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Alimentos, formulação e

Processamento de Rações
Edilson Rezende Cappelle

Técnico em Zootecnia

Centro de Educação Aberta e a Distância (CEAD)


Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - Campus Rio Pomba
Av. Dr. José Sebastião Da Paixão s/nº - Bairro Lindo Vale
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Alimentos, Formulaۥo e
Processamento de Ra€‚es
Edilson Rezende Cappelle

Rio Pomba-MG
2013
Apresentação e-Tec Brasil

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o Ministério da Educação, por meio das Secretarias de Educação a
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A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e


grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as
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de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens
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públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-
polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais.

O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico,


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Setembro de 2013

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enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias
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Atividades de aprendizagem: apresenta atividades


em diferentes níveis de aprendizagem para que o
estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do
tema estudado.
Sum€rio

1 – Introdu•‚o .........................................................................................................06

2 - Conceitos Importantes ......................................................................................07

3 - Classifica•‚o dos Alimentos ..............................................................................16

4 - Principais Alimentos utilizados na Formula•‚o de Ra•ƒes e Concentrados.....18

5 – Formula•‚o de Ra•‚o .......................................................................................28

6 -Processamento de Ra•ƒes e Fabrica de Ra•ƒes: Processo de moagem,

dosagem, mistura, peletiza•‚o e extrus‚o ..............................................................48

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1 - Introdu•‚o

Para que o profissional que trabalha na formula•‚o de ra•ƒes e


concentrados possa balance„-los de forma adequada, este deve ter o
conhecimento pr…vio dos alimentos, de sua composi•‚o, de seu valor
energ…tico, dos seus pontos fortes, dos seus fatores anti-nutricionais e das
exig†ncias nutricionais dos animais para os quais ser‚o destinados o produto.

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2 - Conceitos Importantes

Antes de conhecer os alimentos e suas caracter‡sticas, alguns conceitos


s‚o fundamentais para que se possa entender de forma globalizada o universo
das dietas, que fornecidas „s inˆmeras esp…cies e categorias animais, fazem
com que estes possam produzir e dessa forma trazer lucro ao produtor rural.

2.1 - Alimentos

O conceito de alimento … muito amplo, podendo ser resumido em “todas


as substŠncias que cont†m nutrientes. Quando combinados em propor•ƒes
adequadas para cada esp…cie, constituem uma dieta. ” (EX. milho, soja, farelo
de trigo, forragens, silagens, etc;)

Os alimentos s‚o constitu‡dos de uma mat…ria ˆmida („gua) e de uma


mat…ria seca. A mat…ria seca … subdividida em mat…ria orgŠnica que …
subdividido em glic‡dios (carboidratos), lip‡dios, prote‡nas e vitaminas e em
mat…ria inorgŠnica que subdividi-se em macro e micronutrientes.

2.2 - Nutrientes

Este … um conceito muito importante, pois o mesmo causa muita


confus‚o para iniciantes em nutri•‚o animal que muitas vezes apresentam
dificuldade em entender a diferen•a entre nutrientes e alimentos.

Os nutrientes s‚o formados por elementos ou substŠncias qu‡micas que


est‚o contidos nos alimentos, ou seja, s‚o as unidades que juntas formam os
alimentos, sendo capazes de desempenhar uma fun•‚o de atendimento dos
processos de crescimento, manuten•‚o e reparo em tecidos corporais, s‡ntese
hormonal e de enzimas, produ•‚o e reprodu•‚o dos animais, suprindo assim
as necessidades dos seres vivos no decorrer de suas vidas.

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Estas substŠncias podem ser de car„ter essencial ou n‚o, dependendo
do animal e ou est„gio de vida a qual o mesmo se encontra.

Os nutrientes essenciais podem ser definidos como aqueles que s‚o


exigidos pelos animais e que n‚o s‚o sintetizados pelo organismo, ou, se
sintetizados, a quantidade e/ou a velocidade de s‡ntese n‚o s‚o suficientes
para preencher as necessidades di„rias do animal, devendo desta forma serem
fornecidos na dieta. J„ os nutrientes n‚o essenciais, s‚o aqueles, igualmente
exigido pelo animal, por…m o organismo consegue sintetiz„-los a fim de
preencher suas necessidades di„rias, n‚o sendo menos importante que os
nutrientes essenciais.

Os nutrientes s‚o compostos de carboidratos, prote‡nas, lip‡dios,


vitaminas, minerais e „gua.

2.2.1 - Carboidratos: Os carboidratos s‚o compostos orgŠnicos,


formados por carbono (C), hidrog†nio (H) e oxig†nio (O2), sendo representados
por a•ˆcares, amido, celulose, resinas e substŠncias semelhantes e
respons„veis por fornecer energia e calor ao organismo

A celulose … o mais importante carboidrato estrutural sendo o principal


constituinte de fibras em ra•ƒes. As ra•ƒes que cont†m uma alta porcentagem
de celulose, tais como o feno, a silagem e a palha, s‚o denominadas forragens
e t†m uma lenta digestibilidade. As sementes e a maioria de seus subprodutos
apresentam um n‡vel bastante baixo de celulose, sendo de muito mais f„cil
digest‚o.

A celulose … digerida por enzimas que s‚o formadas pelos


microorganismos que vivem dentro do trato digestivo dos animais herb‡voros. O
rˆmen e o ret‡culo s‚o os locais principais em que tais enzimas atuam no
ruminante, enquanto o ceco e o cŒlon dos monog„stricos fornecem um meio
adequado para esses organismos.

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2.2.2 - Prote‡na: s‚o macromol…culas complexas, coloidais e de alto
peso molecular, presentes em todas as c…lulas vivas, portanto, essencial • vida
do animal, com uma alta porcentagem de amino„cidos, sendo depois da „gua,
os compostos mais abundantes no corpo dos animais.

Esses compostos podem desempenhar diversas fun•ƒes no corpo


animal, sendo destacada a forma•‚o de tecidos, manuten•‚o e reparo,
secre•‚o de glandulares, anticorpos e equil‡brio acido-b„sico, fonte de energia,
entre outras.

2.2.3 - Lip‡deos: s‚o substŠncias oleosas, apolares ( n‚o se mistura com


„gua) sendo importantes fontes de energia nas dietas dos animais. S‚o
precursores de alguns hormŽnios produzidos pelo organismo animal e fazem
parte das membranas celulares. Quando inclu‡dos no concentrado fornecem
„cidos graxos essenciais (linol…ico, linol†nico, Žmega 3 e 6), melhoram no
paladar de ra•ƒes e concentrados, favorecem o processo de peletiza•‚o,
reduzem o desgaste de equipamentos, melhoram a digestibilidade geral dos
nutrientes, possibilitam um aumento na densidade energ…tica sendo sua
inclus‚o ideal para a formula•‚o de ra•ƒes de alta energia.

2.2.4 - Vitaminas: S‚o compostos orgŠnicos necess„rios „s c…lulas em


pequenas quantidades, normalmente necess„rios para que algumas rea•ƒes
ocorram. Assim como os minerais elas podem ser divididas em dois grupos, as
vitaminas lipossolˆveis e as hidrossolˆveis.

- As vitaminas lipossolˆveis compreendem nas vitaminas que s‚o


solubilizadas por lip‡deos, sendo representadas pelas vitaminas dos complexos
A, D, E e K.

- As vitaminas hidrossolˆveis compreendem nas vitaminas que se


solubilizam na „gua, sendo representadas pelas vitaminas pelas vitaminas do
complexo K e C.

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2.2.5 - Minerais: Os minerais fazem parte de outro grupo de nutrientes,
sendo tamb…m de fundamental importŠncia para o funcionamento e ocorr†ncia
correta das rea•ƒes ocorridas no organismo animal.

Os minerais formam um grande grupo sendo desta forma divididos em


dois grupos: os macrominerais e os microminerais.

2.2.5.1 - Os macrominerais podem ser conceituados como aqueles


minerais que s‚o necess„rios ao corpo em grandes quantidades, estando
normalmente associados • estrutura•‚o e ao equil‡brio osmŒtico do corpo.
Fazem parte deste grupo o Ca, P, Na, Cl, K, S e Mg.

Macrominerais em (g)

Ca – C„lcio Mg – Magn…sio

P – FŒsforo K – Pot„ssio

Na – SŒdio S - Enxofre

Cl – Cloro

- C„lcio: fundamental na forma•‚o correta dos ossos, contra•‚o


muscular, encontrado em grande quantidade no leite. A principal fonte de c„lcio
utilizado na formula•‚o de ra•ƒes e concentrados … o calc„rio calc‡tico.

- FŒsforo: Importante para a forma•‚o Œssea e transfer†ncia da energia


gerada no processo de metabolismo. A principal fonte deste mineral, utilizada
na formula•‚o de ra•ƒes e concentrados … o fosfato bic„lcico, que tamb…m
fornece c„lcio e disponibiliza todo o fŒsforo para ser utilizado pelo animal.
Outra fonte de fŒsforo muito utilizada … a farinha de carne e ossos, que tamb…m
… rica em prote‡na bruta

- SŒdio/Cloro/Pot„ssio: Importante para manuten•‚o do equil‡brio


osmŒtico entre os fluidos celulares. As principais fontes para os animais s‚o o
cloreto de sŒdio e cloreto de pot„ssio

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- Enxofre: Faz parte da estrutura de algumas prote‡nas, sendo
importante para a forma•‚o das cartilagens. Os alimentos tradicionais j„
cont†m quantidade suficientes para suprir as necessidades dos animais.

- Magn…sio: Importante para a forma•‚o Œssea, sendo o sulfato de


magn…sio a principal fonte para suprir as necessidades dos animais.

2.2.5.2 - Os microminerais podem ser conceituados como aqueles


minerais que s‚o necess„rios em pequenas quantidades para animal, n‚o
sendo menos importantes que os macrominerais. Fazem parte deste grupo,
Co, Cu, Fe, I, Mn, Se, e Zn.

Microminerais em (mg)

Co – Cobalto Mn – Mangan†s

Cu – Cobre Se – Sel†nio

Fe – Ferro Zn – Zinco

I – Iodo

- Cobalto: O cobalto … requerido pelos microorganismos do rˆmen para a


s‡ntese da vitamina B12 (cianocobalamina), sendo uma mol…cula orgŠnica
muito complexa, cujo nˆcleo ativo … o „tomo de cobalto (estrutura semelhante
• hemoglobina), e requerida para funcionamento de v„rios sistemas
enzim„ticos na utiliza•‚o de energia.

- Cobre: Este mineral desempenha fun•‚o importante para o


metabolismo celular, sendo a principal fonte o sulfato de cobre.

- Ferro: • fundamental no transporte de oxig†nio, uma vez que se


encontra presente na estrutura da hemoglobina presente no sangue. A principal
fonte deste mineral, utilizada na formula•‚o de ra•ƒes e concentrados … o
sulfato ferroso.

- Mangan†s: Necess„rio para o desenvolvimento Œsseo, al…m de agir


como ativador de algumas enzimas, sendo a principal fun•‚o o sulfato de
mangan†s.

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- Iodo: Importante para a forma•‚o de hormŽnios reguladores do
metabolismo. As principais fontes s‚o o iodeto de pot„ssio e iodato de
pot„ssio.

- Sel†nio: Este mineral … muito importante para a c…lula, servindo de


prote•‚o a c…lula, al…m de agir como antioxidante, sua principal fonte para os
animais … o selenito de sŒdio.

- Zinco: Mineral importante no metabolismo celular, processo de


multiplica•‚o celular e como cofator na forma•‚o da casca do ovo, sendo a
principal fonte o sulfato de zinco.

Figura 1 – Composi•‚o dos Alimentos

2.2.6 - •gua: Este nutriente algumas vezes … esquecido, na classifica•‚o


de nutrientes, por…m … de fundamental importŠncia a vida de todos os seres
vivos. Considerada como solvente universal est„ presente em todas as rea•ƒes
qu‡micas que ocorrem no organismo, uma vez que todas as substŠncias est‚o
solubilizadas nela.

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Para que se tenha ideia de sua importŠncia, a mesma al…m de garantir o
meio aquoso necess„rio para ocorr†ncia das rea•ƒes qu‡micas, participa do
processo de termorregula•‚o (controle da temperatura, pois recebe grande
quantidade de calor e n‚o deixa a temperatura do corpo aumentar), participa
do controle „cido-b„sico do organismo (controle do pH celular), … essencial
para a excre•‚o de res‡duos, transporte de substŠncias e nutrientes no interior
do organismo.

A „gua deve ser fornecida limpa, fresca e a vontade (ad libidum) aos
animais, sendo esta de qualidade conhecida sempre a uma temperatura
agrad„vel, a fim de desempenhar suas fun•ƒes no organismo animal.

2.3 - Aditivos

S‚o substancias que entram em pequenas quantidades nas ra•ƒes e


s‚o compostos por antibiŒticos, corantes, anabolizantes, hormŽnios,
antioxidantes, fungicidas, palatabilizantes, leveduras, tampƒes e enzimas
fibrol‡ticas. Estas substancias s‚o inseridas na ra•‚o com o objetivo de
melhorar alguma caracter‡sticas do alimento para melhorar sua utiliza•‚o pelo
animal.

2.4 – Concentrado

Este termo … indicado para indicar suplementos especialmente


preparados, neste sentido, indica uma alta concentra•‚o de nutrientes que
normalmente … preparado para suprir ou complementar a alimenta•‚o do
animal.

2.5 – Ra•‚o

• a quantidade total de alimento fornecido e consumido pelo animal num


per‡odo de 24 horas.

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2.6 - Ra•‚o

Balanceada: Mistura de alimentos que tem como objetivo fornecer todos


os nutrientes exigidos pelo animal num per‡odo de 24 horas.

2.7 – Dieta

Relacionada aos componentes de uma ra•‚o, ou seja, … o ingrediente


aliment‡cio ou mistura de ingredientes (incluindo „gua), a qual … ingerida pelos
animais.

2.8 – Nutri•‚o

Associa•‚o de processos qu‡micos, f‡sicos e biolŒgicos, na qual o animal


assimila o alimento, forma e recupera tecidos.

2.9 - Exig„ncia Nutricional

Quantidade de nutrientes requerida por determinada esp…cie e categoria


de animal para manuten•‚o (manten•a), produ•‚o e reprodu•‚o eficientes.

2.10 - Defici„ncia Nutricional

N‚o atendimento das exig†ncias nutricionais Inexist†ncia ou


insufici†ncia de um nutriente essencial.

2.11 - Car„ncia

Quadro sintom„tico apresentado pelo animal, decorrente da defici†ncia


nutricional.

2.12 - Convers‚o Alimentar (C.A.)

Convers‚o de um alimento em uma unidade de produto animal.

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C.A. = Consumo de Alimento (kg) / Unidade de Produto Animal

2.13 - Efici„ncia Alimentar (E.A.)

Quantidade do produto animal obtido em fun•‚o de uma quantidade


unit„ria de alimento.

E.A. = Ganho de Peso (kg) / Consumo de Alimento (kg)*100

2.14 - Mat…ria Seca

• a por•‚o que permanece no alimento quando toda a „gua … removida


(alimento livre de umidade).

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3 – Classifica•‚o dos Alimentos

Os alimentos s‚o classificados de acordo com os conteˆdos de fibra e


de outros nutrientes.

3.1 - ALIMENTOS VOLUMOSOS

S‚o os que cont†m mais de 18% de fibra bruta (FB) na mat…ria seca e
englobam forrageiras secas e grosseiras (fenos e palhas), pastagens
cultivadas, pastos nativos, forrageiras verdes e silagens.

Esses alimentos possuem baixa concentra•‚o de energia, sendo


necess„ria a fermenta•‚o do mesmo para que possa gerar energia, logo, s‚o
alimentos muito usados para ruminantes, equinos e coelhos.

DICA : Volumoso tem que ter boa qualidade. Quanto pior o


volumoso, maior a necessidade de suplementa•‚o para um mesmo
desempenho produtivo e reprodutivo dos animais

3.2 - ALIMENTOS CONCENTRADOS

S‚o os que possuem menos de 18% de fibra bruta (FB) e podem ser
divididos em dois grandes grupos:

3.2.1 - Concentrados Energ…ticos: cont†m menos de 20% de prote‡na


bruta (PB). Tendo como exemplo o milho, sorgo, trigo, aveia, cevada, frutas,
nozes e algumas ra‡zes e “Palma”

3.2.2 - Concentrados Prot…icos: cont†m mais de 20% de PB. Tendo


como exemplo os farelos de soja, de amendoim, de girassol, de algod‚o, glˆten
de milho e alguns subprodutos de origem animal, tais como a farinha de peixe,
de carne e de sangue.

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Figura 2 – Classifica•‚o dos Alimentos

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4 - Principais Alimentos utilizados na
Formula•‚o de Ra•†es e Concentrados

No Brasil existem v„rios alimentos que s‚o utilizados para a formula•‚o


de ra•‚o. Os dois alimentos mais utilizados s‚o milho e soja, mas existem
v„rias outras op•ƒes que podem ser misturadas para suprir as necessidades
dos animais.

Devido a poss‡veis varia•ƒes em sua composi•‚o, os alimentos antes de


serem utilizados nas formula•ƒes das ra•ƒes, deveriam ser encaminhados ao
laboratŒrio para analise de sua composi•‚o. O conhecimento da composi•‚o e
do valor energ…tico dos alimentos … de fundamental importŠncia nutricional e
econŽmica para a formula•‚o de ra•ƒes.

• necess„rio, portanto, que se avalie cada um dos alimentos dispon‡veis


para a alimenta•‚o animal, para que seja estabelecido um banco de dados que
ir„ auxiliar o nutricionista na formula•‚o de ra•ƒes para as diferentes esp…cies
animais. Para a avalia•‚o dos alimentos deve ser seguido um protocolo
experimental. Primeiro, o alimento deve ser encaminhado ao laboratŒrio para
an„lises qu‡micas e de controle de qualidade. Posteriormente, deve ser feita a
determina•‚o dos valores de energia digest‡veis ou metaboliz„vel em ensaios
de digestibilidade para as diferentes esp…cies de animais.

O surgimento de novos cultivares, a influ†ncia do clima regional onde


determinado alimento foi cultivado, a evolu•‚o gen…tica dos prŒprios animais,
entre outros fatores, faz com que a determina•‚o do valor nutricional dos
alimentos seja um processo cont‡nuo. Tal processo … fundamental para a
atualiza•‚o das Tabelas de Composi•‚o de Alimentos que s‚o ferramentas
importantes para o nutricionista a fim de que possa formular as ra•ƒes, visando
otimizar o desempenho dos animais e minimizar o custo de produ•‚o.

4.1 - Composi•‚o dos Alimentos

Como dito anteriormente, o alimento antes de ser utilizado nas

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formula•ƒes das ra•ƒes, deve ser encaminhado ao laboratŒrio para realizar as
an„lises de sua composi•‚o qu‡mica, bromatolŒgica, determina•‚o de mat…ria
seca (MS), prote‡na bruta (PB), amino„cidos, extrato et…reo (EE), fibra bruta
(FB), cinzas, minerais e energia bruta (EB). Deve-se tamb…m realizar o controle
de qualidade do alimento, por exemplo, verificar a presen•a de fatores
antinutricionais e qualidade da prote‡na por meio de testes in Vitro e an„lises
laboratoriais.

Os m…todos anal‡ticos utilizados para determinar o conteˆdo de


nutrientes dos alimentos podem ser obtidos nas publica•ƒes t…cnicas da
Association of Official Analytical Chemist – AOAC – (1990), de Silva e Queiroz
(2003), ou do Comp†ndio Brasileiro de Alimenta•‚o Animal (2005), publicado
pelo Sindira•ƒes. Como exemplo … mostrado, na Tabela 1, a composi•‚o do
milho, do sorgo de baixo tanino e do farelo de soja.

Devem ser realizadas, ainda, an„lises para verificar a presen•a ou n‚o


de fatores antinutricionais, como exemplo, o conteˆdo de tanino do sorgo, a
atividade de ur…ase e a solubilidade da prote‡na em KOH do farelo de soja. Por
fim, deve-se observar a granulometria dos ingredientes e classific„-la de
acordo com o protocolo do Minist…rio da Agricultura.

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4.2 – Alimentos mais comuns utilizados na Fabrica•‚o de Ra•‚o
para Animais

1) Milho: … o cereal mais importante no Brasil, al…m de ser o de maior


volume produzido … tamb…m uma Œtima fonte de energia. Sua prote‡na
bruta est„ ao redor de 8,26%, porem … pobre em lisina e triptofano, que
s‚o amino„cidos essenciais (aas). Possui baixo conteˆdo de C„lcio e
fŒsforo. O milho amarelo cont…m caroteno e xantofilas, que s‚o
importantes para as ra•ƒes d frangos e galinhas poedeiras. O caroteno …
convertido em vitamina A e a xantofila … respons„vel pela pigmenta•‚o
da gema do ovo e da pele do frango.

2) Sorgo: … um cereal mais resistente que o milho „ seca. Possui valor


nutritivo semelhante ao milho, sendo que a principal diferen•a est„ no
teor de xantofilas, praticamente inexistente no sorgo e no n‡vel de
energia, que tamb…m … pouco mais baixo.
OBS: quando usamos o sorgo para substituir o milho devemos adicionar
„ ra•‚o algum agente pigmentante para suprir a defici†ncia de
xantofilas, para possibilitar uma adequada pigmenta•‚o da pele e da
gema do ovo.

3) Farelo de soja: suplemento prot…ico de origem vegetal usado em


maiores quantidades para aves no Brasil. O gr‚o de soja tem cerca de
45,26% de PB, %18 de Œleo, que … extra‡do por meio de solventes.
Caracteriza-se por apresentar a melhor qualidade de prote‡na de origem
vegetal para aves, com alto teor de lisina e Œtimo balanceamento de aas
essenciais.

4) Farelo de amendoim: suplemento prot…ico de origem vegetal, contendo


47% de PB, por…m seu conteˆdo em lisina e metionina … bem inferior ao
farelo de soja. Pode ser usado para aves em crescimento ou em
postura. A limita•‚o do seu uso … em rela•‚o a aflatoxina que est„
presente em quase todos os farelos d amendoim. Essa toxina …

20
produzida pelo Aspergillus flavus que se desenvolve entre a casca e a
semente do amendoim.

5) Farelo de algod‚o: subproduto da extra•‚o do Œleo da semente do


algod‚o. Possui uma substŠncia denominada gossipol que pode retardar
o crescimento nas aves. Na ra•‚o de poedeiras o gossipol determina a
descolora•‚o da gema do ovo, apŒs um per‡odo de armazenamento,
bem como gemas com manchas verdes ou totalmente verdes, em
reprodutores o gossipol, interfere no processo de espermatog†nese,
diminuindo a fertilidade dos machos.

6) Torta de algod‚o: … o produto obtido do caro•o do algod‚o apŒs


extra•‚o parcial do seu Œleo por processo de prensagem mecŠnica.

7) Farelo de trigo: subproduto da moagem do trigo para obten•‚o da


farinha para consumo humano, sendo produzido em larga escala no
Brasil, sendo por isso economicamente vi„vel. Apresenta Œtima
palatabilidade para aves.

8) Milho desintegrado palha e sabugo (MDPS): … obtido pela moagem


das espigas do milho. Seu emprego se restringe quase que
exclusivamente em vacas de leiteiras, bovinos de corte, carneiros e
cavalos.

9) Glutenose: … o res‡duo seco do milho apŒs a remo•‚o da maior parte


do amido e do g…rmen e a separa•‚o do farelo pelo processo
empregado na fabrica•‚o do amido e do xarope de milho, pela via
ˆmida.

10)Protenose: … a parte da membrana externa do gr‚o de milho que fica


apŒs a extra•‚o da maior parte do amido, do glˆtem e do g…rmen do
milho. Pode conter extrativos fermentados do milho. • um ingrediente
que confere um paladar levemente „cido „ ra•‚o.

21
11)Farelo de arroz integral: … proveniente do beneficiamento do arroz para
o consumo humano, sendo constitu‡do pelos tegumentos que envolvem
o gr‚o que s‚o removidos no processo de beneficiamento. • de grande3
importŠncia na alimenta•‚o animal quando … estabilizado com
antioxidantes, devido ao alto teor de gorduras. A composi•‚o nutritiva
varia em fun•‚o da maior ou menor quantidade de cascas.

12)Farelo de arroz desengordurado: … origin„rio do farelo de arroz


integral que teve extra‡do de sua composi•‚o o Œleo. O inconveniente …
sua textura muito fina.

13)Mela•o de cana: subproduto obtido da extra•‚o do a•ˆcar de cana que


possui pequena propor•‚o de sacarose e grande propor•‚o de outros
a•ˆcares, al…m da elevada quantidade de vitaminas e sais minerais,
contudo possui pouca prote‡na. Subproduto bastante agrad„vel ao
paladar dos animais, principalmente vacas leiteiras, bovinos de corte,
carneiros, cavalos e su‡nos. Pode reduzir o custo das ra•ƒes como
substituto de parte do milho.

14)Caldo de cana de a•‡car: l‡quido proveniente da moagem da cana


(garapa), possui alto rendimento (600 lts/ton). Deve-se fornecer uma
suplementa•‚o de 70% a mais de premix mineral vitam‡nico para
compensar o menor consumo de ra•‚o/ animal/ dia. O uso do caldo de
cana pode proporcionar uma redu•‚o de at… 50% do total de milho
consumido pelos animais na fase de termina•‚o, em su‡nos

Cuidados a serem tomados, nos fornecimentos para leit†es:


 Fornecer para animais acima de 22Kg de peso vivo (PV);
 Fazer adapta•‚o nos animais a fim de prevenir diarreias;
 Os animais podem consumir de 6 a 8 lts/dia;
 Fazer a limpeza dos comedouros no final do dia, para evitar que o
res‡duo fermente;

22
 Estocar a cana por um per‡odo m„ximo de 3-4 dias apŒs a
colheita e armazena-la • sombra.

15)Farelo de girassol: … um subproduto da extra•‚o do Œleo e apresenta


um Œtimo potencial para a substitui•‚o parcial do farelo de soja nas
dietas para su‡nos. Possui elevados teores de PB e aas, por…m
apresenta baixos teores de lisina e altos teores de fibra.

16)Calc€rio calcˆtico: … o carbonato de c„lcio desidratado e mo‡do. Possui


em torno de 36,5% de c„lcio.

17)Fosfato bic€lcico: … fonte de fŒsforo e c„lcio, contendo 18% de P e


23,3% de Ca.

18)Farelo de cacau: subproduto resultante do processamento das


sementes de cacau, para obten•‚o da manteiga de cacau e do
chocolate para o consumo humano.

19)Farinha de penas e vˆsceras (FPV): … o produto resultante da coc•‚o,


sob press‚o, de penas limpas e n‚o decompostas, bem como v‡sceras
de aves abatidas. • permitida a participa•‚o de carca•as, desde que a
sua inclus‚o n‚o altere significativamente a composi•‚o estipulada.

20)Farinha de penas hidrolisadas (FP): … o produto resultante da coc•‚o,


sob press‚o, de penas limpas e n‚o decompostas, obtidas no abate de
aves.

21) Farinha de vˆsceras (FV): … o produto resultante da coc•‚o de v‡sceras


de aves, sendo permitida a inclus‚o de cabe•as e p…s. N‚o deve conter
penas e, res‡duos de incubatŒrios e outras mat…rias estranhas • sua
composi•‚o. N‚o deve apresentar contamina•‚o com casca de ovo. Na
defini•‚o da Farmland (2001) na farinha de v‡sceras … permitida a
inclus‚o de todas a partes resultantes do abate, inclusive ovos n‚o
desenvolvidos, mas n‚o … permitida a inclus‚o de penas, cuja inclus‚o

23
caracteriza adultera•‚o. A prote‡na varia de 55 a 65 % e sua cor …
dourada a marrom, com densidade de 545 a 593 kg/m3.

22)Farinha de carne e ossos (FCO): … produzida em graxarias e


frigor‡ficos a partir de ossos e tecidos animais, apŒs a desossa completa
da carca•a de bovinos e/ou su‡nos. N‚o deve conter cascos, chifres,
p†los, conteˆdo estomacal, sangue e outras mat…rias estranhas.
Nos EUA a defini•‚o da FCO implica em ter no m‡nimo 4 % de fŒsforo, o
c„lcio n‚o deve exceder a 2,2 vezes o seu n‡vel e a prote‡na deve ter
solubilidade em pepsina superior a 86%.
A composi•‚o do material bruto ter„ significante efeito na qualidade do
produto obtido sendo que a gordura protege a lisina no processamento
da FCO. O sobreaquecimento influencia na palatabilidade e qualidade
da FCO e cuidados especiais devem ser tomados para eliminar os
microrganismos prevenindo a contamina•‚o da FCO apŒs o
processamento. Sua cor … de dourada a marron com densidade de 657
a 689 kg/m3.

23)Farinha de carne (FC): … o produto oriundo do processamento industrial


de tecidos animais. S‚o especificados 5 tipos de FC com base na PB
(35, 40, 45, 50 e 55% de PB).
A farinha de carne … obtida semelhante a FCO, mas o n‡vel de fŒsforo
n‚o ser„ superior a 4%.

24)Farinha de ossos (FO): … o produto obtido apŒs a moagem e


calcina•‚o de ossos.

25)Farinha de ossos autoclavada (FOA): … o produto seco e mo‡do,


obtido de ossos n‚o decompostos e submetidos a tratamento t…rmico
em autoclave.

26)Farinha de sangue (FS): … o produto resultante do processo de


cozimento e secagem do sangue fresco. A farinha de sangue
convencional … produzida de sangue fresco, sem cerdas urina e

24
conteˆdo digestivo, exceto em quantidades que podem ser admitidas
nas boas praticas de processamento. A umidade … removida no
cozimento convencional. O produto obtido … vermelho escuro tendendo
a preto, insolˆvel em „gua. O m…todo de secagem do sangue …
provavelmente o fator que mais contribui para a qualidade.
Temperaturas mantidas altas formam complexos com a lisina que …
indispon‡vel aos animais. • um produto que apresenta problemas de
palatabilidade se usado em grandes quantidades. Sua densidade … de
609 kg/m3.
A farinha de sangue “flash dried” … obtida do sangue cuja a parte
liquida foi removida por condensa•‚o e a parte semi-sŒlida transferida
para um secador r„pido para remover a umidade restante. As
caracter‡sticas s‚o semelhantes a farinha convencional, por…m a cor …
de marrom para vermelho escuro.
A farinha de sangue “Spray dried” … aquela cuja a umidade foi
removida pelo equipamento produzindo uma farinha vermelho
amarronzado. • um produto muito higroscŒpico e solˆvel em „gua.

27)Plasma (P): … o produto resultante da centrifuga•‚o e posterior secagem


do plasma sangu‡neo sem as hem„cias.

28)C…lulas vermelhas do sangue (CVS): … o produto resultante da


coagula•‚o e centrifuga•‚o para remo•‚o do plasma sangu‡neo e
posterior secagem das hem„cias coaguladas e mo‡do finamente.

29)Farinha integral de peixe FIP): … o produto seco e mo‡do, obtido de


peixes inteiros de v„rias esp…cies, com ou sem extra•‚o de Œleo.

30)Farinha residual de peixe (FP): … o produto seco mo‡do, obtido pela


coc•‚o de cortes de peixes, com ou sem extra•‚o de Œleo.

31)Gordura suˆna (banha), gordura bovina (sebo) e ‰leo de aves (Šleo):


s‚o os produtos resultantes de tecidos animais obtidos nos processos

25
de extra•‚o de gorduras por via mecŠnica (prensagem) e(ou) por
solvente, filtrados ou n‚o.

32)Lisina- HCl: Tamb…m chamada de L-lisina 78% HCl, … um amino„cido


sint…tico produzido pela fermenta•‚o com fungos, com posterior
separa•‚o. Os produtos que se encontram no mercado possuem, em
m…dia, 78% de lisina em sua composi•‚o. Esse amino„cido sint…tico
tem grande importŠncia na nutri•‚o animal no que diz respeito „
formula•‚o d dietas.

33)DL-Metionina: … o amino„cido sint…tico produzido por processo


fermentativo, com posterior separa•‚o. Pode der usado tanto na forma
l‡quida quanto na forma sŒlida. Assim como a lisina HCl, tem um pre•o
elevado, se comparado aos demais ingredientes, devendo ser
adicionada somente quantidades necess„rias para adequa•‚o dos
n‡veis nutricionais. Os produtos dispon‡veis no mercado possuem, em
m…dia, 98% de Metionina em sua composi•‚o.

ObservaÄÅo: os amino„cidos sint…ticos n‚o s‚o utilizados em dietas


para ruminantes, por serem degradados pela flora microbiana.

34)Premix vitamˆnico mineral: fonte microminerais e vitaminas que deve


ser adicionada „ ra•‚o de acordo com a recomenda•‚o do fabricante.
Pode conter tamb…m alguns aditivos, como promotores de crescimento,
colina, aditivo coccidiot„tico, antioxidantes al…m de algum amino„cido. O
premix facilita muito o funcionamento de uma f„brica de ra•‚o, pois a
compra e conserva•‚o de vitaminas e minerais … de dif‡cil execu•‚o.

35)N‡cleo: fonte de microminerais, macrominerais, amino„cidos, vitaminas,


prote‡nas e aditivos, podendo faltar somente a inclus‚o de milho ou a
inclus‚o de milho e farelo de soja. Esse material facilita muito a
fabrica•‚o da ra•‚o em uma pequena propriedade, j„ que o produtor sŒ
necessitar„ adquirir poucos ingredientes para a mistura.

26
36)Ureia: … riqu‡ssima em nitrog†nio (N), devendo ser utilizada para
animais ruminantes em n‡veis adequados como, por exemplo, 1,0% do
conteˆdo total da MS da dieta. Na verdade fornecemos esse N para que
a flora microbiana o transforme em prote‡na microbiana, que ser„
digerida e aproveitada pelo animal. A ureia n‚o pode ser fornecida para
equinos ou outros animais n‚o ruminantes, pois nesses a cŠmera
fermentativa se encontra apŒs o estŽmago e, nesse caso, a ureia seria
absorvida, podendo provocar intoxica•‚o no animal. Em ruminantes que
apresentarem sinais de intoxica•‚o por ureia, pode ser administrada
solu•‚o de „cido ac…tico (vinagre), dilu‡da, via oral.

27
5 – Formula•‚o de Ra•‚o

Formular uma ra•‚o nada mais … do que misturar os alimentos em


propor•ƒes diferentes de forma que a mistura possa suprir as necessidades
nutricionais dos animais. O desafio … escolher os alimentos e encontrar qual
deve ser a propor•‚o de cada alimento a ser inclu‡da na mistura.

5.1 - Breve Hist‰rico sobre a Formula•‚o de Ra•†es

Segundo Cullison (1975), os primeiros trabalhos realizados com o


balanceamento de ra•ƒes datam do s…culo XIX, quando, na Alemanha, Thaer
voltou suas aten•ƒes para dar um tratamento cient‡fico na alimenta•‚o de
rebanhos e publicou a primeira tabela conhecida como Equivalentes Feno, em
1810.

Na d…cada de 40, nos Estados Unidos, o Nationaln Research Council


(NRC) da National Academy of Sciences (NAS), iniciou uma s…rie de
publica•ƒes sobre as exig†ncias nutricionais de v„rias esp…cies animais. Em
1959, essas entidades publicaram um conjunto abrangente de tabelas
contendo a composi•‚o de alimentos. Periodicamente, essas publica•ƒes tem
sido revisadas e atualizadas, servindo de base para nutricionistas da „rea
definirem as exig†ncias nutricionais e a composi•‚o de alimentos.

No Brasil, a Universidade Federal de Vi•osa iniciou, em 1974, uma s…rie


de trabalhos de pesquisa com o objetivo de construir uma tabela de
composi•‚o de alimentos e exig†ncias nutricionais com dados obtidos no pa‡s.
Em 1983, foi publicado a primeira Tabela Brasileira de Composi•‚o de
Alimentos e Exig†ncias Nutricionais. A cont‡nua realiza•‚o de pesquisas
permitiu a publica•‚o, no ano 2000, da primeira Edi•‚o das Tabelas brasileiras
para Aves e Su‡nos (Rostagno et al., 2000), que teve a segunda edi•‚o no ano
de 2005 e tamb…m a publica•‚o da Tabela Brasileira de Composi•‚o de
Alimentos para Bovinos em 2000 (Cappelle et al., 2000)

28
5.2 - Procedimentos para a Formula•‚o de Ra•†es

A formula•‚o de ra•ƒes exige algumas diretrizes para que o processo


seja realizado da maneira mais eficiente poss‡vel. A seguir, s‚o apresentados
os procedimentos recomendados por Silvestre e Rostangno (1983) para
formular ra•ƒes.

5.2.1 Caracteriza•‚o dos Animais

As exig†ncias nutricionais s‚o definidas a partir das caracter‡sticas dos


animais e podem variar com aptid‚o e a fase de vida dos mesmos (Tabela 2)

No caso das Aves, leva-se em considera•‚o a aptid‚o do animal, corte


ou postura. Frangos de Corte, normalmente, t†m suas exig†ncias definidas
conforme as fases inicial de 1 a 21 dias e de crescimento de 22 a 42 dias. Com
rela•‚o „s aves de postura, deve-se considerar a linhagem, leves ou pesadas,
com suas respectivas exig†ncias subdivididas em fases, inicial, cria, recria e
postura. Outros fatores, como o sexo e estado sanit„rio do animal tamb…m
podem ser levados em conta.

J„ para bovinos consideramos se o animal … para a produ•‚o de carne


ou de leite, a idade, o sexo, a ra•a, e v„rias outras caracter‡sticas. • de
fundamental importŠncia uma boa caracteriza•‚o do animal para que
possamos atender •s suas necessidades.

5.2.2 - Defini•‚o das Exig†ncias dos Animais

As exig†ncias dos animais s‚o encontradas em Tabelas, como as do

29
National Research Council (NRC), que s‚o mundialmente conhecidas. No
Brasil, as Tabelas Brasileiras para Aves e Su‡nos, publicados pela
Universidade Federal de Vi•osa a partir de dados obtidos em pesquisas
realizadas no pa‡s, t†m sido a vers‚o mais consultada pelos t…cnicos.

De maneira geral, as exig†ncias s‚o apresentadas de duas formas: em


termos absolutos, isto …, em quantidades exigidas de cada nutriente por dia,
por exemplo, 14,9g/dia de c„lcio; ou em termos relativos, isto …, quantidades de
nutrientes expressa em porcentagem de dieta. Exemplo: dieta contendo 0,71%
de c„lcio.

5.2.3 - Escolha e Composi•‚o dos Alimentos

Os alimentos e ingredientes devem ser escolhidos e combinados de tal


maneira que permitam uma formula•‚o de ra•‚o que seja nutricionalmente
equilibrada, palat„vel e econŽmica.

A composi•‚o dos alimentos tamb…m pode ser encontrada nas mesmas


tabelas que cont†m as exig†ncias, bem como em trabalhos cient‡ficos da „rea
de nutri•‚o e tabelas espec‡ficas, como a Tabela de composi•‚o qu‡mica e
valores energ…ticos de alimentos para su‡nos e aves, publicada pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecu„ria (EMBRAPA), no ano de 1991 e na Tabela
Brasileira de Composi•‚o de Alimentos para Bovinos (Cappelle et al., 2000).

Os alimentos utilizados nas formula•ƒes de ra•ƒes para animais s‚o


divididos em dois grandes grupos, os alimentos prot…icos e energ…ticos, sendo
a alimenta•‚o desses animais, no pa‡s, „ base de farelo de soja e milho. O
conhecimento das informa•ƒes nutricionais … importante n‚o sŒ para a
combina•‚o racional dos diferentes ingredientes da ra•‚o, mas tamb…m para
eventuais substitui•ƒes dentro dos dois grupos. Al…m disso, os poss‡veis
fatores antinutricionais dos alimentos devem ser conhecidos, obedecendo a
n‡veis m„ximos de inclus‚o para os diferentes est„gios de vida do animal.

De forma sucinta, os seguintes passos devem ser realizados para o


balanceamento de ra•ƒes:

30
 Caracterizar os animais de acordo com o est„gio de desenvolvimento,
sexo, linhagem, dentre outros;
 Verificar as exig†ncias de todos os nutrientes dos animais de acordo
com a caracteriza•‚o mencionada no item anterior;
 Levantar e quantificar os alimentos dispon‡veis para o programa
alimentar. Nesse momento … oportuno relacionar o pre•o dos diferentes
alimentos, ou seja, realizar uma an„lise econŽmica dos alimentos
dispon‡veis na regi‚o;
 Relacionar a composi•‚o qu‡mica e o valor nutritivo dos alimentos a
serem utilizados, considerando-se todos os nutrientes de interesse;
 Proceder ao balanceamento da ra•‚o para a prote‡na bruta e energia;
 Ajustar a ra•‚o para outros nutrientes, tais como amino„cidos
essenciais, c„lcio, fŒsforo, pot„ssio e sŒdio;
 Depois de conclu‡do o c„lculo da ra•‚o, verificar se todas as exig†ncias
foram atendidas.

5.3 - M…todos para Formula•‚o de Ra•†es

Na „rea de alimenta•‚o animal, um, dos aspectos de maior importŠncia


… a formula•‚o de ra•ƒes. Neste ponto vamos apresentar e discorrer sobre
alguns m…todos para dar suporte aos nutricionistas e pesquisadores nessa
formula•‚o. Com o intuito de facilitar o entendimento dos diferentes m…todos,
ser‚o descritos com exemplos pr„ticos. Vale ressaltar que os m…todos para o
balanceamento de ra•ƒes podem ser aplicados na alimenta•‚o de todas as
esp…cies animais, respeitando cada uma de suas peculiaridades.

5.3.1 M…todo da tentativa

Neste m…todo, nenhum procedimento matem„tico … utilizado para a


formula•‚o da ra•‚o. O c„lculo … feito por meio de tentativa, aumentando ou
diminuindo as quantidades dos alimentos at… que as exig†ncias do animal
sejam atendidas. Inicialmente, formulam-se mentalmente as propor•ƒes dos
diversos alimentos para compor a ra•‚o final. A seguir, s‚o feitos os c„lculos

31
dos teores de prote‡na e energia desta ra•‚o. • muito prov„vel que esses
valores n‚o coincidam com as exig†ncias nutricionais do animal apresentadas
nas tabelas. Assim, aproxima•ƒes adicionais devem ser realizadas at… que a
composi•‚o desejada seja alcan•ada. Esse m…todo exige do t…cnico uma
experi†ncia pr„tica, caso contr„rio, ele poder„ se tornar muito trabalhoso.
Como por exemplo, na Tabela 3 s‚o apresentadas as exig†ncias nutricionais
dos animais e, na Tabela 4, os alimentos dispon‡veis e respectivas
composi•ƒes.

Baseando-se nas exig†ncias dos frangos e na composi•‚o dos


alimentos, calcula-se a ra•‚o por tentativas, isto …, ajustando-se as
quantidades dos alimentos at… que as exig†ncias sejam atendidas. A dieta
balanceada pelo m…todo das tentativas, apŒs os ajustes, … mostrada na Tabela
5. O fŒsforo dispon‡vel continua deficiente, sendo necess„ria uma nova
tentativa para atender a exig†ncia de todos os nutrientes escolhidos. Nesse
caso, ser‡a recomend„vel aumentar o fosfato bic„lcico para atender o fŒsforo e
reduzir o milho (alimento energ…tico), pois a energia metaboliz„vel ultrapassou
a exig†ncia.

32
5.3.2 Quadrado de Pearson

• um m…todo simples e o mais f„cil para balancear uma ra•‚o. Leva-se


em considera•‚o o valor relativo (percentual) de um determinado nutriente,
normalmente a prote‡na. Nesse m…todo, podem ser utilizados dois alimentos ou
grupos de alimentos previamente misturados.

Passos a serem seguidos para o uso do Quadrado de Pearson:

 Desenhar um quadrado e colocar a porcentagem desejada do nutriente


no centro do quadrado;
 Colocar conteˆdo de nutrientes (prote‡na) em porcentagem de cada
alimento nos Šngulos esquerdos do quadrado;
 A base de refer†ncia (mat…ria seca ou mat…ria natural) deve ser a
mesma para a exig†ncia e o teor de nutrientes nos alimentos;
 Subtrair diagonalmente no quadrado os menores nˆmeros dos maiores e
colocar os resultados nos Šngulos direitos do quadrado;
 • necess„rio que o nˆmero do centro do quadrado esteja entre os
valores dos nˆmeros dos Šngulos esquerdos;
 As quantidades de cada alimento devem ser expressas em porcentagem
do total

Como exemplo do uso do Quadrado de Pearson, os seguintes c„lculos s‚o


apresentados:

33
a) C„lculo com dois alimentos

Balanceamento de uma ra•‚o para su‡nos de m…dio potencial gen…tico na


fase de crescimento. Na Tabela 6 est‚o apresentadas as exig†ncias dos
animais e, na Tabela 7, s‚o apresentados os alimentos dispon‡veis e
respectivas composi•ƒes.

Foi considerado nesse exemplo, um espa•o de 5% como margem de


seguran•a para que nele sejam inclu‡das as fontes minerais, vitam‡nicas e
aditivos. Dessa forma, a prote‡na deve ser corrigida, valendo-se de uma regra
de tr†s invertida, para que se possa iniciar a aplica•‚o do Quadrado de
Pearson.

Exemplo: Exig†ncia = 15,43% de Prote‡na Bruta

Espa•o = 5%

34
Corre•‚o do n‡vel de PB para 95%:

15,43% PB -------- 95% (fator de corre•‚o)

X = 16,24% -------- 100%

Aplicando-se o Quadrado, tem-se:

PB da Soja 45,32 7,98

- 16,24% +

PB do Milho 8,26 29,08

[37,06] [37,06]

Para determinar a quantidade de cada alimento, adota-se o seguinte


procedimento:

29,08/ 37,06 * 95 (fator de corre•‚o) – 74,54% de inclus‚o de milho;

7,98/ 37,06 * 95 (fator de corre•‚o) = 20,46% de inclus‚o de farelo d soja.

O prŒximo passo ser„ calcular as quantidades de c„lcio, fŒsforo e


energia metaboliz„vel e amino„cidos, fornecidas pelos dois ingredientes (milho
e farelo de soja), para determinar quanto deve ser adicionado dos outros
ingredientes.

A seguir, s‚o feitas as suplementa•ƒes com os ingredientes dispon‡veis,


neste caso fosfato bic„lcico, calc„rio, Œleo de soja, L-lisina, HCl, DL-Metionina
e L-Treonina, tendo em vista a corre•‚o das defici†ncias dos nutrientes.

35
F‰sforo (exig†ncia – 0,459%):

Milho: 0,24% de P

74,54% * 0,24/ 100 =0,179%

Farelo de Soja: 0,53% de P

20,46% * 0,53/100 = 0,108%

Total fornecido pela mistura: 0,287%

D…ficit de acordo com a exig†ncia do animal: 0,459 – 0,287 = 0,17% de P

FŒsforo- Suplementa•‚o com fosfato Bic„lcico:

D…ficit 0,17%

Fosfato Bic„lcico: 24,5% de C„lcio e 18,5% de FŒsforo.

Para a corre•‚o, deve-se adicionar, 0,92% de Fosfato Bic„lcico.

C€lcio (Exig†ncia 0,551%):

Milho: 0,03% de Ca

74,54% * 0,03/ 100 =0,022%

Farelo de Soja: 0,24% de Ca

20,46% * 0,24/100 = 0,049%

Fosfato Bic„lcico: 24,5% de Calcio

0,92% * 24,5/ 100 = 0,225%

36
Total fornecido pela mistura: 0,296%

D…ficit de acordo com a exig†ncia do animal: 0,551 – 0,296 = 0,255% de Ca

D…ficit = 0,255%

Calc„rio: 38,4% de C„lcio

Para a corre•‚o, deve-se adicionar, 0,664% de Calc„rio.

S‰dio – Suplementa•‚o com Sal

D…ficit = 0,17% (desconsiderar o sŒdio fornecido pelo milho e o F. Soja)

Sal: 39,7% de SŒdio

Deve-se adicionar, 0,428% de Sal.

Lisina Digestˆvel (Exig†ncia 0,829%):

Milho: 0,19% de Lisina

74,54% * 0,19/ 100 =0,142%

Farelo de Soja: 2,53% de Lisina

20,46% * 2,53/100 = 0,518%

Total fornecido pela mistura: 0,660%

D…ficit de acordo com as exig†ncias do animal: 0,829 – 0,660 = 0,169%

Lisina – Suplementa•‚o com L-Lisina HCl 78,4% de Lisina

D…ficit = 0,169%

L-Lisina HCl 78,4% de Lisina

Para a corre•‚o, deve-se adicionar, 0,215% de L-Lisina HCl

37
Metionina + Cistina Digestˆvel (Exig†ncia 0,479%):

Milho: 0,32% de Metionina+Cistina

74,54% * 0,32/ 100 =0,238%

Farelo de Soja: 1,16% de Metionina=Cistina

20,46% * 1,16/100 = 0,237%

Total fornecido pela mistura: 0,475%

D…ficit de acordo com as exig†ncias do animal: 0,497 – 0,475 = 0,022% de


Metionina+Cistina

Metionina+Cistina – Suplementa•‚o com DL-Metionina (99%)

D…ficit – 0,022%

DL-Metionina: (99%) de Metionina

Para a corre•‚o, deve-se adicionar, 0,023% de DL-Metionina

Treonina Digestˆvel (Exig†ncia 0,539%):

Milho: 0,26% de Treonina

74,54% * 0,26/ 100 =0,193%

Farelo de Soja: 1,55% de Treonina

20,46% * 1,55/100 = 0,317%

Total fornecido pela mistura: 0,510%

38
D…ficit de acordo com as exig†ncias do animal: 0,539 - 0,510= 0,029%
Treonina – Suplementa•‚o com L- Treonina (98%)

D…ficit – 0,029%

L- Treonina (98%): de Treonina

Para a corre•‚o, deve-se adicionar, 0,030% de L-Treonina

Energia Metaboliz€vel (Exig†ncia 3.230 Kcal/KG)

Milho: 3.340 Kcal/KG de EM

0,7454 * 3.340 = 2.489,7

Farelo de Soja: 3.154 Kcal/Kg em EM

0,2046 * 3.154 – 645,3

Total fornecido pela mistura: 3.135 Kcal/Kg

Para a corre•‚o, deve-se adicionar 1,0% de ‘leo de Soja (8.300 Kcal/kg de


EM) na ra•‚o.

• necess„rio verificar se as exig†ncias nutricionais dos animais foram


atendidas pela ra•‚o, somando-s as quantidades de nutrientes fornecidas por
cada ingrediente.

Proteˆna

(74,54 * 8,26%) + (20,46 * 45,24%) = 6,16 + 9,26 = 15,42

Energia Metaboliz€vel

(0,7454 * 3.340) + (0,2046 * 3.154)/ (0,01* 8.300)/ 12 = 3.230

39
A ra•‚o balanceada para su‡nos de m…dio potencial gen…tico na fase de
crescimento … apresentada na Tabela 8.

ObservaÄÅo: Para completar 100% da ra•‚o, deve-se modificar a quantidade


de milho, retirando-se ou adicionando-se o alimento que entre em maior
quantidade para chegar a 100%. Nesse caso, … a quantidade de milho que
deve ser alterada.

b) C€lculo com tr„s alimentos:

Antes de aplicar o Quadrado de Pearson, deve-se estabelecer uma


propor•‚o entre os dois alimentos semelhantes. Essa propor•‚o … estabelecida
por causa da limita•‚o pr…-estabelecida do componente da ra•‚o, do custo,
disponibilidade ou fator antinutricional.

Nesse caso, foi estabelecido um n‡vel de inclus‚o de 20% de Farelo de


Trigo na mistura energ…tica. A mistura conter„, portanto, 80% de milho e 20%
de Farelo de Trigo.

40
Milho (8,26% de PB) : 80% * 8,26 – 6,61%

Farelo de Trigo (15,52% de PB): 20% * 15,52 = 3,11%

Prote‡na Bruta da mistura = 9,72%

Usando-se o Quadrado de Pearson com os teores prot…icos do Farelo de Soja


e da mistura Milho + Farelo de Trigo, tem-se:

Exig†ncia = 15,43% de Prote‡na Bruta

Espa•o = 5%

Corre•‚o do n‡vel de PB para 95%:

Corre•‚o do n‡vel de PB para 95%:

15,43% PB -------- 95% (fator de corre•‚o)

X = 16,24% -------- 100%

Aplicando-se o Quadrado, tem-se:

PB da mistura 9,7 29,08

16,24%

PB do F. de Soja 45,32 6,52

35,60 35,60

Para determinar a quantidade de cada um dos alimentos, adotam-se os


seguintes procedimentos:

29,08/ 35,60 * 95 (fator de corre•‚o) – 77,60% de inclus‚o da mistura;

41
6,52/ 35,60 * 95 (fator de corre•‚o) = 17,40% de inclus‚o de farelo de soja.

A partir desse ponto, os procedimentos seguem da mesma forma que foi


demonstrado no exemplo anterior.

c) C€lculo com mais de tr„s alimentos:

O racioc‡nio para o c„lculo … id†ntico ao exemplo anterior, isto …, sempre


com a preocupa•‚o de se obterem, previamente, apenas dois grupos de
misturas, antes de se utilizar o quadrado.

5.3.3 - Equa•ƒes Alg…bricas

O sistema de equa•ƒes alg…bricas, assim como o Quadrado de Pearson , …


um m…todo simples para se calcular uma mistura de alimentos leva-se tamb…m
em considera•‚o o percentual desejado de um nutriente na ra•‚o. No exemplo
que se segue, o nutriente considerado … a prote‡na, e o c„lculo ser„ realizado
com dois alimentos.

O c„lculo … realizado valendo-se de um sistema de duas equa•ƒes com


duas icŒquinitas. A seguir, ser„ exemplificado o balanceamento de uma ra•‚o
para su‡nos com 18% de prote‡na bruta (PB). Os alimentos dispon‡veis s‚o o
milho, com 8,26% de PB e o farelo de soja, com 45,24% de PB.

Desenvolvimento do cÇlculo:

X= Kg de milho

Y= Kg de farelo de soja

Z= 4 Espa•o- 4%, para o premix mineral e o vitam‡nico)

Equa•‚o I X + Y + 4 = 100

Equa•‚o II (X* 0,0826) + (Y* 0,4524) = 18

42
X + Y – 96 X – 96 – Y (I)

(X* 0,0826) + (Y* 0,4524) – 18 (II)

Substituindo I em termos:

(96 – Y) * 0,0826 + (0,4524Y) = 18

7,93 – 0,0826Y + 0,4524Y – 18

0,37Y = 10,07 Y = 27,22

X = 96 – 27,22 X = 68,78

Milho = 68,78%

Farelo de Soja = 27,22%

Para desenvolver o m…todo das equa•ƒes alg…bricas, assim como o


quadrado de Pearson, … necess„rio conhecer a composi•‚o dos alimentos e o
teor desejado do nutriente na ra•‚o. Mais de dois alimentos poder‚o ser
usados, bastando para isso atribuir uma incŒgnita para cada um deles.
Entretanto, o uso de mais de tr†s incŒgnitas torna-se mais trabalhoso.

Ainda neste m…todo, pode ser utilizado o sistemas de equa•ƒes


alg…bricas simultŠneas, por interm…dio da combina•‚o de dois alimentos (ou
grupos de alimentos), com o objetivo de se determinar as quantidades exigidas
por um animal, n‚o sŒ de um nutriente, mas de dois, como prote‡na e energia.

5.3.4 - M…todo de programa•‚o linear

O complexo problema da escolha dos alimentos e da quantidade exata


de cada um deles na ra•‚o, contendo todos os nutrientes para o m„ximo
desempenho dos animais, … bastante facilitado pela utiliza•‚o de
computadores.

O m…todo de programa•‚o linear utilizando o computador permite ao


nutricionista chegar „ formula•‚o de ra•ƒes de custo m‡nimo para animais de

43
produ•‚o. A utiliza•‚o desse m…todo torna-se mais importante ainda quando
existe no mercado um grande nˆmero de alimentos para calcular a ra•‚o. Essa
metodologia … largamente utilizada na indˆstria de ra•ƒes e vem sendo
adotada por produtores que desejam diminuir seus custos de produ•‚o.

A dinŠmica do c„lculo de ra•‚o por computador exige do nutricionista


uma participa•‚o e um entendimento do processo para que a execu•‚o ocorra
dentro dos padrƒes necess„rios.

Para se calcular ra•ƒes utilizando essa metodologia, s‚o necess„rias as


seguintes informa•ƒes: pre•os dos alimentos, alimentos dispon‡veis,
composi•‚o dos alimentos, exig†ncias nutricionais dos animais e restri•ƒes ou
limita•ƒes dos alimentos.

O problema consiste em combinar os alimentos dispon‡veis na


propor•‚o adequada para fornecer todos os nutrientes exigidos pelo animal a
custo m‡nimo. O computador, por meio do m…todo de programa•‚o linear,
calcular rapidamente todas as alternativas e d„ ao nutricionista a possibilidade
de optar pela solu•‚o de menor custo.

No entanto, o computador somente realiza c„lculos. • dever do


nutricionista, fornecer e atualizar dados de pre•os dos alimentos, composi•‚o
qu‡mica, exig†ncias e restri•ƒes com maior precis‚o para que a solu•‚o obtida
seja a correta.

Abaixo seguem exemplos de equa•ƒes utilizadas pelo Sofyware para


realizar os c„lculos de acordo com cada restri•‚o.

a) Equa•‚o de Quantidade

A* milho + B* Farelo de Soja + C* ‘leo de Soja + D* Fosfato Bic„lcico + E*


Calc„rio + F* L-Lisina HCl + G* DL-Metionina + H* L-Treonina + I* Premix – 100

ObservaÄÅo: A, B, C, etc., referem-se „s quantidades de cada ingrediente de


cada batida. Notem que a equa•‚o est„ ajustada numa igualdade, em que a
soma das quantidades de ingredientes deve ser igual a 100 (100 Kg ou 100%)
ou 1.000 ou 2.000.

44
b) Equa•‚o de Custo

P1* A Milho + P2 * B Farelo de Soja + P3* C ‘leo de Soja + P4* D Fosfato


Bic„lcico +P5* E Calc„rio + P6* F L-Lisina HCl + P7* G DL-Metionina + P8* H
L-Treonina + P9* I Premix – 100 – M‡nimo custo

Em que: P1, P2, P3, etc., referem-se ao custo de cada ingrediente. Notem que
a equa•‚o est„ ajustada numa restri•‚o na qual o resultado da multiplica•‚o
das quantidades (A, B, C) pelo custo de cada ingrediente deve resultar em um
valor de m‡nimo custo.

c) Equa•‚o de Proteˆna

8,26* A milho + 45,32* B Farelo de Soja + 0*C ‘leo de Soja + 0* D Fosfato


Bic„lcico + 0* E Calc„rio + 85,81* F L-Lisina HCl + 59,38* G DL-Metionina +
78,09* H L-Treonina + 0* I Premix – 100 ≥ 15,43

ObservaÄÅo: Nessa equa•‚o, o valor da prote‡na bruta de cada ingrediente …


multiplicado pelas suas respectivas quantidades obtidas na equa•‚o I, devendo
o resultado ser igual ou maior que o valor da exig†ncia (15,43). Notem que o
‘leo de Soja, Fosfato Bic„lcico, Calc„rio e o Premix n‚o possuem prote‡na,
logo, sua contribui•‚o na prote‡na bruta da ra•‚o … nula.

d) Equa•‚o do C€lcio

0,03* A milho + 0,24* B Farelo de Soja + 0*C ‘leo de Soja + 24,8* D Fosfato
Bic„lcico + 38,4* E Calc„rio + 0* F L-Lisina HCl + 0* G DL-Metionina + 0* H L-
Treonina + 0* I Premix ≥ 0,551 e ≤ 0,551.

ObservaÄÅo: Nesta equa•‚o para c„lculo do c„lcio presente nos alimentos, a


restri•‚o imposta pela equa•‚o restringe a quantidade de c„lcio para
exatamente 0,551%, impedindo que quantidade excessivas de c„lcio sejam
adicionadas na ra•‚o, uma vez que o excesso poderia prejudicar o
desempenho devido a mudan•a de rala•‚o Ca:P.

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e) Equa•‚o do F‰sforo disponˆvel

0,08* A milho + 0,18* B Farelo de Soja + 0*C ‘leo de Soja + 18,5* D Fosfato
Bic„lcico + 0* E Calc„rio + 0* F L-Lisina HCl + 0* G DL-Metionina + 0* H L-
Treonina + 0* I Premix ≥ 0,459.

Como as equa•ƒes descritas, muitas outras fazem parte do c„lculo da


formula•‚o realizado pela programa•‚o linear, como as equa•ƒes para
energia, lisina, metionina e todos os demais nutrientes.

Os softwares pra c„lculo de ra•ƒes baseiam-se numa planilha de dados


contendo informa•ƒes sobre o pre•o e o conteˆdo do nutriente de cada
alimento, exig†ncias nutricionais dos animais em determinada fase. Por meio
das equa•ƒes citadas anteriormente, solucionadas simultaneamente, o
programa fornece a ra•‚o de m‡nimo custo, de maneira simplificada e r„pida.

Na Tabela 9, … mostrado um exemplo de como … formada a planilha de


dados com informa•ƒes-chave para que o c„lculo de ra•‚o seja realizado pela
programa•‚o linear.

Geralmente as ra•ƒes calculadas pelo computador resultam em menor


pre•o/Kg de ra•‚o do que ra•ƒes calculadas manualmente. Estudos realizados
na Universidade Federal de Vi•osa mostram que os pre•os/Kg de ra•‚o de
aves calculadas manualmente foram sempre superiores aos pre•os/Kg das
ra•ƒes calculadas por softwares (programa•‚o linear), sendo, m…dia, 1,7% a
4,7% superiores (Franqueira et al., 1981).

46
47
6 - Processamento de Ra•†es e Fabrica de
Ra•†es: Processo de moagem, dosagem,
mistura, peletiza•‚o e extrus‚o

Iremos abordar todos os processos para a fabrica•‚o de ra•‚o para


animais. Lembramos que esta produ•‚o pode ser caseira, onde a mistura …
feita manualmente ou pode ser industrializada, onde em algumas indˆstrias
todo o processo … automatizado. O certo … que respeitando-se as
caracter‡sticas dos animais e dos alimentos e se conhecendo as fases para a
produ•‚o de ra•‚o, poderemos produzir alimentos de boa qualidade para
Dando continuidade na abordagem dos processos de fabrica•‚o de ra•ƒes,
este trabalho mostrar„ as etapas de dosagem dos ingredientes, pesagem e
peletiza•‚o das ra•ƒes.

6.1 - MOAGEM
A moagem e a mistura dos alimentos s‚o pontos muito importantes no
processo de produ•‚o ra•ƒes, sendo que a consist†ncia desses pontos produz
um forte impacto na qualidade final dos produtos. A redu•‚o do tamanho das
part‡culas por moagem, prensagem ou amassamento em geral melhora o
desempenho animal. Portanto, o controle do processo de moagem … importante
na f„brica de ra•ƒes. Os moinhos de martelo s‚o os mais comuns para
moagem. H„ uma rela•‚o entre o tamanho da peneira e a necessidade de
produ•‚o para uma determinada linha de ra•ƒes. Com o milho mo‡do e
passado por diferentes peneiras, obt…m-se diferentes tamanhos de part‡culas.
Uma checagem di„ria no tamanho das part‡culas e nas condi•ƒes do
equipamento (furos em peneiras, limpeza) … muito importante. Segundo KLEIN
(1999), avalia•ƒes periŒdicas da granulometria em laboratŒrio podem
diagnosticar problemas como deslocamento de peneiras ou mesmo peneiras
furadas. A moagem, … o processo no qual os ingredientes s‚o reduzidos em
seu tamanho pela for•a do impacto, corte ou atrito. Seguindo-se a moagem
est„ o peneiramento, o qual determinar„ o tamanho das part‡culas dos
ingredientes destinados • fabrica•‚o de ra•ƒes que pode influenciar na
digestibilidade dos nutrientes e como consequ†ncia na maximiza•‚o da

48
resposta pelo animal. Al…m disso, o tamanho das part‡culas determina o
consumo de energia el…trica nos equipamentos para obt†-la, bem como no
rendimento de moagem (ZANOTTO e BELLAVER, 1996). Ent‚o, do ponto de
vista nutricional, pode-se considerar que quanto menor o tamanho das
part‡culas do alimento maior o contato dessas com os sucos digestivos,
favorecendo a digest‚o e a absor•‚o. Entretanto, o tamanho ideal das
part‡culas varia com a esp…cie. J„ do ponto de vista de produ•‚o de ra•ƒes
quanto maior o tamanho das part‡culas dos ingredientes maior a economia com
energia e maior a efici†ncia (toneladas/hora) de moagem. Uma boa mistura da
ra•‚o parte do princ‡pio que o tamanho das part‡culas dos alimentos tenham
uma distribui•‚o normal com pouca variabilidade para se obter uma boa
mistura. Por isso, a granulometria dos ingredientes … um fator importante a ser
considerado previamente • mistura.

6.2 - DOSAGEM
Esta … considerada uma das fases que devemos ter grande aten•‚o,
pois al…m de ser um dos momentos de maior potencial de erros, precisamos
garantir que a quantidade dos ingredientes adicionados no misturador seja
aquela calculada. Qualquer desajuste nesta fase seja por incorreto
dimensionamento de balan•as, utiliza•‚o de locais em desordem ou inabilidade
de pessoal para manipula•‚o, comprometer„ certamente a qualidade do
produto final.
Nesta opera•‚o alguns cuidados s‚o extremamente importantes para os
resultados que ser‚o obtidos. Em primeiro lugar podemos citar a exatid‚o nas
pesagens dos ingredientes de acordo com as especifica•ƒes, para que as
quantidades sejam cumpridas e para isso … necess„rio o uso de mais de uma
balan•a na linha operando de forma paralela no processo de pesagens, sendo
de extrema importŠncia que nenhum ingrediente dever„ ser pesado em
quantidade menor do que 4% da capacidade total da balan•a para que
possamos ter a precis‚o necess„ria e assim garantir que os desvios que
ocorram sejam inferiores a 1% da quantidade pesada.
Com essas defini•ƒes realiza-se uma avalia•‚o da quantidade formulada
de cada ingrediente e o resultado que teremos ser„ a quantidade de balan•as

49
operando na linha de produ•‚o para que a precis‚o m‡nima seja alcan•ada
desde o menor ao maior ingrediente.

6.3 - MISTURA
Na opera•‚o de mistura … onde deve ocorrer a homogeneiza•‚o de
todos os ingredientes indicados nas formulas. Assumindo que todos os
ingredientes foram satisfatoriamente pesados no processo anterior … nesta
etapa que ocorrer„ a mistura, o misturador dever„ de forma temporizada e no
menor espa•o de tempo poss‡vel, realizar a homogeneiza•‚o dos ingredientes,
obedecendo a um padr‚o m‡nimo de qualidade.
Para avaliarmos a qualidade desse processo devemos atingir, com a
combina•‚o de ingredientes, os n‡veis nutricionais estabelecidos pela formula e
verificadas nas an„lises bromatologicas do produto.
Por outro lado n‚o podemos esquecer tamb…m que a capacidade de
carga do misturador bem como o tempo m‡nimo necess„rio de
homogeneiza•‚o da carga, s‚o limitantes de produtividade sendo inclusive
utilizados como refer†ncia de capacidade de fabrica. Em fun•‚o disso … muito
importante que o misturador de ra•ƒes seja extremamente eficaz na atividade
de misturar os ingredientes no menor espa•o de tempo poss‡vel.
Na opera•‚o da mistura … igualmente importante considerar alguns
fatores que facilitar‚o a homogeneiza•‚o dos ingredientes para que a
qualidade seja assegurada. Entre estes fatores podemos citar a ordem de
adi•‚o dos ingredientes na cŠmara de mistura onde devemos garantir que no
momento da adi•‚o dos microingredientes (fazer pr… mistura), que pelo menos
50% dos macroingredientes j„ estejam adicionados, evitando assim que
microingredientes atinjam o fundo do misturador e fiquem separados. Outro
fator importante a ser considerado … na utiliza•‚o de ingredientes l‡quidos, os
quais somente dever‚o ser adicionados no misturador com o crit…rio de que
seja respeitado um tempo de mistura seca inicial e um tempo de mistura final
apŒs a inje•‚o dos l‡quidos.
Temos diferentes tipos de misturadores utilizados na indˆstria de ra•ƒes.
A decis‚o de qual equipamento utilizar ser„ definida pela necessidade
especifica de cada projeto. Temos os misturadores horizontais e os verticais

50
6.4 - PELETIZA‹ŒO
O processo de peletiza•‚o de ra•ƒes que hoje … bastante utilizado pelas
empresas fabricantes de alimentos balanceados, tem como objetivo principal,
tornar mais densos os alimentos que passam da forma farelada para a forma
de pelets, e com isso garantir que cada pelet ao ser consumido pelo animal

51
possua todos os ingredientes adequadamente homogeneizados na mistura e
que s‚o necess„rios a uma dieta balanceada. Este processamento evita
tamb…m que ocorram “desmisturas" nos transportes das ra•ƒes, fato de
ocorr†ncia comprovada em ra•ƒes fareladas que passam a perder qualidade
de mistura depois do misturador at… chegar aos animais. Outro ponto
importante que resulta deste processo, … que a ra•‚o submetida ao calor
atrav…s do contato com o vapor saturado e a umidade proveniente da
condensa•‚o deste vapor, que ocorre quando misturado com a ra•‚o no
condensador, faz com que ocorra a gelatiniza•‚o dos amidos. Este fenŽmeno
permite mais facilmente a digest‚o dos alimentos pelo melhor condicionamento
de todos os agentes nutricionais, facilitando assim a absor•‚o tendo como
consequ†ncia principal a melhoria nos ‡ndices de produtividade.
Em rela•‚o ao manejo da peletizadora, trata-se de um conjunto de
atividades relativamente complexas e com altos custos de opera•‚o e
manuten•‚o, por isto … importante que o equipamento seja corretamente
operado para que traga os resultados esperados.

Esquema de uma Peletizadora

52
6.5 - EXTRUSŒO
O processo de extrus‚o de alimentos … uma forma de coc•‚o r„pida,
cont‡nua e homog†nea. Atrav…s deste processo mecŠnico de indu•‚o de
energia t…rmica e cisalhamento, aplica-se, ao alimento processado, alta
press‚o e temperatura, durante um breve espa•o de tempo. Como resultado,
provocam-se mudan•as na forma, estrutura e composi•‚o do produto final.
Devido • intensa ruptura e mistura estrutural que este processo provoca,
as rea•ƒes que, em outros casos, estariam limitadas pelas caracter‡sticas
funcionais dos produtos e reagentes aplicados, tornam-se mais f„ceis.
A extrus‚o … geralmente aplicada no processamento de cereais e
prote‡nas destinados • alimenta•‚o humana e animal.
Extrus‚o … um processo de tratamento t…rmico do tipo HTST (High
Temperatura Short Time) que por uma combina•‚o de calor, umidade e
trabalho mecŠnico, modifica profundamente as mat…rias-primas,
proporcionando novos formatos e estruturas com diferentes caracter‡sticas
funcionais e nutricionais..

6.6 – Como diferenciar as ra•†es extrusadas, peletizadas e


fareladas?

- Ra•†es Extrusadas

Exemplo de ra•‚o extrusada

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Extrus‚o … o procedimento que disponibiliza maiores concentra•ƒes de
energia e prote‡nas. Pois nesse processo ocorre a moagem, mistura das
mat…rias-primas mais o premix e ent‚o a coc•‚o, isso permite aos animais um
melhor aproveitamento dos nutrientes, uma vez que ocorre a quebra dos
nutrientes atrav…s da coc•‚o, deixando os alimentos mais digest‡veis.
Somente apŒs este procedimento o alimento … moldado e cortado por
facas nas espessuras necess„rias.
As ra•ƒes extrusadas devem conter um m‡nimo de amido para ocorrer a
"gelatiniza•‚o" possibilitando a expans‚o da part‡cula, o que facilita a flutua•‚o
em „gua, pois ocorre a forma•‚o de microporos que diminuem a densidade da
part‡cula.

- Ra•†es Peletizadas:
Garante um consumo uniforme dos nutrientes, evitando que os animais
fa•am a sele•‚o dos alimentos e provoca menores perdas no manejo
alimentar. O processo de produ•‚o consiste na moagem das mat…rias-primas,
mistura do premix com os demais ingredientes e passa pelo processo de
peletiza•‚o.
A mistura passa por um aumento de temperatura, prŒximo de 70”C e uma
press‚o que … exercida faz com que o pelete seja formado nas peneiras de
acordo com a granulometria desejada. Com o aumento da temperatura e da
press‚o, ocorre a forma•‚o de uma pel‡cula externa que garante a rigidez e o
formato do pelete.
O fornecimento de ra•ƒes fareladas facilita o consumo de algumas
esp…cies em determinados est„gios de desenvolvimento. A granulometria …
importante para o melhor consumo e aproveitamento da ra•‚o por algumas
esp…cies e est„gios de desenvolvimento, por isso em algumas ra•ƒes os
peletes podem ainda serem triturados.

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Exemplo de ra•‚o peletizada

- Ra•†es e Concentrados Farelados:

Exemplo de ra•‚o farelada

Possibilitam a mistura do concentrado juntamente com outros


ingredientes como farelo de trigo, soja e milho. O processo de fabrica•‚o das
ra•ƒes fareladas, consiste na moagem das mat…rias-primas e adi•‚o do premix
em suas devidas propor•ƒes.
O fornecimento de ra•ƒes fareladas facilita o consumo de algumas
esp…cies em determinados est„gios de desenvolvimento.

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Extrus‚o X Peletiza•‚o
Independente do processo de fabrica•‚o, sabe-se que as ra•ƒes
balanceadas apresentam inˆmeras vantagens quando comparadas •s
tradicionais misturas de sementes: padroniza•‚o e balanceamento adequado
dos nutrientes, elimina•‚o da sele•‚o de alimentos, maior digestibilidade e
destrui•‚o de organismos patog†nicos.
Os processos mais utilizados na fabrica•‚o de ra•ƒes s‚o a extrus‚o e a
peletiza•‚o. Ambos os processos resultam em alimentos balanceados, mas
existem diferen•as consider„veis entre os produtos.
O processo de extrus‚o … caracterizado pelo cozimento dos ingredientes
sob alta press‚o, umidade e temperatura, em um curto espa•o de tempo. Este
processo propicia maior digestibilidade do alimento, al…m de melhorar a
palatabilidade da ra•‚o. Outra vantagem … a versatilidade em rela•‚o ao
controle da textura, densidade (grau de expans‚o) e formato do alimento. Os
produtos extrusados podem ser oferecidos em diversas formas e tamanhos, o
que traz vantagens tamb…m em rela•‚o • atratividade. Este conjunto de fatores
destaca o processo de extrus‚o como vantajoso, em rela•‚o aos processos
mais tradicionais na fabrica•‚o de ra•ƒes. Todas as ra•ƒes Alcon, granuladas
ou em bastƒes, s‚o produzidas por extrus‚o, pois buscamos oferecer aos
animais a melhor nutri•‚o e, consequentemente, ainda mais saˆde e bem
estar.
A peletiza•‚o consiste na compacta•‚o de ingredientes, formando
pequenas unidades chamadas pelets. Para esta transforma•‚o, umidade,
press‚o e temperatura tamb…m est‚o envolvidas, por…m em menor
intensidade, resultando em grau de cozimento reduzido. Este processo …
utilizado na fabrica•‚o de aproximadamente dois ter•os das ra•ƒes mundiais,
devido ao baixo custo de produ•‚o e a facilidade no manejo dos equipamentos.
Quando confrontada com o processo de extrus‚o, a peletiza•‚o apresenta
desvantagens em rela•‚o a digestibilidade, elimina•‚o de organismos
patog†nicos e palatabilidade.

6.7 - Cuidados na Fabrica•‚o de Ra•‚o


A varia•‚o da composi•‚o de gr‚os de cereais e outras sementes, em
rela•‚o ao valor nutricional, … dependente do tipo de solo em que foram

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produzidos, da aduba•‚o utilizada, do clima, do per‡odo e das condi•ƒes de
armazenamento. J„ os produtos advindos da indˆstria t†m suas diversidades
causadas pelo tipo de processamento e conserva•‚o utilizados. Um exemplo
dessa categoria s‚o os premˆx vitamˆnicos e os microminerais. A
formula•‚o mais adequada, tendo como base an„lises laboratoriais, … obtida
atrav…s da combina•‚o dos alimentos energ…ticos, tamb…m fornecedores de
prote‡na, com alimentos proteicos com alto teor de energia. Os nutrientes
complementares devem ser compostos por alimentos exclusivamente
energ…ticos, proteicos e os de exclusividade mineral.
Ao preparar a ra•‚o para bovinos, equ‡nos, su‡nos, caprinos e outros,
alguns pontos merecem aten•‚o:

 Misturar os ingredientes industrializados com minerais e vitaminas,


antibiŒticos que estejam sendo administrados na cria•‚o, e outros
aditivos de acordo com a esp…cie do animal. A pr…-mistura pode ser
realizada em um misturador em formato de “Y”, tambor, ou com o uso de
um saco pl„stico resistente, agitando-se o conteˆdo com vigor durante
um tempo, at… notar que as partes apresentam-se distribu‡das com
homogeneidade.

 N‚o utilizar m‚o ou p„s para misturar a ra•‚o. Para esse fim, devem ser
utilizados misturadores, pois m‚os e p…s n‚o proporcionam uma
distribui•‚o uniforme de todos os nutrientes, ocasionando um baixo
rendimento dos animais, consequentemente, um preju‡zo para o
produtor.

 Com o aux‡lio de um especialista, observar se as quantidades de


nutrientes, juntamente ao fator preparo, se est‚o em perfeitas
condi•ƒes.

 ApŒs o uso, o misturador deve ser sempre limpo, tomando-se cautela


para evitar acidentes.

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Modelo de Fabrica de Ra•‚o.

Esquema de Funcionamento de uma F€brica de Ra•‚o

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