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Até Você Chegar

Autor(es): jurobsten

Sinopse
É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma
boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.
Jane Auten - Orgulho e Preconceito

Índice
(Cap. 1) Capítulo 1
(Cap. 2) Capítulo 2
(Cap. 3) Capítulo 3
(Cap. 4) Capítulo 4
(Cap. 5) Capítulo 5
(Cap. 6) Capítulo 6
(Cap. 7) Capítulo 7
(Cap. 8) Capítulo 8
(Cap. 9) Capítulo 9
(Cap. 10) Capítulo 10
(Cap. 11) Capítulo 11
(Cap. 12) Capítulo 12
(Cap. 13) Capítulo 13
(Cap. 14) Capítulo 14

(Cap. 1) Capítulo 1
Notas do capítulo
Olá meninas

Mais uma fic de época, espero que gostem

quem quiser pode add no twitter

@jurobsten

Forks 1880

“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma


boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa”.

A voz clara e cristalina de Rosalie Cullen encheu a sala.


Alice Cullen levantou os olhos do bordado em seu colo.
–Sábias palavras de Jane Austen.
Uma risadinha masculina as fez virar na mesma direção.
Dois rapazes entraram na sala.
–Quem é esta senhora Jane? Alguma casamenteira? - Emmett Cullen, o mais alto e
forte dos dois e autor da risada, indagou.
Emmett não era conhecido por sua inteligência ou sutileza.
Mas ninguém teria coragem de dizer isto na sua frente. Porque certamente ele era
conhecido por sua força. Principalmente nos punhos.
Alice e Rosalie trocaram um olhar consternado e voltaram para seus afazeres.
O outro rapaz que estava quieto até aquele momento se aproximou por trás de
Rosalie.
–Acho que é uma autora inglesa, irmão.
Emmett Cullen se aproximou da moça loira também e tomou o livro de sua mão.
–Está doente, Rose?
–Por que pergunta? - ela colocou a mão no rosto, preocupada. - Estou com cara de
doente? Minha aparência está horrível?
–Não, amor, estou preocupado apenas por ver você lendo um livro. Eu nem fazia
ideia que sabia ler.
Alice e Jasper romperam em gargalhadas, sendo alvos do olhar irritado de Rosalie.
–Quem não deve saber ler é você. – ela apontou para Emmett. – E quando fica
dizendo estas asneiras eu me pergunto porque me casei com você! Eu podia escolher
qualquer um na cidade, você sabe.
Emmett riu.
–Mas nenhum tão rico, querida.
Rose deu de ombros, abrindo o livro novamente.
–Certamente.
Alice olhou em volta.
–Onde está Edward?
–Foi ajudar o papai em uma emergência.
–E por que não foram junto? - Rosalie indagou, colocando o livro de lado.
Talvez Emmett tivesse razão. Ela não era a mais inteligente das criaturas.
Mas uma mulher não precisava ser inteligente quando era bonita.
E beleza Rosalie tinha para dar e vender.

Não que quisesse se livrar de sua perfeição. Ela podia conviver com esta
dádiva muito bem, obrigada.
Gostava de ser admirada.
E conseguira casar com um dos três melhores partidos da cidade.
–Porque Carlisle disse que agora que temos esposas, devemos ficar em casa cuidando
delas – Jasper falou, sentando ao lado de Alice.
Alice sorriu passando a mão pelo rosto do marido.
–Edward deveria arranjar uma esposa também.
–Pelo jeito Edward continuará solteiro por muito tempo. – Emmett comentou.
–Por quê? - Rosalie andou até o espelho, checando seu cabelo. – Edward é um Cullen.
São os mais ricos da cidade. E ele é bonito. Toda garota quer casar com ele.
–Inclusive você já esteve nesta lista não é, Rose? – Alice piscou maliciosa, mas Rose
deu de ombros.
–Você também.
–Ei, ainda estamos aqui. – Jasper comentou com falsa carranca.
Eles não se importavam com a obsessão das moças por Edward.
Sempre fora assim.
Eles sempre se mudavam de cidade, e em todas era a mesma coisa, desde que Edward
começara a usar calças compridas.
Obviamente, ele e Emmett também tinham seu sucesso. Mas Edward era o que
deslumbrava.
E justamente porque ele nunca dava muita atenção a nenhuma das moças casadoiras,
para o desespero destas.
Quando chegaram a Forks, há quase um ano, eles já eram adultos e não demorou
para todas as moças da cidade entrarem em rebuliço.
Três rapazes solteiros e ricos não era todo dia que se encontrava.
Mas Edward era a primeira opção de todas elas.
Infelizmente para todas, Edward não propusera casamento a nenhuma.
Rosalie e Alice tiveram sorte, despertando o interesse dos outros dois irmãos.
E os dois casamentos aconteceram em um intervalo de pouco tempo.
Agora só restara um solteiro na família Cullen: Justamente aquele que parecia que
nunca ia se casar.
As moças continuavam a tentar, mas Edward Cullen era inatingível.
Isto podia não preocupar muito os irmãos.
Mas com certeza ocupava bastante a mente das novas cunhadas.
–Sim, Rose tem razão. Edward precisa de uma esposa.

–Ele terá quando encontrar uma.. – Jasper falou, mas Alice lhe deu tapinhas
na mão.
–Querido, vocês não entendem nada! Nós temos que ajudar Edward.
–Edward não quer ser ajudado. – Emmett riu.
–Ele pensa que não quer - Rosalie falou voltando a se sentar – Todos os homens
precisam de uma esposa. Vejam vocês? Estão bem melhor hoje. E claro que isto se
deve a nós.
Ela e Alice trocaram um sorriso.
–Sim, Edward tem que escolher a melhor moça! - Alice se levantou – Temos que agir
– ela andava de um lado para o outro - Podemos dar um baile. – sugeriu.
–Já fizemos isto. – Rose respondeu.
–Podemos organizar uma lista de todas as moças, aí o Edward pode escolher melhor.
–Vocês são loucas. – Emmett riu.
Rose lhe lançou um olhar mortal.
–Deviam pensar como nós e querer ajudar o irmão de vocês!
–Sim, acham mesmo que Edward é feliz solitário? Claro que não!
–Mas ele não quer casar com nenhuma moça da cidade. – Jasper interferiu.
Rosalie deu de ombros.
–Nenhuma moça parece ser boa o bastante para ele!
–Mas nós podemos achar uma! - Alice falou animada – Vamos achar uma esposa
perfeita para Edward.
Rosalie sorriu.
–Sim. Esta será nossa missão.
Jasper e Emmett trocaram um olhar preocupado, mas ficaram quietos.

**

Nos meses que se seguiram, Rosalie e Alice fizeram de tudo. Mais bailes, mais
jantares. Moças de todos os tipos passaram pela casa dos Cullens com a intenção de
ser aquela que iria conquistar Edward Cullen.
Mas este parecia imune a todas.
E isto já estava preocupando Emmett e Jasper

–Precisamos dar um jeito nisto. – Emmett falou baixinho na varanda naquela noite.
Ele e Jasper fumavam no escuro.
–Sim, Alice está me deixando louco com esta história. Até o enxoval ela já começou
a fazer pra futura noiva do Edward. Atenção pra mim que é bom, nada.

–Sim, nunca tive ciúmes do Edward, mas isto já está passando do limite. Rose
ficou fazendo lista de garotas da cidade ontem e nem quis... você sabe... e acho que
já faz uma semana. Está ficando crítico.
–Sim, temos que acabar com isto. Mas como? Elas estão obcecadas.
–Edward tinha logo que escolher uma destas garotas e se casar, não é justo que
fique nos atrapalhando.
–Mas ele não quer.
–Eu acho que tenho uma ideia.
Emmett contou seu plano a Jasper.
–Sim, é uma medida drástica, mas Edward não poderá se livrar disto.
–Eu vou encaminhar a carta amanhã. Por enquanto não contamos nada as garotas.
Assim que estiver certo, nós abrimos o jogo.
–Elas vão gostar disto.
–Vão querer ter tido a ideia antes.
Eles sorriram.
Tinha que dar certo. Resolveriam todos os seus problemas.

Edward já não agüentava mais seus irmãos.


Não que ele não os amasse.
Mas desde que se casaram, as coisas estavam fugindo do controle.
Ele gostava das cunhadas. Eram suas irmãs agora também.
Mas elas não entendiam que ele estava bem do jeito que estava.
Que não precisava de uma esposa.
Mas Alice e Rosalie pareciam pensar diferente.
Nos últimos meses ele já vira todas as garotas da cidade em sua casa, com os mais
absurdos pretextos.
Teve uma até que aparecera em seu quarto. E mesmo Alice e Rosalie jurando que
não fora ideia delas, ele tinha suas dúvidas.
Agora até seus irmãos pareciam contaminados com a febre casamenteira.
–Vai gostar de estar casado, Edward. - Jasper falava enquanto carregavam seus
rifles na floresta naquela manhã.
Estava frio em Forks como sempre, mas pelo menos não estava chovendo. Então
aproveitaram para caçar.
–Já estão casados, então por que se preocupam comigo?
Emmett riu, apontando o rifle para um coelho.
–Justamente por isto. Porque temos boas garotas para nos aquecer à noite, se é que
me entende.
Edward riu.
Era sempre este o argumento de Emmett.
–Tem boas garotas que estão dispostas a isto sem estar casadas.
–Não me venha com esta, Edward. É diferente. – Jasper bateu em seu ombro
– E nós sabemos que você não aproveita destas moças.
–Mas tudo bem, Edward. Você precisa de uma boa garota. Uma que seja só sua.
Edward riu, acertando o coelho que Emmett não acertara e passou a mão pelos
cabelos cor de areia.
Ele não deixava de discordar dos irmãos
Sim, ele queria uma garota.
Só não a achara ainda. Talvez ela nem existisse.
Todas aquelas moças da cidade... Eram todas iguais.
Elas não eram ainda aquela que ele esperava.
–Eu me casarei quando achar a garota certa. – respondeu por fim.
Emmett e Jasper trocaram um olhar.
Edward previu que tinha algo errado.
–O que estão tramando? - indagou desconfiado – Por favor, não digam que estão
compactuando com os planos mirabolantes de Rose e Alice.
Eles riram, mas estavam tensos.
–Na verdade... – Emmett se aproximou - A gente tem algo pra te contar.
–Contar o quê?
–Edward, apenas escute. – Jasper se aproximou também. – Lembre-se que somos
irmãos e queremos o melhor pra você.
–Falem logo!
–Acho melhor tirar a arma dele antes. – Jasper falou e Edward começou a
desconfiar que realmente não ia gostar do que ia ouvir.
–O que vocês fizeram?
Emmett respirou fundo.
–Nós arranjamos uma noiva para você.

–O quê?
–Uma noiva. – Jasper completou. – Uma garota para se casar.
–Mas que absurdo é este? A loucura de Alice e Rose contaminaram vocês? Achei
que isto fosse coisa de mulher! Por Deus! Eu já disse que não quero me casar com
ninguém nesta cidade.
–Não é da cidade. – Emmett falou rápido.
Edward respirou fundo.
–Explique-se. E é bom que tenha uma boa explicação mesmo.
–Edward, nós escrevemos para uma agência. - Jasper falou.
–Agência?
–Sim, de casamentos. Existem algumas pelo país. São senhoras que arranjam as
melhores moças e mandam para se casaram em cantos remotos.
–Como aqui. Não é perfeito? - Emmett sorriu, mas seu sorriso morreu no rosto ao
ver a expressão de Edward.
–Vocês fizeram o quê?
–Edward, não tire conclusões precipitadas. – Jasper falava calmamente – Esta
garota é perfeita para você. Nós dizemos tudo o que você queria e a agência está
nos mandando a que foi feita para você.
–Estão de brincadeira, não é? - Edward não podia acreditar em tamanha sandice.
–Não, não estamos.
Edward soltou um palavrão.
–Desfaçam isto. Agora. Vão mandar uma maldita carta para esta tal agência e dizer
que não é para mandar ninguém!
–Agora é tarde. – Jasper coçou os cabelos.
–Ela está vindo, Edward. - Emmett confirmou.
Edward respirou fundo. Era um pesadelo.
–Quando?
Os irmãos se entreolharam.
–Hoje.
–O quê?
–Desculpa, Edward, mas não queríamos te contar antes justamente para que não
pudesse impedir.
Emmett não conseguiu terminar, pois Edward já se atracava com eles aos socos. Sua
fúria era tão grande que nem se lembrava que sempre perdia as brigas com Emmett.

Jasper se enfiou no meio para apartar a briga.


E Emmett foi condescendente em não esmurrar Edward hoje.
–Eu vou matar vocês dois! - Edward vociferou.
–Mas está batendo em mim! - Emmett reclamou.
–Pensa que eu não sei que isto só pode ser ideia sua?
–Ei, Edward, chega! - Jasper conseguiu tirar Edward de cima de Emmett. - A culpa
é minha também. E pare de bater no Emmett, se ele resolver revidar ficará de cama
uma semana.
–Não, eu não vou bater nele. – Emmett se levantou limpando as roupas. – Não quero
estragar seu lindo rosto para a noiva...
Edward foi pra cima de novo.
–O que é isto rapazes?! - Carlisle se aproximou. – O que está acontecendo aqui? Os
três brigando feito crianças!
–Nada pai. – Emmett falou rápido.
–Conte a ele! Conte o que fizeram! – Edward gritou
Jasper foi quem confessou tudo.
–Não deviam ter feito sem o consentimento do Edward. – Carlisle disse.
–Mas a gente só quer ajudar! - Emmett insistiu.
–Sim, se o Edward escolhesse logo uma moça da cidade nada disto seria preciso. –
Jasper endossou.
–Isto é problema meu!
–Chega! - Carlisle os calou. – Edward, eu sei que seus irmãos erraram, mas numa
coisa eles têm razão. Só queriam ajudar e eu e sua mãe também queremos vê-lo
casado como seus irmãos.
–Não podem escolher por mim.
–Eu sei. Mas agora é tarde. Esta tal moça irá chegar hoje à tarde.
–Ela irá voltar do mesmo jeito que chegou. – Edward falou friamente.
Não ia deixar seus irmãos fazerem isto.
–Pode ser. Mas o que custa conhecê-la primeiro? Ela está chegando de qualquer
jeito. Então como boas pessoas educadas que somos, nós a receberemos em nossa
casa. Se ela não for do seu agrado, nós a enviamos de volta. Tudo bem?
Edward passou a mão pelos cabelos, frustrado.
Não estava a fim de agüentar mais uma moça desmiolada, deslumbrada com sua
aparência e com o dinheiro dos Cullens.
Mas Carlisle tinha razão.
Não tinha como se livrar disto agora.

Ele iria recebê-la, ser educado e despachá-la de volta para sabe deus onde
tinha saído.

Alice e Rosalie estavam em polvorosa


–Como assim uma noiva?
–Como assim ela chega hoje?
–Por que não nos disseram nada?
–Da onde ela vem?
–Eu nem tive tempo de terminar o enxoval!
–Já marcaram a data?
–Sim, temos que falar com o vigário!
–Meninas, parem de falar. – Esme pediu, vendo a expressão desgostosa de Edward.
–Sim, não vai haver casamento algum. – Edward respondeu muito sério.
–Como não? - Alice balbuciou. – Mas ela está vindo para se casar!
–Ela não faz ideia de que eu não quero me casar com ela!
–Mas nem a conhece. – Rosalie falou.
–Por isto mesmo.
–Tenho certeza que Emmett escolheu bem. – ela sorriu abraçando o marido – Ele só
devia ter me contado, eu poderia ajudar!
Emmett riu.
–Sim, escolhi muito bem. Vocês verão hoje.
Alice saltitou.
–Ah, não vejo a hora! Vem Rose, vamos nos arrumar! Temos todos que ir esperar a
diligência.
Rosalie e Alice desapareceram escada acima e Edward olhou consternado para os
irmãos.
–Ainda vão me pagar por isto.
–Na verdade, acho que irá nos agradecer. – Jasper riu – Vem Em, vamos nos
arrumar também. E deve fazer o mesmo, Edward.
Os dois subiram as escadas rindo e Edward encarou os pais.
–Não fique assim querido. – Esme o abraçou. – Talvez goste desta moça.
–Eu duvido muito. Foi Emmett quem escolheu.
–Bom, então vamos a receber bem. Por favor, seja educado. Ela não tem culpa de
nada. E se realmente que não a quiser, ela pode ir embora.
Edward respirou fundo.
–É exatamente isto que vai acontecer.

A chuva caía na cidade. Isto não era novidade.


Mas todos os Cullens estarem parados no centro, aguardando a diligência, era.
Todos estavam curiosos para saber quem os Cullens esperavam com tanta ansiedade,
embaixo dos seus elegantes guarda-chuvas.
Na verdade, nem todos pareciam ansiosos. Carlisle e Esme pareciam preocupados. E
Edward estava definitivamente irritado.
Mas os dois jovens casais estavam radiantes.

–Emmett, querido, não nos disse o nome da noiva do Edward. – Rosalie


comentou.
–Sim, aliás, nem nos mostrou a carta de recomendação e a foto. – Alice completou.
Emmett se mexeu irrequieto.
–Está em algum lugar em casa...
Rose o fuzilou.
–Tem que procurar para nos mostrar quando chegarmos.
–Claro, claro.
–Mas e o nome dela?
–Eu não lembro.
As duas encaram Jasper.
–Não olhem para mim, foi Emmett quem tratou de tudo.
Elas rolaram os olhos.
–Como vamos saber quem é? - Rose indagou impaciente.
–Fale baixo, Rose. - Alice pediu. - Melhor que o Edward não nos escute e fique mais
bravo ainda. – Edward estava um pouco afastado com os pais.
–E acho que não teremos problema com isto, quantas noivas acha que chegarão hoje?
E ela deverá ter a foto de Edward e a carta dele.
–Carta dele?
Emmett ficou vermelho.
–Eu escrevi como se fosse ele.
–Oh Deus. – Rosalie suspirou.
De repente um rapaz apareceu correndo.
–Uma tragédia aconteceu. Um desastre! - ele resfolegava.
–O que foi, rapaz? - Carlisle se aproximou.
–A diligência. Virou. Um acidente.

–Onde?
–Na entrada da cidade
–Temos que ir pra lá. – Carlisle falou para os filhos. – Rapaz, avise o xerife e traga
mais ajuda.
Carlisle e os filhos correram para onde fora o acidente.
E como o rapaz falara, a diligência rolara a ribanceira abaixo.
Edward seguiu o pai, amaldiçoando o mau tempo que causara o acidente e
preocupado com as pessoas dentro da diligência. Esperava que todos estivessem
vivos.
Ele estava pronto para detestar a moça que estava vindo para ser sua noiva, mas de
maneira alguma ia desejar um mal deste.
Ela na verdade era uma vítima como ele.
Emmett achou o motorista da diligência, o homem gemia, mas não parecia muito
machucado.
Edward e Jasper conseguiram desvirar o veículo e lá encontraram uma senhora que
gemia com um machucado na testa e uma moça loira desmaiada. Havia sangue em seu
vestido.
Ela era bonita e jovem.
E Edward se perguntou se esta era sua suposta noiva.
–Garotos, me ajudem aqui. – Carlisle gritou não muito longe e Edward o viu
agachado perto de outra moça.
Eles se aproximaram.
A chuva batia em seu rosto muito branco. Os cabelos castanhos estavam soltos e
Carlisle o colocou para o lado, revelando um galo em sua testa.
–Ela está...? - Jasper indagou.
–Não, seu coração bate, não parece haver mais nenhuma escoriação.
–O que é isto em sua mão? - Emmett indagou e Carlisle retirou algo que a moça
segurava em entre os dedos e então ele estendeu a Edward.
Era sua foto.
E juntamente com a foto, uma carta, agora molhada.
Emmett riu, contrariando a seriedade da situação.
–Acho que acabamos de conhecer sua noiva.

A cidade estava na maior rebuliço com o acidente.


E também porque a noticia de que a noiva de Edward Cullen estava na diligência
acidentada se espalhou como pólvora.
O hospital de Forks era bem pequeno e tinha bem poucos leitos.
Então, Carlisle deu ordem para levarem os pacientes mais graves que precisam de
sutura para lá e aquela que estava sendo chamada de a noiva de Edward para sua
casa. Era até melhor, pois assim evitaria os olhares curiosos sobre a pobre moça.
–Mas pai... – Edward não queria se sentir mais culpado.
E ele se culpava. A moça estava ali por sua culpa.
Porque achava que ia se casar com ele e agora estava acidentada.
–Ela tem apenas um galo na testa, vai ficar bem. - Carlisle garantiu, a examinando
rapidamente e saindo do quarto. - Vou para o hospital. Você pode ficar e me chamar
se ela precisar de algo.
–Tudo bem.
Alice e Rosalie entraram no quarto.
–Oh meu deus, que horrível. – Alice dizia.
–Sim, um acidente horrível. – Rose suspirou.
–Não, eu falo deste vestido dela, tá ensopado, cheio de lama, um horror. Venha
Rose, me ajude, vamos tirar isto dela!
Edward revirou os olhos, mas acabou concordando.
A moça podia ficar pior molhada.
E ele saiu do quarto para que as irmãs a despissem.
As duas saíram de lá minutos depois.
–Nós vamos tentar achar uma camisola adequada, mas pode entrar, ela está coberta.
- Alice explicou.
Rose carregava o vestido molhado atrás dela.
Edward voltou para o quarto e a moça estava mais pálida sobre os lençóis brancos.
Os longos cabelos castanhos espalhados pelo travesseiro.
Ele se aproximou e tocou o machucado em sua testa. Não parecia grave.
De repente ela se mexeu e abriu as pálpebras.
Olhos cor de chocolate quente se prenderam nele.
Assustados.

E então ela soltou um grito e se sentou, se afastando para o canto da cama.


–Quem é você? - indagou com a voz trêmula de medo.
–Por favor, fique calma. Houve um acidente com a diligência, a senhorita desmaiou.
Ela olhou em volta.
–Onde estou...?
–Na minha casa. Eu sou Edward Cullen. – explicou.
Mas ela permaneceu com os olhos arregalados.
–Quem é você? E por que estou aqui?
–Oras, acho que era para cá que estava vindo mesmo, não é?
“Não que fosse permanecer muito tempo ali”. Pensou.
Mas não iria aborrecê-la com isto agora. Não com ela machucada e amedrontada
daquele jeito.
–Eu? Vir pra cá? Mas não faço ideia de quem seja o senhor!
–Não? - Edward franziu o cenho. Será que tinham errado? Não. Ela tinha a foto
dele nas mãos. Deveria estar confusa com o acidente. – Você estava com a minha
foto na mão.
–Sua foto? Está louco? Nunca te vi na vida nem em retrato!
–A senhorita realmente não me conhece, mas deve lembrar que estava vindo para a
cidade com o intuito de... se casar comigo.
Seus olhos se arregalaram ainda mais.
–Eu não sei de nada disto... Não é possível... Eu vim... eu vim... - ela me encarou
novamente – Oh deus, eu não lembro o que vim fazer aqui.
Edward começou a se preocupar.
Será que a moça era insana?
–Senhorita, vamos começar de novo então. Qual o seu nome?
Ela ficou em silêncio, olhando para baixo e quando os olhos castanhos o fitaram,
estavam cheios de lágrimas.
–Eu não sei... Eu não sei o que estou fazendo aqui... eu não sei qual é o meu nome. -
ela estremeceu – Eu não sei quem eu sou.

**continua**

(Cap. 2) Capítulo 2
Duas coisas aconteceram em seguida
A moça largou o lençol que segurava sobre o corpo e cobriu o rosto com as mãos,
soluçando.
Obviamente o lençol escorregou, revelando aos olhos de Edward um par de seios
brancos perfeitos.
Ele sabia que não deveria olhar. Era um cavalheiro. E a moça estava sob forte
comoção.
Mas ele ficou sem reação por um momento, os olhos admirando os seios da
desconhecida.
Sua noiva.
–O que está acontecendo? – a voz de Rosalie entrando no quarto o fez voltar à
realidade, e num átimo, ele a cobriu com o lençol.
–Ela está descontrolada.
–Oh, não fique assim. – Alice entrou, trazendo a camisola.
Edward ficou aliviado.
Não queria mais ser tentado pela moça nua.
–Sai daqui, Edward, nós vamos vesti-la e depois você pode examiná-la.
Edward saiu, pensando no que ela dissera.
Ela não se lembrava de nada. Estaria com amnésia?
Teria que pedir para o pai vir examiná-la.
Rose saiu do quarto carregando uma pequena bolsa.
–Ela diz que não sabe quem é!
–Sim, me disse o mesmo.
–Será que é porque bateu a cabeça?
–Pode ser. Teremos que esperar por Carlisle.
–Não trouxeram a bagagem dela, mas esta bolsa estava em seu pulso e aqui diz
pertencer a Isabella Swan. Pelo menos agora sabemos seu nome.

Então era este o nome da moça: Isabella Swan.


Sua noiva.

**

Ela lutava contra a dor. E estava perdendo.


E não era uma dor física, embora sua cabeça martelasse como se um ferreiro
estivesse dentro dela. Não. Era a dor horrível de não saber exatamente nada sobre
si mesma.
Que diabos estava acontecendo com ela?
E quem seriam aquelas pessoas a sua volta?
–Por favor, não fique assustada, vamos cuidar de você. – a voz da moça a sua frente
era melodiosa como um sino. Ela era bonita, com cabelos castanhos e estava
elegantemente vestida. – Gostou da camisola? É uma das minhas preferidas! Veio de
Paris, para meu enxoval. E olha que eu me casei há quase um ano e nunca a usei. – ela
riu e deu uma piscadela. – Mas eu tenho outras, tão lindas quanto esta. E sempre
estou comprando mais e...

–Alice, por Deus, pára de atormentar a pobre moça!


A voz autoritária e com um tom de tédio partiu da garota loira que voltava ao
quarto.
E se a morena era bonita, esta era deslumbrante.
Ela lhe lançou um olhar que podia ser descrito como crítico, não preocupado.
–Este seu galo está feio, mas acho que não será permanente, graças a Deus!
Alice rolou os olhos.
–Ai, Rose, só pensa nas aparências.
–E você só pensa em vestidos!
E em camisolas vindas de Paris e nunca usadas, ela quis acrescentar.
Sua cabeça começava a dar voltas em busca de respostas que não vinham.
Como onde estava e por quê. E quem eram aquelas duas estranhas elegantes.
–Por favor. – conseguiu balbuciar e as duas a encararam. – Eu... eu... onde estou?
Alice deu um sorriso. Parecia tranqüilizador. Mas ela ficou com medo da moça
começar a falar de camisolas de novo.
–Na casa dos Cullens, claro!
Cullen? Quem eram os Cullens? Isto não a ajudava em nada!
–Ela está com amnésia, Alice. Misericórdia! – e então a encarou. – Bom, por causa
deste galo tenebroso e nada atraente na sua testa, não está se lembrando de nada.
–Mas...mas... Deus, eu não consigo lembrar de nada. Nem quem eu sou, nem onde
estou, ou o que estou fazendo aqui! – ela tinha vontade de gritar de agonia.
–Seu nome é Isabella Swan. Ajuda em alguma coisa?
As duas a encararam esperançosas, mas ela continuou no escuro.
Isabella Swan era seu nome?
Bom, pelo menos tinha um nome.
–E quem são vocês? Devo conhecê-las?
Será que fazia parte daquela família? Como é mesmo que tinham dito? “Cullens”.
–Ainda não. – a morena que chamava Alice respondeu. - Mas vai fazer. – e ela deu
pequenos saltinhos enquanto batia as mãos.
–O que quer dizer? – murmurou ainda mais confusa.
A tal Rosalie sentou na cama a sua frente.
–Você está aqui para casar com Edward.
Edward.
Sim, o rapaz que estava com ela no quarto quando acordara.
Lembrou-se imediatamente dele. E como é que podia esquecer?

Ela estava sem memória e não se lembrava de qualquer homem


especificamente que tivesse conhecido, mesmo assim, duvidava que algum dia tivesse
conhecido alguém como Edward Cullen.
Ele era absolutamente lindo.
Deslumbrante.
Era esta a palavra que lhe vinha à mente quando se lembrava dele.
Era realmente uma pena que estivesse naquele estado deplorável...
Espera, da onde vinham aqueles pensamentos insanos?
E o que fora mesmo que Rosalie dissera?
Que ela estava ali para se casar com Edward Cullen.
Mas aquilo era uma loucura sem tamanho!
Ela nem o conhecia!
Ou será que conhecia?
Ele tinha dito a mesma coisa, não tinha?
Algo sobre ela carregar nas mãos uma foto.
–Como isto pode ser possível? – murmurou aturdida. – Não faço idéia de quem ele
seja...
As duas se entreolharam.
–Bem, na verdade nunca o tinha visto antes mesmo. – Alice disse.
–Sim, você foi mandada por uma agência de casamento. – Rosalie explicou.
–Agência de casamento?
–Sim, para se casar com Edward. Talvez por isto sinta que não o conheça, porque
realmente não o conhecia
–E mesmo assim eu estava vindo casar com ele? – indagou horrorizada. Oh, que tipo
de maluca ela era?
–Sim, isto é muito romântico. – Alice suspirou. – Realmente uma lástima este
acidente com a diligência.
–Mas o importante é que está bem e tirando esta amnésia e este galo que podemos
disfarçar com pós de arroz, esta muito bem! – Rosálie disse confiante.
–Sim, a outra moça parece que nem acordou ainda. – Alice murmurou.
–Outra moça?
Rosalie lhe deu um tapinha tranqüilizador na mão.
–Não se preocupe com isto. Carlisle é um ótimo médico, tenho certeza que todos
ficarão bem. Agora vamos deixar você descansar. Edward foi chamar Carlisle para
te examinar, mas com toda aquela gente acidentada... Melhor descansar.
E ela a deitou na cama, colocando a coberta em cima.
–Sim, Isabella, descanse. – Alice sorriu e ela queria mesmo fechar os olhos e
esquecer.
Esquecer que tinha esquecido de tudo na sua vida.

Quando acordou novamente havia um homem loiro no quarto. E bonito.


Será que todos naquela família eram dotados de extraordinária beleza? Se
perguntou.
–Olá, não fique assustada. Eu sou Carlisle Cullen e além de ser pai do Edward, eu
sou médico. Como está se sentindo?
Ela mordeu os lábios.
–Minha cabeça dói.
–Sim, por causa da contusão. – disse enquanto a examinava. - Dói em mais algum
lugar?
–Não.
Ele a encarou seriamente.
–Edward me disse que não está se lembrado de nada.
–Sim... Por mais que eu tente... Nada me vem à mente.
–Bom, irei lhe fazer algumas perguntas, vamos ver.
Ele perguntou em que ano estavam e sobre quem era o presidente e coisas assim.
Mas quando as perguntas iam para o âmbito pessoal, ela nada sabia responder.
–Bom, Isabella. A senhorita está mesmo com uma amnésia.
–Amnésia? – a palavra parecia assustadora.
–A medicina ainda não sabe muito coisa sobre isto, mas é um trauma na sua cabeça,
que deve ter ocorrido por causa da batida.
–E como é que eu me curo disto?
–Eu andei pesquisando sobre isto uma época e as pessoas que sofrem de amnésia
podem voltar a se lembrar sim, às vezes demora apenas dias.
Ela suspirou aliviada.
–Mas também pode levar mais tempo. Semanas, meses. Ou às vezes volta aos poucos.
Oh, Deus, o que seria dela?
Pelo o que tinha entendido até agora, estava numa cidade estranha, cercada de
gente estranha e para completar, não fazia idéia nem do próprio nome.
Ou melhor. Sim, ela se chamava Isabella Swan.
Já era alguma coisa.
–Mas não se preocupe, Isabella. Vamos cuidar de você. Vai ficar tudo bem.
–Eu não quero... ser um estorvo...
–Claro que não será.
Ele se levantou ao mesmo tempo em que uma mulher com rosto bondoso entrava no
quarto.
–Isabella, esta é Esme Cullen, minha esposa.
A mulher lhe sorriu.
–Olá, Isabella, eu realmente sinto muito por tudo isto. Espero que fique bem logo e
que sua memória volte.
–Eu também espero. – murmurou.

–Apenas descanse. – Carlisle completou. - Se precisar de algo, pode chamar.


Eu voltarei ao hospital, mas Esme ficará aqui com você.
Ele se afastou e Esme se aproximou. Ela tinha um olhar maternal que passava
segurança.
–Deve estar tudo muito confuso, não é? Mas não se preocupe. Tudo se resolverá.
–É horrível não saber nada...
–Eu imagino. Mas nós cuidaremos de você.
Ela fechou os olhos. A mente rodando, girando, enquanto tentava puxar algo,
qualquer coisa do funda mente. Mas não havia nada. Apenas o vazio.

Não conseguiu dormir, mas fingia que dormia, enquanto Esme Cullen continuava por
ali. Ouviu quando Rosalie e Alice entraram no quarto fazendo perguntas e foram
expulsas por Esme, que as acompanhou finalmente porta afora.
E só então deu vazão ao pranto.

Quando anoiteceu, ouviu uma batida na porta seguida da entrada de Esme e das
duas moças com olhares curiosos atrás. Esme trazia uma bandeja e lhe sorriu.
–Trouxemos seu jantar, querida.
–Obrigada. – murmurou, se sentindo sem graça. Embora não se lembrasse, tinha a
impressão que nunca tinham lhe servido comida na cama antes.
–Espero que esteja tudo do seu agrado.
–Acho que estará sim. – tentou sorrir.
Alice e Rosalie cochichavam e Esme as fitou, contrariada.
–Vocês deveriam descer e esperar o marido de vocês para o jantar.
–Mas queremos ficar com a Isabella.
–Isabella está se recuperando de um acidente e precisa de paz, e tenho certeza que
nenhuma de vocês lhe dará isto agora. Desçam.
Contrariadas, as duas saíram do quarto e Esme a encarou.
–Elas estão muito curiosas com você.
–Comigo?
–Sim, há tempos esperam por uma noiva para Edward.
–Oh. – ela não sabia o que pensar disto.
Na verdade era muito esquisito pensar nela como noiva de alguém. Ainda mais de
Edward Cullen.
–Mas não se preocupe. Você precisa se recuperar, não as deixarei perturbá-la.
Coma tranqüila. Assim que chegar, meu marido virá vê-la.
–Tudo bem. Muito obrigada.

Esme saiu do quarto e ela se forçou a ingerir o jantar, embora a cabeça


ainda doesse e a deixasse um pouco enjoada.
Carlisle Cullen apareceu logo depois, a examinou, fez perguntas e ainda não tinha
nada a dizer, a não ser que tinham que esperar sua recuperação.
Depois ela ficou sozinha no quarto semi-escuro.
Não lhe restava nada a não ser esperar.
Quem sabe o dia seguinte lhe trouxesse as memórias de volta.
E então ela esperava entender o que realmente estava fazendo ali.

Achou que não dormiria, mas quando acordou já era dia e havia alguém no quarto.
Ou melhor, duas pessoas.
Alice e Rosalie.
–Bom dia, bela adormecida. – Rosalie sorriu enquanto abria as cortinas e Alice
trazia uma bandeja, que a depositou na sua frente.
–Faminta? Tome seu café da manhã.
–Ah, eu...
–Está fazendo um lindo dia. Pena que está neste estado e nem possamos sair para
dar um passeio e exibir você para todas as moças da cidade!
Rosalie riu.
–Vai ser engraçado. Muitas ainda acham ter chance.
As duas riram agora de uma piada que ela não compreendia realmente.
Duas moças e dois rapazes, criados na verdade, bateram à porta e entraram em
seguida, carregando uma tina enquanto as criadas iam e vinham com baldes de água
quente.
–Acho que deve estar querendo um banho não é? – Alice disse. – Acabe de tomar
seu café e pode relaxar tomando um banho. Meu pai já foi trabalhar, mas ele
voltará para vê-la assim que possível.
–Eu estou muito sem graça, não quero dar todo este trabalho.
Rosalie rolou os olhos.
–Não é trabalho algum.
–Sim, agora é nossa irmã!
E embora se sentisse muito sem graça, apenas conseguiu um momento de paz depois
que concordou em entrar na banheira quente.
Rosalie e Alice saíram do quarto, prometendo voltar depois “para lhe contar tudo
sobre Forks” e finalmente ela pôde respirar aliviada.
Olhou em volta, enquanto afundava na água morna.
Ainda não sabia o que lhe aguardava da porta para fora, mas os Cullens deviam ser
ricos, se levasse em conta a decoração elegante do quarto que estava.

E o que isto significava? Pensou em tudo o que acontecera desde que


acordara com a mente vazia.
Ainda não sabia quem era, apenas o que aquelas pessoas bonitas e gentis lhe diziam.
Seu nome era Isabella, viera de outra cidade para se casar com Edward Cullen.
Que não só era muito bonito, mas provavelmente rico.
E mesmo assim recorrera sabe deus por que, a uma agencia de matrimônio para
conseguir uma noiva.
Será que não havia mulheres em Forks?
Ou todas eram cegas por não repararem em Edward Cullen?
Homens ricos, jovens e de boa aparência não eram algo comum.
Era tudo muito estranho.
E o que aconteceria com ela agora?
Sentiu a cabeça doer de novo e colocou a mão sobre a testa.
Até pensar era difícil quando não se tinha pensamentos suficientes para juntar as
peças soltas.
Exausta emocionalmente, fechou os olhos e se recostou na banheira, fechando os
olhos.
Mas se sentou sobressaltada, ao ouvir a porta se abrindo de repente e ninguém
menos que Edward Cullen a encarava.

continua

(Cap. 3) Capítulo 3
–Oh, me desculpe, eu... – balbuciou aturdido.
E sinceramente ela não sabia quem estava mais surpreso.
Edward continuou ali parado, seus olhos a medindo, e Bella se sentiu corar. Havia
muita água a cobrindo, mas sinceramente não cobria tudo. Seu rosto se tingiu de
vermelho.
Ela não conseguia falar, a voz subitamente sumira.
–Achei que minhas irmãs estivessem aqui com você, mil perdões Isabella. - Edward
murmurou por fim, se virando para sair.
Bella já ia respirar aliviada quando o viu se afastar, mas de repente algo lhe
ocorreu.
–É Bella.
–O quê? – ele se virou novamente.
–Meu nome. Não gosto que me chamem de Isabella. Me chama de Bella.
–Como sabe disto, se lembrou?
Bella sacudiu a cabeça negativamente.
–Não, é apenas algo que sinto.
Ele sorriu e algo se remexeu dentro dela.
Edward Cullen era realmente bonito.
–Tudo bem, Bella.
E ele se afastou, fechando a porta atrás de si.
Só então Bella se deu conta de como seu coração tinha disparado.
Levou a mão ao peito, respirando fundo, tentando se acalmar e não sentir mais
vergonha ao relembrar a cena.
Mas era difícil.
Rosalie e Alice voltaram ao quarto quando ela já estava vestida com a camisola de
Alice novamente.
Esta a fitou criticamente.
–Vou trazer outra para você, não se preocupe.
–Eu não quero ficar usando suas coisas, Alice.
A moça deu de ombros.
–Sim, isto tem razão. Assim que estiver bem, iremos à modista na cidade e faremos
um enxoval completo para você. Ainda não sabemos que fim levou sua bagagem.
Bella suspirou pesadamente. Cada vez mais ficava devendo aos Cullens.
–Não fique triste. – Rosalie disse. – Tudo vai se resolver. Agora deite-se e
descanse para ficar bem logo.
–Sim, prometemos ao Carlisle que cuidaríamos bem de você. – Alice sorriu, a
cobrindo.
Bella não queria ficar na cama, mas também não queria encarar o mundo além do
quarto elegante dos Cullens.
Um mundo desconhecido. E assustador.

O dia passou entre cochilos e as vozes animadas de Rosalie e Alice.


Bella queria saber se Edward tinha dito algo sobre o momento constrangedor que
tinham passado, mas pelo visto ele não falara nada.
Bella se sentia aliviada por isto.
Pelo menos não teria que compartilhar a vergonha com mais ninguém.
No fim da tarde Carlisle Cullen apareceu.
–Como se sente?
–Me sinto bem, minha cabeça já não dói.
–E sua memória?
–Nada. – murmurou.
–Certo, não fique muito preocupada com isto. Sua memória vai voltar.
–E ela ainda terá que ficar de cama? – Rosalie perguntou.
–Se ela já se sente bem, pode sair do repouso. – Carlisle respondeu e Alice sorriu
satisfeita.
–Que maravilha, poderá descer para jantar conosco! Vou achar um vestido para te
emprestar.
Rosalie revirou os olhos, entediada.
Mas uma hora depois ela se olhou no espelho, enquanto Rosálie acabava de arrumar
seus cabelos, enquanto trajava um lindo vestido de Alice Cullen.
–Ficou perfeito em você. Edward vai a achar linda!
Bella mordeu os lábios, incerta.
Não era importante que Edward gostasse dela, era?
Ela não saberia dizer.
O certo era que pelo o que todos diziam, havia um único propósito em estar ali: se
casar com Edward Cullen.
Seu coração se apertou de incerteza.
Se ao menos se lembrasse!
Era tão difícil entender porque tomara aquele tipo de atitude.
Será que além da amnésia, o acidente também mudara sua personalidade?
Porque de maneira alguma se imaginava querendo se casar com um homem
desconhecido. Viajando milhas e milhas atrás dele.
Apenas com uma foto na mão.
O que a levara até Edward? Será que fora justamente o retrato? Porque ele era
bonito como uma estátua de David, com aqueles cabelos cor de areia e olhos
dourados.
Ou será que era uma daquelas moças que queriam se casar com um homem rico?
Ela só queria saber o que a motivara.
Mas será que tinha alguma importância agora que estava ali?
–Vamos descer! – Alice a puxou pela mão e elas saíram do quarto.
O corredor era iluminado e tão elegantemente decorado como o quarto.

Desceram uma grande escadaria e Bella começou a ouvir uma doce melodia ao
piano, enquanto percorriam o corredor até uma linda sala de visitas.
E parou incerta quando três pares de olhos a fitaram.
Dois rapazes que estavam em pé perto da grande janela, eram desconhecidos, mas
muito bonitos. Estes deveriam ser os irmãos de Edward e maridos de Rosalie e
Alice.
Mas seus olhos passaram rapidamente por eles e foram até seu suposto noivo.
Ele estava em frente ao piano, e tinha se levantado quando entraram, como mandava
as boas maneiras.
E sim, ele ainda era tão lindo como se lembrava.
–Então esta é a Isabella. – o mais alto dos rapazes sorriu. – Devo dizer que está
bem melhor agora do que toda molhada e suja de lama. Bem melhor...
Bella ficou vermelha, mesmo intuindo que era uma brincadeira.
–Emmett. – Rosalie ralhou e a encarou. – Não ligue para meu marido, ele gosta de
fazer brincadeiras.
–Sim, não ligue para ele. – Alice disse. – Mas devo dizer que está muito bonita
mesmo, afinal, fui eu quem a arrumei e tenho ótimo bom gosto, não é Edward?
Isabella não está bonita?
Ela prendeu a respiração, ficando ainda mais vermelha quando Edward deu um
sorriso de lado.
–É Bella.
–O quê? – Alice o encarou confusa.
–Acho que ela prefere ser chamada de Bella, não é? – e ele a encarou, a fazendo se
lembrar do momento no quarto. Ficou ainda mais envergonhada, se é que era
possível.
Edward a viu corar e teve vontade de ir até ela e tocar seu rosto.
O que era tremendamente ridículo, para não dizer inapropriado.
Como fora o fato de ter entrado em seu quarto naquela tarde.
Mas ele acreditara que Rosalie e Alice estivessem no quarto com a moça e queria
saber como ela estava.
Porque desde que a deixara no quarto chorando depois de acidentalmente ver seus
seios, ele a estava evitando. E isto por vários motivos.

Primeiro que todos se referiam a ela como “sua noiva”, o que ele achava um
pouco exagerado, já que todos sabiam o que pensava daquela história de noiva. Até
o acidente, Edward estava certo de mandar a tal noiva de volta de onde tinha saído,
afinal nunca concordara com aquela armação dos irmãos. Mas tudo mudara com o
acidente e agora para piorar, ela estava sem memória. Como é que ele ia dizer lhe
que não tinha a menor intenção de se casar com ninguém, muito menos com ela?
Então ele esperara. Talvez ela recuperasse a memória e assim pudessem ter uma
conversa esclarecedora. E Isabella Swan iria finalmente embora de Forks.
Mas pelo o que suas irmãs diziam, embora fisicamente ela parecesse bem, sua
memória ainda era um mistério.
E agora, o que ia fazer? Edward passara aqueles dias se debatendo consigo mesmo.
E evitando a tal moça.
O problema era que mesmo a evitando, ele não conseguia parar de pensar nela. Ou
melhor, naqueles poucos segundos em que o lençol escorregara e ele vira seus seios.
Certo, ele podia se envergonhar disto, mas era inevitável.
E agora, enquanto ela caminhava ao lado de suas irmãs pela sala, usando um lindo
vestido de Alice, ele só conseguia pensar em como gostaria de não só ver seus seios
de novo, como tocá-los para ver se eram tão macios como aparentavam. Ou quem
sabe prová-los... Oh Deus, o que estava pensando? Estava enlouquecendo? Tendo
fantasias totalmente impróprias com sua quase suposta noiva, por quem não deveria
sentir absolutamente nada. E ela estava convalescente. Era mesmo de se
envergonhar.
Querendo distrair a mente, voltou ao piano e começou a tocar.
–Edward, toque algo mais alegre, por Deus! – Rosalie suspirou entediada. – Deste
jeito todos nós estaremos dormindo antes mesmo do jantar!
Bella o observou tocar piano.
Então além de extremamente bonito e rico, Edward Cullen também tocava piano.
Ela quase podia suspirar, deslumbrada. Mas se obrigou a manter a compostura.

Ainda não sabia qual seu lugar ali e não queria parecer uma idiota em frente
aos Cullens.
–Como está se sentindo Isabella? – Esme Cullen perguntou ao entrar na sala
acompanhada do Doutor Carlisle Cullen.
–Bem. – respondeu. – E queria aproveitar por agradecer a todo cuidado que estão
tendo comigo.
–Imagina, querida. Nós lamentamos muito seu acidente e espero que recupere sua
memória logo.
–Eu também espero.
–Eu não vejo a hora da Bella estar totalmente restabelecida. – Alice disse, sentada
ao lado do marido. – Quero começar logo todos os preparativos e...
–Alice. – Edward, que até aquele momento parecia absorto ao piano, parou de tocar
e encarava a irmã parecendo contrariado. – Acho que não é o momento.
–Mas Edward...
–Querida, vamos falar sobre isto depois. – Jasper apertou sua mão, tentando fazer
com que parasse. – Bella ainda está se recuperando.
–Mas é isto que estou dizendo! Quando ela se recuperar eu...
–Vamos jantar. – Esme cortou o assunto e Bella olhava de um para o outro, confusa.
Era impressão sua ou havia uma tensão estranha no ar?
Será que era por sua causa?
Enquanto se dirigiram à elegante sala de jantar dos Cullens, e empregados
uniformizados serviam a comida, ela se perguntava de novo por que um homem como
Edward Cullen precisaria mandar buscar uma noiva de uma agência.
E por que ele parecera contrariado quando Alice falou sobre preparativos?
De alguma forma Bella podia sentir alguma coisa estranha no ar e se perguntou se
era por sua causa, ou se estaria insegura demais com sua situação que já estaria
inventando coisas.
De qualquer forma o jantar transcorreu sem percalços, os Cullens pareciam pessoas
gentis e as conversas eram todas monopolizadas por Alice e Rosalie.
Bella tentava não olhar para Edward, mas era difícil, quando foram colocados
frente a frente. Mesmo assim, ela tentava não parecer uma tola deslumbrada.

Depois do jantar todos foram para a sala e Alice parecia ter outros planos.
–Vamos para a varanda? A noite está tão quente...
–Quente? Alice, está praticamente nevando lá fora. – Emmett riu e Alice lhe lançou
um olhar irritado, seguido por Rosalie.
–Fique aqui então. – ela segurou o braço de Bella. – Mas nós vamos tomar um ar.
–Sim, e já que nenhum de vocês querem ir conosco. – Alice completou e empurrando
Jasper de volta ao sofá, antes deste entender o que estava acontecendo. – Edward
me acompanha, não é? – e ela puxou Edward em direção a varanda, atrás de Rosalie
e Bella.
–Eu sei o que está fazendo. – Edward cochichou com Alice que apenas riu.
–Não sei do que está falando...
Estava claro que este era um plano das duas para que se aproximasse de Bella.
E ele sabia que devia desencorajá-las, mas de alguma forma, ele queria mesmo estar
mais próximo da suposta noiva.
Claro que não era por nenhum dos motivos que Rosalie e Alice queriam.
Ele precisava apenas ter a oportunidade de conversar com ela e esclarecer alguns
pontos.
E como desconfiava, depois de alguns minutos na varanda, Rosalie bocejou
falsamente.
–Estou com sono, acho que vou entrar. Me acompanha, Alice?
–Claro que sim!
E as duas desapareceram, fechando a porta atrás de si.
Bella mordeu os lábios com força assim que Rosalie e Alice se foram.
E agora? Como é que tinha se metido naquela situação constrangedora?
Mas parecia que desde que conhecera Edward Cullen, todas as situações eram
embaraçosas.
Respirou fundo, tentando controlar seu coração subitamente disparado.
Ele estava parado ao seu lado, enquanto fitavam as luzes do jardim dos Cullens.
–Está realmente frio aqui. – murmurou.
E sem aviso, Edward tirou o casaco e colocou sobre seus ombros.
–Melhor agora?
Bella agradeceu pela semi-escuridão, assim ele não a via vermelha.
–Obrigada.
–Não precisa ficar com medo. – disse de repente e Bella o fitou.
Um erro, claro. Ele estava perto. E ela tinha que levantar a cabeça para alcançar
seus olhos.
Eram dourados. Ou verdes. Não estava bem certa. Mesmo assim, a
perturbavam.
–Medo? – murmurou e ele sorriu de lado.
Bella engoliu em seco. Oh deus, por que ele fazia isto tão bem? Sorrir?
Era como algo quente se enroscasse dentro dela, fazendo borboletas percorrer seu
estômago. Desviou o olhar.
–Tenho certeza que minhas irmãs estão atrás da cortina neste exato momento no
espiando. – disse divertido.
–Oh...
–Eu sei que deve ser estranho para você. Não se lembrar de nada.
–Sim, isto é assustador mesmo. – concordou.
–Também sei que não deve fazer idéia dos motivos que a levaram a vir para Forks.
–Achei que era para me casar.
Ele estava sério agora.
–Sim, mas não se lembra disto.
–Não, não lembro. E é realmente estranho imaginar que estou aqui para me casar
com você, porque eu nem te conhecia, mesmo se me lembrasse de tudo, mesmo assim,
eu não me lembraria de você.
–Mesmo assim viajou até aqui para isto.
–Eu sei. Ou pelo menos é o que parece não é? Mas não consigo imaginar... não
consigo me imaginar, fazendo algo assim. – as palavras saíram de sua boca sem que
conseguisse contê-las, mas Bella se arrependeu um pouco. - Me desculpe.
–Não se desculpe. Eu a entendo.
–Mas eu não me entendo – sorriu nervosamente. – Eu devo mesmo querer estar aqui,
afinal, eu estou aqui! Mesmo não me lembrando...Não quero que pense que... Enfim,
não me lembro dos motivos de ter viajado para me casar com você, mas acho que
deve ter algum.
–Eu quero que saiba, que não a abrigarei a nada. – disse e Bella franziu a testa.
–O que quer dizer?
–Que nada vai acontecer, antes que se lembre de tudo.
–Quer dizer sobre o casamento?
–Sobre qualquer atitude a ser tomada. – disse cuidadosamente e Bella tentou
imaginar se havia algo mais.
Devia se sentir aliviada não é?
Afinal, não fazia idéia do que estava fazendo ali. Não sabia nem quem era!
Como é que podia sequer cogitar se casar?
Mas de alguma maneira as palavras de Edward não causaram o efeito desejado.

Devia estar louca. A contusão na cabeça deve ter causado algo em seu
cérebro, que não estava funcionando bem.
–Sim, concordo com você. – disse por fim. – Muito obrigada.
Ele sorriu e ela estremeceu. Desviou o olhar, antes que se visse sorrindo para ele
como uma idiota.
–Vamos entrar?
–Sim.
Assim que Edward abriu a porta, ainda puderam ver os passos apressados de
Rosalie e Alice se afastando, e Edward riu.
–Eu falei.
Bella podia rir também, mas ainda estava nervosa com sua proximidade e tudo o que
queria era se afastar.
–E então, conversaram bastante? – Alice sorriu.
–Tenho certeza que você sabe, não é Alice? – Edward respondeu, mas Alice lhe
lançou um olhar inocente.
–Eu vou dormir, se não se importam. – Bella respondeu.
Ela precisava se afastar um pouco dos Cullens e colocar os pensamentos no lugar.
–Claro que não. – Carlisle respondeu. – Vou acompanhá-la para examiná-la e depois
poderá descansar.
Carlisle e Esme acompanharam Bella e Rosalie se aproximou de Edward.
–E então nos conte o que achou de sua noiva?
–Rose, ela não é minha noiva.
–Como não?
–As coisas não mudaram.
–Mas eu achei... – Alice murmurou aturdida.
–Eu não mudei minha opinião sobre este assunto.
–Mas não gostou nem um pouco dela? - Rosa indagou.
Edward desviou o olhar.
O que responder?
“Eu gostei dos seus seios. Pareceram perfeitos para caberem em minhas mãos”
Com certeza não era isto que Rosalie queria ouvir.
–Oh, gostou? – Emmett riu malicioso e Edward se sentiu corar como um idiota.
–Eu nem a conheço.
–Mas claro que não. – Rosalie rolou os olhos. – Mas irá conhecer!
–Eu gostei dela. – Alice comentou. - E você o que achou Jasper?
–Eu a achei um pouco tímida. – Jasper respondeu. – Mas também pode ser toda esta
situação. Ela deve estar bem confusa, sem se lembrar de nada.
–Sim, se antes eu não podia me casar com ela porque nem a conhecia, agora é pior
ainda. - Edward suspirou pesadamente. – Agora nem ela sabe porque aceitou vir
para a cidade se casar comigo.

–Com certeza deve ter um motivo, afinal ela está aqui! – Rose falou. – Então
não sei porque não se casa com ela!
–Tem muitos motivos Rosalie e você sabe de todos, então é melhor que parem com
este assunto. Bella ficará aqui até que se restabeleça e depois irá embora,
entenderam?
E se afastou, irritado.
Alice encarou Rosalie.
–Ele gostou dela. – disse.
–Você acha mesmo? Ele me pareceu bem decidido a mandá-la embora, como antes.
–Ah Rose, você é bem burra às vezes.
–Não me chama de burra! Emmett, fala para ela parar de me tratar assim.
Emmett riu e beijou o rosto da esposa.
–Querida, desta vez concordo com Alice. Edward gostou da tal Isabella.
–Bella. – Jasper corrigiu.
–Que seja. – Alice se levantou, animada. – Ele está agindo assim porque acha que é o
certo. Afinal, Bella está sem memória!
–Mas ele não queria se casar com ela antes – Rosalie insistiu.
–Sim, mas você não percebeu como ele olha pra ela? Ah, claro que não, você fica
olhando seu reflexo nos espelhos, não ia reparar nisto mesmo!
–Eu vou fingir que não ouvi seus insultos, porque quero mesmo acreditar que Edward
gostou de Bella Swan! Seria perfeito! Ele finalmente vai se casar.
–As duas esquecem que Edward está decidido ainda a não se casar. – Jasper as
lembrou.
–Isto é um detalhe. – Alice piscou. – Precisamos fazer Edward mudar de ideia.
–E quanto à garota? Não acham que ela deve ter sua opinião levada em conta
também?
–Oras, ela veio até aqui, queria se casar, claro. – Rose respondeu.
–Mas não se lembra disto. – Emmett comentou.
–Não importa, uma hora ela vai lembrar. E se não lembrar, que diferença faz? O
importante é haver casamento. – ela encarou Alice pensativa. – Mas como faremos
para fazer Edward mudar de ideia?
–Eu já sei: vamos dar uma festa!
–Festa?
–Claro! Escute meu plano!

**

Bella acordou tarde naquela manhã. Se levantou e abriu as cortinas.


Ainda estava nublado lá fora. Será que era sempre assim nesta cidade?
De repente teve vontade de sair e conhecer os arredores.
Tocou a testa. Parecia bem menor agora o galo.
Mas sua memória... Ela forçou a mente. E nada.
Não havia nada ali.
Ou melhor, havia.
Havia Edward Cullen.
E seu sorrido de lado. E seu olhar dourado.
Ela suspirou pesadamente.
Não sabia ainda como se sentia em relação a ele
Talvez fosse normal se sentir daquele jeito, afinal, estava ali para se casar não
era?
Talvez ela já sentisse algo antes, mesmo não o conhecendo.
Só queria se lembrar disto.
A porta do quarto se abriu e Esme Cullen entrou segurando vários vestidos.
–Bom dia, Bella, como se sente?
–Bem melhor, mas ainda sem lembrar de nada.
–Não se preocupe, vai se lembrar.
–Eu fico sem graça de ficar aqui assim, dando tanto trabalho.
–Mas já te falei, não está dando trabalho algum. Olha, Alice separou estes vestidos
para você, Emmett e Jasper foram até o local do acidente para achar suas coisas.
–Tomara que achem, não quero ficar vestindo roupas emprestadas de Alice.
–Ela não se importa e também tem tantas roupas que nem lhe fará falta. Então se
vista e desça para tomar café.
–Obrigada.
Bella se vestiu com um dos trajes de Alice e desceu as escadas.
A casa estava silenciosa e encontrou Alice e Rosalie tomando café.
–Olá, bom dia. – Alice sorriu. – Dormiu bem?
–Sim, obrigada.
–Meu vestido ficou ótimo em você.
–Esme me contou que Jasper e Emmett tentarão achar minha mala, assim não
precisarei mais emprestar suas roupas.
–Imagina, eu estou adorando vesti-la.
–E nos conte Bella, será que na sua mala tem um vestido de baile? – Rose perguntou.
–Baile?

–Sim, nós vamos dar um baile daqui a alguns dias. Mas não se preocupe, se
não tiver nada apropriado, te empresto algo.
Rosalie rolou os olhos.
–Alice tem tanta roupa que não poderá usar tudo numa vida só.
–Tenho mesmo e adorarei te emprestar algo fabuloso! Você precisa estar
deslumbrante neste baile! Aliás, depois de tomarmos café, vamos para meu quarto
para experimentar alguns vestidos.
Bella tentou sorriu demonstrando animação.
Mas na verdade estava preocupada. Um baile?
Ela ainda se sentia tão insegura, como é que encararia pessoas estranhas num baile?
E de alguma maneira, só de se imaginar dançando ela já sentia dores no estômago.
Como prometido, depois de comerem, Alice a arrastou escada acima e Rosalie foi
para o jardim com um livro nas mãos.
Edward apareceu enquanto lia e Rosalie fechou o livro, o encarando com um sorriso.
–Ora, ora, quem está aqui tão cedo? Veio visitar sua noiva?
–Na verdade, Carlisle pediu para verificar se ela está se sentindo bem e caso não
esteja, para levá-la ao hospital;
–Ela está ótima, neste exato momento está com Alice no quarto experimentando
vestidos para o baile.
–Baile?
–Ah, ainda não sabe? Daremos um baile para a Bella daqui a alguns dias. Não é
maravilhoso?
Edward franziu o cenho, desconfiado.
–Por favor, não me diga que ainda não entenderam que eu não vou me casar e querem
dar uma festa de noivado.
–Oh, Edward, claro que não. Todos nós entendemos perfeitamente. Você não quer se
casar com Isabella Swan.
–Então qual o intuito deste baile? E não venha me dizer que não tem nada por trás,
que eu conheço você e Alice e sei que estão tramando algo.
Ela deu um risinho afetado.
–É, nos conhece bem. Claro que estamos com algo em mente.
–E o que seria?
–Bom, Bella fez uma longa viagem apenas para se casar e ainda nem faz ideia que
será rejeitada.
Edward se sentiu incomodado com aquele pensamento. Sim, Bella estava sendo
rejeitada. Até aquele momento não havia parado para pensar nisto.

Ela fizera uma longa viagem para se casar e ele iria mandá-la de volta.
–Enfim, nós ficamos preocupadas com ela, porque a achamos uma moça adorável.
Então resolvendo ajudá-la.
–Ainda não entendi.
–Nós vamos apresentar a Bella aos rapazes da cidade, assim algum deles poderá
cortejá-la e ela terá um casamento, não é maravilhoso?
Edward fitou Rosalie que sorria satisfeita.
Mas que diabos era aquilo agora?
–Está falando sério? Que ideia absurda é esta?
–Ora, Edward, Bella quer se casar, isto é óbvio, senão não estaria aqui. E já que não
quer se casar com ela, tenho certeza que achará quem queira!
Sim, colocando daquele prisma, Rose tinha razão
Mas ele não conseguia gostar nada daquela história. Na verdade, só de pensar em
Isabella Swan sendo exibida para todos os homens da cidade, ele sentia uma raiva
insana por dentro.
–Bella sabe disto? – indagou friamente.
–Bom, ela sabe que você não quer se casar com ela? – Rose indagou inocentemente e
Edward negou.
–Não, não sabe.
–Então acho melhor contar, assim ela já fica ciente de suas intenções. Não acho
certo enganá-la. Pense que ela pode conseguir um ótimo partido! Eu e Alice já
estamos fazendo a lista de convidados e tenho certeza que virão ótimos rapazes que
acharão Bella encantadora!
–Rosalie, ainda não posso concordar com esta ideia de vocês.
–Por que não? Mudou de ideia? Quer se casar com ela?
–Claro que não.
–Então não vejo por que nosso plano não é bom!
–Bella está se recuperando de um acidente, nem sabe quem é, como pode querer que
ela escolha um noivo?
–E então por isto tem que ficar solteirona?
–Bella é muito jovem para ser chamada de solteirona.
–Ela quer se casar, pode não se lembrar disto, mas quer. Então este baile será
perfeito. Ela poderá conhecer muitos rapazes.
–Ela pode não gostar de nenhum.
Rose deu de ombros.
–Acho que isto é com a Bella, mas tenho certeza que sabendo que não a quer, ela vai
tomar a decisão correta de arranjar um outro noivo.

Edward respirou fundo.


–Já falou com Esme e Carlisle sobre isto? Acho que não vão concordar.
–Claro que falamos. Começamos hoje os preparativos.
–Ainda acho muito cedo, Bella sofreu um acidente.
–Edward, querido, não se preocupe com nada, está bem? Nós tomaremos conta de
tudo! Olha lá, Emmett e Jasper chegaram.
E ela se levantou indo na direção deles.
–E então, acharam a mala?
–Achamos duas. Não sabemos qual é a dela.
–E será que vai se lembrar?
Alice apareceu quando entraram.
–Cadê as coisas da Bella?
Jasper lhe mostrou as duas malas.
–Onde está Bella? – Edward indagou.
–Está se trocando, já já ela desce. Rose, precisa ver como ela ficou bonita com os
vestidos. Deslumbrante. Vai fazer muito sucesso no baile.
Edward quase bufou e Alice o encarou.
–Rose já te contou sobre o baile?
–Sim, contou.
–Edward não concorda, Alice. – Rose disse.
–Por que não? É uma ótima ideia! E vai servir para você também, Edward, querido.
–Para mim?
–Claro, também vamos convidar várias moças, quem sabe não se encanta por alguma?
–Eu já conheço todas as moças desta cidade.
–Sempre tem alguém para se conhecer! – Alice disse abrindo as malas que Jasper
colocou sobre o sofá. – Hum, não gostei destas roupas aqui, muito simples...e desta
outra... é, são mais bonitas. Deve ser a mala da Bella.
Rosalie pegou um dos vestidos.
–Isto não é da Bella, é bem maior que ela.
–Deve ser da outra moça, a que está desacordada até hoje. – Emmett respondeu.
–Hum, então leve para o hospital. E quanto a está daqui, leve embora também, não
gostei de nada.
–Alice, são as coisas da Bella. – Rose a encarou espantada.
–E daí? Não gostei de nada.
–Não vai jogar nada fora, Alice. – Edward avisou.
–Está bem, está bem... – ela fechou a mala. – Chame um criado e mande guardar a
mala. Quando a Bella se lembrar que estes trapos, quer dizer, que estas roupas são
dela, pode querer de volta. Mas duvido que isto aconteça, assim que possível vamos
a uma costureira e vamos fazer vestidos lindos para ela!

–Olha, aí está nossa convidada. – Alice sorriu olhando para a porta e Bella
apareceu.
Edward a mediu. Vestia um dos vestidos de Alice e seus cabelos estavam soltos.
Era de um castanho cor de chocolate, como seus olhos, e contrastava lindamente com
sua pele branca.
–E então, acharam minha mala? – indagou ansiosa.
–Ah querida, achamos sim, mas está tudo sujo de lama, os empregados levaram para
lavar. – Alice mentiu e ninguém se deu ao trabalho de desmentir.
Alice colorara na cabeça que iria vestir Bella e ninguém conseguiria fazer com que
desistisse desta ideia.
–Que pena.
–Não se preocupe com isto. Bem, eu e Rosalie vamos nos retirar agora para tratar
dos preparativos para a festa. Quer nos ajudar Bella?
–Eu não faço ideia de como posso ajudar. – disse sem graça.
–Fique aqui então.
–Jasper e Emmett, podem vir com a gente? Precisamos passar algumas instruções. –
Rosalie falou e eles a seguiram.
Bella torceu as mãos, sem graça.
Era muito óbvio que Rosalie e Alice estavam conspirando para deixá-la sozinha com
Edward.
Ela ousou lançar-lhe um olhar enviesado.
Ele parecia contrariado com algo.
–Está tudo bem? – indagou.
Ele passou a mão pelos cabelos cor de areia.
Bella sentiu os próprios dedos formigarem de vontade de fazer o mesmo.
–Rosalie e Alice às vezes me exasperam.
Bella sorriu.
–Acho que posso entender porquê.
–Ah, não faz ideia... Mas não fique preocupada com isto, como está se sentindo
hoje? – indagou com uma precisão quase clínica.
–Muito bem.
Ele se aproximou e tocou o galo em sua testa. Bella quase deu um pulo, tamanho o
susto.
–Oh, me desculpe. – ele murmurou. – Não queria assustá-la. Eu ajudo meu pai com os
pacientes.
–Ah, claro. – disse aturdida.
–Ainda dói?
–Um pouco. – respondeu.
Ele estava perto ainda, embora não a tocasse e ela podia sentir seu cheiro
maravilhoso, atordoava seus sentidos.
–E sua memória?
–Nada ainda.
–Sinto muito, Bella.
Ela se afastou.
–Eu só queria me lembrar...
–Eu sei.

–Sua família está sendo muito gentil comigo, mas às vezes eu sinto... como se
não fosse para eu estar aqui.
Edward desviou o olhar e Bella sentiu que havia uma tensão no ar.
–Por que arranjou uma noiva por correspondência, Edward? – indagou. - Não parece
algo que... – se calou, sem querer parecer intrometida. Talvez estivesse falando
bobagens.
–Algo que eu faria? – Edward completou. – Sim, tem razão.
–Não entendo...
–Bella, a verdade é que não fui eu quem mandou a carta para a agência. Foram meus
irmãos.
Bella arregalou os olhos.
–Como assim?
–Depois que meus irmãos se casaram, minha família quer que eu me case também e
vêm tentando arranjar uma noiva pra mim há tempos. E quando não tiveram sucesso
com ninguém daqui, meu irmão Emmett teve a brilhante ideia de escrever à uma
agência.
Não passou despercebida a Bella a ironia em suas palavras.
De alguma maneira tudo parecia fazer mais sentido agora.
–Achei realmente entranho que alguém como você precisasse disto.
–Meus irmãos acham necessário, por isto está aqui.
–Por que não escolheu nenhuma noiva aqui na cidade? Tenho certeza que muitas
moças iam querer casar com você.
Ele riu.
–Sim, muitas querem. Mas eu não quero nenhuma.
–Não quer se casar. – constatou.
–Não.
Bella ficou pensativa. Então era isto. Edward Cullen não queria se casar com ela.
Estava sendo obrigado pela família.
–Por que estou aqui ainda? – indagou por fim.
–Porque se acidentou. Eu sinto muito Bella. Nunca foi minha intenção enganá-la. Eu
fiquei sabendo desta história de noiva de correspondência no mesmo dia que chegou.
Fiquei muito bravo com meus irmãos e disse que assim que a tal noiva chegasse, eu a
mandaria de volta. Mas então houve o acidente. Eu não poderia mandá-la de volta
machucada e ainda mais sem memória.
Bella mordeu os lábios, absorvendo as palavras de Edward.
Era um alívio descobrir a verdade por trás de toda aquela situação.
Fazia muito sentido agora.
Mas também era doloroso saber que estava sendo rejeitada.

Procurou não levar para o lado pessoal. Afinal, pelo jeito Edward rejeitaria
qualquer moça que aparecesse ali.
Mas não era qualquer moça. Era ela. Bella Swan.
E mesmo sem lembrar quais eram suas expectativas em relação àquele casamento,
ela se sentia muito mal.
Respirou fundo.
–Obrigada por me contar. – disse por fim. – Acho que devo ir embora, então.
–Não. – Edward respondeu. – Não precisa ir embora. Não antes de estar totalmente
recuperada.
–Não acho justo ficar aqui...
–Bella, não é justo você ir embora também.
–Tudo isto é bem constrangedor...
–Quem deveria estar constrangido sou eu. A culpa é minha, ou melhor, dos meus
irmãos e suas ideias absurdas. Mas você não tem culpa de nada. Fique.
Bella o encarou.
Não queria ficar naquela casa. Não queria ficar perto de Edward. Sabendo que ele
nunca teve a intenção de ficar com ela.
Mas para onde iria?
Nem sabia quem era!
–Tudo bem, acho que posso ficar mais uns dias. – murmurou. – Mas se puder enviar
uma carta à agência, eu devo ter família em algum lugar, não é? Preciso voltar para
minha casa.
Deus, ela se sentia uma idiota.
Por mais insano que fosse, por mais que não se lembrasse, havia uma parte dela que
se considerava mesmo noiva de Edward Cullen.
Que os Cullens seriam sua futura família.
Era mesmo muito idiota.
–Claro, falarei com Emmett.
Ela se levantou.
–Obrigada, Edward. – murmurou e se retirou.
Edward ficou observando ela ir, sentindo uma imensa culpa.
Bella não tinha culpa de toda aquela confusão.
E para piorar, ainda estava sem memória. Ele se sentia muito mal por tudo.
–Não acredito que fez isto! – Alice e Rose apareceram e era óbvio que estavam
escutando atrás da porta.
–Deviam ter vergonha de ficar escutando as conversas alheias.
–Edward, coitada da Bella. – Alice continuou. – Ela não merecia isto.
–Eu sei que não. – concordou.
–Então por que a rejeitou? – Rose indagou.
–Vocês sabem os motivos.

–É um imbecil Edward, sério!


–Rose, muita calma. – Alice lhe lançou um olhar de aviso. - Nós já sabíamos disto
não é? Vamos respeitar a decisão de Edward. E nós já estamos aprontando tudo
para o baile. Bella ficará bem. Tenho certeza que será um sucesso e terá muitos
rapazes a cortejando...
–Ah sim, ela estará linda e vai arranjar um noivo, claro! Aí nem precisará ir embora
da cidade. Não vai ser bom, Edward? Bella pode ser nossa amiga mesmo assim!
Alice, o que acha de Mike Newton?
–Oh, Mike seria perfeito!
Edward quase rosnou ao imaginar o idiota do Mike Newton cortejando Bella.
Dançando com Bella.
Contemplando os seios alvos de Bella.
Ele se levantou irritado e se afastou.
Alice e Rose trocaram um olhar e caíram na gargalhada.
–Você tem razão, ele está morrendo de ciúme, Alice.
–Eu sempre tenho razão! E isto é só o começo, Rosalie, querida. Só o começo!

**continua**

(Cap. 4) Capítulo 4
Bella fechou a porta atrás de si e caminhou até a janela.
Era normal se sentir daquele jeito? Como se a rejeição de Edward fosse algo
irreparável?
Era mesmo uma tonta. Nem o conhecia, não podia sentir como se o tivesse perdido,
se ele nunca fora dela.
Talvez fosse seu subconsciente. Claro que estava esperando se casar. Viajara até
ali pra isto.
E agora não aconteceria casamento algum.
Será que estaria se sentindo mal assim se estivesse lembrando de tudo? Será que
seria pior?
Desejou mais que tudo se lembrar.
Queria saber o que a motivara. Porque viajara de tão longe para se casar com um
homem desconhecido. Apenas com um retrato e a promessa de um casamento muito
rico.
Mas não se imaginava querendo se casar apenas porque ele era rico.
Ou apenas porque era muito bonito.
Fechou os olhos com força, forçando a mente a quebrar a barreira escura de suas
memórias.
Mas nada aconteceu. Havia apenas o vazio.
Ouviu batidas na porta e Alice entrou em seguida.
Tinha no rosto um sorriso gentil.
–Podemos conversar?
Bella tinha certeza que mesmo que quisesse dizer não, Alice daria um jeito de
convencê-la.
–Claro.
–Espero que não esteja triste com a rejeição de Edward.
Oh deus, será que era tão transparente assim? Bella se perguntou.
–Bom, eu não me lembro de nada, então...
–Mas você está aqui. Óbvio que queria se casar com ele.
–Não me lembro de nada disto, Alice. De certa forma... Acho que deveria me sentir
aliviada. Não consigo entender porque eu estava fazendo isto.
Alice sorriu.
–Mas você fez.
–Sim, eu fiz. – murmurou.
Alice segurou sua mão.
–Bella, não se preocupe com nada. Tudo vai dar certo, você verá.
–Eu sinto que não deveria ficar aqui... Não é apropriado.
–Não diga bobagens! É nossa hóspede e não esqueça do baile!
Bella tentou parecer animada, mas era difícil.
–Vamos, mude esta cara. Vai ser uma festa fabulosa! Vem, vamos experimentar mais
alguns vestidos. Tenho certeza que isto a deixará animada.
Bella a seguiu para fora do quarto. Alice realmente não a conhecia, se achava
que o simples fato de estar experimentando vestidos elegantes fosse deixá-la feliz.
A questão era que naquele momento, ela não fazia a mínima idéia do que a deixaria
feliz.
Naquela noite, Bella evitou encarar Edward no jantar e na conversa que se seguiu,
com Alice e Rosalie ainda só falando do tal baile.
No fundo achava tudo tão inútil, mas com certeza magoaria Rosalie e Alice dizendo
que não queria participar de baile algum.
E era uma hóspede na casa dos Cullens. Já que Edward deixara bem claro que nunca
iria se casar com ela, eles poderiam mandá-la embora, não tinham nenhuma
obrigação de mantê-la ali, mesmo ela não tendo ideia da onde ir
Mas eles estavam sendo muito gentis em hospedá-la e ela não poderia criar uma
situação difícil dizendo que não gostaria de participar do baile que Alice e Rosalie
estavam se esmerando em organizar.
Felizmente ela teve a ideia de usar o fato de ainda estar se convalescendo para se
retirar cedo para os aposentos.
–Ainda sente alguma dor Bella? – Carlisle Cullen indagou preocupado.
–Apenas uma leve dor de cabeça, mas não se preocupe, acho que preciso apenas
descansar. Se me derem licença
–Claro. Vá dormir. E não deixe Alice e Rosalie cansá-la demais.

**

–Então já está tudo pronto. – Alice checou sua lista e a encarou. – Como se sente
Bella?
Bella deu de ombros.
Ela podia falar que na verdade se sentia ainda tonta de tantas coisas que Alice e
Rosalie falavam.
–Não parece animada. – Rosalie a estudou com a testa franzida.
–Mas claro que ela está animada. – Alice respondeu. – É um baile! Irá usar um
vestido lindíssimo e vai dançar a noite inteira!
Bella arregalou os olhos.
–Danças? Eu não danço. – balbuciou.
Rose e Alice se entreolharam e riram.
–Como assim não dança? – Rosalie indagou. – Todo mundo dança!
–Eu não.
–Bella, como pode dizer isto? Aposto que nem lembra!

Bella torceu a mão no colo. Sim, tinha sentido o que Alice dizia, mas de
alguma maneira ela apenas sabia que dançar não era algo que fazia parte de suas
habilidades.
–Eu apenas sei. – murmurou. – Realmente não danço.
Alice revirou os olhos.
–Mas vai ter que dançar... Eu tive uma ideia!
E ela praticamente correu para fora da sala a deixando sozinha com Rosalie que
sentou ao piano começando a tocar.
–Não sabia que tocava piano. – Bella comentou.
Rosalie sorriu.
–Não tão bem quanto Edward... E falando em Edward...
Bella acompanhou seu olhar e viu Alice entrando com Edward na sala.
Seu rosto imediatamente se tingiu de vermelho ao vê-lo.
Era extremamente humilhante se sentir daquele jeito, mas também inevitável.
–Olá, Bella. – Edward lançou-lhe um olhar rápido e encarou as irmãs. - O que
querem? Achei que estivessem super ocupadas com os preparativos para o tal baile.
–Sim, nós estamos e queremos sua ajuda.
–Minha ajuda?
–Queremos que ensine a Bella a dançar.
Bella ouviu aquela sentença horrorizada.
Como é que era?
–Alice, não acho que é.. – começou a balbuciar.
–Ora Bella, é uma ótima ideia. – Rosalie sentou de novo ao piano. – Vamos Edward,
Bella precisa dançar no baile!
Bella sentia-se presa numa armadilha.
Encarou Edward e ele parecia aborrecido, passando o dedo pelos cabelos cor de
areia.
–Eu não acho...
–Sim, Edward, por favor nos ajude. – Alice pediu saltitando ao seu redor. – Por
favor...
Ele ainda pareceu relutar e então encarou Bella.
–Acho que elas não nos deixarão em paz.
Bella engoliu em seco. Sua última esperança era que ele se recusasse, mas ao que
parecia, Alice e Rosalie acabavam sempre conseguindo o que queriam.
E com o coração aos pulos, ela o viu se aproximar e estender a mão.
Bella a segurou e se levantou o fitando.
Ela tinha que levantar a cabeça para encará-lo.

Ele parecia tão perto e tão mais perfeito assim do que de longe.
Seu coração disparou um pouco mais se é que isto era possível.
Rosalie começou a tocar.
–Me desculpe, eu... – ela murmurou. - Não queria...
Ele sorriu e Bella prendeu a respiração, não só porque ele tinha um sorriso que
mexia com alguma coisa dentro dela, mas também porque sentiu seus braços a
rodeando e a puxando para si.
Bella respirou fundo, porque parecia que de repente todo o ar ao seu redor
tornara-se rarefeito. Mas respirar também não era uma opção viável, pois o cheiro
único de Edward Cullen adentrou sua narina...Era... deliciosamente intoxicante.
E a mente dela rodou e talvez tivesse caído no chão, se os braços dele não a
tivessem segurando firme. A mão direita dele pousada em suas costas, a mantendo
perto enquanto a esquerda segurava delicadamente sua mão.
E ter as mãos de Edward Cullen nela era... indescritível.
–Apenas se mova comigo. – ele disse devagar, como se ensinasse uma criança a
andar.
Mas ela se sentia tudo naquele momento, menos como uma criança.
E então tropeçou em seus próprios pés, ruborizando de vergonha em seguida.
–Oh, me desculpe, eu realmente não sei fazer isto...
Ele riu.
Por que ele tinha que rir? Não percebia que seu estômago se revirava como se
houvesse borboletas dentro dele quando fazia isto?
–Talvez saiba e tenha esquecido, como tudo o mais.
–Eu duvido, acho que é uma habilidade que temos ou não, e eu desconfio que não
tenho nenhuma. – e bastou ela falar isto para tropeçar de novo e agora nem sabia
mais se era mesmo uma total falta de coordenação motora ou o fato de ficar
perturbada perto de Edward Cullen.
Talvez fosse a combinação das duas coisas.
E ele riu de novo, seu braço de repente a apertando um pouco mais e ela se viu
erguida até que seus pés estivessem em cima dos pés dele.

–Melhor assim? - ele sorriu. Mais perto ainda. Seu hálito morno em seu
rosto. Delicioso.
Bem melhor, queria dizer, infinitamente melhor.
–Edward, isto é trapaça. – Alice disse, e só então Bella lembrou-se que não estavam
sozinhos.
Seu rosto queimou de vergonha mais uma vez e ela se afastou de Edward.
–Sim, acho que não poderei fazer isto no baile. – disse.
Rosalie riu.
–Com certeza não seria apropriado, mas tenho certeza que Mike Newton iria
adorar conduzi-la. Tenho um pressentimento que se darão muito bem.
Bella não fazia ideia de quem era Mike Newton, mas ao encarar Edward ele parecia
visivelmente tenso.
–Se me derem licença.
E se afastou, saindo da sala.
–Não ligue para ele, Bella. – Alice lhe deu tapinhas na mão. – Tenho certeza que
fará muito sucesso no baile.
–Sim, não se preocupe com a dança. Apenas se deixe conduzir. – Rosalie
acrescentou e encarou Alice com uma piscadela. – Acho que está saindo tudo muito
bem, muito bem mesmo.
E elas trocaram um olhar de entendimento que deixou Bella ainda mais confusa.
**
Era a noite do baile.
O maldito baile, Edward pensou enquanto andava de um lado para o outro no grande
salão dos Cullens.
–Não parece feliz, irmão. – Emmett comentou.
–Isto é culpa da sua esposa. – Edward resmungou.
Rosalie e Alice o estavam enlouquecendo lentamente.
Nos últimos dias não se falava em outra coisa naquela casa a não ser do tal baile.
E de como Isabella Swan seria uma beldade disputada por todos os rapazes
solteiros da redondeza.
E Edward não sabia dizer por que isto o irritava sobremaneira.
Devia ficar satisfeito. Se Isabella arranjasse um pretendente, ficaria livre da
insistência de sua família sobre desposá-la e também amenizaria sua culpa.
Afinal, a moça tinha viajado de tão longe para se casar. E fora rejeitada por ele.
E mesmo não se lembrando de nada, isto era um fato.

Mas ver Bella sendo disputada não o deixava tranqüilo.


O deixava exasperado.
–Ei, a culpa é da mulher do Jasper também. – Emmett se defendeu.
–Deveria estar satisfeito, Edward. – Jasper comentou. – Já que não quis a Bella,
ela tem o direito de conhecer um outro pretendente.
Antes que pudesse responder, Esme e Carlisle apareceram.
–Prontos, rapazes? Alice e Rosalie estão acabando de arrumar Bella e já descerão.
– Esme disse. – Olhe, já estão chegando os convidados.
Edward suspirou pesadamente e esperou.
Os convidados foram chegando todos muito satisfeitos por estar numa festa dos
Cullens, que eram conhecidos por darem as melhores e mais suntuosas festas da
região.
E claro, hoje havia toda a curiosidade sobre a recém-chegada à cidade, Isabella
Swan.
–Edward!
Edward ouviu a inconfundível voz de Jéssica Stanley o chamando e pensou se seria
muito deselegante fingir que não tinha ouvido.
Mas ela já se aproximava estendendo a mão enluvada.
–Olá, Jéssica. – ele a cumprimentou.
–Oh, Edward, este baile está maravilhoso, se superaram desta vez.
–Os créditos são para minhas irmãs.
–Ah claro, onde estão Alice e Rosalie? Quero cumprimentá-las.
–Elas já descerão.
–Edward. – Edward quase fugiu correndo ao ver Lauren se aproximando e lançando
olhares poucos amigáveis a Jéssica.
Lauren era mais uma que ainda achava que um dia casaria com ele. Assim como
Jéssica.
Mas Edward achava as duas apenas extremamente cansativas em suas tentativas de
agradá-lo.
Ele cumprimentou a recém-chegada educadamente.
–Estou muito feliz por ter me convidado, Edward.
–Não foi ele quem te convidou, Lauren. – Jéssica bufou.
–Não seja desagradável, Jéssica. – Lauren sorriu forçadamente. – Mas gostaria de
conhecer a sua hóspede, é tudo tão envolto em mistério... Cheguei a cogitar que ela
nem existisse.

–Ah sim. – Jéssica o fitou cheia de curiosidade. – Disseram que ela era sua
noiva, mas eu não acreditei nisto nem um minuto, Edward.
–Não, Isabella não é minha noiva. – Edward respondeu e as duas trocaram um olhar
de alívio.
–Ah, eu sabia que era fofoca, claro. – Jéssica comentou. – Oh, olha quem chegou,
Mike Newton.
Edward viu os Newton entrando e se lembrou das apostas de Rosalie.
Sua antipatia por Mike aumentou consideravelmente.
De repente ouve-se um burburinho.
–Quem é ela? – Lauren indagou olhando direção à escadaria.
–Acho que esta é Isabella Swan. – Jéssica murmurou.
Sim, definitivamente era Isabella Swan.
Ainda mais bonita do que se lembrava. E ainda mais tímida.
Seu olhar seguia amedrontado enquanto descia as escadas, acompanhada por Rosalie
e Alice, que como sempre estavam deslumbrantes.
Mas hoje todos os olhos estavam na desconhecida Isabella Swan e os murmúrios
curiosos se propagavam.
Edward viu seu rosto ruborizado e teve vontade de se aproximar e levá-la dali,
longe de todos os olhares curiosos e dizer que tudo ficaria bem, que ela não
precisava se exibir num baile de Alice e Rosalie como numa vitrine.
–Ela é bonita. – Lauren comentou com desdém. – Mas parece meio comum...
–Sim, não vejo nada demais. – Jéssica usou o mesmo tom invejoso.
–Mas acho que Mike Newton pensa diferente. – Lauren disse com malícia e Edward
encarou Mike, que olhava Isabella Swan como se esta fosse a mulher dos seus
sonhos.
Edward teve vontade de esmurrá-lo.
Rosalie e Alice seguiram pelo salão apresentando Bella para os convidados e
Edward as seguiu com o olhar.
–Ela está linda. – Jasper apareceu do seu lado. – Não acha?
–Ela não está linda, ela é naturalmente bonita.
Jasper riu.
–Hum, não sabia que admirava tanto Isabella Swan.
–Estou apenas comentando o que é verdade. – Edward rebateu incomodado.

–Sim, devo concordar. Mas Alice fez um ótimo trabalho hoje acentuando a
beleza natural dela. Vejo os olhares masculinos a seguirem como mosca no mel.
Talvez Rosalie tenha razão e Bella ache logo um noivo.
–Chega deste assunto, Jasper. – Edward o cortou, irritado.
–Que assunto? – Alice se aproximou, passando o braço por Jasper.
–Estamos falando do sucesso de Isabella Swan.
–Oh, não é maravilhoso? Olhe para ela? Está deslumbrante.
Bella continuava sendo exibida por Rosalie, que excepcionalmente hoje parecia
satisfeita em não estar em evidência.
–E o baile já vai começar. – Alice comentou animada puxando Jasper. – Minha
primeira dança é sempre do meu marido.
Jasper beijou seu rosto.
–Deveriam ser todas.
–E você Edward, trate de escolher suas preferidas! Lauren e Jéssica estão muito
bonitas hoje e tenho certeza que elas adorariam sua atenção.
–Eu não sei se eu adoraria dar atenção a elas.
–Oh, não seja chato! Ainda não desistimos de lhe arranjar uma noiva, assim que Bella
estiver casada, arranjaremos uma noiva pra você também.
E com estas palavras ela se afastou com Jasper.
“Assim que Bella estiver casada”. Estas palavras causavam calafrios em Edward.
E os calafrios se acentuaram quando ele viu Bella no meio do salão nos braços de
Mike Newton.
A vontade que tinha de se aproximar e arrancá-la de lá foi quase irresistível e ele
respirou fundo.
Estava sendo ridículo. Isabella Swan não lhe pertencia.
Ela podia dançar com todos os homens da festa. E ser cortejada por eles.
Mesmo que isto lhe parecesse extremamente errado.
–Edward, não fique aí parado. – Rosalie se aproximou e estava de braços dados com
Jéssica. – Vá dançar com Jéssica.
Edward quis recusar, mas não seria educado. E também não poderia passar a noite
inteira odiando todos os homens que dançassem com Bella.
E conforme a noite foi passando, esta lista foi aumentando consideravelmente.
Estavam todos encantados. Ela era a novidade.
E Edward não poderia culpá-los por se sentirem atraídos.

Ainda se lembrava de estar dançando com ela. De como achara encantador o


seu rubor. De como gostara de tê-la tão perto, sentir seu cheiro fresco de frésias,
de como ela parecera perfeitamente encaixada em seus braços.
–E então, Lauren está divina hoje, não? – Alice se aproximou.
–O que quer Alice? – Edward indagou sem humor.
Seus olhos agora acompanhavam Bella, que conversava num canto com Mike Newton.
Ele parecia absolutamente deslumbrado.
E Edward se perguntava em como Bella se sentiria em relação a isto.
Será que estava gostando? Será que aceitaria algum avanço de Mike Newton?
Só de pensar nisto, Edward tinha ganas de esmurrar alguém.
–Nossa que humor! Fique feliz Edward, a noite está sendo um sucesso. A Bella tem
vários pretendentes e tenho certeza que choverão propostas de casamento muito em
breve. Mas não é isto que eu te perguntei. Quero saber o que acha de Lauren. Ela
me confidenciou que está apaixonada por você, não é lindo?
–Eu duvido muito que isto seja verdade, Alice.
–Por que não? Oh, não quer casar com ela? Achei que seria perfeita. Ela é bonita e
educada. Mas também temos Jéssica Stanley. Embora a voz dela me irrite às vezes,
se você a preferir...
–Eu não prefiro ninguém, Alice!
–Mas tem que preferir! Você tem que casar, Edward.
–Não vão me obrigar, Alice, quantas vezes falamos sobre isto?
–Eu sei. Ninguém está te obrigando! Mas uma hora terá que escolher uma moça e se
casar. Olhe Mike Newton, com certeza já está pensando em propor casamento a
Bella.
–Não seja absurda, eles mal se conhecem. – resmungou, ouvindo Bella rir de alguma
coisa que Mike lhe dizia.
Edward sentiu a raiva borbulhar.
–Isto se resolve. Tenho certeza que ele poderá freqüentar a nossa casa para fazer
a corte e então propor casamento. Oh, já posso antever que cerimônia linda seria.
Teria tanta coisa para arrumar, mas daria tempo para ajeitar tudo em poucas
semanas, ou dias...

–Pára de dizer bobagens, Alice.


–Não são bobagens! Olhe para eles! Estão se dando tão bem! Quero que se apaixone
assim também, Edward...
Cansado de ouvir as asneiras de Alice, Edward se afastou.
A princípio não sabia o que estava fazendo, mas quando chegou perto de Bella e
Mike, ele soube.
–Me concede a próxima dança, Bella? – pediu.
Ela pareceu confusa e Mike Newton enciumado.
Como se ele já tivesse algum direito sobre ela.
Bom, ele estava enganado, pensou Edward.
Mike não tinha nenhum direito sobre Bella. Ainda.
–Sim. – Bella respondeu e o acompanhou para o meio do salão.
Ele a puxou para si. Frésias pensou, aspirando o cheiro de seu cabelo.
Era ali que ela deveria estar. Com ele. E não com Mike Newton. Ou qualquer outro.
O sentimento de posse que lhe acometeu foi tão forte que o assustou.
Não deveria sentir nada, muito menos posse.
Isabella Swan não lhe pertencia.
E muito em breve, se os planos de Alice e Rosalie dessem certo, ela pertenceria a
outro.
Talvez Mike Newton. Talvez outro qualquer.
Qualquer um menos ele.
Edward não gostou nem um pouco deste pensamento.

Bella tentava desesperadamente não tropeçar.


Como tentara a noite inteira e até que teve sucesso.
Dança após dança, com tantos rapazes que nem se lembrava o nome direito.
E todos pareciam querer agradá-la. Ela não entendia isto.
Não era bonita como Rosalie ou elegante como Alice.
Ou mesmo charmosa como aquela garota chamada Lauren que vira tantas vezes com
Edward pelo salão.
Aliás, sempre que o procurava com o olhar, ele parecia estar acompanhado de
alguma moça que o fitava deslumbrada, todas lutando por sua atenção.
E como culpá-las? Edward Cullen era mesmo deslumbrante.
E agora ele estava ali, tão perto novamente. Os olhos dourados dentro dos seus, os
braços a sua volta.
Ela dançara com uma infinidade de pares nesta noite, mas nenhum parecia segurá-la
como Edward Cullen a segurava. Como se não fosse mais soltar.

Como se ela pertencesse àquele lugar.


O que era absurdamente ridículo. Ela não tinha nada a ver com Edward.
Muito pelo contrário, ele deveria estar satisfeito com os planos mirabolantes de
suas cunhadas para que ela arranjasse um pretendente. Assim se veria livre de sua
presença pra sempre.
–Não está tropeçando. - ele comentou divertido e Bella corou.
–Já dancei tanto esta noite, acho que a prática leva à perfeição.
Edward não pareceu tão divertido com esta afirmação.
–Principalmente com Mike Newton.
–Ele é muito gentil. – Bella comentou sem saber mais o que dizer do rapaz que
parecia louco para agradá-la.
Mas ela não sentia nada por ele. E por nenhum outro que conhecera naquela noite.
Nenhum a fizera ficar tonta apenas com um sorriso.
–Ele parece apaixonado por você.– Edward comentou sem humor.
–Ele mal me conhece. – Bella balbuciou.
–Eu vejo como a olha, ele a acha bonita.
–Alice e Rosalie se esmeraram para me deixar assim. – disse sem graça.
–Você é bonita de qualquer maneira, Isabella Swan.
Bella se perdeu nos olhos dourados, na voz perfeita que dizia que ela era bonita e
quis acreditar.
Quis desesperadamente que ele a achasse atraente.
Era um pensamento tolo. Ela não precisava disto.
–Não me admira que Mike e todos os outros estejam caídos por você.
Ela corou mais ainda.
–É um exagero.
–Talvez Alice e Rose tenham razão e muito em breve receba um convite de
casamento.
Bella desviou o olhar.
Por que ele estava dizendo aquelas coisas? Será que estava tão desesperado assim
para se livrar dela?
–Você aceitaria? – ele indagou por fim e Bella não soube o que dizer.
Sim, ela aceitaria se casar com algum daqueles rapazes?
Como ela podia sequer pensar nisto se nem sabia quem era?
Mas ela queria se casar, não queria? Afinal, viajara pra Forks para isto. Se casar
com Edward Cullen.
Mesmo sem conhecê-lo. E como fora rejeitada, seria normal aceitar um outro
convite.

Que opção tinha? Talvez fosse o certo a fazer. Embora ela ainda não
soubesse se teria realmente coragem para tanto.
No fundo, rezava para que logo descobrisse da onde tinha saído e pudesse pelo
menos voltar para sua família, seja lá onde estivesse.
Se ao menos ela se lembrasse...
–Aceitaria? – Edward insistiu, seus olhos inquisidores.
Bella respirou fundo.
–Eu não sei, sinceramente. Mas... Talvez sim, afinal, se estou aqui é porque desejo
me casar, não é?
–Sim, talvez tenha razão. – Edward comentou como se para si mesmo. – Me
preocupa não se lembrar de nada e dar um passo assim.
Bella se sentiu tocada com a preocupação repentina e sorriu tristemente.
–Não mais do que eu, mas mesmo que eu me lembre... talvez eu queira mesmo me
casar.
–A música acabou, a próxima dança é minha.
Eles foram interrompidos por Mike Newton.
Edward a soltou e Bella sentiu uma certa tensão entre os dois.
–Claro, Newton. – Edward disse por fim e se afastou.
Bella foi para os braços de Mike, vendo Edward se afastar e duas moças o
cercando cheias de sorrisos, e se perguntando por que não sentia por Mike o mesmo
que sentia com Edward.
**
–Oh, o baile foi um sucesso. – Alice comemorou assim que o último convidado se foi.
Bella não sabia se conseguiria andar novamente tamanha era a dor nos pés de tanto
dançar.
–E então Bella, o que achou? – Rosalie perguntou.
Ela ainda parecia linda, mesmo num fim de festa.
–Vocês sabem dar uma festa, claro. – comentou.
–Isto nós já sabemos. – Alice a encarou. – Queremos saber o que achou dos seus
pretendentes!
–Não são pretendentes.
As duas riram.
–Claro que são! Todos a adoraram! - Rose sorriu.
–Principalmente Mike Newton. – Alice disse. – E eu o vi pedindo permissão a
Carlisle para vir aqui te visitar, não é ótimo?
–Mike Newton é rápido, não é? – Emmett riu, seguido de Jasper.
O único que não riu foi Edward. Ele parecia estranhamente soturno e pensativo.

–Sim, e tem que ser, afinal, Bella é uma beldade e se ele não correr, pode
perder o posto! – Alice comentou. - E nosso Edward também fez muito sucesso, não
acham?
–Sim. – Rose concordou. – Acho que ainda não podemos perder as esperanças com as
moças da cidade. Tenho certeza que em breve Edward escolherá uma.
–Eu já falei que não quero mais saber deste assunto, por que insistem? – Edward
indagou irritado.
–Não vamos desistir. – Rose disse. – Aliás, Alice, acho que podemos já planejar um
próximo baile e devemos estender os convites às solteiras de Port Angeles, o que
acha?
–Divino. – Alice bateu palmas e Edward pareceu mais irritado ainda.
Esme entrou na sala.
–Crianças, todos devem se recolher, foi uma longa noite e precisam descansar.
–Sim, claro. E amanhã será um longo dia. – Alice bocejou.– Temos que arrumar Bella
para esperar visitas...
Bella foi para o quarto ainda ouvindo a risada de sino de Alice.
Visitas, pretendentes, casamento...
Sua mente rodava com tantas possibilidades que ela não queria nem pensar.
Queria apenas dormir.
E quem sabe amanhã tudo lhe parecesse mais aceitável.
**
Bella acordou muito cedo na manhã seguinte.
Deveria dormir, já que toda a casa ainda parecia silenciosa, mas não tinha sono.
Estava inquieta.
Saindo da cama, ela se vestiu e resolveu dar uma volta.
Respirar ar puro e um pouco de silêncio.
Alice e Rosalie nunca a deixavam sozinha.
Forks estava coberta de névoa.
Sentiu falta do sol.
Mesmo assim, caminhou pela imensidão verde, gostando de estar sozinha.
Será que era uma pessoa solitária?
De repente ela parou assustada ao ouvir um estampido e soltou um grito.
–Oh, me desculpe.
Ela olhou para frente e viu Edward fitando-a culpado.
Ele segurava uma espingarda de caça.
–Não queria te assustar, Bella, o que faz acordada a essa hora?

Ela retirou a mão do coração que ainda batia descompassado.


Agora nem era mais de susto.
Mesmo àquela hora da manhã nublada, Edward ainda lhe parecia deslumbrante.
–Estava sem sono e resolvi dar uma volta... O que faz dando tiro a esta hora?
Ele riu.
E ela quase suspirou.
–É a melhor hora para caçar. Meus irmãos deviam estar aqui, mas depois que
casaram, vivem me deixando sozinho.
–Eles parecem felizes, com Rose e Alice.
–Sim, parecem. – Edward comentou distraído.
–Bom, não quero te atrapalhar...
–Fique.
–Mas você está caçando.
–Pode me fazer companhia.
–Acho que caçar também não faz parte das minhas habilidades.
–Não lembra disto, de repente até sabe usar uma arma.
–Tenho certeza que não.
–Quer aprender?
–Eu? Provavelmente eu o mataria em vez de algum animal.
Ele riu.
–Tenho certeza que consegue, vem aqui, Isabella Swan.
E ela foi. Porque de alguma maneira, tinha vontade de fazer qualquer coisa que ele
pedisse.
E ele parecia tão bonitinho parado ali, com os cabelos cor de areia bagunçados, lhe
dizendo que ela era capaz de fazer algo tão drástico como usar uma espingarda.
–Eu ainda acho que corre risco de vida. – disse rindo quando Edward lhe deu a
espingarda.
–Não sou seu alvo. Olha aquele cervo ali.
–Não vou matar um cervo! – disse horrorizada.
Ele riu.
–Tudo bem. Vamos pensar em algum outro alvo. Aquele salgueiro ali adiante.
Bella respirou fundo e apontou.
Ele se posicionou atrás dela, e segurando suas mãos, a colocou no lugar certo.

–Segure assim. – disse.


Bella esqueceu de respirar.
–Atire. – ele ordenou e ela atirou. Claro que não acertou e Edward riu.
–Tem razão, é péssima.
–Eu avisei. – ela lhe devolveu a arma, ainda sentindo um comichão onde os dedos dele
tinham a tocado.
Sentou numa pedra.
–Acho melhor só ficar olhando.
Ele pareceu incerto.

–Talvez queira entrar, está um pouco frio.


Sim, ela deveria entrar e o mais importante, deveria se afastar dele.
Mas inesperadamente estava gostando de ficar ali, simplesmente na sua companhia.
–Tudo bem, eu quero ficar.
–Acho que está fugindo de Alice e Rosalie.
Bella riu.
–Elas querem apenas ajudar. Mas sim, às vezes me cansam.
Ele posicionou a arma e atirou, e então coçou o cabelo ainda sem fitá-la.
–Devia estar se preparando para seus pretendentes, não é?
Bella mordeu os lábios, não gostando do rumo da conversa.
–Sim, acho que sim.
Ele abaixou a espingarda, ficando pensativo de repente e então a fitou.
–Bella, queria conversar algo com você.
Ela esperou.
–Sim?
Ele abaixou o olhar, como se estivesse ainda incerto do que ia dizer, ou procurando
palavras e então a fitou.
–Você se casaria comigo?

Continua.

(Cap. 5) Capítulo 5
Bella achou que não tinha ouvido direito.
–O quê? - murmurou incerta.
Era impossível.
Edward respirou fundo.
–Eu perguntei... Se você se casaria comigo.
Pronto. Ali estava.
Ela realmente não estava louca. Edward estava mesmo fazendo aquela pergunta.
O mesmo Edward que deixara bem claro há algumas noites que não tinha a menor
intenção de se casar com ela e com ninguém.
Bella o encarou totalmente confusa e sem ação.
–Como assim... me casar com você?- indagou tentando entender. - Você quer dizer...
hipoteticamente?
–Não. Eu quis dizer... Se você quer se casar comigo.
Agora sim ela perdeu o ar. E o estômago deu uma volta tão grande dentro dela que
parecia que ia sair pela boca. Assim como seu coração subitamente disparado.
–Mas... mas... você não quer se casar! – exclamou, ainda tentando achar algum nexo
no que ele dizia.
Porque simplesmente não era possível.
Mas ele respondeu simplesmente.
–É verdade.
–Edward eu não entendo! Por que então está me perguntando se eu casaria com você
se não quer se casar? Isto é insano!
Ele sorriu, os dedos passando pelos cabelos, enquanto se aproximava e se agachava
à frente dela.
E por alguns segundos malucos, Bella achou que ele estava ali para fazer alguma
espécie de pedido formal ajoelhado e tudo, e sentiu que ia desmaiar.
Mas deveria ter adivinhado as palavras a seguir.

–Bella, você conheceu meus irmãos. E minhas cunhadas. Enfim, minha família.
Sabe o quão eles estão empenhados em me ver casado, custe o que custar. Há meses
eu tento fugir disto e está ficando cada vez mais insuportável. A sua própria
presença aqui é fruto de uma armação deles. Eu fui sincero com você. Eu disse que
não foi ideia minha e disse que não tinha intenção de me casar com nenhuma moça
que me fosse imposto. E não estava nos meus planos receber uma noiva aqui e muito
menos que fosse acontecer o acidente. Eu me senti... extremamente culpado; e de
algum modo isto mudou tudo. Eu estava disposto a te mandar de volta do mesmo
jeito que chegou, mas não é justo depois do que aconteceu... enfim, o que estou
querendo dizer é que eu andei pensando em tudo o que está acontecendo, em tudo o
que meus irmãos vêm aprontado e acho que eles realmente não me deixarão livres
enquanto eu não me casar. E você está aqui.
Bella ia se sentindo cada vez mais confusa com aquele discurso.
Mas de alguma maneira ela já intuía onde ele estava querendo chegar.
E não sabia se gostava disto.
–Eu estou aqui e....
–E acho que devemos nos casar.
–Por que seus irmãos querem? Achei que nunca ia deixar eles te imporem nada. – sua
voz saiu mais fria do que pretendia.
–Eu sei. Não é uma questão de impor; Eu acho que eu devo isto a você.
–Deve?!
–Sim, você pode não se lembrar, mas está aqui com um propósito, que é se casar. Por
isto Rose e Alice querem tanto te arranjar um noivo agora.
–É muito gentil da parte delas. – Bella murmurou apenas para ter o que dizer em
toda aquela conversa estranha.
–Sim, elas são exageradamente gentis. – Edward falou cheio de ironia. – E elas não
nos deixarão em paz. Até que você se case, ou que eu me case.
–E por isto devemos nos casar.
–Bella, eu sei que parece o pedido mais estranho do mundo. Mas eu acho que
realmente devo cumprir com o prometido, mesmo não sendo uma promessa minha.

–Por quê? Apenas para se livrar de sua família?


–Não só por isto. Eu não quero que se veja forçada a se casar com tipos como Mike
Newton, sem nem saber quem você mesma é.
–Mas devo me casar com você? Qual a diferença?
–A diferença é que eu te deixaria uma escolha.
–Como assim?
–Você pode ir embora assim que recobrar a memória.
–Como é?
–Nós podemos anular o casamento.
–É esta sua ideia?
–Eu acho que seria adequado para ambos.
–Adequado?Nossa, Edward, nunca ouvi nada mais romântico na minha vida. – falou
irônica.
–Preferia que eu mentisse para você?
–Eu acho que preferia nem estar tendo esta conversa. Ou preferia nem ter um dia
achado que valeria a pena vir para este fim de mundo me casar com você!
–É por isto que eu estou propondo este acordo. Você nem sabe o que veio fazer
aqui, Bella.
–Eu vim me casar com você. Não é isto que dizem?
–Sim, mas agora você não sabe quem é. Eu não acho justo lhe propor algo para a
vida inteira sem saber nada sobre você mesma.
–Então se eu não estivesse sem memória você ia querer ficar comigo para a vida
inteira?
–Eu não sei. E nem você sabe.
–E por isto devo concordar em ficar casada com você?
–Até que se lembre.
–E depois? – murmurou.
–Depois nós veremos.
Bella respirou fundo várias vezes, desviando o olhar para o horizonte e tentando
ordenar os pensamentos caóticos em sua cabeça.
Era a proposta mais bizarra que já tinha escutado na vida.
Ou talvez não. Afinal, o que ela sabia sobre seu passado?
Absolutamente nada.
Talvez a verdadeira Bella estivesse exultante em apenas se casar com um homem
rico e bonito. Não se importando se ele dizia que podiam cancelar o casamento
depois.

E por que ela estava sentindo um vazio no peito? Por que em nenhum momento
ele falara em amor ou afeto?
Era óbvio que ele não gostava dela. Eles nem se conheciam!
E o que ela devia fazer agora?
A razão lhe dizia para não aceitar.
Se Edward Cullen se sentia coagido pela família a se casar, ela não deveria se
sentir do mesmo jeito.
Mas Bella conhecia Alice e Rosalie. Sabia que elas continuariam insistindo.
E ela não tinha para onde ir. Obviamente as duas não poderiam obrigá-la a nada.
Mas Bella tinha realmente medo de ser convencida.
E será que se casar com um rapaz como Mike Newton seria melhor do que casar com
Edward?
–Eu sei que parece muito confuso, Bella. E acredite, uma parte de mim não concorda
com isto. Mas acho que, no momento, é uma saída digna para nós dois.
Ela voltou a fitá-lo.
Parecia tão perfeito como uma estátua grega ajoelhado ali a sua frente. Os cabelos
cor de areia bagunçados pelo vento. Os olhos verdes num tom dourado, pareciam
suplicar para que ela entendesse.
E de alguma maneira insana e perigosa, ela queria entender.
E mais que isto.
Ela queria aceitar aquela proposta maluca.
–Então acha que devemos nos casar. E ficaremos casados por um tempo
indeterminado, até que minha memória volte. - indagou mais uma vez.
–Sim.
–Você quer mesmo fazer isto? - insistiu e agora a sombra de um sorriso se delineou
no rosto perfeito, fazendo seu coração disparar.
E algo quente se enroscar em seu ventre, descendo...
Ela respirou fundo.
–Isto é insano.
Ele agora sorria.
De um jeito quase infantil, como se estivesse prestes a fazer uma travessura
e estivesse pedindo para Bella ir com ele.
E, por deus, ela queria ir.
Estava perdida.
–E se eu disser que prefiro me casar com Mike Newton?
O sorriso morreu no rosto dele.
–Não pode estar falando sério.
Bela riu.
–Não...é apenas uma suposição.

–Você morreria de tédio em poucos meses.


Bella parou de rir, o fitando incerta.
Então ele segurou suas mãos.
Estavam frias, mesmo assim ela gostou de ver seus dedos entre os dele.
Pareceu... certo.
–Eu não quero te forçar a nada. E eu prometo não te forçar a nada. Você estará
segura comigo; E eu vou tratá-la muito bem. Toda minha família a adora. Quero
apenas que se restabeleça e fique bem. Me deixe fazer isto por você. Eu te livrarei
das malucas das minhas irmãs e de sujeitos como Mike Newton. E se quiser ir
embora, poderá ir quando estiver pronta.
–E de quebra também se veria livre de seus irmãos casamenteiros.
Ele riu meio tímido.
–Sim, isto me parece ótimo também.
Ela mordeu os lábios, ainda incerta.
Na sua cabeça, ela começava a ver as possibilidades.
Estar casada com Edward. Vivendo com Edward.
Dormindo com Edward...
Ela baixou os olhos, o rosto se tingindo de vermelho.
–Quando você diz... não me forçar e... que o casamento poderia ser anulado.
–Eu quero dizer que não vamos consumar o casamento.
Ela sacudiu a cabeça em sinal de entendimento, retirando as mãos delicadamente
que ainda estavam presas nas dele.
–E então? O que me diz? - Edward insistiu.
Bella ergueu o olhar.
Poderia dizer não. Tudo continuaria igual.
Ainda de favor na casa dos Cullens, aturando Alice e Rosalie e seus pretendentes.
Como Mike Newton, que ela tinha que confessar, era um tanto enfadonho.
E sabe mais quantos viriam.
E rezar para que recuperasse a memória.
Ou podia aceitar se casar com Edward.
Um casamento de conveniência.
Mas ele lhe garantia que estaria livre se quisesse.
Afinal, não seria consumado.
Ela ignorou a voz incômoda dentro dela que lamentava este fato.
Era vergonhoso e inapropriado.
Edward tinha toda a razão.
Como poderia dormir com ele? Quando nem sabia quem ela era.

De repente ela nem era virgem. Quem é que ia saber?


E se fosse uma viúva, por exemplo?
Eram tantas possibilidades...
E ela não sabia o que fazer.
E foi por isto que sua resposta dada numa voz meio trêmula surpreendeu a si
mesma.
–Sim, eu me caso com você.

–O que estão fazendo aqui?


Bella e Edward se viraram e viram Alice e Rosalie se aproximando.
Edward se levantou.
–Talvez devesse perguntar o que vocês estão fazendo aqui tão cedo.
Rose e Alice olhavam de Bella para Edward desconfiadas.
–Estávamos procurando Bella. Ela não apareceu para o café da manhã. – Alice disse.
–Sim, e nem estava em seu quarto. Ficamos preocupadas.
–Bella está perfeitamente bem. – Edward respondeu, mexendo em sua espingarda,
distraído.
Alice e Rosalie fitaram Bella interrogativamente.
–Por que está aqui? - Rose insistiu.
–Ele estava me ensinando a atirar. – Bella respondeu.
–O quê? - as duas exclamaram horrorizadas encarando Edward.
–Edward, que modos são estes? Isto é totalmente inapropriado! - Alice falou.
–Sim, com certeza. Venha Bella, deixe Edward aí. – Rosalie fez Bella se erguer. –
Vamos te arrumar para receber seu pretendente...
–Bella não vai receber pretendente algum. – Edward respondeu.
–Claro que vai. – Rosalie insistiu. – Mike Newton.
–Mike Newton terá que caçar outra noiva e deixar a minha em paz.
Bella teria rido das expressões de choque de Alice e Rosalie se ela mesma ainda não
estivesse em choque pelo o que estava fazendo.
Edward agora sorria parecendo muito satisfeito, enquanto continuava a mexer na
arma.
–Noiva? Você disse noiva? - Alice murmurou.
–Sim, Bella acabou de aceitar minha proposta.
Alice e Rosalie se encararam de bocas e olhos arregalados e então fitaram Bella,
como em busca de uma confirmação.
–Isto é verdade? - Rosalie perguntou.
–Sim é.
E então, sem aviso, as duas começaram a gritar e pular e levavam Bella junto em seu
entusiasmo.
–Eu não acredito! Finalmente!
–Você vai ser nossa irmã!
–Edward vai se casar!
–Viva!
E Bella não pôde fazer outra coisa a não ser rir também.
Sem saber se era da alegria boba das irmãs de Edward ou de si mesma, por estar
naquela situação.
Até que as três caíssem sobre a relva ainda úmida, rindo feito crianças.

E depois tudo passara tão rápido que Bella se perguntava se estava mesmo
acontecendo.
Rosalie e Alice eram um furacão e começaram os preparativos quase imediatamente.
E a Bella só restava acompanhá-las em seus delírios, concordando com tudo com um
meneio de cabeça.
E quando Emmett e Jasper apareceram, elas os rodearam eufóricas e eles no
começo pareceram incrédulos, mas depois de saírem e provavelmente confirmarem a
história com Edward, ficaram tão eufórico quanto elas.
Será que pensariam assim se soubessem do acordo entre ela e Edward?
Provavelmente não.
Bella se perguntava se deveria se sentir culpada por estar praticamente enganando
os Cullens, mas a verdade era que não se sentia assim.
Eles queriam um casamento, não é? Então era isto que teriam.
À tarde, Bella já estava cansada de Alice e Rosalie e o tagarelar incessante sobre
datas, vestidos e qualquer coisa que se referisse a casamento, e conseguiu escapar
com um livro para o bosque em frente à casa. E já estava ali há algum tempo, quando
Mike Newton apareceu.
Bella tinha esquecido completamente dele e ficou até com certa pena quando ele lhe
entregou um bouquet de flores.
–Obrigada. – disse, vermelha.
–A senhorita está muito bonita. Espero que não a esteja importunando com a minha
visita.
–Sim, totalmente inoportuno.
Bella quase deu um pulo ao ouvir a voz de Edward que se aproximava com cara de
poucos amigos.
Mike Newton o encarou, confuso.
–Cullen, eu...
–Saia de perto da minha noiva, Newton. – Edward pediu friamente para o espanto
de Bella.
Mas com certeza Mike estava ainda mais espantado.
–Noiva? Mas...
–Isto mesmo que ouviu. Eu e Bella estamos noivos, então proponho que vá fazer a
corte em outro lugar.
Mike encarou Bella, que estava ainda mais vermelha com aquela situação.
–Isto é verdade?
–Sim, é... me desculpe, Mike, eu...
–Eu não... Eu não sabia.

Era realmente de dar pena a confusão de Mike.


Ele encarou Edward.
–Eu peço desculpas por minha intromissão. Eu realmente não sabia
–Não teria como saber, Mike. Ficamos noivos esta manhã. – Bella se justificou.
–Bom, agora que já foi informado, acho que pode ir embora.
–Sim, eu irei... – balbuciou. – Com licença.
Bella o viu se afastar cabisbaixo e encarou Edward.
–Você foi insensível.
–Queria que eu o encorajasse a cortejar você? Ele teria que saber que estamos
noivos.
–Eu sei, mas... - ela deu de ombros. – Apenas fiquei com pena.
–Ele te deu estas flores?
–Sim, foi muito gentil... - parou de falar ao ver a expressão de raiva de Edward. –
Você não gosta de Mike Newton, ou é impressão minha?
Edward pareceu se recompor, passando os dedos pelos cabelos.
–Eu apenas não gostei de vê-lo com você.
Bella não soube o que pensar.
–Ele apareceu... Eu tinha me esquecido de toda aquela história de pretendente... Eu
estava aqui apenas para ler... - ela mostrou o livro.
Na verdade estava começando a achar exagerada aquela reação de Edward, assim
como as desculpas que estava dando.
–Tudo bem, Bella. Acho que exagerei, não é? Acho que terei que me acostumar em
ver os homens de olho em você. É irresistível demais para seu próprio bem.
Bella corou até a raiz dos cabelos com aquelas palavras.
O que ele estava dizendo? Que a achava irresistível?
De repente sentiu dificuldade de respirar.
–Eu não sou... - balbuciou, sem conseguir terminar.
–Me desculpe. – ele disse. – Eu quis apenas dizer que... - de repente ele parecia tão
sem graça quanto ela. – Que você é uma garota bonita. É natural que os homens a
admirem.
Bella mordeu os lábios, abaixando o olhar.
Se ele continuasse a dizer aquelas coisas e a encarar daquele jeito...
Ela não sabia bem como deveria se comportar.
Sabia apenas que seu coração disparava de uma forma alarmante e que borboletas
pareciam sobrevoar a boca de seu estômago e a temperatura de seu corpo subia de
repente.
Um silêncio tenso se instalou entre eles, até que Edward indagou.

Ela mostrou o livro.


–Orgulho e Preconceito.
Ele sorriu.
–Jane Austen. Rosalie também gosta. Aliás, onde elas estão?
Bella deu de ombros.
–Eu não sei.
O sorriso de Edward se alargou.
–Está aqui fugindo delas, não é?
Bella riu também.
–Elas estão impossíveis. Não sei como conseguem pensar em tanta coisa ao mesmo
tempo...
–Isto vai acabar, não se preocupe.
–Eu espero que sim.
–Vamos entrar?
–Sim.
Ela o acompanhou em direção a casa, e quando estavam passando pelos estábulos, um
barulho de algo caindo lhes chamou a atenção e eles foram ver o que era.
Bella parou chocada com a cena à sua frente.
Dentro do estábulo, encostados numa pilha de feno, Rosalie e Emmett se beijavam
apaixonadamente.
E ela caiu na bobagem de fitar Edward, que a encarou ao mesmo tempo e seu rosto
queimou.
Emmett e Rose continuaram a se beijar, alheios a qualquer movimentação à sua
volta, e Edward foi o primeiro a recobrar a compostura, e segurando o braço de
Bella, a girou para que se afastassem.
Bella não sabia porque estava mais envergonhada, se era por ter flagrado o casal
num momento íntimo ou se era o fato de tê-los pegos ao lado de Edward.
–Sinto muito por isto. – ele disse por fim, enquanto entravam em casa.
–Não, tudo bem... - ela murmurou.
–Rose e Emmett são... - Edward parecia estar buscando a palavra certa. –
Insuportavelmente apaixonado às vezes.
Bella quis sorrir daquele adjetivo.
–Ai está você! - Alice apareceu. – Onde estava?
–Lendo. - Bella mostrou o livro.
–Temos muito o que fazer! Não pode sumir assim. E depois que Emmett apareceu,
Rose também me abandonou.
Edward e Bella não puderam evitar de trocar um olhar divertido, como se
compartilhassem um segredo.
E Bella sentiu um comichão por dentro.
Ela gostara daquilo. Daquela sensação de compartilhar algo com ele.
–Enfim, vamos continuar a nossa lista do que temos que fazer e...
–Não, Alice – Edward a interrompeu. - Bella ainda está se recuperando, se não se
lembra. Ela irá subir e descansar.
–Mas...
–Sozinha.

Alice fez um muxoxo, mas não insistiu.


–Tudo bem. Vá descansar. Rose sumiu mesmo! Mas amanhã já aviso que vamos à
cidade!

Naquela noite, os Cullens pareciam estar em comemoração e Esme perguntou uma


data.
–Um mês. – Alice disse.
–Um Mês? Alice isto é exagero! - Esme não concordou.
–Não temos porque esperar. – Rose encarou Edward. – Não concorda, Edward?
Para quê um noivado longo? Bella está aqui com um objetivo claro!
–Sim, Rosalie tem razão. Podem marcar a data. Tudo bem para você, Bella? - ele a
encarou.
E ela concordou.
Ia discordar do que agora?
Ela já tinha a impressão que tudo fora decidido, independente de sua vontade.

No dia seguinte, cumprindo o que tinha dito, Rosalie e Alice a levaram para a
cidade.
Todos as fitavam, como se fossem as maiores atrações da cidade e Bella
desconfiava que era assim mesmo.
Na costureira, Alice e Rosalie tomaram as rédeas de tudo, escolhendo tecidos e
modelos.
–Acham mesmo que tudo isto é necessário? - Bella indagou e as duas riram.
–Isto ainda é pouco! - Alice disse. – Já fiz uma lista de coisas que virão de Paris!
Mas não sei se chegará a tempo do casamento.

Enquanto estavam saindo, encontraram Jéssica e Lauren.


–Oh, olá. – Jéssica sorriu.
–Será que sobrou algum tecido? - Lauren sorriu forçadamente e Rosalie sorriu do
mesmo jeito.
–Sim, deixamos os piores para vocês.
–Oh! - Lauren abriu a boca, chocada, mas Rosalie pareceu não ligar.
–Ah, e quero que sejam as primeiras a saber: Bella será nossa irmã! Ela e Edward
estão noivos!
Desta vez Lauren e Jéssica as fitavam em choque.
–Boas compras! - Alice sorriu e as três saíram para a rua.
Rosalie e Alice riam.
–Achei que a Jéssica fosse desmaiar! - Alice gargalhou.
–E a Lauren? Ela sempre foi uma das admiradoras mais assíduas do Edward. – Rose
explicou. – Mas enfim, teve sua chance e não conseguiu. Agora ele é todo seu, Bella.
As moças desta cidade vão morrer de inveja!
Todo seu, Bella repetiu mentalmente.
Talvez fosse uma expressão inadequada, mas Rose não fazia ideia.

–Vamos visitar o hospital? - Alice indagou. – Preciso pedir ao Carlisle que


envie meus pedidos o mais rápido possível!
Quando chegaram ao hospital, Alice foi direto procurar Carlisle e Rosalie e Bella
encontraram Edward.
Ele sorriu ao vê-las e Bella sentiu o já costumeiro frio no estômago.
–O que fazem aqui?
–Alice precisa falar com Carlisle. E nós fomos à costureira, estamos providenciando
o enxoval da Bella.
Edward a fitou, divertido.
–Não deixe que elas a cansem muito.
–Eu tento.
–Está se sentindo bem? Pode aproveitar que está aqui e Carlisle a examina.
–Não, eu estou bem. – garantiu.
–E aquela moça, Edward. – Rosalie indagou. – A tal que estava na mesma diligência
com a Bella? Já acordou?
–Não, ela continua em coma.
–Posso vê-la? – Bella pediu num impulso.
–Ela está desacordada, Bella.
–Por favor? – insistiu.
–Tudo bem. – ele concordou.
–Eu fico aqui, odeio gente doente. – Rose disse.
Edward a acompanhou ao quarto da moça acidentada.
Bella fitou seu rosto pálido contra os lençóis.
Os olhos fechados eram verdes.
E de repente Bella sentiu uma tontura.
Ela já tinha visto aquela moça... Sentia como se a conhecesse.
–O que foi?- Edward indagou.
–Eu a conheço... Eu lembro dos seus olhos. Eram verdes. Muito bonitos.
–Está se lembrando de algo?
–Eu não sei... apenas... eu vejo o rosto dela sorrindo para mim. Ela é muito bonita... e
me entrega algo... Apenas isto.
–Será que a conhece? Será que veio com você?
–Não sei.
–Pode ser alguém que conheceu na diligência.
–Sim, pode ser...
–Pedirei para que Carlisle converse com você depois.
–Sim, mas... ainda não me lembro de nada... apenas isto.
Enquanto voltavam para casa, Bella se perguntava se aquele flash sobre a moça
loira era um indício de que estava começando a se lembrar de algo.
E se perguntava também se conhecia aquela moça.

**

Mas os dias foram passando e mais nada surgiu em sua mente.


Ainda era um vazio.
E seu tempo era preenchido por Alice, Rosalie e todos os preparativos.
Bella realmente não precisava fazer muita coisa, pois elas cuidavam de tudo e ela
tinha apenas que concordar com suas escolhas.
Não que ela se ressentisse disto. Na verdade Bella não tinha o menor interesse em
toda aquela pompa.
Ela só pensava em como seria estar casada com Edward Cullen.
Agora que eram noivos, nunca ficavam sozinhos.
Sempre havia algo que Rosalie, Alice ou até mesmo Esme precisava falar com ela.
E Bella desconfiava que faziam de propósito.
Às vezes ela tinha vontade de acordar cedo e ir caçar com ele de novo.
Ainda se lembrava do calor do corpo dele atrás do seu, a voz perfeita que encheu
seu ouvido, enquanto ele a ensinava a atirar.
Mas não ousava ir atrás dele.
Mesmo assim, às vezes ainda conseguia se livrar de Rosalie e Alice e pelo menos se
refugiar no bosque durante algumas tardes para ler.
Infelizmente elas sempre a encontravam uma hora, como agora.
–Ah, te achei! Precisa pensar em outro lugar para se esconder. – Rosalie sorriu.
Bella rolou os olhos, fechando o livro.
–Duvido que conseguirei me esconder muito tempo de vocês.
–Sim, eu também duvido, vamos entrar. Alice quer tentar alguns penteados em você.
Bella suspirou pesadamente e a acompanhou. Quando chegaram na sala, Jasper
estava lá e estava se despedindo de Alice com um beijo.
Não era um beijo do tipo que Bella vira Emmett e Rosalie trocando no estábulo,
mesmo assim, ela se sentiu corar meio sem graça.
E quando Jasper se afastou, Alice a fitou e riu.
–Você está vermelha!
–É impressão tua.
–Está vermelha porque viu Jasper me beijando?
–Claro que não.
As duas riram, enquanto subiam para o quarto de Alice e depois Rosalie começou a
mexer nos cabelos de Bella.
Alice sentou a sua frente.
–Bella, posso te perguntar uma coisa? - indagou curiosa.
–Sim?
–Edward já te beijou?

–Não! - Bella respondeu imediatamente.


Rosalie parou de pentear seus cabelos e a encarou.
–Jura? Ainda não te beijou? O que ele está esperando? Que lerdo!
Alice revirou os olhos.
–Rosalie, só porque você foi pra cama como Emmett antes de casar...
–Cala a boca! - Rosalie ficou vermelha e encarou Bella. – Não acredita nela, as
coisas não foram bem assim.
Alice riu sarcástica.
–Sei... Enfim, não precisa ser igual a Rosalie, tão desfrutável!
–Não sou desfrutável, você que é puritana! Enfim, Bella. - Rose voltou a mexer no
cabelo de Bella. – Vocês já são noivos e tudo bem se Edward quiser te beijar.
–Mas ele não quis... quer dizer. – Bella mordeu os lábios com força. – Nós nunca
ficamos sozinhos...
–Ah... Sim, nós estamos tomando conta de tudo. – Alice disse. – Mas podemos ser
mais flexíveis...
As duas piscaram e riram.
Bella tentou não ficar vermelha. Mas era impossível e as duas riram ainda mais.
Naquela noite, após o jantar, Alice propôs que todos fossem para a varanda, depois
que Carlisle e Esme se recolheram.
–Que milagre é este que vocês duas não têm nada para fazer sobre o casamento
hoje? - Jasper perguntou.
–O casamento é daqui quatro dias. – Rose falou. – Já está quase tudo pronto.
–Sim, será um casamento inesquecível! - Alice disse, e então bocejou. – Ah, estou
cansada, vamos entrar?
–Sim, também estou cansada. – Rose disse. – Mas acho que a Bella precisa tomar um
pouco de ar. Fique com ela aqui, Edward. Nós vamos entrar.
Bella claramente percebeu a manobra de Alice e Rosalie enquanto elas
desapareciam porta adentro.
Edward riu.
–Elas podiam ser mais sutis.
Bella deu de ombros.
Agora que estava sozinha com ele se sentia sem graça.
–Eu quase não o vejo estes dias.
–Com toda esta mudança de temperatura o hospital anda com muito trabalho.
–Acho interessante que ajude seu pai. Também é um médico.
Ele riu.
–Praticamente.
–E a moça loira? Alguma melhora?
Bella pensava constantemente na moça desacordada.
–Ainda na mesma.
–É uma pena.

–E você, lembrou-se de mais alguma coisa?


–Não. Nada.
Então acabou o assunto e eles ficaram em silêncio.
Ouviram um barulho na janela e Edward riu.
–Elas estão nos espionando.
Bella mordeu os lábios.
–Elas acham que...
–Acham o quê?
–Bom... Elas perguntaram se você tinha me beijado.
Bella se arrependeu no mesmo instante de ter confessado a conversa com Rose e
Alice.
–Claro que eu respondi que não, mas... – ela disse rápido. - Acho que... elas esperam
que nos beijemos
Ela agradeceu mentalmente pela pouca luz da noite para camuflar seu rosto tingido
de escarlate.
Ele a fitou sem nada dizer por um instante.
–Então eu acho que devo beijá-la, não é? Não quero que desconfiem de nada. –
Edward respondeu por fim e ela prendeu a respiração.
E o rosto dele estava perto. E ficando cada vez mais próximo, até que ela sentisse a
respiração quente banhar seu rosto, arrepiando sua pele e mandando sensações de
mil agulhadas por todos os poros.
E a realidade intoxicante de que ele ia beijá-la de verdade a atingiu um pouco antes
que seus lábios se encontrassem pela primeira vez.
E ela fechou os olhos, soltando um suspiro trêmulo, enquanto os lábios de Edward
pressionavam os seus, devagar a principio, até que ela o acompanhasse,
experimentando aquele contato, e então sem pensar, apenas obedecendo a um
instinto, ela tocou os lábios dele com a língua e Edward gemeu.
Sem aviso, os braços a rodearam, a trazendo para perto do corpo sólido e quente. E
Bella derreteu de encontro a ele, entreabrindo os lábios para a invasão da língua
masculina, que se enroscou na sua numa missão de reconhecimento que a fez querer
mais do que o contato de suas bocas. Ela queria qualquer contato possível com ele e
subiu os braços para rodear sua nuca, os dedos se imiscuindo entre os cabelos cor
de areia, deixando de pensar, apenas adorando sentir todas aquelas sensações novas
e deliciosas que percorriam sua pele, deixavam seu corpo queimando em lugares
escondidos.

E ela queria que ele tocasse aqueles lugares e talvez ela tivesse perdido
qualquer pudor e pedido exatamente isto, se o barulho de algo se quebrando não os
interrompesse e Edward a soltou, tão ofegante quanto ela.
Os dois olharam em direção ao barulho e um vaso de Esme havia caído da janela e se
partido.
–A culpa é sua, Alice. - ouviram a voz de Rosalie.
–Minha? Você que quebrou! Esme vai te matar.
Bella passou a língua sobre os lábios, corando.
Tinha até se esquecido de Alice e Rosalie as espionando.
Edward passou a mão pelos cabelos.
–Me desculpe...
–Tudo bem. – ela murmurou. – Acho que agora elas estão satisfeitas.
–Elas estão, mas eu não... - ele resmungou e Bella ficou tentando imaginar o que ele
queria dizer.
–Eu vou dormir. – disse.
–Sim, boa noite, Bella.
–Boa noite, Edward.
Ela se afastou e Alice e Rosalie agora estavam sentadas no sofá, fingindo que
bordavam, mas mal continham um sorriso malicioso.
–Eu vou dormir.
–Sim, descanse. Amanhã temos um dia cheio! - Alice disse.
–Sim, vá descansar e dormir! Daqui a quatro dias estará casada, e dormir será algo
que terá bem pouco tempo, se tomarmos como exemplo todo aquele fog..
–Rose! - Alice a repreendeu e Rosalie riu.
Bella subiu quase correndo para o quarto.
Mas não conseguiu dormir de imediato.
Sua mente ainda cheia de Edward e seu beijo.
E daqui a quatro dias estariam casados.
E será que ele a beijaria de novo?

No dia do seu casamento, Bella acordou com vozes estridentes e animadas de


Rosalie e Alice.
–Acorde, acorde! - Alice a sacudia, enquanto Rosalie abria as janelas.
Bella abriu os olhos, sonolenta.
–Hoje é o dia do seu casamento! - Rosalie exclamou eufórica.
–Sim, e temos muitas coisas para fazer! - Alice a puxou.
E Bella tentou ignorar o frio na barriga ao se dar conta que aquilo realmente
estava acontecendo.
Hoje ela ia se casar com Edward Cullen.

Algumas horas depois, ela estava sentada em frente a um grande espelho enquanto
Rosalie se posicionava atrás dela.
–Bem, vamos começar arrumando seus cabelos!
–Já que você vai cuidar disto, eu vou descer e ver como está tudo lá embaixo! -
Alice se afastou.
E ao sair do quarto, encontrou Esme ocupada em arrumar alguns arranjos de flores.
Alice sorriu satisfeita com toda a decoração Estava tudo saindo como ela queria.
–Oi, mamãe, está tudo pronto?
–Sim, tudo perfeito. – Esme respondeu.
–Eu nem acredito que finalmente Edward vai casar, não é fabuloso?
Esme sorriu.
–Sim, eu estou muito feliz que finalmente ele encontrou alguém.
–Sim, tenho certeza que Bella é perfeita para ele. Eles foram feitos um para o
outro! E este casamento será o mais maravilho que Forks já viu! Ah, eu realmente
sou muito boa nisto.
–Sim, Alice, querida. Você é ótima, agora por que não vai atrás dos garotos? Eles
precisam se arrumar, sabe como são os homens.
–Ah sim. Eu os encontrarei.
Ela subiu as escadas e encontrou Emmett em seu quarto ainda sem se vestir.
–Emmett, por favor, vá se arrumar, não quero que se atrase para a cerimônia.
–Cadê a Rosalie? Eu não estou encontrando a minha gravata.
–Rosalie está ocupada arrumando o cabelo da Bella, ela não pode vir agora.
–Então não poderei por uma gravata.
Alice rolou os olhos.

E ela começou ajudar a procurar no armário de Emmett, e então de repente


ele ergueu um envelope.
–Olha isto! Finalmente encontrei.
–O que é isto?
–A carta da agência que enviou a noiva de Edward.
Alice pegou o envelope da mão dele, curiosa.
–Ainda bem que deu tudo certo no final, só você mesmo pra sumir com uma coisa
assim...
Seus olhos percorriam a carta e então ela parou e o encarou.
–Oh, Meu Deus.
–O que foi?
–Tem alguma coisa errada aqui...
–Como assim?
–Com o nome da noiva... Está dizendo que ela se chama Tanya Denalli.
Os dois se encararam sem entender.
–Não, o nome não é Isabella Swan? - Emmett indagou confuso.
Alice começou a revirar o envelope.
–Sim, mas... Tem uma foto aqui... - ela pegou a foto e então soltou um som abafado
de horror, colocando a mão sobre a boca.
–O que foi Alice? Está me assustando...
Ela lhe entregou a foto.
–Mas esta não é a Bella.. na verdade ela parece com aquela moça lá do acidente...
E então eles se encararam em choque.
–Oh Meu Deus, Emmett; A Bella não é a noiva do Edward!

continua

(Cap. 6) Capítulo 6
–Então... Quem é esta Isabella Swan? – Emmett indagou.
–Como podemos saber? Óbvio que houve um tremendo engano! Por causa do
acidente! E ela foi confundida...
–Com a verdadeira noiva que agora está em coma. Que confusão!
–Sim... E agora? E agora? O que vamos fazer?
–Temos que contar ao Edward....
–Não!
–Como não? Ainda dá tempo de desfazer este mal entendido!
–Mal entendido? Isto é uma tragédia! Olha a sua volta, Emmett! Estamos a poucas
horas do casamento.
–Não importa, Alice. Não podemos deixar o Edward se casar agora.
–Por que não? Não era isto que queríamos?
–Mas esta Bella não é a noiva!
–Agora ela é! Afinal, o Edward a pediu em casamento.
–Mas ele não sabe quem ela é! Nós nem sabemos quem ela é! Temos que cancelar
tudo e contar ao Edward...
–Não... não vamos fazer isto.
–Alice você está louca?
–Por que contar ao Edward? Ele vai cancelar o casamento!
–Claro que vai!
–Mas não pode! Eles têm que se casar!
–Alice, sei que sempre torcemos pra isto e chegamos até a fazer algumas armações,
mas... Acho que aí já é ir longe demais.
–Mas será que não vê? Edward finalmente se decidiu! Ele quer se casar com a Bella
e se contarmos a verdade ele não vai querer mais e estará tudo perdido!
–É o certo a fazer, Alice.
–Não! Não posso concordar com isto! Edward tem que se casar!
–Ele pode ainda se casar com a tal Tanya...
–Mas aquela está em coma e sabe Deus se um dia vai acordar!
–Mas é ela é a noiva.
–Não, a Bella é a noiva e neste momento está se arrumando para casar com Edward
e este casamento vai acontecer!
–Você enlouqueceu de vez. Eu vou contar ao Edward.
–Não, por favor, Emmett! Não vamos contar! Vamos deixar tudo como está. Edward
e Bella se casam e tudo ficará perfeito.
–Alice...
–Emmett, eles foram feitos um para o outro! Eles têm que ficar juntos! Quer que o
Edward fique sozinho para o resto da vida?
–Está sendo dramática.

–Não estou! O Edward gosta da Bella. Acha mesmo que teria pedido para se
casar com ela apenas porque estávamos fazendo pressão? Lógico que não! E se
contarmos a verdade, ele não vai querer casar com ela e tudo estará perdido... Por
favor, Emmett! - Alice implorou.
Emmett passou a mão pelos cabelos, confuso.
–E se a Bella se lembrar que nunca foi a noiva de Edward?
–Ai eles já estarão casados!
–Talvez tenha razão...
–Eu sei que tenho razão.
–E se a tal Tanya acordar?
–Pode ser que ela nunca acorde!
Emmett ainda ficou pensativo por mais um momento e Alice pegou os papéis de sua
mão, saindo do quarto.
–Ei Alice, aonde vai, volte aqui! - ele a seguiu até a sala e viu Alice jogando a foto
de Tanya e a carta na lareira.
–Pronto. Acabou. Ninguém nunca vai ficar sabendo disto...
–Eu ainda não tenho certeza... Enganar o Edward...
–Não estamos enganando ninguém. Estamos fazendo a coisa certa. Bella Swan é a
noiva de Edward e eles vão se casar. É muito simples.
–Tudo bem... Eu vou contar a Rosalie...
–Não! Não pode contar pra ninguém.
–Mas não posso esconder isto da Rose...
–Vai ter que esconder! Quanto mais gente souber pior será. Tem que ser um segredo
nosso, Emmett. Nem Jasper nem Rose precisam saber.
–Tudo bem... Eu espero que esteja certa.
–Eu estou certa sim. – ela sorriu. – Agora eu vou subir e ver se a Rose acabou de
arrumar o cabelo da Bella para te ajudar a procurar a tal gravata! E boca fechada
hein?

Ela desapareceu escada acima e Emmett viu os papéis acabando de serem


destruídos pelo fogo na lareira, ainda se perguntando se estava fazendo a coisa
certa, quando Edward apareceu com Jasper.
–Onde estavam?
–Fugindo de toda esta bagunça, fomos caçar.
–Podiam ter me chamado.
–Não o encontramos de manhã. – Edward respondeu e então franziu a testa.
–O que aconteceu? Está estranho.
Era esquisito ver Emmett muito sério daquele jeito.
O irmão sempre fora o mais brincalhão de todos e sempre pronto a fazer piadas.
Agora ele parecia excessivamente preocupado com algo.
–Edward, podemos conversar? Tenho algo para te contar...

–Emmett, está doente? - Jasper riu. – Nunca vi você querendo ter conversar
séria e quer ter logo hoje no dia do casamento do Edward.
–Por isto mesmo! Edward é meu irmão e quero ter uma conversa séria, qual o
problema?
–Então fiquem aí, vou subir e me arrumar porque não quero que Alice fique brava
comigo.
Jasper se afastou e Edward encarou Emmett.
–Tenho que concordar com o Jasper, algum problema?
Edward encarou o irmão, que abaixou o olhar, enquanto passava a mão pelos cabelos
pretos.
Realmente Emmett parecia estar com algum problema, o que era bem estranho.
–O que quer conversar comigo? É sobre o casamento?
Ele o fitou.
–Edward, quer mesmo se casar com a Bella?
Edward ficou surpreso com a pergunta.
Porque desde que se casaram, os irmãos não faziam outra coisa a não ser insistirem
para que se casasse e agora que ele tinha decidido se casar com Bella, Emmett vinha
com esta pergunta?
–Por que pergunta?
–Porque até pouco tempo dizia que nunca ia se casar e ficou muito bravo comigo por
lhe trazer uma noiva e eu sinceramente achei que isto nunca ia acontecer.
Edward riu.
–Achei que era isto que queriam.
–Mas e se... E se esta Bela não for a moça certa? E se de repente... houver outra
noiva para você?
–Emmett, que conversa é esta? Como assim outra noiva?
–Apenas uma suposição... Você a trocaria se aparecesse outra?
–Ainda não estou entendendo. Eu vou me casar com a Bella hoje, Emmett.
–Eu sei... por isto quero ter certeza que estou fazendo a coisa certa, quer dizer...
Que você está fazendo a coisa certa.
–Emmett, você bebeu?
–Não! É tão difícil acreditar que estou preocupado?
–Sim, é. – Edward riu.
Realmente toda aquela conversa de Emmett era muito estranha.
Até aquele momento sua família parecia plenamente satisfeita com seu casamento
iminente.
Rosalie e Alice não faziam outra coisa a não ser falar do casamento.
Até seus pais pareciam aliviados.
E Edward achara realmente que estava fazendo a coisa certa.
Porque quando fizera a proposta a Bella, fora seguindo um impulso.

Ele simplesmente não podia agüentar ter Mike Newton a rodeando e depois
vê-los se casando.
E ela viera para Forks para se casar com ele. Edward.
Por que não podiam se casar?
Edward podia ter uma lista sem fim de porquês.
Primeiro que não queria se casar com alguém que Emmett mandara vir de uma
agência. Desde o começo achara aquela história absurda e sem sentido. Não ia se
casar por imposição. E depois Bella aparecera e ele não podia mandá-la embora,
estando sem memória. E ele também não podia se casar com ela.
Mas de alguma maneira, vê-la sendo cortejada, desejada, o enchera de ciúmes.
Porque ele mesmo a desejava. Muito. E não podia ter.
E naquela manhã, ele estava ali sozinho, caçando, enquanto remoia o ódio de Mike
Newton e de qualquer homem que ousasse chegar perto dela quando ela aparecera.
E a única coisa que ele queria era escondê-la do mundo.
Não a queria com Mike Newton.
E a ideia lhe ocorrera na hora. Podiam se casar. Ele não precisaria mais se sentir
culpado por mandá-la embora.
E de quebra sua família ficaria satisfeita.
Mas ele ainda achava injusto impor uma coisa tão importante a Bella em seu estado.
Bella estava desmemoriada, não fazia ideia de quem era, como ele podia se
aproveitar disto? Por isto eles não iam consumar o casamento.
Não enquanto Bella estivesse sem memória.
Porque ela podia um dia se lembrar, e achar que era um grande erro estar ali e
querer partir.
Na hora lhe parecera um bom plano. Nada mais de homens a sua volta. Nada mais de
Mike Newton a levando embora.
Mas os dias foram passando e ele se perguntava se realmente ia dar certo.
Até aquela noite em que a beijara. E agora ele só se perguntava se teria forças
para fazer a coisa certa e não forçá-la a nada.
Porque ele não pensava em outra coisa a não ser em como suas bocas pareciam se
encaixar com perfeição, e que provavelmente outras partes de seus corpos também
se encaixariam.
E hoje à noite ele poderia saber. Mas não deveria.
–Então, Edward, quer mesmo se casar com Isabella Swan?
–Sim, eu quero. Muito. – respondeu.
–E não a trocaria por outra?
Edward riu.
–Por que trocaria? Ela é perfeita.
Emmett sacudiu a cabeça afirmativamente, parecendo mais tranqüilo.
–Tudo bem, acho que deve se casar com ela mesmo.
Edward riu, se levantando.
–Acho melhor ir se arrumar, antes que Rose venha te buscar.
–Sim, farei isto e acho que deve fazer o mesmo. Se algo sair errado, Alice me
mataria.

Bella sentia o estômago dando voltas, enquanto permanecia parada ao lado de


Edward e o padre pronunciava as palavras que estava mudando sua vida para
sempre.
E em poucos minutos estava casada com Edward Cullen.
Agora era oficialmente Isabella Cullen.
Ela se virou para Edward e ele parecia ainda tão perfeito como antes.
“Meu marido”, pensou. As palavras ainda pareciam estranhas.
Ela se sentia estranha.
Mas agora não tinha mais volta.
–Pode beijar a noiva. – o padre disse, e Edward levantou o véu diáfano que cobria
seu rosto. Bella prendeu a respiração enquanto ele se inclinava e a beijava
levemente. Mas este contato bastou para arrepiar ate o último fio do seu cabelo.
E ela só queria que ele a beijasse de novo. E de novo. Muitas vezes.
Mas os convidados aplaudiram e se aproximaram, e daí por diante tudo passou como
uma nuvem de confusão em sua mente.
Parecia que a cidade inteira estava lá. E todos a encaravam com admiração.
A nova Cullen. Era um pouco assustador.
Tinha certeza que os olhares de Jéssica e Lauren tinham mais inveja do que
admiração, e Mike Newton parecia saudoso e triste ao cumprimentá-la de longe.
Provavelmente ele estava com medo de Edward.
Os rostos iam passando e ela se perguntou se lembraria o nome de todos depois, até
que um homem se aproximou. Parecia bem distinto em seu uniforme de xerife e
usava bigode.
–Bella, este é Charlie Swan, o xerife da cidade.

–Swan? Que coincidência. – Bella murmurou. Deste nome ela provavelmente


se lembraria.
–Coincidência?
–Sim, o sobrenome de solteira da Bella é Swan.
–Bom, podíamos ser parentes então. – o xerife riu. – Da onde é?
Bella ficou vermelha, sem saber o que responder.
–De Nova York. – Edward respondeu por ela.
–Bom, não conheço ninguém em Nova York, senhoria Swan, quer dizer, Senhora
Cullen.
Bella achou muito estranho ser chamada de senhora Cullen.
–Pode me chamar de Bella. – pediu.
–Bom, Bella, seja bem vinda a Forks.
E ele se afastou.
–Como sabe que sou de Nova York?
–A agência que Emmett mandou a carta era lá. Acho que deve ser de lá também.
–Sim, é possível.
–Que coincidência ter o mesmo sobrenome do xerife; eu não tinha me tocado disto.
–Sim, uma coincidência...
–Bom, provavelmente não há nenhum grau de parentesco mesmo. Pelo o que eu sei, o
xerife é um homem sozinho e não tem parentes na cidade.
–Ele não é casado? Me pareceu bem apessoado.
–Parece que foi há muito tempo.
–É viúvo?
–Eu não sei, deve ser. Estamos há pouco tempo na cidade.
–Bella e Edward, agora é a hora de cortar o bolo!
Edward rolou os olhos.
–Já estou ficando cansado de toda esta festa da Alice.
Bella riu.
–Acho que posso dizer o mesmo.
Ele segurou a mão dela, a guiando por entre os convidados.
E era muito bom sentir seus dedos entrelaçados.
Parecia... certo.
–Não se preocupe já está acabando.
Bella sentiu de novo o estômago se apertando.
Sim, estava acabando. A noite já caíra e ela finalmente ficaria sozinha com
Edward.
Sua noite de núpcias.
E não ia acontecer nada. Ela deveria se sentir aliviada.
Mas não era assim que se sentia.

E mais algumas horas se passaram de festa e solicitações até que Alice e Rosalie a
cercaram e a levaram para o quarto.
O quarto de Edward.
–Ah, o casamento foi lindo! – Alice dizia, enquanto a ajudava a tirar o vestido.
–Sim, toda a cidade não vai falar de outra coisa por meses! Foi fabuloso! – Rose
disse se aproximando com uma camisola nas mãos, que ajudou Bella a vestir.
Bella encarou sua imagem no espelho.
Usando aquela longa camisa branca e começou a suar frio.
–Ei, o que foi, está branca feito papel. – Alice comentou preocupada.
–Ah, deve estar preocupada com a noite de núpcias. – Rosalie riu. – Mas não se
preocupe querida, tudo vai ser perfeito. Aposto que Edward sabe o que fazer!
As duas riram e Bella se sentiu mais mal ainda.
–Sim, Bella, não há motivo pra pânico, eu também me senti assim, mas depois me
senti uma idiota por ficar preocupada.
–Bom, eu já sabia o que esperar. – Rosalie riu. – Eu e Emmett não conseguimos
esperar, então foi só uma questão de aproveitar a noite.
Alice a encarou com reprovação.
–Você é uma perdida, Rosalie!
–Não exagera! Eu recusei muitos homens! Mas Emmett era meu noivo e íamos nos
casar, enfim, não te devo satisfação e hoje a noite é da Bella. Vamos sair, o Edward
já deve aparecer daqui a pouco.
–Sim, tenha uma boa noite, Bella. – Alice piscou.
–E vamos querer saber todos os detalhes amanhã. – Rosalie disse antes de fechar a
porta atrás de si.
E Bella ficou sozinha.
À espera de Edward.
A vontade que tinha era de se vestir de novo, mas nem fazia ideia onde estariam
suas coisas.
E olha que ela tinha muitas coisas agora. Alice e Rosalie tinham insistido em
comprarem uma infinidade de vestidos. Eram tantos que provavelmente ela não
conseguiria usar todos nesta vida.
Bella olhou a noite escura de Forks pela janela.
Ela tinha se casado. Mas não havia ninguém da sua família ali.
Será que ela tinha família? Será que estariam preocupados com ela?
Por que ela aceitara viajar para aquela cidade e se casar com um desconhecido?
Talvez fosse uma órfã. Era o mais provável.
E agora era uma Cullen.
De repente ela ouviu a porta se abrir e se virou.
Edward entrou, fechando a porta atrás de si.

continua

(Cap. 7) Capítulo 7
Bella sentiu o coração bater acelerado no peito ao vê-lo.
Um misto de medo e ansiedade.
Ele a mediu através da luz fraca do quarto e ela se sentiu nua, embora estivesse
usando uma camisola longa.
Mordeu os lábios com força.
–Acho que não deveria estar usando isto, não é? Rosalie e Alice insistiram... me
desculpe. – balbuciou.
Edward não falou nada por um momento e Bella se sentiu pior ainda.
–Eu... não faço ideia de onde estão minhas roupas... Talvez deva me vestir...
–Não, tudo bem. Tem que dormir com algo, não é?
–Sim... dormir.- murmurou, e seus olhos foram para a cama automaticamente.
E Edward seguiu seu olhar.
Bella corou.
Ainda bem que o quarto estava a meia luz, assim ele não veria o quanto ela estava
vermelha.
–Você pode ficar com a cama, claro. Eu posso dormir no chão.
–Isto não me parece justo. – murmurou.
Mas o que seria justo, perguntou-se.
Ele dormir na cama com ela?
Só de pensar nisto sentia seu rosto corar ainda mais. Se é que era possível.
–Isto não está em discussão, Bella. – Edward dizia enquanto se aproximava da cama
e tirava alguns cobertores e travesseiro.
Bella mordeu os lábios, ainda incerta de como proceder.
Será que se fosse uma lua-de-mel de verdade ela se sentiria mais à vontade?
Provavelmente estaria nervosa do mesmo jeito.
Ou pior. Mas por motivos bem diferentes...
–Vá dormir, Bella. – Edward disse, agora com um certo tom impaciente na voz.
E Bella foi para a cama.
Sozinha.
Puxando as cobertas firmemente em volta do corpo.
Virou-se de costas, ainda ouvindo os movimentos de Edward pelo quarto.
Será que ele estaria se despindo?
Fechou os olhos com força, crispando os dedos no lençol.
Era melhor não pensar. Não imaginar.

Apenas isto já era constrangedor.


E ela se perguntou onde estava com a cabeça quando concordara com aquele
casamento que mais parecia um engodo.
Edward por fim apagou as velas e o movimento cessou.
Bella tentou voltar a respirar normalmente.
Dormir lhe parecia impossível.
Seu coração parecia que ia saltar pela boca a cada respiração de Edward, a cada
movimento seu.
Ela suspirou pesadamente.
Seria uma longa noite.

Edward se perguntou pela enésima vez que diabos estava fazendo dormindo no chão
quando o que mais almejava era estar na cama.
Mas não dormindo, definitivamente.
Ele gostaria de estar com Bella.
Se fechasse os olhos ainda a via sob a janela, sua camisola diáfana deixando pouco à
imaginação.
E naquele momento ele se perguntou se teria forças de honrar o que tinha
prometido a ela.
O que era certo.
Não consumar o casamento.
E foi, com muito sacrifício, que desviara o olhar e a mandara ir dormir.
Sozinha.
E agora lá estava ele, ouvindo sua respiração ritmada.
E às vezes ela se mexia e murmurava algo desconexo num sono agitado.
E tudo o que ele quis de repente foi deitar ao lado e protegê-la.
Se xingou mentalmente.
Sim, ele podia deitar ao lado dela, mas tinha medo de não conseguir se conter.
Bella era perigosa para seus instintos.
Seria uma noite longa.

Bella acordou com os primeiros sons da manhã.


E ela achara que não ia conseguir dormir, mas em algum momento naquela noite, após
o dia agitado, tinha finalmente sucumbido ao cansaço e adormecido.
Seu primeiro movimento foi lançar um olhar para onde Edward deveria estar.
Mas o chão estava vazio. Sem nenhum vestígio de sua passagem por ali.
E ainda era cedo. Onde será que ele tinha ido?
Se levantou e colocou um vestido, descendo para a sala.
E encontrou Alice e Rosalie tomando café.
As duas a fitaram surpresas.
–Já acordada? - Rosalie indagou e Alice levantou a sobrancelha.
–Tão cedo?
Bella deu de ombros.
–Qual o problema? Sempre levanto cedo. – disse se sentando.
E as duas se entreolharam.

–Não se espera que levante cedo no dia seguinte do seu casamento!


Bella ficou vermelha.
Claro, as duas com certeza achavam que ela teria passado boa parte da noite
acordada.
Se elas soubessem...
–São apenas hábitos. – respondeu sem conseguir encará-las.
–E cadê o Edward? - Alice indagou curiosa e Bella ficou sem saber o que
responder, porque não fazia ideia de onde Edward poderia estar.
–Quando eu acordei ele já tinha saído. – disse dando de ombros. – Provavelmente
deve estar ajudando seu pai no hospital.
As duas se entreolharam de novo.
–Ah, Edward... sempre tão certinho! - Alice rolou os olhos.
Rosalie se inclinou para frente, se aproximando de Bella.
–E então como foi?
Bella deveria saber que aquela pergunta viria, mesmo assim se sentiu corar de
embaraço, sem saber o que responder.
–É... eu... enfim... eu... - gaguejou e Alice e Rosalie riram .
–Não precisa ficar sem graça, Bella! Somos irmãs agora! - Rose disse lhe dando
tapinhas conciliadores na mão.
–Eu sei, mas... Se não se importam... gostaria de não falar sobre isto.
–Como não? - Rose parecia horrorizada. – Tem que contar! Estou morta de
curiosidade, por favor, Bella.
Mas Alice veio em seu socorro.
–Rose, deixe Bella em paz! Ela vai explodir de tão vermelha que está! Se ela quer
guardar pra si sua grande noite, deixe que guarde. Eu acho romântico! – suspirou.
Rose rolou os olhos.
–Eu só queria saber alguns detalhes, oras!
–Eu tenho certeza que você deve imaginar os detalhes, Rose. Deixe a Bella em paz!
–Ela podia ao menos falar se foi satisfatório...
Bela estava ficando cada vez mais embaraçada com o dialogo das duas, mas pelo
menos elas a ignoravam como se não estivesse ali.

–Ah meu deus, por que não seria? Tenho certeza que o Edward sabe o que
está fazendo...
–Pois eu não teria tanta certeza se ela está aqui sem uma olheira...
E elas continuaram a discussão sobre suas suposições até que Esme entrou na sala e
elas pararam com o assunto, para alívio de Bella.

Depois Bella alegou um cansaço súbito apenas para se livrar de Rosalie e Alice e
suas perguntas indiscretas para ficar sozinha.
Claro que as duas ficaram soltando risadinhas enquanto Bella se afastava, e ela se
perguntava até quando teria que agüentar aquilo.
Mas de quem era a culpa a não ser sua?
Tinha se enfiado naquele casamento de fachada e agora teria que agüentar.
Se ao menos se lembrasse... Se soubesse quem realmente era.
O que aconteceria? Será que ela e Edward poderiam ter um casamento de verdade?
Ou será que ela finalmente poderia ir embora daquela cidade?
Eram perguntas demais para sua cabeça.
Então se refugiou no quarto vazio o restante do dia com um livro de Jane Austen
até que uma batida na porta a sobressaltou e Edward entrou.
Sentiu seu coração disparando no peito ridiculamente enquanto levantava o olhar do
livro.
Ele parecia cansado e um pouco constrangido.
–Olá, Bella.
–Olá.
–Me desculpe por... ter saído sem falar com você hoje, apenas precisei ajudar meu
pai, há um mal súbito de gripe na cidade...
–Tudo bem. – respondeu rápido. – Não precisa... ficar me dando satisfação,
Edward.
–Mas eu quero dar. – ele disse naturalmente, enquanto começava a tirar a camisa,
como se Bella não estivesse ali.
Ela se levantou quase de um pulo e então, Edward pareceu se lembrar do que estava
fazendo.

E foi a vez dele corar.


–Oh, me desculpe...
–Eu que tenho que pedir desculpas... - Bella murmurou, pegando o livro. – Eu vou
descer... ver se sua mãe precisa de ajuda. – e se afastou quase correndo.
Realmente aquela situação era ridícula.
Como é que iria conseguir conviver daquele jeito?

No jantar, não demorou para Alice começar a atazanar.


–Não deveria ter deixado a Bella sozinha hoje, Edward, que coisa feia! São recém-
casados.
–Eu estava trabalhando Alice, precisam de ajuda no hospital.
–Sim, Edward tem razão. – Carlisle veio ao socorro de Edward.
–Acho que deveriam viajar. – Rosalie opinou.
–Rose, tem muito trabalho no hospital no momento. – Edward respondeu.
–Está certo. Mas acho que podemos programar uma viagem. De repente nós todos
irmos juntos!
–Sim, Paris, seria perfeito! - Alice bateu palmas.
–Estamos entrando no inverno, Alice. – Carlisle a cortou. – Ninguém vai viajar
agora.
–Tudo bem, mas eu posso programar uma viagem para a Primavera. Vai ser perfeito!
E as duas começaram a tecer planos para a tal viagem, deixando Bella em paz por
enquanto.
Mas ela mal conseguia comer, porque estava pensando que até o fim da noite,
estaria sozinha com Edward de novo.
No mesmo quarto. Com uma cama.
E que para piorar, às vezes ele levantava o olhar e sorria para ela. Como se
guardasse um segredo.
E o coração dela batia daquele jeito descompassado e seu estômago se revirava de
um jeito bom e uma espécie de ansiedade estranha a dominava.
E ela só conseguia desviar o olhar, rezando para não estar corando feito uma boba.
Até que a tão fadada hora chegou, em que eles foram para o quarto e Edward
fechou a porta atrás de si.
Bella mordeu os lábios, incerto de como proceder.
–Não se preocupe com estas ideias de viagem de Alice e Rose. - Edward disse,
talvez achando que fosse isto que a desconcertava.

–Ah, acho que já estou me acostumando com o jeito delas. – Bella tentou
sorrir.
–Sei como podem ser irritantes às vezes, mas você parece... diferente. – ele a fitou,
passando a mão pelos cabelos. Bella teve vontade de fazer o mesmo. Passar suas
mãos pelos cabelos dele.
–Como assim diferente? – indagou.
Ele deu de ombros.
–Elas ficam animadas com a possibilidade de fazer compras e você parece nem se
importar.
Bella riu.
–Eu não me importo mesmo, mas... de repente eu sou assim e não sei. Ainda não sei
quem eu sou.
–Duvido que seja diferente. Gosto de você assim.
Ali estava. De novo aquele sorriso de lado, aquele olhar que a aquecia acompanhado
das palavras desconcertantes. Ele tinha dito que gostava dela?
Claro que não deveria significar nada. Era apenas um modo de falar.
Afinal, era bem fácil ele dizer que preferia o seu jeito ao de Rose e Alice que eram
mesmo muito irritantes às vezes.
Era melhor ela não pensar naquelas palavras de maneira diferente.

–Quem sabe eu seja assim então. – murmurou, dando de ombros. – Talvez eu me


lembre...

–Sim, talvez se lembre...

–Bom, eu preciso...

–Sim, eu vou... vou sair para que possa se trocar.


E sem dizer mais nada, ele saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Bella suspirou pesadamente e tirou o vestido, colocando uma camisola. Desta vez
bem mais discreta e se enfiou embaixo das cobertas.
Mas Edward não voltou, até que vencida pelo sono, adormeceu.

Edward saiu do quarto e foi para a varanda. Ar frio ia lhe fazer bem.

Porque dormir com Bella no mesmo quarto estava lhe custando muito controle.

Mais do que imaginara ser possível.

E de repente ele desejou que ela recobrasse a memória. Que se lembrasse porque
estava ali. E que queria mesmo se casar com ele.

E então... Bom, talvez ele pudesse finalmente dormir com ela. De verdade.

Ou talvez dormir não fosse a palavra certa... Sua imaginação começou a voar solta...

–Ei, o que faz aqui fora?

Tomou um susto ao ouvir a voz de Emmett.

–Eu que me pergunto o que faz aqui.

Ele deu de ombros.

–Precisava pensar... – Emmett desviou o olhar e Edward se perguntou o que estaria


afligindo o irmão. Emmett não era nem um pouco preocupado com nada.

–Está com algum problema?

–Não, não estou mentindo para você, ok? – respondeu na defensiva.

Edward riu.

–Ei, calma, o que deu em você? Não estou te acusando de mentir pra mim, do que
está falando?

Emmett desviou o olhar, vermelho.


–Nada, nada não... é só.. Não é nada.

–Certo... Se precisar conversar...

–Na verdade... Você podia dizer o que está fazendo aqui... não está em lua de mel?–
ele riu dando socos no braço de Edward.

–Eu já estava voltando. – desconversou. – Achei que ouvi um barulho.

–Ah, certo... Está tudo bem entre você e a Bella, não é?

–Claro que sim.


–Este casamento... Acha que fez a coisa certa, não é? – indagou seriamente e de
repente Edward teve vontade de contar tudo a Emmett. Do acordo que fizera com
Bella.

Mas se calou. Emmett não entenderia.

–Claro sim. Eu vou dormir. Boa noite, Emmett.

Ele voltou ao quarto e Bella dormia.

Menos mal.

Ele duvidava que conseguiria dormir direito.

**

–Mas o que está acontecendo aqui?

Bella acordou sobressaltada com a voz feminina incrédula, e ao abrir os olhos,


Rosalie e Alice estavam no quarto.

E elas encaravam horrorizadas Edward ainda dormindo no chão.

Oh. Oh. Tinham sido descobertos!

**continua**
(Cap. 8) Capítulo 8
Bella empalideceu, mais horrorizada do que Alice e Rosalie e fitou Edward
em busca de ajuda.
Ele parecia aturdido e irritado. Mas não pego num flagrante de mentira.
–Que diabos as duas estão fazendo aqui? - ele se levantou, falando com censura.
–A gente achou que você já tinha saído... - Rose balbuciou.
–Viemos acordar a Bella e... – Alice continuou.
–Fora daqui. – ele segurou a porta.
–Mas... Por que está dormindo no chão? - Rose ainda tentou perguntar, mas Edward
foi irredutível.
–Agora!
As duas saíram trocando olhares consternados e Bella se permitiu respirar assim
que Edward fechou a porta atrás de si.
–Me desculpe por isto...
–Elas nos descobriram... - Bella murmurou.
Edward passou a mão pelos cabelos, soltando uma imprecação baixa.
–Elas não têm nada a ver com isto.
–Mas... Elas vão fazer perguntas...
–Não precisa explicar nada a elas, Bella.
–Mas você as conhece, elas vão insistir...
–Apenas diga que elas não têm nada a ver com o nosso casamento. Já está na hora
delas pararem de se intrometer mesmo. – Edward dizia enquanto vestia uma camisa
e só então Bella se deu conta de sua seminudez.
–Elas vão desconfiar... - murmurou abaixando o olhar numa onda de embaraço,
sentindo o rosto esquentar.
–Eu darei um jeito nisto, não se preocupe.
Bella tentou acreditar nele.
–Eu não sei... toda esta situação...
Ele se aproximou de repente e ela se surpreendeu quando sentiu os dedos
levantando seu queixo.
–Eu sei que é difícil, Bella. E não quero que minha família a torne pior. Mas tudo
ficará bem, eu prometo.
Bella sentiu dificuldade de respirar. Ele estava tão próximo...
E ela baixou o olhar para sua boca...muito perto... Se apenas se movesse um
pouquinho...

“Beije-me, Edward” era o que tinha vontade de dizer, mas em vez disso
apenas balbuciou.
–Como? Eu não consigo me lembrar de nada ainda...
Os dedos mornos de repente pareciam queimar, enquanto faziam uma leve carícia
em sua pele.
E por um momento achou que Edward estava pensando o mesmo que ela...
Mas no minuto seguinte ele se afastara.
–Vamos esperar. Eu vou descer e conversar com as minhas irmãs.
–Tudo bem.
Ele saiu fechando a porta atrás de si e Bella se perguntou se tinha imaginado aquele
momento.

Quando desceu, Alice e Rosalie nada falaram.


Mas era visível que elas estavam se remoendo de curiosidade.
Bella se indagava o que Edward havia falado para calá-las.
Infelizmente o voto de silêncio não durou até o fim do dia.
Rosalie tentava tocar piano e Alice bordava à tarde, quando Rosalie fechou o piano
com um estrondo, assustando Bella que tentava ler um livro.
–Ah, já chega! Bella, o Edward pode até mandar cortar minha língua, mas eu preciso
saber que diabos está acontecendo!
Alice suspirou, colocando o bordado de lado.
–Sim, Bella, sei que nos acha duas enxeridas, mas estamos preocupadas! Por que o
Edward estava dormindo no chão?
Bella respirou fundo. E agora? As duas a fitavam esperando uma resposta.
–Nós brigamos. – mentiu.
Rosalie saiu do piano sentando ao seu lado e Alice fez o mesmo.
–Como assim brigaram? - Alice indagou. – No segundo dia de casados?
–Brigaram por quê? - Rose insistiu.
– Edward é... bem... conhecem Edward a mais tempo do que eu, ele é bem irritante
às vezes... – gaguejou.
–E o que ele te irritou?
–Olha, eu não me sinto à vontade para falar...
–Você se recusou a fazer alguma coisa...? - Rosalie indagou curiosa.
Bella não entendeu do que Rosalie estava falando.
–Como assim?
–Como posso dizer... Ele te pediu pra fazer algo estranho?
–Rose, isto sim é indiscrição! - Alice ficou vermelha e então Bella entendeu, ficando
vermelha também.
Alice arregalou os olhos.
–Edward é um pervertido?

–Ai, Alice tudo pra você é pervertido! - Rose rolou os olhos e então fitou
Bella. - Olha Bella, algumas coisas... pode parecer estranho em se pensar em fazer,
mas quando fazemos... podemos gostar... muito...
–Não, não tem nada a ver com.. isto... - Bella podia sentir o rosto queimando.
–Oh...
–E o que seria? - Alice insistiu.
–Nós simplesmente não concordamos em algo e ...
–Meu deus você é uma megera. – Rose riu.
–Não sou uma megera!
–Colocou ele pra dormir no chão no segundo dia de casada!
–Ah Rose, você coloca o Emmett toda semana pra dormir no celeiro! – Alice disse
para Rosalie e encarou Bella. - Sorte do Edward. Rosalie coloca Emmett para
dormir no celeiro quando eles brigam!
–Tenho certeza que isto não será necessário... – Bella murmurou.
–Bom, então se foi só isto, acho que podemos ficar despreocupadas. – Alice sorriu.
Mas Rosalie ainda parecia não muito convencida.
–E já fizeram as pazes?
–Acho que sim. – Bella murmurou.
Rosalie a encarava com o cenho franzido.
–Não me parece muito certa disto...
–Ah, Rosalie, deixe a Bella em paz. – Alice voltou ao seu bordado e Rosalie a
encarou.
–E sua memória, alguma coisa?
Alice parece interessada na conversa de novo.
–Sim, sua memória está voltando?
–Não, ainda nada.
–Ah, que bom. – Alice sorriu e Bella e Rosalie a fitaram sem entender.
–Oh, quer dizer... que horrível!
E ela voltou ao seu bordado.
Rosalie voltou ao piano e pareciam satisfeitas por enquanto.

Quando Edward chegou junto com os irmãos e o pai, Bella se surpreendeu


quando ele se aproximou e lhe beijou a testa.
–Está tudo bem? – murmurou e ela sacudiu a cabeça afirmativamente.
E reparou em Rosalie os fitando com um olhar desconfiado.
E Bella começou a achar que aquela pequena farsa não estava passando
despercebida a esperta irmã de Edward.
–Como está se sentindo, Bella?– Carlisle perguntou com um olhar profissional depois
do jantar.
–Estou me sentindo bem.
–Alguma dor de cabeça ainda?
–Dói apenas um pouco.
–E algum flash de memória?
–Nada... Eu fico preocupada... de nunca me lembrar.
–Você vai lembrar, Bella. – Edward insistiu.
–Não deve se preocupar com isto, Bella. – Carlisle insistiu. – Pode recuperar a
memória amanhã ou em alguns dias, semanas talvez.
–Ou nunca, não é? – Alice perguntou.
–Infelizmente sim. – Carlisle concordou e Bella se sentiu mal com esta
possibilidade, mas nada falou.
Quando subiram para o quarto, de novo ela começou a sentir aquele nervoso. Ia
ficar sozinha com Edward novamente.
Edward a observou enquanto entravam no quarto. Bella parecia nervosa.
–Você parece angustiada. – Edward comentou preocupado.
Tinha pedido a Rosalie e Alice que deixassem Bella em paz, mas ele duvidava
sinceramente que as cunhadas o obedeceriam.
Ela mordeu os lábios.
–Sua irmã está desconfiada. – disse.
–Alice?
–Rosalie. Elas insistiram em saber por que estava dormindo no chão e eu inventei
que tínhamos brigado.
–E elas não acreditaram?
–Talvez sim, mas... Rosalie parece ainda achar que tem algo errado.
–Rosalie é uma intrometida. – Edward resmungou irritado.
–Elas parecem apenas preocupadas... E se contássemos a verdade?
–Isto não é uma boa ideia, Bella. O tempo inteiro eles queriam que eu me casasse. O
fato de você estar aqui é pela insistência deles. Se acharem que há algo errado, vão
transformar minha vida num inferno. E eu temo que a sua também.

–Então temos que convencê-los. – ela disse e então baixou o olhar, torcendo
as mãos. - E se... bem... você dormisse na cama?
Ela disse isto em voz baixa e Edward podia jurar que seu rosto estava vermelho.
Dormir na cama? Com Bella.
Edward podia pensar em muitas objeções. E a principal dela era que não confiava
em seu controle. Absolutamente.
Ele passara boa parte da noite passada escutando sua respiração, antecipando seus
movimentos, tentando conter sua imaginação traiçoeira, de como seria se tudo fosse
diferente...
E hoje de manhã quando tentara tranqüilizá-la e segurara seu rosto, o simples fato
de tê-la tão perto, sentir seu hálito doce, único, fora o suficiente para deixá-la com
uma imensa vontade de beijá-la, de sentir de novo o gosto de sua boca.
E lá estavam eles novamente. Os pensamentos proibidos.
–Não seria certo, Bella. – respondeu.
–Sim, acho que tem razão. – ela concordou.
Mas antes que continuassem a conversa, alguém bateu na porta.
E quando Edward abriu, Rosalie estava ali, com um sorriso no rosto e uma xícara
nas mãos.
–Olá Edward, posso entrar?
–Não. – respondeu secamente e o sorriso sumiu de seu rosto.
–Por que não? Quero apenas dar este chá a Bella. Foi o Carlisle quem receitou, para
a dor de cabeça dela...
Edward pensou em mandar Rose e seu chá para o inferno, mas sabia que seria pior.
Bella tinha razão, Rosalie estava desconfiada de algo e estava ali para tentar
descobrir o que havia de errado.
–Tudo bem, entra.
Rose passou por ele e entrou no quarto.
–Mas estamos com sono Rosalie, então é melhor não se demorar.
–Claro! São recém-casados, não quero ficar atrapalhando! Oi Bella, como está se
sentindo?

–O que faz aqui Rose? – Bella indagou.


–Vim te trazer este chá. Vai ser bom para não ter dor de cabeça!
Bella pegou a xícara das mãos de Rosalie.
–Obrigada, muito gentil da sua parte.
E Rosalie continuou parada ali.
–Rosalie, já deu o chá a Bella, agora pode ir. – Edward falou abrindo a porta e
Rosalie sorriu.
–Eu volto para pegar a xícara!
–Não precisa.
–E mais uma coisa. Eu conversei com o Carlisle e eu disse que estou muito
preocupada com a Bella e estou me nomeando enfermeira dela agora.
–Mas que conversa é esta Rose?
Ela sorriu.
–Sim, eu vou cuidar pessoalmente da Bella para que ela melhore e a memória dela
volte! Então talvez eu apareça por aqui durante a noite para ver se está tudo bem!
E com estas palavras ela saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.
–Tinha razão... – Edward disse. – Ela está nos vigiando.
–Eu te disse.
–Vou falar com o Emmett para ele parar a esposa dele!
–Acho que não vai adiantar nada. – Bella falou. – A impressão que eu tenho é que ela
que manda no seu irmão.
Edward teve que rir. Porque era a mais pura verdade.
–E o que faremos Edward? Será que ela vai mesmo aparecer por aqui?
Ele passou a mão pelos cabelos.
Rosalie era bem capaz de aparecer sem avisar... Ela só estaria satisfeita quando
descobrisse o que estava acontecendo.
–Tem razão. Acho que agora teremos que dormir juntos.

continua
(Cap. 9) Capítulo 9
Não havia motivos para ficar nervosa.
Talvez se repetisse a si mesma muitas vezes, Bella se convenceria de que era
verdade.
Infelizmente seu coração parecia pensar diferente e batia num ritmo
descompassado desde que Edward dissera as fatídicas palavras: “dormir juntos”.
Claro que podia dizer “não, obrigada”. Mas sabia que seria insensato de sua parte,
ainda mais que fora ela mesma quem começara com aquela ideia.
Mas de alguma maneira, conhecendo Edward, mesmo o pouco que conhecia dele,
sabia que ele ia dizer não.
E Bella podia concordar com ele, afinal, apenas a ideia de deitar na mesma cama que
ele, e para dormir, já a deixava em tal estado de nervoso.
E o pior era que bem lá no fundo de sua mente, havia uma vozinha que dizia que era
justamente ali que residia o problema.
Edward perto demais era perturbador demais. E agora ele a encarava à espera de
uma resposta e a Bella não restou nada a não ser aquiescer, concordando.
–Sim, tem razão... – murmurou.
–Bom, eu vou sair para que se troque...
–Não pode... A Rosalie deve estar ai no corredor.
Ele passou a mão pelos cabelos, irritado.
–Sim, tem razão. Eu irei me virar então...
–Tudo bem.
Ele ficou de costas e Bella se obrigou a tirar o vestido. Seus dedos tremiam
enquanto se livrava da roupa, insuportavelmente consciente de que estava se
despindo na presença de Edward Cullen.
E o fato de saber que ele não podia vê-la não ajudava muito.
Então tratou logo de vestir a camisola e se enfiar debaixo das cobertas e soprar a
vela ao lado da cama.
–Pronto. – murmurou fechando os olhos.
Podia ouvir os movimentos de Edward no quarto, as roupas sendo tiradas e uma
ansiedade estranha ia tomando conta dela.
E quando ele deitou ao seu lado, Bella apertou os dedos fortemente contra o lençol,
num misto de nervosismo e curiosidade.
A vontade que tinha de abrir os olhos era imensa. Mas não ousava.

Já o vira sem camisa, mas nunca tão perto, tão ao seu alcance.
–Bella?
Sua voz a chamou na escuridão e ela se sobressaltou.
–Sim?
–Você pode respirar.
Ela riu, se achando um idiota.
O que achava? Que Edward iria atacá-la?
Estava sendo ridícula e exagerada. Não havia nada demais.
Apenas iriam dormir na mesma cama.
Apenas dormir.
E então ela ousou abrir os olhos, respirando uma longa golfada de ar.
O que foi um erro duplo.
Primeiro que ele estava mais próximo do que imaginara.
E seu cheiro delicioso invadiu suas narinas, arrepiando sua pele.
E ela prendeu o ar de novo.
Mas Edward parecia preocupado. Ou seria irritado?
Ela não saberia definir.
–Parece com medo. Nada vai acontecer. Eu prometi a você.
–Eu sei.
Sim, ela confiava nele. O que ela não confiava era nela mesma.
Porque definitivamente não entendia aquela vontade que tinha de chegar mais perto
dele, de estender a mão e infiltrar os dedos nos cabelos cor de areia, de sentir seu
hálito quente, de respirar ele todo.
Fechou os olhos novamente, amedrontada com o ritmo de seus pensamentos e se
virou de costas.
–Eu sei. – murmurou. – Boa noite, Edward.
–Boa noite, Bella.
E como é que ela ia fazer para dormir agora?

Mas ela dormiu depois de muito esforço, forçando-se a ficar quieta, a


moderar a respiração. E esquecer que não estava sozinha.

Edward ouviu sua respiração compassada e tentou relaxar.


Que diabos tinha dado nele para concordar em dormir com Bella?
Deveria saber que seria uma tortura.
Mas ele conhecia bem a astúcia de Rosalie e ela era bem capaz de invadir o quarto,
mesmo com portas trancadas. Ela sabia que havia algo errado e não descansaria até
descobrir.
E se ela descobrisse ia transformar a vida dele e de Bella num inferno.
Mas inferno já não era o que ele vivia agora?
A cada movimento de Bella, a cada suspiro que ela dava no sono, ele se tornava mais
consciente de sua presença e daquele desejo proibido que não podia mais negar a si
mesmo.
Enquanto a ouvia tirando a roupa, ele fazia um esforço imenso para não se virar e
matar a vontade de ver aquilo que sua imaginação já via e queria.
E lá estava ele, deitado na mesma cama que ela e se perguntando por que tinha
aquela promessa.

Mas em algum momento da noite ele conseguira dormir também.


E quando acordou, se surpreendeu por ter algo encostado nele.
Algo macio e que se encaixava deliciosamente contra ele.
E antes mesmo de abrir os olhos, a coisa macia começou a se mexer, mas não para se
afastar, e sim para se aproximar ainda mais. Edward prendeu a respiração,
sentindo o corpo reagir automaticamente.
Era demais para qualquer homem, ele ainda conseguiu pensar ao abrir os olhos e se
deparar com Bella se enroscando nele naquele jeito.
E ela estava dormindo. Por um momento não soube o que fazer, apenas tentar não
reagir.
Mas seu corpo não acompanhava sua mente e tinha vontade e desejos próprios.
E quando de repente Bella acordou, abrindo os olhos sonolentos e despertando
devagar, suspirando e roçando ainda mais nele, Edward soltou um gemido
involuntário e então ela despertou totalmente o encarando com os olhos
arregalados.
E Edward pensou que do jeito que estavam grudados, ela com certeza sentia sua
ereção.

Bella não conseguia se mexer. Na verdade ela não conseguia nem raciocinar
direito.
A única coisa que entendia era que estava firmemente agarrada a Edward.
E que não estava assim ontem à noite!
E a mente dela de repente começou a entender o que se passava.
Durante algum momento naquela noite, de alguma maneira, ela tinha se aproximado
dele.
E agora a luz do dia invadia o quarto, e ele a fitava também sem mover
e ela se deu conta de que cada pedaço do seu corpo estava firmemente grudado ao
corpo de Edward.
E... Oh Deus! Ele estava, estava...
Seu rosto se tingiu de um vermelho intenso.
Ela não era tão inocente que não soubesse o que aquilo significava.
Provavelmente alguém devia tê-la instruído sobre isto um dia, porque não se sentia
nada inocente naquele momento, sentindo a reação do corpo de Edward contra o
ventre.
Ela devia se afastar, ou devia pedir que ele se afastasse.
Mas não conseguia se mover. Era como se o tempo estivesse parado.
E só houvesse os dois no mundo.
E aquelas sensações deliciosas que começavam a percorrer sua pele, esquentando
por onde passavam, causando arrepios que ouriçavam seus pelos e fazia seu coração
disparar contra as costelas.
E lá estava aquela ansiedade, aquela vontade irresistível de se encostar ainda mais
nele, de roçar aquelas partes do seu próprio corpo que se tornavam
surpreendentemente quentes e despertas em contato com o corpo dele.
E talvez ela tivesse feito exatamente isto se de repente não batessem à porta, os
assustando.
E eles se afastaram de um pulo, a tempo da porta abrir sem aviso e a presença
loura de Rosalie se fazer notar.
–Oh, desculpa interromper, bom dia!

Rosalie sorria os encarando.


–Rosalie, por deus, que diabos está pensando? - Edward ralhou.
Rose deu de ombros.
–Eu falei que agora sou a enfermeira da Bella! Vim ver como ela está.
–Pois eu a proíbo de entrar aqui sem bater a partir de agora.
–Mas...
–Você entendeu, Rosalie, está passando dos limites e testando minha paciência,
meta-se com a sua vida!

–Nossa, que grosseria.


–Grosseira é você entrando no nosso quarto deste jeito, imagino que não gostaria
que eu fizesse o mesmo com você e Emmett.
–É tem razão... Bom, então estou saindo. Ah, Emmett e Jasper estão esperando você
para ir caçar.
E sem mais, ela saiu do quarto fechando a porta atrás de si.
Edward saiu da cama.
–Me desculpe de novo Bella, mas acho que agora Rose entendeu.
–Sim, acho que sim... - Bella balbuciou ainda meio perdida depois de tudo o que
acontecera desde que acordara.
Edward vestia a camisa, parecendo ainda contrariado e Bella segurava o lençol
firmemente contra o corpo.
–Eu vou caçar com meus irmãos.
–Certo.
Ele passou a mão pelos cabelos, como se quisesse dizer algo, mas desistiu e saiu do
quarto.
Bella se recostou nos travesseiros e aspirou, suspirando ao sentir o cheiro de
Edward ainda ali.
O que será que teria acontecido se Rosalie não tivesse entrado?
Bella se sentia corar apenas de imaginar.
Mas achava que seria só isto mesmo. Apenas sua imaginação.
Não queria estar sentindo aquele desapontamento.

–E ai, vai dizer o que está acontecendo ou teremos que contar com a xeretice da
mulher do Emmett para descobrir? - Edward ouviu Jasper dizer ao seu lado e
passou os dedos pelos cabelos, exasperado.
Por que diabos sua família era tão intrometida?
Emmett atirou, errando o alvo e os encarou.
–Rose acha que tem alguma coisa errada.
–Por que teria algo errado? – desconversou, mexendo na espingarda.
–Nós conhecemos você. – Jasper disse. – E também confiamos no instinto de Rose e
Alice. E elas acham que há alguma coisa esquisita acontecendo neste seu casamento.
-Bella lembrou de alguma coisa? - Emmett indagou.
–Não, ela não lembra de nada ainda.
Emmett deu de ombros.
–Então acho que está tudo bem, não é?
–Edward, se tem alguma coisa te perturbando você pode nos contar, somos seus
irmãos. – Jasper insistiu.
–Claro, para vocês irem correndo contar para Rose e Alice.
–Nós prometemos não contar. – Jasper garantiu e encarou Emmett.
–Eu não conto nada também. – Emmett concordou.
E embora Edward duvidasse que eles conseguissem mesmo esconder alguma coisa das
respectivas esposas, ele já estava se sentindo sufocado com aquela situação.
–Quando eu pedi Bella em casamento, eu prometi a ela que não iríamos consumá-lo. –
contou.
Emmett e Jasper o encararam.
–Como é? Não consumar o casamento por quê? - Jasper indagou confuso.
–Espera ai. – Emmett baixou a espingarda. – Quer dizer que você não dorme com a
Bella?
Edward sacudiu a cabeça afirmativamente.
–Não, não durmo.
–Meu Deus, mas por que casou então?
–Porque era o certo a fazer. Aparentemente ela veio para a cidade para casar
comigo, e não tinha ideia de que eu não queria me casar.
–Mas você mudou de ideia e quis casar com ela. – Jasper comentou.
–Sim, porque eu me senti culpado.
–E eu ainda não entendi por que não dorme com ela. – Emmett indagou.
–Ela não tem memória, não sabe nem quem é. Pode muito bem se lembrar de tudo e
querer ir embora, e se isto acontecer, será muito mais fácil se nada tiver
acontecido.
Emmett e Jasper se encararam, com certeza achando absurda as considerações de
Edward.
–Rose tinha razão afinal. – Jasper concluiu. – Está tudo errado mesmo.
–Não está nada errado. Eu e Bella temos um acordo, apenas isto.
–Mas o que impede que fiquem juntos de verdade? Por que ela está com amnésia?
Mas como você mesmo disse, ela veio para a cidade para se casar.
–Não, talvez Edward tenha razão. – Emmett falou para surpresa dos irmãos. – É
melhor agir com cuidado, nunca sabemos o que pode ser a verdade... -Do que está
falando Emmett? - Jasper encarou o irmão sem entender e Emmett desviou o olhar.
–Apenas que talvez Edward tenha razão em não consumar este casamento. Bella
pode não ser quem pensamos.
–O que quer dizer com isto? - Edward indagou sem entender aquela conversa
estranha de Emmett.
–Quero dizer nada. Apenas o que você já concluiu. A moça está desmemoriada e é
melhor ter cuidado mesmo...
–Então você acha certo Edward continuar com esta história absurda? - Jasper
perguntou. – Porque não me venha falar que está satisfeito com isto Edward, porque
não está.
Edward soltou uma imprecação.
–É este o problema. É difícil ficar no mesmo quarto que ela e, bem, vocês sabem,
resistir...
–Eu sei o que você precisa. – Emmett disse com um sorriso. – Vamos sair hoje à
noite.
Edward entendeu onde Emmett queria chegar.
–Não, nem pense nisto, Emmett.
–Deixe de ser idiota, Edward. Você precisa se divertir e já que não quer se divertir
em casa, vamos caçar uma boa moça...
–Quer que eu pague uma prostituta, Emmett? Não começa.
–Qual o problema? Elas existem pra isto. Nós vamos lá hoje à noite e...
Edward se levantou.
–Nem pensar. Esquece esta história.
–Mas Edward...
–E espero que cumpram o prometido e não contem a Alice e Rose. Pra mim chega de
caçar por hoje.
E ele se afastou em direção a casa, irritado consigo mesmo por ter confiado o
segredo do seu casamento aos irmãos.
E estava entrando no celeiro para deixar a arma quando se surpreendeu ao ver
Bella lá dentro.
Ela estava com a cabeça baixa, sentada sobre um monte de feno e lia um livro.
–Bella?
Ela levantou o olhar o fitando.
–O que faz aqui?
Ela deu um meio sorriso sem graça, mas bastou para acender um milhão de fagulhas
em seu peito.
–Eu queria ler... em paz.
–Já entendi. – ele sorriu, entrando para guardar a arma. – Está fugindo de Alice e
Rosalie.
–Elas não falam nada, mas ficam me encarando, como se esperando que eu fosse
dizer algo.
–Sei como se sente. Meus irmãos fazem a mesma coisa. – ele se sentou ao seu lado.
Não parou para pensar porque estava fazendo aquilo, ela dissera que queria ficar
sozinha.
Mas de repente ele sentia uma necessidade de ficar perto dela.
–O que está lendo?
–Jane Austen. - ela sorriu, fechando o livro.
–Acho que estou te atrapalhando então... - ele fez um movimento para se levantar,
mas Bella segurou seu braço.
–Não, não precisa.
E algo aconteceu.
Edward olhou para a pequena mão em seu braço. Um toque inocente, mas que bastou
para deixá-lo com o pulso acelerado. Encarou Bella, seus olhos cor de chocolate o
fitando enquanto ela retirava a mão, como se apenas agora se desse conta de seu
gesto.
Mas era tarde, Edward já sentia aquele desejo insidioso e proibido se apossando
dele, o levando em direção a ela, como se um imã o puxasse. E no minuto seguinte,
seus lábios se grudavam num beijo.
Bella soltou um suspiro trêmulo, os lábios se abrindo para ele e Edward se perdeu
em seu gosto, infiltrando a mão nos cabelos castanhos a trazendo para mais perto,
adorando sentir suas formas enquanto ela se colava mais a ele, passando os braços
em volta do seu pescoço e o beijando com igual vontade.
Até que o barulho de algo caindo no chão seguido de um palavrão o fez voltar à
realidade e eles se soltaram, olhando em direção ao barulho, e Emmett e Jasper
estavam na porta do celeiro.
–Ei, desculpa a intromissão. – Jasper dizia divertido. – O Emmett é muito
desastrado.
Bella e Edward se colocaram de pé sem se encararem, enquanto Emmett e Jasper se
esforçavam para conter o riso.
–Com licença... - ela murmurou muito vermelha, se afastando quase correndo.
Edward a viu se afastar e teve vontade de ir atrás dela.
Podia segurar seu braço e arrastá-la para o quarto. Podiam continuar o que tinham
começado...
Mas que diabos estava pensando? Ele não podia agir assim.
Encarou os irmãos.
–Mudou de idéia é? - Jasper indagou.
–Não, foi apenas... - ele suspirou pesadamente. – Acho que tem razão, Emmett. Acho
que podemos sair hoje à noite.
Sim, ele precisava se livrar daquela obsessão por Bella. E talvez só outra mulher
resolvesse isto.

Bella voltou quase correndo para casa.


Podia sentir o rosto corado num misto de vergonha e outras coisas mais que não
queria nem definir.
Edward a tinha beijado. E fora tão bom como da primeira vez.
E ela sentira vontade de não parar nunca e sabe deus o que teria acontecido se os
irmãos dele não tivessem aparecido.
Quando entrou na casa, Rosalie e Alice a fitaram.
–O que foi, está vermelha!
–Nada... não é nada.
Ela se sentou, tentando conter a respiração.
Rosalie a fitava desconfiada.
–Sei...
Não deu muito tempo, Emmett, Jasper e Edward entraram fazendo barulho.
Rose se enganchou no braço de Emmett.
–Querido, hoje à noite poderíamos dar uma volta na cidade, já que não está muito
frio.
–Sim, vamos, preciso mostrar meu vestido novo. – Alice falou animada.
–Não, nós não podemos .– Emmett disse. – Nós temos um compromisso.
–Que compromisso? – Rose indagou.
–É... uma caça.
–À noite?
–Sim, um alce que só se encontra à noite. – Edward respondeu.
Ele não a fitava desde que entrara e Bella não sabia se ficava aliviada ou irritada.
–Mas que coisa mais esquisita! - Alice murmurou. – Bom, então vamos amanhã!
–Sim, combinado. – Emmett disse.
Os rapazes se afastaram para se limparem para o jantar e Rose ainda parecia
pensativa.
–O que foi Rosalie? - Alice perguntou.
–Esta conversa de caçar alce... Não achou estranho?
–Claro que não. Eles adoram caçar.
–Ainda acho esquisito.
–Deixa de ser desconfiada, Rose.

À noite todos se reuniram para jantar e Carlisle comentou sobre a moça no hospital.
Bella às vezes se pegava pensando nela e em como ela mesma tinha sorte por estar
ilesa e não em coma numa cama de hospital.
Mesmo estando desmemoriada, pelo menos estava bem fisicamente. Mas era
perturbador pensar que podia ser ela ali.
–Ela continua na mesma, nenhuma reação. – Carlisle comentou.
–Coitadinha. – Alice suspirou. – Agora vamos mudar de assunto. – Que horas vão
sair para caçar este tal alce?
–Caçar alce? – Esme indagou curiosa.
–Sim, seus filhos vão sair para caça hoje à noite. – Rose comentou.
–Caçar alce à noite. – Carlisle os encarou. – Que história é esta?
Os três se entreolharam e Bella podia jurar que estava corando.
Será que Rose tinha razão e havia algo esquisito ali?
–Sim, pai. Um tipo de alce que só aparece à noite. – Emmett disse.
–Nunca ouvi falar disto.
–Aparece agora na floresta daqui. Queremos ver como é. – Jasper explicou.
–Isto não é perigoso? - Esme perguntou preocupada.
–Não, mãe. Nós temos experiência com este tipo de alce... – Jasper falou e Emmett
riu.
Todo mundo o encarou sem entender, e Edward lhe deu um chute por baixo da mesa
e ele parou.
–Desculpe...
Assim que terminou o jantar os três saíram.
Rose ficou ao piano, tocando pensativa, enquanto Alice tentava ensinar Bella a
bordar.
Mas ela não tinha o menor talento artístico.
Não havia passado muito tempo, quando Jéssica Stanley apareceu.
Esme e Carlisle haviam se recolhido cedo e Alice abriu a porta, espantada por
aquela visita àquela hora.
–Olá, Jéssica, o que a trás aqui há esta hora? – Rose indagou contrariada.
Mas Jéssica parecia bem animada ao entrar.
–Oh, desculpe aparecer assim sem avisar. Embora já há alguns dias eu penso em
visitá-las para conhecer a mais nova Cullen e..
–Jéssica, fala logo o que veio fazer aqui. – Rose a cortou.
–Bem... temo não ter boas notícias.
–O que quer dizer? – Alice a encarou.
–Por acaso vocês sabem onde estão os maridos de vocês?
–Caçando. – Alice respondeu. Jéssica riu, cobrindo a boca com a mão enluvada.
–O que é tão engraçado? – Alice perguntou.
–Olha, não queria fazer fofoca, mas eu estava passeando com Mike Newton hoje à
noite... Bem, não sei se sabem, mas Mike está me cortejando. E acho que em breve
esta cidade verá mais um casamento e...
–Desembucha, Jéssica! – Rose pediu irritada.
–Enfim, nós estávamos passando em frente àquela casa, sabe? Àquela daquelas
moças... Claro que passamos do outro lado da rua, mas...
–Casa?
Jéssica corou.
–Aquela casa onde os homens vão para encontrar aquelas moças perdidas...
–Ah. – Alice entendeu.
–O que está insinuando? – Rose se levantou cercando Jéssica. – Fala logo de uma
vez.
–Eu não estou insinuando. Estou afirmando que eu vi Jasper, Emmett e Edward
entrando lá agorinha há pouco.
Jéssica parecia bem animada em contar esta novidade as três e mais animada ainda
ao ver o rosto indignado delas.
Bella nem sabia o que pensar a princípio.
Claro que sabia que tipo de casa Jéssica estava falando.
E sabia que muitos homens a freqüentavam. E sabia para que.
Mas era difícil imaginar Emmett e Jasper e Edward num lugar daquele.
Afinal, eles eram casados.
De repente ela entendeu.
Sim, Emmett e Jasper eram verdadeiramente casados.
Mas não Edward.
Ela sentiu um frio no estômago e várias emoções a transpassando.
Imaginar Edward naquele lugar. Com aquele tipo de moça.
Ele as beijando... E fazendo sabe deus mais o que.
Era nojento. Era ultrajante.
Ela sentiu uma onda do mais puro ciúme a corroendo.
–Eu vou matar o Emmett. – Rose gritou.
–Ela está mentindo. – Alice murmurou mais comedida.
–Não estou, não. – Jéssica riu. – Eles estavam mesmo entrando lá!
–Já chega! - Rose explodiu. – Já pode ir embora, Jéssica.
–Mas eu... -Já se divertiu o bastante fazendo futrico, agora desaparece.
–Nossa, eu só quis ajudar e...
Mas ela não conseguiu terminar, pois Rosalie fechava a porta na sua cara.
–Acha que ela está dizendo a verdade? – Alice indagou, chorosa.
–Ela não viria aqui se não fosse! Ah, eu vou matar o Emmett com minhas próprias
mãos se tiver me traindo!
–Eu não posso acreditar... – Alice murmurou fungando. – Jasper naquele lugar...
–Pois é, os três sem vergonhas! Safados! – Rose gritava. – Caçar alce! Sei muito bem
o tipo de caça que estão fazendo!
–Rosalie, talvez Emmett e Jasper não estejam fazendo nada. – Bella tentou falar.
Porque ela estava imaginando mesmo que a culpa devia ser de Edward.
–Você acredita mesmo nisto? Mas não vai ficar assim! Nós vamos lá agora!
–Nós? – Alice e Bella a encararam.
–Sim, quero pegá-los no flagrante!

(Cap. 10) Capítulo 10


Bella ainda se perguntava se estavam agindo certo quando saíram vestindo
seus casacos e atravessando a cidade em direção a tal casa.
Mas Rosalie estava decidida e acabara contaminando a ela e a Alice, que depois da
crise de choro, parecia estar com tanta raiva quanto Rosalie
–Ah, mas eles vão ver. – Rose murmurava enquanto marchavam pelas ruas, ignorando
os olhares curiosos, até que alguém as abordou.
–Senhoras Cullens!
Elas pararam em frente à casa iluminada e Bella podia bem imaginar que tinham
chegado aos seus destinos.
–Chefe Swan. – Alice o cumprimentou.
–Aonde vão a está hora? - ele indagou.
–Nós vamos entrar ai. – Rose disse e o Chefe Swan arregalou os olhos.
–Mas não podem!
–Nossos maridos estão aí e nós podemos sim!
–Senhora, tenho certeza que...
–O senhor não vai nos impedir! - Rose estava decidida. – E quando os pegarmos em
flagrante, os mataremos com as próprias mãos!
–Rosalie, não fala isto pro xerife. – Alice murmurou.
Mas Rosalie estava fora do controle.
–Senhora, esta casa não foi feita para mulheres como vocês. Por favor, se querem
mesmo encontrar seus maridos, eu posso entrar e pedir para que encontrem as
senhoras.
–Não, eu...
–Rosalie, talvez o chefe Swan tenha razão. – Bella disse segurando o braço de
Rosalie. – Não podemos entrar ai.
–Sim, acho que será um escândalo. Estaremos arruinadas. – Alice murmurou.
–Mas eu quero pegá-los!
–Rose, deixe que o Chefe Swan cuide disto. – Bella pediu. Agora que estavam ali, ela
via o absurdo da situação. Por mais que Edward e os irmãos estivessem errados, não
podiam causar uma confusão naquele lugar.
–Sim, eu resolverei, por favor, já está tarde, voltem para casa.
Rosalie respirou fundo, ponderando. Alguns transeuntes curiosos já estavam
encarando as três jovens senhoras.
–Rose, por favor, vamos embora. – Alice sussurrou começando a corar e Rosalie
pareceu caiu na real.
–Sim, vamos embora.
Elas finalmente ouviram o chefe Swan e voltaram para casa.

–Acho melhor irmos embora. – Edward dizia aos irmãos lá dentro.


Havia uns cem números de mulheres à volta deles, todas ansiosas para agradarem os
Cullens.
Afinal, eles não eram clientes habituais.
Mas Edward, por mais que tentasse, não conseguia se interessar por nenhuma delas.
Ele queria sair dali e voltar pra casa.
Sofrer mais um pouquinho por causa de Bella.
Mas mesmo assim, era melhor estar com ela.
–Mas já? Acabamos de chegar. – Emmett disse, piscando para uma loira que servia
bebida.
–Edward, estamos aqui por sua causa. – Jasper falou.
–Eu sei, por isto mesmo devemos ir. Não quero ficar com ninguém aqui.
–Tem certeza? Aquela ruiva ali é bem bonita. – Emmett sorriu.
–Fique você com ela se quiser. – Edward resmungou.
–Está louco? Rosalie me mata. Aliás, ela vai me matar se descobrir que estou aqui...
–Então é melhor começar a rezar. – eles levantaram o olhar para o recém-chegado,
o chefe Swan.
–Olá Chefe, o que o traz aqui?
–Acabei de encontrar sua esposa e mais a esposa destes dois aí, aqui em frente.
–O quê?
–Elas queriam entrar aqui para confrontá-los, mas fiquem tranqüilos, eu consegui
convencê-las a retornarem para casa.
–Pronto. Estamos mortos. – Emmett murmurou.
–Como elas descobriram? – Jasper indagou.
–Não faço ideia, mas se eu fosse vocês, iria embora agora resolver isto.
–Sim, nós vamos. – Edward disse e eles se levantaram.
–A Rose vai me matar. – Emmett murmurava.
–A culpa é sua! Foi ideia sua vir aqui! - Jasper acusou. – Eu nunca briguei com a
Alice e ela deve estar arrasada com esta história.
–Culpa minha? Culpa do Edward!
–Minha? – Edward o encarou.
–Claro, eu quis te ajudar! Eu nunca ia trair a Rose!
–Difícil vai ser ela acreditar agora. – Edward murmurou.
– De todos nós, você é o que tem menos a perder, não é? Aposto que Bella não está
nem ai!

–O chefe Swan disse que ela estava junto com Rose e Alice.
Edward passou a mão pelos cabelos, irritado consigo mesmo.
Não deveria nunca ter concordado com aquela ideia de Emmett.
Agora o que será que Bella estaria pensando?
Mas a resposta veio rápida. Assim que chegaram, Rose, Alice e Bella estavam
paradas em frente ao celeiro, muito sérias.
–Amor, eu posso explicar. – Emmett se aproximou e levou uma bofetada de Rosalie.
–Seu cretino! Vai dormir no celeiro pelo resto da sua vida agora!
Alice fungou, o rosto vermelho de chorar.
–Nunca pensei que ia fazer uma coisa desta, Jasper. – murmurou e Rose a puxou.
–Não fale com ele, Alice, eles não merecem, depois de sair daquele... antro!
Edward encarou Bella que estava quieta e pálida.
Parecia... resignada.
Talvez Emmett tivesse razão. Ela nem se importava.
–Bella, podemos conversar? – pediu.
Mas para surpresa dele, ela levantou o queixo e deu um passo em direção a Rosalie.
–Espero que goste de dormir no celeiro. - falou friamente.
E as três se afastaram, batendo a porta da casa.

Bella dormiu mal naquela noite.


Toda aquela confusão com Edward e os irmãos fora uma lástima.
Como eles puderam aprontar daquele jeito?
Rosalie e Alice tinham até chorado ontem à noite, depois que chegaram da tal casa.
Bella tentou analisar seus próprios pensamentos.
E imaginou Edward num prostíbulo. Rodeado de mulheres bonitas e disponíveis a
fazer tudo aquilo que ela mesma não podia. Edward as beijando. As tocando.
Ela sentiu um gosto amargo na boca e uma raiva fervilhando por dentro.
Raiva de Edward.
E não se sentira nem um pouco culpada em deixá-lo no celeiro quando ele chegara
com aquela cara deslavada pedindo para conversar.
Que fosse conversar com alguma amiguinha naquele lugar horrível.
Ou fazer sei-lá mais o que fora fazer lá.
Ela não se importava.
Mas agora, enquanto estava naquele quarto sozinha, ainda sentindo o cheiro
delicioso dele que ficara impregnado em tudo ali, ela se importava sim.
Sentia uma dorzinha fina por dentro.
Eles nunca deviam ter se casado.
Toda aquela situação era insustentável.
Ela concordara com Edward em se casar, porque na hora parecera mesmo uma boa
ideia.
Não se lembrava de nada, mas fora com este objetivo que chegara em Forks. Para
se casar com Edward Cullen.
Mas saber que ele nunca quisera se casar com ela fora um golpe em seu intimo.
Mesmo não se lembrando de nada. Se sentira perdida e sozinha
Mas então ele viera com a ideia de casamento.
E ainda dissera que podia desistir de tudo quando recuperasse a memória.
Olhando por este prisma, fazia sentido o casamento não ser consumado.
E na hora parecera muito fácil concordar com tudo.
Agora lá estavam eles naquela confusão.
Era óbvio que Edward não estava satisfeito. Tanto que fora àquele lugar.
E o pior de tudo era que havia uma parte dela que se sentia culpada.
Ou melhor, devia ser culpa de Edward que os irmãos estavam encrencados.
Será que ele contara aos irmãos que eles não tinham um casamento normal?

Ela se revirou na cama, incomodada com esta possibilidade. Dos irmãos de


Edward saberem de tudo.
E agora como seria?
Com muito custo ela conseguiu dormir e quando acordou e desceu para a sala, já era
um pouco tarde.
Rosalie e Alice estavam com cara de enterro, enquanto Emmett e Jasper ficavam
em volta delas.
Rosalie dava várias alfinetadas e Alice só fungava.
E como Bella imaginava, Alice foi a primeira a concordar em dar ouvidos a Jasper,
e ele a convenceu a sair para dar uma volta.
Rosalie ficava ao piano tocando músicas horríveis enquanto Emmett tentava chamar
sua atenção e Bella preferiu pegar um livro e ir ler no quarto, para deixá-los
sozinhos.
E será que Edward se daria ao trabalho de tentar explicar alguma coisa a ela?

Ela desceu novamente na hora do jantar e Alice e Rosalie aparentemente tinham


perdoado Jasper e Emmett, pois eles estavam de mãos dadas e todos carinhosos.
Não havia nem sinal de Edward ou Carlisle.
–Bella, Carlisle mandou um bilhete dizendo que ele e Edward estão em La Push,
parece que alguém se machucou por lá.
Alice a fitou.
–Depois queremos conversar com você, Bella. – ela disse bem mordaz, enquanto iam
para a mesa e Bella podia bem imaginar o assunto.
Estava claro que todos já sabiam a verdade. Pelo menos os irmãos de Edward.
Era por isto que eles tinham sido perdoados então.
Ela mordeu os lábios, encabulada.
–Não acho que temos nada para conversar, Rose. – disse.
–Mas claro que temos.
Bella parou e a encarou .
–Eu sei sobre o que quer falar.
–Mas...
–E você não tem nada a ver com isto. Não é da sua conta e eu não quero falar sobre
este assunto. – disse friamente. Estava cansada das intromissões de Rosalie e Alice
e realmente não tinha obrigação nenhuma de se explicar com as duas.
–Rosalie, amor, vem sentar. – Emmett se voltou, sentindo a tensão das duas e puxou
Rose, que se deixou levar.
Bella sabia que podia estar criando uma situação ruim com a irmã geniosa de
Edward, mas duvidava que sua situação no geral pudesse ficar pior.

Então que Rosalie fosse pro inferno com sua curiosidade.


Ao fim do jantar, Rosalie e Alice ficaram cochichando num canto e Bella podia
imaginar que era sobre ela, e cansada, se levantou dizendo que ia se recolher.
Esme, que estava bordando, a fitou preocupada.
–Está se sentindo bem, querida?
–Só uma leve dor de cabeça, preciso apenas descansar. – mentiu e se afastou para o
quarto.

Ficou se perguntando se Edward iria demorar para chegar e se chegasse, se iria


para o quarto.
Será que tentaria se explicar como Emmett e Jasper?
E será que ela perdoaria?
Ainda sentia um furor de raiva só de pensar em Edward naquele lugar.
E ele tinha a beijado na mesma tarde, para em seguida a deixar para ir se
encontrar com outras mulheres.
Só de pensar nisto Bella tinha vontade de trancar a porta e deixá-lo dormindo no
celeiro eternamente.
Que diferença fazia mesmo? Aquele casamento era um erro.
Tentou ler e esquecer, mas as palavras se embaralhavam a sua frente.
Desistindo, colocou a camisola para dormir.
Não iria mais perder seu tempo pensando em Edward ou o que ele estaria fazendo,
ou se ele se importava com ela.
Afinal, até agora ele nem se dera ao trabalho de lhe dar qualquer explicação.
Talvez sentisse que não devesse nenhuma.
Ela tinha acabado de colocar a camisola, quando ouviu uma batida na porta e
Edward entrou em seguida.

Bella sentiu seu coração acelerando de ansiedade no mesmo momento.


Parecia que fazia séculos que não o via.
Que não mirava aqueles cabelos cor de areia e os olhos dourados, que a sondavam
agora com receio, enquanto fechava a porta atrás de si.
–Oi, Bella.
Bella mordeu os lábios nervosamente.
–Eu não sabia se... se viria.
–Minha mãe te avisou que eu estava ocupado com meu pai?
–Sim, ela disse, mas...depois de ontem à noite...
–Eu sinto muito por ontem à noite, Bella.
–Sente mesmo? - sua voz saiu mais ressentida do que pretendia.
Edward deu um passo à frente, passando a mão pelos cabelos
–Não era para saber...
–Ah, claro. – Bella agora sentia a mesma raiva que sentira ontem. - Não era para eu
saber nunca, não é? Que você foi naquele... naquele... com aquelas... Eu não consigo
nem pronunciar!
–Eu sinto muito mesmo, Bella, mas quando Emmett falou...
–Agora a culpa é do seu irmão? E por que foi que contou a eles? Você contou, não
foi?
–Sim, eu contei. Eles já estavam desconfiando de algo errado.
–Está tudo errado, Edward! Começando com este casamento. Mas acho que isto não
serve de desculpa pelo o que fez! E ainda envolvendo seus irmãos! Rosalie e Alice
ficaram arrasadas!
–Eu sei que a culpa é minha... Eles apenas queriam me ajudar.
Bella soltou um rosnado de raiva.
–Ajudar? Vocês são nojentos!
–Eu sei que errei Bella, eu percebi no momento que estava lá que...
–Eu não quero saber o que fez quando estava lá, me poupe dos detalhes sórdidos!
–Eu não fiz nada...
–Quer que eu acredite mesmo?
–Mas é a verdade. Eu juro.
–Imagino que não fez nada porque o chefe Swan chegou, não é? Senão acho que
estaria lá até agora com aquelas... vagabundas!
–Não, eu não estaria. Eu disse que percebi a tempo que era um erro estar lá.
–É difícil acreditar, Edward. Você foi. A sua intenção era esta! Era... ficar com
alguma daquelas mulheres ou mais de uma... - Bella se sentiu uma idiota com sua voz
falhando e até surpreendida com a dor que falar isto lhe causava.

–Sim eu fui. Sim, era esta a intenção. – Edward admitiu por fim e Bella
sentiu uma dor gelada no peito. Um misto de dor e raiva fervilhando por dentro. –
Estou tentando manter a promessa que eu fiz pra você! Acha que é fácil para mim?
Eu te beijei no celeiro à tarde, você se lembra?
–Sim....
–Não era para ter acontecido, Bella. Sabe tão bem quanto eu! Eu nunca deveria ter
tocado em você.
–Está dizendo que a culpa é minha então? É isto? Que de alguma maneira eu.. eu...
tento você? Que eu te perturbo a tal ponto que...?
–Sim, é isto, quer dizer... Inferno Bella, eu estou tentando fazer o que é certo!
–Então por que me beijou? Até parece que eu te obriguei a alguma coisa!
–Você não entende, não é Bella? Eu tenho passado o diabo tentando resistir.
–Só pensa em você, não é? Acha que é fácil para mim? Acha que eu também não
tenho passado um inferno? Você parou para pensar no que eu sinto Edward? Quer
saber? Some daqui! Se eu sou uma tentação tão grande assim pra você, melhor ficar
bem longe, não é?
–Bella, eu... - mas ela não queria mais saber daquela discussão inútil.
–É sério, Edward, eu vou dormir! - e ela se enfiou embaixo das cobertas, fechando
os olhos com força, como se assim toda a irritação fosse desaparecer como num
passe de mágica e Edward também.
–Bella, me desculpe. A culpa é toda minha, nunca devíamos ter nos casado.
–Ótimo que pense assim. – resmungou e abriu os olhos. Ele ainda estava ali, parado
ao lado da cama. - Eu realmente não devia estar te culpando de nada. A culpa é toda
minha. Eu achei que casando com você tudo ficaria bem. Mas parece que só piorei.
Você não merecia isto.
Bella piscou para conter a vontade de chorar, sentando na cama.
–Eu sinto muito também, Edward. Na verdade você nunca me quis aqui. Você se
casou comigo porque sentiu que era sua obrigação. Podia ter me mandado embora e
mesmo assim ainda quis se casar. E temos um acordo e você está certo. Eu nem sei
quem eu sou... - então ela começou a chorar, sem conseguir se conter.

–Bella, por favor não chore – Edward pediu.


–É melhor ir embora, Edward...
–Não posso deixá-la assim...
Ele falava com tanta preocupação na voz que a fez chorar mais ainda.
E no minuto seguinte, ele a abraçava, a confortando.
Bella se deixou envolver, chorando por tudo o que não tinha chorado até agora.
Pelo casamento arranjado, pela sua memória perdida.
Pelo ciúme que sentira por Edward apenas cogitar estar com outra pessoa.
E por saber bem lá no fundo que não tinha o menor direito de sentir nada.
Porque ele não era seu de verdade.
E nem sabe como aconteceu, mas quando o choro finalmente acalmou, e ela conseguiu
se afastar de seu peito, estavam deitados sobre a cama, com Edward a segurando
muito perto.
–Me desculpe. – murmurou.
–Sou eu que tenho que te pedir desculpas. Eu não queria fazer você chorar.
–Que confusão que causamos, não é? – sussurrou. – O que vamos fazer?
–Ainda quer que eu vá embora?
Ela se afastou um pouco mais para encará-lo, mas ele ainda mantinha seus braços ao
redor dela.
E Bella se permitiu gostar daquilo. Gostar muito.
Era aí que residia o problema não era?
–Não quero que... se sinta tentado.
Ele riu, um riso frustrado e divertido.
Bella sentiu algo se revirando dentro dela.
–Não tem culpa de ser uma tentação tão grande.

–Eu sou mesmo? - indagou num sussurro sentindo uma onda quente de prazer
a percorrendo.
Sim, ela entendia de tentação. Entendia mais do que gostaria.
E entendia de frustração também.
Os dedos dele acariciaram seu rosto.
–Bella, ainda acho que não podemos... Se recobrar a memória. Se quiser partir...
–Então acho que deve dormir em outro lugar...Por que não é só você que se sente
tentado, Edward...
Ele fechou os olhos, soltando uma imprecação e quando abriu, seu olhar dourado
parecia queimá-la.
–Não devia dizer estas coisas. - murmurou.
Ele parecia muito mais perto agora. Tão perto que ela poderia sentir o hálito
quente dentro da sua boca, enquanto os dedos migravam do rosto para seus lábios.
–Eu sei... Eu gosto quando me beija... - sussurrou, começando a respirar com
dificuldade.
–Eu também gosto de beijar você.
–Não há nenhum problema com isto, não é?
–Não, se for só isto. – e então ele a beijou.

E Bella sentiu seus ossos derretendo e o corpo estremecendo, enquanto


entreabria os lábios e o beijava de volta. Sim, ela gostava demais de beijá-lo, de
sentir a língua áspera de encontro a sua, seu gosto a consumindo. E a cabeça girou,
todo e qualquer pensamento coerente escapando de sua mente, dando lugar apenas
aos instintos. E seus instintos estavam todos em Edward.
Nos dedos longos que pareciam estar em todos os lugares e queimando por onde
passavam.
Sim, sim, sim, cada centímetro de sua pele gritava pedindo aquele toque. Ela queria
senti-lo em todos os lugares, naqueles mais escondidos e subitamente despertos.
Soltou um gemido, se aconchegando ainda mais a ele, seu quadril buscando um
contato maior com o dele e foi a vez de Edward gemer, as mãos grandes agora
deslizavam por sua cintura, mas em vez de puxá-la ainda mais como Bella queria, ele
a afastou um pouco e ela gemeu em protesto quando suas bocas se separaram.
–Bella, não faça isto. – ele pediu num sussurro rouco contra seu ouvido.
Bella se arrepiou ainda mais.
–Me desculpe... - murmurou ofegante, mas não conseguia mais conter aquele anseio
delirante que aumentava cada vez mais dentro dela. Seus próprios dedos estavam
enroscados no cabelo cor de areia de Edward. - Pode me beijar de novo?
Ele riu.
–Deus do céu, Bella, o que eu faço com você? - e então sua boca estava sobre a dela
de novo, roubando-lhe o ar.
E agora parecia ainda melhor, porque ele parecia beijá-la ainda com mais vontade e
aqueles dedos quentes agora subiram de sua cintura e de repente seguraram seus
seios, que pareciam feitos para aquelas mãos. Bella sentiu todo o calor daquele
toque se espalhando rapidamente por todo corpo, varrendo sua pele como labareda
e se instalando em meio a suas pernas. E ele interrompeu o beijo para deixar os
lábios percorrerem seu rosto afogueado, até seu pescoço e Bella gemeu alto, se
movendo ansiosa em sua direção. De novo, as mãos dele a seguraram a mantendo
numa distância segura e agora seu gemido era de frustração.

–Bella, não poderei mais beijá-la se não parar com isto. – ele pediu, num tom
entre divertido e exasperado contra seu pescoço e ela soltou um riso nervoso.
–Não quero que pare... quero que me toque de novo. – pediu. – Por favor, Edward...
Sabia que devia ter vergonha do que estava fazendo, mas ela estava além de
qualquer pensamento coerente.
Ela apenas se importava com aquele calor quase insuportável que o toque dele
causava e que morreria se ele parasse.
–Tem ideia de como é difícil dizer não quando pede assim? - Edward disse, contra
seus lábios, a beijando devagar.
–Me desculpe. – ela murmurou entre seus beijos, mas sem a menor intenção de
concordar em parar. - Quanto mais você me beija, mas eu sinto uma vontade
estranha de ficar perto...é quase insuportável...
Ele riu, os dedos voltando a percorrer sua pele por cima da camisola, mas não a
tocou novamente nos seios, que doíam à espera do seu toque.
Em vez disto, uma mão se concentrou em segurá-la pela cintura a impedindo de se
mexer enquanto a outra percorreu sua barriga e mais para baixo e Bella sentiu seu
estômago sendo sugado enquanto ele descia até pousar os dedos no vértice entre
suas pernas.
Ela teve certeza que morreria ali mesmo, tamanho foi o prazer que sentiu.
Edward a beijou de leve, contendo qualquer receio que ela poderia ter, enquanto os
dedos a acariciavam gentilmente.
–Edward?
–Hum?
–O que está fazendo?
–Acariciando você.
–Achei que fôssemos no beijar.
–Eu estou beijando você.
–Mas... Oh Deus. – Agora a outra mão estava subindo sua camisola e os dedos a
tocavam por baixo do tecido. Era infinitamente delicioso.
–Está tudo bem, Bella. – ele disse em seu ouvido. – Eu quero apenas te mostrar...
E ele mostrou.
Ou melhor, seus dedos mostraram.
Bella fechou os olhos, sentindo todo o corpo ficar tenso e se concentrar naquela
pequena parte de sua anatomia que Edward acariciava. E algo quente foi se
enroscando dentro dela, aumentando de intensidade e se tornando mais insuportável
ainda. Mas de um jeito bom. Muito bom.

E ela gemeu, perdida naquelas sensações e querendo um pouco mais de tudo o


que ele a fazia sentir.
Até que o calor se transformasse em fogo e queimasse sua pele, um desejo líquido a
percorrendo, o ar se tornando rarefeito, seu coração batendo descompassado no
peito.
E Edward. O toque de Edward. A respiração de Edward. O cheiro de Edward. O
gosto da boca dele na sua.
E então tudo explodiu. Uma onde de puro prazer a fez gritar , enquanto tudo se
desmanchava dentro dela em espasmos deliciosos, que percorriam sua pele e a
faziam levitar na sensação mais incrível que já tinha sentido. E acabou.
Abriu os olhos, ainda respirando com dificuldade e Edward sorria.
–Edward... isto foi... foi... - ela não conseguia nem descrever.
Todo seu ser ainda parecia estar levitando de volta à terra.
Ele a beijou e se afastou.
–E agora? - indagou incerta.
–Ainda está tudo bem, Bella. Durma agora.
–Mas...
–É sério, Bella.
Ela bocejou, sentindo mesmo o corpo agora exaurido.
–Mas eu acho que... - mas ela já sentia as pálpebras pesando e fechou os olhos.
E antes de adormecer seu último pensamento foi se tinha sonhado com tudo aquilo.
E se Edward ainda estaria com ela enquanto dormisse.

continua

(Cap. 11) Capítulo 11


Quando Bella acordou no dia seguinte, estava sozinha.
Por um momento achou ter imaginado os acontecimentos da noite anterior.
Mas sabia que sua imaginação não era tão fértil assim. Não mesmo.
Ela se sentia corar apenas de lembrar.
Fechou os olhos, deixando os pensamentos correr.
E agora como seria?
Será que deveria conversar com Edward sobre isto?
Ela morreria de vergonha. Mas dadas as circunstâncias, depois de tudo o que tinha
acontecido, ter vergonha parecia um pouco desproporcional.
E quando ela saiu do quarto, se sentia inquieta e confusa.
Não havia ninguém com quem ela pudesse conversar sobre um assunto tão íntimo.
A não ser Edward, claro, e ela ainda não tinha certeza se deveria.
Como previra, ele não estava à mesa do café e nem seus irmãos.
Apenas Rosalie e Alice ainda se encontravam ali.
Alice sorriu, meio retraída.
–Bom dia, Bella.
–Bom dia, Alice. - Bella se sentou.
Rosalie não falou nada. Agora seria assim, Bella se perguntou?
Não se sentia bem com aquele clima ruim, e tentou não se arrepender de tê-la
cortado no dia anterior.
De repente teve vontade de poder se abrir com elas. Será que teria coragem?
–Bella, está tudo bem? - Alice indagou e Bella levantou o olhar do prato intocado.
Não havia fome alguma nela naquela manhã.
–Sim, está tudo bem. – respondeu com a voz apagada.
Rosalie arrastou a cadeira e se levantou.
–Tenho mais o que fazer, então deixarei as duas para conversarem já que sou muito
intrometida, não é?
E sem mais, ela saiu da copa.
–Não ligue para Rose. - Alice disse. - Ela está brava porque você não quer
conversar com ela sobre... sobre....
–Eu sei.
–Bom, está brava comigo também?
Bella sorriu.
–Claro que não.
–Então posso te perguntar uma coisa?
Bella respirou fundo esperando.
–Bella, fala a verdade. Você se lembrou de alguma coisa?
Bella encarou Alice, que parecia muito apreensiva.
–Não, não lembrei, por que acha isto?
Alice sorriu dando de ombros depois de suspirar como numa espécie de... alívio?
–Nada, apenas curiosidade.

–Você parece feliz por eu ainda estar desmemoriada.


–Claro que não!
–É o que parece.
–Não seja boba, Bella. Agora olha, vamos mudar de assunto. Eu acho uma bobagem
toda esta ideia de casamento sem consumação de vocês. Eu sei, eu sei, você não quer
que a gente se intrometa e tem razão. Isto só interessa a você e ao Edward, mas
pense bem, Bella. E se você nunca recuperar a memória? Vão ficar assim pra
sempre?
–Eu não sei... Pareceu muito certo quando ele propôs.
–Sim, era certo porque vocês tinham que se casar!
–Mas eu não lembro nem quem eu sou!
–Mas veio para cá para casar com o Edward!
–Eu não lembro disto... Às vezes eu... Não consigo me ver tendo este tipo de
conduta. Não parece algo que eu faria.
Alice gemeu, contrariada.
–Ai Bella, pára com isto! Claro que você queria casar!
–Não tenho tanta certeza. E o Edward nunca quis. Ele apenas foi muito educado e
atencioso propondo que nos casássemos.
–Edward às vezes é muito tapado!
–Não fala assim... Ele se sente culpado.
Alice revirou os olhos.
–Olha, Alice. – Bella continuou. - Não quero mais falar sobre este assunto. Como eu
disse pra Rose ontem, é um assunto entre mim e Edward.
–Tudo bem, tem razão. Não vou mais insistir! - e ela se afastou deixando Bella
sozinha.
Alice às vezes era muito estranha. Não era tão temperamental como Rosalie, mas
pareceu por um momento que ela não queria que Bella recuperasse a memória. Ou
seria impressão?
Mas Bella não devia ficar pensando na maluquice da irmã de Edward e sim na sua
situação.
Saiu da mesa e foi caminhar para tentar pensar.
Mas tudo o que conseguiu foi ficar sonhando acordada com Edward. E com tudo o
que tinha acontecido na noite anterior.
E se perguntava se ocorreria de novo.
Ele dissera que estava tudo bem. Ela ainda era virgem afinal, então possivelmente
não haveria nenhum problema de acontecer, não era?
E se não acontecesse?
Ela podia admitir para si mesma que queria muito que acontecesse tudo de novo.

Estar com Edward. Beijar Edward. Sentir as mãos de Edward... Suspirou


fechando os olhos.
Era maravilhoso. Ela podia passar a vida assim...
Abriu os olhos, voltando à realidade.
Mas tinha que encarar a possibilidade de Edward não querer mais nada. Seria
possível? Ele parecia gostar tanto quanto ela. Bella era inexperiente, mas ele já
estivera excitado quando estavam juntos.
No entanto, ontem ele não a deixara nem chegar perto. Mordeu os lábios, sentindo o
rosto queimar ao imaginar porquê. Ele queria se manter no controle. Mas não era
justo. Se ele podia fazer com ela...
Bella corou ainda mais com a possibilidade de fazer o mesmo com ele.
Seria justo. E ela gostaria. Gostaria muito. Mas como?
Ela era inocente demais ainda...
Irritada consigo mesmo, ela voltou para casa.
No almoço, a situação ainda era tensa com Rosalie. E depois Alice e Esme saíram
para ir a costureira, e Bella ficou sozinha com Rosalie na sala.
As duas liam em silêncio e Bella levantou o olhar para Rosalie.
Será que ela poderia conversar com Rosalie sobre “aquele assunto?”
Ela parecia bem disposta ontem, não é?
Mordeu os lábios, incerta.
–Por que está me encarando? - Rose indagou e Bella ficou encabulada, dando de
ombros.
–Eu... queria conversar com você.
Rose lançou-lhe um sorriso sarcástico.
–Nossa, agora quer conversar comigo?
–Eu sei o que eu disse ontem...
–Eu só queria ajudar e você foi bem grossa.
–Me desculpa.
Rose suspirou, fechando o livro.
–Estou com fome! Vamos tomar um chá e você me diz o que tanto quer conversar
comigo.
Bella a seguiu para fora da sala.
–Espero que seja um assunto interessante. – Rose disse enquanto sentavam a mesa e
se serviam.
Bella tentou pensar no que dizer.
–Bem, na verdade eu queria lhe perguntar uma coisa...
–Sobre...

–Sobre... bem... Quando está com Emmett...


Rose arregalou os olhos.
–Oh Meu Deus, você e o Edward...
–Mais ou menos. – Bella podia sentir o rosto queimando.
–Oh... - Rose pareceu entender.
–Na verdade, eu queria saber.... O que faz para, bem... você sabe, além do óbvio?
–Oh... quer saber como excitá-lo? - Rose se inclinou para frente, animada.
–É...isto. – Bella admitiu.
–Bem, você pode usar as mãos, mas acho que isto deve saber e também a boca.
–Boca? - foi a vez de Bella arregalar os olhos.
Rosalie riu.
–Claro, bom, pelo seu espanto, aposto que Edward nunca fez pra você.
–Não!
–Não olha assim horrorizada, tenho certeza que vai gostar. Se você faz, tem que
ter retribuição.
–Como é que eu faço isto?
–Bom, o que é que você sabe fazer?
–Nada.
Rosalie revirou os olhos e pegou uma fruta em cima da mesa e Bella não entendeu,
até perceber com o que se parecia e corou até a raiz dos cabelos.
–Tudo bem, eu vou te explicar. – Rose disse.
Bella teve vontade de sair correndo, mas já que tinha começado era melhor ir até o
fim.

Quando Alice chegou, as duas estavam de volta à sala e conversavam em voz baixa.
Alice olhou de uma para a outra.
–Nossa, estão se falando de novo?
Rosalie sorriu.
–Sim, estamos, foi uma tarde bastante instrutiva, não é?
–Sim, foi. – Bella respondeu, ainda meio chocada com os “ensinamentos” de Rosalie.
–Fico feliz! Estava cansada de tanto mau humor! E aproveitando que voltaram às
boas, acabei de encontrar Emmett e Jasper e eles nos convidaram para um
piquenique a beira do lago!
–Oh, magnífico! - Rosalie se animou.
Mas Bella nem tanto.
Porque Edward não estaria lá.
–Oh, Bella, sei que o Edward não estará lá, mas claro que você virá também. – Alice
sorriu. - Está uma tarde surpreendentemente quente para um fim de outono e isto é
muito raro em Forks.

–Com certeza. – Rosalie concordou e Bella não teve alternativa a não ser
seguir os dois casais.
Surpreendentemente, foi uma tarde agradável.
Realmente não estava frio e Bella até começou a gostar da companhia dos irmãos de
Edward.
Até mesmo Rosalie parecia mais simpática com ela agora que Bella tinha permitido
que compartilhassem aquela conversa íntima.
Só faltava algo para a tarde se tornar perfeita: Edward.
Mas ele sempre passava os dias com o pai na clínica da cidade, enquanto Emmett e
Jasper cuidavam das propriedades da família.
–É realmente uma pena que não possamos viajar agora. – Alice comentou jogando
gravetos no lago.
–Sim, Europa seria fabuloso. – Rosalie suspirou, encostada em Emmett.
–Querida, eu a levarei para a Europa no verão.
–Espero que cumpra com isto, senão dormirá no celeiro pela estação inteira!
–Qual das damas quer um passeio de barco? - Jasper indagou.
Havia um pequeno barco que só cabia duas pessoas ancorado perto do lago.
Alice fez uma careta.
–Tenho horror a este barquinho, Jasper, e você sabe muito bem. Da ultima vez nós
nos desequilibramos e caímos na água. Meu vestido ficou arruinado.
Rosalie e Emmett riram.
–Sim, pelo menos foi engraçado. – Emmett comentou para a consternação de Alice.
–Não foi engraçado!
–O que é tão engraçado?
Bella quase deu um pulo ao ouvir a voz conhecida e se virou para ver Edward se
aproximando.
Os cabelos cor de areia bagunçados pelo vento e um sorriso lindo no rosto.
Sentiu seu coração batendo forte no peito. Ele era tão perfeito, tão...
Oh deus, estava sendo exagerada e desviou o olhar quando ele sorriu diretamente
para ela.
Sua mente infestada por flashes da noite anterior, fazendo seu rosto corar.
–Quando Alice caiu na água. – Emmett explicou.
–Sim, desculpa, Alice, mas foi definitivamente engraçado. – Edward respondeu.
–Pois eu não acho engraçado estragar um vestido.
–Você ganhou três no lugar daquele, sua exagerada. – Rosalie respondeu.

–Certo, então por que não vai você passear de barco com o Emmett?
–Porque eu vou com a Bella. – Edward respondeu e Bella o encarou, surpresa. Ele
sorriu e lhe estendeu a mão. – Vamos?
Bella segurou sua mão, e ele a puxou em direção ao barco.
–Tem medo da água? – indagou, a fitando com um sorriso de lado.
–Não. – Bella murmurou.
–Então por que seu pulso está acelerado? – perguntou, seus dedos acariciando o
pulso da moça.
Bella mordeu os lábios, desviando o olhar
–Não esperava vê-lo aqui agora. Estou surpresa.
Edward a ajudou a subir no barco, sentando a sua frente e pegando os remos.
–Não havia muito a fazer hoje. Temos apenas uma paciente no hospital.
–A moça da diligência. – Bella completou, sentindo um arrepio estranho.
Toda vez que pensava naquela moça se sentia mal.
Talvez por estarem no mesmo acidente.
–Sim. Ela continua na mesma.
–Acha que ela irá acordar?
–Eu não sei. Só o tempo dirá.
Eles se afastaram lentamente das margens, lago adentro, e Bella olhou para onde
ficara os Cullens, cada vez mais longe.
–Não está com medo, está?- Edward insistiu divertido.
–Eu disse que não.
–Não tem medo de cair e estragar o vestido como Alice?
Bella riu.
–Não sou como sua irmã.
–Não... Você é única.
Bella sentiu falta de ar ao ouvi-lo falar daquele jeito.
Edward a fitava intensamente. E desta vez foi impossível desviar o olhar.
De repente ele ficou sério.
–Bella, sobre ontem à noite...
Mas antes que ele pudesse continuar, uma gaivota voou baixo no céu na direção
deles e Bella gritou, perdendo o equilíbrio.
E o barco virou jogando os dois na água.

Bella voltou à tona tossindo, enquanto mãos fortes a puxavam para cima.
–Bella, você está bem? - Edward indagou preocupado e Bella abriu os olhos,
retirando os cabelos do rosto.
–Sim, estou...
–Me desculpe... Não devia ter te trazido.
Bella o fitou e começou a rir.
Ele a fitou, confuso.
E ele nunca lhe pareceu tão adorável como agora, com os cabelos molhados sobre a
testa e aquele olhar culpado.
E sem pensar, ela se aproximou mais e o beijou.
Por um momento Edward não reagiu, surpreso, e Bella se afastou, também
surpreendida.
Mas no minuto seguinte, Edward a puxava de volta, a mão rodeando sua nuca e
colando suas bocas molhadas.
Bella suspirou, colando seus corpos, adorando sentir os braços dele a rodearem
forte. Crispou os dedos em sua camisa molhada e o beijou de volta. Várias vezes. De
mil maneiras, até que ambos estivessem trêmulos e ofegantes quando finalmente as
bocas se separaram para respirar.
Ela mordeu os lábios e Edward soltou um gemido, a apertando mais forte e foi a vez
dela gemer ao sentir a ereção contra seu corpo. E no minuto seguinte, Edward a
afastava um pouco, mas Bella não estava disposta a deixá-lo fugir desta vez.
–Não, espera. – pediu um fôlego. – Eu quero fazer uma coisa. – disse antes que
perdesse a coragem ou que Edward se afastasse de vez, e ela o beijou de novo,
devagar e persuasivamente, deixando a mão correr por seu peito até alcançar a
calça, tocando-o ali.
Edward gemeu contra seus lábios e Bella o mordeu.
–Bella, não faça isto.

–Mas eu quero fazer... - murmurou, deixando os dedos deslizarem mais além,


para dentro de sua calça até tocá-lo de verdade.
E ela acariciou-o exatamente como tinha vontade, como tinha imaginado, adorando
ouvi-lo sussurrar seu nome baixinho e fechar os olhos, ofegando, enquanto os dedos
dela prosseguiam, mais rápidos, até que ele gemesse roucamente, estremecendo e
abrisse os olhos, ofegando, e Bella sorriu e mordeu os lábios, sentindo uma
satisfação diferente agora. Porque era delicioso também vê-lo assim, tão perdido
quanto ela estivera ontem e saber que ela podia fazer isto com ele.
–O que vou fazer com você, Bella?- ele disse por fim e Bella deu de ombros.
–Está tudo bem, Edward. – ela disse a mesma coisa que ele disse na noite anterior e
Edward sorriu, a beijou levemente e a puxou em direção ao barco em seguida.
–Vamos voltar, antes que organizem uma busca.
Bella só então se lembrou que os irmãos de Edward ainda estavam em algum lugar da
margem esperando por eles.
–Você acha que eles viram? - indagou ruborizada e Edward riu, pulando para
dentro do barco e a colocando dentro também.
–Tenho certeza que daqui não viram nada.
Bella respirou aliviada e Edward voltou a remar em direção aos Cullens.
E obviamente foram motivo de piadas e risos quando chegaram encharcados à
margem e Alice os encarava horrorizada.
–Este vestido era tão bonito! - murmurava, enquanto Rosalie, Emmett e Jasper
riam.
Mas Edward apenas a pegou pela mão e a levou em direção a casa.

Esme os encarou chocada.


–O que aconteceu?
–Fui levar a Bella para dar um passeio e caímos no lago.
–Vão ficar doentes assim! Vou já pedir para preparar um banho para vocês!
Edward, Carlisle chegou e está no escritório, ele quer falar com você, acho que é
sobre a garota desacordada.
Edward fitou Bella.
–Suba, eu vou conversar com meu pai.
–Edward, você também precisa tirar estas roupas! - Esme exclamou.
–Eu irei depois de falar com Carlisle.
Bella subiu, levemente decepcionada.
Mas o que ela esperava? Ainda se sentia meio chocada com sua própria ousadia no
lago. Mas não arrependida.
A criadagem preparou seu banho e ela entrou na banheira quente.
Mas no minuto seguinte, a porta abriu e Edward entrou.
Ela se lembrou imediatamente da ocasião em que chegara ali e ele a pegara do
mesmo jeito.
Parecia a anos luz.
Daquela vez ela se sentira envergonhada. Agora ela sentia diferente.
–Me desculpe. – Edward murmurou. – Me esqueci que...
–Tudo bem. – Bella respondeu. Ele ainda estava com as roupas molhadas.
–Eu preciso também tomar um banho. – ele disse. – Então eu vou... – ele fez que ia
sair.
–Sim, precisa. – murmurou, abraçando os joelhos junto ao peito. - Tem espaço para
dois aqui.
Não sabia bem o que estava fazendo, o porquê o fazia, mas havia algo dentro dela
que lhe dava uma coragem de que nunca se julgara capaz até agora. Algo que lhe
dizia que ter Edward perto dela era muito certo. Certo demais.
Mordeu os lábios, sem conseguir desviar o olhar, enquanto o via se debater entre o
dever e o querer.
E sentindo o coração disparando absurdamente no peito quando ele se aproximou, e
sem dizer nada começou a tirar as roupas.
–Você é bonito. – murmurou com a boca seca.
Era como uma estátua de mármore. Grega e perfeita.
Ele sorriu de lado, entrando na banheira e Bella podia sentir-se derretendo e se
misturando com a água.
–Eu não deveria estar aqui. – ele disse.
–Nada está acontecendo. – Bella sussurrou como se para si mesma.

Mas sabia que estava ultrapassando todas as barreiras que tinham imposto.
E o pior era que estava gostando. Muito.
Ela mal podia esperar por ultrapassar ainda mais. Seu corpo estava pronto para
mais.
–Há algo em você... Que faz com que eu faça coisas que não deveria. Que até hoje
era muito fácil resistir. Mas acho que não sou tão forte como pensei.
–Mas você é sim. Está resistindo muito bem até agora. – Infelizmente, ela teve
vontade de acrescentar, mas achava que já tinha brincado demais com a sorte até
agora.
Não queria que Edward recuasse. Não conseguiria permitir isto agora.
–Ah, Bella... Se você soubesse...
–O quê?
–Como é difícil resistir. - ele passou a mão pelos cabelos, frustrado e de repente
Bella se sentiu culpada.
–Eu sei... Não devia ter pedido para entrar aqui. Me desculpe.
–Sim, vamos sair daqui. Esta água já está esfriando.
Ela desviou o olhar quando ele se levantou e saiu da banheira.
Sentia-se meio envergonhada agora. E frustrada. Até mesmo um pouco irritada.
Nada daquilo era justo. Aquela amnésia não era.
Aquele casamento não era.
Não poder ter Edward não era nem um pouco justo.
–Vem. – ela ouviu sua voz e levantou o rosto.
Ele a esperava com uma toalha. Agora não estava mais nu, e vestia uma calça.
–Achei que não queria mais tentações.
Ele sorriu culpado.
–Eu quero muitas coisas, Bella, mas neste momento estou tentando apenas evitar que
congele.
Ela se levantou, a água pingando do seu corpo molhado e Edward deslizou o olhar
dourado por sua pele, a arrepiando inteira e a deixando em brasa. Viva.
Era como se cada poro criasse vida enquanto ele a admirava.
–Você é tentadora demais, Isabella Swan. – ele disse saindo do transe e a enrolando
na toalha e a tirando da banheira.
–Sou? - indagou com o coração aos pulos, ao perceber que ele não a colocava no
chão e sim a levava para a cama, a depositando sobre o colchão e deitando ao seu
lado.
–Por que estamos aqui mesmo? - perguntou, passando os dedos pelas mechas
molhadas do cabelo cor de areia sem resistir.

–Algo a ver com fazer coisas que eu sei que não deveria...
–Como o quê? - murmurou, fechando os olhos ao sentir as mãos dele em seu rosto.
–Como te beijar.
–Sim...
E ele tocou seus lábios. Uma vez. Várias. Beijos curtos e deliciosos que serviam
apenas para aumentar ainda mais a necessidade que tinha dele.
–Você tem um gosto tão bom... - murmurou, deslizando os lábios por seu rosto, seu
pescoço. – E seu cheiro... é como frésias...
Bella sentiu dificuldade de respirar e então ele continuou a beijar sua pele ainda
úmida. Os lábios por seu ombro, enquanto os dedos a livravam da toalha e desciam
até seus seios e Bella gemeu alto ao sentir a língua quente rodeando um mamilo,
sugando, mordendo, explorando.
–Eu queria beijar você inteira. – a voz rouca dele adentrou em seu ouvido, a
entorpecendo, a deixando fraca e alheia a tudo que não fosse aquelas sensações
inebriantes que ele a fazia sentir com seu toque, com seus beijos, que desciam, uma
trilha úmida por seu estômago, sua barriga, seu umbigo e ela ficou tensa quando
sentiu a respiração quente entre suas pernas.
Oh Deus, por um segundo lembrou-se das palavras de Rosalie e ela que achava que
aquilo nem era possível. Mas Rosalie desapareceu de sua mente, quando finalmente
sentiu a língua e os lábios dele a explorando delicadamente a princípio, como se a
testasse. Como se a degustasse, para depois aumentar de intensidade, e ela perdeu-
se totalmente naquela carícia, as sensações se enroscando dentro dela e a fazendo
gemer cada vez mais alto. E não parava, a levando cada vez mais longe e o prazer
que ela já conhecia agora, foi crescendo, se avolumando até explodir em forma de
espasmos deliciosos que a fizeram gemer seu nome muitas vezes, até que finalmente
voltasse à realidade, fraca e trêmula.
Abriu os olhos e Edward estava ao seu lado, a fitando de um jeito que fez seu
coração bater mais rápido de novo.

–Eu quero estar dentro de você, e esse desejo é tão forte que dói. – ele disse
num misto de angústia e necessidade tão grande que Bella sentiu seu coração doer.
Porque era a mesma necessidade que havia dentro dela.
Era inevitável
Ela se inclinou e tocou seu rosto, o beijando.
–Eu quero você dentro de mim.
–Bella, não...
–Por favor, Edward... - pediu, implorou, não importava mais.
Ela estava além de qualquer pensamento coerente.
Então com um gemido ele a beijou com força.
E Bella soube que não havia mais volta agora, quando ele se despiu e rolou por cima
dela, os joelhos abrindo suas pernas, até que não houvesse nenhum espaço, nenhuma
barreira entre seus corpos.
E ela prendeu a respiração quando o sentiu dentro dela.
–Tudo bem? - indagou e ela acenou, incapaz de falar. Havia dor, mas também havia
um prazer imensurável. Seu corpo se adaptando ao dele, enquanto ele movia os
quadris devagar, impulsionando e recuando e ela fechou os olhos, enterrando a unha
em seus ombros, os gemidos se misturando pelo quarto, tudo desaparecendo até o
fim vertiginoso e ela estremeceu em espasmos deliciosos, se desmanchando inteira. E
era melhor e mais perfeito agora. Porque estavam juntos. Finalmente.
Depois na quietude da tarde, ele a abraçou forte, a trazendo para junto de si e
Bella sentiu o coração expandindo no peito de um sentimento que não era apenas
físico.
E ela não pôde mais negar a si mesma que estava irrevogavelmente apaixonada por
Edward Cullen.
E quando finalmente aquele sentimento ficou claro como cristal em sua mente, ela se
lembrou.
Ela se lembrou finalmente de quem era.

*continua*

(Cap. 12) Capítulo 12


Bella sentia todo seu mundo sendo virado de ponta cabeça.
De uma hora para outra, tudo o que ela acreditava ser real se transformara em um
monte de mentiras.
Sua vida inteira era uma mentira.
–Como pode esconder isto de mim? - murmurou horrorizada.
A pessoa à sua frente, aquela que mais confiava no mundo, havia lhe mentido a vida
toda.
–Não tive escolha! - Renée respondeu começando a chorar.
Mas isto não fez Bella sentir menos raiva.
Há apenas algumas horas tudo estava em paz.
Ela tinha 18 anos e vivia com sua mãe na cidade de Chicago.
E Renée era a única pessoa que Bella tinha na vida. Afinal, seu pai morrera quando
ela ainda era um bebê.
Ou era isto que Renée lhe fizera acreditar até agora.
Até Bella achar por acaso uma carta no meio das coisas de Renée.
Era uma carta de Charlie Swan. Xerife de uma pequena cidade chamada Forks.
O homem que Renée abandonara há anos atrás. Mesmo estando grávida.
O pai de Bella.
Que nem sabia de sua existência!
–Mãe, eu tenho um pai! E você disse pra mim que ele estava morto!
–Eu não podia dizer a todos que tinha fugido do meu marido! Sabe que este mundo
em que vivemos não aceitaria isto!
–Mas podia ter contado a mim!
–Eu queria te proteger! Dizendo que eu era viúva, todos aceitariam.
–Mas eu tinha o direito de saber a verdade!
–Do que ia adiantar? Ele nem sabe da sua existência.
–Por isto mesmo! Como pode ter feito isto com ele?
–Você não sabe de nada! Eu me casei muito jovem e foi um erro.
–Sinto muito por você, mas não tenho culpa!
–Eu não sabia que estava grávida quando fui embora. Descobri depois e já era
tarde. Eu não podia voltar.
–Você não queria voltar, era diferente! Mas ele te mandou uma carta! Por que não
contou que estava grávida?
–Porque ele viria atrás de mim se soubesse e me obrigaria a voltar... Eu sinto muito,
Bella. Era para nunca ter descoberto.

–Mas eu descobri.
–Por favor, me perdoa. Eu apenas quis o melhor para você...
–Chega, mãe. Eu não quero mais ouvir!

Bella remoia a conversa tensa de apenas dois dias atrás com a mãe, enquanto
entrava na diligência que a levaria direto para Forks. Finalmente.
Estava indo conhecer seu pai e Renée não ia impedi-la. Deixara uma carta dizendo
que a perdoava afinal, mas que precisava fazer esta viagem.
Havia algo faltando em sua vida. Era uma pessoa incompleta.
E esperava encontrar o que lhe faltava em Forks.
–Olá. – ela ouviu a voz melodiosa e levantou a cabeça.
Uma moça loira e bonita lhe sorria.
–O que vai fazer em Forks? Parece tão absorta...
–Vou visitar parentes. – falou evasiva.
–Eu vou me casar. – a moça alargou o sorriso e lhe estendeu a mão. – Meu nome é
Tanya Denali.
–Muito prazer, Tanya. Meu nome é Bella... Swan. – respondeu, sem saber porque
usara o sobrenome do pai. Mas se sentia imensamente bem ao fazê-lo. - Parabéns
pelo casamento.
Bella se perguntou se ficaria assim quando finalmente fosse se casar. Se é que um
dia encontraria alguém que ela gostasse o suficiente para isto. Nunca conhecera até
agora.
–Eu não vejo a hora de chegar e conhecer meu noivo finalmente!
Bella a fitou, confusa.
–Não o conhece?
–Trocamos cartas. Por uma agência. É por isto que estou viajando para encontrá-lo
e finalmente nos conhecermos.
–Nossa, você é corajosa.
–Por quê?
–Se casar com um homem que nem conhece.
–Não seja boba! Ele mandou um retrato. – e ela remexeu em sua bolsa, lhe
entregando uma fotografia. – Não é bonito?
Bella olhou para a foto do noivo de Tanya Denali.
Sim. Era extremamente bonito, tinha que admitir. Não era à toa que ela estava
correndo para a cidade de Forks para se casar, pensou.

–Sim, ele é bonito. – respondeu, e por algum motivo não conseguia para de
olhar a foto. Se perguntava qual seria a cor dos seus olhos, dos seus cabelos...
–E é muito rico, claro. Pertence à família mais rica da cidade, o nome dele é Edward
Cullen. – Tanya falou com orgulho e então um solavanco a fez perder o equilíbrio e
a moça gritou ao bater a cabeça.
Bella assustou-se, tentando se segurar da melhor maneira que podia. Os poucos
passageiros começavam a gritar e as bagagens caíram por cima deles, enquanto a
diligência rolava ribanceira abaixo.
A última coisa que se lembrava, antes do caos se instalar e ela perder os sentidos,
foi que segurava firmemente a foto de Edward Cullen em suas mãos.
O noivo de Tanya Denali.

Bella voltou à realidade, sentindo um frio gelado por dentro.


Desde que acordara na casa dos Cullens depois do acidente, ela ansiara lembrar
quem era.
Ansiara por suas memórias.
E agora ela sabia de tudo.
Tinha vindo pra Forks pra encontrar o pai e tinha encontrado muito mais.
Mas nada daquilo lhe pertencia.
Nem aquele noivado, nem os Cullens.
Nem Edward.
Principalmente Edward.
Fechou os olhos com força, lutando contra a dor.
Não havia mais aquele vazio dentro dela. Aquela angústia de não saber quem era.
Agora ela sabia.
Era uma fraude.
O vento do crepúsculo açoitou seus cabelos e ela se encolheu.
Naquele mesmo lugar Edward a pedira em casamento.
Apenas por obrigação, para remediar uma situação que ele mesmo nunca quisera.
E Bella estava tão perdida que aceitara.
Não era à toa que ela sempre intuíra que tinha algo errado.
Simplesmente não seria do seu feitio fazer o que Tanya Denali fizera.
Aceitar se casar com um estranho. Mesmo ele sendo tão bonito como Edward Cullen.
Mas ela aceitara.
Um acordo. Um casamento que existiria apenas até ela recuperar a memória.
Um casamento que não seria consumado.
Era como se Edward também suspeitasse que havia algo errado, afinal.
Tudo estava errado.

Bella não era a noiva.


E Deus, o que faria agora, que ele dormia na cama em que tinham finalmente
consumado o casamento?
Assim que as memórias invadiram sua mente, ela simplesmente não pudera mais ficar
lá.
Era uma impostora. Tinha roubado o lugar de outra mulher que estava inconsciente.
Seu lugar não era com Edward. Na cama de Edward. Nos braços de Edward.
E como seria agora? O que aconteceria quando revelasse a verdade?
Tudo estaria terminado. Edward teria razão, afinal. Não deveriam ter consumado o
casamento.
Mas agora era tarde.
E o pior era que ela entregara tudo a ele. Seu corpo e seu coração.
E não sabia o que fazer. No momento em que contasse toda a verdade, estaria tudo
terminado.
–Bella, o que faz aqui sozinha?
Ela secou os olhos rapidamente ao ouvir a voz de Alice a se aproximar.
–Nada... estava pensando. – murmurou.
–Já anoiteceu! E está frio, vamos entrar! Esme já preparou o jantar!
Ela quis dizer a verdade naquele momento para Alice.
Mas não seria justo. Não antes de falar para Edward.
Assim, se levantou e acompanhou a irmã de Edward até a casa.
Seu coração ficando mais pesado a cada passo.
Nunca mais haveria jantares com os Cullens.
Quando entraram, ela já ia preparar alguma desculpa para procurar Edward, mas
não foi preciso, porque ele estava ali.
E quando a viu, veio em sua direção com um olhar preocupado.
–Bella, onde estava? Eu estava à sua procura. – disse, tocando suas mãos frias e
Bella tentou sorrir, mas era impossível.
–Eu...
Ele abaixou a cabeça para falar num tom que só ela escutasse.
–Quando acordei e não a vi, fiquei preocupado. – disse.
Bella mordeu os lábios, um nó se formando em sua garganta ao se lembrar do que
tinham feito.
Do que nunca deveriam ter feito.

–Eu apenas fui dar uma volta, eu precisava... pensar.


–Nós precisamos conversar, Bella...
Sim, se ele soubesse o que ela tinha pra dizer...
–Querem parar de cochichos os dois? - Alice riu ao se aproximar. – Esme nos chama
à mesa! Depois podem ficar de conversinha ao pé do ouvido!
–Você é tão chata às vezes, Alice – Edward disse num tom entre exasperado e
divertido e Alice riu, segurando seu braço enquanto iam para a sala de jantar.
–Mas você me adora que eu sei!
Rosalie se aproximou de Bella.
–Sumiram agora à tarde, estava usando os novos conhecimentos que te mostrei? -
cochichou em seu ouvido e Bella corou até a raiz dos cabelos enquanto Rosalie ria
com gosto.
–Do que está rindo, querida? - Emmett indagou.
–De nada, querido, talvez depois eu te conte...
Eles comeram no mesmo clima de sempre.
Apenas Bella se mantinha calada e alheia às brincadeiras dos Cullens.
Tinha certeza que era seus últimos momentos ali.
E seu estômago pesava.
–Bella, está se sentindo bem? - Carlisle indagou e todos pararam de falar para
encará-la.
–Eu... - sim, era agora. Ela poderia dizer.
Contar que se lembrara de tudo. E que não era a noiva que eles esperavam de
Edward Cullen.
–Bella? - a voz melodiosa e perfeita de Edward a envolveu, assim como seus dedos,
segurando os seus por baixo da mesa e ela o fitou.
Havia calor naqueles olhos dourados. Havia uma atenção que era só pra ela.
E de repente Bella não queria que acabasse. Não queria que aquele brilho se
apagasse, dando lugar à fria decepção.
Ela queria um pouco mais daquela fantasia.
Um pouco mais de Edward Cullen.

–Estou bem. – sorriu. Para ele.


E Edward sorriu de volta, levando sua mão aos lábios e a beijando. O olhar preso
nos dela.
Cheio de promessas.
Ah, se ela pudesse...
Mas ela podia. Nem que fosse apenas por aquela noite.
E dai por diante, se deixou envolver por aquele devaneio.
Aquela doce fantasia de que tudo aquilo lhe pertencia.
Que Edward lhe pertencia.
E seu coração voltou a bater num ritmo ansioso, seu corpo se aqueceu à espera.
Até que dissessem boa noite aos Cullens e por fim, estivessem a sós.

–Bella, precisamos conversar... – Edward disse assim que fechou a porta


atrás de si.
Bella olhou as nuvens escuras através da janela, sentindo de novo aquele medo que
sentira à tarde ameaçar engolfá-la.
O medo da verdade.
Medo de perder Edward.
Mas Edward nunca fora seu realmente.
Ele pertencia à outra pessoa.
Mas hoje, ela poderia sonhar. Poderia fingir que ele era seu.
Então se voltou e caminhou em sua direção.
E se colocando na ponta dos pés, o beijou.
–Bella... – Os dedos dele tocaram seus ombros, para afastá-la. Ela podia sentir o
lado sensato de Edward querendo fugir, mas ela não podia deixar.
E quando ele a afastou, Bella levou os dedos aos botões do vestido, que caiu com um
farfalhar aos seus pés.
–Por favor, Edward. – murmurou, vendo seu olhar dourado escurecer, percorrendo
suas formas seminuas, mal cobertas pelas roupas íntimas e caras.
Pegou sua mão e levou ao seio
–Toque-me. – pediu.
Com um gemido, Edward finalmente se rendeu, a beijando.
Bella suspirou, era assim que ela o queria, o coração batendo no mesmo ritmo que o
seu, as mãos a trazendo para mais perto, percorrendo sua pele sobre o tecido fino,
incendiando por onde passava.
–Eu quero você de novo. – ele murmurou entre beijos cada vez mais intensos e Bella
gemeu, sentindo o corpo amolecer de desejo.
–Sim... Eu também.
E sem demora, ele a levou para a cama. As mãos a livrando do resto das roupas e
então foi a vez dele se despir e Bella o ajudou, adorando sentir a pele dele roçando
na sua, beijando seus ombros, deixando as mãos o conhecer, como ele tinha
conhecido o corpo dela à tarde.
Era maravilhoso ouvi-lo gemer em seu ouvido cada vez que ela descobria algo que
lhe dava prazer. Senti-lo enrijecer sob seus dedos e depois sob sua boca. Não
havia nada como o nome dela em seus lábios. Até que ele a puxasse e a prensasse
sobre a cama, a devorando com o olhar e depois com os lábios.

–Você tem um gosto delicioso. – murmurou contra seus seios, deslizando a


língua quente e úmida sobre um mamilo, para depois mordê-lo e Bella gritou, se
contorcendo, ansiosa, até que a mão dele descesse para tocá-la entre as pernas,
naquele ponto onde ele sabia que ela morreria de prazer.
–Edward, por favor... - implorou, sentindo as sensações crescendo e se avolumando
dentro dela.
Era delicioso sentir sua mão, mas ela queria morrer de prazer com ele.
–Sim... eu também preciso de você. – ele disse por fim, enchendo sua boca de beijos
molhados e se posicionando para penetrá-la.
E foi melhor do que a primeira vez. Agora não havia mais dor, apenas aquele prazer
quente, intenso, delirante, que era senti-lo se mover dentro dela, num ritmo
perfeito para fazer seu corpo responder, e se mover junto com o dele, num impulso
e recuo alucinante, seus gemidos se misturando, até que ela se desmanchasse
embaixo dele, ouvindo-o gemer seu nome no mesmo gozo.
E depois, quando ele a abraçou, ela fechou os olhos, com uma imensa vontade de
chorar.
–Bella, está acordada? - Edward a chamou um tempo depois, mas ela fingiu dormir.
Não estava pronta ainda para voltar à realidade.
E continuou assim, até que ouvisse a respiração compassada dele.
Mas ela não dormiu.
Agora ela podia chorar.

Mal havia amanhecido quando ela acordou e saiu da cama, e com muito cuidado para
não acordá-lo, se vestiu e deixou a casa dos Cullens.
Não foi difícil achar a casa que procurava, afinal, todos sabiam onde morava o
xerife da cidade.
E quando Charlie Swan abriu a porta para a moça pálida e com olhos vermelhos, ele
franziu a testa.
–Isabella Cullen, o que faz aqui tão cedo? Algum problema?
Bella começou a chorar de novo.
O Chefe Swan, olhou para a moça, confuso.
–Senhora...? Algum problema? Por que está chorando? Precisa de ajuda?
Bella mordeu os lábios tentando parar de chorar.

–Será que eu posso entrar, por favor?


–Claro que sim.
Ele fez sinal para ela entrar e Bella passou à sua frente, quando Charlie Swan
fechou a porta atrás de si ela o encarou
–Em que posso ajudá-la? Está com problemas?
–Você se lembra de uma mulher chamada Renée Dwyer?
Charlie empalideceu.
–Renée...?
–Sim, foi casado com ela, não é?
–Você a conhece?
Bella respirou fundo.
–Eu sou a filha dela... Eu sou... Sua filha.

Bella torcia as mãos no colo, enquanto Charlie a fitava como se estivesse vendo um
fantasma.
Ela estava ali na sua casa há menos de uma hora e havia acabado de contar toda sua
história a Charlie Swan.
Estavam sentados na cozinha de sua casa e ele lhe servia um chá.
–Você se parece com ela... - ele disse por fim e Bella sorriu tristemente.
–Acho que sim.
–Não entendo porque Renée... Nunca me contou.
–Eu te disse. Ela não queria voltar. Eu mesma só fiquei sabendo há pouco tempo.
Ele suspirou pesadamente.
–Renée nunca gostou de Forks. Ela nunca quis ficar nesta cidade pequena sendo
mulher de xerife. Mas eu teria a obrigado a ficar, se soubesse de você.
–Por isto que ela nunca te contou. Eu sinto muito.
Charlie passou a mão pelos cabelos, ainda parecia chocado.
–E agora este casamento com o Cullen... Nunca poderia saber...
–Eu não sou a noiva do Edward. Quer dizer... Não a noiva que estavam esperando.
Me confundiram com ela. – Bella murmurou.
–Sim, eu entendi. Você estava com amnésia. E a noiva seria aquela moça desacordada
no hospital.

–Sim, Tanya Denali... Oh Deus, eu não sei o que fazer. Eu apenas me lembrei
de tudo ontem e eu tinha que procurar você.
–Fez bem. Você é minha filha. Não deve se preocupar com nada. Vamos dar um jeito
em tudo.
Bella quase sorriu. Se tudo fosse tão simples...
–Eu não sei como... Edward vai reagir... Ainda não tive coragem de contar.
–Deve contar a verdade, sabe disto não é?
–Eu sei.
–Os Cullens são gente de importância, mas não deve ter medo deles. Não tinha culpa
de nada, eles que fizeram esta confusão!
Bella mordeu os lábios. Sim, uma confusão.
E o pior era que não sabia como sair dela agora.
E se queria sair...
–Mas tudo ficará bem. Eu vou com você a casa dos Cullens. Vamos desfazer este mal
entendido!
–Não, eu... Eu queria ir sozinha.
–De maneira alguma.
–Por favor, Charlie. – ela ainda não se sentia à vontade para chamá-lo de pai. – Eu
preciso conversar com Edward.
–Tudo bem, eu entendo. Mas eu vou ficar esperando. Não deixarei nenhum Cullen
fazer nada com você.
–Eu sei.
Ela se levantou.
–Eu preciso ir.
–Sim, vamos logo resolver este assunto.
Quando saíram da casa de Charlie, Bella de repente sentiu que precisava fazer algo
antes.
–Podemos passar no hospital? Eu quero ver como esta Tanya Denali.
–Claro.
Eles foram até o hospital, mas quando Bella viu o leito em que a noiva desacordada
de Edward deveria estar, encontrou a cama vazia.
Uma enfermeira entrou no quarto.
–Posso ajudá-la?
–Onde está a moça que estava aqui?
–Ainda não sabe? Ela acordou, finalmente.
–Acordou...? - Bella murmurou sem voz. – E onde ela está...?
–Eu ainda não a vi, acabei de chegar, mas a enfermeira que fica aqui à noite, disse
que ela acordou e que insistiu em ir à casa dos Cullens e ninguém conseguiu segurar
ela aqui.
Bella sentiu o chão lhe fugir aos pés.
A verdadeira noiva tinha voltado e neste momento deveria estar na casa de Edward
provavelmente exigindo tomar posse do que era seu.
Edward Cullen.

*continua*

(Cap. 13) Capítulo 13


Seus pés pesavam como chumbo enquanto se aproximava da casa dos Cullens.
A casa que fora sua por um curto período de tempo.
Assim como Edward Cullen.
Não poderia se arrepender mais agora de não ter contado a verdade a ele assim que
se lembrou de tudo.
Agora muito provavelmente Tanya Denali estava lá contanto tudo
Bella respirou fundo, contendo a vontade de sair correndo na direção contrária.
Talvez fosse apenas os dedos de Charlie Swan que seguravam seu braço fortemente
enquanto adentravam, que a impediram de dar meia volta e sumir dali. Pra sempre.
Mas no fundo sabia que não podia fugir. Ela devia uma explicação para os Cullens.
Para Edward.
E foi ainda na porta que ela ouviu a voz que conhecia vagamente muito imperativa.
–Como não estão acreditando em mim? Eu sou a noiva que mandaram vir da agência!
Bella parou, incapaz de continuar.
–Senhorita, acho que está havendo algum engano. – a voz calma era de Carlisle
Cullen.
–Claro que é um engano! - Agora era a voz impaciente de Alice. – A noiva do
Edward já chegou aqui há semanas e eles estão casados, então senhorita, acho
melhor dar meia volta e desaparecer.
–Eu estou dizendo a verdade! Não sei como isto pode ter acontecido, mas engano é
ele ter se casado com outra que não sou eu! - Tanya gritou. – Vocês foram
enganados isto sim!
–Que absurdo! - Alice gritou no mesmo tom. – Gente, vocês não podem estar
acreditando nesta louca!
–Alice, calma. – Carlisle disse novamente.
–Eu tenho como provar! Eu só preciso achar minha mala! Lá tem todas as cartas que
trocamos, tem a foto de Edward Cullen! Eu sou a noiva e infelizmente sofri este
acidente horrível! E está claro que esta tal de quem estão falando é uma impostora
que tomou meu lugar enganando todos vocês!
–Isto é ridículo. – Alice riu.
–Espera Alice, mas como podemos saber? - Rosalie falou. – Bella estava sem
memória. não é? E se está história for verdadeira?

–Claro que não é! - Alice parecia transtornada.


–Está duvidando de mim? Por que não chamam esta tal de Bella aqui? Eu quero
desmascará-la! - Tanya insistiu.
Charlie puxou Bella.
–Vamos, Bella! Vamos acabar com esta confusão antes que piore.
Bella sentia que ia desmaiar, mas se obrigou a acompanhar o pai, enquanto lá dentro
a discussão continuava.
–Cadê a Bella Edward? - Esme indagou.
Bella gemeu. Então Edward também estava lá.
Ainda havia alguma esperança dentro dela até aquele momento de que Edward não
estivesse presente na discussão.
Mas agora ela se fora.
E antes que Edward pudesse responder, Charlie puxou Bella para dentro da sala.
–Bella!- Edward foi o primeiro a vê-la, do outro lado do recinto.
Ela sentiu uma mistura agridoce de sentimentos.
–Ah, então está é a impostora! Fale para eles, fale que roubou o meu lugar, fale que
se fez passar por mim! - Tanya a encarava. – Ah... eu conheço você! Estávamos na
mesma diligência! Sua...
Antes que Tanya continuasse, Charlie a interrompeu.
–Ei Senhorita, modere seu linguajar.
–Gente, pelo amor de Deus, alguém tire esta mulher daqui! Ela não pode continuar a
falar da Bella deste jeito! - Alice pediu.
–Não vou sair daqui enquanto ela não dizer a verdade! - Tanya gritou.
–Senhorita, se acalme. – Edward disse por fim. – Eu entendo sua situação, mas acho
que realmente está acontecendo um terrível engano. Bella Swan foi mandada pela
agência, meu irmão Emmett pode comprovar.
Todos olharam para Emmett, que parecia estranhamente quieto e ele ficou vermelho
–É, claro que...
–Eu estou dizendo a mais pura verdade! Eu conheci esta moça aqui na diligência e
contei tudo a ela, de como estava vindo me casar com Edward Cullen, estava até
mostrando a foto quando tudo virou uma confusão...
–A foto. – Rosalie disse. – Bella foi encontrada com a foto na mão.
Todos ficaram num silêncio sepulcral, como se de repente entendessem que a
historia de Tanya podia sim não ser absurda.

–Meu deus. – Esme exclamou.


–Eu ainda acho que... - Alice insistiu.
Bella só conseguia olhar pra Edward, que empalidecera.
–Bella, conte logo a eles. – Charlie falou impaciente.
Só então todos pareceram notar a presença inusitada do xerife da cidade ali,
acompanhando-a.
–Bella não pode falar nada. – Carlisle disse. – Se esta história for mesmo verdade,
ela não tem como saber, está com amnésia.
–Foi isto que ela disse? E vocês acreditaram?
–Bella. – Charlie apertou seu braço. – Conte a eles, ou eu mesmo...
Bella respirou fundo, tentando buscar forças, enquanto todos esperavam.
–O que ela diz é verdade. Ela é mesmo a noiva verdadeira de Edward. – Bella
murmurou por fim.

Todos a fitaram na sala, surpresos.


Mas Bella só conseguia ver o olhar de uma pessoa: Edward.
–Eu disse! - Tanya quebrou o silêncio. – Ela está confessando que roubou meu lugar!
–Ela não está confessando nada! - Alice retrucou. – Bella não lembra de nada!
–Eu me lembrei. – Bella murmurou, olhando diretamente para Edward.
–Se lembrou? - Edward indagou a encarando num misto de confusão e descrença. –
Como assim se lembrou? Quando se lembrou Bella?
–Ontem.– murmurou. A culpa agora tingia seu rosto de vermelho.
Ela deveria ter dito a verdade assim que a descobriu.
Porque agora ela via no olhar de Edward a confusão se transformar em
entendimento.
E frieza.
–Então é mesmo verdade? - Rosalie indagou. – Nunca foi a noiva de Edward?
–Não. O que esta moça está falando é verdade. Eu a conheci na diligência. E ela me
mostrou a foto... enquanto me contava sobre seu futuro casamento.. e depois
aconteceu o acidente... E depois eu não lembrava de nada...E vocês diziam que eu
era a noiva...
–Acho que você já pode parar com esta história ridícula de amnésia! - Tanya bufou
–Ei senhorita, veja como fala. – Charlie a repreendeu.
–E o que o xerife está fazendo aqui? - Jasper indagou.
–Ah, ela veio com o xerife? Vai ver que já sabia da sua culpa!

–Eu estou aqui com a Bella porque ela é minha filha. – Charlie explicou.
Todos os fitaram surpresos.
–Isto é verdade, Bella? - Edward indagou. Sua voz continha uma frieza
desconhecida para Bella até então.
E ela sentiu seu coração gelar.
–Sim, é verdade. Eu estava vindo para a Forks para conhecê-lo. Minha mãe foi
embora daqui antes de saber que estava grávida. E só agora eu descobri tudo e
Charlie não sabia de nada até hoje de manhã, quando eu lhe contei tudo.
–Nossa, sua mãe fugiu? - Rosalie indagou.
–Rosalie, isto não é importante agora. – Carlisle a interrompeu. – Nós precisamos
resolver esta situação.
–Sim, eu sinto muito. Eu nunca fui a noiva do Edward...
–Mas vocês estão casados agora! - Alice disse.
–O casamento pode ser anulado, claro! - Charlie refutou. - Bella foi coagida por
vocês a acreditar que era outra pessoa. Não tinha como saber o que estava fazendo.
–Mas neste caso nós também não sabíamos. Acreditamos realmente que ela fosse a
noiva enviada pela agência. Acho que foi tudo um terrível engano...
–Sim, eu concordo com esta anulação! Eu sou a verdadeira noiva!
–Eu ainda acho tudo um absurdo...
–Amor, não se intrometa. – Jasper falou. – Nós erramos ao achar que Bella fosse a
noiva. Ela nunca veio pra cidade pra se casar.
–Mas...
–Esta discussão toda é inútil. Descobrimos o engano e vamos consertar isto. Bella é
minha filha e irei protegê-la.
–Edward, podemos conversar? Em particular? – Bella pediu.
–Sim, claro que podem. – foi Carlisle quem disse e pediu para todos sair.
Alice, Charlie e Tanya ainda protestaram, mas foram levados para fora da sala.
Bella mordia os lábios com força.
–Eu sinto muito, Edward. – murmurou.
–Você iria me contar quando Bella?
–Eu... Claro que eu ia te contar. Eu apenas fiquei assustada. Era horrível demais pra
acreditar. Eu queria encontrar o meu pai...

–Claro que sim. Foi para isto que veio a cidade. – havia uma fria ironia na sua
voz.
–Acho que de alguma maneira eu sabia desde o início. Que isto não era certo. Que
eu nunca tinha sido destinada a isto... a este casamento. Que não era algo que eu
faria.
–Então eu tinha razão em querer que se lembrasse de tudo antes de...
–Sim. Mas agora é tarde, não é?
–O casamento pode ser anulado mesmo assim, como o chefe Swan falou, as
circunstâncias estão todas erradas. Você não sabia o que estava fazendo. Nunca
deveríamos ter nos casado.
Estas palavras doeram, mas Bella tentou manter-se impassível.
–Eu lamento muito.
–Pelo menos descobrimos tudo, não é? E você pode fazer agora o que veio fazer
aqui. Ficar com seu pai. Não é o que quer?
Bella sentiu uma dor pungente no peito.
Então seria assim?
Edward a estava descartando. Mas como é que ela podia culpá-lo. Ele fora honesto
desde o começo. Nunca quisera se casar com ela. Devia estar sentindo alívio de se
livrar de um casamento indesejado. Que só acontecera porque fora coagido a tal.
E agora, será que depois que o casamento fosse anulado, ele ia se casar com Tanya?
Bella sentia vontade de chorar só de pensar. A linda e elegante Tanya tomando seu
lugar.
Se casando com Edward. Dormindo com Edward.
Era dolorido demais só de pensar.
Mas o que ela podia fazer? A verdade era que nunca deviam ter se casado.
E ela nunca deveria ter se apaixonado por Edward.
–Acho que eu devo ir embora. – murmurou.
Edward apenas a fitou. Distante. Frio.
Bella sentia tudo desmoronando por dentro.
Seus sonhos construídos sem que tivesse se dado conta.
Sonhos com Edward.
Mesmo assim, naqueles dolorosos momentos, ela esperou.
Desejando secretamente que Edward dissesse que não queria que ela fosse embora.
Que também queria ficar com ela.
Mas isto não aconteceu; Edward desviou o olhar, passando os dedos pelos cabelos
cor de areia.
–Sim, você deve ir.
Bella lutou contra o nó na garganta e as lágrimas que queimavam em seus olhos.
Ela caminhou até a porta e então parou.

–Me desculpe, mas uma vez. Adeus, Edward. Eu desejo que seja feliz
E então ela saiu da sala, encontrando Charlie a esperando o hall de entrada.
Os Cullens estavam ali. E Tanya também.
–Vamos embora. – Bella pediu, segurando o braço de Charlie.
–Sim, não temos mais nada a fazer aqui.
–Mas... – Alice deu um passo à frente, mas Jasper a segurou.
–Não se intrometa, Alice.
Bella ainda lançou um olhar a Tanya, que sorria, triunfante.
–Me desculpe por toda esta confusão. Eu realmente não sabia.
–Tudo bem. O importante é que agora tudo voltou ao seu devido lugar. – Tanya
disse e Bella se afastou, acompanhada por Charlie.
Deixando a casa dos Cullens pra sempre.
A casa que fora sua por um curto período de tempo.
Assim como Edward.
Seguiram em silêncio, e foi só quando chegaram na residência de Charlie que ele
reparou que Bella estava chorando.
–Bella, não fique assim. Eu sei que foi uma confusão só, mas está tudo resolvido.
Tomarei as providências para anular o casamento.
Bella fechou os olhos com força, se sentando, enquanto Charlie lhe entregava um
lenço.
Mas as lágrimas não cessavam.
–Bella... – ela levantou os olhos vermelhos para Charlie que a fitava preocupado. –
Bella, você gostava daquele Cullen?
Seus lábios tremeram.
–Isto não importa. – murmurou, desviando o olhar e Charlie soltou uma imprecação.
–Ah, agora percebo. Você estava apaixonada por ele. Ah, Bella...
Bella quis negar, mas do que adiantaria.
–Sim, mas o que adianta ? A verdadeira noiva dele está aqui. Ele só se casou comigo
por obrigação.
Ela se levantou, enxugando os olhos.
–E eu não quero mais falar sobre isto.
Charlie parecia que ia insistir no assunto quando ouviram uma batida na porta.
Bella sentiu o coração se apertar. Quem seria?
Charlie foi abrir e então ela reconheceu a voz.

–Onde está Bella? – a voz feminina indagou cheia de angústia. – Onde está
minha filha?
Bella se encaminhou para a porta ao reconhecer a voz da mãe.
–Mãe!
Renée passou por Charlie e abraçou Bella.
–Meus Deus, Bella, você quase me matou de preocupação! Como pôde fazer isto
comigo?
Bella se afastou um pouco.
–Mãe, se acalme.
–Sim, Renée, não vai dar bronca na Bella. Afinal, você que errou a mantendo longe
de mim. – Charlie falou e ele e Renée trocaram um olhar de ira.
–Eu fiz o que acreditava melhor para Bella
–Ela é minha filha e eu tinha o direito de saber!
–Nunca ia me deixar ir embora se soubesse.
–Claro que não!
–Ei, chega vocês dois. – Bella pediu exasperada. – Acho que é muito tarde para
termos esta discussão. – ela se virou para Renée. – Está tudo bem, mãe. Eu queria
apenas conhecer meu pai. Acho que tinha este direito. E eu lhe deixei uma carta
explicando.
–Sim, eu sei. – Renée admitiu. - Eu sei que errei. Mas eu vim te buscar, Bella. Vamos
voltar a nossa casa.
–Não! A Bella pode ficar aqui comigo, se assim desejar. – Charlie falou.
Bella o fitou.
Sim, havia uma parte dela que queria ficar ali e conhecê-lo melhor.
Saber finalmente como era ter um pai.
Mas como permanecer na mesma cidade de Edward Cullen?
O vendo casado com Tanya?
Era impossível.
–Charlie, eu sinto muito. Mas eu vou voltar com Renée.
–Bella...
–Não posso ficar aqui... Na mesma cidade dos Cullens.
–Cullens? Quem são estes? – Renée indagou curiosa.
Bella respirou fundo e começou a contar a Renée toda a história.

(Cap. 14) Capítulo 14


– Que bom que resolvemos tudo! - Tanya sorriu satisfeita, depois que Bella
fechou a porta.
Mas apenas ela parecia satisfeita no silêncio que caiu sobre o recinto.
–Ah, estou tão cansada! Toda esta confusão... – suspirou.
–Não deveria ter saído do hospital senhorita. – Carlisle finalmente se mexeu,
segurando seu pulso e a fazendo sentar-se.
–Toda esta confusão é um absurdo, isto sim. – Alice revirou os olhos.
–Alice, por favor. – Esme pediu. – Carlisle, leve a Tanya para o quarto de hóspede,
acho que ela precisa descansar.
–Sim, eu adoraria! - Tanya sorriu, já não demonstrando estar tão pálida, embora
aceitasse o apoio de Carlisle, que a levou escada acima.
Assim que ela desapareceu, Rosalie respirou fundo.
–Nossa, como isto pode ser possível? Como podemos nos confundir tanto?
–Sim, é tudo lamentável. – Esme comentou. – Edward deve estar arrasado com tudo
isto...
–Ele não devia ter deixado a Bella ir embora isto sim! – Alice resmungou.
–Mas ela não era a noiva. – Rosalie refutou.
–E daí? Agora eles eram casados!
–Mas foi tudo por engano! Não deveríamos ter forçado o casamento, ela estando
sem memória.
–Como podíamos saber? - Jasper falou. – Tudo levava a crer que ela era a noiva
que Emmett pediu da agência. Se ao menos tivéssemos checado as informações. –
encarou Emmett. – Mas Emmett nunca achou a carta, não é?
Emmett ficou vermelho feito pimentão, e se mexeu, incomodado.
–É, quer dizer... a carta... sim, nunca achei...
–Ainda acho isto só um detalhe. – Alice insistiu, lançando a Emmett um olhar de
alerta.
Que infelizmente para ela não passou despercebido a Rosalie.
–Espera, o que vocês sabem? - Rosalie indagou desconfiada.
–Saber o quê? O que poderíamos saber? - Alice deu de ombro.
Emmett tossiu.

Rosalie encarou Emmett.


–Emmett está mentindo pra mim, posso sentir.
–Rose, pare de ser paranóica... - Alice pediu, mas Rosalie obrigou Emmett a fitá-la.
–Em, o que você sabia sobre a Bella?
–É, nada, eu...
–Emmett não sabe de nada Rose, que coisa! - Alice insistiu.
Emmett suspirou.
–Do que adianta agora, Alice? - ele disse por fim. – Sim, eu descobri a carta com o
nome da verdadeira noiva e no dia do casamento do Edward.
Todos o encararam, boquiabertos.
–Como assim? E por que não disse nada? - Rosalie indagou horrorizada.
–Queríamos que Edward se casasse com a Bella.
–Gente, era óbvio que o Edward tinha que se casar com a Bella. – Alice falou e
Jasper a fitou.
–Você sabia também?
Ela ficou vermelha, mas levantou o queixo.
–Sabia sim! E acho que fiz certo em esconder! Edward nunca teria se casado com a
Bella se...
–Claro que não, sua maluca! - Rose exclamou. – Vocês são loucos? Tinham que ter
contado a verdade, olha a confusão agora!
–Eu te falei, Alice. – Emmett gemeu.
–Mas será que não percebem que eles foram feitos um para o outro?
–Alice isto é muito grave! - Esme falou. – Não podia ter escondido esta informação.
–Eu ainda acho que é só um detalhe! Como é um erro querer trocar de noiva agora!
–Isto é com o Edward. – Esme falou. – Nem sabemos o que ele fará ainda.
–Ele deixou a Bella ir embora!
–Aposto que ela fez o que ela queria. Edward é muito honrado.
–É um idiota isto sim!
–Alice, chega!
–Sim, Alice. – Jasper falou decepcionado. – Você errou em esconder a verdade de
todos nós.
E ele saiu da sala, Alice o seguiu tentando se explicar.
–E você, Emmett, como pôde esconder isto de mim? É melhor já ir se acostumando a
dormir eternamente no celeiro!
E Rosalie saiu da sala com Emmett pedindo desculpa em seu encalço.

Preocupada com Edward, Esme foi atrás do filho e o encontrou fitando o vazio,
através da janela da sala.
–Edward?
Edward escutou a mãe se aproximando, mas não se virou.
Ele não queria falar com ela. Não queria falar com ninguém.

Tudo era uma confusão dentro de sua cabeça, onde só havia uma dolorida
certeza.
Ele cometera o maior erro de sua vida se casando com Bella Swan.
Como pudera ser tão descuidado? Tão irresponsável?
Sim, ele devia ter mantido o plano original. Apenas se casar com Bella para ajudá-la
e manter sua família sob controle.
Mas não. Ele fora além.
E o casamento que devia ser apenas uma conveniência se tornara de verdade.
Assim como seus sentimentos por Bella Swan.
E ela nunca fora sua noiva. Nunca tivera a intenção de casar com ele.
Então, como é que ele podia pedir para ela ficar?
Tinha que deixá-la ir.
Mesmo que sentisse aquele vazio no peito.
Agora as coisas voltariam ao seu devido lugar.
Era o correto a fazer. Pelo menos agora ele podia agir certo com ela, a libertando.
–Edward, querido? - Esme tocou seu ombro e ele finalmente se voltou. - Eu sinto
muito, filho.
–Sim, eu também sinto. Pelo menos agora as coisas se resolveram.
–Mas a que custo?
–Não se preocupe mais com isto, mãe, tudo vai ficar bem.
Esme encarou o filho, tentando acreditar.
Ela sabia bem no fundo que para Edward toda aquela história devia estar sendo
horrível de suportar.
Mas sabia também que ele sempre faria o que achava certo.
–Vai mesmo anular o casamento, então?
–Claro que sim. É o certo a fazer. Nunca deveríamos ter nos casado.
–E o que faremos com Tanya Denali?
Edward se afastou passando a mão pelos cabelos.
–Eu não sei mãe. É muito para eu pensar agora. Onde ela está?
–Estava passando um pouco mal, afinal, nem se restabeleceu direito ainda. Carlisle a
levou para o quarto de hóspede.
–Ela deveria voltar ao hospital.
–Carlisle vai saber o que fazer...Onde vai? – indagou, ao ver Edward saindo.
–Vou dar um volta.

Edward caminhou sem rumo, apenas para se livrar dos seus familiares que com
certeza teriam alguma opinião formada sobre o que deveria fazer.

Mas ele não queria ouvir. Sua decisão já fora tomada.


Agora só precisava se conformar em perder Bella pra sempre.
Era irônico que não queria se casar até ela chegar.
Ele nem sabia que seria capaz de amar até conhecê-la.
Aquela garota tímida, de cabelos castanhos e olhos cor de chocolate.
E ela nem sabia quem era. Mas pra ele fora tudo. E agora ela não era mais sua.
Nunca fora de verdade.
Fora apenas uma ilusão. Doce enquanto durara.
E ele nem sabe como, mas quando se deu conta, estava em frente à casa do Chefe
Swan.
Imaginando que ela estava ali, em algum lugar.
O lugar a qual pertencia. Para onde deveria ter ido quando chegara em Forks.
Será que havia algum arrependimento nela? Será que lamentava o fim deles?
Provavelmente não.
Mas e o que viveram? Se fechasse os olhos, ainda podia sentir o gosto da pele macia
dela , assim como a textura sobre seus dedos. O jeito que ela lhe implorara para
fazerem amor até que fora impossível a ele resistir. E fora naquele momento que
ele se dera conta que nunca seria capaz de lhe negar nada. Ele queria lhe dar tudo.
E queria tirar tudo dela.
Queria Isabella Swan pra sempre daquele jeito, entrelaçada a ele de todas as
maneiras possíveis.
Mesmo assim, ele ainda tinha dúvidas, ainda queria saber se ela também queria o
mesmo, afinal, Bella estava sem memória. Como poderia saber realmente o que
queria?
E no fim, ele tinha razão em ter medo.
Ela parecia triste quando conversaram pela última vez. Mas de nenhuma maneira
parecia querer ficar com ele. E Edward de nenhuma maneira iria prendê-la ali.
Teria que se acostumar de novo a viver como vivera até ela chegar. Sozinho.

Mas quando voltou para sua casa, ao cair da noite, lembrou-se que as coisas não
seriam tão simples assim ao ouvir a voz de Tanya Denali.
Sua noiva.
Respirou fundo e entrou na sala.
Toda sua família estava reunida ali, embora fosse palpável a tensão no ar.

–Edward, finalmente. – Esme falou preocupada. – Estávamos esperando você


para jantar.
–Sim, eu estava louca para que retornasse. – Tanya sorriu se levantando e indo em
sua direção .– Acho que agora finalmente podemos nos conhecer melhor. Afinal,
vamos nos casar.
Edward olhou para aquela moça. Sem dúvida, ela era bonita.
Mas não lhe causava nada. Nenhum sentimento. Nenhuma emoção.
Era apenas uma estranha.
–Senhorita, acho que é cedo ainda para tratarmos de qualquer assunto deste tipo. -
Edward falou cuidadoso. Não queria ferir seus sentimentos. Ela viera a Forks para
casar com ele e não fazia ideia que fora tudo apenas uma armação de seus irmãos.
E depois sofrera o acidente, ficando em coma todo aquele tempo e quando acordara,
descobrira que outra mulher tomara seu lugar.
–Claro que não é cedo! Eu estou ótima, totalmente restabelecida. Seu pai pode
garantir!
–Mas o Edward ainda é casado, viu? - Alice disse mal-humorada.
–Alice, pelo amor de Deus, pare de se intrometer, será que não aprende? Tudo
estaria bem fácil agora se não fosse você e Emmett. - Jasper exclamou exasperado.
–Do que está falando Jasper? - Edward indagou agora reparando que tanto Jasper
quanto Rosalie estavam de cara fechada e longe de seus respectivos pares.
–Ainda não sabe? - Rosalie falou. – Alice e Emmett descobriram tudo no dia do
casamento! E esconderam de todos nós.Esconderam de você!
Edward encarou Alice e Emmett sem acreditar.
–Isto é verdade?
–Eu falei pra Alice que devíamos contar. – Emmett começou a se explicar, mas Alice
o interrompeu.
–Eu não me arrependo! Você tinha que casar com a Bella!
–Alice, como pôde? Tem noção do que fez? - Edward indagou exasperado.
–Sim, eu tenho! Você queria se casar com ela e nunca teria casado se soubesse a
verdade! Tem que me agradecer e se tiver um pouco de bom senso, deveria
continuar casado com Bella...
–Chega, Alice. – Carlisle pediu.

–Sim, acho que este assunto está encerrado. – Esme falou. – Vamos todos
jantar.
–Claro, chega deste assunto da tal Bella! - Tanya sorriu. - Ela era apenas um erro!
E graças a Deus em breve Edward estará livre para se casar comigo, como deveria
ter sido desde o inicio.
De novo o silêncio tenso recaiu sobre todos, até Esme exclamar.
–Enfim, vamos jantar.
–Perdi a fome. – Edward murmurou e em vez de seguir a família para a sala de
jantar, ele saiu de casa e se sentou sozinho na varanda.
Algum tempo depois Emmett apareceu, carregando um travesseiro.
–Rose está brava comigo.
–Tem razão de estar.
–Eu sinto muito, Edward. Eu sei que deveria ter te contado, mas Alice... Sabe como
ela é... E eu só queria que você se casasse e parecia estar bem feliz com aquela
Bella... Achei que...
–Tudo bem Emmett, vá dormir.
–Certo, quero só ver até quando Rose vai me castigar. – e resmungando ele se
afastou.
Carlisle apareceu em seguida.
–O que vai fazer, Edward ?– Carlisle indagou depois de alguns momentos de
silêncio.
–Eu não sei, pai. – Edward suspirou.
–Bella é sua esposa.
–Ela quis ir embora.
–Mas estão casados. E você? Quer que ela vá? Fiquei sabendo que a mãe dela
chegou na cidade. – disse. - Veio buscá-la. Ela irá embora amanhã.
Edward sentiu seu coração se apertar.
Carlisle se levantou.
–Eu sei que sempre pensa em fazer o que é certo, filho, e confio em você. Mas pense
bem no que é realmente certo.
E se afastou.
Então era isto. Bella iria partir para sempre.
Ele nunca mais a veria. Nunca mais...
Mas seria melhor não é?
Melhor para todos que ela fosse embora pra sempre.
Para sempre...
De repente ele tomou uma decisão e se levantou.
Já era hora de fazer o que era certo.
Ele entrou na sala e lá estavam suas cunhadas e Tanya.
–Alice, Rose, podem nos dar licença? Preciso conversar com a Tanya.
Alice e Rosalie se afastaram em silêncio e Edward fitou a moça loira a sua frente.
–Eu tenho um pedido a lhe fazer.

Bella abriu os olhos desistindo de tentar dormir.


Fora uma noite em claro.
Uma noite para lamentar que estava sozinha. E que a partir de agora, seria sempre
assim.
Para sempre sozinha. Sem Edward.
Era incrível como em tão pouco tempo tinha se tornado tão dependente dele. De sua
companhia. E por fim, do seu toque.
Era dolorido pensar que nunca mais o sentiria.
Agora outra pessoa teria este privilégio.
Outra receberia seus beijos. Teria sua atenção.
Teria seu amor.
Mas será que ela um dia tivera o amor dele?
Com certeza não.
Senão ele não teria aberto mão dela tão fácil. Na última conversa que tiveram, ele
parecia decepcionado e arrependido.
Mas nunca fizera qualquer menção a querê-la.
Se casara com ela apenas por obrigação.

Mas quando estavam juntos, havia desejo. Se fechasse os olhos ainda podia sentir
seu toque, seus olhos dourados que a devoravam, sua boca que conhecia tão bem
cada parte do corpo dela. O jeito que ele sussurrava seu nome quando estava dentro
dela...
Bella suspirou, jogando as cobertas para o lado e se levantando.
Do que adiantava se torturar com estas lembranças agora?
Edward provavelmente tomara aquilo que lhe fora oferecido. E ela lamentava agora
não ter resistido. Talvez sofresse menos.

Com o coração pesado, ela se arrumou para partir.


Encontrou Charlie na cozinha e ele lhe sorriu. Parecia triste, mas conformado.
Era uma pena que pudera aproveitar tão pouco o pai. Mas tinha mesmo que partir.
Não ia conseguir permanecer na mesma cidade que Edward Cullen.
–Que pena que irá partir. – Charlie disse. – Acho que poderia me acostumar com
você aqui.
Bella sorriu tristemente.
–Eu sinto muito, Charlie.
–Eu entendo que tenha que ir embora. Por causa do Cullen.
Bella não negou.
–Mas eu irei visitá-la.
–Eu vou esperar ansiosa.

Renée apareceu já vestida para a viagem.


–E então, querida, podemos partir?
Bella sentiu um aperto no peito.
–Sim, estou pronta.
Elas caminharam com Charlie até o centro da cidade, onde pegariam a diligência e
Bella sentia dor em cada passo. Estava indo embora pra sempre de Forks.
Aquela cidade fria e chuvosa que quase fora seu lar.
Onde deixaria um pai que mal conhecia e seu amor.

Mas quando chegaram em frente à diligência, Bella estacou ao ver os Cullens por ali
também.
Seu olhar percorreu aqueles que foram por pouco tempo sua família.
Estavam meio afastados. Todos lindos e bem vestidos, com expressões graves.
Será que vieram ter certeza que ela iria embora?
E onde estava Edward, pensou, entre triste e ansiosa.
No fundo almejava vê-lo uma última vez.
Então o avistou. Vindo em direção à diligência.
E ao seu lado, Tanya Denali.
Bella teve vontade de sair correndo. Era como enfiar uma faca em seu peito, vê-los
juntos.
–Mas o que está acontecendo aqui? – Charlie resmungou ao seu lado.
–Quem são estes...? – Renée indagou.
–Os Cullens. – Charlie respondeu.
–Ah...
Bella engoliu em seco, tentando manter a compostura.
Não ia desabar agora.
Não fazia idéia que diabos os Cullens estavam fazendo ali, mas faltava pouco agora
para aquele suplício acabar.
Finalmente eles chegaram à sua frente.
Bella mal respirava, tremendo.
Tanya parecia ainda mais bonita agora. Estava muito arrumada e... com roupas de
viagem.
Bella então olhou para baixo e viu que a moça carregava uma pequena mala de mão.
A mesma que carregava quando se encontraram pela primeira vez.
Tanya ainda lhe lançou um olhar que parecia desprezo e para surpresa de Bella,
entrou na diligência, sem nada dizer.
Bella fitou Edward. Seu coração mal batendo.
Como assim Tanya estava partindo também?

–Bella, podemos conversar? – ele disse então, com aquela voz que lhe trazia
tantas lembranças.
–O que está acontecendo? – conseguiu murmurar aturdida. – Tanya...
Mas antes que Bella conseguisse falar qualquer coisa, Edward segurou seu braço a
afastando de Renée e Charlie e de repente não havia ninguém perto deles.
–Tanya está indo embora.
–Mas...
–Não havia motivos para ela ficar.
–Mas achei que... Iam se casar.
Edward passou a mãos pelos cabelos, um gesto tão seu, tão único.
–Eu já sou casado. – disse por fim e Bella jurou que seu coração batia tão forte que
poderia ser ouvido do outro lado da praça.
–O casamento será anulado... – murmurou.
–É por isto que pedi para falar com você. – de repente ele parecia inseguro. –
Fique, Bella. Não vá embora.
Bella prendeu a respiração.
Ele estava pedindo para ela ficar? Oh Deus...
–Por quê? – sussurrou sem conseguir acreditar.
–Bella, eu sei que nos casamos por engano. Que eu nem queria me casar e você sabia
disto, mas... o fato é que nos casamos. E por mais que eu tenha lhe prometido que
seria apenas uma conveniência, se tornou mais do que isto e... – ele passou
novamente os dedos pelos cabelos nervosamente. – Você pode estar grávida, Bella.
–Acha que devo ficar por isto?
–Não, mas não acho que deva ficar porque eu quero, porque eu te amo... Se quer
mesmo ir...
–Você me ama? – Bella indagou sentindo o coração pular no peito.
–Sim, Isabella Swan. - Edward sorriu e Bella achou que ele nunca fora tão lindo.
Tão seu.
Finalmente.
–Isabella Cullen. – corrigiu docemente. - O casamento ainda não foi anulado.
E de repente não havia mais nada ao redor. E nem espaço entre seus corpos e nem
nada que os separasse, enquanto Edward cingia seu rosto com as mãos quentes,
mirando seus olhos cor de chocolate.
–Até você chegar eu não sabia que queria ter alguém pra mim, como eu quero você.
Diz que vai ficar comigo?
Bella sorriu.
–Pra sempre. – murmurou. – Eu vou ficar com você sempre.
E então ele a beijou.
E Bella sentiu que finalmente estava no lugar certo.

1 mês depois.

–E nós tínhamos mesmo razão! Foram feitos um para o outro! - Alice disse
satisfeita, ao se sentar ao lado de Jasper, que lhe sorriu indulgente.
Obviamente ele tinha a perdoado por ter mentido sobre a verdadeira identidade de
Bella.
E Rosalie também acabara perdoando Emmett, depois de algumas noites dormidas no
celeiro.
Edward sorriu para Bella, que estava sentada ao seu lado no piano, enquanto ele
tocava.
Gostava de ficar olhando pra ela, e ela lhe sorria, como se ele fosse a única pessoa
na sala. Embora quase sempre estivessem na companhia de seus irmãos intrometidos.
A risada cristalina de Rose se fez ouvir quando ela adentrou na sala com Emmett.
– Finalmente podemos fazer a viagem à Paris.
Alice bateu palmas, animada.
–Sim. Paris e muitas compras! Precisamos começar a fazer os planos e...
–Na verdade acho que teremos que adiar. - Bella a interrompeu e trocou um olhar
com Edward, antes de mirar a família. – Eu estou grávida. – comunicou finalmente o
que desconfiava há alguns dias.
Finalmente naquela tarde Carlisle confirmara a ela e Edward a gravidez.
–Olha só, a novata passou na nossa frente! - Rosalie exclamou. – Emmett, não
podíamos permitir! – brincou, e Emmett a abraçou, plantando um beijo em sua
bochecha.
–Se não me colocasse pra dormir no celeiro tantas vezes já teríamos vários bebês!
–Ah, mas isto é maravilhoso! - Alice disse satisfeita. – Um bebê! Nossa, já posso
começar a fazer a lista do enxoval
–E eu vou começar a lista de nomes. – Rosalie falou e as duas começaram a
confabular.
Edward se levantou e puxou Bella consigo.
–Vamos dar uma volta, não nos espere para o chá.
–Lá vão eles. – Emmett piscou, mas Bella e Edward o ignoraram.

–Suas irmãs vão me enlouquecer. – Bella exclamou enquanto caminhavam pelo


jardim e Edward riu.
–Não se preocupe com isto. Temos um chalé do outro lado do lago e Esme está
reformando para irmos morar lá.
Bella o encarou, surpresa.
–Só eu e você?
–Sim, só eu e você e nosso filho. – Edward a abraçou.
–Ou filha.
–Ou filhos.
Ela sorriu antes de beijá-lo.
–Gostei disto.

**fim**

Notas finais do capítulo


Meninas, finalmente a fic acabou!
Espero que tenham gostado e desculpa pela demora dos posts!
Assim que possivel postarei mais fics aqui, fiquem de olho!
E muito obrigada por todas as revews!
Quem quiser poder me seguir no TT para saber das novidades
@jurobsten
Abraços em todas!

Todas as histórias são de responsabilidade de seus respectivos autores.


Não nos responsabilizamos pelo material postado.
História arquivada em
http://fanfiction.com.br/historia/160862/Ate_Voce_Chegar/

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