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ESTUDOS POPULACIONAIS, EPIDEMIOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS

O CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E SEU IMPACTO NA INCIDÊNCIA


DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM INDIVÍDUOS ADULTOS

INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são atribuídas às doenças cardiovasculares,


câncer, diabetes, doenças respiratórias crônicas e doenças metabólicas. AS DCNT representam as
principais causas de óbitos no mundo. Cerca de 80% dos casos de óbito acontecem em países de baixa
e média renda, sendo um terço desse número representado por pessoas menores de 60 anos. E, entre
as causas dessas doenças, estão os fatores de risco associados ao tabagismo, consumo de bebidas
alcoólicas, falta de atividade física e má alimentação, incluindo o alto consumo de produtos
ultraprocessados (BRASIL, 2011).

Tendo isso em vista, os ultraprocessados são classificados como produtos obtidos através de
formulações industriais, derivadas de constituintes de outros alimentos, com aditivos capazes de
imitar todas as características sensoriais dos alimentos. Entre os principais figuram os refrigerantes,
salgadinhos do tipo snack, sorvetes, biscoitos, chocolates, refrescos e outros. Estes alimentos
possuem alta densidade energética, com maiores teores de açúcares simples, gorduras saturadas,
gorduras trans e sódio (MONTEIRO et al., 2010; 2016; LOUZADA et al., 2015).

Ademais, as mudanças nos hábitos durante o período de isolamento social, decorrente da


pandemia de COVID-19, afetaram em larga escala, o consumo alimentar. Em comparação, do ano de
2019, com o de 2020, é possível observar a discrepância do consumo de ultraprocessados de 9% para
16%, somente durante a pandemia, em indivíduos adultos, de 45 a 55 anos. O consumo de alimentos
industrializados nesse período também foi responsável por aumentar risco de obesidade, sobrepeso,
síndrome metabólica, dislipidemia e doenças cardiovasculares (IDEC, 2020; OLIVEIRA, 2020; CFN,
2020).

O perfil nutricional de uma determinada população é capaz de validar a ocorrência de


disfunções na saúde dos indivíduos, da mesma maneira, este fato ocorre com as doenças crônicas não
transmissíveis. Observando o recente padrão do consumo alimentar dos brasileiros, é de grande
importância que haja o mapeamento do perfil nutricional, para a prevenção das DCNT. Através deste
estudo será possível identificar hábitos e fatores de risco modificáveis, elaborar diagnósticos em
nutrição e criar condutas que poderão auxiliar na prevenção e manejo das DCNT.
OBJETIVOS

Geral:

• Relacionar a incidência de DCNT com o consumo de ultraprocessados por indivíduos adultos.

Específicos:

• Diferenciar as categorias de alimentos ingeridos por pessoas com DCNT, segundo a


classificação NOVA;
• Avaliar consumo alimentar e hábitos relacionados a fatores de risco modificáveis em pessoas
portadoras de DCNT.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal, com abordagem quantitativa, tendo como finalidade a


obtenção de dados a respeito das ocorrências de DCNT associadas ao consumo de alimentos
ultraprocessados. O estudo será feito em parceria com equipamentos públicos de saúde, na cidade de
Fortaleza, Ceará, Brasil.

Para a realização da pesquisa, serão coletados dados socioeconômicos e referentes ao consumo


alimentar habitual de 50 indivíduos independentes do gênero, maiores de 18 anos e menores de 60
anos, que possuam alguma DCNT. Os dados serão coletados após assinatura de termo de ciência e
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Não poderão participar do estudo indivíduos
que possuam doenças infecciosas, complicações de saúde que afetem seu consumo alimentar ao
momento da realização do estudo.

À coleta de dados, serão utilizadas para o estudo, referências do consumo alimentar através
da aplicação de recordatório habitual detalhado, com descrição de alimentos, formas de preparo e
quantidades estimadas em medidas caseiras. Também será utilizado questionário de avaliação
subjetiva de mudanças no hábito alimentar durante o período de isolamento social, contendo
perguntas relativas aos padrões de consumo e hábitos que se referem a fatores de risco modificáveis.

Após os dados serem coletados, estes serão segregados e quantificados tendo como base a
classificação NOVA, proposta por Monteiro et al., 2016. As informações serão tabuladas através do
programa SPSS e, a partir disso, será possível cruzar os dados de ocorrência de DCNT, com os de
consumo alimentar baseado em ultraprocessados. O cruzamento de dados servirá para mapear padrões
de consumo e hábitos relacionados a fatores de risco modificáveis, rastrear quais DCNT possuem
mais prevalência e qual a maior categoria de alimentos consumidos dentro da população apta a
participar do estudo.
RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que ao final seja encontrada maior incidência de DCNT em pessoas que possuem
maior consumo de ultraprocessados, bem como encontrar maiores hábitos relacionados com fatores
de risco modificáveis, nestes indivíduos.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de


Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
CFN – Conselho Federal de Nutricionistas. Pesquisa Nacional de Saúde 2019 aponta aumento no
consumo de ultraprocessados. 2020. Disponível em:
https://www.cfn.org.br/index.php/noticias/pns-2019-aponta-aumento-no-consumo-de-
ultraprocessados/. Acesso em: 24 ago. 2022.
IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Pandemia: aumento de consumo de
ultraprocessados pelo brasil. aumento de consumo de ultraprocessados pelo Brasil. 2020. Disponível
em: https://idec.org.br/noticia/pandemia-aumento-de-consumo-de-ultraprocessados-pelo-brasil.
Acesso em: 24 ago. 2022.
LOUZADA, M. L. da C.; MARTINS, A. P. B.; CANELLA, D. S.; BARALDI, L. G.; LEVY, R. B.;
CLARO, R. M.; MOUBARAC, J. C.; CANNON, G.; MONTEIRO, C. A. Ultra-processed foods
and the nutritional dietary profile in Brazil. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 49, n. 38, p.
1-11, abr. 2015.
MONTEIRO, C. A.; LEVY, R. B.; CLARO, R. M.; CASTRO, I. R. R. de; CANNON, G. A new
classification of foods based on the extent and purpose of their processing. Cadernos de Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v. 26, n. 11, p. 2039-2049, nov. 2010.
MONTEIRO, C. A.; CANNON, G.; LEVY, R. B.; MOUBARAC, J. C.; JAIME, P.; MARTINS, A.
P.; CANELLA, D.; LOUZADA, M. L.; PARRA, D.; RICARDO, C.; CALIXTO, G., MACHADO,
P.; MARTINS, C.; MARTINEZ, E.; BARALDI, L.; GARZILLO, J.; SATTAMINI, I. NOVA. The
star shines bright. World Nutrition, v. 7 n. 1-3; p. 28-38, mar. 2016.
OLIVEIRA, K. de. Aumenta preocupação com consumo de alimentos ultraprocessados durante
pandemia. 2020. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/aumenta-preocupacao-com-
consumo-de-alimentos-ultraprocessados-durante-pandemia/. Acesso em: 24 ago. 2022.

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