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comerciais de produtos não implica endosso pelo ILSI Brasil.
Extratos Botânicos: Evidências Científicas a Favor da Nutrição / ILSI Brasil

Autor:

Charles Hu, PhD

Nutrilite Health Institute, Buena Park, CA, EUA.

Editoração e Revisão:

Graziela Biude Silva Duarte

Nutricionista pelo Centro Universitário São Camilo. Mestre e Doutora em Ciências na área
de Nutrição Experimental pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de
São Paulo (FCF/USP).

João Ernesto de Carvalho


Professor Titular e Diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade
Estadual de Campinas.

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Extratos Botânicos: Evidências Científicas a Favor da Nutrição / ILSI Brasil

ÍNDICE
1. A importância do consumo de alimentos de origem vegetal na preven- 6
ção das doenças crônicas não-transmissíveis

2. Alimentos de origem vegetal: fonte de compostos bioativos de alimen- 7


tos (CBAs)

3. Extratos botânicos: conceitos, processamento e regulamentação 8

4. Considerações finais 15

5. Referências bibliográficas 16

6. Diretoria / Conselho 19

7. Empresas mantenedoras Forças-Tarefa 2020 20

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1. A IMPORTÂNCIA DO CONSUMO DE
ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL NA
PREVENÇÃO DAS DOENÇAS CRÔNICAS
NÃO-TRANSMISSÍVEIS

As doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) que incluem as doenças cardiovascula-


res (DCV), obesidade, diabetes mellitus, câncer e as doenças pulmonares crônicas são
responsáveis por cerca de 71% (~57 milhões) das mortes ocorridas no mundo em 2016,
de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, neste
mesmo ano, cerca de 74% do total de mortes foram atribuídas às DCNT com destaque
para as DCV (28%)¹.

A alimentação é um dos principais fatores de risco associados ao desenvolvimento de


DCNT relacionados ao estilo de vida. Sabe-se que o consumo de uma dieta saudável
ao longo da vida é essencial para a prevenção não só da má-nutrição, mas também
para a diminuição de risco de uma variedade de DCNT2. Na atualidade, observa-se um
cenário no qual há um aumento da ingestão de gorduras saturadas, açúcares e sódio
associados a uma baixa ingestão de frutas, verduras e legumes, grãos integrais e fibras,
o que contribui para o aumento de fatores de risco metabólicos como colesterol, tri-
glicérides, glicemia, pressão arterial e índice de massa corpórea (IMC)3,4.

As frutas e os vegetais são componentes importantes de uma dieta saudável e em


2017, estima-se que cerca de 3,9 milhões de mortes no mundo estariam associadas ao
baixo consumo destes alimentos5. De acordo com a OMS/FAO, recomenda-se a in-
gestão mínima de 400g, o que equivale a 5 porções, de frutas, verduras e legumes por
dia (exceto batata e outros tubérculos) para prevenção da obesidade, diabetes tipo 2,
câncer e eventos cardiovasculares6. De acordo com dados do VIGITEL (2018), apenas
23,1% da população brasileira tem um consumo adequado de frutas e hortaliças7. É
importante que o consumo destes alimentos seja variado e estratégias como a inclusão
de verduras e legumes nas refeições, de frutas frescas como lanches contribuem para
alcançar as recomendações de ingestão propostas6. Em relação aos aspectos nutricio-
nais, estes alimentos são fontes importantes não só de fibras, vitaminas e minerais, mas
também de compostos bioativos8, 9. Evidências a partir de meta-análises de estudos
observacionais mostram que o consumo de frutas e vegetais foi associado, principal-
mente, com a redução do risco de DCV10.

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2. ALIMENTOS DE ORIGEM VEGETAL:


FONTE DE COMPOSTOS BIOATIVOS DE
ALIMENTOS (CBAs)

Alimentos (frutas, verduras, legumes) e bebidas (chá e vinho) de origem vegetal são con-
sideradas fontes importantes de compostos bioativos como por exemplo, os flavonoi-
des. Estes compostos fenólicos são metabólitos secundários das plantas e classificados
de acordo com a sua estrutura química, em: flavonóis, flavonas, flavanonas, catequinas
(flavanóis), isoflavonas, antocianidinas, isoflavonas, di-hidroflavonóis e chalconas. Estes
compostos exercem efeitos benéficos para a saúde humana como atividade antioxi-
dante, anti-inflamatória e anticarcinogênica, por exemplo, o que os tornam componen-
tes interessantes e importantes para produtos nutracêuticos, farmacêuticos, medicinais
e, também na área de cosméticos11,12. Dados nacionais mostram que a ingestão de
flavonoides varia de 54,6 a 138,9 mg/dia e, os alimentos que mais contribuem para este
consumo são os sucos, frutas cítricas e legumes12-14.

O Brasil é um país que possui uma grande biodiversidade de alimentos com mais de
40.000 espécies de diferentes plantas, e muitos princípios ativos isolados, a partir de-
stas matrizes, apresentam evidências de efeitos benéficos à saúde humana15. Nesse
sentido, observa-se um crescente interesse em produtos derivados de botânicos, es-
pecialmente para utilização como suplementos alimentares16, 17.

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3. EXTRATOS BOTÂNICOS: CONCEITOS,


PROCESSAMENTO E REGULAMENTAÇÃO

De acordo com o National Institute of Health (NIH), a definição de botânico refere-se à


planta ou parte desta que é valorizada por suas propriedades medicinais ou terapêu-
ticas, sabor e/ou aroma18. Um produto botânico pode ser classificado como alimento
(incluindo um suplemento alimentar), medicamento, um dispositivo médico ou um cos-
mético de acordo com a Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos dos
Estados Unidos da América19. Quando estes produtos são utilizados na melhora ou
manutenção da saúde podem ser denominados de produtos à base de plantas (herbal
products), produtos botânicos ou fitomedicamentos18. Para obtenção destes produtos,
o processo de extração deve ser realizado para separar os compostos desejados a
partir da matéria prima20. O extrato botânico refere-se à uma mistura complexa e mul-
ticomponente obtida após a utilização de um solvente para dissolver os componen-
tes provenientes dos materiais botânicos21. A Farmacopéia Brasileira (2010) estabelece
que o material utilizado na preparação de extratos pode sofrer tratamento preliminar
como estabilização, moagem ou desengorduramento. A preparação é feita por perco-
lação, maceração ou outro método adequado e validado, utilizando como solvente o
álcool etílico, a água ou outro solvente adequado22.

Os métodos convencionais utilizados para obtenção dos extratos botânicos podem ser
classificados em não-solventes, solventes e extração verde. Os não solventes envolvem
o processamento em forma de suco ou destilação a vapor. No caso dos solventes, são
utilizados métodos como a maceração, a percolação, a decocção e a extração por
Soxhlet. A maceração consiste em um método simples de extração, mas que precisa
de um período maior de extração com taxa de eficiência é baixa. Neste processo, os
materiais vegetais são imersos em um recipiente com um solvente e, posteriormente
deixados à temperatura ambiente por um período mínimo de três dias em frequente
agitação e, por fim a mistura é prensada ou filtrada20,23. A percolação é um método
similar porém, mais eficiente que a maceração por ser um processo contínuo no qual
os solventes saturados são substituídos de forma contínua por um solvente fresco em
um aparelho denominado percolador20. A decocção, na qual o material vegetal é man-
tido por um certo tempo com um solvente em temperatura de ebulição, é um método
indicado para extração de compostos estáveis ao calor e derivados de matéria-prima
mais dura (raízes, cascas) o que pode gerar uma quantidade significativa de impurezas
solúveis em água nestes extratos20,23. O método de Soxhlet consiste em uma extração
automatizada contínua de alta eficiência que demanda tempo, mas com quantidade de
solvente menor quando comparado com os métodos de maceração e percolação 20.

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Com a finalidade de minimizar o uso de solventes orgânicos que podem ser prejudiciais
ao meio ambiente e para qualidade e segurança dos alimentos devido à sua toxicidade,
houve um crescente interesse pelas tecnologias de extração verde que visam a utilização
de solvente seguros e não tóxicos como água e etanol24. A técnica de extração por fluido
supercrítico (Supercritical fluid extraction – SFE) utiliza como solvente de extração produ-
tos que possuem solubilidade e difusividade semelhantes ao líquido e ao gás, respec-
tivamente, sendo capaz de dissolver uma variedade de produtos naturais20. O dióxido
de carbono (CO2) é o fluido supercrítico (FS) mais utilizado como solvente, reconhecido
como seguro por não ser tóxico e nem explosivo, de fácil acesso e baixo custo, sendo
removido do produto com facilidade. O CO2 supercrítico é indicado como solvente prin-
cipalmente para analitos não polares, mas com a adição de pequenas quantidades de eta-
nol é possível a extração de compostos polares. Desse modo, a partir destas características
torna-se seguro para a saúde humana. Esse sistema tem sido bastante utilizado na indústria ali-
mentícia para descafeinação de café e chá; obtenção de ingredientes alimentares como corantes,
extratos ricos em vitaminas, lipídeos e outros; nutracêuticos e fitofarmacêuticos23, 24. Já a extração
por água quente pressurizada (Pressurized hot water extraction – PHWE) consiste na técnica que
utiliza a água na sua forma liquida como solvente de extração em temperatura acima do ponto
de ebulição (100ºC), mas abaixo do ponto crítico da água (374ºC), a uma pressão de 220bar. As
vantagens do uso deste solvente são semelhantes ao do método descrito anteriormente, mas
é ainda mais facilmente acessível e ambientalmente sustentável. A PHWE é considerada mais
eficiente do que as técnicas convencionais por apresentar um melhor rendimento de fenólicos
totais e na extração de qualidade e quantidade de compostos fenólicos individuais. Atualmente
esta técnica é utilizada para a extração de compostos fenólicos como os flavonoides, de óleos
essenciais, carotenoides, açúcares, pectina, entre outros24, 25. No entanto, alguns fatores podem
influenciar a extração de botânicos e alguns exemplos estão descritos na Figura 1.

Figura 1: Fatores que influenciam a extração de botânicos.

Fonte: Hu, Charles.

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Após os processos de obtenção do botânico, a avaliação da integridade é importante para


definição e avaliação de materiais e produtos derivados das plantas para o consumo hu-
mano26. Nesta avaliação é feita: a confirmação do gênero e espécie por impressão digital
de DNA da planta inteira; verificação do status de não-geneticamente modificado pela
análise do DNA por meio da técnica de PCR; identificação botânica da parte especifica da
planta pelo método de impressão digital fitoquimica; quantificação do marcador (exem-
plo: composto bioativo especifico) no extrato e em comprimidos por métodos químicos
(HPLC) para posteriores alegações, controle de qualidade e estabilidade; e definição de
normas de qualidade com a cadeia de suprimentos para cada lote de produção.

Grande parte dos extratos botânicos são produzidos a partir de uma parte da planta que
apresenta uma variedade de compostos, os quais, em sua maioria, são responsáveis pelas
suas atividades biológicas. A padronização de um extrato botânico pode ser feita com
base nas informações do conteúdo destes compostos. Por exemplo, o extrato de hipérico
(Hypericum perforatum), utilizado no tratamento de alguns tipos de depressão27, pode ser
padronizado considerando o teor de hipericina que é seu composto ativo. É importante
destacar que o extrato botânico pode sofrer variações em sua produção em virtude de
fatores como temperatura, períodos de seca ou de muita chuva e localização geográfica
de seu cultivo. Em consequência a estes fatores ambientais, o perfil de fitoquimicos e a
eficácia do produto final também podem ser afetados28.

No Brasil, a utilização de plantas medicinais para o tratamento de diversas doenças é bas-


tante tradicional, o que levou pesquisadores brasileiros e algumas indústrias farmacêu-
ticas a estudarem de forma mais ampla as plantas medicinais nativas e seus respectivos
princípios ativos. O número de publicações cientificas sobre plantas cresceu significativa-
mente entre os anos de 1987 e 2015 com mais 10.000 artigos científicos nesta área29.

A exposição aos botânicos e/ou aos compostos derivados pode ocorrer por meio do con-
sumo de produtos que são destinados para uso culinário, como ingredientes e substâncias
aromatizantes, suplementos alimentares ou dietéticos, chás de ervas e medicamen-
tos30. A OMS reconhece hoje o papel dos botânicos e conta com uma variedade de
publicações e de monografias com informações técnicas relacionadas à qualidade, segu-
rança e eficácia de plantas medicinais com o objetivo de regulamentar o seu uso interna-
cionalmente30. Para que um botânico possa ser utilizado para fins nutricionais e fisiológicos,
foram definidos parâmetros que devem ser considerados e estar devidamente documen-
tados conforme demonstrado na Tabela 1.

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Tabela 1: Resumo das informações e parâmetros necessários para caracterização de


produtos botânicos para finalidades de saúde.

Fonte: Anton et al. (2019)31.

De acordo com a Diretiva de Suplementos Alimentares (2002/46/EC – União Europé-


ia), os suplementos alimentares botânicos possuem em sua formulação ingredientes
botânicos que podem apresentar uma alegação de saúde a partir da relação existente
entre este ingrediente específico e seus efeitos para a saúde32. Os extratos botâni-
cos podem ser utilizados como suplementos alimentares como por exemplo o extrato
de Ginkgo biloba, que é bastante popular em alguns países. No entanto, alguns fa-
tores ainda são considerados como desafios na produção de suplementos alimentares
botânicos como a matéria-prima, manutenção da qualidade e integridade do produto
e avaliação da toxicidade33, 34.

Em relação à matéria-prima, a concentração dos metabólitos secundários presentes


nas plantas pode apresentar uma variabilidade a depender da parte da planta que é
utilizada (folha, semente, flor, raízes, caule, casca) e de fatores ambientais como região

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geográfica, clima, estágio de crescimento no momento da colheita, entre outros.


A variabilidade destes compostos pode influenciar não apenas no potencial benefício
deste botânico, mas também em uma eventual toxicidade e desse modo, comprometer
a segurança para o consumo. No caso do Ginkgo biloba, por exemplo, as folhas são a
única parte da planta que contém teores consideráveis de compostos ativos (exemplo:
flavona, glicosídeos) que estão associados ao seu possível mecanismo de ação. Já os
ginsenosídeos, compostos ativos da Panex ginseng, são encontrados principalmente
nas laterais das raízes, enquanto os extratos da Echinacea purpúrea são feitos a partir
de flor ou de raízes recém-colhidas. Nesse sentido, a pureza tanto do material inicial
como do produto final do extrato botânico é importante pois fatores como condições
do solo, o uso de pesticidas, a colheita e o armazenamento da planta podem influen-
ciar tanto na qualidade, quanto na toxicidade do produto. A identificação correta da
espécie vegetal também é um fator essencial para a integridade do produto e, no caso
dos extratos, é necessário informar o tipo (seco ou líquido) e o processo de produção
utilizado. No caso dos extratos, quando não é possível realizar a análise taxonômica ou
genética da espécie, o material processado passa por uma análise química, compara-
se os dados com valores de referência e determina-se a identificação dos componen-
tes. Neste caso, as diferentes abordagens de preparação do extrato podem alterar o
produto final e dificultar a sua caracterização. Adulterações nestes produtos também
podem ocorrer, citando mais uma vez como exemplo o caso do extrato de Ginkgo
biloba, onde são utilizados materiais de baixo custo e outras substâncias para gerar
uma maior quantidade de produto final. Análises por meio de técnicas relacionadas à
metabolômica e de espectrometria são utilizadas para identificação e comparação de
extratos botânicos. Informações incorretas sobre a identificação da planta, a substitu-
ição por uma espécie diferente e o uso de partes incorretas podem impactar nas questões
de segurança deste suplemento alimentar aumentando o risco de toxicidade. Grande
parte dos efeitos tóxicos são produzidos por fatores externos relacionados a contaminantes
não-botânicos como a presença de metais pesados (exemplo: chumbo e mercúrio), herbicidas
e pesticidas, por contaminação microbiana (exemplo: bactérias e toxinas) durante o processo
de cultivo, estocagem ou processamento, ou ainda por agentes químicos durante o proces-
samento industrial ou farmacêutico. Para avaliar estes possíveis riscos aos consumidores, estes
suplementos devem ser submetidos a diferentes análises como as técnicas de espectrometria,
avaliação da presença de metais pesados, ou ainda a ensaios laboratoriais para identificação
de outros tipos de contaminantes citados anteriormente. No caso dos extratos botânicos, a
realização de ensaios in vitro e in vivo são importantes para obtenção de informações sobre os
efeitos destes produtos e, desse modo determinar a segurança do suplemento alimentar. 33, 35

Para apresentar uma alegação de propriedade de saúde, é importante que seja feita uma in-
vestigação científica sobre os efeitos alegados, que possam apresentar evidências destes ali-
mentos/ingredientes para promoção da saúde, bem como sobre a utilização destes a longo
prazo como parte da avaliação da segurança do produto32. A Figura 2 mostra os parâmetros
para avaliação da força e a consistência dos dados disponíveis, a partir de estudos da literatura
cientifica, que consideram se uma evidência é fraca ou forte para determinar a alegação de
saúde de um suplemento alimentar botânico.

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Figura 2: Parâmetros de força e consistência dos dados de avaliações cientificas para


comprovação de alegações de propriedades de saúde de produtos botânicos para
utilização como suplementos alimentares.

Legenda: EFSA= European Food Safety Authority; FDA= Food and Drug Administra-
tion; AFSSA= Agence française de sécurité sanitaire des aliments; WHO= World Health
Organization; SACN= Scientific Advisory Committee on Nutrition (Reino Unido); NAS=
National Academy of Science; ESPGHAN= European Society for Paediatric Gastroen-
terology Hepatology and Nutrition; ESCOP= European Scientific Cooperative on Phy-
totherapy. *Estudos pequenos = realizado com um número pequeno de indivíduos.

Fonte: Coppens et a. (2006)32.

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No Brasil, em termos de regulamentação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária


(ANVISA) publicou em 2018 uma nova resolução para suplementos alimentares, que
auxilia na redução da veiculação de alegações sem comprovação cientifica por meio
de um melhor controle sanitário e gestão de risco destes produtos, permitindo ao
consumidor o acesso a produtos com maior segurança e qualidade. As novas regras
consistem em seis normas, descritas abaixo:

• RDC 239/2018: estabelece os aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnolo-


gia autorizados para uso em suplementos alimentares.
• RDC 240/2018: categorias de alimentos e embalagens isentos e com obrigato-
riedade de registro sanitário.
• RDC 242/2018: regulamenta o registro de vitaminas, minerais, aminoácidos
e proteínas de uso oral, classificados como medicamentos específicos.
• RDC 243/2018: dispõe sobre os requisitos sanitários dos suplementos alimentares.
• Instrução Normativa 28/2018: estabelece as listas de constituintes, de limites de
uso, de alegações e de rotulagem complementar de suplementos alimentares.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O consumo de alimentos de origem vegetal (incluindo produtos botânicos) vem crescendo


ao longo dos anos e tornando-se popular por meio do conhecimento sobre os benefícios
que podem trazer à saúde através da ação de diferentes compostos bioativos presentes
nestes alimentos. Desse modo, as evidências cientificas devem ser consideradas para a
decisão de qual, porque e como qualquer produto de origem botânica deve ser utiliza-
do para o consumo humano, após comprovação de sua eficácia e segurança. Deve-se
ainda atentar-se às diferenças entre as regulamentações existentes nos diversos países,
que podem impactar no mercado desses produtos. Dessa forma um processo de har-
monização regulatória, como a utilizada para medicamentos, seria muito importante
para diminuir as barreiras de comercialização de produtos de origem botânica.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6. DIRETORIA / CONSELHO
Diretoria e Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil

Presidente do Conselho Científico e de Vice-Presidente do Conselho Científico


Administração e de Administração
Franco Lajolo – Faculdade de Ciências Paulo Stringheta - Universidade Federal
Farmacêuticas da USP de Viçosa

Presidente Executivo Diretoria Executiva


Luiz Henrique Fernandes - Pfizer Flavia Franciscato Cozzolino Goldfinger

Diretoria Financeira
Othon Abrahão - FuturaGene

Diretoria
Bernadette Franco - Faculdade de Ciên-
cias Farmacêuticas da USP;
Deise Capalbo - Embrapa Meio Ambiente; Helio Vannucchi – Faculdade de Medicina
Fernanda Martins - Unilever; de Ribeirão Preto - USP
Helio Vannucchi - Faculdade de Medicina Ione Lemonica – UNESP Botucatu
de Ribeirão Preto da USP; Luiz Henrique Fernandes – Pfizer
Maria Cecília Toledo - Universidade Es- Maria Cecília Toledo – CCFA Brazilian
tadual de Campinas; delegation / UNICAMP
Mariela Berezovsky - Danone; Mariela Weingarten Berezovsky – Danone Ltda.
Taiana Trovão - Mondelez. Mauro Fisberg – Instituto PENSI e Pe-
diatria EPM / UNIFESP Othon Abrahão
- Futuragene
Conselho Científico e de Administração Paulo Stringheta – UFV
Amanda Poldi – Cargill Renata Cassar – Tate & Lyle
Bernadette Franco – Faculdade de Ciên- Silvia Maria Franciscato Cozzolino – Facul-
cias Farmacêuticas da USP dade de Ciências Farmacêuticas da USP
Carlos Nogueira-de-Almeida – Univer- Taiana Trovão - Mondelez
sidade Federal de São Carlos Cristiana Tatiana da Costa Raposo Pires – DSM
Leslie Corrêa – Planitox Thaise Mendes – Herbalife
Deise M. F. Capalbo – EMBRAPA
Eduardo Nascimento Silva – Coca-Cola
Fernanda de Oliveira Martins – Unilever
Felix Reyes – Fac. Eng. Alimentos / UNICAMP
Flavio Zambrone - Instituto Brasileiro de
Toxicologia
Franco Lajolo – Faculdade de Ciências
Farmacêuticas da USP

19
Extratos Botânicos: Evidências Científicas a Favor da Nutrição / ILSI Brasil

7. EMPRESAS MANTENEDORAS FORÇAS-


TAREFA 2020

ALIMENTOS FORTIFICADOS E ALIMENTOS FUNCIONAIS


SUPLEMENTOS

Ajinomoto Abbott
Amway Amway
BASF BASF
DSM Danone
Herbalife DSM
Tate & Lyle DuPont
Pfizer NESTLE
VIGOR Pfizer
Yakult

20

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