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O CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA (PLURALIDADE,

DIVERSIDADE DE DEFINIÇÕES E ABORDAGENS).

Antropologia
A Antropologia é o estudo da humanidade, abrangendo a diversidade cultural, social e
biológica dos seres humanos ao longo do tempo e em diferentes contextos. Ela busca
compreender a origem, evolução e características das sociedades humanas, bem como
as interacções entre culturas, sistemas de crenças, comportamentos e estruturas sociais.
A disciplina é dividida em diversas subáreas, como a antropologia cultural, antropologia
física (ou biológica), antropologia linguística e antropologia arqueológica.

Antropologia Cultural.

Na antropologia, "cultura" é um conceito central que se refere ao conjunto de padrões


de comportamento, crenças, valores, instituições e artefactos compartilhados por um
grupo de pessoas. Esses elementos são aprendidos e transmitidos de geração em geração
através da socialização e da comunicação. A cultura molda a forma como os indivíduos
percebem o mundo, interpretam eventos, interagem entre si e com o ambiente ao seu
redor.

Alguns aspectos importantes da cultura incluem:

Normas e valores: Regras e princípios que orientam o comportamento e as interacções


sociais dentro de uma sociedade.

Símbolos e linguagem: Elementos que representam significados compartilhados dentro


de uma cultura, incluindo palavras, gestos, símbolos visuais, entre outros.

Instituições sociais: Estruturas organizacionais e sistemas que regulam aspectos da vida


social, como família, religião, economia, política, educação, entre outros.

Artefactos e tecnologia: Objectos materiais criados e utilizados por uma sociedade para
atender às suas necessidades e expressar sua identidade cultural.

Sistemas de crenças e cosmovisões: Conjuntos de ideias, mitos, rituais e práticas que


dão sentido ao mundo e à existência humana.
A abordagem antropológica da cultura enfatiza a diversidade cultural entre diferentes
grupos humanos e a compreensão das formas pelas quais a cultura influencia e é
influenciada pela vida das pessoas.

Na antropologia, há uma pluralidade de definições e abordagens em relação ao conceito


de cultura, reflectindo a diversidade de perspectivas teóricas e metodológicas dentro da
disciplina.

Algumas dessas abordagens incluem:

Abordagem descritiva: Esta abordagem enfatiza a descrição e documentação detalhada


das práticas culturais de um grupo específico de pessoas. Os antropólogos que adoptam
essa perspectiva muitas vezes realizam trabalho de campo extenso para entender os
costumes, rituais, crenças e tradições de uma comunidade.

Abordagem simbólica: Esta perspectiva destaca o papel dos símbolos na cultura,


argumentando que os sistemas simbólicos são fundamentais para a construção de
significado e identidade dentro de uma sociedade. Os antropólogos interessados nessa
abordagem estudam como os símbolos são criados, interpretados e usados em contextos
culturais específicos.

Abordagem estruturalista: Desenvolvida por Claude Lévi-Strauss, essa abordagem


enfoca as estruturas subjacentes que moldam as práticas culturais. Os estruturalistas
buscam identificar os padrões recorrentes e as relações binárias presentes nas
mitologias, rituais e sistemas de parentesco, argumentando que essas estruturas
reflectem aspectos universais da mente humana.

Abordagem funcionalista: Os funcionalistas analisam como as diferentes partes da


cultura de uma sociedade se relacionam e contribuem para a estabilidade e coesão
social. Eles vêm a cultura como um sistema integrado que atende às necessidades
adaptativas e funcionais dos membros de uma comunidade.

Abordagem histórica: Esta perspectiva examina as mudanças e transformações culturais


ao longo do tempo, situando as práticas e instituições culturais em seus contextos
históricos específicos. Os antropólogos interessados nessa abordagem estudam como
factores como colonização, globalização, migração e mudança tecnológica influenciam
a cultura.
Abordagem construtivista: Esta perspectiva enfatiza a natureza dinâmica e construída
da cultura, argumentando que as práticas culturais são moldadas através de processos de
negociação, contestação e transformação. Os antropólogos construtivistas exploram
como os indivíduos e grupos participam activamente na produção e reconfiguração da
cultura, e como diferentes interesses e poderes influenciam esses processos.

Essa abordagem reconhece que a cultura não é estática, mas sim fluida e sujeita a
mudanças ao longo do tempo, reflectindo as interacções complexas entre diferentes
atores sociais, contextos históricos e estruturas de poder. Ela destaca a importância da
agência humana na criação e transformação das práticas culturais, e enfatiza a
diversidade de perspectivas e experiências dentro de qualquer grupo ou sociedade.

Essas são apenas algumas das abordagens em relação ao conceito de cultura na


antropologia. Cada uma oferece insights valiosos sobre a natureza da cultura e suas
múltiplas dimensões.

Clifford Geertz - "A Interpretação das Culturas" (1973)

Claude Lévi-Strauss - "Tristes Trópicos" (1955) e "O Pensamento Selvagem" (1962)

Franz Boas - "Race, Language and Culture" (1940)

Margaret Mead - "Coming of Age in Samoa" (1928)

Marshall Sahlins - "Stone Age Economics" (1972)

Mary Douglas - "Purity and Danger" (1966)

Edward T. Hall - "The Silent Language" (1959) e "The Hidden Dimension" (1966)

Victor Turner - "The Ritual Process: Structure and Anti-Structure" (1969)

Pierre Bourdieu - "Outline of a Theory of Practice" (1972)

Michel Foucault - "The Archaeology of Knowledge" (1969)

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