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Autor(es): jurobsten
Sinopse
É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma
boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.
Jane Auten - Orgulho e Preconceito
Índice
(Cap. 1) Capítulo 1
(Cap. 2) Capítulo 2
(Cap. 3) Capítulo 3
(Cap. 4) Capítulo 4
(Cap. 5) Capítulo 5
(Cap. 6) Capítulo 6
(Cap. 7) Capítulo 7
(Cap. 8) Capítulo 8
(Cap. 9) Capítulo 9
(Cap. 10) Capítulo 10
(Cap. 11) Capítulo 11
(Cap. 12) Capítulo 12
(Cap. 13) Capítulo 13
(Cap. 14) Capítulo 14
(Cap. 1) Capítulo 1
Notas do capítulo
Olá meninas
@jurobsten
Forks 1880
Não que quisesse se livrar de sua perfeição. Ela podia conviver com esta
dádiva muito bem, obrigada.
Gostava de ser admirada.
E conseguira casar com um dos três melhores partidos da cidade.
–Porque Carlisle disse que agora que temos esposas, devemos ficar em casa cuidando
delas – Jasper falou, sentando ao lado de Alice.
Alice sorriu passando a mão pelo rosto do marido.
–Edward deveria arranjar uma esposa também.
–Pelo jeito Edward continuará solteiro por muito tempo. – Emmett comentou.
–Por quê? - Rosalie andou até o espelho, checando seu cabelo. – Edward é um Cullen.
São os mais ricos da cidade. E ele é bonito. Toda garota quer casar com ele.
–Inclusive você já esteve nesta lista não é, Rose? – Alice piscou maliciosa, mas Rose
deu de ombros.
–Você também.
–Ei, ainda estamos aqui. – Jasper comentou com falsa carranca.
Eles não se importavam com a obsessão das moças por Edward.
Sempre fora assim.
Eles sempre se mudavam de cidade, e em todas era a mesma coisa, desde que Edward
começara a usar calças compridas.
Obviamente, ele e Emmett também tinham seu sucesso. Mas Edward era o que
deslumbrava.
E justamente porque ele nunca dava muita atenção a nenhuma das moças casadoiras,
para o desespero destas.
Quando chegaram a Forks, há quase um ano, eles já eram adultos e não demorou
para todas as moças da cidade entrarem em rebuliço.
Três rapazes solteiros e ricos não era todo dia que se encontrava.
Mas Edward era a primeira opção de todas elas.
Infelizmente para todas, Edward não propusera casamento a nenhuma.
Rosalie e Alice tiveram sorte, despertando o interesse dos outros dois irmãos.
E os dois casamentos aconteceram em um intervalo de pouco tempo.
Agora só restara um solteiro na família Cullen: Justamente aquele que parecia que
nunca ia se casar.
As moças continuavam a tentar, mas Edward Cullen era inatingível.
Isto podia não preocupar muito os irmãos.
Mas com certeza ocupava bastante a mente das novas cunhadas.
–Sim, Rose tem razão. Edward precisa de uma esposa.
–Ele terá quando encontrar uma.. – Jasper falou, mas Alice lhe deu tapinhas
na mão.
–Querido, vocês não entendem nada! Nós temos que ajudar Edward.
–Edward não quer ser ajudado. – Emmett riu.
–Ele pensa que não quer - Rosalie falou voltando a se sentar – Todos os homens
precisam de uma esposa. Vejam vocês? Estão bem melhor hoje. E claro que isto se
deve a nós.
Ela e Alice trocaram um sorriso.
–Sim, Edward tem que escolher a melhor moça! - Alice se levantou – Temos que agir
– ela andava de um lado para o outro - Podemos dar um baile. – sugeriu.
–Já fizemos isto. – Rose respondeu.
–Podemos organizar uma lista de todas as moças, aí o Edward pode escolher melhor.
–Vocês são loucas. – Emmett riu.
Rose lhe lançou um olhar mortal.
–Deviam pensar como nós e querer ajudar o irmão de vocês!
–Sim, acham mesmo que Edward é feliz solitário? Claro que não!
–Mas ele não quer casar com nenhuma moça da cidade. – Jasper interferiu.
Rosalie deu de ombros.
–Nenhuma moça parece ser boa o bastante para ele!
–Mas nós podemos achar uma! - Alice falou animada – Vamos achar uma esposa
perfeita para Edward.
Rosalie sorriu.
–Sim. Esta será nossa missão.
Jasper e Emmett trocaram um olhar preocupado, mas ficaram quietos.
**
Nos meses que se seguiram, Rosalie e Alice fizeram de tudo. Mais bailes, mais
jantares. Moças de todos os tipos passaram pela casa dos Cullens com a intenção de
ser aquela que iria conquistar Edward Cullen.
Mas este parecia imune a todas.
E isto já estava preocupando Emmett e Jasper
–Precisamos dar um jeito nisto. – Emmett falou baixinho na varanda naquela noite.
Ele e Jasper fumavam no escuro.
–Sim, Alice está me deixando louco com esta história. Até o enxoval ela já começou
a fazer pra futura noiva do Edward. Atenção pra mim que é bom, nada.
–Sim, nunca tive ciúmes do Edward, mas isto já está passando do limite. Rose
ficou fazendo lista de garotas da cidade ontem e nem quis... você sabe... e acho que
já faz uma semana. Está ficando crítico.
–Sim, temos que acabar com isto. Mas como? Elas estão obcecadas.
–Edward tinha logo que escolher uma destas garotas e se casar, não é justo que
fique nos atrapalhando.
–Mas ele não quer.
–Eu acho que tenho uma ideia.
Emmett contou seu plano a Jasper.
–Sim, é uma medida drástica, mas Edward não poderá se livrar disto.
–Eu vou encaminhar a carta amanhã. Por enquanto não contamos nada as garotas.
Assim que estiver certo, nós abrimos o jogo.
–Elas vão gostar disto.
–Vão querer ter tido a ideia antes.
Eles sorriram.
Tinha que dar certo. Resolveriam todos os seus problemas.
–O quê?
–Uma noiva. – Jasper completou. – Uma garota para se casar.
–Mas que absurdo é este? A loucura de Alice e Rose contaminaram vocês? Achei
que isto fosse coisa de mulher! Por Deus! Eu já disse que não quero me casar com
ninguém nesta cidade.
–Não é da cidade. – Emmett falou rápido.
Edward respirou fundo.
–Explique-se. E é bom que tenha uma boa explicação mesmo.
–Edward, nós escrevemos para uma agência. - Jasper falou.
–Agência?
–Sim, de casamentos. Existem algumas pelo país. São senhoras que arranjam as
melhores moças e mandam para se casaram em cantos remotos.
–Como aqui. Não é perfeito? - Emmett sorriu, mas seu sorriso morreu no rosto ao
ver a expressão de Edward.
–Vocês fizeram o quê?
–Edward, não tire conclusões precipitadas. – Jasper falava calmamente – Esta
garota é perfeita para você. Nós dizemos tudo o que você queria e a agência está
nos mandando a que foi feita para você.
–Estão de brincadeira, não é? - Edward não podia acreditar em tamanha sandice.
–Não, não estamos.
Edward soltou um palavrão.
–Desfaçam isto. Agora. Vão mandar uma maldita carta para esta tal agência e dizer
que não é para mandar ninguém!
–Agora é tarde. – Jasper coçou os cabelos.
–Ela está vindo, Edward. - Emmett confirmou.
Edward respirou fundo. Era um pesadelo.
–Quando?
Os irmãos se entreolharam.
–Hoje.
–O quê?
–Desculpa, Edward, mas não queríamos te contar antes justamente para que não
pudesse impedir.
Emmett não conseguiu terminar, pois Edward já se atracava com eles aos socos. Sua
fúria era tão grande que nem se lembrava que sempre perdia as brigas com Emmett.
Ele iria recebê-la, ser educado e despachá-la de volta para sabe deus onde
tinha saído.
–Onde?
–Na entrada da cidade
–Temos que ir pra lá. – Carlisle falou para os filhos. – Rapaz, avise o xerife e traga
mais ajuda.
Carlisle e os filhos correram para onde fora o acidente.
E como o rapaz falara, a diligência rolara a ribanceira abaixo.
Edward seguiu o pai, amaldiçoando o mau tempo que causara o acidente e
preocupado com as pessoas dentro da diligência. Esperava que todos estivessem
vivos.
Ele estava pronto para detestar a moça que estava vindo para ser sua noiva, mas de
maneira alguma ia desejar um mal deste.
Ela na verdade era uma vítima como ele.
Emmett achou o motorista da diligência, o homem gemia, mas não parecia muito
machucado.
Edward e Jasper conseguiram desvirar o veículo e lá encontraram uma senhora que
gemia com um machucado na testa e uma moça loira desmaiada. Havia sangue em seu
vestido.
Ela era bonita e jovem.
E Edward se perguntou se esta era sua suposta noiva.
–Garotos, me ajudem aqui. – Carlisle gritou não muito longe e Edward o viu
agachado perto de outra moça.
Eles se aproximaram.
A chuva batia em seu rosto muito branco. Os cabelos castanhos estavam soltos e
Carlisle o colocou para o lado, revelando um galo em sua testa.
–Ela está...? - Jasper indagou.
–Não, seu coração bate, não parece haver mais nenhuma escoriação.
–O que é isto em sua mão? - Emmett indagou e Carlisle retirou algo que a moça
segurava em entre os dedos e então ele estendeu a Edward.
Era sua foto.
E juntamente com a foto, uma carta, agora molhada.
Emmett riu, contrariando a seriedade da situação.
–Acho que acabamos de conhecer sua noiva.
**continua**
(Cap. 2) Capítulo 2
Duas coisas aconteceram em seguida
A moça largou o lençol que segurava sobre o corpo e cobriu o rosto com as mãos,
soluçando.
Obviamente o lençol escorregou, revelando aos olhos de Edward um par de seios
brancos perfeitos.
Ele sabia que não deveria olhar. Era um cavalheiro. E a moça estava sob forte
comoção.
Mas ele ficou sem reação por um momento, os olhos admirando os seios da
desconhecida.
Sua noiva.
–O que está acontecendo? – a voz de Rosalie entrando no quarto o fez voltar à
realidade, e num átimo, ele a cobriu com o lençol.
–Ela está descontrolada.
–Oh, não fique assim. – Alice entrou, trazendo a camisola.
Edward ficou aliviado.
Não queria mais ser tentado pela moça nua.
–Sai daqui, Edward, nós vamos vesti-la e depois você pode examiná-la.
Edward saiu, pensando no que ela dissera.
Ela não se lembrava de nada. Estaria com amnésia?
Teria que pedir para o pai vir examiná-la.
Rose saiu do quarto carregando uma pequena bolsa.
–Ela diz que não sabe quem é!
–Sim, me disse o mesmo.
–Será que é porque bateu a cabeça?
–Pode ser. Teremos que esperar por Carlisle.
–Não trouxeram a bagagem dela, mas esta bolsa estava em seu pulso e aqui diz
pertencer a Isabella Swan. Pelo menos agora sabemos seu nome.
**
Não conseguiu dormir, mas fingia que dormia, enquanto Esme Cullen continuava por
ali. Ouviu quando Rosalie e Alice entraram no quarto fazendo perguntas e foram
expulsas por Esme, que as acompanhou finalmente porta afora.
E só então deu vazão ao pranto.
Quando anoiteceu, ouviu uma batida na porta seguida da entrada de Esme e das
duas moças com olhares curiosos atrás. Esme trazia uma bandeja e lhe sorriu.
–Trouxemos seu jantar, querida.
–Obrigada. – murmurou, se sentindo sem graça. Embora não se lembrasse, tinha a
impressão que nunca tinham lhe servido comida na cama antes.
–Espero que esteja tudo do seu agrado.
–Acho que estará sim. – tentou sorrir.
Alice e Rosalie cochichavam e Esme as fitou, contrariada.
–Vocês deveriam descer e esperar o marido de vocês para o jantar.
–Mas queremos ficar com a Isabella.
–Isabella está se recuperando de um acidente e precisa de paz, e tenho certeza que
nenhuma de vocês lhe dará isto agora. Desçam.
Contrariadas, as duas saíram do quarto e Esme a encarou.
–Elas estão muito curiosas com você.
–Comigo?
–Sim, há tempos esperam por uma noiva para Edward.
–Oh. – ela não sabia o que pensar disto.
Na verdade era muito esquisito pensar nela como noiva de alguém. Ainda mais de
Edward Cullen.
–Mas não se preocupe. Você precisa se recuperar, não as deixarei perturbá-la.
Coma tranqüila. Assim que chegar, meu marido virá vê-la.
–Tudo bem. Muito obrigada.
Achou que não dormiria, mas quando acordou já era dia e havia alguém no quarto.
Ou melhor, duas pessoas.
Alice e Rosalie.
–Bom dia, bela adormecida. – Rosalie sorriu enquanto abria as cortinas e Alice
trazia uma bandeja, que a depositou na sua frente.
–Faminta? Tome seu café da manhã.
–Ah, eu...
–Está fazendo um lindo dia. Pena que está neste estado e nem possamos sair para
dar um passeio e exibir você para todas as moças da cidade!
Rosalie riu.
–Vai ser engraçado. Muitas ainda acham ter chance.
As duas riram agora de uma piada que ela não compreendia realmente.
Duas moças e dois rapazes, criados na verdade, bateram à porta e entraram em
seguida, carregando uma tina enquanto as criadas iam e vinham com baldes de água
quente.
–Acho que deve estar querendo um banho não é? – Alice disse. – Acabe de tomar
seu café e pode relaxar tomando um banho. Meu pai já foi trabalhar, mas ele
voltará para vê-la assim que possível.
–Eu estou muito sem graça, não quero dar todo este trabalho.
Rosalie rolou os olhos.
–Não é trabalho algum.
–Sim, agora é nossa irmã!
E embora se sentisse muito sem graça, apenas conseguiu um momento de paz depois
que concordou em entrar na banheira quente.
Rosalie e Alice saíram do quarto, prometendo voltar depois “para lhe contar tudo
sobre Forks” e finalmente ela pôde respirar aliviada.
Olhou em volta, enquanto afundava na água morna.
Ainda não sabia o que lhe aguardava da porta para fora, mas os Cullens deviam ser
ricos, se levasse em conta a decoração elegante do quarto que estava.
continua
(Cap. 3) Capítulo 3
–Oh, me desculpe, eu... – balbuciou aturdido.
E sinceramente ela não sabia quem estava mais surpreso.
Edward continuou ali parado, seus olhos a medindo, e Bella se sentiu corar. Havia
muita água a cobrindo, mas sinceramente não cobria tudo. Seu rosto se tingiu de
vermelho.
Ela não conseguia falar, a voz subitamente sumira.
–Achei que minhas irmãs estivessem aqui com você, mil perdões Isabella. - Edward
murmurou por fim, se virando para sair.
Bella já ia respirar aliviada quando o viu se afastar, mas de repente algo lhe
ocorreu.
–É Bella.
–O quê? – ele se virou novamente.
–Meu nome. Não gosto que me chamem de Isabella. Me chama de Bella.
–Como sabe disto, se lembrou?
Bella sacudiu a cabeça negativamente.
–Não, é apenas algo que sinto.
Ele sorriu e algo se remexeu dentro dela.
Edward Cullen era realmente bonito.
–Tudo bem, Bella.
E ele se afastou, fechando a porta atrás de si.
Só então Bella se deu conta de como seu coração tinha disparado.
Levou a mão ao peito, respirando fundo, tentando se acalmar e não sentir mais
vergonha ao relembrar a cena.
Mas era difícil.
Rosalie e Alice voltaram ao quarto quando ela já estava vestida com a camisola de
Alice novamente.
Esta a fitou criticamente.
–Vou trazer outra para você, não se preocupe.
–Eu não quero ficar usando suas coisas, Alice.
A moça deu de ombros.
–Sim, isto tem razão. Assim que estiver bem, iremos à modista na cidade e faremos
um enxoval completo para você. Ainda não sabemos que fim levou sua bagagem.
Bella suspirou pesadamente. Cada vez mais ficava devendo aos Cullens.
–Não fique triste. – Rosalie disse. – Tudo vai se resolver. Agora deite-se e
descanse para ficar bem logo.
–Sim, prometemos ao Carlisle que cuidaríamos bem de você. – Alice sorriu, a
cobrindo.
Bella não queria ficar na cama, mas também não queria encarar o mundo além do
quarto elegante dos Cullens.
Um mundo desconhecido. E assustador.
Desceram uma grande escadaria e Bella começou a ouvir uma doce melodia ao
piano, enquanto percorriam o corredor até uma linda sala de visitas.
E parou incerta quando três pares de olhos a fitaram.
Dois rapazes que estavam em pé perto da grande janela, eram desconhecidos, mas
muito bonitos. Estes deveriam ser os irmãos de Edward e maridos de Rosalie e
Alice.
Mas seus olhos passaram rapidamente por eles e foram até seu suposto noivo.
Ele estava em frente ao piano, e tinha se levantado quando entraram, como mandava
as boas maneiras.
E sim, ele ainda era tão lindo como se lembrava.
–Então esta é a Isabella. – o mais alto dos rapazes sorriu. – Devo dizer que está
bem melhor agora do que toda molhada e suja de lama. Bem melhor...
Bella ficou vermelha, mesmo intuindo que era uma brincadeira.
–Emmett. – Rosalie ralhou e a encarou. – Não ligue para meu marido, ele gosta de
fazer brincadeiras.
–Sim, não ligue para ele. – Alice disse. – Mas devo dizer que está muito bonita
mesmo, afinal, fui eu quem a arrumei e tenho ótimo bom gosto, não é Edward?
Isabella não está bonita?
Ela prendeu a respiração, ficando ainda mais vermelha quando Edward deu um
sorriso de lado.
–É Bella.
–O quê? – Alice o encarou confusa.
–Acho que ela prefere ser chamada de Bella, não é? – e ele a encarou, a fazendo se
lembrar do momento no quarto. Ficou ainda mais envergonhada, se é que era
possível.
Edward a viu corar e teve vontade de ir até ela e tocar seu rosto.
O que era tremendamente ridículo, para não dizer inapropriado.
Como fora o fato de ter entrado em seu quarto naquela tarde.
Mas ele acreditara que Rosalie e Alice estivessem no quarto com a moça e queria
saber como ela estava.
Porque desde que a deixara no quarto chorando depois de acidentalmente ver seus
seios, ele a estava evitando. E isto por vários motivos.
Primeiro que todos se referiam a ela como “sua noiva”, o que ele achava um
pouco exagerado, já que todos sabiam o que pensava daquela história de noiva. Até
o acidente, Edward estava certo de mandar a tal noiva de volta de onde tinha saído,
afinal nunca concordara com aquela armação dos irmãos. Mas tudo mudara com o
acidente e agora para piorar, ela estava sem memória. Como é que ele ia dizer lhe
que não tinha a menor intenção de se casar com ninguém, muito menos com ela?
Então ele esperara. Talvez ela recuperasse a memória e assim pudessem ter uma
conversa esclarecedora. E Isabella Swan iria finalmente embora de Forks.
Mas pelo o que suas irmãs diziam, embora fisicamente ela parecesse bem, sua
memória ainda era um mistério.
E agora, o que ia fazer? Edward passara aqueles dias se debatendo consigo mesmo.
E evitando a tal moça.
O problema era que mesmo a evitando, ele não conseguia parar de pensar nela. Ou
melhor, naqueles poucos segundos em que o lençol escorregara e ele vira seus seios.
Certo, ele podia se envergonhar disto, mas era inevitável.
E agora, enquanto ela caminhava ao lado de suas irmãs pela sala, usando um lindo
vestido de Alice, ele só conseguia pensar em como gostaria de não só ver seus seios
de novo, como tocá-los para ver se eram tão macios como aparentavam. Ou quem
sabe prová-los... Oh Deus, o que estava pensando? Estava enlouquecendo? Tendo
fantasias totalmente impróprias com sua quase suposta noiva, por quem não deveria
sentir absolutamente nada. E ela estava convalescente. Era mesmo de se
envergonhar.
Querendo distrair a mente, voltou ao piano e começou a tocar.
–Edward, toque algo mais alegre, por Deus! – Rosalie suspirou entediada. – Deste
jeito todos nós estaremos dormindo antes mesmo do jantar!
Bella o observou tocar piano.
Então além de extremamente bonito e rico, Edward Cullen também tocava piano.
Ela quase podia suspirar, deslumbrada. Mas se obrigou a manter a compostura.
Ainda não sabia qual seu lugar ali e não queria parecer uma idiota em frente
aos Cullens.
–Como está se sentindo Isabella? – Esme Cullen perguntou ao entrar na sala
acompanhada do Doutor Carlisle Cullen.
–Bem. – respondeu. – E queria aproveitar por agradecer a todo cuidado que estão
tendo comigo.
–Imagina, querida. Nós lamentamos muito seu acidente e espero que recupere sua
memória logo.
–Eu também espero.
–Eu não vejo a hora da Bella estar totalmente restabelecida. – Alice disse, sentada
ao lado do marido. – Quero começar logo todos os preparativos e...
–Alice. – Edward, que até aquele momento parecia absorto ao piano, parou de tocar
e encarava a irmã parecendo contrariado. – Acho que não é o momento.
–Mas Edward...
–Querida, vamos falar sobre isto depois. – Jasper apertou sua mão, tentando fazer
com que parasse. – Bella ainda está se recuperando.
–Mas é isto que estou dizendo! Quando ela se recuperar eu...
–Vamos jantar. – Esme cortou o assunto e Bella olhava de um para o outro, confusa.
Era impressão sua ou havia uma tensão estranha no ar?
Será que era por sua causa?
Enquanto se dirigiram à elegante sala de jantar dos Cullens, e empregados
uniformizados serviam a comida, ela se perguntava de novo por que um homem como
Edward Cullen precisaria mandar buscar uma noiva de uma agência.
E por que ele parecera contrariado quando Alice falou sobre preparativos?
De alguma forma Bella podia sentir alguma coisa estranha no ar e se perguntou se
era por sua causa, ou se estaria insegura demais com sua situação que já estaria
inventando coisas.
De qualquer forma o jantar transcorreu sem percalços, os Cullens pareciam pessoas
gentis e as conversas eram todas monopolizadas por Alice e Rosalie.
Bella tentava não olhar para Edward, mas era difícil, quando foram colocados
frente a frente. Mesmo assim, ela tentava não parecer uma tola deslumbrada.
Depois do jantar todos foram para a sala e Alice parecia ter outros planos.
–Vamos para a varanda? A noite está tão quente...
–Quente? Alice, está praticamente nevando lá fora. – Emmett riu e Alice lhe lançou
um olhar irritado, seguido por Rosalie.
–Fique aqui então. – ela segurou o braço de Bella. – Mas nós vamos tomar um ar.
–Sim, e já que nenhum de vocês querem ir conosco. – Alice completou e empurrando
Jasper de volta ao sofá, antes deste entender o que estava acontecendo. – Edward
me acompanha, não é? – e ela puxou Edward em direção a varanda, atrás de Rosalie
e Bella.
–Eu sei o que está fazendo. – Edward cochichou com Alice que apenas riu.
–Não sei do que está falando...
Estava claro que este era um plano das duas para que se aproximasse de Bella.
E ele sabia que devia desencorajá-las, mas de alguma forma, ele queria mesmo estar
mais próximo da suposta noiva.
Claro que não era por nenhum dos motivos que Rosalie e Alice queriam.
Ele precisava apenas ter a oportunidade de conversar com ela e esclarecer alguns
pontos.
E como desconfiava, depois de alguns minutos na varanda, Rosalie bocejou
falsamente.
–Estou com sono, acho que vou entrar. Me acompanha, Alice?
–Claro que sim!
E as duas desapareceram, fechando a porta atrás de si.
Bella mordeu os lábios com força assim que Rosalie e Alice se foram.
E agora? Como é que tinha se metido naquela situação constrangedora?
Mas parecia que desde que conhecera Edward Cullen, todas as situações eram
embaraçosas.
Respirou fundo, tentando controlar seu coração subitamente disparado.
Ele estava parado ao seu lado, enquanto fitavam as luzes do jardim dos Cullens.
–Está realmente frio aqui. – murmurou.
E sem aviso, Edward tirou o casaco e colocou sobre seus ombros.
–Melhor agora?
Bella agradeceu pela semi-escuridão, assim ele não a via vermelha.
–Obrigada.
–Não precisa ficar com medo. – disse de repente e Bella o fitou.
Um erro, claro. Ele estava perto. E ela tinha que levantar a cabeça para alcançar
seus olhos.
Eram dourados. Ou verdes. Não estava bem certa. Mesmo assim, a
perturbavam.
–Medo? – murmurou e ele sorriu de lado.
Bella engoliu em seco. Oh deus, por que ele fazia isto tão bem? Sorrir?
Era como algo quente se enroscasse dentro dela, fazendo borboletas percorrer seu
estômago. Desviou o olhar.
–Tenho certeza que minhas irmãs estão atrás da cortina neste exato momento no
espiando. – disse divertido.
–Oh...
–Eu sei que deve ser estranho para você. Não se lembrar de nada.
–Sim, isto é assustador mesmo. – concordou.
–Também sei que não deve fazer idéia dos motivos que a levaram a vir para Forks.
–Achei que era para me casar.
Ele estava sério agora.
–Sim, mas não se lembra disto.
–Não, não lembro. E é realmente estranho imaginar que estou aqui para me casar
com você, porque eu nem te conhecia, mesmo se me lembrasse de tudo, mesmo assim,
eu não me lembraria de você.
–Mesmo assim viajou até aqui para isto.
–Eu sei. Ou pelo menos é o que parece não é? Mas não consigo imaginar... não
consigo me imaginar, fazendo algo assim. – as palavras saíram de sua boca sem que
conseguisse contê-las, mas Bella se arrependeu um pouco. - Me desculpe.
–Não se desculpe. Eu a entendo.
–Mas eu não me entendo – sorriu nervosamente. – Eu devo mesmo querer estar aqui,
afinal, eu estou aqui! Mesmo não me lembrando...Não quero que pense que... Enfim,
não me lembro dos motivos de ter viajado para me casar com você, mas acho que
deve ter algum.
–Eu quero que saiba, que não a abrigarei a nada. – disse e Bella franziu a testa.
–O que quer dizer?
–Que nada vai acontecer, antes que se lembre de tudo.
–Quer dizer sobre o casamento?
–Sobre qualquer atitude a ser tomada. – disse cuidadosamente e Bella tentou
imaginar se havia algo mais.
Devia se sentir aliviada não é?
Afinal, não fazia idéia do que estava fazendo ali. Não sabia nem quem era!
Como é que podia sequer cogitar se casar?
Mas de alguma maneira as palavras de Edward não causaram o efeito desejado.
Devia estar louca. A contusão na cabeça deve ter causado algo em seu
cérebro, que não estava funcionando bem.
–Sim, concordo com você. – disse por fim. – Muito obrigada.
Ele sorriu e ela estremeceu. Desviou o olhar, antes que se visse sorrindo para ele
como uma idiota.
–Vamos entrar?
–Sim.
Assim que Edward abriu a porta, ainda puderam ver os passos apressados de
Rosalie e Alice se afastando, e Edward riu.
–Eu falei.
Bella podia rir também, mas ainda estava nervosa com sua proximidade e tudo o que
queria era se afastar.
–E então, conversaram bastante? – Alice sorriu.
–Tenho certeza que você sabe, não é Alice? – Edward respondeu, mas Alice lhe
lançou um olhar inocente.
–Eu vou dormir, se não se importam. – Bella respondeu.
Ela precisava se afastar um pouco dos Cullens e colocar os pensamentos no lugar.
–Claro que não. – Carlisle respondeu. – Vou acompanhá-la para examiná-la e depois
poderá descansar.
Carlisle e Esme acompanharam Bella e Rosalie se aproximou de Edward.
–E então nos conte o que achou de sua noiva?
–Rose, ela não é minha noiva.
–Como não?
–As coisas não mudaram.
–Mas eu achei... – Alice murmurou aturdida.
–Eu não mudei minha opinião sobre este assunto.
–Mas não gostou nem um pouco dela? - Rosa indagou.
Edward desviou o olhar.
O que responder?
“Eu gostei dos seus seios. Pareceram perfeitos para caberem em minhas mãos”
Com certeza não era isto que Rosalie queria ouvir.
–Oh, gostou? – Emmett riu malicioso e Edward se sentiu corar como um idiota.
–Eu nem a conheço.
–Mas claro que não. – Rosalie rolou os olhos. – Mas irá conhecer!
–Eu gostei dela. – Alice comentou. - E você o que achou Jasper?
–Eu a achei um pouco tímida. – Jasper respondeu. – Mas também pode ser toda esta
situação. Ela deve estar bem confusa, sem se lembrar de nada.
–Sim, se antes eu não podia me casar com ela porque nem a conhecia, agora é pior
ainda. - Edward suspirou pesadamente. – Agora nem ela sabe porque aceitou vir
para a cidade se casar comigo.
–Com certeza deve ter um motivo, afinal ela está aqui! – Rose falou. – Então
não sei porque não se casa com ela!
–Tem muitos motivos Rosalie e você sabe de todos, então é melhor que parem com
este assunto. Bella ficará aqui até que se restabeleça e depois irá embora,
entenderam?
E se afastou, irritado.
Alice encarou Rosalie.
–Ele gostou dela. – disse.
–Você acha mesmo? Ele me pareceu bem decidido a mandá-la embora, como antes.
–Ah Rose, você é bem burra às vezes.
–Não me chama de burra! Emmett, fala para ela parar de me tratar assim.
Emmett riu e beijou o rosto da esposa.
–Querida, desta vez concordo com Alice. Edward gostou da tal Isabella.
–Bella. – Jasper corrigiu.
–Que seja. – Alice se levantou, animada. – Ele está agindo assim porque acha que é o
certo. Afinal, Bella está sem memória!
–Mas ele não queria se casar com ela antes – Rosalie insistiu.
–Sim, mas você não percebeu como ele olha pra ela? Ah, claro que não, você fica
olhando seu reflexo nos espelhos, não ia reparar nisto mesmo!
–Eu vou fingir que não ouvi seus insultos, porque quero mesmo acreditar que Edward
gostou de Bella Swan! Seria perfeito! Ele finalmente vai se casar.
–As duas esquecem que Edward está decidido ainda a não se casar. – Jasper as
lembrou.
–Isto é um detalhe. – Alice piscou. – Precisamos fazer Edward mudar de ideia.
–E quanto à garota? Não acham que ela deve ter sua opinião levada em conta
também?
–Oras, ela veio até aqui, queria se casar, claro. – Rose respondeu.
–Mas não se lembra disto. – Emmett comentou.
–Não importa, uma hora ela vai lembrar. E se não lembrar, que diferença faz? O
importante é haver casamento. – ela encarou Alice pensativa. – Mas como faremos
para fazer Edward mudar de ideia?
–Eu já sei: vamos dar uma festa!
–Festa?
–Claro! Escute meu plano!
**
–Sim, nós vamos dar um baile daqui a alguns dias. Mas não se preocupe, se
não tiver nada apropriado, te empresto algo.
Rosalie rolou os olhos.
–Alice tem tanta roupa que não poderá usar tudo numa vida só.
–Tenho mesmo e adorarei te emprestar algo fabuloso! Você precisa estar
deslumbrante neste baile! Aliás, depois de tomarmos café, vamos para meu quarto
para experimentar alguns vestidos.
Bella tentou sorriu demonstrando animação.
Mas na verdade estava preocupada. Um baile?
Ela ainda se sentia tão insegura, como é que encararia pessoas estranhas num baile?
E de alguma maneira, só de se imaginar dançando ela já sentia dores no estômago.
Como prometido, depois de comerem, Alice a arrastou escada acima e Rosalie foi
para o jardim com um livro nas mãos.
Edward apareceu enquanto lia e Rosalie fechou o livro, o encarando com um sorriso.
–Ora, ora, quem está aqui tão cedo? Veio visitar sua noiva?
–Na verdade, Carlisle pediu para verificar se ela está se sentindo bem e caso não
esteja, para levá-la ao hospital;
–Ela está ótima, neste exato momento está com Alice no quarto experimentando
vestidos para o baile.
–Baile?
–Ah, ainda não sabe? Daremos um baile para a Bella daqui a alguns dias. Não é
maravilhoso?
Edward franziu o cenho, desconfiado.
–Por favor, não me diga que ainda não entenderam que eu não vou me casar e querem
dar uma festa de noivado.
–Oh, Edward, claro que não. Todos nós entendemos perfeitamente. Você não quer se
casar com Isabella Swan.
–Então qual o intuito deste baile? E não venha me dizer que não tem nada por trás,
que eu conheço você e Alice e sei que estão tramando algo.
Ela deu um risinho afetado.
–É, nos conhece bem. Claro que estamos com algo em mente.
–E o que seria?
–Bom, Bella fez uma longa viagem apenas para se casar e ainda nem faz ideia que
será rejeitada.
Edward se sentiu incomodado com aquele pensamento. Sim, Bella estava sendo
rejeitada. Até aquele momento não havia parado para pensar nisto.
Ela fizera uma longa viagem para se casar e ele iria mandá-la de volta.
–Enfim, nós ficamos preocupadas com ela, porque a achamos uma moça adorável.
Então resolvendo ajudá-la.
–Ainda não entendi.
–Nós vamos apresentar a Bella aos rapazes da cidade, assim algum deles poderá
cortejá-la e ela terá um casamento, não é maravilhoso?
Edward fitou Rosalie que sorria satisfeita.
Mas que diabos era aquilo agora?
–Está falando sério? Que ideia absurda é esta?
–Ora, Edward, Bella quer se casar, isto é óbvio, senão não estaria aqui. E já que não
quer se casar com ela, tenho certeza que achará quem queira!
Sim, colocando daquele prisma, Rose tinha razão
Mas ele não conseguia gostar nada daquela história. Na verdade, só de pensar em
Isabella Swan sendo exibida para todos os homens da cidade, ele sentia uma raiva
insana por dentro.
–Bella sabe disto? – indagou friamente.
–Bom, ela sabe que você não quer se casar com ela? – Rose indagou inocentemente e
Edward negou.
–Não, não sabe.
–Então acho melhor contar, assim ela já fica ciente de suas intenções. Não acho
certo enganá-la. Pense que ela pode conseguir um ótimo partido! Eu e Alice já
estamos fazendo a lista de convidados e tenho certeza que virão ótimos rapazes que
acharão Bella encantadora!
–Rosalie, ainda não posso concordar com esta ideia de vocês.
–Por que não? Mudou de ideia? Quer se casar com ela?
–Claro que não.
–Então não vejo por que nosso plano não é bom!
–Bella está se recuperando de um acidente, nem sabe quem é, como pode querer que
ela escolha um noivo?
–E então por isto tem que ficar solteirona?
–Bella é muito jovem para ser chamada de solteirona.
–Ela quer se casar, pode não se lembrar disto, mas quer. Então este baile será
perfeito. Ela poderá conhecer muitos rapazes.
–Ela pode não gostar de nenhum.
Rose deu de ombros.
–Acho que isto é com a Bella, mas tenho certeza que sabendo que não a quer, ela vai
tomar a decisão correta de arranjar um outro noivo.
–Olha, aí está nossa convidada. – Alice sorriu olhando para a porta e Bella
apareceu.
Edward a mediu. Vestia um dos vestidos de Alice e seus cabelos estavam soltos.
Era de um castanho cor de chocolate, como seus olhos, e contrastava lindamente com
sua pele branca.
–E então, acharam minha mala? – indagou ansiosa.
–Ah querida, achamos sim, mas está tudo sujo de lama, os empregados levaram para
lavar. – Alice mentiu e ninguém se deu ao trabalho de desmentir.
Alice colorara na cabeça que iria vestir Bella e ninguém conseguiria fazer com que
desistisse desta ideia.
–Que pena.
–Não se preocupe com isto. Bem, eu e Rosalie vamos nos retirar agora para tratar
dos preparativos para a festa. Quer nos ajudar Bella?
–Eu não faço ideia de como posso ajudar. – disse sem graça.
–Fique aqui então.
–Jasper e Emmett, podem vir com a gente? Precisamos passar algumas instruções. –
Rosalie falou e eles a seguiram.
Bella torceu as mãos, sem graça.
Era muito óbvio que Rosalie e Alice estavam conspirando para deixá-la sozinha com
Edward.
Ela ousou lançar-lhe um olhar enviesado.
Ele parecia contrariado com algo.
–Está tudo bem? – indagou.
Ele passou a mão pelos cabelos cor de areia.
Bella sentiu os próprios dedos formigarem de vontade de fazer o mesmo.
–Rosalie e Alice às vezes me exasperam.
Bella sorriu.
–Acho que posso entender porquê.
–Ah, não faz ideia... Mas não fique preocupada com isto, como está se sentindo
hoje? – indagou com uma precisão quase clínica.
–Muito bem.
Ele se aproximou e tocou o galo em sua testa. Bella quase deu um pulo, tamanho o
susto.
–Oh, me desculpe. – ele murmurou. – Não queria assustá-la. Eu ajudo meu pai com os
pacientes.
–Ah, claro. – disse aturdida.
–Ainda dói?
–Um pouco. – respondeu.
Ele estava perto ainda, embora não a tocasse e ela podia sentir seu cheiro
maravilhoso, atordoava seus sentidos.
–E sua memória?
–Nada ainda.
–Sinto muito, Bella.
Ela se afastou.
–Eu só queria me lembrar...
–Eu sei.
–Sua família está sendo muito gentil comigo, mas às vezes eu sinto... como se
não fosse para eu estar aqui.
Edward desviou o olhar e Bella sentiu que havia uma tensão no ar.
–Por que arranjou uma noiva por correspondência, Edward? – indagou. - Não parece
algo que... – se calou, sem querer parecer intrometida. Talvez estivesse falando
bobagens.
–Algo que eu faria? – Edward completou. – Sim, tem razão.
–Não entendo...
–Bella, a verdade é que não fui eu quem mandou a carta para a agência. Foram meus
irmãos.
Bella arregalou os olhos.
–Como assim?
–Depois que meus irmãos se casaram, minha família quer que eu me case também e
vêm tentando arranjar uma noiva pra mim há tempos. E quando não tiveram sucesso
com ninguém daqui, meu irmão Emmett teve a brilhante ideia de escrever à uma
agência.
Não passou despercebida a Bella a ironia em suas palavras.
De alguma maneira tudo parecia fazer mais sentido agora.
–Achei realmente entranho que alguém como você precisasse disto.
–Meus irmãos acham necessário, por isto está aqui.
–Por que não escolheu nenhuma noiva aqui na cidade? Tenho certeza que muitas
moças iam querer casar com você.
Ele riu.
–Sim, muitas querem. Mas eu não quero nenhuma.
–Não quer se casar. – constatou.
–Não.
Bella ficou pensativa. Então era isto. Edward Cullen não queria se casar com ela.
Estava sendo obrigado pela família.
–Por que estou aqui ainda? – indagou por fim.
–Porque se acidentou. Eu sinto muito Bella. Nunca foi minha intenção enganá-la. Eu
fiquei sabendo desta história de noiva de correspondência no mesmo dia que chegou.
Fiquei muito bravo com meus irmãos e disse que assim que a tal noiva chegasse, eu a
mandaria de volta. Mas então houve o acidente. Eu não poderia mandá-la de volta
machucada e ainda mais sem memória.
Bella mordeu os lábios, absorvendo as palavras de Edward.
Era um alívio descobrir a verdade por trás de toda aquela situação.
Fazia muito sentido agora.
Mas também era doloroso saber que estava sendo rejeitada.
Procurou não levar para o lado pessoal. Afinal, pelo jeito Edward rejeitaria
qualquer moça que aparecesse ali.
Mas não era qualquer moça. Era ela. Bella Swan.
E mesmo sem lembrar quais eram suas expectativas em relação àquele casamento,
ela se sentia muito mal.
Respirou fundo.
–Obrigada por me contar. – disse por fim. – Acho que devo ir embora, então.
–Não. – Edward respondeu. – Não precisa ir embora. Não antes de estar totalmente
recuperada.
–Não acho justo ficar aqui...
–Bella, não é justo você ir embora também.
–Tudo isto é bem constrangedor...
–Quem deveria estar constrangido sou eu. A culpa é minha, ou melhor, dos meus
irmãos e suas ideias absurdas. Mas você não tem culpa de nada. Fique.
Bella o encarou.
Não queria ficar naquela casa. Não queria ficar perto de Edward. Sabendo que ele
nunca teve a intenção de ficar com ela.
Mas para onde iria?
Nem sabia quem era!
–Tudo bem, acho que posso ficar mais uns dias. – murmurou. – Mas se puder enviar
uma carta à agência, eu devo ter família em algum lugar, não é? Preciso voltar para
minha casa.
Deus, ela se sentia uma idiota.
Por mais insano que fosse, por mais que não se lembrasse, havia uma parte dela que
se considerava mesmo noiva de Edward Cullen.
Que os Cullens seriam sua futura família.
Era mesmo muito idiota.
–Claro, falarei com Emmett.
Ela se levantou.
–Obrigada, Edward. – murmurou e se retirou.
Edward ficou observando ela ir, sentindo uma imensa culpa.
Bella não tinha culpa de toda aquela confusão.
E para piorar, ainda estava sem memória. Ele se sentia muito mal por tudo.
–Não acredito que fez isto! – Alice e Rose apareceram e era óbvio que estavam
escutando atrás da porta.
–Deviam ter vergonha de ficar escutando as conversas alheias.
–Edward, coitada da Bella. – Alice continuou. – Ela não merecia isto.
–Eu sei que não. – concordou.
–Então por que a rejeitou? – Rose indagou.
–Vocês sabem os motivos.
**continua**
(Cap. 4) Capítulo 4
Bella fechou a porta atrás de si e caminhou até a janela.
Era normal se sentir daquele jeito? Como se a rejeição de Edward fosse algo
irreparável?
Era mesmo uma tonta. Nem o conhecia, não podia sentir como se o tivesse perdido,
se ele nunca fora dela.
Talvez fosse seu subconsciente. Claro que estava esperando se casar. Viajara até
ali pra isto.
E agora não aconteceria casamento algum.
Será que estaria se sentindo mal assim se estivesse lembrando de tudo? Será que
seria pior?
Desejou mais que tudo se lembrar.
Queria saber o que a motivara. Porque viajara de tão longe para se casar com um
homem desconhecido. Apenas com um retrato e a promessa de um casamento muito
rico.
Mas não se imaginava querendo se casar apenas porque ele era rico.
Ou apenas porque era muito bonito.
Fechou os olhos com força, forçando a mente a quebrar a barreira escura de suas
memórias.
Mas nada aconteceu. Havia apenas o vazio.
Ouviu batidas na porta e Alice entrou em seguida.
Tinha no rosto um sorriso gentil.
–Podemos conversar?
Bella tinha certeza que mesmo que quisesse dizer não, Alice daria um jeito de
convencê-la.
–Claro.
–Espero que não esteja triste com a rejeição de Edward.
Oh deus, será que era tão transparente assim? Bella se perguntou.
–Bom, eu não me lembro de nada, então...
–Mas você está aqui. Óbvio que queria se casar com ele.
–Não me lembro de nada disto, Alice. De certa forma... Acho que deveria me sentir
aliviada. Não consigo entender porque eu estava fazendo isto.
Alice sorriu.
–Mas você fez.
–Sim, eu fiz. – murmurou.
Alice segurou sua mão.
–Bella, não se preocupe com nada. Tudo vai dar certo, você verá.
–Eu sinto que não deveria ficar aqui... Não é apropriado.
–Não diga bobagens! É nossa hóspede e não esqueça do baile!
Bella tentou parecer animada, mas era difícil.
–Vamos, mude esta cara. Vai ser uma festa fabulosa! Vem, vamos experimentar mais
alguns vestidos. Tenho certeza que isto a deixará animada.
Bella a seguiu para fora do quarto. Alice realmente não a conhecia, se achava
que o simples fato de estar experimentando vestidos elegantes fosse deixá-la feliz.
A questão era que naquele momento, ela não fazia a mínima idéia do que a deixaria
feliz.
Naquela noite, Bella evitou encarar Edward no jantar e na conversa que se seguiu,
com Alice e Rosalie ainda só falando do tal baile.
No fundo achava tudo tão inútil, mas com certeza magoaria Rosalie e Alice dizendo
que não queria participar de baile algum.
E era uma hóspede na casa dos Cullens. Já que Edward deixara bem claro que nunca
iria se casar com ela, eles poderiam mandá-la embora, não tinham nenhuma
obrigação de mantê-la ali, mesmo ela não tendo ideia da onde ir
Mas eles estavam sendo muito gentis em hospedá-la e ela não poderia criar uma
situação difícil dizendo que não gostaria de participar do baile que Alice e Rosalie
estavam se esmerando em organizar.
Felizmente ela teve a ideia de usar o fato de ainda estar se convalescendo para se
retirar cedo para os aposentos.
–Ainda sente alguma dor Bella? – Carlisle Cullen indagou preocupado.
–Apenas uma leve dor de cabeça, mas não se preocupe, acho que preciso apenas
descansar. Se me derem licença
–Claro. Vá dormir. E não deixe Alice e Rosalie cansá-la demais.
**
–Então já está tudo pronto. – Alice checou sua lista e a encarou. – Como se sente
Bella?
Bella deu de ombros.
Ela podia falar que na verdade se sentia ainda tonta de tantas coisas que Alice e
Rosalie falavam.
–Não parece animada. – Rosalie a estudou com a testa franzida.
–Mas claro que ela está animada. – Alice respondeu. – É um baile! Irá usar um
vestido lindíssimo e vai dançar a noite inteira!
Bella arregalou os olhos.
–Danças? Eu não danço. – balbuciou.
Rose e Alice se entreolharam e riram.
–Como assim não dança? – Rosalie indagou. – Todo mundo dança!
–Eu não.
–Bella, como pode dizer isto? Aposto que nem lembra!
Bella torceu a mão no colo. Sim, tinha sentido o que Alice dizia, mas de
alguma maneira ela apenas sabia que dançar não era algo que fazia parte de suas
habilidades.
–Eu apenas sei. – murmurou. – Realmente não danço.
Alice revirou os olhos.
–Mas vai ter que dançar... Eu tive uma ideia!
E ela praticamente correu para fora da sala a deixando sozinha com Rosalie que
sentou ao piano começando a tocar.
–Não sabia que tocava piano. – Bella comentou.
Rosalie sorriu.
–Não tão bem quanto Edward... E falando em Edward...
Bella acompanhou seu olhar e viu Alice entrando com Edward na sala.
Seu rosto imediatamente se tingiu de vermelho ao vê-lo.
Era extremamente humilhante se sentir daquele jeito, mas também inevitável.
–Olá, Bella. – Edward lançou-lhe um olhar rápido e encarou as irmãs. - O que
querem? Achei que estivessem super ocupadas com os preparativos para o tal baile.
–Sim, nós estamos e queremos sua ajuda.
–Minha ajuda?
–Queremos que ensine a Bella a dançar.
Bella ouviu aquela sentença horrorizada.
Como é que era?
–Alice, não acho que é.. – começou a balbuciar.
–Ora Bella, é uma ótima ideia. – Rosalie sentou de novo ao piano. – Vamos Edward,
Bella precisa dançar no baile!
Bella sentia-se presa numa armadilha.
Encarou Edward e ele parecia aborrecido, passando o dedo pelos cabelos cor de
areia.
–Eu não acho...
–Sim, Edward, por favor nos ajude. – Alice pediu saltitando ao seu redor. – Por
favor...
Ele ainda pareceu relutar e então encarou Bella.
–Acho que elas não nos deixarão em paz.
Bella engoliu em seco. Sua última esperança era que ele se recusasse, mas ao que
parecia, Alice e Rosalie acabavam sempre conseguindo o que queriam.
E com o coração aos pulos, ela o viu se aproximar e estender a mão.
Bella a segurou e se levantou o fitando.
Ela tinha que levantar a cabeça para encará-lo.
Ele parecia tão perto e tão mais perfeito assim do que de longe.
Seu coração disparou um pouco mais se é que isto era possível.
Rosalie começou a tocar.
–Me desculpe, eu... – ela murmurou. - Não queria...
Ele sorriu e Bella prendeu a respiração, não só porque ele tinha um sorriso que
mexia com alguma coisa dentro dela, mas também porque sentiu seus braços a
rodeando e a puxando para si.
Bella respirou fundo, porque parecia que de repente todo o ar ao seu redor
tornara-se rarefeito. Mas respirar também não era uma opção viável, pois o cheiro
único de Edward Cullen adentrou sua narina...Era... deliciosamente intoxicante.
E a mente dela rodou e talvez tivesse caído no chão, se os braços dele não a
tivessem segurando firme. A mão direita dele pousada em suas costas, a mantendo
perto enquanto a esquerda segurava delicadamente sua mão.
E ter as mãos de Edward Cullen nela era... indescritível.
–Apenas se mova comigo. – ele disse devagar, como se ensinasse uma criança a
andar.
Mas ela se sentia tudo naquele momento, menos como uma criança.
E então tropeçou em seus próprios pés, ruborizando de vergonha em seguida.
–Oh, me desculpe, eu realmente não sei fazer isto...
Ele riu.
Por que ele tinha que rir? Não percebia que seu estômago se revirava como se
houvesse borboletas dentro dele quando fazia isto?
–Talvez saiba e tenha esquecido, como tudo o mais.
–Eu duvido, acho que é uma habilidade que temos ou não, e eu desconfio que não
tenho nenhuma. – e bastou ela falar isto para tropeçar de novo e agora nem sabia
mais se era mesmo uma total falta de coordenação motora ou o fato de ficar
perturbada perto de Edward Cullen.
Talvez fosse a combinação das duas coisas.
E ele riu de novo, seu braço de repente a apertando um pouco mais e ela se viu
erguida até que seus pés estivessem em cima dos pés dele.
–Melhor assim? - ele sorriu. Mais perto ainda. Seu hálito morno em seu
rosto. Delicioso.
Bem melhor, queria dizer, infinitamente melhor.
–Edward, isto é trapaça. – Alice disse, e só então Bella lembrou-se que não estavam
sozinhos.
Seu rosto queimou de vergonha mais uma vez e ela se afastou de Edward.
–Sim, acho que não poderei fazer isto no baile. – disse.
Rosalie riu.
–Com certeza não seria apropriado, mas tenho certeza que Mike Newton iria
adorar conduzi-la. Tenho um pressentimento que se darão muito bem.
Bella não fazia ideia de quem era Mike Newton, mas ao encarar Edward ele parecia
visivelmente tenso.
–Se me derem licença.
E se afastou, saindo da sala.
–Não ligue para ele, Bella. – Alice lhe deu tapinhas na mão. – Tenho certeza que
fará muito sucesso no baile.
–Sim, não se preocupe com a dança. Apenas se deixe conduzir. – Rosalie
acrescentou e encarou Alice com uma piscadela. – Acho que está saindo tudo muito
bem, muito bem mesmo.
E elas trocaram um olhar de entendimento que deixou Bella ainda mais confusa.
**
Era a noite do baile.
O maldito baile, Edward pensou enquanto andava de um lado para o outro no grande
salão dos Cullens.
–Não parece feliz, irmão. – Emmett comentou.
–Isto é culpa da sua esposa. – Edward resmungou.
Rosalie e Alice o estavam enlouquecendo lentamente.
Nos últimos dias não se falava em outra coisa naquela casa a não ser do tal baile.
E de como Isabella Swan seria uma beldade disputada por todos os rapazes
solteiros da redondeza.
E Edward não sabia dizer por que isto o irritava sobremaneira.
Devia ficar satisfeito. Se Isabella arranjasse um pretendente, ficaria livre da
insistência de sua família sobre desposá-la e também amenizaria sua culpa.
Afinal, a moça tinha viajado de tão longe para se casar. E fora rejeitada por ele.
E mesmo não se lembrando de nada, isto era um fato.
–Ah sim. – Jéssica o fitou cheia de curiosidade. – Disseram que ela era sua
noiva, mas eu não acreditei nisto nem um minuto, Edward.
–Não, Isabella não é minha noiva. – Edward respondeu e as duas trocaram um olhar
de alívio.
–Ah, eu sabia que era fofoca, claro. – Jéssica comentou. – Oh, olha quem chegou,
Mike Newton.
Edward viu os Newton entrando e se lembrou das apostas de Rosalie.
Sua antipatia por Mike aumentou consideravelmente.
De repente ouve-se um burburinho.
–Quem é ela? – Lauren indagou olhando direção à escadaria.
–Acho que esta é Isabella Swan. – Jéssica murmurou.
Sim, definitivamente era Isabella Swan.
Ainda mais bonita do que se lembrava. E ainda mais tímida.
Seu olhar seguia amedrontado enquanto descia as escadas, acompanhada por Rosalie
e Alice, que como sempre estavam deslumbrantes.
Mas hoje todos os olhos estavam na desconhecida Isabella Swan e os murmúrios
curiosos se propagavam.
Edward viu seu rosto ruborizado e teve vontade de se aproximar e levá-la dali,
longe de todos os olhares curiosos e dizer que tudo ficaria bem, que ela não
precisava se exibir num baile de Alice e Rosalie como numa vitrine.
–Ela é bonita. – Lauren comentou com desdém. – Mas parece meio comum...
–Sim, não vejo nada demais. – Jéssica usou o mesmo tom invejoso.
–Mas acho que Mike Newton pensa diferente. – Lauren disse com malícia e Edward
encarou Mike, que olhava Isabella Swan como se esta fosse a mulher dos seus
sonhos.
Edward teve vontade de esmurrá-lo.
Rosalie e Alice seguiram pelo salão apresentando Bella para os convidados e
Edward as seguiu com o olhar.
–Ela está linda. – Jasper apareceu do seu lado. – Não acha?
–Ela não está linda, ela é naturalmente bonita.
Jasper riu.
–Hum, não sabia que admirava tanto Isabella Swan.
–Estou apenas comentando o que é verdade. – Edward rebateu incomodado.
–Sim, devo concordar. Mas Alice fez um ótimo trabalho hoje acentuando a
beleza natural dela. Vejo os olhares masculinos a seguirem como mosca no mel.
Talvez Rosalie tenha razão e Bella ache logo um noivo.
–Chega deste assunto, Jasper. – Edward o cortou, irritado.
–Que assunto? – Alice se aproximou, passando o braço por Jasper.
–Estamos falando do sucesso de Isabella Swan.
–Oh, não é maravilhoso? Olhe para ela? Está deslumbrante.
Bella continuava sendo exibida por Rosalie, que excepcionalmente hoje parecia
satisfeita em não estar em evidência.
–E o baile já vai começar. – Alice comentou animada puxando Jasper. – Minha
primeira dança é sempre do meu marido.
Jasper beijou seu rosto.
–Deveriam ser todas.
–E você Edward, trate de escolher suas preferidas! Lauren e Jéssica estão muito
bonitas hoje e tenho certeza que elas adorariam sua atenção.
–Eu não sei se eu adoraria dar atenção a elas.
–Oh, não seja chato! Ainda não desistimos de lhe arranjar uma noiva, assim que Bella
estiver casada, arranjaremos uma noiva pra você também.
E com estas palavras ela se afastou com Jasper.
“Assim que Bella estiver casada”. Estas palavras causavam calafrios em Edward.
E os calafrios se acentuaram quando ele viu Bella no meio do salão nos braços de
Mike Newton.
A vontade que tinha de se aproximar e arrancá-la de lá foi quase irresistível e ele
respirou fundo.
Estava sendo ridículo. Isabella Swan não lhe pertencia.
Ela podia dançar com todos os homens da festa. E ser cortejada por eles.
Mesmo que isto lhe parecesse extremamente errado.
–Edward, não fique aí parado. – Rosalie se aproximou e estava de braços dados com
Jéssica. – Vá dançar com Jéssica.
Edward quis recusar, mas não seria educado. E também não poderia passar a noite
inteira odiando todos os homens que dançassem com Bella.
E conforme a noite foi passando, esta lista foi aumentando consideravelmente.
Estavam todos encantados. Ela era a novidade.
E Edward não poderia culpá-los por se sentirem atraídos.
Que opção tinha? Talvez fosse o certo a fazer. Embora ela ainda não
soubesse se teria realmente coragem para tanto.
No fundo, rezava para que logo descobrisse da onde tinha saído e pudesse pelo
menos voltar para sua família, seja lá onde estivesse.
Se ao menos ela se lembrasse...
–Aceitaria? – Edward insistiu, seus olhos inquisidores.
Bella respirou fundo.
–Eu não sei, sinceramente. Mas... Talvez sim, afinal, se estou aqui é porque desejo
me casar, não é?
–Sim, talvez tenha razão. – Edward comentou como se para si mesmo. – Me
preocupa não se lembrar de nada e dar um passo assim.
Bella se sentiu tocada com a preocupação repentina e sorriu tristemente.
–Não mais do que eu, mas mesmo que eu me lembre... talvez eu queira mesmo me
casar.
–A música acabou, a próxima dança é minha.
Eles foram interrompidos por Mike Newton.
Edward a soltou e Bella sentiu uma certa tensão entre os dois.
–Claro, Newton. – Edward disse por fim e se afastou.
Bella foi para os braços de Mike, vendo Edward se afastar e duas moças o
cercando cheias de sorrisos, e se perguntando por que não sentia por Mike o mesmo
que sentia com Edward.
**
–Oh, o baile foi um sucesso. – Alice comemorou assim que o último convidado se foi.
Bella não sabia se conseguiria andar novamente tamanha era a dor nos pés de tanto
dançar.
–E então Bella, o que achou? – Rosalie perguntou.
Ela ainda parecia linda, mesmo num fim de festa.
–Vocês sabem dar uma festa, claro. – comentou.
–Isto nós já sabemos. – Alice a encarou. – Queremos saber o que achou dos seus
pretendentes!
–Não são pretendentes.
As duas riram.
–Claro que são! Todos a adoraram! - Rose sorriu.
–Principalmente Mike Newton. – Alice disse. – E eu o vi pedindo permissão a
Carlisle para vir aqui te visitar, não é ótimo?
–Mike Newton é rápido, não é? – Emmett riu, seguido de Jasper.
O único que não riu foi Edward. Ele parecia estranhamente soturno e pensativo.
–Sim, e tem que ser, afinal, Bella é uma beldade e se ele não correr, pode
perder o posto! – Alice comentou. - E nosso Edward também fez muito sucesso, não
acham?
–Sim. – Rose concordou. – Acho que ainda não podemos perder as esperanças com as
moças da cidade. Tenho certeza que em breve Edward escolherá uma.
–Eu já falei que não quero mais saber deste assunto, por que insistem? – Edward
indagou irritado.
–Não vamos desistir. – Rose disse. – Aliás, Alice, acho que podemos já planejar um
próximo baile e devemos estender os convites às solteiras de Port Angeles, o que
acha?
–Divino. – Alice bateu palmas e Edward pareceu mais irritado ainda.
Esme entrou na sala.
–Crianças, todos devem se recolher, foi uma longa noite e precisam descansar.
–Sim, claro. E amanhã será um longo dia. – Alice bocejou.– Temos que arrumar Bella
para esperar visitas...
Bella foi para o quarto ainda ouvindo a risada de sino de Alice.
Visitas, pretendentes, casamento...
Sua mente rodava com tantas possibilidades que ela não queria nem pensar.
Queria apenas dormir.
E quem sabe amanhã tudo lhe parecesse mais aceitável.
**
Bella acordou muito cedo na manhã seguinte.
Deveria dormir, já que toda a casa ainda parecia silenciosa, mas não tinha sono.
Estava inquieta.
Saindo da cama, ela se vestiu e resolveu dar uma volta.
Respirar ar puro e um pouco de silêncio.
Alice e Rosalie nunca a deixavam sozinha.
Forks estava coberta de névoa.
Sentiu falta do sol.
Mesmo assim, caminhou pela imensidão verde, gostando de estar sozinha.
Será que era uma pessoa solitária?
De repente ela parou assustada ao ouvir um estampido e soltou um grito.
–Oh, me desculpe.
Ela olhou para frente e viu Edward fitando-a culpado.
Ele segurava uma espingarda de caça.
–Não queria te assustar, Bella, o que faz acordada a essa hora?
Continua.
(Cap. 5) Capítulo 5
Bella achou que não tinha ouvido direito.
–O quê? - murmurou incerta.
Era impossível.
Edward respirou fundo.
–Eu perguntei... Se você se casaria comigo.
Pronto. Ali estava.
Ela realmente não estava louca. Edward estava mesmo fazendo aquela pergunta.
O mesmo Edward que deixara bem claro há algumas noites que não tinha a menor
intenção de se casar com ela e com ninguém.
Bella o encarou totalmente confusa e sem ação.
–Como assim... me casar com você?- indagou tentando entender. - Você quer dizer...
hipoteticamente?
–Não. Eu quis dizer... Se você quer se casar comigo.
Agora sim ela perdeu o ar. E o estômago deu uma volta tão grande dentro dela que
parecia que ia sair pela boca. Assim como seu coração subitamente disparado.
–Mas... mas... você não quer se casar! – exclamou, ainda tentando achar algum nexo
no que ele dizia.
Porque simplesmente não era possível.
Mas ele respondeu simplesmente.
–É verdade.
–Edward eu não entendo! Por que então está me perguntando se eu casaria com você
se não quer se casar? Isto é insano!
Ele sorriu, os dedos passando pelos cabelos, enquanto se aproximava e se agachava
à frente dela.
E por alguns segundos malucos, Bella achou que ele estava ali para fazer alguma
espécie de pedido formal ajoelhado e tudo, e sentiu que ia desmaiar.
Mas deveria ter adivinhado as palavras a seguir.
–Bella, você conheceu meus irmãos. E minhas cunhadas. Enfim, minha família.
Sabe o quão eles estão empenhados em me ver casado, custe o que custar. Há meses
eu tento fugir disto e está ficando cada vez mais insuportável. A sua própria
presença aqui é fruto de uma armação deles. Eu fui sincero com você. Eu disse que
não foi ideia minha e disse que não tinha intenção de me casar com nenhuma moça
que me fosse imposto. E não estava nos meus planos receber uma noiva aqui e muito
menos que fosse acontecer o acidente. Eu me senti... extremamente culpado; e de
algum modo isto mudou tudo. Eu estava disposto a te mandar de volta do mesmo
jeito que chegou, mas não é justo depois do que aconteceu... enfim, o que estou
querendo dizer é que eu andei pensando em tudo o que está acontecendo, em tudo o
que meus irmãos vêm aprontado e acho que eles realmente não me deixarão livres
enquanto eu não me casar. E você está aqui.
Bella ia se sentindo cada vez mais confusa com aquele discurso.
Mas de alguma maneira ela já intuía onde ele estava querendo chegar.
E não sabia se gostava disto.
–Eu estou aqui e....
–E acho que devemos nos casar.
–Por que seus irmãos querem? Achei que nunca ia deixar eles te imporem nada. – sua
voz saiu mais fria do que pretendia.
–Eu sei. Não é uma questão de impor; Eu acho que eu devo isto a você.
–Deve?!
–Sim, você pode não se lembrar, mas está aqui com um propósito, que é se casar. Por
isto Rose e Alice querem tanto te arranjar um noivo agora.
–É muito gentil da parte delas. – Bella murmurou apenas para ter o que dizer em
toda aquela conversa estranha.
–Sim, elas são exageradamente gentis. – Edward falou cheio de ironia. – E elas não
nos deixarão em paz. Até que você se case, ou que eu me case.
–E por isto devemos nos casar.
–Bella, eu sei que parece o pedido mais estranho do mundo. Mas eu acho que
realmente devo cumprir com o prometido, mesmo não sendo uma promessa minha.
E por que ela estava sentindo um vazio no peito? Por que em nenhum momento
ele falara em amor ou afeto?
Era óbvio que ele não gostava dela. Eles nem se conheciam!
E o que ela devia fazer agora?
A razão lhe dizia para não aceitar.
Se Edward Cullen se sentia coagido pela família a se casar, ela não deveria se
sentir do mesmo jeito.
Mas Bella conhecia Alice e Rosalie. Sabia que elas continuariam insistindo.
E ela não tinha para onde ir. Obviamente as duas não poderiam obrigá-la a nada.
Mas Bella tinha realmente medo de ser convencida.
E será que se casar com um rapaz como Mike Newton seria melhor do que casar com
Edward?
–Eu sei que parece muito confuso, Bella. E acredite, uma parte de mim não concorda
com isto. Mas acho que, no momento, é uma saída digna para nós dois.
Ela voltou a fitá-lo.
Parecia tão perfeito como uma estátua grega ajoelhado ali a sua frente. Os cabelos
cor de areia bagunçados pelo vento. Os olhos verdes num tom dourado, pareciam
suplicar para que ela entendesse.
E de alguma maneira insana e perigosa, ela queria entender.
E mais que isto.
Ela queria aceitar aquela proposta maluca.
–Então acha que devemos nos casar. E ficaremos casados por um tempo
indeterminado, até que minha memória volte. - indagou mais uma vez.
–Sim.
–Você quer mesmo fazer isto? - insistiu e agora a sombra de um sorriso se delineou
no rosto perfeito, fazendo seu coração disparar.
E algo quente se enroscar em seu ventre, descendo...
Ela respirou fundo.
–Isto é insano.
Ele agora sorria.
De um jeito quase infantil, como se estivesse prestes a fazer uma travessura
e estivesse pedindo para Bella ir com ele.
E, por deus, ela queria ir.
Estava perdida.
–E se eu disser que prefiro me casar com Mike Newton?
O sorriso morreu no rosto dele.
–Não pode estar falando sério.
Bela riu.
–Não...é apenas uma suposição.
E depois tudo passara tão rápido que Bella se perguntava se estava mesmo
acontecendo.
Rosalie e Alice eram um furacão e começaram os preparativos quase imediatamente.
E a Bella só restava acompanhá-las em seus delírios, concordando com tudo com um
meneio de cabeça.
E quando Emmett e Jasper apareceram, elas os rodearam eufóricas e eles no
começo pareceram incrédulos, mas depois de saírem e provavelmente confirmarem a
história com Edward, ficaram tão eufórico quanto elas.
Será que pensariam assim se soubessem do acordo entre ela e Edward?
Provavelmente não.
Bella se perguntava se deveria se sentir culpada por estar praticamente enganando
os Cullens, mas a verdade era que não se sentia assim.
Eles queriam um casamento, não é? Então era isto que teriam.
À tarde, Bella já estava cansada de Alice e Rosalie e o tagarelar incessante sobre
datas, vestidos e qualquer coisa que se referisse a casamento, e conseguiu escapar
com um livro para o bosque em frente à casa. E já estava ali há algum tempo, quando
Mike Newton apareceu.
Bella tinha esquecido completamente dele e ficou até com certa pena quando ele lhe
entregou um bouquet de flores.
–Obrigada. – disse, vermelha.
–A senhorita está muito bonita. Espero que não a esteja importunando com a minha
visita.
–Sim, totalmente inoportuno.
Bella quase deu um pulo ao ouvir a voz de Edward que se aproximava com cara de
poucos amigos.
Mike Newton o encarou, confuso.
–Cullen, eu...
–Saia de perto da minha noiva, Newton. – Edward pediu friamente para o espanto
de Bella.
Mas com certeza Mike estava ainda mais espantado.
–Noiva? Mas...
–Isto mesmo que ouviu. Eu e Bella estamos noivos, então proponho que vá fazer a
corte em outro lugar.
Mike encarou Bella, que estava ainda mais vermelha com aquela situação.
–Isto é verdade?
–Sim, é... me desculpe, Mike, eu...
–Eu não... Eu não sabia.
No dia seguinte, cumprindo o que tinha dito, Rosalie e Alice a levaram para a
cidade.
Todos as fitavam, como se fossem as maiores atrações da cidade e Bella
desconfiava que era assim mesmo.
Na costureira, Alice e Rosalie tomaram as rédeas de tudo, escolhendo tecidos e
modelos.
–Acham mesmo que tudo isto é necessário? - Bella indagou e as duas riram.
–Isto ainda é pouco! - Alice disse. – Já fiz uma lista de coisas que virão de Paris!
Mas não sei se chegará a tempo do casamento.
**
E ela queria que ele tocasse aqueles lugares e talvez ela tivesse perdido
qualquer pudor e pedido exatamente isto, se o barulho de algo se quebrando não os
interrompesse e Edward a soltou, tão ofegante quanto ela.
Os dois olharam em direção ao barulho e um vaso de Esme havia caído da janela e se
partido.
–A culpa é sua, Alice. - ouviram a voz de Rosalie.
–Minha? Você que quebrou! Esme vai te matar.
Bella passou a língua sobre os lábios, corando.
Tinha até se esquecido de Alice e Rosalie as espionando.
Edward passou a mão pelos cabelos.
–Me desculpe...
–Tudo bem. – ela murmurou. – Acho que agora elas estão satisfeitas.
–Elas estão, mas eu não... - ele resmungou e Bella ficou tentando imaginar o que ele
queria dizer.
–Eu vou dormir. – disse.
–Sim, boa noite, Bella.
–Boa noite, Edward.
Ela se afastou e Alice e Rosalie agora estavam sentadas no sofá, fingindo que
bordavam, mas mal continham um sorriso malicioso.
–Eu vou dormir.
–Sim, descanse. Amanhã temos um dia cheio! - Alice disse.
–Sim, vá descansar e dormir! Daqui a quatro dias estará casada, e dormir será algo
que terá bem pouco tempo, se tomarmos como exemplo todo aquele fog..
–Rose! - Alice a repreendeu e Rosalie riu.
Bella subiu quase correndo para o quarto.
Mas não conseguiu dormir de imediato.
Sua mente ainda cheia de Edward e seu beijo.
E daqui a quatro dias estariam casados.
E será que ele a beijaria de novo?
Algumas horas depois, ela estava sentada em frente a um grande espelho enquanto
Rosalie se posicionava atrás dela.
–Bem, vamos começar arrumando seus cabelos!
–Já que você vai cuidar disto, eu vou descer e ver como está tudo lá embaixo! -
Alice se afastou.
E ao sair do quarto, encontrou Esme ocupada em arrumar alguns arranjos de flores.
Alice sorriu satisfeita com toda a decoração Estava tudo saindo como ela queria.
–Oi, mamãe, está tudo pronto?
–Sim, tudo perfeito. – Esme respondeu.
–Eu nem acredito que finalmente Edward vai casar, não é fabuloso?
Esme sorriu.
–Sim, eu estou muito feliz que finalmente ele encontrou alguém.
–Sim, tenho certeza que Bella é perfeita para ele. Eles foram feitos um para o
outro! E este casamento será o mais maravilho que Forks já viu! Ah, eu realmente
sou muito boa nisto.
–Sim, Alice, querida. Você é ótima, agora por que não vai atrás dos garotos? Eles
precisam se arrumar, sabe como são os homens.
–Ah sim. Eu os encontrarei.
Ela subiu as escadas e encontrou Emmett em seu quarto ainda sem se vestir.
–Emmett, por favor, vá se arrumar, não quero que se atrase para a cerimônia.
–Cadê a Rosalie? Eu não estou encontrando a minha gravata.
–Rosalie está ocupada arrumando o cabelo da Bella, ela não pode vir agora.
–Então não poderei por uma gravata.
Alice rolou os olhos.
continua
(Cap. 6) Capítulo 6
–Então... Quem é esta Isabella Swan? – Emmett indagou.
–Como podemos saber? Óbvio que houve um tremendo engano! Por causa do
acidente! E ela foi confundida...
–Com a verdadeira noiva que agora está em coma. Que confusão!
–Sim... E agora? E agora? O que vamos fazer?
–Temos que contar ao Edward....
–Não!
–Como não? Ainda dá tempo de desfazer este mal entendido!
–Mal entendido? Isto é uma tragédia! Olha a sua volta, Emmett! Estamos a poucas
horas do casamento.
–Não importa, Alice. Não podemos deixar o Edward se casar agora.
–Por que não? Não era isto que queríamos?
–Mas esta Bella não é a noiva!
–Agora ela é! Afinal, o Edward a pediu em casamento.
–Mas ele não sabe quem ela é! Nós nem sabemos quem ela é! Temos que cancelar
tudo e contar ao Edward...
–Não... não vamos fazer isto.
–Alice você está louca?
–Por que contar ao Edward? Ele vai cancelar o casamento!
–Claro que vai!
–Mas não pode! Eles têm que se casar!
–Alice, sei que sempre torcemos pra isto e chegamos até a fazer algumas armações,
mas... Acho que aí já é ir longe demais.
–Mas será que não vê? Edward finalmente se decidiu! Ele quer se casar com a Bella
e se contarmos a verdade ele não vai querer mais e estará tudo perdido!
–É o certo a fazer, Alice.
–Não! Não posso concordar com isto! Edward tem que se casar!
–Ele pode ainda se casar com a tal Tanya...
–Mas aquela está em coma e sabe Deus se um dia vai acordar!
–Mas é ela é a noiva.
–Não, a Bella é a noiva e neste momento está se arrumando para casar com Edward
e este casamento vai acontecer!
–Você enlouqueceu de vez. Eu vou contar ao Edward.
–Não, por favor, Emmett! Não vamos contar! Vamos deixar tudo como está. Edward
e Bella se casam e tudo ficará perfeito.
–Alice...
–Emmett, eles foram feitos um para o outro! Eles têm que ficar juntos! Quer que o
Edward fique sozinho para o resto da vida?
–Está sendo dramática.
–Não estou! O Edward gosta da Bella. Acha mesmo que teria pedido para se
casar com ela apenas porque estávamos fazendo pressão? Lógico que não! E se
contarmos a verdade, ele não vai querer casar com ela e tudo estará perdido... Por
favor, Emmett! - Alice implorou.
Emmett passou a mão pelos cabelos, confuso.
–E se a Bella se lembrar que nunca foi a noiva de Edward?
–Ai eles já estarão casados!
–Talvez tenha razão...
–Eu sei que tenho razão.
–E se a tal Tanya acordar?
–Pode ser que ela nunca acorde!
Emmett ainda ficou pensativo por mais um momento e Alice pegou os papéis de sua
mão, saindo do quarto.
–Ei Alice, aonde vai, volte aqui! - ele a seguiu até a sala e viu Alice jogando a foto
de Tanya e a carta na lareira.
–Pronto. Acabou. Ninguém nunca vai ficar sabendo disto...
–Eu ainda não tenho certeza... Enganar o Edward...
–Não estamos enganando ninguém. Estamos fazendo a coisa certa. Bella Swan é a
noiva de Edward e eles vão se casar. É muito simples.
–Tudo bem... Eu vou contar a Rosalie...
–Não! Não pode contar pra ninguém.
–Mas não posso esconder isto da Rose...
–Vai ter que esconder! Quanto mais gente souber pior será. Tem que ser um segredo
nosso, Emmett. Nem Jasper nem Rose precisam saber.
–Tudo bem... Eu espero que esteja certa.
–Eu estou certa sim. – ela sorriu. – Agora eu vou subir e ver se a Rose acabou de
arrumar o cabelo da Bella para te ajudar a procurar a tal gravata! E boca fechada
hein?
–Emmett, está doente? - Jasper riu. – Nunca vi você querendo ter conversar
séria e quer ter logo hoje no dia do casamento do Edward.
–Por isto mesmo! Edward é meu irmão e quero ter uma conversa séria, qual o
problema?
–Então fiquem aí, vou subir e me arrumar porque não quero que Alice fique brava
comigo.
Jasper se afastou e Edward encarou Emmett.
–Tenho que concordar com o Jasper, algum problema?
Edward encarou o irmão, que abaixou o olhar, enquanto passava a mão pelos cabelos
pretos.
Realmente Emmett parecia estar com algum problema, o que era bem estranho.
–O que quer conversar comigo? É sobre o casamento?
Ele o fitou.
–Edward, quer mesmo se casar com a Bella?
Edward ficou surpreso com a pergunta.
Porque desde que se casaram, os irmãos não faziam outra coisa a não ser insistirem
para que se casasse e agora que ele tinha decidido se casar com Bella, Emmett vinha
com esta pergunta?
–Por que pergunta?
–Porque até pouco tempo dizia que nunca ia se casar e ficou muito bravo comigo por
lhe trazer uma noiva e eu sinceramente achei que isto nunca ia acontecer.
Edward riu.
–Achei que era isto que queriam.
–Mas e se... E se esta Bela não for a moça certa? E se de repente... houver outra
noiva para você?
–Emmett, que conversa é esta? Como assim outra noiva?
–Apenas uma suposição... Você a trocaria se aparecesse outra?
–Ainda não estou entendendo. Eu vou me casar com a Bella hoje, Emmett.
–Eu sei... por isto quero ter certeza que estou fazendo a coisa certa, quer dizer...
Que você está fazendo a coisa certa.
–Emmett, você bebeu?
–Não! É tão difícil acreditar que estou preocupado?
–Sim, é. – Edward riu.
Realmente toda aquela conversa de Emmett era muito estranha.
Até aquele momento sua família parecia plenamente satisfeita com seu casamento
iminente.
Rosalie e Alice não faziam outra coisa a não ser falar do casamento.
Até seus pais pareciam aliviados.
E Edward achara realmente que estava fazendo a coisa certa.
Porque quando fizera a proposta a Bella, fora seguindo um impulso.
Ele simplesmente não podia agüentar ter Mike Newton a rodeando e depois
vê-los se casando.
E ela viera para Forks para se casar com ele. Edward.
Por que não podiam se casar?
Edward podia ter uma lista sem fim de porquês.
Primeiro que não queria se casar com alguém que Emmett mandara vir de uma
agência. Desde o começo achara aquela história absurda e sem sentido. Não ia se
casar por imposição. E depois Bella aparecera e ele não podia mandá-la embora,
estando sem memória. E ele também não podia se casar com ela.
Mas de alguma maneira, vê-la sendo cortejada, desejada, o enchera de ciúmes.
Porque ele mesmo a desejava. Muito. E não podia ter.
E naquela manhã, ele estava ali sozinho, caçando, enquanto remoia o ódio de Mike
Newton e de qualquer homem que ousasse chegar perto dela quando ela aparecera.
E a única coisa que ele queria era escondê-la do mundo.
Não a queria com Mike Newton.
E a ideia lhe ocorrera na hora. Podiam se casar. Ele não precisaria mais se sentir
culpado por mandá-la embora.
E de quebra sua família ficaria satisfeita.
Mas ele ainda achava injusto impor uma coisa tão importante a Bella em seu estado.
Bella estava desmemoriada, não fazia ideia de quem era, como ele podia se
aproveitar disto? Por isto eles não iam consumar o casamento.
Não enquanto Bella estivesse sem memória.
Porque ela podia um dia se lembrar, e achar que era um grande erro estar ali e
querer partir.
Na hora lhe parecera um bom plano. Nada mais de homens a sua volta. Nada mais de
Mike Newton a levando embora.
Mas os dias foram passando e ele se perguntava se realmente ia dar certo.
Até aquela noite em que a beijara. E agora ele só se perguntava se teria forças
para fazer a coisa certa e não forçá-la a nada.
Porque ele não pensava em outra coisa a não ser em como suas bocas pareciam se
encaixar com perfeição, e que provavelmente outras partes de seus corpos também
se encaixariam.
E hoje à noite ele poderia saber. Mas não deveria.
–Então, Edward, quer mesmo se casar com Isabella Swan?
–Sim, eu quero. Muito. – respondeu.
–E não a trocaria por outra?
Edward riu.
–Por que trocaria? Ela é perfeita.
Emmett sacudiu a cabeça afirmativamente, parecendo mais tranqüilo.
–Tudo bem, acho que deve se casar com ela mesmo.
Edward riu, se levantando.
–Acho melhor ir se arrumar, antes que Rose venha te buscar.
–Sim, farei isto e acho que deve fazer o mesmo. Se algo sair errado, Alice me
mataria.
E mais algumas horas se passaram de festa e solicitações até que Alice e Rosalie a
cercaram e a levaram para o quarto.
O quarto de Edward.
–Ah, o casamento foi lindo! – Alice dizia, enquanto a ajudava a tirar o vestido.
–Sim, toda a cidade não vai falar de outra coisa por meses! Foi fabuloso! – Rose
disse se aproximando com uma camisola nas mãos, que ajudou Bella a vestir.
Bella encarou sua imagem no espelho.
Usando aquela longa camisa branca e começou a suar frio.
–Ei, o que foi, está branca feito papel. – Alice comentou preocupada.
–Ah, deve estar preocupada com a noite de núpcias. – Rosalie riu. – Mas não se
preocupe querida, tudo vai ser perfeito. Aposto que Edward sabe o que fazer!
As duas riram e Bella se sentiu mais mal ainda.
–Sim, Bella, não há motivo pra pânico, eu também me senti assim, mas depois me
senti uma idiota por ficar preocupada.
–Bom, eu já sabia o que esperar. – Rosalie riu. – Eu e Emmett não conseguimos
esperar, então foi só uma questão de aproveitar a noite.
Alice a encarou com reprovação.
–Você é uma perdida, Rosalie!
–Não exagera! Eu recusei muitos homens! Mas Emmett era meu noivo e íamos nos
casar, enfim, não te devo satisfação e hoje a noite é da Bella. Vamos sair, o Edward
já deve aparecer daqui a pouco.
–Sim, tenha uma boa noite, Bella. – Alice piscou.
–E vamos querer saber todos os detalhes amanhã. – Rosalie disse antes de fechar a
porta atrás de si.
E Bella ficou sozinha.
À espera de Edward.
A vontade que tinha era de se vestir de novo, mas nem fazia ideia onde estariam
suas coisas.
E olha que ela tinha muitas coisas agora. Alice e Rosalie tinham insistido em
comprarem uma infinidade de vestidos. Eram tantos que provavelmente ela não
conseguiria usar todos nesta vida.
Bella olhou a noite escura de Forks pela janela.
Ela tinha se casado. Mas não havia ninguém da sua família ali.
Será que ela tinha família? Será que estariam preocupados com ela?
Por que ela aceitara viajar para aquela cidade e se casar com um desconhecido?
Talvez fosse uma órfã. Era o mais provável.
E agora era uma Cullen.
De repente ela ouviu a porta se abrir e se virou.
Edward entrou, fechando a porta atrás de si.
continua
(Cap. 7) Capítulo 7
Bella sentiu o coração bater acelerado no peito ao vê-lo.
Um misto de medo e ansiedade.
Ele a mediu através da luz fraca do quarto e ela se sentiu nua, embora estivesse
usando uma camisola longa.
Mordeu os lábios com força.
–Acho que não deveria estar usando isto, não é? Rosalie e Alice insistiram... me
desculpe. – balbuciou.
Edward não falou nada por um momento e Bella se sentiu pior ainda.
–Eu... não faço ideia de onde estão minhas roupas... Talvez deva me vestir...
–Não, tudo bem. Tem que dormir com algo, não é?
–Sim... dormir.- murmurou, e seus olhos foram para a cama automaticamente.
E Edward seguiu seu olhar.
Bella corou.
Ainda bem que o quarto estava a meia luz, assim ele não veria o quanto ela estava
vermelha.
–Você pode ficar com a cama, claro. Eu posso dormir no chão.
–Isto não me parece justo. – murmurou.
Mas o que seria justo, perguntou-se.
Ele dormir na cama com ela?
Só de pensar nisto sentia seu rosto corar ainda mais. Se é que era possível.
–Isto não está em discussão, Bella. – Edward dizia enquanto se aproximava da cama
e tirava alguns cobertores e travesseiro.
Bella mordeu os lábios, ainda incerta de como proceder.
Será que se fosse uma lua-de-mel de verdade ela se sentiria mais à vontade?
Provavelmente estaria nervosa do mesmo jeito.
Ou pior. Mas por motivos bem diferentes...
–Vá dormir, Bella. – Edward disse, agora com um certo tom impaciente na voz.
E Bella foi para a cama.
Sozinha.
Puxando as cobertas firmemente em volta do corpo.
Virou-se de costas, ainda ouvindo os movimentos de Edward pelo quarto.
Será que ele estaria se despindo?
Fechou os olhos com força, crispando os dedos no lençol.
Era melhor não pensar. Não imaginar.
Edward se perguntou pela enésima vez que diabos estava fazendo dormindo no chão
quando o que mais almejava era estar na cama.
Mas não dormindo, definitivamente.
Ele gostaria de estar com Bella.
Se fechasse os olhos ainda a via sob a janela, sua camisola diáfana deixando pouco à
imaginação.
E naquele momento ele se perguntou se teria forças de honrar o que tinha
prometido a ela.
O que era certo.
Não consumar o casamento.
E foi, com muito sacrifício, que desviara o olhar e a mandara ir dormir.
Sozinha.
E agora lá estava ele, ouvindo sua respiração ritmada.
E às vezes ela se mexia e murmurava algo desconexo num sono agitado.
E tudo o que ele quis de repente foi deitar ao lado e protegê-la.
Se xingou mentalmente.
Sim, ele podia deitar ao lado dela, mas tinha medo de não conseguir se conter.
Bella era perigosa para seus instintos.
Seria uma noite longa.
–Ah meu deus, por que não seria? Tenho certeza que o Edward sabe o que
está fazendo...
–Pois eu não teria tanta certeza se ela está aqui sem uma olheira...
E elas continuaram a discussão sobre suas suposições até que Esme entrou na sala e
elas pararam com o assunto, para alívio de Bella.
Depois Bella alegou um cansaço súbito apenas para se livrar de Rosalie e Alice e
suas perguntas indiscretas para ficar sozinha.
Claro que as duas ficaram soltando risadinhas enquanto Bella se afastava, e ela se
perguntava até quando teria que agüentar aquilo.
Mas de quem era a culpa a não ser sua?
Tinha se enfiado naquele casamento de fachada e agora teria que agüentar.
Se ao menos se lembrasse... Se soubesse quem realmente era.
O que aconteceria? Será que ela e Edward poderiam ter um casamento de verdade?
Ou será que ela finalmente poderia ir embora daquela cidade?
Eram perguntas demais para sua cabeça.
Então se refugiou no quarto vazio o restante do dia com um livro de Jane Austen
até que uma batida na porta a sobressaltou e Edward entrou.
Sentiu seu coração disparando no peito ridiculamente enquanto levantava o olhar do
livro.
Ele parecia cansado e um pouco constrangido.
–Olá, Bella.
–Olá.
–Me desculpe por... ter saído sem falar com você hoje, apenas precisei ajudar meu
pai, há um mal súbito de gripe na cidade...
–Tudo bem. – respondeu rápido. – Não precisa... ficar me dando satisfação,
Edward.
–Mas eu quero dar. – ele disse naturalmente, enquanto começava a tirar a camisa,
como se Bella não estivesse ali.
Ela se levantou quase de um pulo e então, Edward pareceu se lembrar do que estava
fazendo.
–Ah, acho que já estou me acostumando com o jeito delas. – Bella tentou
sorrir.
–Sei como podem ser irritantes às vezes, mas você parece... diferente. – ele a fitou,
passando a mão pelos cabelos. Bella teve vontade de fazer o mesmo. Passar suas
mãos pelos cabelos dele.
–Como assim diferente? – indagou.
Ele deu de ombros.
–Elas ficam animadas com a possibilidade de fazer compras e você parece nem se
importar.
Bella riu.
–Eu não me importo mesmo, mas... de repente eu sou assim e não sei. Ainda não sei
quem eu sou.
–Duvido que seja diferente. Gosto de você assim.
Ali estava. De novo aquele sorriso de lado, aquele olhar que a aquecia acompanhado
das palavras desconcertantes. Ele tinha dito que gostava dela?
Claro que não deveria significar nada. Era apenas um modo de falar.
Afinal, era bem fácil ele dizer que preferia o seu jeito ao de Rose e Alice que eram
mesmo muito irritantes às vezes.
Era melhor ela não pensar naquelas palavras de maneira diferente.
–Bom, eu preciso...
Bella suspirou pesadamente e tirou o vestido, colocando uma camisola. Desta vez
bem mais discreta e se enfiou embaixo das cobertas.
Mas Edward não voltou, até que vencida pelo sono, adormeceu.
Edward saiu do quarto e foi para a varanda. Ar frio ia lhe fazer bem.
Porque dormir com Bella no mesmo quarto estava lhe custando muito controle.
E de repente ele desejou que ela recobrasse a memória. Que se lembrasse porque
estava ali. E que queria mesmo se casar com ele.
E então... Bom, talvez ele pudesse finalmente dormir com ela. De verdade.
Ou talvez dormir não fosse a palavra certa... Sua imaginação começou a voar solta...
Edward riu.
–Ei, calma, o que deu em você? Não estou te acusando de mentir pra mim, do que
está falando?
–Na verdade... Você podia dizer o que está fazendo aqui... não está em lua de mel?–
ele riu dando socos no braço de Edward.
Menos mal.
**
**continua**
(Cap. 8) Capítulo 8
Bella empalideceu, mais horrorizada do que Alice e Rosalie e fitou Edward
em busca de ajuda.
Ele parecia aturdido e irritado. Mas não pego num flagrante de mentira.
–Que diabos as duas estão fazendo aqui? - ele se levantou, falando com censura.
–A gente achou que você já tinha saído... - Rose balbuciou.
–Viemos acordar a Bella e... – Alice continuou.
–Fora daqui. – ele segurou a porta.
–Mas... Por que está dormindo no chão? - Rose ainda tentou perguntar, mas Edward
foi irredutível.
–Agora!
As duas saíram trocando olhares consternados e Bella se permitiu respirar assim
que Edward fechou a porta atrás de si.
–Me desculpe por isto...
–Elas nos descobriram... - Bella murmurou.
Edward passou a mão pelos cabelos, soltando uma imprecação baixa.
–Elas não têm nada a ver com isto.
–Mas... Elas vão fazer perguntas...
–Não precisa explicar nada a elas, Bella.
–Mas você as conhece, elas vão insistir...
–Apenas diga que elas não têm nada a ver com o nosso casamento. Já está na hora
delas pararem de se intrometer mesmo. – Edward dizia enquanto vestia uma camisa
e só então Bella se deu conta de sua seminudez.
–Elas vão desconfiar... - murmurou abaixando o olhar numa onda de embaraço,
sentindo o rosto esquentar.
–Eu darei um jeito nisto, não se preocupe.
Bella tentou acreditar nele.
–Eu não sei... toda esta situação...
Ele se aproximou de repente e ela se surpreendeu quando sentiu os dedos
levantando seu queixo.
–Eu sei que é difícil, Bella. E não quero que minha família a torne pior. Mas tudo
ficará bem, eu prometo.
Bella sentiu dificuldade de respirar. Ele estava tão próximo...
E ela baixou o olhar para sua boca...muito perto... Se apenas se movesse um
pouquinho...
“Beije-me, Edward” era o que tinha vontade de dizer, mas em vez disso
apenas balbuciou.
–Como? Eu não consigo me lembrar de nada ainda...
Os dedos mornos de repente pareciam queimar, enquanto faziam uma leve carícia
em sua pele.
E por um momento achou que Edward estava pensando o mesmo que ela...
Mas no minuto seguinte ele se afastara.
–Vamos esperar. Eu vou descer e conversar com as minhas irmãs.
–Tudo bem.
Ele saiu fechando a porta atrás de si e Bella se perguntou se tinha imaginado aquele
momento.
–Ai, Alice tudo pra você é pervertido! - Rose rolou os olhos e então fitou
Bella. - Olha Bella, algumas coisas... pode parecer estranho em se pensar em fazer,
mas quando fazemos... podemos gostar... muito...
–Não, não tem nada a ver com.. isto... - Bella podia sentir o rosto queimando.
–Oh...
–E o que seria? - Alice insistiu.
–Nós simplesmente não concordamos em algo e ...
–Meu deus você é uma megera. – Rose riu.
–Não sou uma megera!
–Colocou ele pra dormir no chão no segundo dia de casada!
–Ah Rose, você coloca o Emmett toda semana pra dormir no celeiro! – Alice disse
para Rosalie e encarou Bella. - Sorte do Edward. Rosalie coloca Emmett para
dormir no celeiro quando eles brigam!
–Tenho certeza que isto não será necessário... – Bella murmurou.
–Bom, então se foi só isto, acho que podemos ficar despreocupadas. – Alice sorriu.
Mas Rosalie ainda parecia não muito convencida.
–E já fizeram as pazes?
–Acho que sim. – Bella murmurou.
Rosalie a encarava com o cenho franzido.
–Não me parece muito certa disto...
–Ah, Rosalie, deixe a Bella em paz. – Alice voltou ao seu bordado e Rosalie a
encarou.
–E sua memória, alguma coisa?
Alice parece interessada na conversa de novo.
–Sim, sua memória está voltando?
–Não, ainda nada.
–Ah, que bom. – Alice sorriu e Bella e Rosalie a fitaram sem entender.
–Oh, quer dizer... que horrível!
E ela voltou ao seu bordado.
Rosalie voltou ao piano e pareciam satisfeitas por enquanto.
–Então temos que convencê-los. – ela disse e então baixou o olhar, torcendo
as mãos. - E se... bem... você dormisse na cama?
Ela disse isto em voz baixa e Edward podia jurar que seu rosto estava vermelho.
Dormir na cama? Com Bella.
Edward podia pensar em muitas objeções. E a principal dela era que não confiava
em seu controle. Absolutamente.
Ele passara boa parte da noite passada escutando sua respiração, antecipando seus
movimentos, tentando conter sua imaginação traiçoeira, de como seria se tudo fosse
diferente...
E hoje de manhã quando tentara tranqüilizá-la e segurara seu rosto, o simples fato
de tê-la tão perto, sentir seu hálito doce, único, fora o suficiente para deixá-la com
uma imensa vontade de beijá-la, de sentir de novo o gosto de sua boca.
E lá estavam eles novamente. Os pensamentos proibidos.
–Não seria certo, Bella. – respondeu.
–Sim, acho que tem razão. – ela concordou.
Mas antes que continuassem a conversa, alguém bateu na porta.
E quando Edward abriu, Rosalie estava ali, com um sorriso no rosto e uma xícara
nas mãos.
–Olá Edward, posso entrar?
–Não. – respondeu secamente e o sorriso sumiu de seu rosto.
–Por que não? Quero apenas dar este chá a Bella. Foi o Carlisle quem receitou, para
a dor de cabeça dela...
Edward pensou em mandar Rose e seu chá para o inferno, mas sabia que seria pior.
Bella tinha razão, Rosalie estava desconfiada de algo e estava ali para tentar
descobrir o que havia de errado.
–Tudo bem, entra.
Rose passou por ele e entrou no quarto.
–Mas estamos com sono Rosalie, então é melhor não se demorar.
–Claro! São recém-casados, não quero ficar atrapalhando! Oi Bella, como está se
sentindo?
continua
(Cap. 9) Capítulo 9
Não havia motivos para ficar nervosa.
Talvez se repetisse a si mesma muitas vezes, Bella se convenceria de que era
verdade.
Infelizmente seu coração parecia pensar diferente e batia num ritmo
descompassado desde que Edward dissera as fatídicas palavras: “dormir juntos”.
Claro que podia dizer “não, obrigada”. Mas sabia que seria insensato de sua parte,
ainda mais que fora ela mesma quem começara com aquela ideia.
Mas de alguma maneira, conhecendo Edward, mesmo o pouco que conhecia dele,
sabia que ele ia dizer não.
E Bella podia concordar com ele, afinal, apenas a ideia de deitar na mesma cama que
ele, e para dormir, já a deixava em tal estado de nervoso.
E o pior era que bem lá no fundo de sua mente, havia uma vozinha que dizia que era
justamente ali que residia o problema.
Edward perto demais era perturbador demais. E agora ele a encarava à espera de
uma resposta e a Bella não restou nada a não ser aquiescer, concordando.
–Sim, tem razão... – murmurou.
–Bom, eu vou sair para que se troque...
–Não pode... A Rosalie deve estar ai no corredor.
Ele passou a mão pelos cabelos, irritado.
–Sim, tem razão. Eu irei me virar então...
–Tudo bem.
Ele ficou de costas e Bella se obrigou a tirar o vestido. Seus dedos tremiam
enquanto se livrava da roupa, insuportavelmente consciente de que estava se
despindo na presença de Edward Cullen.
E o fato de saber que ele não podia vê-la não ajudava muito.
Então tratou logo de vestir a camisola e se enfiar debaixo das cobertas e soprar a
vela ao lado da cama.
–Pronto. – murmurou fechando os olhos.
Podia ouvir os movimentos de Edward no quarto, as roupas sendo tiradas e uma
ansiedade estranha ia tomando conta dela.
E quando ele deitou ao seu lado, Bella apertou os dedos fortemente contra o lençol,
num misto de nervosismo e curiosidade.
A vontade que tinha de abrir os olhos era imensa. Mas não ousava.
Já o vira sem camisa, mas nunca tão perto, tão ao seu alcance.
–Bella?
Sua voz a chamou na escuridão e ela se sobressaltou.
–Sim?
–Você pode respirar.
Ela riu, se achando um idiota.
O que achava? Que Edward iria atacá-la?
Estava sendo ridícula e exagerada. Não havia nada demais.
Apenas iriam dormir na mesma cama.
Apenas dormir.
E então ela ousou abrir os olhos, respirando uma longa golfada de ar.
O que foi um erro duplo.
Primeiro que ele estava mais próximo do que imaginara.
E seu cheiro delicioso invadiu suas narinas, arrepiando sua pele.
E ela prendeu o ar de novo.
Mas Edward parecia preocupado. Ou seria irritado?
Ela não saberia definir.
–Parece com medo. Nada vai acontecer. Eu prometi a você.
–Eu sei.
Sim, ela confiava nele. O que ela não confiava era nela mesma.
Porque definitivamente não entendia aquela vontade que tinha de chegar mais perto
dele, de estender a mão e infiltrar os dedos nos cabelos cor de areia, de sentir seu
hálito quente, de respirar ele todo.
Fechou os olhos novamente, amedrontada com o ritmo de seus pensamentos e se
virou de costas.
–Eu sei. – murmurou. – Boa noite, Edward.
–Boa noite, Bella.
E como é que ela ia fazer para dormir agora?
Bella não conseguia se mexer. Na verdade ela não conseguia nem raciocinar
direito.
A única coisa que entendia era que estava firmemente agarrada a Edward.
E que não estava assim ontem à noite!
E a mente dela de repente começou a entender o que se passava.
Durante algum momento naquela noite, de alguma maneira, ela tinha se aproximado
dele.
E agora a luz do dia invadia o quarto, e ele a fitava também sem mover
e ela se deu conta de que cada pedaço do seu corpo estava firmemente grudado ao
corpo de Edward.
E... Oh Deus! Ele estava, estava...
Seu rosto se tingiu de um vermelho intenso.
Ela não era tão inocente que não soubesse o que aquilo significava.
Provavelmente alguém devia tê-la instruído sobre isto um dia, porque não se sentia
nada inocente naquele momento, sentindo a reação do corpo de Edward contra o
ventre.
Ela devia se afastar, ou devia pedir que ele se afastasse.
Mas não conseguia se mover. Era como se o tempo estivesse parado.
E só houvesse os dois no mundo.
E aquelas sensações deliciosas que começavam a percorrer sua pele, esquentando
por onde passavam, causando arrepios que ouriçavam seus pelos e fazia seu coração
disparar contra as costelas.
E lá estava aquela ansiedade, aquela vontade irresistível de se encostar ainda mais
nele, de roçar aquelas partes do seu próprio corpo que se tornavam
surpreendentemente quentes e despertas em contato com o corpo dele.
E talvez ela tivesse feito exatamente isto se de repente não batessem à porta, os
assustando.
E eles se afastaram de um pulo, a tempo da porta abrir sem aviso e a presença
loura de Rosalie se fazer notar.
–Oh, desculpa interromper, bom dia!
–E ai, vai dizer o que está acontecendo ou teremos que contar com a xeretice da
mulher do Emmett para descobrir? - Edward ouviu Jasper dizer ao seu lado e
passou os dedos pelos cabelos, exasperado.
Por que diabos sua família era tão intrometida?
Emmett atirou, errando o alvo e os encarou.
–Rose acha que tem alguma coisa errada.
–Por que teria algo errado? – desconversou, mexendo na espingarda.
–Nós conhecemos você. – Jasper disse. – E também confiamos no instinto de Rose e
Alice. E elas acham que há alguma coisa esquisita acontecendo neste seu casamento.
-Bella lembrou de alguma coisa? - Emmett indagou.
–Não, ela não lembra de nada ainda.
Emmett deu de ombros.
–Então acho que está tudo bem, não é?
–Edward, se tem alguma coisa te perturbando você pode nos contar, somos seus
irmãos. – Jasper insistiu.
–Claro, para vocês irem correndo contar para Rose e Alice.
–Nós prometemos não contar. – Jasper garantiu e encarou Emmett.
–Eu não conto nada também. – Emmett concordou.
E embora Edward duvidasse que eles conseguissem mesmo esconder alguma coisa das
respectivas esposas, ele já estava se sentindo sufocado com aquela situação.
–Quando eu pedi Bella em casamento, eu prometi a ela que não iríamos consumá-lo. –
contou.
Emmett e Jasper o encararam.
–Como é? Não consumar o casamento por quê? - Jasper indagou confuso.
–Espera ai. – Emmett baixou a espingarda. – Quer dizer que você não dorme com a
Bella?
Edward sacudiu a cabeça afirmativamente.
–Não, não durmo.
–Meu Deus, mas por que casou então?
–Porque era o certo a fazer. Aparentemente ela veio para a cidade para casar
comigo, e não tinha ideia de que eu não queria me casar.
–Mas você mudou de ideia e quis casar com ela. – Jasper comentou.
–Sim, porque eu me senti culpado.
–E eu ainda não entendi por que não dorme com ela. – Emmett indagou.
–Ela não tem memória, não sabe nem quem é. Pode muito bem se lembrar de tudo e
querer ir embora, e se isto acontecer, será muito mais fácil se nada tiver
acontecido.
Emmett e Jasper se encararam, com certeza achando absurda as considerações de
Edward.
–Rose tinha razão afinal. – Jasper concluiu. – Está tudo errado mesmo.
–Não está nada errado. Eu e Bella temos um acordo, apenas isto.
–Mas o que impede que fiquem juntos de verdade? Por que ela está com amnésia?
Mas como você mesmo disse, ela veio para a cidade para se casar.
–Não, talvez Edward tenha razão. – Emmett falou para surpresa dos irmãos. – É
melhor agir com cuidado, nunca sabemos o que pode ser a verdade... -Do que está
falando Emmett? - Jasper encarou o irmão sem entender e Emmett desviou o olhar.
–Apenas que talvez Edward tenha razão em não consumar este casamento. Bella
pode não ser quem pensamos.
–O que quer dizer com isto? - Edward indagou sem entender aquela conversa
estranha de Emmett.
–Quero dizer nada. Apenas o que você já concluiu. A moça está desmemoriada e é
melhor ter cuidado mesmo...
–Então você acha certo Edward continuar com esta história absurda? - Jasper
perguntou. – Porque não me venha falar que está satisfeito com isto Edward, porque
não está.
Edward soltou uma imprecação.
–É este o problema. É difícil ficar no mesmo quarto que ela e, bem, vocês sabem,
resistir...
–Eu sei o que você precisa. – Emmett disse com um sorriso. – Vamos sair hoje à
noite.
Edward entendeu onde Emmett queria chegar.
–Não, nem pense nisto, Emmett.
–Deixe de ser idiota, Edward. Você precisa se divertir e já que não quer se divertir
em casa, vamos caçar uma boa moça...
–Quer que eu pague uma prostituta, Emmett? Não começa.
–Qual o problema? Elas existem pra isto. Nós vamos lá hoje à noite e...
Edward se levantou.
–Nem pensar. Esquece esta história.
–Mas Edward...
–E espero que cumpram o prometido e não contem a Alice e Rose. Pra mim chega de
caçar por hoje.
E ele se afastou em direção a casa, irritado consigo mesmo por ter confiado o
segredo do seu casamento aos irmãos.
E estava entrando no celeiro para deixar a arma quando se surpreendeu ao ver
Bella lá dentro.
Ela estava com a cabeça baixa, sentada sobre um monte de feno e lia um livro.
–Bella?
Ela levantou o olhar o fitando.
–O que faz aqui?
Ela deu um meio sorriso sem graça, mas bastou para acender um milhão de fagulhas
em seu peito.
–Eu queria ler... em paz.
–Já entendi. – ele sorriu, entrando para guardar a arma. – Está fugindo de Alice e
Rosalie.
–Elas não falam nada, mas ficam me encarando, como se esperando que eu fosse
dizer algo.
–Sei como se sente. Meus irmãos fazem a mesma coisa. – ele se sentou ao seu lado.
Não parou para pensar porque estava fazendo aquilo, ela dissera que queria ficar
sozinha.
Mas de repente ele sentia uma necessidade de ficar perto dela.
–O que está lendo?
–Jane Austen. - ela sorriu, fechando o livro.
–Acho que estou te atrapalhando então... - ele fez um movimento para se levantar,
mas Bella segurou seu braço.
–Não, não precisa.
E algo aconteceu.
Edward olhou para a pequena mão em seu braço. Um toque inocente, mas que bastou
para deixá-lo com o pulso acelerado. Encarou Bella, seus olhos cor de chocolate o
fitando enquanto ela retirava a mão, como se apenas agora se desse conta de seu
gesto.
Mas era tarde, Edward já sentia aquele desejo insidioso e proibido se apossando
dele, o levando em direção a ela, como se um imã o puxasse. E no minuto seguinte,
seus lábios se grudavam num beijo.
Bella soltou um suspiro trêmulo, os lábios se abrindo para ele e Edward se perdeu
em seu gosto, infiltrando a mão nos cabelos castanhos a trazendo para mais perto,
adorando sentir suas formas enquanto ela se colava mais a ele, passando os braços
em volta do seu pescoço e o beijando com igual vontade.
Até que o barulho de algo caindo no chão seguido de um palavrão o fez voltar à
realidade e eles se soltaram, olhando em direção ao barulho, e Emmett e Jasper
estavam na porta do celeiro.
–Ei, desculpa a intromissão. – Jasper dizia divertido. – O Emmett é muito
desastrado.
Bella e Edward se colocaram de pé sem se encararem, enquanto Emmett e Jasper se
esforçavam para conter o riso.
–Com licença... - ela murmurou muito vermelha, se afastando quase correndo.
Edward a viu se afastar e teve vontade de ir atrás dela.
Podia segurar seu braço e arrastá-la para o quarto. Podiam continuar o que tinham
começado...
Mas que diabos estava pensando? Ele não podia agir assim.
Encarou os irmãos.
–Mudou de idéia é? - Jasper indagou.
–Não, foi apenas... - ele suspirou pesadamente. – Acho que tem razão, Emmett. Acho
que podemos sair hoje à noite.
Sim, ele precisava se livrar daquela obsessão por Bella. E talvez só outra mulher
resolvesse isto.
À noite todos se reuniram para jantar e Carlisle comentou sobre a moça no hospital.
Bella às vezes se pegava pensando nela e em como ela mesma tinha sorte por estar
ilesa e não em coma numa cama de hospital.
Mesmo estando desmemoriada, pelo menos estava bem fisicamente. Mas era
perturbador pensar que podia ser ela ali.
–Ela continua na mesma, nenhuma reação. – Carlisle comentou.
–Coitadinha. – Alice suspirou. – Agora vamos mudar de assunto. – Que horas vão
sair para caçar este tal alce?
–Caçar alce? – Esme indagou curiosa.
–Sim, seus filhos vão sair para caça hoje à noite. – Rose comentou.
–Caçar alce à noite. – Carlisle os encarou. – Que história é esta?
Os três se entreolharam e Bella podia jurar que estava corando.
Será que Rose tinha razão e havia algo esquisito ali?
–Sim, pai. Um tipo de alce que só aparece à noite. – Emmett disse.
–Nunca ouvi falar disto.
–Aparece agora na floresta daqui. Queremos ver como é. – Jasper explicou.
–Isto não é perigoso? - Esme perguntou preocupada.
–Não, mãe. Nós temos experiência com este tipo de alce... – Jasper falou e Emmett
riu.
Todo mundo o encarou sem entender, e Edward lhe deu um chute por baixo da mesa
e ele parou.
–Desculpe...
Assim que terminou o jantar os três saíram.
Rose ficou ao piano, tocando pensativa, enquanto Alice tentava ensinar Bella a
bordar.
Mas ela não tinha o menor talento artístico.
Não havia passado muito tempo, quando Jéssica Stanley apareceu.
Esme e Carlisle haviam se recolhido cedo e Alice abriu a porta, espantada por
aquela visita àquela hora.
–Olá, Jéssica, o que a trás aqui há esta hora? – Rose indagou contrariada.
Mas Jéssica parecia bem animada ao entrar.
–Oh, desculpe aparecer assim sem avisar. Embora já há alguns dias eu penso em
visitá-las para conhecer a mais nova Cullen e..
–Jéssica, fala logo o que veio fazer aqui. – Rose a cortou.
–Bem... temo não ter boas notícias.
–O que quer dizer? – Alice a encarou.
–Por acaso vocês sabem onde estão os maridos de vocês?
–Caçando. – Alice respondeu. Jéssica riu, cobrindo a boca com a mão enluvada.
–O que é tão engraçado? – Alice perguntou.
–Olha, não queria fazer fofoca, mas eu estava passeando com Mike Newton hoje à
noite... Bem, não sei se sabem, mas Mike está me cortejando. E acho que em breve
esta cidade verá mais um casamento e...
–Desembucha, Jéssica! – Rose pediu irritada.
–Enfim, nós estávamos passando em frente àquela casa, sabe? Àquela daquelas
moças... Claro que passamos do outro lado da rua, mas...
–Casa?
Jéssica corou.
–Aquela casa onde os homens vão para encontrar aquelas moças perdidas...
–Ah. – Alice entendeu.
–O que está insinuando? – Rose se levantou cercando Jéssica. – Fala logo de uma
vez.
–Eu não estou insinuando. Estou afirmando que eu vi Jasper, Emmett e Edward
entrando lá agorinha há pouco.
Jéssica parecia bem animada em contar esta novidade as três e mais animada ainda
ao ver o rosto indignado delas.
Bella nem sabia o que pensar a princípio.
Claro que sabia que tipo de casa Jéssica estava falando.
E sabia que muitos homens a freqüentavam. E sabia para que.
Mas era difícil imaginar Emmett e Jasper e Edward num lugar daquele.
Afinal, eles eram casados.
De repente ela entendeu.
Sim, Emmett e Jasper eram verdadeiramente casados.
Mas não Edward.
Ela sentiu um frio no estômago e várias emoções a transpassando.
Imaginar Edward naquele lugar. Com aquele tipo de moça.
Ele as beijando... E fazendo sabe deus mais o que.
Era nojento. Era ultrajante.
Ela sentiu uma onda do mais puro ciúme a corroendo.
–Eu vou matar o Emmett. – Rose gritou.
–Ela está mentindo. – Alice murmurou mais comedida.
–Não estou, não. – Jéssica riu. – Eles estavam mesmo entrando lá!
–Já chega! - Rose explodiu. – Já pode ir embora, Jéssica.
–Mas eu... -Já se divertiu o bastante fazendo futrico, agora desaparece.
–Nossa, eu só quis ajudar e...
Mas ela não conseguiu terminar, pois Rosalie fechava a porta na sua cara.
–Acha que ela está dizendo a verdade? – Alice indagou, chorosa.
–Ela não viria aqui se não fosse! Ah, eu vou matar o Emmett com minhas próprias
mãos se tiver me traindo!
–Eu não posso acreditar... – Alice murmurou fungando. – Jasper naquele lugar...
–Pois é, os três sem vergonhas! Safados! – Rose gritava. – Caçar alce! Sei muito bem
o tipo de caça que estão fazendo!
–Rosalie, talvez Emmett e Jasper não estejam fazendo nada. – Bella tentou falar.
Porque ela estava imaginando mesmo que a culpa devia ser de Edward.
–Você acredita mesmo nisto? Mas não vai ficar assim! Nós vamos lá agora!
–Nós? – Alice e Bella a encararam.
–Sim, quero pegá-los no flagrante!
–O chefe Swan disse que ela estava junto com Rose e Alice.
Edward passou a mão pelos cabelos, irritado consigo mesmo.
Não deveria nunca ter concordado com aquela ideia de Emmett.
Agora o que será que Bella estaria pensando?
Mas a resposta veio rápida. Assim que chegaram, Rose, Alice e Bella estavam
paradas em frente ao celeiro, muito sérias.
–Amor, eu posso explicar. – Emmett se aproximou e levou uma bofetada de Rosalie.
–Seu cretino! Vai dormir no celeiro pelo resto da sua vida agora!
Alice fungou, o rosto vermelho de chorar.
–Nunca pensei que ia fazer uma coisa desta, Jasper. – murmurou e Rose a puxou.
–Não fale com ele, Alice, eles não merecem, depois de sair daquele... antro!
Edward encarou Bella que estava quieta e pálida.
Parecia... resignada.
Talvez Emmett tivesse razão. Ela nem se importava.
–Bella, podemos conversar? – pediu.
Mas para surpresa dele, ela levantou o queixo e deu um passo em direção a Rosalie.
–Espero que goste de dormir no celeiro. - falou friamente.
E as três se afastaram, batendo a porta da casa.
–Sim eu fui. Sim, era esta a intenção. – Edward admitiu por fim e Bella
sentiu uma dor gelada no peito. Um misto de dor e raiva fervilhando por dentro. –
Estou tentando manter a promessa que eu fiz pra você! Acha que é fácil para mim?
Eu te beijei no celeiro à tarde, você se lembra?
–Sim....
–Não era para ter acontecido, Bella. Sabe tão bem quanto eu! Eu nunca deveria ter
tocado em você.
–Está dizendo que a culpa é minha então? É isto? Que de alguma maneira eu.. eu...
tento você? Que eu te perturbo a tal ponto que...?
–Sim, é isto, quer dizer... Inferno Bella, eu estou tentando fazer o que é certo!
–Então por que me beijou? Até parece que eu te obriguei a alguma coisa!
–Você não entende, não é Bella? Eu tenho passado o diabo tentando resistir.
–Só pensa em você, não é? Acha que é fácil para mim? Acha que eu também não
tenho passado um inferno? Você parou para pensar no que eu sinto Edward? Quer
saber? Some daqui! Se eu sou uma tentação tão grande assim pra você, melhor ficar
bem longe, não é?
–Bella, eu... - mas ela não queria mais saber daquela discussão inútil.
–É sério, Edward, eu vou dormir! - e ela se enfiou embaixo das cobertas, fechando
os olhos com força, como se assim toda a irritação fosse desaparecer como num
passe de mágica e Edward também.
–Bella, me desculpe. A culpa é toda minha, nunca devíamos ter nos casado.
–Ótimo que pense assim. – resmungou e abriu os olhos. Ele ainda estava ali, parado
ao lado da cama. - Eu realmente não devia estar te culpando de nada. A culpa é toda
minha. Eu achei que casando com você tudo ficaria bem. Mas parece que só piorei.
Você não merecia isto.
Bella piscou para conter a vontade de chorar, sentando na cama.
–Eu sinto muito também, Edward. Na verdade você nunca me quis aqui. Você se
casou comigo porque sentiu que era sua obrigação. Podia ter me mandado embora e
mesmo assim ainda quis se casar. E temos um acordo e você está certo. Eu nem sei
quem eu sou... - então ela começou a chorar, sem conseguir se conter.
–Eu sou mesmo? - indagou num sussurro sentindo uma onda quente de prazer
a percorrendo.
Sim, ela entendia de tentação. Entendia mais do que gostaria.
E entendia de frustração também.
Os dedos dele acariciaram seu rosto.
–Bella, ainda acho que não podemos... Se recobrar a memória. Se quiser partir...
–Então acho que deve dormir em outro lugar...Por que não é só você que se sente
tentado, Edward...
Ele fechou os olhos, soltando uma imprecação e quando abriu, seu olhar dourado
parecia queimá-la.
–Não devia dizer estas coisas. - murmurou.
Ele parecia muito mais perto agora. Tão perto que ela poderia sentir o hálito
quente dentro da sua boca, enquanto os dedos migravam do rosto para seus lábios.
–Eu sei... Eu gosto quando me beija... - sussurrou, começando a respirar com
dificuldade.
–Eu também gosto de beijar você.
–Não há nenhum problema com isto, não é?
–Não, se for só isto. – e então ele a beijou.
–Bella, não poderei mais beijá-la se não parar com isto. – ele pediu, num tom
entre divertido e exasperado contra seu pescoço e ela soltou um riso nervoso.
–Não quero que pare... quero que me toque de novo. – pediu. – Por favor, Edward...
Sabia que devia ter vergonha do que estava fazendo, mas ela estava além de
qualquer pensamento coerente.
Ela apenas se importava com aquele calor quase insuportável que o toque dele
causava e que morreria se ele parasse.
–Tem ideia de como é difícil dizer não quando pede assim? - Edward disse, contra
seus lábios, a beijando devagar.
–Me desculpe. – ela murmurou entre seus beijos, mas sem a menor intenção de
concordar em parar. - Quanto mais você me beija, mas eu sinto uma vontade
estranha de ficar perto...é quase insuportável...
Ele riu, os dedos voltando a percorrer sua pele por cima da camisola, mas não a
tocou novamente nos seios, que doíam à espera do seu toque.
Em vez disto, uma mão se concentrou em segurá-la pela cintura a impedindo de se
mexer enquanto a outra percorreu sua barriga e mais para baixo e Bella sentiu seu
estômago sendo sugado enquanto ele descia até pousar os dedos no vértice entre
suas pernas.
Ela teve certeza que morreria ali mesmo, tamanho foi o prazer que sentiu.
Edward a beijou de leve, contendo qualquer receio que ela poderia ter, enquanto os
dedos a acariciavam gentilmente.
–Edward?
–Hum?
–O que está fazendo?
–Acariciando você.
–Achei que fôssemos no beijar.
–Eu estou beijando você.
–Mas... Oh Deus. – Agora a outra mão estava subindo sua camisola e os dedos a
tocavam por baixo do tecido. Era infinitamente delicioso.
–Está tudo bem, Bella. – ele disse em seu ouvido. – Eu quero apenas te mostrar...
E ele mostrou.
Ou melhor, seus dedos mostraram.
Bella fechou os olhos, sentindo todo o corpo ficar tenso e se concentrar naquela
pequena parte de sua anatomia que Edward acariciava. E algo quente foi se
enroscando dentro dela, aumentando de intensidade e se tornando mais insuportável
ainda. Mas de um jeito bom. Muito bom.
continua
Quando Alice chegou, as duas estavam de volta à sala e conversavam em voz baixa.
Alice olhou de uma para a outra.
–Nossa, estão se falando de novo?
Rosalie sorriu.
–Sim, estamos, foi uma tarde bastante instrutiva, não é?
–Sim, foi. – Bella respondeu, ainda meio chocada com os “ensinamentos” de Rosalie.
–Fico feliz! Estava cansada de tanto mau humor! E aproveitando que voltaram às
boas, acabei de encontrar Emmett e Jasper e eles nos convidaram para um
piquenique a beira do lago!
–Oh, magnífico! - Rosalie se animou.
Mas Bella nem tanto.
Porque Edward não estaria lá.
–Oh, Bella, sei que o Edward não estará lá, mas claro que você virá também. – Alice
sorriu. - Está uma tarde surpreendentemente quente para um fim de outono e isto é
muito raro em Forks.
–Com certeza. – Rosalie concordou e Bella não teve alternativa a não ser
seguir os dois casais.
Surpreendentemente, foi uma tarde agradável.
Realmente não estava frio e Bella até começou a gostar da companhia dos irmãos de
Edward.
Até mesmo Rosalie parecia mais simpática com ela agora que Bella tinha permitido
que compartilhassem aquela conversa íntima.
Só faltava algo para a tarde se tornar perfeita: Edward.
Mas ele sempre passava os dias com o pai na clínica da cidade, enquanto Emmett e
Jasper cuidavam das propriedades da família.
–É realmente uma pena que não possamos viajar agora. – Alice comentou jogando
gravetos no lago.
–Sim, Europa seria fabuloso. – Rosalie suspirou, encostada em Emmett.
–Querida, eu a levarei para a Europa no verão.
–Espero que cumpra com isto, senão dormirá no celeiro pela estação inteira!
–Qual das damas quer um passeio de barco? - Jasper indagou.
Havia um pequeno barco que só cabia duas pessoas ancorado perto do lago.
Alice fez uma careta.
–Tenho horror a este barquinho, Jasper, e você sabe muito bem. Da ultima vez nós
nos desequilibramos e caímos na água. Meu vestido ficou arruinado.
Rosalie e Emmett riram.
–Sim, pelo menos foi engraçado. – Emmett comentou para a consternação de Alice.
–Não foi engraçado!
–O que é tão engraçado?
Bella quase deu um pulo ao ouvir a voz conhecida e se virou para ver Edward se
aproximando.
Os cabelos cor de areia bagunçados pelo vento e um sorriso lindo no rosto.
Sentiu seu coração batendo forte no peito. Ele era tão perfeito, tão...
Oh deus, estava sendo exagerada e desviou o olhar quando ele sorriu diretamente
para ela.
Sua mente infestada por flashes da noite anterior, fazendo seu rosto corar.
–Quando Alice caiu na água. – Emmett explicou.
–Sim, desculpa, Alice, mas foi definitivamente engraçado. – Edward respondeu.
–Pois eu não acho engraçado estragar um vestido.
–Você ganhou três no lugar daquele, sua exagerada. – Rosalie respondeu.
–Certo, então por que não vai você passear de barco com o Emmett?
–Porque eu vou com a Bella. – Edward respondeu e Bella o encarou, surpresa. Ele
sorriu e lhe estendeu a mão. – Vamos?
Bella segurou sua mão, e ele a puxou em direção ao barco.
–Tem medo da água? – indagou, a fitando com um sorriso de lado.
–Não. – Bella murmurou.
–Então por que seu pulso está acelerado? – perguntou, seus dedos acariciando o
pulso da moça.
Bella mordeu os lábios, desviando o olhar
–Não esperava vê-lo aqui agora. Estou surpresa.
Edward a ajudou a subir no barco, sentando a sua frente e pegando os remos.
–Não havia muito a fazer hoje. Temos apenas uma paciente no hospital.
–A moça da diligência. – Bella completou, sentindo um arrepio estranho.
Toda vez que pensava naquela moça se sentia mal.
Talvez por estarem no mesmo acidente.
–Sim. Ela continua na mesma.
–Acha que ela irá acordar?
–Eu não sei. Só o tempo dirá.
Eles se afastaram lentamente das margens, lago adentro, e Bella olhou para onde
ficara os Cullens, cada vez mais longe.
–Não está com medo, está?- Edward insistiu divertido.
–Eu disse que não.
–Não tem medo de cair e estragar o vestido como Alice?
Bella riu.
–Não sou como sua irmã.
–Não... Você é única.
Bella sentiu falta de ar ao ouvi-lo falar daquele jeito.
Edward a fitava intensamente. E desta vez foi impossível desviar o olhar.
De repente ele ficou sério.
–Bella, sobre ontem à noite...
Mas antes que ele pudesse continuar, uma gaivota voou baixo no céu na direção
deles e Bella gritou, perdendo o equilíbrio.
E o barco virou jogando os dois na água.
Bella voltou à tona tossindo, enquanto mãos fortes a puxavam para cima.
–Bella, você está bem? - Edward indagou preocupado e Bella abriu os olhos,
retirando os cabelos do rosto.
–Sim, estou...
–Me desculpe... Não devia ter te trazido.
Bella o fitou e começou a rir.
Ele a fitou, confuso.
E ele nunca lhe pareceu tão adorável como agora, com os cabelos molhados sobre a
testa e aquele olhar culpado.
E sem pensar, ela se aproximou mais e o beijou.
Por um momento Edward não reagiu, surpreso, e Bella se afastou, também
surpreendida.
Mas no minuto seguinte, Edward a puxava de volta, a mão rodeando sua nuca e
colando suas bocas molhadas.
Bella suspirou, colando seus corpos, adorando sentir os braços dele a rodearem
forte. Crispou os dedos em sua camisa molhada e o beijou de volta. Várias vezes. De
mil maneiras, até que ambos estivessem trêmulos e ofegantes quando finalmente as
bocas se separaram para respirar.
Ela mordeu os lábios e Edward soltou um gemido, a apertando mais forte e foi a vez
dela gemer ao sentir a ereção contra seu corpo. E no minuto seguinte, Edward a
afastava um pouco, mas Bella não estava disposta a deixá-lo fugir desta vez.
–Não, espera. – pediu um fôlego. – Eu quero fazer uma coisa. – disse antes que
perdesse a coragem ou que Edward se afastasse de vez, e ela o beijou de novo,
devagar e persuasivamente, deixando a mão correr por seu peito até alcançar a
calça, tocando-o ali.
Edward gemeu contra seus lábios e Bella o mordeu.
–Bella, não faça isto.
Mas sabia que estava ultrapassando todas as barreiras que tinham imposto.
E o pior era que estava gostando. Muito.
Ela mal podia esperar por ultrapassar ainda mais. Seu corpo estava pronto para
mais.
–Há algo em você... Que faz com que eu faça coisas que não deveria. Que até hoje
era muito fácil resistir. Mas acho que não sou tão forte como pensei.
–Mas você é sim. Está resistindo muito bem até agora. – Infelizmente, ela teve
vontade de acrescentar, mas achava que já tinha brincado demais com a sorte até
agora.
Não queria que Edward recuasse. Não conseguiria permitir isto agora.
–Ah, Bella... Se você soubesse...
–O quê?
–Como é difícil resistir. - ele passou a mão pelos cabelos, frustrado e de repente
Bella se sentiu culpada.
–Eu sei... Não devia ter pedido para entrar aqui. Me desculpe.
–Sim, vamos sair daqui. Esta água já está esfriando.
Ela desviou o olhar quando ele se levantou e saiu da banheira.
Sentia-se meio envergonhada agora. E frustrada. Até mesmo um pouco irritada.
Nada daquilo era justo. Aquela amnésia não era.
Aquele casamento não era.
Não poder ter Edward não era nem um pouco justo.
–Vem. – ela ouviu sua voz e levantou o rosto.
Ele a esperava com uma toalha. Agora não estava mais nu, e vestia uma calça.
–Achei que não queria mais tentações.
Ele sorriu culpado.
–Eu quero muitas coisas, Bella, mas neste momento estou tentando apenas evitar que
congele.
Ela se levantou, a água pingando do seu corpo molhado e Edward deslizou o olhar
dourado por sua pele, a arrepiando inteira e a deixando em brasa. Viva.
Era como se cada poro criasse vida enquanto ele a admirava.
–Você é tentadora demais, Isabella Swan. – ele disse saindo do transe e a enrolando
na toalha e a tirando da banheira.
–Sou? - indagou com o coração aos pulos, ao perceber que ele não a colocava no
chão e sim a levava para a cama, a depositando sobre o colchão e deitando ao seu
lado.
–Por que estamos aqui mesmo? - perguntou, passando os dedos pelas mechas
molhadas do cabelo cor de areia sem resistir.
–Algo a ver com fazer coisas que eu sei que não deveria...
–Como o quê? - murmurou, fechando os olhos ao sentir as mãos dele em seu rosto.
–Como te beijar.
–Sim...
E ele tocou seus lábios. Uma vez. Várias. Beijos curtos e deliciosos que serviam
apenas para aumentar ainda mais a necessidade que tinha dele.
–Você tem um gosto tão bom... - murmurou, deslizando os lábios por seu rosto, seu
pescoço. – E seu cheiro... é como frésias...
Bella sentiu dificuldade de respirar e então ele continuou a beijar sua pele ainda
úmida. Os lábios por seu ombro, enquanto os dedos a livravam da toalha e desciam
até seus seios e Bella gemeu alto ao sentir a língua quente rodeando um mamilo,
sugando, mordendo, explorando.
–Eu queria beijar você inteira. – a voz rouca dele adentrou em seu ouvido, a
entorpecendo, a deixando fraca e alheia a tudo que não fosse aquelas sensações
inebriantes que ele a fazia sentir com seu toque, com seus beijos, que desciam, uma
trilha úmida por seu estômago, sua barriga, seu umbigo e ela ficou tensa quando
sentiu a respiração quente entre suas pernas.
Oh Deus, por um segundo lembrou-se das palavras de Rosalie e ela que achava que
aquilo nem era possível. Mas Rosalie desapareceu de sua mente, quando finalmente
sentiu a língua e os lábios dele a explorando delicadamente a princípio, como se a
testasse. Como se a degustasse, para depois aumentar de intensidade, e ela perdeu-
se totalmente naquela carícia, as sensações se enroscando dentro dela e a fazendo
gemer cada vez mais alto. E não parava, a levando cada vez mais longe e o prazer
que ela já conhecia agora, foi crescendo, se avolumando até explodir em forma de
espasmos deliciosos que a fizeram gemer seu nome muitas vezes, até que finalmente
voltasse à realidade, fraca e trêmula.
Abriu os olhos e Edward estava ao seu lado, a fitando de um jeito que fez seu
coração bater mais rápido de novo.
–Eu quero estar dentro de você, e esse desejo é tão forte que dói. – ele disse
num misto de angústia e necessidade tão grande que Bella sentiu seu coração doer.
Porque era a mesma necessidade que havia dentro dela.
Era inevitável
Ela se inclinou e tocou seu rosto, o beijando.
–Eu quero você dentro de mim.
–Bella, não...
–Por favor, Edward... - pediu, implorou, não importava mais.
Ela estava além de qualquer pensamento coerente.
Então com um gemido ele a beijou com força.
E Bella soube que não havia mais volta agora, quando ele se despiu e rolou por cima
dela, os joelhos abrindo suas pernas, até que não houvesse nenhum espaço, nenhuma
barreira entre seus corpos.
E ela prendeu a respiração quando o sentiu dentro dela.
–Tudo bem? - indagou e ela acenou, incapaz de falar. Havia dor, mas também havia
um prazer imensurável. Seu corpo se adaptando ao dele, enquanto ele movia os
quadris devagar, impulsionando e recuando e ela fechou os olhos, enterrando a unha
em seus ombros, os gemidos se misturando pelo quarto, tudo desaparecendo até o
fim vertiginoso e ela estremeceu em espasmos deliciosos, se desmanchando inteira. E
era melhor e mais perfeito agora. Porque estavam juntos. Finalmente.
Depois na quietude da tarde, ele a abraçou forte, a trazendo para junto de si e
Bella sentiu o coração expandindo no peito de um sentimento que não era apenas
físico.
E ela não pôde mais negar a si mesma que estava irrevogavelmente apaixonada por
Edward Cullen.
E quando finalmente aquele sentimento ficou claro como cristal em sua mente, ela se
lembrou.
Ela se lembrou finalmente de quem era.
*continua*
–Mas eu descobri.
–Por favor, me perdoa. Eu apenas quis o melhor para você...
–Chega, mãe. Eu não quero mais ouvir!
Bella remoia a conversa tensa de apenas dois dias atrás com a mãe, enquanto
entrava na diligência que a levaria direto para Forks. Finalmente.
Estava indo conhecer seu pai e Renée não ia impedi-la. Deixara uma carta dizendo
que a perdoava afinal, mas que precisava fazer esta viagem.
Havia algo faltando em sua vida. Era uma pessoa incompleta.
E esperava encontrar o que lhe faltava em Forks.
–Olá. – ela ouviu a voz melodiosa e levantou a cabeça.
Uma moça loira e bonita lhe sorria.
–O que vai fazer em Forks? Parece tão absorta...
–Vou visitar parentes. – falou evasiva.
–Eu vou me casar. – a moça alargou o sorriso e lhe estendeu a mão. – Meu nome é
Tanya Denali.
–Muito prazer, Tanya. Meu nome é Bella... Swan. – respondeu, sem saber porque
usara o sobrenome do pai. Mas se sentia imensamente bem ao fazê-lo. - Parabéns
pelo casamento.
Bella se perguntou se ficaria assim quando finalmente fosse se casar. Se é que um
dia encontraria alguém que ela gostasse o suficiente para isto. Nunca conhecera até
agora.
–Eu não vejo a hora de chegar e conhecer meu noivo finalmente!
Bella a fitou, confusa.
–Não o conhece?
–Trocamos cartas. Por uma agência. É por isto que estou viajando para encontrá-lo
e finalmente nos conhecermos.
–Nossa, você é corajosa.
–Por quê?
–Se casar com um homem que nem conhece.
–Não seja boba! Ele mandou um retrato. – e ela remexeu em sua bolsa, lhe
entregando uma fotografia. – Não é bonito?
Bella olhou para a foto do noivo de Tanya Denali.
Sim. Era extremamente bonito, tinha que admitir. Não era à toa que ela estava
correndo para a cidade de Forks para se casar, pensou.
–Sim, ele é bonito. – respondeu, e por algum motivo não conseguia para de
olhar a foto. Se perguntava qual seria a cor dos seus olhos, dos seus cabelos...
–E é muito rico, claro. Pertence à família mais rica da cidade, o nome dele é Edward
Cullen. – Tanya falou com orgulho e então um solavanco a fez perder o equilíbrio e
a moça gritou ao bater a cabeça.
Bella assustou-se, tentando se segurar da melhor maneira que podia. Os poucos
passageiros começavam a gritar e as bagagens caíram por cima deles, enquanto a
diligência rolava ribanceira abaixo.
A última coisa que se lembrava, antes do caos se instalar e ela perder os sentidos,
foi que segurava firmemente a foto de Edward Cullen em suas mãos.
O noivo de Tanya Denali.
Mal havia amanhecido quando ela acordou e saiu da cama, e com muito cuidado para
não acordá-lo, se vestiu e deixou a casa dos Cullens.
Não foi difícil achar a casa que procurava, afinal, todos sabiam onde morava o
xerife da cidade.
E quando Charlie Swan abriu a porta para a moça pálida e com olhos vermelhos, ele
franziu a testa.
–Isabella Cullen, o que faz aqui tão cedo? Algum problema?
Bella começou a chorar de novo.
O Chefe Swan, olhou para a moça, confuso.
–Senhora...? Algum problema? Por que está chorando? Precisa de ajuda?
Bella mordeu os lábios tentando parar de chorar.
Bella torcia as mãos no colo, enquanto Charlie a fitava como se estivesse vendo um
fantasma.
Ela estava ali na sua casa há menos de uma hora e havia acabado de contar toda sua
história a Charlie Swan.
Estavam sentados na cozinha de sua casa e ele lhe servia um chá.
–Você se parece com ela... - ele disse por fim e Bella sorriu tristemente.
–Acho que sim.
–Não entendo porque Renée... Nunca me contou.
–Eu te disse. Ela não queria voltar. Eu mesma só fiquei sabendo há pouco tempo.
Ele suspirou pesadamente.
–Renée nunca gostou de Forks. Ela nunca quis ficar nesta cidade pequena sendo
mulher de xerife. Mas eu teria a obrigado a ficar, se soubesse de você.
–Por isto que ela nunca te contou. Eu sinto muito.
Charlie passou a mão pelos cabelos, ainda parecia chocado.
–E agora este casamento com o Cullen... Nunca poderia saber...
–Eu não sou a noiva do Edward. Quer dizer... Não a noiva que estavam esperando.
Me confundiram com ela. – Bella murmurou.
–Sim, eu entendi. Você estava com amnésia. E a noiva seria aquela moça desacordada
no hospital.
–Sim, Tanya Denali... Oh Deus, eu não sei o que fazer. Eu apenas me lembrei
de tudo ontem e eu tinha que procurar você.
–Fez bem. Você é minha filha. Não deve se preocupar com nada. Vamos dar um jeito
em tudo.
Bella quase sorriu. Se tudo fosse tão simples...
–Eu não sei como... Edward vai reagir... Ainda não tive coragem de contar.
–Deve contar a verdade, sabe disto não é?
–Eu sei.
–Os Cullens são gente de importância, mas não deve ter medo deles. Não tinha culpa
de nada, eles que fizeram esta confusão!
Bella mordeu os lábios. Sim, uma confusão.
E o pior era que não sabia como sair dela agora.
E se queria sair...
–Mas tudo ficará bem. Eu vou com você a casa dos Cullens. Vamos desfazer este mal
entendido!
–Não, eu... Eu queria ir sozinha.
–De maneira alguma.
–Por favor, Charlie. – ela ainda não se sentia à vontade para chamá-lo de pai. – Eu
preciso conversar com Edward.
–Tudo bem, eu entendo. Mas eu vou ficar esperando. Não deixarei nenhum Cullen
fazer nada com você.
–Eu sei.
Ela se levantou.
–Eu preciso ir.
–Sim, vamos logo resolver este assunto.
Quando saíram da casa de Charlie, Bella de repente sentiu que precisava fazer algo
antes.
–Podemos passar no hospital? Eu quero ver como esta Tanya Denali.
–Claro.
Eles foram até o hospital, mas quando Bella viu o leito em que a noiva desacordada
de Edward deveria estar, encontrou a cama vazia.
Uma enfermeira entrou no quarto.
–Posso ajudá-la?
–Onde está a moça que estava aqui?
–Ainda não sabe? Ela acordou, finalmente.
–Acordou...? - Bella murmurou sem voz. – E onde ela está...?
–Eu ainda não a vi, acabei de chegar, mas a enfermeira que fica aqui à noite, disse
que ela acordou e que insistiu em ir à casa dos Cullens e ninguém conseguiu segurar
ela aqui.
Bella sentiu o chão lhe fugir aos pés.
A verdadeira noiva tinha voltado e neste momento deveria estar na casa de Edward
provavelmente exigindo tomar posse do que era seu.
Edward Cullen.
*continua*
–Eu estou aqui com a Bella porque ela é minha filha. – Charlie explicou.
Todos os fitaram surpresos.
–Isto é verdade, Bella? - Edward indagou. Sua voz continha uma frieza
desconhecida para Bella até então.
E ela sentiu seu coração gelar.
–Sim, é verdade. Eu estava vindo para a Forks para conhecê-lo. Minha mãe foi
embora daqui antes de saber que estava grávida. E só agora eu descobri tudo e
Charlie não sabia de nada até hoje de manhã, quando eu lhe contei tudo.
–Nossa, sua mãe fugiu? - Rosalie indagou.
–Rosalie, isto não é importante agora. – Carlisle a interrompeu. – Nós precisamos
resolver esta situação.
–Sim, eu sinto muito. Eu nunca fui a noiva do Edward...
–Mas vocês estão casados agora! - Alice disse.
–O casamento pode ser anulado, claro! - Charlie refutou. - Bella foi coagida por
vocês a acreditar que era outra pessoa. Não tinha como saber o que estava fazendo.
–Mas neste caso nós também não sabíamos. Acreditamos realmente que ela fosse a
noiva enviada pela agência. Acho que foi tudo um terrível engano...
–Sim, eu concordo com esta anulação! Eu sou a verdadeira noiva!
–Eu ainda acho tudo um absurdo...
–Amor, não se intrometa. – Jasper falou. – Nós erramos ao achar que Bella fosse a
noiva. Ela nunca veio pra cidade pra se casar.
–Mas...
–Esta discussão toda é inútil. Descobrimos o engano e vamos consertar isto. Bella é
minha filha e irei protegê-la.
–Edward, podemos conversar? Em particular? – Bella pediu.
–Sim, claro que podem. – foi Carlisle quem disse e pediu para todos sair.
Alice, Charlie e Tanya ainda protestaram, mas foram levados para fora da sala.
Bella mordia os lábios com força.
–Eu sinto muito, Edward. – murmurou.
–Você iria me contar quando Bella?
–Eu... Claro que eu ia te contar. Eu apenas fiquei assustada. Era horrível demais pra
acreditar. Eu queria encontrar o meu pai...
–Claro que sim. Foi para isto que veio a cidade. – havia uma fria ironia na sua
voz.
–Acho que de alguma maneira eu sabia desde o início. Que isto não era certo. Que
eu nunca tinha sido destinada a isto... a este casamento. Que não era algo que eu
faria.
–Então eu tinha razão em querer que se lembrasse de tudo antes de...
–Sim. Mas agora é tarde, não é?
–O casamento pode ser anulado mesmo assim, como o chefe Swan falou, as
circunstâncias estão todas erradas. Você não sabia o que estava fazendo. Nunca
deveríamos ter nos casado.
Estas palavras doeram, mas Bella tentou manter-se impassível.
–Eu lamento muito.
–Pelo menos descobrimos tudo, não é? E você pode fazer agora o que veio fazer
aqui. Ficar com seu pai. Não é o que quer?
Bella sentiu uma dor pungente no peito.
Então seria assim?
Edward a estava descartando. Mas como é que ela podia culpá-lo. Ele fora honesto
desde o começo. Nunca quisera se casar com ela. Devia estar sentindo alívio de se
livrar de um casamento indesejado. Que só acontecera porque fora coagido a tal.
E agora, será que depois que o casamento fosse anulado, ele ia se casar com Tanya?
Bella sentia vontade de chorar só de pensar. A linda e elegante Tanya tomando seu
lugar.
Se casando com Edward. Dormindo com Edward.
Era dolorido demais só de pensar.
Mas o que ela podia fazer? A verdade era que nunca deviam ter se casado.
E ela nunca deveria ter se apaixonado por Edward.
–Acho que eu devo ir embora. – murmurou.
Edward apenas a fitou. Distante. Frio.
Bella sentia tudo desmoronando por dentro.
Seus sonhos construídos sem que tivesse se dado conta.
Sonhos com Edward.
Mesmo assim, naqueles dolorosos momentos, ela esperou.
Desejando secretamente que Edward dissesse que não queria que ela fosse embora.
Que também queria ficar com ela.
Mas isto não aconteceu; Edward desviou o olhar, passando os dedos pelos cabelos
cor de areia.
–Sim, você deve ir.
Bella lutou contra o nó na garganta e as lágrimas que queimavam em seus olhos.
Ela caminhou até a porta e então parou.
–Me desculpe, mas uma vez. Adeus, Edward. Eu desejo que seja feliz
E então ela saiu da sala, encontrando Charlie a esperando o hall de entrada.
Os Cullens estavam ali. E Tanya também.
–Vamos embora. – Bella pediu, segurando o braço de Charlie.
–Sim, não temos mais nada a fazer aqui.
–Mas... – Alice deu um passo à frente, mas Jasper a segurou.
–Não se intrometa, Alice.
Bella ainda lançou um olhar a Tanya, que sorria, triunfante.
–Me desculpe por toda esta confusão. Eu realmente não sabia.
–Tudo bem. O importante é que agora tudo voltou ao seu devido lugar. – Tanya
disse e Bella se afastou, acompanhada por Charlie.
Deixando a casa dos Cullens pra sempre.
A casa que fora sua por um curto período de tempo.
Assim como Edward.
Seguiram em silêncio, e foi só quando chegaram na residência de Charlie que ele
reparou que Bella estava chorando.
–Bella, não fique assim. Eu sei que foi uma confusão só, mas está tudo resolvido.
Tomarei as providências para anular o casamento.
Bella fechou os olhos com força, se sentando, enquanto Charlie lhe entregava um
lenço.
Mas as lágrimas não cessavam.
–Bella... – ela levantou os olhos vermelhos para Charlie que a fitava preocupado. –
Bella, você gostava daquele Cullen?
Seus lábios tremeram.
–Isto não importa. – murmurou, desviando o olhar e Charlie soltou uma imprecação.
–Ah, agora percebo. Você estava apaixonada por ele. Ah, Bella...
Bella quis negar, mas do que adiantaria.
–Sim, mas o que adianta ? A verdadeira noiva dele está aqui. Ele só se casou comigo
por obrigação.
Ela se levantou, enxugando os olhos.
–E eu não quero mais falar sobre isto.
Charlie parecia que ia insistir no assunto quando ouviram uma batida na porta.
Bella sentiu o coração se apertar. Quem seria?
Charlie foi abrir e então ela reconheceu a voz.
–Onde está Bella? – a voz feminina indagou cheia de angústia. – Onde está
minha filha?
Bella se encaminhou para a porta ao reconhecer a voz da mãe.
–Mãe!
Renée passou por Charlie e abraçou Bella.
–Meus Deus, Bella, você quase me matou de preocupação! Como pôde fazer isto
comigo?
Bella se afastou um pouco.
–Mãe, se acalme.
–Sim, Renée, não vai dar bronca na Bella. Afinal, você que errou a mantendo longe
de mim. – Charlie falou e ele e Renée trocaram um olhar de ira.
–Eu fiz o que acreditava melhor para Bella
–Ela é minha filha e eu tinha o direito de saber!
–Nunca ia me deixar ir embora se soubesse.
–Claro que não!
–Ei, chega vocês dois. – Bella pediu exasperada. – Acho que é muito tarde para
termos esta discussão. – ela se virou para Renée. – Está tudo bem, mãe. Eu queria
apenas conhecer meu pai. Acho que tinha este direito. E eu lhe deixei uma carta
explicando.
–Sim, eu sei. – Renée admitiu. - Eu sei que errei. Mas eu vim te buscar, Bella. Vamos
voltar a nossa casa.
–Não! A Bella pode ficar aqui comigo, se assim desejar. – Charlie falou.
Bella o fitou.
Sim, havia uma parte dela que queria ficar ali e conhecê-lo melhor.
Saber finalmente como era ter um pai.
Mas como permanecer na mesma cidade de Edward Cullen?
O vendo casado com Tanya?
Era impossível.
–Charlie, eu sinto muito. Mas eu vou voltar com Renée.
–Bella...
–Não posso ficar aqui... Na mesma cidade dos Cullens.
–Cullens? Quem são estes? – Renée indagou curiosa.
Bella respirou fundo e começou a contar a Renée toda a história.
Preocupada com Edward, Esme foi atrás do filho e o encontrou fitando o vazio,
através da janela da sala.
–Edward?
Edward escutou a mãe se aproximando, mas não se virou.
Ele não queria falar com ela. Não queria falar com ninguém.
Tudo era uma confusão dentro de sua cabeça, onde só havia uma dolorida
certeza.
Ele cometera o maior erro de sua vida se casando com Bella Swan.
Como pudera ser tão descuidado? Tão irresponsável?
Sim, ele devia ter mantido o plano original. Apenas se casar com Bella para ajudá-la
e manter sua família sob controle.
Mas não. Ele fora além.
E o casamento que devia ser apenas uma conveniência se tornara de verdade.
Assim como seus sentimentos por Bella Swan.
E ela nunca fora sua noiva. Nunca tivera a intenção de casar com ele.
Então, como é que ele podia pedir para ela ficar?
Tinha que deixá-la ir.
Mesmo que sentisse aquele vazio no peito.
Agora as coisas voltariam ao seu devido lugar.
Era o correto a fazer. Pelo menos agora ele podia agir certo com ela, a libertando.
–Edward, querido? - Esme tocou seu ombro e ele finalmente se voltou. - Eu sinto
muito, filho.
–Sim, eu também sinto. Pelo menos agora as coisas se resolveram.
–Mas a que custo?
–Não se preocupe mais com isto, mãe, tudo vai ficar bem.
Esme encarou o filho, tentando acreditar.
Ela sabia bem no fundo que para Edward toda aquela história devia estar sendo
horrível de suportar.
Mas sabia também que ele sempre faria o que achava certo.
–Vai mesmo anular o casamento, então?
–Claro que sim. É o certo a fazer. Nunca deveríamos ter nos casado.
–E o que faremos com Tanya Denali?
Edward se afastou passando a mão pelos cabelos.
–Eu não sei mãe. É muito para eu pensar agora. Onde ela está?
–Estava passando um pouco mal, afinal, nem se restabeleceu direito ainda. Carlisle a
levou para o quarto de hóspede.
–Ela deveria voltar ao hospital.
–Carlisle vai saber o que fazer...Onde vai? – indagou, ao ver Edward saindo.
–Vou dar um volta.
Edward caminhou sem rumo, apenas para se livrar dos seus familiares que com
certeza teriam alguma opinião formada sobre o que deveria fazer.
Mas quando voltou para sua casa, ao cair da noite, lembrou-se que as coisas não
seriam tão simples assim ao ouvir a voz de Tanya Denali.
Sua noiva.
Respirou fundo e entrou na sala.
Toda sua família estava reunida ali, embora fosse palpável a tensão no ar.
–Sim, acho que este assunto está encerrado. – Esme falou. – Vamos todos
jantar.
–Claro, chega deste assunto da tal Bella! - Tanya sorriu. - Ela era apenas um erro!
E graças a Deus em breve Edward estará livre para se casar comigo, como deveria
ter sido desde o inicio.
De novo o silêncio tenso recaiu sobre todos, até Esme exclamar.
–Enfim, vamos jantar.
–Perdi a fome. – Edward murmurou e em vez de seguir a família para a sala de
jantar, ele saiu de casa e se sentou sozinho na varanda.
Algum tempo depois Emmett apareceu, carregando um travesseiro.
–Rose está brava comigo.
–Tem razão de estar.
–Eu sinto muito, Edward. Eu sei que deveria ter te contado, mas Alice... Sabe como
ela é... E eu só queria que você se casasse e parecia estar bem feliz com aquela
Bella... Achei que...
–Tudo bem Emmett, vá dormir.
–Certo, quero só ver até quando Rose vai me castigar. – e resmungando ele se
afastou.
Carlisle apareceu em seguida.
–O que vai fazer, Edward ?– Carlisle indagou depois de alguns momentos de
silêncio.
–Eu não sei, pai. – Edward suspirou.
–Bella é sua esposa.
–Ela quis ir embora.
–Mas estão casados. E você? Quer que ela vá? Fiquei sabendo que a mãe dela
chegou na cidade. – disse. - Veio buscá-la. Ela irá embora amanhã.
Edward sentiu seu coração se apertar.
Carlisle se levantou.
–Eu sei que sempre pensa em fazer o que é certo, filho, e confio em você. Mas pense
bem no que é realmente certo.
E se afastou.
Então era isto. Bella iria partir para sempre.
Ele nunca mais a veria. Nunca mais...
Mas seria melhor não é?
Melhor para todos que ela fosse embora pra sempre.
Para sempre...
De repente ele tomou uma decisão e se levantou.
Já era hora de fazer o que era certo.
Ele entrou na sala e lá estavam suas cunhadas e Tanya.
–Alice, Rose, podem nos dar licença? Preciso conversar com a Tanya.
Alice e Rosalie se afastaram em silêncio e Edward fitou a moça loira a sua frente.
–Eu tenho um pedido a lhe fazer.
Mas quando estavam juntos, havia desejo. Se fechasse os olhos ainda podia sentir
seu toque, seus olhos dourados que a devoravam, sua boca que conhecia tão bem
cada parte do corpo dela. O jeito que ele sussurrava seu nome quando estava dentro
dela...
Bella suspirou, jogando as cobertas para o lado e se levantando.
Do que adiantava se torturar com estas lembranças agora?
Edward provavelmente tomara aquilo que lhe fora oferecido. E ela lamentava agora
não ter resistido. Talvez sofresse menos.
Mas quando chegaram em frente à diligência, Bella estacou ao ver os Cullens por ali
também.
Seu olhar percorreu aqueles que foram por pouco tempo sua família.
Estavam meio afastados. Todos lindos e bem vestidos, com expressões graves.
Será que vieram ter certeza que ela iria embora?
E onde estava Edward, pensou, entre triste e ansiosa.
No fundo almejava vê-lo uma última vez.
Então o avistou. Vindo em direção à diligência.
E ao seu lado, Tanya Denali.
Bella teve vontade de sair correndo. Era como enfiar uma faca em seu peito, vê-los
juntos.
–Mas o que está acontecendo aqui? – Charlie resmungou ao seu lado.
–Quem são estes...? – Renée indagou.
–Os Cullens. – Charlie respondeu.
–Ah...
Bella engoliu em seco, tentando manter a compostura.
Não ia desabar agora.
Não fazia idéia que diabos os Cullens estavam fazendo ali, mas faltava pouco agora
para aquele suplício acabar.
Finalmente eles chegaram à sua frente.
Bella mal respirava, tremendo.
Tanya parecia ainda mais bonita agora. Estava muito arrumada e... com roupas de
viagem.
Bella então olhou para baixo e viu que a moça carregava uma pequena mala de mão.
A mesma que carregava quando se encontraram pela primeira vez.
Tanya ainda lhe lançou um olhar que parecia desprezo e para surpresa de Bella,
entrou na diligência, sem nada dizer.
Bella fitou Edward. Seu coração mal batendo.
Como assim Tanya estava partindo também?
–Bella, podemos conversar? – ele disse então, com aquela voz que lhe trazia
tantas lembranças.
–O que está acontecendo? – conseguiu murmurar aturdida. – Tanya...
Mas antes que Bella conseguisse falar qualquer coisa, Edward segurou seu braço a
afastando de Renée e Charlie e de repente não havia ninguém perto deles.
–Tanya está indo embora.
–Mas...
–Não havia motivos para ela ficar.
–Mas achei que... Iam se casar.
Edward passou a mãos pelos cabelos, um gesto tão seu, tão único.
–Eu já sou casado. – disse por fim e Bella jurou que seu coração batia tão forte que
poderia ser ouvido do outro lado da praça.
–O casamento será anulado... – murmurou.
–É por isto que pedi para falar com você. – de repente ele parecia inseguro. –
Fique, Bella. Não vá embora.
Bella prendeu a respiração.
Ele estava pedindo para ela ficar? Oh Deus...
–Por quê? – sussurrou sem conseguir acreditar.
–Bella, eu sei que nos casamos por engano. Que eu nem queria me casar e você sabia
disto, mas... o fato é que nos casamos. E por mais que eu tenha lhe prometido que
seria apenas uma conveniência, se tornou mais do que isto e... – ele passou
novamente os dedos pelos cabelos nervosamente. – Você pode estar grávida, Bella.
–Acha que devo ficar por isto?
–Não, mas não acho que deva ficar porque eu quero, porque eu te amo... Se quer
mesmo ir...
–Você me ama? – Bella indagou sentindo o coração pular no peito.
–Sim, Isabella Swan. - Edward sorriu e Bella achou que ele nunca fora tão lindo.
Tão seu.
Finalmente.
–Isabella Cullen. – corrigiu docemente. - O casamento ainda não foi anulado.
E de repente não havia mais nada ao redor. E nem espaço entre seus corpos e nem
nada que os separasse, enquanto Edward cingia seu rosto com as mãos quentes,
mirando seus olhos cor de chocolate.
–Até você chegar eu não sabia que queria ter alguém pra mim, como eu quero você.
Diz que vai ficar comigo?
Bella sorriu.
–Pra sempre. – murmurou. – Eu vou ficar com você sempre.
E então ele a beijou.
E Bella sentiu que finalmente estava no lugar certo.
1 mês depois.
–E nós tínhamos mesmo razão! Foram feitos um para o outro! - Alice disse
satisfeita, ao se sentar ao lado de Jasper, que lhe sorriu indulgente.
Obviamente ele tinha a perdoado por ter mentido sobre a verdadeira identidade de
Bella.
E Rosalie também acabara perdoando Emmett, depois de algumas noites dormidas no
celeiro.
Edward sorriu para Bella, que estava sentada ao seu lado no piano, enquanto ele
tocava.
Gostava de ficar olhando pra ela, e ela lhe sorria, como se ele fosse a única pessoa
na sala. Embora quase sempre estivessem na companhia de seus irmãos intrometidos.
A risada cristalina de Rose se fez ouvir quando ela adentrou na sala com Emmett.
– Finalmente podemos fazer a viagem à Paris.
Alice bateu palmas, animada.
–Sim. Paris e muitas compras! Precisamos começar a fazer os planos e...
–Na verdade acho que teremos que adiar. - Bella a interrompeu e trocou um olhar
com Edward, antes de mirar a família. – Eu estou grávida. – comunicou finalmente o
que desconfiava há alguns dias.
Finalmente naquela tarde Carlisle confirmara a ela e Edward a gravidez.
–Olha só, a novata passou na nossa frente! - Rosalie exclamou. – Emmett, não
podíamos permitir! – brincou, e Emmett a abraçou, plantando um beijo em sua
bochecha.
–Se não me colocasse pra dormir no celeiro tantas vezes já teríamos vários bebês!
–Ah, mas isto é maravilhoso! - Alice disse satisfeita. – Um bebê! Nossa, já posso
começar a fazer a lista do enxoval
–E eu vou começar a lista de nomes. – Rosalie falou e as duas começaram a
confabular.
Edward se levantou e puxou Bella consigo.
–Vamos dar uma volta, não nos espere para o chá.
–Lá vão eles. – Emmett piscou, mas Bella e Edward o ignoraram.
**fim**