profissionais mal preparados, todos reconhecem,
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não podem ensinar o que não sabem”. Em outras palavras, “o professor de sala não consegue
dar conta das questões concernentes a essa área de ensino” (SANTOS et al 2008, p. 116).
Esses benefícios fazem com que a Educação Física seja de suma importância na
matriz curricular escolar. Neste sentido, ser educador no atual contexto educacional, é estar
em constante processo de formação e informação. Carrascosa (1996) afirma que “a formação
de um professor é um processo a longo prazo, que não se finaliza com a obtenção do título de
licenciado, isto porque, entre outras razões a formação docente é um processo complexo para
o qual é necessário muitos conhecimentos e habilidades, impossíveis de serem todos
adquiridos no curto espaço de tempo da formação inicial.
Pellegrini (1988) contribui dizendo que: “… a Educação Física como uma profissão
deve se apoiar em profissionais que não possuem apenas a habilidade de executar, mas a
capacidade de passar essas habilidades a outras pessoas com o objetivo de levá-las ao pleno
desenvolvimento de suas capacidades motoras...”. Sendo assim, o prejuízo, que as aulas de
educação física ministradas por professores sem formação podem acarretar na formação dos
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seus alunos não são somente com relação ao seu desenvolvimento físico, mas também o
desenvolvimento cognitivo e social dos alunos. A inserção do profissional em Educação
Física é garantida por lei uma vez que ela dá o direito de o educador exercer tal profissão para
atender as necessidades do educandário. Embora haja permissão para a pratica física na
educação, é necessário que o profissional busque sempre uma formação continuada para que
ele possa melhorar a sua pratica docente no espaço escolar.
4. CONSIDERAÇOES FINAIS
No entanto, existem outros profissionais que não são formados em educação física,
baseado em leis constitucionais são autorizados para ministrar aulas de educação física no
espaço escolar. São os profissionais regentes de turmas que são habilitados para ensinar
diversas disciplinas em um curto espaço de tempo. O desafio do professor regente de turma
está no pouco conhecimento das habilidades técnicas que dispõe da disciplina de educação
física, ministrando conteúdos fora do contexto psicomotor do educando prejudicando – o em
sua formação. A partir da análise dos dados apresentados nesta literatura, à luz do estudo
bibliográfico pode-se afirmar que os desafios do corpo docente regente de turmas na condição
de educadores físicos em ministrar aulas nas Series Iniciais do Ensino Fundamental de acordo
com os autores é a falta de uma formação adequada para que os professores regentes de
turma, realizem atividades que atenda às necessidades psicomotoras do educando.
Neste sentido, ao chegar ao fim deste estudo, pode-se admitir que os objetivos foram
alcançados de forma satisfatória. Enquanto profissional, poderei utilizar meios que orientem
os principais atores em geral para lidar com essa problemática. Sendo assim, é necessário que
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5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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