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Trabalho para a Disciplina Antropologia 1

Curso: Ciências Sociais 2021/1


Professor Ruben Caixeta de Queiroz
Aluno: Denise Sales Rafael Medina Ferreira
Data: 10/09/2021

A diversidade contemporânea da pesquisa antropológica, a partir dos grupos de


pesquisa do Departamento de Antropologia e Arqueologia da UFMG, e do Programa de
Pós-Graduação em Antropologia da UFMG

A antropologia da UFMG no curso de Ciências Sociais dialoga de forma complementar com a


Sociologia e a Ciência Política. Historicamente, a Antropologia se aproximou dessas suas
áreas e adquire certa autonomia a partir de sua institucionalização na UFMG: hoje em dia, é
um curso de graduação autônomo da FAFICH e, como veremos, gera duas linhas distintas, a
Antropologia Social e a Arqueologia. Esta última se reveste de mais importância visto que a
região metropolitana de Belo Horizonte é rica em histórias e material de pesquisa e atrai desde
séculos passados pesquisadores de todo o mundo.

Enfim, há diferenças entre os três cursos das Ciências Sociais que resumidamente posso dizer
que a Sociologia se ocupa do estudo a sociedade através de conceitos como relações sociais,
mercado, relações jurídicas, família, etc. A Ciência Política estuda as relações de Estado e as
relações do Estado com as pessoas, dentro de sistemas de governo. É mais relacionada com as
instituições públicas. A Antropologia estuda as pessoas a partir da ideia de que as culturas são
muito diferentes e apresentam relações diferentes entre as pessoas e a forma de viver. Com as
teorias mais recentes, como o perspectivismo, se percebeu que os marcos variam (como os
usados na sociologia), então ao se estudar uma sociedade indígena, por exemplo, não se pode
usar as mesmas chaves que se usa para estudar uma sociedade não indígena, como a
economia, religião etc, pois são tipos diferentes de relações e linguagens. Tudo muito
explicitado nos trabalhos de Lévi-Strauss e Viveiros de Castro.

A Antropologia contemporânea, no entanto, pode ser de certo modo criticada quando se vê


ainda pouca ênfase nos estudos antropológicos sobre a diversidade cultural da região,
populações tradicionais como os ciganos e quilombolas. Povos de culturas diferentes dos
tradicionais que ainda sofrem preconceitos e violência. Por exemplo de uma relativa
invisibilidade só recentemente os ciganos tiveram direitos reconhecidos no SUS e muitos
territórios quilombolas terem atrasos e disputas de terras quando da demarcação de seus
territórios.

Para falar sobre a Arqueologia entrevistei um aluno do 5º período de Antropologia que vai se
formar definindo-se pela primeira e, nas palavras dele,

A Arqueologia, a mais fantástica de todas, realiza seus estudos a partir do que chamamos de
“cultura material”, de diferentes temporalidades. A arqueologia pode estudar praticamente
tudo, pois todo conhecimento produzido no mundo pela humanidade é fruto de uma
materialidade experimentada pelos sentidos. Mas daí quando juntamos com antropologia,
por exemplo, o conceito do que é tido como materialidade e como o corpo experimenta esse
mundo também varia conforme a cultura. Diferentes temporalidades na Arqueologia pode ser
presente, passado ou até futuro. A discussão em torno do tempo é que este também é fruto de
construção social. Paulino, Hugo S.R.

O curso de graduação em Antropologia da UFMG é relativamente recente, sua primeira turma


foi ofertada em 2010. O curso oferece duas habilitações, uma em Antropologia Social, outra
em Arqueologia.

A Antropologia Social estuda os povos do mundo, indaga o que eles fazem, como se
sustentam, como pensam e como se organizam socialmente. Estabelecendo contato
aprofundado com outros povos do mundo (mesmo que eles sejam nossos vizinhos),
aprendendo a conversar e a interagir com os diferentes (mesmo que eles sejam nossos
parentes), ou seja, realizando pesquisas de campo, os antropólogos e as antropólogas sociais
geralmente produzem etnografias, isto é, descrições aprofundadas dos costumes e dos modos
de vida de outros coletivos humanos. Como preconizara Malinowski em sua época. A técnica
da observação participante sendo plenamente utilizada em nossos tempos e em locais
diversos.

A Arqueologia, outra habilitação do curso, estuda também os povos do mundo, mas


sobretudo, embora não somente, aqueles que não mais existem. Ela está interessada em saber
o que eles faziam, como se sustentavam e como se organizavam socialmente, e, através destes
estudos, está interessada em melhor compreender ou prever a sociabilidade humana no
presente e no futuro. Desta forma a Arqueologia está principalmente preocupada em
investigar as culturas e os modos de vida do passado, e do presente, a partir da análise de
vestígios materiais. Por isso os arqueólogos e as arqueólogas realizam escavações de sítios
arqueológicos, recolhem os vestígios produzidos por grupos humanos que habitaram o local,
catalogam estes vestígios, descrevem-nos e os analisam, com o intuito de compreender como
viviam os povos do passado ou como vivemos hoje.

Há também, e muitas vezes se pode participar já nos primeiros períodos da graduação, dos
grupos de pesquisa em antropologia da UFMG. São bastante diversos e, alguns deles,
transdisciplinares. São eles:
1 - GESEX Grupo de Pesquisa em Gênero e Sexualidades
Reúne pesquisas sobre gênero e sexualidades e suas interfaces com outros marcadores sociais
da diferença (tais como classe, raça, etnia, sexualidade e geração), num viés interseccional.

2 - GESTA Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais


O Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA), criado em 2002, desenvolve
pesquisa, ensino e extensão dedicados à compreensão dos conflitos inerentes às diferentes
racionalidades, lógicas e processos de apropriação do território em nossa sociedade. De
caráter interdisciplinar, é composto por alunos e pesquisadores das áreas de Antropologia,
Sociologia, Geografia, Direito e Ciências Socioambientais.
3 – E ainda os laboratórios:
Laboratório de Arqueologia da FAFICH-UFMG
Laboratório de Tecnologia Lítica LACS
Laboratório de Antropologia das Controvérsias Sociotécnicas
LEACH Laboratório de Estudos Antárticos em Ciências Humanas
LOSA Laboratório de Ontologias, Sentidos e Afetos
NAV Núcleo de Antropologia Visual
NUQ Núcleo de Estudos Sobre Populações Quilombolas e Tradicionais

O Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFMG oferece a formação em duas áreas


de concentração: Antropologia Social e Arqueologia. Estas duas áreas fazem parte do
currículo de vários cursos de graduação da Universidade Federal de Minas Gerais, desde, pelo
menos, a década de 1960. Há um curso específico de pós-graduação em antropologia, a nível
de mestrado, desde 2006. O curso de doutorado, foi iniciado em 2014.

São seis as linhas de pesquisa:


Antropologia da Arte, da Ciência e da Tecnologia
Arqueologia Pré-Histórica
Arqueologia do Mundo Moderno e Contemporâneo
Etnologia Indígena e de Povos Tradicionais
Sistemas Simbólicos, Socialidades e Gênero
Território, Poder e Ambiente

A título de ilustração trago um pequeno excerto do artigo abaixo desenvolvido em base


multidisciplinar dentro do departamento de Arqueologia do curso de Antropologia da UFMG
denominado “Pensando com outros pensamentos: um exercício de encontro da arqueologia
com pensamentos indígenas.”

Se trata de um grupo de alunos vinculados a laboratórios diversos como o GESTO, o LASO,


duas voluntárias e uma professora que publicou no último mês de julho o artigo acima em
(Caderno 4 Campos – PPGA/UFPA [ Número I | 2021 ] Publicado em julho de 2021).

Neste trabalho eles apresentam o resultado parcial dos trabalhos que a equipe de Iniciação
Científica tem desenvolvido ao longo dos últimos meses alinhada ao projeto "Sobre as marcas
do passado: Arqueologia e conhecimento indígena na Amazônia", coordenado pela
arqueóloga Mariana Petry Cabral em conjunto com os povos indígenas Wajãpi, povo Tupi da
Amazônia, que ocupam a Terra Indígena Wajãpi (TWI), localizada no Estado do Amapá,
Brasil.

Trechos:
“Parte dos objetivos é desenvolver e discutir a capacidade de praticar uma arqueologia que
seja sensível a outros modos de conhecimento, evidenciando as diferentes formas de produzir
e reproduzi-los, sem sobrepor o conhecimento científico ao conhecimento indígena.”

“A arqueologia é a disciplina que estuda a materialidade produzida pela humanidade ao longo


de toda sua história. Entretanto, o que é material pode ser definido de maneiras muito variadas
e complexas. Neste âmbito, procuramos entender mais sobre como os indígenas wajãpi se
relacionam com a materialidade à sua volta, seus corpos, objetos e lugares.”

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