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Semiótica | Design | prof.

Verônica Freire

Teorias Semióticas – parte 3: SEMIÓTICA DA CULTURA

Corrente RUSSA
- Linguística e Antropologia
- Jakobson
- Hjelmslev
- Lotman
- Bakhtin

Práticas comunicativas de sistemas culturais e diversidade dos códigos e fenômenos culturais.

Dança, teatro, cinema, música, relações sociais, arquitetura, eventos, literatura, religião, artes em geral >
simbologias, estéticas, estilos, comportamentos, moda, são os expoentes desta teoria semiótica.

O conceito de código permite à Semiótica da Cultura estender a noção de linguagem a uma diversidade de
sistemas como mito, religião, literatura, teatro, artes, arquitetura, música, cinema, moda, ritos,
comportamentos, enfim, a distintos códigos e sistemas semióticos da cultura.

Essa perspectiva semiótica parte do pressuposto que a cultura organiza a esfera social através dos signos e
o homem não só os utiliza para se comunicar, mas é também, em larga escala, controlado por eles, sendo
instruído desde tenra idade de acordo com os códigos culturais da sociedade. Os códigos culturais
funcionam, portanto, como programas de controle de comportamentos. De tal modo, a cultura pode ser
reconhecida como um programa, como um conjunto de informações armazenadas e transmitidas para um
determinado grupo.

As infinitas possibilidades de uso da linguagem na produção de mensagens no tempo e no espaço das


culturas embasam a formulação de gêneros discursivos, para dar conta dos usos da linguagem através
do processo combinatório (comunalidades, diferenças, releituras).

Compreender a produção simbólica em uma sociedade exige uma análise das trocas informacionais
comuns a uma mesma formação social ou entre grupos culturais diferentes. As informações
transferidas tornam-se parâmetros de regulação e essa retroalimentação contínua garante a eficácia das
mensagens: assegura uma série de invariáveis dentro de um conjunto de variáveis pertinentes a um
determinado sistema.

Esses pressupostos indicam que a Semiótica Russa busca suas referências na cultura, em distintas épocas
e em diferentes grupos sociais, a partir do diálogo intercultural percebido através de suas diferentes
manifestações de linguagens.

Esses códigos que percebemos e “lemos” em termos de comunicação visual podem ser: a cor, a estética, o
estilo, o traço, a linguagem, a época, o comportamento, as atitudes, que são interpretados socialmente,
considerando a cultura, política, religião, relações comportamentais de um modo geral e também particular,
considerando a comunicação coletiva e individual.

A Semiótica da Cultura adota a concepção antropológica do termo, ou seja, a descrição do conjunto de


ideologias, de sistemas de valores próprios do indivíduo ou da sociedade. Mantém relação multidisciplinar
com a Sociologia, a Etnologia, a Antropologia e a História. Considera, portanto, a relação entre vida e
sociedade, ou as relações entre os sujeitos na construção conjunta de uma organização social.

- Cultura como sociedade > conjunto de indivíduos cujas relações mútuas são organizadas em instituições
sociais especificas (cultura social).

- Cultura como civilização > conjunto de artefatos produzidos e utilizados pelos membros desta sociedade
(cultura material).

- Cultura como mentalidade > sistema de valores e ideias, moral e costumes, isto é, um conjunto de
aspectos que controla estas instituições sociais e determina as funções e significados destes artefatos
(cultura mental).

O comportamento social é alterado no desenvolvimento das culturas e pode ser observado na comparação
entre novas e velhas formas de comportamento.

Na cultura social, a sociedade como um todo, bem como seus membros individuais e suas instituições, são
usuários do signo. Com relação aos indivíduos, pode-se questionar se não formam os chamados
“indivíduos” (indivisíveis) precisamente porque são capazes de assumir o papel do emissário, do
destinatário e do recipiente das mensagens, perdendo esta capacidade quando divididos em partes.

No caráter semiótico da cultura material os artefatos de uma cultura são signos para seus membros: cada
artefato desempenha um certo papel na cultura e a significa através de sua aparência exterior.

A cultura mental de uma dada sociedade não é nada além de um conjunto de códigos aplicados por
aquela sociedade.

Estas considerações levam à conclusão de que cada um dos três níveis de cultura tem um status semiótico
bem definido: a sociedade é definida como um conjunto de usuários de signos, a civilização como um
conjunto de signos, e a mentalidade como um conjunto de códigos. Esta abordagem fornece uma base
teórica para relacionar os três níveis entre si: os usuários dos signos não podem existir sem a semiose, que
envolve signos e códigos. Esta é a razão pela qual a sociedade é impensável sem sua civilização e
mentalidade especificas.

A semiótica da cultura não consiste apenas no fato de que a cultura funciona como um sistema de signos. É
importante entender que a relação do signo e sua capacidade de sentido representa uma das
características fundamentais da cultura.

BAKHTIN, Mikhail (Volosinov). Marxismo e Filosofia da Linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi, colaboração
de Lúcia Teixeira e Carlos H. D. Chagas Cruz. 5. ed. São Paulo: Hucitec, 1978.

PIGNATARI, Décio. Informação, Linguagem, Comunicação. São Paulo: Perspectiva, 1977.

SANTAELLA, Lúcia. Matrizes da Linguagem e Pensamento. São Paulo: Iluminuras, 2001.


LOTMAN, Iúri; USPENSKI, Bóris A. Sobre o mecanismo semiótico da cultura. Ensaios de Semiótica Soviética. (trad.
Salvato T. Meneses). Lisboa: Novo Horizonte, 1981: 37 – 66.

POSNER, Roland. O mecanismo semiótica da cultura: Comunicação na era pós-moderna. (M. Rector e E. Neiva, orgs.).
Petrópolis: Vozes, 1997: 37 – 49.

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