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UNIDADE CURRICULAR: Antropologia Geral

CÓDIGO: 41098

DOCENTE: Lúcio Manuel Gomes de Sousa

A preencher pelo estudante

NOME: Acácio Manuel Ferreira Alexandre

N.º DE ESTUDANTE: 1903003

CURSO: Acácio Manuel Ferreira Alexandre

DATA DE ENTREGA: 09/11/2020

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“A antropologia geral procura saber quando, como e onde surgiram as populações
humanas. Como e porque variam entre si física e culturalmente.” (Batalha, 2004, p. 14).
A humanidade é geneticamente propensa à vida social, e forma conjuntos de pessoas
que mantêm relações sociais, as sociedades. Uma sociedade é um grupo humano com
determinada organização social, com normas e particularidades nas suas relações
sociais, cujas disposições e capacidades inculcadas nos membros dão ordem,
significado e valor à vivencia humana - a cultura (Viveiros de Castro, citado por Sousa,
2019, pp. 39-40).
Como refere Sousa (2019, p. 16), a aprendizagem da língua e da cultura, a interação
com os outros, são processos universais de cultura comuns a todas as culturas e
sociedades, contudo, as formas, as práticas e concepções de as realizar é que diferem.
Estes universais de cultura foram sistematizados por Murdock (citado por Sousa, 2019,
p. 36), resultando em 67 universais de cultura, tais como: organização comunitária,
casamento, educação, jogos, rituais religiosos e fúnebres, entre outros. Logo, cada
sociedade e cada cultura resulta da pluralidade de modos de vida que as comunidades
foram desenvolvendo ao longo do tempo e do espaço, o que origina uma enorme
diversidade cultural. Mas são os universais culturais que a antropologia interroga
(Cunha, 2016, p.15).
A antropologia ocupa-se então de procurar as diferenças e as similaridades na
sociedade, duas faces da mesma moeda, com uma visão holística da mesma, para
compreender as diferenças e identificar as especificidades de cada comunidade, num
acto interpretativo do antropólogo.

“Os(as) antropólogos(as) são pessoas vinculadas às sociedades onde foram


socializados(as) e correm o risco de sobrepor os seus próprios valores aos das
sociedades que estudam.” (Batalha, 2004, p. 24).
O antropólogo como pessoa, desenvolveu-se numa sociedade onde foi socializado e
adquiriu uma determinada cultura, a qual inclui certos valores. O termo valores é
empregue para indicar objectos ou situações consideradas boas, desejáveis ou
apropriadas, pelo que expressa sentimentos, incentiva e orienta o comportamento
humano (Sousa, 2019, p. 34). No estudo antropológico é importante que o investigador
esteja consciente do obstáculo epistemológico do etnocentrismo, que é ter uma visão
do mundo onde a sua própria cultura é considerada superior, avaliando os outros
segundo o modelo de valores da sua existência. Para superar este obstáculo ao
conhecimento do outro, o antropólogo deve abraçar o conceito de relativismo cultural, e
“olhar os costumes e valores dos outros à luz do seu próprio contexto cultural local e
não por comparação com outros contextos e com uma construção universal do mundo”
(Batalha, 2004, pp. 23-24), com o discernimento de que os valores e os costumes
pertencem à cultura da qual fazem parte.
Assim, para perceber o outro como uma pessoa/cultura singular e objectiva, de forma
acrítica e sem juízos de valor pré-concebidos, numa atitude de alteridade, o antropólogo
tem de reconhecer de que existem pessoas e culturas diferentes, que essas pessoas e
culturas pensam, agem e entendem o mundo de uma maneira muito própria, em
resultado das experiências de vida e das suas vivências.

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Munido das ideias de etnocentrismo, relativismo cultural e de alteridade, o antropólogo
inicia a sua investigação com a recolha de informação. E como qualquer ciência, utiliza
métodos para a realizar. De acordo com Sousa (2019, p. 41), existem um conjunto de
métodos tradicionalmente utilizados na investigação antropológica clássica, e outros
empregues na antropologia aplicada, na prática “orientada para a resolução de
problemas das populações das sociedades” (Sousa, 2007, p. 15).
Os principais métodos de investigação da antropologia clássica são a etnografia e a
observação participante. Para aprender o modo de vida do “nativo”, o investigador
imiscui-se na comunidade, partilha o seu quotidiano, observa e regista a forma como
vive a comunidade. Procede também a entrevistas informantes qualificados, membros
da comunidade que têm um papel social relevante no grupo, os quais possuem
conhecimentos e reflexão sobre o grupo a que pertencem. Neste trabalho de campo, a
aprendizagem da língua “nativa” é essencial.
Ao contrário de outras ciências, na antropologia, o conhecimento do que se investiga é
adquirido da mesma forma como é estudado, que é participando no processo e na
vivência da vida do outro, aprende-se partilhando a experiência de vida (Sousa, 2019,
p. 14). Portanto, como um actor numa peça de teatro, o antropólogo tem de entrar na
vida da sociedade que pretende estudar e deve encarnar uma personagem, necessita
de interagir com os restantes actores da comunidade, e precisa participar no teatro
social da comunidade para a compreender de uma forma global.
Na antropologia aplicada, além dos métodos aludidos, são utilizados os grupos focais,
entrevistas em grupo, indicadores sociais e questionários. Grupos focais são pequenos
grupos de pessoas, possuidoras de estatuto, interesses, características e
conhecimentos semelhantes, as quais opinam por um tempo definido sobre
determinado tema, obtendo o investigador a informação sobre a sua percepção sobre o
tema. Quando o objetivo do investigador é chegar a prioridades e consensos sobre uma
temática, a técnica toma a denominação de grupo nominal. Quando o tema é proposto
a pessoas reconhecidas pelos seus conhecimentos ou capacidade de análise, e a
pesquisa é efetuada de forma anónima e interativa, a técnica toma a denominação de
grupo Delphi ou conferências. Os indicadores sociais são dados estatísticos que
representam a vida de uma comunidade. Questionários são questões escritas, pré-
formuladas, para obter conhecimentos de uma amostra de população.
Hodiernamente, foram desenvolvidas um conjunto de novas técnicas de trabalho: as
RAPs – Rapid Assessment Procedures (procedimento de levantamento rápido),
atinentes à necessidade de obter dados fiáveis em situação de urgência, dados úteis e
viáveis no contexto, utilizando procedimentos éticos e justos; e os Participatory Action
Research (pesquisa de acção/intervenção participativa), que pretendem envolver os
“sujeitos alvo” do estudo no desenvolvimento da investigação, os quais participam na
identificação do problema, na sua análise e resolução.
Depois da recolha de informação no terreno, segue-se uma primeira fase de
comparação e síntese de dados, uma interpretação e análise que revela os padrões e
as regras gerais, a etnologia. Por último, uma sinopse global que revela a interpretação
do antropólogo, a antropologia.

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REFERÊNCIAS:

Batalha, L. (2004). Antropologia – Uma Perspectiva Holística. Lisboa, Portugal:


Universidade Técnica de Lisboa, ISCSP.

Cunha, M.I. (2016). Cultura, diversidade, diferenciação. Um guia elementar.


CICS.NOVA.UMinho.
http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/cics_ebooks/issue/view/213

Sousa, L. (2007). A Prática da Antropologia: caderno de apoio. Lisboa, Portugal:


Universidade Aberta.

Sousa, L. (2019). Textos de Antropologia Geral 19/20. Lisboa, Portugal: Universidade


Aberta.

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