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MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS

PROGRAMA

Maria Celeste Rogado Quintino


Professora Associada
Orientação tutorial: sexta-feira, 10h-12h; por
marcação
Gabinete: D2.36
Telefone: (+351) 213 619 430
Endereço eletrónico:
celestequintino@iscsp.ulisboa.pt

VISÃO GERAL

Vivemos numa era de grande mobilidade e circulação através de fronteiras nacionais: de bens,
serviços, capital, ideias, culturas e -mais importante- de pessoas, sejam elas rotuladas de turistas,
refugiados, migrantes económicos ou estudantes internacionais.
No atual momento da globalização, o movimento de pessoas que atravessam fronteiras em busca
de emprego, melhores salários, mais elevados padrões de vida e em fuga de desastres naturais,
privação, perseguições e conflitos armados é um fenómeno amplo, crescente e particularmente
desafiante que se tornou um debate crucial quer na academia quer na esfera pública.
Mais de 200 milhões de pessoas vivem hoje fora do seu país de origem. As vias de entrada
legalmente limitadas, as crises globais (ambientais, religiosas ou políticas) e a crescente
desigualdade combinadas com múltiplos métodos de viagem e comunicação têm moldados
significativamente os fluxos migratórios dentro e entre regiões. Assistimos a novas formas de
migração, fluxos migratórios mistos que incluem requerentes de asilo, refugiados e migrantes
económicos que seguem percursos e métodos de entrada semelhantes e enfrentam dificuldades e
desafios similares ao longo dos percursos. Da origem ao destino, as jornadas são menos lineares,
implicam movimentos transitórios e países de trânsito. Contudo, a resposta dos governos e dos
fazedores de políticas é focar mais em medidas de curto prazo, tentando “gerir” o movimento
irregular – fundamentalmente, um fenómeno fluido que está a progredir rapidamente durante um
tempo de crises em todo o mundo.
Na Europa, os migrantes são representados como potenciais promotores da paz e atores do
desenvolvimento nos seus países de origem, mas também como uma ameaça à coesão nacional
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nos seus países de destino transformados em sociedades multiétnicas. Os refugiados têm gerado o
pânico nas fronteiras que se manifesta no fortalecimento do controlo, na limitação das leis da
migração e na visão do Outro como uma ameaça à segurança do estado-nação.
Para todos nós cidadãos globais, um conhecimento detalhado sobre as migrações internacionais
tem-se tornado essencial para compreender o mundo contemporâneo e as suas dinâmicas
políticas, económicas, sociais e culturais.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Esta unidade curricular visa envolver os estudantes nos debates académicos e públicos sobre a
migração internacional no mundo contemporâneo, com particular ênfase na experiência Europeia.
Providencia uma visão interdisciplinar das migrações internacionais, embora seja central a
perspetiva da antropologia.
No fim desta unidade curricular, os estudantes serão capazes de:
1. Discutir as dinâmicas globais da migração e as questões de ética sobre o movimento
humano que se têm colocado, particularmente nos anos recentes
2. Identificar e explicar os conceitos básicos e os paradigmas teóricos dominantes acerca da
migração internacional e o contributo da antropologia
3. Comparar e contrastar as experiências de migrantes através de estudos de caso
etnográficos
4. Examinar as múltiplas dimensões económicas, sociais, políticas e culturais da migração
internacional com particular ênfase na experiência Europeia
5. Avaliar os debates públicos e as políticas da migração internacional, do ponto de vista
antropológico
6. Usar materiais aprendidos num projeto colaborativo sobre uma população migrante em
Portugal.

SÍNTESE PROGRAMÁTICA

I. Mundo em Movimento
II. Conceitos e Teorias
III. Histórias da Migração Global no Mundo Moderno
IV. Nova Europa dos Estrangeiros e suas Experiências

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CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

I. Mundo em Movimento
1. Fontes, números e factos
2. Todos temos o direito humano de atravessar fronteiras?
3. Imagens mediáticas de migrantes e refugiados
II. Conceitos e Teorias
1. Mobilidade, migração e diáspora
2. Formas de movimento de populações e categorias de migrantes
3. Teorias da migração e abordagens antropológicas
III. Histórias da Migração Global no Mundo Moderno
1. Regimes de mobilidade: Africanos, Europeus e Asiáticos
2. Migrantes portugueses em Massachusetts
IV. Nova Europa dos Estrangeiros e suas Experiências
1. Tendências, mobilidades e redes sociais
2. Fronteiras, securitização e dispositivos de gestão da migração
3. Integração, cidadania e pertença

COERÊNCIA CONTEÚDOS/OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Os conteúdos programáticos foram selecionados e organizados para ajudar os estudantes ao


longo dos seus trajetos de aprendizagem a alcançarem os objetivos de aprendizagem (AO):
Os conteúdos da secção I suportam o OA1. Os estudantes discutirão o atual movimento global de
pessoas e envolver-se-ão nas controversas sobre o direito de mover e “viajantes indesejáveis”.
Os conteúdos da secção II suportam os OA2 e OA3. Os estudantes constroem seus trajetos de
aprendizagem através dos conceitos de mobilidade, migração e diáspora, diferentes tradições
disciplinares e contributo da antropologia, para explicar porquê e como ocorre a migração
internacional, o papel dos fatores individuais, grupos domésticos, redes sociais, atores da indústria
migratória e governos nos processos migratórios, através de estudos de caso etnográficos.
Os conteúdos das secções III e IV suportam os OA3, OA4, OA5 e OA6. Os estudantes explorarão
múltiplas dimensões da migração internacional com foco na experiência Europeia, dos regimes
históricos de mobilidade aos atuais debates sobre questões de fronteira e segurança e integração
de migrantes, através de diversidade de fontes.

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METODOLOGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM E DE AVALIAÇÃO

Métodos a utilizar no processo de ensino-aprendizagem:

Aulas expositivas apoiadas em estudos de caso etnográficos e seguidas de perguntas/respostas;


aula com convidado especialista; sala de aulas invertida; trabalho colaborativo (pesquisa
orientada, apresentações, discussões e participação); orientação tutorial (gabinete e Fórum de e-
learning); leituras orientadas; autoestudo. Espera-se que os estudantes sejam assíduos, cheguem a
horas às aulas e se envolvam ativamente em todas as atividades da unidade curricular.

Opções disponíveis no processo de avaliação:

1. Avaliação Contínua
 Mediateca colaborativa sobre de migrantes e refugiados 20%
 Projeto colaborativo sobre um grupo de migrantes em Portugal 30% (tarefas em sala de
aula 10% + conceitos e leitura etnográfica 25% + recolha, análise e interpretação de dados
estatísticos 25% + tarefa de escrita 20% + apresentação oral 10%)
 Teste escrito sobre conceitos e abordagens teóricas 50%

O acesso a esta modalidade requer a adesão escrita dos estudantes e a assiduidade mínima
de 80%, controlada através da assinatura da folha de presenças em cada sessão letiva

2. Avaliação Final

 Exame escrito 100%

COERÊNCIA METODOLOGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM/OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

As atividades de ensino-aprendizagem (AEA) e as tarefas de avaliação (TA) foram alinhadas com os


objetivos de aprendizagem (OA), tendo em conta que o trabalho que o estudante deve realizar
para concluir com sucesso esta unidade curricular inclui 62h horas de contacto (42h de aulas-
teórico-práticas, 20h de orientação tutorial) e 68h de trabalho autónomo. Haverá orientação
tutorial no gabinete para apoio individual (horas de atendimento e por marcação) e no Fórum de
e-learning para informação adicional sobre conteúdos das aulas e leituras, orientação de tarefas e
postagens dos estudantes sobre as suas pesquisas digitais.

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Alinhamento AEA/TA/OA:

Realização do OA1: os trajetos de aprendizagem dos estudantes iniciam-se com aula expositiva
apoiada em infografias, mapas interativos e galeria mediática, para providenciar uma visão crítica
das fontes, números e padrões migratórios atuais e estimular o interesse e pensamento crítico
sobre o assunto; lançamento do trabalho da mediateca colaborativa com apresentações
(postagens antecipadas no Fórum e-learning) e discussões baseadas na pesquisa digital orientada
a debates públicos sobre movimentos humanos, muros e Direitos Humanos e imagens mediáticas
de migrantes e refugiados; participação individual e ativa nas discussões; autoestudo de
preparação para exame final.
Realização dos OA2 e OA3: aulas expositivas apoiadas em recursos visuais para providenciar
entendimentos críticos sobre conceitos e questões teóricas sobre porquê e como ocorrem as
migrações internacionais, através de estudos de casos etnográficos, e seguidas de
perguntas/respostas para obter feedbacks dos estudantes; leituras orientadas de uma seleção de
textos de diferentes tradições disciplinares, sobretudo da antropologia, e de excertos de estudos
de caso etnográficos; discussões de estudos de caso etnográficos e participação individual e ativa,
na forma oral e escrita; orientação tutorial; autoestudo de preparação para teste escrito e exame
final.
Realização dos OA4 e OA5: aulas expositivas apoiadas em recursos visuais e estudos de caso
etnográficos para providenciar entendimentos críticos sobre os debates acerca das forças locais e
globais que conduzem, sustentam e governam a migração contemporânea, as políticas de
fronteira e vigilância, os regimes de mobilidade e diferentes experiências de migrantes, os efeitos
políticos, económicos, sociais e culturais nos países de origem e de acolhimento, integração,
cidadania, fronteiras simbólicas, redes sociais e mobilização de migrantes, com foco na
experiência Europeia; aula com especialista; trabalho da mediateca colaborativa baseado na
combinação de leituras académicas orientadas (questões de leitura serão disponibilizadas
antecipadamente), documentários e outros materiais digitais pesquisados para colocar os
estudantes perante diversas perspetivas académicas e modos de expressão para enriquecer a
aprendizagem e o pensamento crítico; orientação tutorial; autoestudo de preparação para exame
final.
Realização do OA6: trabalho do projeto colaborativo sobre um grupo de migrantes em Portugal,
através de várias tarefas de aprendizagem em que os estudantes ganham experiência direta na

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recolha, análise e interpretação de dados estatísticos, integração de conceitos e leitura
etnográfica; escrita e apresentação oral dos resultados, podendo ser útil para o trabalho de final
de curso na unidade curricular de Seminário/Estágio); orientação tutorial.

BIBLIOGRAFIA

Andersson, R. (2014). Illegality, Inc.: Clandestine migration and the business of bordering Europe.
Berkeley: University of California Press.
Brettell, C. and Hollifield, J. (ed.) (2007). Migration theory. Talking across disciplines. New York:
Routledge.
Castles, S e Miller, M. J. (2004). La era de la migración. Movimientos internacionales de población
em el mundo moderno. Tradução de Luis R. M. Quiroz. México: Universidad Autónoma de
Zacatecas.
Goldin, Ian et al. (2011). Exceptional people: How migration shaped our world and will define our
future. Princeton: Princeton University Press.
Fonseca, M. L. et al. (org.) (2013). Migrações na Europa e em Portugal: Ensaios de homenagem a
Maria Ioannis Baganha. Coimbra: CES/Almedina.
Nolasco, C. (2016). Migrações internacionais: Conceitos, tipologia e teorias. Coimbra: Centro de
Estudos Sociais. (Oficina do CES, nº 434).
Quintino, M. C. R. (2004). Migrações e etnicidade em terrenos portugueses. Lisboa: ISCSP.

Serão indicadas em sala de aula uma seleção de excertos de estudos de caso etnográficos e outros
textos, bem como de materiais digitais.

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