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Discussão sobre antropologia cultural como ciência e seu contributo na academia e na

Sociedade;

Segundo Gusmão (2008), a Antropologia Cultural teve sua origem no século XIX, com o estudo
das sociedades não ocidentais por antropólogos como Franz Boas e Bronisław Malinowski.
Franz Boas afirma que era impossível falar em apenas uma única cultura, já que a humanidade
seria formada por uma ampla diversidade de culturas. Ao contrário da visão etnocêntrica dos
autores evolucionistas que colocavam a cultura europeia no centro do mundo, Boas substituiu o
conceito de “cultura” no singular, por “culturas”, no plural.

O relativismo defende que as culturas são necessariamente diferentes, e que devem ser
respeitadas na sua diversidade. Assim, é impossível hierarquizar culturas e definir que uma é
superior à outra. Ao contrário do etnocentrismo que elege uma única cultura como central, o
relativismo cultural defende que, para se compreender a cultura do outro, é necessário olhar com
os olhos dele.

Para Boas (2006), a antropologia cultural estuda o social em sua evolução, e particularmente sob
o ângulo dos processos de contato, difusão, interação e aculturação, isto é, de adoção (ou
imposição) das normas de uma cultura por outra.

Essa área deixa de lado as questões físicas e passa para o campo da cultura. A antropologia
cultural se dedica a pesquisar como as culturas de diferentes sociedades se formaram, como os
hábitos e costumes se desenvolveram, como é possível que os valores, a culinária, a arte e a
religião permanecem depois de tanto tempo.

Esta modalidade antropológica também mergulha na investigação da evolução dos grupos


humanos em todo o Planeta. Ela se detém igualmente sobre a compreensão do nascimento das
religiões, bem como do mecanismo das formalidades sociais, do progresso das técnicas e até
mesmo das interações familiares. (Gusmão, 2008)

Um dos pontos principais dos estudos antropológicos culturais é a figuração de um pensamento


através das palavras ou das imagens. Desta forma, é central nesta disciplina a concentração da
atenção na atuação do símbolo na interação humana. Neste ponto, a Antropologia Cultural
converge para as pesquisas linguísticas, especialmente para as teorias de Ferdinand Saussure, no
que se refere à língua, e de Charles Sanders Pierce, em relação à imagem. (Boas, 2006)

A Antropologia Cultural inculca a igualdade dos povos, com suas aspirações de mais variada
natureza. E traz a consciência de todos o fato de que, conquanto cidadãos do mundo, não é
possível sopitar a ânsia pelo transcendente, manifesto em todas as culturas.

O estudo da Antropologia Cultural ajuda a combater o etnocentrismo, que é a tendência de julgar


outras culturas com base nos valores e padrões de nossa própria cultura. Ao compreender outras
culturas em seus próprios termos, podemos promover a empatia e a tolerância intercultural.
(Boas, 2006)

De acordo com Laplantine (2003), a Antropologia Cultural desempenha um papel importante na


preservação das culturas tradicionais e indígenas. Ao estudar e documentar práticas culturais
únicas, ela contribui para a valorização e proteção do patrimônio cultural de diferentes grupos.

Compreender as dinâmicas culturais de diferentes comunidades é crucial para o desenvolvimento


de políticas públicas mais eficazes e culturalmente sensíveis. Isso é especialmente relevante em
áreas como saúde, educação, direitos humanos e desenvolvimento sustentável.

O saber da antropologia cultural tem um papel importante tanto no campo das ciências da
educação quanto no domínio da pedagogia prática” e cada professor e/ou pesquisador, possui o
seu saber antropológico implícito. (Laplantine, 2003)

Para Meirelles & Schweig (2008), no seio académico, o ensino da antropologia cultural auxiliará
os discentes, futuros profissionais, membros de uma sociedade, participante de grupos sociais
diversos a se relacionarem com o outro e compreende-los a partir de seu próprio espaço social,
sem preconceito, ou com um olhar um pouco menos etnocêntrico.

O saber antropológico proporcionará a formação de um conhecimento além de reflexivo e


critico um pouco menos carregado de juízos de valor, pois o olhar da antropologia cultural
ajudará o aluno a desprender-se de preceitos pré-concebidos sobre a evolução, o processo de
formação de um povo, de uma comunidade, auxiliando-o na compreensão dos estágios culturais
de uma população em detrimento de outra.
A Antropologia cultural, pode ajudar alunos e professores a conhecer, relativizar e pensar
criticamente a diversidade e a desigualdade que conforma a realidade, desmistificando noções já
naturalizadas e/ou essencializadas acerca do que se entende por raça, cor, etnia, identidade, entre
outros. (Meirelles & Schweig 2008)

No que se refere a sociedade, a antropologia Cultural ajuda a analisar as mudanças sociais ao


longo do tempo. Ela permite acompanhar como as culturas evoluem, se adaptam e respondem a
fatores como globalização, migração, urbanização e avanços tecnológicos. (Boas, 2006)

Referências bibliográficas

Boas, Franz. (2006). Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Gusmão N. M. M. (2008). Antropologia, Estudos Culturais e Educação: Desafios da


Modernidade. In: Revista Pro- posições, Campinas, São Paulo, v.19, nº3.

Laplantine, François (2003). Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense.

Meirelles, M.; Schweig, G. R.(2008). Para Além dos Muros da Universidade: Contribuições da
Antropologia para a Lei 10.639/03 e o Parecer 38/06 do CNE/CEB. Trabalho apresentado na 26ª.
Reunião Brasileira de Antropologia, Porto Seguro, Bahia, Brasil.

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