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PSICOLOGIA E SAÚDE EM DEBATE

ISSN (eletrônico) 2446-922X

ARTIGO ORIGINAL

PERCEPÇÕES DE PÓS-BARIÁTRICOS SOBRE O


COMPORTAMENTO ALIMENTAR NA PANDEMIA: Um
estudo qualitativo
DOI: 10.22289/2446-922X.V9N2A22
Lorraine Beatriz Moreira
Maria Eduarda Monteiro da Cunha de Souza1
Cristina Pilla Della Méa
Roberta Bilibio Westhpalen
Lucas Duda Schmitz

RESUMO

A pandemia do COVID-19 trouxe alterações no consumo alimentar da população, impactando na


saúde mental e física. Este estudo teve como objetivo descrever as percepções sobre a influência
da pandemia no comportamento alimentar de pessoas que realizaram a cirurgia bariátrica (CB)
nesse período. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com a participação de seis pessoas que
realizaram CB durante a pandemia. Utilizou-se uma entrevista semiestruturada on-line para coletar
os dados que foram posteriormente submetidos ao método de análise de conteúdo de Bardin.
Foram elencadas quatro categorias: relação das emoções com a alimentação, decisão da CB,
alimentação na pandemia e percepção sobre a influência da pandemia na CB. Os resultados 386
demonstraram que as emoções influenciam na alimentação, e que a alimentação também foi
influenciada no período da pandemia, tendo em vista que os participantes relataram ter comido
mais. As motivações para a realização da CB foram questões de saúde, autoaceitação e relação
com familiares, porém os participantes sentiram medo de realizar o procedimento em função da
pandemia. Conclui-se que a pandemia impactou no comportamento alimentar de pessoas
submetidas à CB, mas sua realização foi positiva, já que a obesidade era um fator de risco para o
agravamento da COVID-19.

Palavras-chave: COVID-19; Comportamento Alimentar; Cirurgia Bariátrica.

PERCEPTIONS OF POST-BARIATRIC PATIENTS ON EATING


BEHAVIOR DURING THE PANDEMIC: a qualitative study

ABSTRACT
The COVID-19 pandemic brought changes in the population's food consumption, impacting mental
and physical health. This study aimed to describe perceptions about the influence of the pandemic
on the eating behavior of people who underwent bariatric surgery (BS) during this period. This is a
qualitative research, with the participation of six people who underwent CB during the pandemic.
An online semi-structured interview was used to collect data that were later submitted to Bardin's
content analysis method. Four categories were listed: relationship of emotions with food, BC

1
Endereço eletrônico de contato: cristina.mea@atitus.edu.br
Recebido em 20/08/2023. Aprovado pelo conselho editorial para publicação em 25/09/2023.

Rev. Psicol Saúde e Debate. Set., 2023:9(2): 386-405.


decision, food in the pandemic and perception of the influence of the pandemic on BC. The results
showed that emotions influence eating, and that eating was also influenced during the pandemic,
given that participants reported having eaten more. The motivations for performing the BS were
health issues, self-acceptance and relationship with family members, but the participants were
afraid to perform the procedure due to the pandemic. It is concluded that the pandemic had an
impact on the eating behavior of people undergoing BS, but its realization was positive, since
obesity was a risk factor for the worsening of COVID-19.

Keywords: COVID-19; Eating Behavior; Bariatric Surgery.

PERCEPCIONES DE PACIENTES POSTBARIÁTRICOS SOBRE


LA CONDUCTA ALIMENTARIA DURANTE LA PANDEMIA: un
estudio cualitativo
RESUMEN

La pandemia del COVID-19 trajo cambios en el consumo de alimentos de la población, impactando en


la salud mental y física. Este estudio tuvo como objetivo describir las percepciones sobre la influencia
de la pandemia en el comportamiento alimentario de las personas que se sometieron a cirugía
bariátrica (CB) durante este período.Se trata de una investigación cualitativa, con la participación de
seis personas que se realizaron CC durante la pandemia. Se utilizó una entrevista semiestructurada
en línea para recopilar datos que luego se sometieron al método de análisis de contenido de Bardin.
Se enumeraron cuatro categorías: relación de las emociones con la comida, decisión de BC, comida 387
en la pandemia y percepción de la influencia de la pandemia en BC. Los resultados mostraron que las
emociones influyen en la alimentación, y que la alimentación también fue influida durante la pandemia,
dado que los participantes reportaron haber comido más. Las motivaciones para realizar el CB fueron
cuestiones de salud, autoaceptación y relación con los familiares, pero los participantes tenían miedo
de realizar el procedimiento debido a la pandemia. Se concluye que la pandemia tuvo impacto en la
conducta alimentaria de las personas sometidas a CB, pero su realización fue positiva, ya que la
obesidad fue un factor de riesgo para el empeoramiento de la COVID-19.

Palabras clave: COVID-19; Conducta Alimentaria; Cirugía Bariátrica.

1 INTRODUÇÃO

A obesidade caracteriza-se por um acúmulo anormal ou excessivo de gordura, acarretando


prejuízos para a saúde dos indivíduos (World Health Organization [WHO], 2018). A cada dia essa
doença crônica atinge mais pessoas, se configurando como um problema de saúde pública (Martins,
2018). No Brasil, a prevalência de excesso de peso em 2019 correspondia a 60,3% da população
(Ministério da Saúde [MS], 2020) e cerca de 96 milhões de pessoas apresentaram diagnóstico de
obesidade (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica [ABESO],
2020). Estima-se que, para 2030, a prevalência global seja de aproximadamente 1 bilhão de
pessoas, sendo uma em cada cinco mulheres e um em cada sete homens (World Obesity
Federation, 2022).

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Por muitas vezes, a obesidade é encarada na sociedade como uma questão superficial,
ligada à estética e trazendo o estigma de descuido à pessoa portadora dessa doença. Porém, a
causa da obesidade é multifatorial, ou seja, inclui diferentes fatores, como genéticos,
comportamentais e culturais (Lopes et al., 2022). Assim, é necessário compreender todos os fatores
envolvidos no ganho de peso de uma pessoa. Um dos principais fatores para que o aumento da
obesidade ocorra é a alteração do padrão alimentar. Exemplo disso, é que hoje se consomem
muitos alimentos ultra processados, que possuem em sua composição ingredientes altamente
palatáveis, aumentando o desejo por eles (Martins, 2018).
Em 2020, em função da pandemia mundial causada pelo vírus SARS-CoV-2 descoberto em
Wuhan, na China, o padrão alimentar teve alterações (Braga et al., 2020), ou seja, as emoções
sentidas nesse período acabaram por impactar na alimentação das pessoas (Li et al., 2020).
Identificou-se uma piora na alimentação dos brasileiros, com diminuição no consumo de hortaliças
e aumento na ingestão de alimentos mais calóricos, como por exemplo, de salgadinhos e chocolates
(Oliveira et al., 2021; Malta et al., 2020). Corroborando essa piora da alimentação, um estudo
desenvolvido na Austrália identificou que o isolamento desencadeado pela pandemia aumentou a
frequência de uma alimentação transtornada, ampliando comportamentos compulsivos
relacionados à alimentação (Phillipou et al., 2020).
Com toda essa modificação alimentar, volta-se ainda mais a preocupação para a questão 388
da obesidade na população, já que esses indivíduos são mais susceptíveis a desenvolverem outras
comorbidades, como diabetes mellittus tipo 2 (DM 2), hipertensão arterial sistêmica (HAS) e
doenças cardiovasculares (Oliveira et al., 2021). Ainda, a obesidade possui um risco maior para
complicações advindas da COVID-19 (Guan et al., 2020; MS, 2020,), apresentando maiores taxas
de internação, necessitando de ventilação mecânica e maior taxa de mortalidade (Yang et al., 2021).
O tratamento da obesidade envolve uma equipe multidisciplinar, composta por médico,
psiquiatra, nutricionista e psicólogo. Quando a pessoa chega a um grau elevado de obesidade, não
conseguindo realizar mudanças em sua alimentação, torna-se necessária uma intervenção cirúrgica
(ABESO, 2016). A cirurgia bariátrica (CB) visa reduzir o peso de pessoas que apresentam
obesidade, por meio da redução do estômago realizada por diferentes técnicas (Sanchez, 2021).
Para que possa ser realizada, é necessário que a pessoa apresente alguns critérios, tais como: I.
IMC superior a 40 kg/m² ou 35 kg/m² com presença de comorbidades (como HAS, por exemplo); II.
um documento informando que a pessoa não conseguiu ter uma perda de peso significativa há dois
anos utilizando recursos para isso (como dieta e atividade física, por exemplo) e III. apresentar entre
18 e 65 anos de idade (ABESO, 2016).
No início da pandemia, a CB foi suspensa, uma vez que foi classificada como eletiva,
diminuindo em 69,9% a realização desse procedimento cirúrgico pelo Sistema Único de Saúde
(SUS). Porém, por um esforço da SBCBM, juntamente ao Ministério da Saúde, a CB foi revista e
classificada como uma eletiva essencial, uma vez que ela deve ser entendida como um

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procedimento que melhora a vida das pessoas e não tem, apenas, objetivo estético (Sociedade
Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica [SBCBM], 2021). Assim, essa melhora na qualidade
de vida ocorre pela remissão de possíveis comorbidades que a pessoa apresenta e a perda de peso
significativa, entre outros fatores (Moraes et al., 2014).
A pandemia acabou elevando o nível de estresse da população por conta do isolamento,
preocupações e número de óbitos. Dessa forma, muitas pessoas passaram a buscar conforto na
alimentação, principalmente com alimentos mais ricos em carboidratos simples e açúcares (Oliveira
et al., 2021). Durante a pandemia, nos anos de 2020 à 2021, foram realizadas 5064 CB pelo SUS
e 103.410 por convênios (SBCBM, 2022). gerou várias mudanças no cotidiano das pessoas em
diversos aspectos, gerando fortes alterações no padrão alimentar. Entender se a pandemia
influenciou na decisão de pacientes a realizarem a cirurgia bariátrica justifica-se por aprimorar os
estudos sobre o comportamento alimentar e obesidade, contribuindo para uma melhor qualidade
de vida destes pacientes. Desta forma, o objetivo da presente pesquisa foi descrever as percepções
sobre a influência da pandemia no comportamento alimentar de pessoas que realizaram a CB nesse
período. Também, buscou-se analisar as motivações dos participantes pela realização da CB e
elucidar de que maneira as pessoas relatam que a pandemia pode ter afetado a experiência da CB.

2 MATERIAIS E MÉTODOS 389

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com delineamento exploratório, de caráter transversal


(Sampieri et al., 2013). Os participantes foram selecionados por meio de uma amostra não
probabilística, ou seja, intencional. Contatou-se onze indivíduos que realizaram a CB durante a
pandemia, sendo que somente seis indivíduos aceitaram participar do estudo. Foram incluídas
pessoas maiores de 18 anos, homens e mulheres, que realizaram a CB durante a pandemia. Não
houveram critérios de exclusão. A caracterização dos participantes encontra-se na
Tabela. 1

Tabela 1- Caracterização dos Participantes.


Participante Idade Gênero Estado Escolaridade Trabalho atual Tempo
Civil de CB
P1 41 Feminino Casada Ensino superior Empresária 11
completo meses
P2 43 Feminino Casada Ensino superior Gestora de 02 anos
completo marketing

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P3 49 Masculino Casado Ensino médio Empresário 01 anos
completo e 08
meses
P4 33 Feminino Casada Ensino superior Psicóloga 01 anos
completo e 06
meses
P5 20 Feminino Solteira Ensino superior Estudante ± 08
incompleto meses
P6 29 Masculino Solteiro Ensino superior Auxiliar 11
incompleto administrativo meses

A pesquisadora entrou em contato com um médico que realiza CB em uma cidade localizada
no norte do Rio Grande do Sul a fim de buscar os participantes da pesquisa. O profissional
conversou com os pacientes que realizaram a intervenção durante as consultas de revisão,
colocando que estava indicando participantes para um estudo e os objetivos do mesmo. A lista dos
pacientes para a pesquisadora contatar foi feita somente com aqueles que autorizaram informar
seus dados. A partir disso, foi realizado um telefonema convidando as participantes para compor o 390
estudo, explicando o objetivo da pesquisa, bem como esclarecendo possíveis dúvidas. O Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi remetido através do Google Forms e enviado por e-
mail. Cabe ressaltar que o convite enviado por e-mail foi de maneira individual, ou seja, teve só um
remetente e um destinatário. Depois do aceite dos participantes, foi agendado um horário para a
realização da entrevista semiestruturada online.
O aplicativo escolhido para a realização da pesquisa foi o Zoom Meeting. O Zoom permite a
gravação da entrevista, onde no momento que o anfitrião for iniciá-la, os participantes na chamada
irão autorizar ou não, já que o programa avisa quando essa ação for ser realizada (Zoom Video
Communications, 2022). A entrevista foi gravada e após sua realização, o arquivo foi baixado para
o computador da entrevistadora para que ela transcrevesse os dados. Cada entrevista teve duração
de aproximadamente 30 minutos, sendo realizadas de julho à setembro de 2022.
A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa mediante CAAE número
57701622.5.0000.5319, parecer número 5.393.587. O TCLE foi construído conforme a Resolução
do Conselho Nacional de Saúde 466/12, 510/2016 e a Lei 13.709/2018, referente a Lei Geral de
Proteção de Dados do Brasil (LGPD). A devolutiva dos resultados foi entregue aos participantes
que solicitaram por e-mail.
Após as entrevistas feitas e gravadas, os arquivos foram transcritos na íntegra, organizados
e analisados conforme o conteúdo. Os dados obtidos foram estudados de maneira qualitativa, por
meio da análise de Bardin. Nesse tipo de análise, há três etapas: I. pré-análise; II. exploração do

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material e III. tratamento dos resultados e interpretações. Na primeira fase, foi onde ocorreu a
sistematização das primeiras ideias, pensando nos passos que viriam a seguir para criar um plano
de análise. Nessa fase, foi pensado sobre quais materiais seriam submetidos à análise, a criação
de objetivos e hipóteses e a construção de indicadores que auxiliaram na interpretação final, não
necessariamente nessa ordem. Já a segunda fase, diz respeito à análise propriamente dita dos
materiais, sendo considerada uma fase longa. Por fim, a terceira etapa foi onde os resultados brutos
se tornaram resultados com significados, levando à uma interpretação dos dados (Bardin, 2016).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados foram agrupados conforme os relatos dos participantes. A partir da análise de


dados, foram elencadas quatro categorias, sendo elas: relação das emoções com a alimentação,
decisão pela CB, alimentação na pandemia e percepção sobre a influência da pandemia na CB.

3.1 Relação das emoções com a alimentação

391
Esta categoria teve como objetivo descrever qual é a relação da alimentação com as
emoções. A maioria dos participantes destacaram que comem em função de sintomas de
ansiedade, assim como utilizam-se da comida como forma de conforto/comemoração, conforme
relatos:

“Enfim, eu saí cedo de casa e eu acredito que muito assim (...) eu comia muito a ansiedade,
mas eu nunca fui obesa em excesso, eu era... eu ficava gordinha e eu emagrecia.” (P1).

“E até aqui em casa, é uma cultura (...) era uma cultura muito difícil, porque o meu marido
gosta de cozinhar, sabe, é aquela coisa assim: “Ai, hoje foi um dia muito bom! Vamos
comemorar! Como? Comendo! A comida se torna uma maneira de comemorar. Para a forma
boa ou ruim.” (P2)

“Eu como sou ansiosa, tenho diagnóstico de TAG, eu descontei tudo na comida, tudo era
comida! Então era (...) estava feliz, comia; estava triste, comia; estava brava, comia.” (P4)

“Eu sempre descontei muito o que eu sentia na alimentação! Se tava nervosa... Hoje não,
hoje não! Mas antigamente sim! Eu descontava (...) a alimentação era, tipo, uma forma de
compensar o que eu sentia! Comia por gula.” (P5)

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A literatura mostra que, assim como os relatos dos participantes, as emoções estão
relacionadas à alimentação, desencadeando o que se chama de comer emocional. Esse, por sua
vez, explica que de acordo com as emoções vivenciadas pelas pessoas, elas apresentam
alterações no comportamento alimentar, já que aumentam o consumo (Cardi et al., 2015; Werneck
& Oliveira, 2021). Porém, esse comer emocional traz prejuízos à saúde física e mental da
população, necessitando atenção à alimentação (Barnhart et al., 2020).
Um fator que pode desencadear esse comer emocional é a ansiedade. Isso se justifica uma
vez que os sintomas de ansiedade podem aumentar o apetite, bem como a busca pelos alimentos
mais palatáveis, ou seja, aqueles mais ricos em açúcares, por exemplo (Nolan & Jenkins, 2019).
Ainda, o consumo de alimentos ricos em carboidratos causa sensação de conforto, pois elevam a
serotonina, hormônio do bem-estar (Lima et al., 2020).
O comer compulsivo tem uma grande relação com a ansiedade, uma vez que doenças
físicas podem acarretar o desenvolvimento de transtornos mentais e vice-versa (Melca & Fortes,
2014). Esse comer exagerado pode acabar levando à obesidade, impactando de maneira negativa
na saúde das pessoas, bem como na sua autoestima (Munhoz et al., 2021). Logo, uma perda de
peso auxilia a pessoa a recuperar seu bem-estar, melhorando suas relações sociais (Galassi &
Yamashita, 2015). 392

Além da ansiedade, emoções como a alegria ou momentos de refeições com a família, por
exemplo, podem estar associadas à alimentação. Isso porque a comida não serve apenas para
nutrir, mas carrega consigo uma função nas relações sociais e culturais (Lima et al., 2015).
Quando as pessoas desejam compartilhar algo com quem gostam ou celebrar algum evento,
comumente a comida é utilizada para essa confraternização (Batista & Lima, 2013).

3.2 Decisão pela CB

Esta categoria trouxe falas dos participantes à respeito do motivo que os levaram a realizar
a CB. Os participantes trouxeram questões de saúde, de autoaceitação e relação com familiares,
segundo os relatos:

“Eu queria me reconhecer, sabe? Voltar a ser que eu era, assim... Poder me... reconhecer,
poder... acho que me reconhecer seria a palavra! Poder voltar à viver! Eu tava
sobrevivendo.” (P2)

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“O motivo que me fez realizar a bariátrica, maior de todos, foi eu lembrar do que eu era
capaz de fazer e eu não fazia mais, tu entendeu? Me tornei um prisioneiro do meu próprio
corpo! “Não, chega de ser gordo! Não quero mais!” (P3)

“Na verdade, foi um pedido do meu pai, porque eu realmente estava muito acima do peso e
daí eu comecei a investigar sobre, li muito sobre antes de realizar ela e decidi. Quando fui,
então, ver meus exames eu estava realmente com obesidade grau I, eu estava pré-
diabética, com gordura no fígado.” (P4)

“Na verdade, tu chega num limite que tu não consegue (...) a autoaceitação, sabe? Tu não
aceita mais a situação que tu tá. Chegou num ponto que eu tinha vergonha de sair de casa,
entende” (P5)

“Mas seria mais porque a gente descobriu o início de um probleminha no fígado e já tava
acarretando um monte de probleminhas. Tipo: começando a diabetes, pressão alta... Além
de já estar com saúde comprometida, né, acarretando tudo isso, né. Mas seria mais assim,
sendo 100% sincero, saúde, né”. (P6)
393
As decisões para a realização da CB podem advir de diferentes motivações pessoais. Assim
como os participantes trouxeram a questão da saúde, um estudo americano com uma amostra de
208 pessoas, identificou que a maioria realizou a CB em função de sua saúde, seguido pela vontade
de viver por mais anos (Pearl et al., 2018). Também, estudos realizados nos Estados Unidos (Jolles
et al., 2019), na Alemanha (Fischer et al., 2017) e no Brasil (Cheffer et al., 2021) identificaram que
a principal decisão pela CB foi devido ao adoecimento que os indivíduos se encontravam. Ainda,
uma pesquisa realizada com 40 mulheres, na Suécia, identificou que 41,7% buscavam a melhora
das comorbidades e por isso realizaram a CB (Hult et al., 2019).
Além das questões relacionadas à saúde, os participantes trouxeram questões voltadas à
sua autoaceitação, o que vem ao encontro de um estudo americano realizado com 360 indivíduos
que uma das motivações para a realização da CB estava relacionada à aparência (Brantley et al.,
2014). Quando a pessoa tem obesidade, há a possibilidade do acometimento de dificuldades para
desenvolver suas tarefas diárias, uma vez que existem limitações físicas pelo seu peso corporal,
podendo gerar uma autoestima baixa (Alves Junior et al., 2016).
A questão da insatisfação corporal, que levou os participantes a optarem pelo procedimento
cirúrgico, corrobora um estudo com 536 participantes, realizado na Itália, que identificou a decisão
da CB estar relacionada a autoaceitacão (Bianciardi et al., 2022). Quando os indivíduos optam pela
cirurgia, buscam não apenas melhora de aspectos físicos, como também sociais e psicológicos

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(Almeida et al., 2005). Logo, a CB provoca diminuição do peso corporal, impactando positivamente
na vida de quem a realiza, restabelecendo autoestima e bem-estar geral (Castanha et al., 2018).
Por fim, os participantes trouxeram pontos sobre sua estética, assim como a vergonha que
estavam sentindo por estarem com determinada forma física. Vive-se em uma sociedade
“gordofóbica”, que discrimina e julga os corpos que fogem ao padrão imposto por ela. Devido a isso,
indivíduos com obesidade passam a sentir vergonha de si mesmos, bem como entristecerem-se
com os comentários ouvidos, impactando em sua saúde mental (Medeiro et al., 2021). Logo, a CB
mostra-se efetiva para auxiliar na recuperação do bem-estar das pessoas, melhorando sua
qualidade de vida (Sarwer et al., 2018).

3.3 Alimentação na pandemia

Esta categoria buscou entender como os participantes perceberam sua alimentação no


período de pandemia. Eles trouxeram questões de saírem menos para comer com amigos e o fato
comeram mais por estarem em casa, conforme os depoimentos:

“Deixei, deixei de ir em algumas jantas, que eu sempre me reunia com amigos, porque a
gente não saía por causa da pandemia.” (P1) 394

“E também foi o start, né? Que foi quando eu explodi, que eu comi que nem um cavalo, que
daí a coisa veio à tona e me fez correr atrás. E eu via nós aqui em casa assim, todo mundo
obeso, todo mundo inchado.” (P2)
“O que tu vai fazer em casa? Tu tá em casa, tu come, né! Então, na pandemia a gente comeu
um pouco mais sim, mas não foi exagero, sabe. Foi um pouco mais, fugiu do normal pra lá,
mas não foi um exagero.” (P3)

“Foi na pandemia que eu engordei bem mais! Na pandemia eu tive... Nossa! Foi ali que veio
o bum assim, porque eu tava só dentro de casa, não fazia nada e ansiosa. Então, eu comia
muito mais do que o normal. Então, era tudo descontado na comida como normal, né, como
sempre foi.” (P4)

“Eu tinha um problema muito grande na época da pandemia, porque a pandemia começou
quase no início do inverno (...). Então, a gente tinha aula remota em casa e eu fazia essas
aulas na cozinha. Então, eu ficava mais perto ainda dos alimentos, eu começava a ficar
ansiosa com alguma coisa, eu ia lá e pegava. Então pra mim, como eu sou bastante ansiosa,
a pandemia foi bem crucial! Tanto que na época ali da pandemia, eu cheguei a engordar uns
10kg.” (P5)

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Durante a pandemia foi estabelecido o isolamento social, como medida para diminuir a
disseminação do vírus. Em contrapartida, afetou as relações sociais, causando declínio das
reuniões com amigos, assim como cancelamento de eventos (Holmes et al., 2020; Usher et al.,
2020). Esse fato contribuiu para elucidar e aumentar problemas de saúde mental na população,
como sintomas depressivos, insônia e ansiedade, por exemplo (Brooks et al., 2020).
Devido à pandemia, o consumo alimentar também sofreu alterações. Ele se tornou maior,
muitas vezes amparado por pensamentos ansiosos e/ou deprimidos, o que corrobora as falas dos
participantes (Konttinen, 2020). Os estudantes universitários foram igualmente acometidos na
pandemia no que tange a alimentação, conforme trazido no estudo de Soares et al. (2022), onde
50% dos participantes apresentaram tristeza ou sentimento de frustração por causa do peso
corporal e 52,6% pontuaram desejo de comer em momentos que estavam sentindo ansiedade,
preocupados e tensos.
Neste contexto, houve aumento da ingesta de pães, massas e doces. Logo, além dos aspectos
biológicos e hereditários, a alimentação tem relação direta com a ansiedade, impactando
negativamente na saúde dos indivíduos (Silva et al., 2022).
A estratégia de alguns participantes para obter alívio dos sintomas psicológicos durante a
pandemia foi comer. Para lidar com as emoções nesse período, a alimentação entrou como uma 395
forma de lidar com a ansiedade, já que as pessoas a utilizaram como forma de conforto (Durães et
al., 2020). Corroborando à essa informação, um estudo realizado na Itália demonstrou que em torno
de 42% das pessoas buscavam por alimentos que traziam bem-estar, como chocolate, salgadinhos
e sorvete, para aliviar a ansiedade durante o confinamento (Mengin et al., 2020).

3.4 Percepção da pandemia sobre a CB

Nesta categoria, investigou-se a percepção dos participantes sobre a pandemia em sua


decisão pela CB. Alguns relatos giraram em torno das questões hospitalares e outro em benefícios
da pandemia para o seu cuidado pós procedimento cirúrgico, segundo as falas:

“Eu acho que [a pandemia] ajudou (...) eu acho que ajudou em dois sentidos, assim. Ela
ajudou por me dar mais tempo, tipo, porque querendo ou não, assim ó, por estar em casa,
eu consegui me cuidar mais. Me deu tempo de conseguir fazer as coisas com mais tempo.
Tipo, vou fazer a alimentação correta, vou me dar o tempo e fazer as coisas mais corretas
assim, né.” (P2)

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“Então, foi o medo de ir pro hospital. Porque muitas pessoas iam pro hospital com doenças
aleatórias e morriam porque pegavam COVID.” (P3)
“Teve todo um protocolo assim, sabe? De teste de COVID antes, ter que estar com a
vacinação em dia, nos hospitais era só máscara.” (P5)

“Eu te digo assim que na questão de que atrasou muita coisa, porque tinha muita coisa
atrasada, hospitais cheios de procedimentos (...), acho que foi mais nesse ponto assim.”
(P6)

Como trazido nos relatos, durante a pandemia algumas pessoas aproveitaram para cuidar
melhor da sua alimentação. O fato de ter que ficar em casa como medida de segurança para a
prevenção da COVID-19, favoreceu o ato de cozinhar em casa. Esse hábito havia sido substituído
por formas mais práticas de alimentação, dada as demandas da população diariamente (Santana
et al., 2021). Além de produzir seu próprio alimento ser prazeroso, compartilhá-lo com as pessoas,
familiares e/ou amigos, torna a refeição mais agradável, uma vez que é uma maneira de
socialização (Albala, 2017).
Outro ponto relatado nesta pesquisa foi em relação ao medo de ir para o hospital e acabar 396
contraindo COVID-19 (Wang et al., 2020). As pessoas passaram a temer a doença, de contrair e
dissipá-la à seus familiares (Bezerra et al., 2020). O medo também foi demonstrado pelos indivíduos
obesos, já que o excesso de peso aumenta os riscos de agravamento da COVID-19, apresentando,
ainda, maiores níveis de sintomas depressivos e ansiosos, se comparados aos não obesos (Delai
et al., 2020; Netto et al., 2021).
A superlotação dos hospitais também foi um fato presente durante esse período, reduzindo
o número de procedimentos cirúrgicos realizados, principalmente os que não possuíam urgência
(Rausei et al., 2020). Um estudo brasileiro pontuou que um dos impedimentos para o retorno das
cirurgias eletivas foi o medo que os pacientes apresentavam para se hospitalizar (Imamura et al.,
2021). Assim, o hospital se tornou um ambiente ameaçador, sendo fundamental ter uma postura de
acolhimento da equipe médica e hospital frente à sentimentos percebidos em cada situação e
realizar o atendimento aos indivíduos pensando sobre o sofrimento que eles trazem, tornando o
atendimento positivo (Lopes et al., 2015; MS, 2013).
Para diminuir a contaminação de COVID-19 dentro do ambiente hospitalar, alguns cuidados
foram tomados, como utilização de equipamentos de proteção individuais, distanciamento entre
pacientes e equipe médica e reorganização de leitos e salas de cirurgia. Além disso, também foram
realizados testes para saber se o paciente não apresentava a doença antes de internar (Alsofyani
et al., 2020; Mihalj et al., 2021). Com essas atitudes, o ambiente hospitalar passou a oferecer
menores riscos aos pacientes, assim como aos profissionais de saúde que ali trabalham.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados do presente estudo revelaram que os participantes identificaram suas


emoções em uma relação direta com a alimentação, principalmente quando ansiosos, dado que o
hábito de comer variava de acordo com o que estavam sentindo. Aliado a isso, a pandemia impactou
no consumo alimentar, desencadeando sintomas de ansiedade, logo, contribuindo para maior
ingesta calórica. Quanto à realização da CB, as motivações giraram em torno de saúde, apoio
familiar, autoaceitação e conexão consigo mesmas. Por terem realizado a cirurgia nesse período,
ficou evidente o medo que sentiram da hospitalização, a qual fez com que passassem por protocolos
sanitários que garantissem sua saúde durante a internação. Por fim, nota-se o quanto foi saudável
a realização do procedimento, já que a obesidade era um fator de risco para o agravamento da
COVID-19.
O estudo contribui para o entendimento da influência da pandemia na decisão de realizar
CB, destacando que independente do contexto, pacientes com diagnóstico de obesidade precisam
modificar comportamentos alimentares por questões de saúde física, autoestima, imagem corporal
e, consequentemente, melhora da qualidade de vida. Uma das limitações desta pesquisa foi a
dificuldade de encontrar candidatos que aceitassem participar, uma vez que foram feitos contatos
com alguns indivíduos que demonstraram interesse em colaborar, mas quando recebiam o TCLE 397

não finalizaram as mensagens enviadas. Como continuidade desse estudo, recomenda-se avaliar
sintomas de ansiedade, depressivos e de estresse em pacientes que realizaram a CB na pandemia.

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