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romanos

Desde que nascia até que morria as mulheres tinham o seu destino traçado. No momento do seu nascimento o
pai determinava o seu destino.

Aos 7 anos ficavam aptas para o noivado. Nesta fase, a mãe também ensinava a filha a arte de fiar e de
governar a casa, pois, mais tarde, a ela caberia gerir as actividades domésticas e tecer a roupa do seu
agregado familiar.
Sobretudo para os romanos de classe superior era importante garantir uma aliança conveniente, bem como
assegurar a virgindade e fácil submissão da futura esposa ao marido. Tal concretizava-se através da promessa
de noivado em idade precoce da rapariga. A celebração do noivado chamava-se Sponsalia, momento que
reunia ambas as famílias para determinar certas cláusulas do casamento, tal como o dote, bem como para dar
oportunidade ao noivo de oferecer presentes à sponsa, sua noiva, tal como o anel de compromisso.
Aos 11 anos de idade a rapariga poderia deixar os primeiros graus de ensino, caso o Pater Familias tivesse
optado por a educar, e passar ao gramaticus, um grau de educação avançado que concedia conhecimentos de
astronomia, geografia, história, semântica e mitologia.
Porém, muitas delas estavam prestes a casar, estavam casadas ou em casa a aprender a ser matronae. A idade
legal para uma mulher casar era de 12 anos.

A mulher casada e tudo o que a ela lhe pertencia ficava sempre sob a alçada do marido, pois a forma jurídica
comum era o in manum, em que deixava de pertencer ao pai para passar a pertencer ao esposo.
O marido detinha autoridade total sobre todos os que dele dependiam, desde a mulher aos filhos e escravos,
podendo decidir sobre o direito à vida ou morte destes. A esta autoridade chamava-se Patria Potestas e o
laço de dependência da mulher denominava-se loco filiae, uma espécie de irmã, do ponto de vista legal.

Mulheres de condição inferior, como as escravas e as liberti, tinham a hipótese de casar por amor, critério
pouco valorizado nas classes superiores. E de manterem a sua liberdade junto do marido, porém, faltavam-
lhes todas as outras garantias e direitos, bem como aos seus filhos.
Entretanto, esta forma jurídica deu lugar a outra, intitulada sine manu, onde a mulher continuava sob a tutela
do pai ou tutor. Os bens não deixavam de lhe pertencer, podia receber heranças e, em caso de divórcio, o
dote não ficava totalmente com o marido.

A mulher só conquista o direito ao divórcio no fim da República romana, no século I a.C., antes disso apenas
o marido podia requerê-lo. Os filhos de pais divorciados permaneciam com o pai e a família deste, pois a ele
pertenciam.
Augusto, o primeiro imperador, para motivar a celebração de matrimónios e impedir os divórcios, legislou
neste sentido, pois vivia-se uma altura conturbada. Uma das medidas que instituiu foi o Iustrium
Liberorum, que além de beneficiar os homens, dava às mulheres a possibilidade de gerir os seus próprios
bens, livres de qualquer tutela do pai ou marido, a capacidade de legar e herdar, bem como o direito de
utilizar uma stola especial que as distinguia das outras matronae.
Um dos critérios tidos em consideração para consentir o divórcio era o adultério, o que levou a que este se
tornasse moeda corrente, todavia, a mulher adúltera sofria duras penas. Era exilada numa ilha inóspita, os
seus bens eram confiscados e não mais poderia
voltar a contrair matrimónio. Além de tudo isto, envergava uma toga que a marcava do crime.
Quanto à viuvez, em caso de falecimento do marido a mulher teria de esperar 10 meses até voltar a casar, ao
passo que o homem víuvo poderia casar de imediato.

Emily Davinson
Emily Wilding Davison nasceu no sudeste de Londres em outubro de 1872. Ela obteve formação acadêmica
no Royal Holloway College e na Universidade de Oxford. Filha de uma família de classe média baixa, após a
morte de seu pai não teve como pagar as mensalidades e teve que deixar a faculdade.
Em 1906, aos 34 anos, ela se juntou à Women's Social and Political Union, grupo fundado por Emmeline
Parkhurst, considerada a líder do movimento sufragista. Na época, Emily trabalhava como governanta, mas
largou seu emprego para dedicar-se ao movimento. Era uma militante ruidosa: foi presa várias vezes por
conta de atos públicos que participou.
Presa em 1909 por jogar pedras na carruagem de um chanceler, Emily Davison foi enviada a um mês de
trabalhos forçados na prisão Strangeways, em Manchester.  Na prisão, chegou a fazer greve de fome e, ao ser
solta, processou os diretores de Strangeways. O envolvimento de Emily com o movimento sufragista só
aumentou depois de sua prisão. Sua jornada nesta luta se encerraria no dia 4 de junho de 1913, durante o
Epsom Derby, uma tradicional corrida britânica de cavalos.
Emily estava decidida a chamar a atenção para o movimento sufragista, não importa o que custasse. Ela
acreditava que, se voltasse a ser presa, acabaria sendo morta de forma obscura pelos guardas. Então
encontrou um evento com muita visibilidade para se manifestar: o Epsom Derby, que estaria lotado de
pessoas, incluindo o rei George V e a rainha Mary.
As circunstâncias de sua morte não são totalmente esclarecidas até hoje. Mas acredita-se que Emily Davison
tenha planejado pular na frente do cavalo do rei, Anmer, quando ele passasse na sua frente no hipódromo.
Ele era facilmente identificável pois o jóquei que o montava estava vestindo as cores do rei.
Emily abriu caminho entre a multidão e passou por baixo de uma proteção que separava as pessoas dos
cavalos que corriam. Quando Anmer entrou na curva final, Emily se jogou na frente dele, com a bandeira
sufragista costurada em sua roupa. O jóquei caiu do cavalo e só sofreu ferimentos leves. Já Emily foi levada
às pressas para o hospital, mas morreu quatro dias depois.
O plano de Emily Davison deu certo, visto que sua morte trouxe muita repercussão para o movimento que
participava. Seu funeral foi organizado pelo próprio Women's Social and Political Union e reuniu milhares
de pessoas em Londres. O lema da WSPU, "ações, não palavras", foi gravado em sua lápide.
Sua história e seu sacrifício são lembrados até hoje. Esta, inclusive, foi retratada no filme As
Sufragistas (2015), dirigido por Sarah Gravon e estrelado por atrizes como Meryl Streep, Carey Mulligan e
Helena Bonham Carter. No filme, Emily é interpretada pela atriz Natalie Press.

Emmeline Pankhurst
Emmeline Pankhurst entrou para a história como a personificação da crença apaixonada de que as mulheres
mereciam os mesmos direitos civis que os homens. Ela lutou incansavelmente durante toda a sua vida pelo
direito ao voto feminino, a erradicação da pobreza e da ignorância.
A revista Times considerou a uma das 100 pessoas mais importantes do século XX. A sua luta foi sempre de
caráter social e seus métodos foram um pouco mais violentos do que a sociedade estava acostumada a ver
quando se tratava do sexo feminino.
Foi uma mulher de grande carisma e com uma habilidade incrível para sensibilizar e mover as massas.
Emmeline Pankhurst nasceu no dia 15 de julho de 1858. Era filha de Robert Goulden, proprietário do teatro
de Salford, pertencente a uma família de ativistas políticos.
A mãe de Emmeline era Sophia Craine, outra ativista política da Ilha de Man. Ambos apoiaram o movimento
de abolição da escravidão nos Estados Unidos quando Emmeline ainda era uma criança.
Aos 20 anos, ela conheceu e apaixonou se pelo advogado e ativista político defensor da reforma educacional
e do sufrágio feminino Richard Pankhurst, 24 anos mais velho do que ela.
Posteriormente, eles casaram se e tiveram 5 filhos, mas a vida familiar e matrimonial não impediu que
ambos continuassem a lutar de forma ativa pelas suas reivindicações políticas e sociais.As organizações
sufragistas da época começaram a ceder diante da ideia de conseguir o voto somente para as mulheres
solteiras ou viúvas. Emmeline e seu marido se desvincularam dessa ideia e organizaram um novo grupo, a
Women’s Franchise League.
Esse novo movimento advogava pelo direito de todas as mulheres ao voto, sem exceção, assim como
igualdade de direitos no divórcio e nas heranças. O movimento se radicalizou pouco depois em direção à
extrema esquerda e muitos dos seus membros acabaram o abandonando.
Depois de um tempo em Londres, ela voltou para Manchester. Foi aí que Emmeline Pankhurst começou a
agir no ativismo político por conta própria.
No início da Primeira Guerra Mundial, Emmeline chegou a um acordo com o Parlamento para libertar da
prisão as detentas do WSPU em troca de uma trégua nas ações violentas. O acordo incluía, ainda, o apoio das
mulheres da organização à causa britânica contra a Alemanha.
Esse acordo criou uma divisão dentro do movimento, e também uma discordância com uma de suas filhas
que acabou sendo insolúvel e causou um rompimento. Após a guerra, Emmeline começou a se afastar das
políticas de visão esquerdista e se uniu ao partido conservador.
Os conservadores gozavam então da simpatia do povo, e Pankhurst viu neles a oportunidade para conseguir
enfim o direito ao voto para as mulheres. Esse direito foi alcançado poucas semanas antes da morte de
Emmeline, que conseguiu ver os resultados de sua causa aos 69 anos de idade.
Controversa, enérgica, batalhadora e radical. Ela atacou e acatou diferentes ideias políticas, sempre para
chegar ao seu objetivo do sufrágio feminino. Amada e odiada ao mesmo tempo, Emmeline não deixou
ninguém indiferente e serviu de inspiração para mulheres de todas as classes sociais.
Representou o lado mais duro do movimento sufragista, mas seus métodos violentos não foram
compartilhados por todas as mulheres do grupo. Métodos e usos masculinos foram os únicos que chamaram
a atenção para as reivindicações das mulheres.

Carolina Michaëlis de Vasconcelos


Nascida em Berlim, em 1851, desde cedo que se dedica ao estudo dos fenómenos linguísticos e literários
portugueses, integrando-os no conjunto das línguas e literaturas neolatinas e, em última análise, no contexto
da cultura ocidental. Casada com Joaquim de Vasconcelos, estabelece residência na cidade do Porto, onde
continua a dedicar-se à sua obra literária e ao ensino.
Cabe a Carolina Michaëlis de Vasconcelos o mérito de ter sido a primeira mulher a ser nomeada professora
universitária, em Junho de 1911, na Faculdade de Letras de Lisboa, onde nunca chegou a leccionar.
Desejando continuar a residir no Porto, obteve a sua transferência para a Faculdade de Letras de Coimbra,
onde manteve intensa actividade docente na regência das cadeiras de Filologia Românica e Portuguesa.
Paralelamente toma consciência da situação das mulheres portuguesas: o profundo atraso educacional,
patenteado não apenas no analfabetismo das classes inferiores mas também no desprovimento cultural e
intelectual das mulheres dos estratos sociais mais elevados.
Em artigos que escreveu para O Primeiro de Janeiro, intitulados “O movimento feminista em Portugal”,
Carolina explana o seu ponto de vista na senda da emancipação feminina, definindo o trabalho e a educação
como decisivos para o processo emancipatório das mulheres.
Preocupada com a problemática feminista e a insuficiência de biografias de mulheres ilustres na sociedade
portuguesa, Carolina publica dois estudos biográficos sobre mulheres renascentistas: Infanta D. Maria e suas
damas e Públia Hortênsia de Castro.
Em 1913, inscreve-se na Obra Maternal, tendo sido nomeada, em 1914, Presidente Honorária do Conselho
Nacional das Mulheres Portuguesas, uma homenagem ao seu contributo em prol da emancipação feminina.
Carolina Michaëlis de Vasconcelos morre no Porto a 16 de Novembro de 1925, tendo-lhe a revista Alma
Feminina, dedicado um número especial.

Adelaide Cabete
Adelaide Cabete foi republicana, médica, professora e pioneira no ativismo. Uma figura incontornável na
sociedade portuguesa no séc. XX, impulsionadora da emancipação das mulheres.Perante uma sociedade
fechada e patriarcal, Adelaide Cabete posicionou-se como feminista assumida. Formou-se em medicina e
destacou-se num universo maioritariamente masculino. Uma mulher de inúmeras causas, foi reconhecida
pelas suas ideias firmes e fortes convicções. Nascida em 1867, em Elvas, era destemida e solidária com
diferentes causas naturais e internacionais, superando as diversas etapas do seu percurso profissional,
associativo e político.
Adelaide Cabete, além de humanitária, era uma livre-pensadora, indissociável da história e dos movimentos
políticos e sociais, que levaram à Implantação da República em Portugal, a 5 de outubro de 1910.
Como ativista, militante e dirigente de diversas organizações, como a Liga Republicana das Mulheres
Portuguesas (LRMP), as Ligas de Bondade ou a Liga Portuguesa Abolicionista, acabou por se destacar como
Presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (CNMP), o qual fundou em 1914.
O CNMP apresentava-se como uma instituição feminina, apolítica e não religiosa, mas todo o seu conceito e
história baseava-se no feminismo. Entre vários objetivos, a associação pretendia proteger as mulheres e as
crianças desfavorecidas, assegurar a higienização das grávidas e das puérperas, e abolir a prostituição
Numa sociedade em mudança, Adelaide Cabete foi fundamental na influência do movimento feminista em
Portugal, sempre moderado, nunca declaradamente subversivo nem violento. Para a ilustre figura, o
feminismo é mais do que alguma coisa de grande e sublime, é a dignificação da mulher, a consequência de
uma evolução. Para a médica e socióloga, o fim do feminismo estará no mesmo local onde acabam todas as
aspirações injustas.

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