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“Viva – A Vida É Uma Festa” Breve analise sobre a tentativa de

reavivamento de memorias latino-americanas

Fernando. M.S. Costa1

Resumo: Lançado em 2017, a animação “Viva, a vida é uma festa” 2


, conquistou
grande repercussão, estabelecendo-se como uma das mais belas representações fílmicas com
abordagens latino-americanas. haja vista que a animação da Pixar aborda aspectos da cultura
mexicana, bem como, o Dia de los Muertos, memórias e esquecimentos. Logo, objetiva-se
nesse artigo refletir sobre identidade e decolonialidade intentado o questionamento das noções
eurocêntricas com vias a refletir sobre o reavivamento de memorias da “americanidade”.

Palavras-chave: América Latina; Memória; Esquecimento.

Introdução

O filme “Viva, a vida é uma festa” (2017), conta a história de Miguel, personagem
latino-americano de 12 anos, natural do México. Boa parte da trama fílmica se passa na festa
popular mexicana do Dia de los Muertos, em que nesta data se lembra dos mortos, bem como
do que eles gostavam de comer, de beber e a música que escutavam. Entretanto, o pequeno
Miguel era coagido a se afastar da área musical, devido a traumas familiares.

O garoto, em um conflito consigo mesmo e seus familiares é apresentado ao mundo


dos mortos, em que passa a ter um encontro com sua historicidade e sua ancestralidade a qual
corria sério risco de ser apagada. Objetiva-se, portanto, investigar se o filme “Viva, a vida é
uma festa” possibilita trabalhar a tentativa de reavivamento de memórias latino-americanas
referentes ao México. Bem como, se é possível por meio do enredo, somar questões a
discussão teórica e crítica da decolonialidade através de questionamentos das noções

1
Graduando do curso de história pela Universidade Estadual de Goiás.
Gmail: fernandomoreiradossantos@gmail.com
2
Filme dirigido pelo Mexicano Adrian Molina e Lee Unkrich.

2
eurocêntricas e contra hegemônicas presentes no filme, do mesmo modo que, pretende-se
investigar a construção do imaginário acerca dos povos Mexicanos.

Por fim, como bem apontou Mignolo, Walter D. (2005. pp.6) O imaginário do mundo
moderno/colonial surgiu da complexa articulação de forças, de vozes escutadas ou apagadas,
de memórias compactas ou fraturadas, de histórias contadas de um só lado, que suprimiram
outras memórias, e de histórias que se contaram e se contam levando-se em conta a
duplicidade de consciência que a consciência colonial gera. Logo, este artigo pretende
dialogar com posicionamentos de Mignolo, Walter D. A em colonialidade de cabo a rabo: o
hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. Em contraste com a narrativa
fílmica, supracitada, que aborda uma questão séria a História: a morte simbólica, ou seja,
aquela que pressupõem apagamentos de fontes, de historicidade e de memórias.

Hipóteses
1. Em que medida o filme “Viva, a vida é uma festa” possibilita investigar memorias e
perspectivas latino-americanas?
2. A tentativa de reavivamentos de memórias latino-americanas é um meio de resistência
a cultura da opressão de esquecimento?
3. Crítica e recepção da obra cinematográfica são relevantes para a pesquisa. Partindo
desse pressuposto, será que o filme foi bem recepcionado entre os mexicanos?

Referencial Teórico

No campo teórico, perspectivas latino-americanas e os estudos decoloniais guiarão a presente


pesquisa. Tal como o conceito de “colonialidade do poder”, no sentido que atribuiu (Quijano,
1997). “imaginário” no sentido em que aplicou o Martinicano Édouard Glissant (1997). E
ainda “Memória e Identidade” ressignificando alguns sentidos de Candu (2013). Haja vista
que o filme a ser analisado se aproxima de uma história contra hegemônica, ao abordar
aspectos culturais caros a América Latina.

Referência Bibliográfica
MIGNOLO, Walter D. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ocidental no
horizonte conceitual da modernidade. In. Edgardo Lander (org.). A colonialidade do saber:
eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Colecciôn Sur Sur,
CLACSO, Ciudad Autônoma de Buenos Aires, Argentina. setembro 2005.

CANDAU, Joel. Memória e Identidade. São Paulo: Contexto, 2013.


Glissant, Edouard 1997 (1990) Poetics of Relation (Ann Arbor: The University of Michigan
Press).
Quijano, Aníbal 1997 “Colonialidad del poder, cultura y conocimiento en América
Latina” em Anuario Mariateguiano (Lima: Amauta) Vol. IX, Nº 9.

VIVA, a vida é uma festa. Direção de Lee Unkrich. Produção de Darla K. Anderson. [S.I]:
Disney/Pixar, 2017. P&B.
BATISTA JUNIOR, Natalício. Fotografia e Memória: Contra a ação do tempo, a foto
fortalece a tradição das técnicas de memorização. São Paulo: Belas Artes, 2009.

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