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CONCEITOS DA

COMERCIALIZAÇÃO RURAL
AULA 6

Prof./Profª Nome do(a) Professor

POLITICAS E ASPECTOS CONTÁBEIS DO MERCADO AGRÍCOLA


.
CONVERSA INICIAL

Vamos começar com uma ressalva, pois a agroindústria brasileira é (e


tem sido assim nas últimas décadas) essencialmente dependente da política
nacional, tanto no que diz respeito ao consumo quanto à produção. Se
analisarmos questões como a segurança alimentar, perceberemos que estão
intimamente relacionadas com a comercialização de produtos agrícolas, uma
vez que os alimentos básicos competem com outros produtos pelos fatores de
produção.

Como parte importante do orçamento das famílias menos favorecidas, o


gasto com alimentação está correlacionado com a distribuição de renda, pois a
queda dos preços desses produtos aumenta o poder aquisitivo dessas famílias.
Como resultado, a instabilidade da produção agrícola, que enfrenta uma
demanda ligeiramente variável, carece de uma política que promova a
atividade agrícola e mitigue os riscos relacionados à produção. Portanto,
estudante, nas próximas linhas deste livro, vamos tratar da relação econômica
entre o agronegócio e as políticas públicas.

TEMA 1 – POLÍTICAS AGRÍCOLAS NO BRASIL

Para que o governo seja capaz, de forma eficiente, de oferecer serviços


e prestar assistência ao cidadão brasileiro, se faz valer de diversas
ferramentas, dentre elas as políticas públicas. Podemos definir uma política
pública como sendo um projeto que tem um objetivo e um público alvo
específicos, para resolver algum problema na sociedade.

A produção do agronegócio está suscetível a inúmeras variáveis, como o


clima, a sazonalidade, o que faz com que tenha um fluxo econômico variado e
até esporádico, e contando com seu maior risco, faz com que o setor público
desenvolva planos e estratégias de apoio, as Políticas Públicas.

Neste sentido, a Política Agrícola inclui, portanto, vários aspectos da


organização econômica da atividade agrícola, dentre elas, destacam-se as
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medidas voltadas aos mercados (relativas ao controle com os preços mínimos,
subsídios, tributação, seguros, empréstimos, incentivos a determinados
produtos), uso do solo, infraestrutura, desenvolvimento tecnológico e educação
técnica. Essas diretrizes ajudam a influenciar o processo de tomada de decisão
dos produtores rurais.

A história agrícola mostra que tanto questões como a renda quanto os


preços agrícolas são afetados grandemente por políticas econômicas e
setoriais. Na maioria dos países, o setor agrícola está sujeito à regulamentação
governamental. Em teoria, parte da política recomenda tornar este setor livre,
mas por ser uma área estrat’égica, é protegido em alguns aspectos. Conforme
Serigati (2013 apud Paula 2017, p.159),

[...] quando a economia de um país cresce, os efeitos positivos do


aumento da renda são transferidos entre os setores econômicos. No
caso dos produtos agrícolas, principalmente os alimentos, possuem
uma elasticidade-renda da demanda menor, assim, aumentos no PIB
geram aumentos menores na demanda por esses produtos do que
pelos produtos do setor industrial ou de serviços.

Como alguns produtos agrícolas são precificados em mercados externos


(há, claro, exceções para alguns produtos precificados internamente, como a
alface), uma forma de aumentar a renda é por meio da tecnologia. A adoção e
os ganhos de produtividade têm um custo, mas em em um mercado altamente
competitivo, esses ganhos provavelmente terão vida curta se essas ações não
forem continuadas.

De acordo com SERIGATI (2013, apud PAULA 2017, p.159), Do lado


comercial, a agricultura é um setor chave na manutenção das balanças
comerciais de muitos países, de modo que mudanças nos preços desses
produtos tendem a causar flutuações no balanço de pagamentos e afetar as
taxas de câmbio. Mudanças nas políticas cambiais alteram o desempenho do
setor, pois as taxas de câmbio são um indicador-chave da atividade agrícola
devido à inter-relação entre os preços internos e externos. O papel da inflação
doméstica na atividade agrícola depende da causa da inflação (custo ou
demanda).

Mas com relação a inflação dos custos, temos que a renda dos
agricultores cai, porque eles não conseguem repassar os custos mais altos aos
preços de seus agroprodutos. A inflação de demanda beneficia os produtores

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ao aumentar o preço que os consumidores pagam por seus produtos. Estas
questões levam, portanto, à necessidade de tomar medidas concretas para
sustentar o setor agrícola.

Aqui devemos compreender que as políticas públicas, em geral,


dependem de condições estruturais no Governo, ou seja, dependem da saúde
econômica do setor público. Como a intenção, o objetivo geral é sempre o
crescimento, a economia depende da inexistência de déficits na balança de
pagamentos e nas contas fiscais. Neste sentido, eventuais desequilíbrios nas
contas vão depender de financiamento externo, algo que tende a prejudicar a
balança comercial, a taxa de câmbio e tornar desinteressante a exportação.

O desequilíbrio das contas fiscais tende a gerar processos


inflacionários e um ambiente de incerteza sobre o desempenho das
políticas econômicas do governo, que desestimulam a atividade
produtiva. Assim, em momentos em que a economia vai mal, os
instrumentos de política utilizados para gerar estímulos à oferta
agrícola precisam não gerar grandes encargos fiscais, já que as
políticas tradicionais geralmente incluem isenções de tarifas para
determinados produtos, subsídios, crédito e redução de impostos
(BUINAIN; RELLO, 1998; PAULA 2017, p.159).

Vamos relembrar algumas das principais características do setor


agrícola, suas peculiaridades, características que possivelmente não são
encontradas nos demais setores da economia, e que neste caso atuam como
elementos condicionantes para a forma com que este importante setor da
economia vai se relacionar com os demais. Dentre suas características únicas,
se destacam:

 Os produtos tendem a ser mais homogêneos do que os produtos


industriais. Com isso, é mais difícil criar algum tipo de diferenciação
que possa agregar valor via algum atributo especial ou marca.
Produtos orgânicos, verdes ou transgênicos podem ser considerados
exceções, porém é necessário reconhecer que a diferenciação dentro
de cada um desses grupos também é limitada.
 Dado que os produtos, geralmente, são mais homogêneos, que o
número de produtores é grande e que não se concentram em uma
única e pequena região, os mercados agrícolas tendem a ser mais
competitivos do que os mercados dos demais setores da economia.
Com isso, os produtores tendem a ser tomadores de preços, ou seja,
possuem capacidade muito limitada para influenciar o preço final do
seu produto.
 Uma vez que os mercados agrícolas tendem a ser mais competitivos,
os preços agrícolas, por sua vez, tendem a ser mais flexíveis, mais
voláteis. Isto é, respondem mais rapidamente a variações de oferta ou
de demanda, no mercado doméstico ou em mercados estrangeiros.
 Os produtos agrícolas mais tradicionais, geralmente, contam com um
mercado internacional bem desenvolvido. Ou seja, o preço no
mercado doméstico sofre forte influência dos preços praticados em
outros países com produção relevante.

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 Os preços agrícolas tendem a ser mais voláteis também porque a
produção agrícola é mais sensível a oscilações sazonais e a
mudanças climáticas.
 Por fim, é importante destacar que a produção agrícola depende de
um fator de produção que é praticamente irreprodutível: a terra. O
estoque de terra de uma região está dado. No máximo, pode-se
mudar seu uso (por exemplo, transformando pastos em cultivos) ou
aumentar sua produtividade. (SERIGATI, 2013, apud PAULA 2017, p.
159).

Portanto, as políticas econômicas mexem sobremaneira com o


agronegócio, principalmente no que diz respeito a formação de preços na
economia e interferindo nas condições de produção. Mas devemos
compreender que as Políticas Públicas também alteram os custos de produção,
modificando a forma com que as propriedades rurais alocam seus recursos,
tomam suas decisões de investimento, e como será o seu ritmo de crescimento
econômico, as expectativas dos agentes, e principalmente as questões de
infraestrutura etc.

TEMA 2 – POLÍTICA DE GARANTIA DE PREÇOS MÍNIMOS (PGPM E PGPM-


BIO)
A política de garantia do menor preço (PGPM) é fundamental para
estimular a produção no campo e promover a segurança alimentar. Dentre os
instrumentos de política agrícola, a política de garantia de preços mais baixos
(PGPM) é um dos mais importantes instrumentos para produtos básicos da
agricultura brasileira. Nesse sentido, tais políticas visam principalmente garantir
a renda dos agricultores e manter a oferta de produtos agrícolas no mercado.

A Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM), [...] é fundamental


no que se refere ao estímulo de produção no campo, bem como
incentivo à segurança alimentar. Em se tratando dos instrumentos da
política agrícola, a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) é
um dos principais no que se refere aos produtos básicos da
agricultura brasileira. Neste sentido, tal política tem como principais
objetivos garantir renda aos agricultores, bem como garantir a
manutenção da oferta dos produtos agrícolas no mercado.

A PGPM nasce em 1943 por meio da criação da Comissão de


Financiamento de Produção (CFP) e que, por sua vez, deu origem à
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sendo assim, paralelamente à
criação da CFP foi criada também a política de preços mínimos. Em 1945
tivemos os primeiros preços mínimos fixados, e inicialmente foram trabalhadas
as culturas de girassol, arroz, feijão, milho, amendoim e a soja.

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Em termos de estratégia de desenvolvimento socioeconômico, o uso do
preço mínimo permite que o governo promova suas intervenções no mercado e
assim os produtores recebem o valor mínimo, mesmo se ocorrer alguma queda
nos preços, salvaguardando algum lucro operacional. Assim, a União oferece
esta proteção de preços por meio da compra de produtos utilizando como
parâmetro, um preço mínimo fixo, e neste contexto,

Neste contexto, a PGPM exerce uma importante função no contexto


da política agrícola brasileira, visto que reduz a volatilidade de renda
dos produtores e dos preços agrícolas. Além do mais, a intervenção
do governo também pode garantir a transferência do excedente
produtivo de uma região onde ocorre muita oferta para outra onde a
oferta do produto é menor (BARBOSA, 2016; FERREIRA; SILVA
2018, p.71).

De acordo com Ferreira e Silva (2018, p.71), podemos afirmar que a A


PGPM garante aos fabricantes o valor justo de seus produtos no momento da
venda. Nesse contexto, para que o Conselho Monetário Nacional defina o
preço mínimo atribuído a cada safra, a Conab utilizou uma série de fatores,
entre eles custos de produção, expectativas de safra e uma análise de diversos
fatores, como clima e questões internacionais.

Veja como este é um importante instrumento para o agronegócio e para


o desenvolvimento socioeconômico, pois os países podem comprar partes da
produção, seja com suas reservas de caixa e acumular estoques por meio
deste instrumento de apoio. Um exemplo de uso seria para garantir a
compensação de preços caso os preços de mercado caiam abaixo dos preços
mínimos.

Assim, temos que a PGPM é uma ferramenta importante para assegurar


um patamar de renda aos produtores rurais, mas além disso, sua aplicação
garante recompensas mínimas ao intervir no abastecimento de alimentos e
incentivar ou impedir a produção para manter a consistência do abastecimento
no país.

Um ponto importante a acrescentar, de acordo com o que defende Costa


(2015, apud FERREIRA; SILVA 2018, p.71), diz respeito a como definir um
preço mínimo que deve atender a determinados requisitos físicos e econômicos
para serem incluídos na lista de produtos abrangidos pela PGPM, tais como: a
produção sazonal, a inelasticidade de preço e baixa perecibilidade de produtos
naturais e seus subprodutos.

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Considerando a questão social, a CONAB, que coordena o PGMP,
mantém estoques públicos de produtos agrícolas como uma espécie de buffer,
de forma a atender a demanda local, controlar preços. Seu uso também lhe
permite atender a demanda em mercados com a oferta reduzida de
determinados produtos.

Com a efetividade de sua aplicação, essa política evoluiu e passou a ser


considerada muito mais do que uma garantia de preço e renda para os
produtores, pois tornou-se também um instrumento de política de segurança
alimentar, cujo impacto positivo é, até os dias atuais, buscado por diversas
políticas públicas sociais.

Desta forma, as metas da PGPM passam a agregar a questão da fome


doméstica, deixando de se limitar a meta original, que visava apenas à
estabilizar dos preços agrícolas e equilibrar a renda dos agricultores. Em se
tratando de termos estruturais e de funcionamento, para garantir a regularidade
do abastecimento nacional, a Conab participa ativamente de quatro etapas da
PGPM sendo elas:

Figura 1: Etapas da PGPM onde a Conab participa


Plano Agrícola do Governo
em que se produz a proposta de preços mínimos, e tal documento tem base
técnica para discutir e definir preços mínimos entre o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), além dos outros órgãos competentes.

Normatização
se refere aos normativos produzidos para cada safra dos produtos que são
atendidos pela PGPM. Nesses normativos são especificados os detalhes do
produto agrícola que constam nos instrumentos da política;

Planejamento da Entrada
em ação dos instrumentos, que é feito por meio de notas técnicas, em que a
Conab fornece suporte técnico ao MAPA no que se refere à escolha dos
instrumentos que serão utilizados, bem como o momento e onde utilizar

Execução dos Instrumentos de Política


Agrícola

que trata da redução de excedentes de produtos no mercado, incentivos a


comercialização, entre outros.

Fonte: (CONAB, 2017a; FERREIRA; SILVA 2018, p.72),

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Para conhecer melhor os efeitos desta política, podemos analisar alguns
pontos, alguns exemplos de seus instrumentos de apoio a comercialização e
ao processo de equilíbrio dos preços agropecuários, sendo:

 Aquisição do Governo Federal (AGF): que consiste na compra direta


do produto pelo Governo;
 Empréstimo do Governo Federal (EGV);
 Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) – neste quesito, o governo
concede determinado valor à agroindústria ou cooperativa que se
disponha a adquirir o produto pelo valor do preço mínimo diretamente
do produtor rural ou cooperativa;
 Prêmio de Risco para Aquisição de Produto Agropecuário oriundo de
Contrato Privado de Opção de Venda (Prop);
 Contrato de Opção Pública de Venda (COV);
 Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro). (FERREIRA,
SILVA, 2018, p.72)

Complementado a PGPM temos o Estado concedendo subsídios


econômicos às cooperativas ou empresas de produção que queiram
comercializar o produto do campo, que ocorre na forma de um prêmio cobrado
sobre a diferença entre o valor de referência estabelecido pela União e o valor
do prêmio anunciado. Desta forma, estabelecer preços mínimos e ferramentas
de marketing permite que os produtores cubram o custo da colheita, gerando
sustentabilidade para o setor.

Neste sentido, e tal como apresenta MMA (2017, apud FERREIRA;


SILVA 2018, p.74), além destes produtos, com os produtos da
sociobiodiversidasde (diversidade biológica atrelada a cultura regionalizada), já
garantidos pelo PGMP-Bio, temos que o PGPM deve ser compreendido como
sendo um serviço de fomento à Cadeia de Produtos da Sociobiodiversidade
instituída pela Portaria nº 239, de 21 de julho de 2009, dos Ministérios do
Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Social e Combate à Fome e Meio
Ambiente (MDS), com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da
sociobiodiversidade.

Uma forma alternativa para a PGPM é a PGPM-Bio permite que os


extrativistas recebam subsídios diretos do Governo Federal se os preços de
mercado dos produtos da sociobiodiversidade estiverem abaixo do preço
mínimo estabelecido pela Conab, e os subsídios da PGPM-Bio são aplicáveis
apenas aos produtos da extração. Um preço mínimo é fixado e aprovado pelo
Conselho Monetário Nacional e determinado formalmente pelo MAPA, desde
que os garimpeiros apresentem documentação que comprove que houve

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comercialização, mas para preços abaixo do fixado, pode-se solicitar bônus,
que são subsídios para as vendas.

É importante ressaltar que, mesmo com seu foco na geração de renda, o


PGPM-Bio tem como forte objetivo a proteção e conservação dos recursos
naturais de cada bioma do Brasil, o que o torna uma política de proteção
socioambiental com inclusão social. Os produtos da sociobiodiversidade estão
presentes em todo o Brasil e a cada ano a lista de produtos oferecidos pela
PGPM-Bio precisa ser ampliada.

TEMA 3 – AGRONEGÓCIO E COMÉRCIO EXTERNO

O acesso ao PGPM-Orgânico não é diferente do PGPM tradicional, mas


passou a se chamar PGPM-Orgânico pela sua particularidade de atender a
grupos específicos e por fornecer produtos da sociobiodiversidade. No entanto,
esta seção não apoia as políticas de preços mínimos (PGPM e PGPM-
Orgânico), pois visam garantir renda aos produtores, abastecer os mercados
de produtos agrícolas essenciais e garantir a segurança alimentar da
população como um todo.

Nas últimas décadas, a balança comercial do Brasil melhorou


quantitativa e qualitativamente (Figura 2) devido ao aumento dos volumes de
exportação e uma maior participação de produtos de alto valor. Diante desse
cenário, o setor agropecuário brasileiro vem se destacando cada vez mais no
contexto do comércio internacional.

Figura 2: Exportações brasileiras em milhões de toneladas

Fonte: Paula (2017, p.166).

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Na figura a seguir podemos compreender o impacto das políticas como o
PGPM, no desempenho do agronegócio nacional, dentro do mercado
internacional:

Figura 3: Produtos com recorde em volume exportado (janeiro a dezembro 2016)

Fonte: Paula (2017, p.167).

As mudanças nos mercados internacionais afetaram a venda dos


produtos agrícolas, algo acelerado pela crescente internacionalização da
economia doméstica. Por meio de um processo de maior abertura econômica,
e em seguida pela globalização, o setor passou por diversas mudanças nas
políticas econômicas nacionais, a forma de competição nos mercados
internacionais determinou a necessidade destas mudanças.

Portanto, com o aumento das vendas no cenário internacional (não


somente do Brasil, mas entre outras nações), por um breve momento foi
possível notar algumas tentativas de reduzir os subsídios aos produtos
nacionais e políticas de proteção que afetam os preços internacionais de
diversos produtos agroindustriais. Assim, ao mesmo tempo que o processo de
globalização trouxe novas oportunidades de crescimento, também criou novos

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desafios para o setor agrícola. Dessa forma, espera-se que a política para o
setor se concentre em seus pontos fortes e identifique eventuais limitações que
possa enfrentar no mercado.

Para Paula (2017), os países devem se especializar na produção de


bens nos quais tenham uma vantagem comparativa. Ou seja, tem um custo de
oportunidade menor do que outros países na produção de bens. Atualmente,
isso é complicado pelas condições de mercado em constante mudança, mas é
uma boa métrica para definir pontos de ação estratégicos. Muitos economistas
argumentam que o comércio internacional é uma fonte de benefício mútuo para
os países.

Desta forma, ainda de acordo com o texto, os ganhos do comércio


podem levar ao crescimento econômico, redução da pobreza e
desenvolvimento. A evidência empírica estabeleceu o princípio da vantagem
comparativa, em grande parte devido à importância que as diferenças de
produtividade desempenham no comércio internacional. Diferenças de clima,
dotações elementares e tecnologia são as principais causas dessas vantagens
nos produtos agrícolas.

O clima é uma das peculiaridades e um dos maiores desafios da


produção agropecuária e portanto, climas diferentes tendem a oferecer
diferentes oportunidades de produção para determinados produtos. Por
exemplo, se por um lado temos alguns países tropicais que exportam grandes
quantidades de café e açúcar, também temos vários países temperados
dedicados a exportação de trigo e milho. As diferenças nas dotações de fatores
dependem de fatores naturais, sociais e institucionais e, portanto, influenciam
uma combinação de disponibilidade de recursos e questões políticas.

Além do clima a tecnologia costuma modificar diferentes cenários


produtivos, onde as diferenças de tecnologia resultado do conhecimento
adquirido por meio da experiência local ou de diferentes questões que
impulsionam a inovação em um determinado país. É importante ressaltar que
há exceções, principalmente pelas diferenças nos estágios de desenvolvimento
de algumas culturas, e o setor moderno contrasta com o menos desenvolvido,
o que não é inteiramente verdade.

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Embora um cenário de maior exportação seja desejado, o equilíbrio
facilita o desenvolvimento socioeconômico, deta forma existem as estratégias
protecionistas aplicadas ao mercado agropecuário, onde os governos
costumam empregar medidas de defesa comercial que restringem as
importações. Um exemplo é a cobrança de direitos aduaneiros.

Esta proteção mercadológica oferecida pelo Estado pode vir na forma de


um tipo de imposto sobre o consumo de bens importados destinado a
desencorajar as importações e proteger os produtores nacionais. Do ponto de
vista microeconômico, a imposição de tarifas beneficia os produtores
domésticos e aumenta desfavoravelmente os preços para os consumidores
domésticos. Outra forma de proteção comercial que tem efeito semelhante às
tarifas são as cotas de importação.

As cotas limitam a quantidade de mercadorias importadas durante um


período de tempo. Nas últimas décadas, os padrões de comércio global
mudaram significativamente, tanto em termos de produção quanto de consumo.
Organizações multilaterais como o FMI e o Banco Mundial começaram a
divulgar recomendações para reduzir a interferência do governo na economia.
Isso permite mais livre comércio e menos proteção do governo.

Muitos esforços têm sido feitos para remover as barreiras comerciais,


que no final das contas não são benéficas a nenhum dos agentes deste setor
econômico. No entanto, um alto grau de integração econômica fez com que os
países adotassem medidas comerciais mais restritivas em momentos de crise,
como a última crise financeira em 2008, e neste sentido, Krugman e Obstfeld
(2005 apud Paula 2017, p.169), defendem que,

As tarifas são classificadas como específicas (quando se cobra um


valor fixo pela unidade do bem importado) e ad valorem (quando se
cobra uma fração do valor do bem importado), geralmente, é feita
uma combinação de ambas. descrevem um modelo para análise das
tarifas considerando a existência de dois países: o local e o
estrangeiro. Ambos são consumidores e produtores de trigo, o qual
pode ser transportado sem custo entre eles. O modelo tem como
hipóteses que essa seja uma indústria competitiva e que na ausência
de comércio o trigo seja mais caro no local do que no estrangeiro.

Neste sentido, eventualmente chega-se ao momento em que os


exportadores começarão a transportar trigo do exterior para o interior o que faz
com que os preços busquem um equilíbrio. Para encontrar preço mundial (Pw)
e a quantidade comercializada (Qw), temos: curva de demanda por
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importações do local (OX) e curva de oferta de exportações do estrangeiro
(DM).

Figura 4: Demanda por importações do local x Oferta de exportações do estrangeiro

Fonte: Paula (2017, p.169).

Conforme Paula (2017), temos um exemplo onde podemos analisar o


impacto das tarifas, em um cenário fictício, onde dois grandes países façam
comércio entre si e imponham uma tarifa de R$ 2 para cada tonelada de trigo
importado. Com isso, o exportador não vai querer embarcar o produto a menos
que a diferença de preço seja pelo menos igual ao valor do imposto cobrado.
Sem tarifas, o preço do trigo nos dois países é o mesmo Pw.

Devido à tarifa, o preço da PT sobe internamente e cai para P*T no


exterior até que a diferença de preço iguale o valor tarifário (t). No cenário
doméstico, os produtores são estimulados a ofertar mais e os consumidores
demandam menos devido aos preços mais altos, reduzindo a demanda por
bens importados. O inverso ocorre no exterior, onde a oferta de produto para
exportação é menor, pois os produtores oferecem menos e os consumidores
exigem mais devido aos preços mais baixos, cujo efeito, na imposição de
tarifas reduz a quantidade de trigo comercializada.

Figura 5: Mercado Local x Mercado Mundial x Mercado Estrangeiro

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Fonte: Paula (2017, p.171).

De certa forma temos que as tarifas reduzam os preços das exportações


estrangeiras, e como efeito distorçam os incentivos (preços relativos) para
produção, consumo e comércio e criem ineficiências. Neste caso, medir os
custos e benefícios das tarifas sobre o bem-estar nacional requer, portanto,
pesar as perdas de eficiência em relação aos ganhos comerciais.

Vale ressaltar que a eficiência econômica está relacionada à relação


entre o valor de uma mercadoria e seu custo de produção. Nesse sentido, a
perda de eficiência refere-se a uma diminuição desse índice. Os termos de
troca são definidos como a relação entre o valor das exportações e o valor das
importações durante um período de tempo (comparando o poder aquisitivo de
uma mercadoria entre dois países envolvidos no comércio). Ou seja, refere-se
à relação dos preços relativos dos bens exportados (termos de troca = preço
dos bens exportados/preço dos bens importados) expressos em unidades dos
bens importados.

Neste sentido, temos que Krugman e Obstfeld (2005, PAULA 2017,


p.171), e considerado um indicador de prosperidade e está relacionado à
eficiência da alocação de recursos na economia e distribuição à população
para atender às necessidades básicas. Por exemplo, um aumento nos termos
de troca leva a um aumento na riqueza de um país, pois menos produtos de
exportação são necessários para comprar produtos importados.

Figura 6: Efeitos das principais políticas comerciais

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Fonte: Krugman e Obstfeld (2005 apud Paula 2017, p.172)

Além das tarifas, deve-se notar que existem outras barreiras comerciais,
como as cotas de importação que limitam a quantidade de importações e
restrições de exportação que limitam a quantidade de exportações. Nos últimos
anos, essas barreiras se tornaram o método preferido dos governos para
proteger seus mercados, e com isso observou-se que os efeitos dessas
políticas geralmente não são positivos para o bem-estar da população.

TEMA 4 – INTRODUÇÃO A CONTABILIDADE RURAL

Assim como a Contabilidade Geral, a Contabilidade Rural é o ramo da


contabilidade que estuda o patrimônio, neste caso, das propriedades rurais e
suas atividades. A contabilidade rural é constituída pelo registro e análise dos
bens como: dinheiro, animais, terra, tratores, estoque, e no passivo as dívidas,
empréstimos bancários, compromissos de trabalho, fornecedores, sem deixar
de lado seu capital.

Os empreendimentos rurais possuem características muito específicas,


como a sazonalidade e as idiossincrasias de cada divergência da atividade
rural. Por exemplo, você pode citar empresas que trabalham com gado, e seus
ciclos operacionais são geralmente de um ano ou mais. Devido à
vulnerabilidade do setor rural aos elementos naturais, os balanços são
frequentemente construídos para contingências.

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De acordo com Vilhena e Antunes (2010, p.01), O ano fiscal de uma
empresa agrícola é diferente do ano fiscal. Isso porque a produção agrícola, de
natureza sazonal, concentra-se em um determinado período de tempo,
geralmente nos dias ou meses imediatamente posteriores ou posteriores à
colheita da fazenda. O nascimento de um bezerro na pecuária, pois o exercício
financeiro abrange um período de 12 meses e geralmente termina em 31 de
dezembro. Cada ano que corresponde ao ano civil.

Durante muitas décadas, os empreendedores rurais não deram muita


atenção as questões fiscais de suas empresas rurais, possivelmente pelo fato
de suas atividades agrícolas serem exercidas em terras privadas, ou pela
quase que inexistente estrutura administrativa, e assim, conforme Brito (2018,
p.36),

Os tipos mais comuns de constituição das empresas rurais são as


sociedades limitadas e as sociedades anônimas, que têm suas
normas descritas pelo Código Civil brasileiro (BRASIL, 2002). Além
desses, há um novo tipo societário, inserido pela Lei 12.441/11
(BRASIL, 2011): as empresas individuais de responsabilidade limitada
também podem ser formas de constituição de empresas rurais.
Exatamente por fazerem parte do escopo de empresas listadas no
Código Civil, as empresas rurais não estão fora da obrigatoriedade de
registro contábil de suas atividades, já que o artigo 1.179 desse
código exige o registro contábil e o levantamento do balanço
patrimonial e o resultado do exercício anualmente.

Como não existem normas, métodos ou contas contábeis diferenciadas


para as empresas rurais, a contabilidade das empresas rurais acaba por ser
conduzida de maneira semelhante que as empresas não rurais, independente
do ramo de atuação.

Figura 7: O Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultado na Empresa Rural

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Balanço
Patrimonial
Ativo Circulante e
DR Receitas e
Não Circulante Despesas

Passivo Circulante
Ganhos e Perdas
e Não Circulante

Em conformidade
Patrimônio Líquido com o CPC 26 ou
CPC PME

Fonte: Brito (2018, p.36).

Desta forma, ressaltamos que os mesmos padrões contábeis gerais,


devem se aplicar às empresas rurais, incluindo a obrigatoriedade de estar em
conformidade com os padrões internacionais. Isso significa que a contabilidade
é obrigatória para as empresas rurais e os elementos das demonstrações
financeiras são apresentados, por exemplo, da mesma forma que em outras
organizações. Para Brito (2018, p.36),

As empresas rurais também devem seguir os pronunciamentos


contábeis (normas IFRS) para o reconhecimento, mensuração e
divulgação de seus elementos patrimoniais e de resultado. Quando
falamos da contabilidade de uma empresa do agronegócio não
estamos falando em elaborar novas regras contábeis ou em utilizar
políticas diferentes das demais empresas regidas pela Lei 6.404/76
(BRASIL, 1976), com suas posteriores atualizações.

Figura 8: O destaque da Contabilidade Rural

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Gerar informações sobre as atividades da empresa de forma
detalhada.

Apresentar um plano de contas capaz de separar corretamente as


atividades.

Houver uma correta distinção entre a cultura permanente e


temporária da empresa.

Apresentar a correta apuração dos estoques, considerando o


custo histórico e fair value.

Apresentar a composição das obrigações, contingências e os


riscos da empresa.

Apresentar a apuração do custo e do resultado da produção de


forma a detalhar cada atividade e sua participação no
faturamento geral da empresa.
Fonte: Adaptado de Brito (2018).

Para atender a esses requisitos, a base é o plano de contas que suporta


essas informações. Este plano de contas deve ser elaborado considerando o
tipo de operações a serem realizadas e as informações necessárias para fins
contábeis ou gerenciais. De qualquer forma, vale lembrar que o modelo do seu
plano de contas deve ter no mínimo a conta do Ativo, Passivo, Patrimônio
Líquido, Receitas, Custos e Despesas, classificados em Ativo Circulante e Não
Circulante, Passivo Circulante e Não Circulante, Patrimônio Líquido, Receitas
de Vendas, Outras Receitas Operacionais, Custos e Despesas Operacionais.

Para Brito (2018), além disso, ao criar um plano de contas, você também
precisa entender os processos operacionais gerais da empresa para transferir
adequadamente essas informações para o plano de contas e fornecer um
banco de dados de contas sintéticas e analíticas.

TEMA 5 – Aspectos gerais da contabilidade rural

Gerir uma fazenda de sucesso é mais do que investir em inovações


aplicadas ao campo e suas técnicas de produção. Igualmente importantes são
os aspectos financeiros e fiscais. Por esse motivo, a contabilidade rural é um
tema que merece mais atenção. Vale ressaltar que toda e qualquer empresa
rural tem que seguir inúmeras obrigações.
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No entanto, a natureza agitada da vida na fazenda e a frequente falta de
informações e equipamentos para fazê-lo tornaram um problema que foi
deixado de lado. Na prática, isso pode causar problemas fiscais de ordem
federal, além de prejudicar a reputação da empresa, causar grandes prejuízos.
Recomendamos que você se familiarize com a contabilidade departamental, o
que significa, quais os benefícios que oferece e algumas questões práticas que
o ajudarão administrar suas finanças diariamente.

Na prática, a contabilidade agrícola ajuda os produtores a administrar


seus bens patrimoniais e financeiros (máquinas, fertilizantes, sementes etc.)
para que, mesmo que haja flutuações na produção, as fazendas não sejam
responsabilizadas por falta de pagamento ou responsabilidade por impostos e
obrigações.

Sabendo da importância das informações contábeis de qualidade, uma


boa contabilidade rural ajuda o agronegócio a construir estratégias para
alcançar os melhores resultados e ajuda os negócios a se manterem fortes
mesmo em condições adversas devido a aspectos como clima e pragas.

Figura 9: Áreas da produção rural

Pecuária
Hortícula
Zootécnic
Agrícola Avicultura

Forrageira a
Apicultura
Ranicultura
Cunicultura
Arboricultura
Piscicultura

Fonte: Autoria Própria

Os registros contábeis devem incluir receitas, despesas e contas de


despesas de acordo com os princípios contábeis básicos, desta forma, a
receita operacional da atividade rural tem origem em seu faturamento, que por
sua vez é decorrente de certa atividade rural, sendo que o faturamento
ordinário do empreendimento deriva de diversos itens próprios da atividade
rural, como aluguel e arrendamento.

De forma geral a contabilidade compreende como renda os bens


imobilizados utilizados na produção e ganhos de capital, calculados na

19
alienação de bens imobilizados, excluindo terrenos baldios. As despesas que
podem ser deduzidas na apuração do resultado da atividade rural são
necessárias para que o gestor compreenda a receita e manutenção das fontes
de produção, estão relacionadas ao tipo de atividade exercida e são utilizadas
de acordo com o critério de origem.

Para Vilhena e Antunes (2010), uma peculiaridade comum sobre a


contabilidade é o final do ano fiscal. Normalmente, como na maioria das
empresas comerciais, industriais e de serviços, é 31/12, onde as receitas e
despesas são constantes ao longo do ano e não há problema em determinar o
ano. Mês de encerramento do exercício social para análise de resultados.

Ainda de acordo com os autores, um exemplo da pecuária, temos que


um bom momento para encerrar o ano fiscal é logo após o nascimento dos
bezerros. Agora, quando nasce um bezerro, o tesoureiro informa
imediatamente o usuário desse fato através do relatório do tesoureiro. Para
fazer isso, precisamos fechar o ano fiscal e criar um balanço. Aqui vale o
mesmo raciocínio da colheita agrícola, mas neste caso o bezerro é o 'fruto', o
produto final que aumenta a fortuna da empresa.

Pela aplicação da lei, até o nº 31/12. Esta imposição teve um forte


impacto nas contas locais, uma vez que o exercício fiscal do departamento
deve necessariamente coincidir com o ano agrícola para melhor avaliar o
desempenho da empresa.

Vale ressaltar que a lei não obriga o produtor rural individual a manter
contas, como ocorre com o produtor rural pessoa jurídica. Para cumprir a lei
basta lançar o livro caixa, mas como o livro caixa é uma escrituração muito
simplista e não permite muita análise para tomada de decisão, a opção nada
impede a escrituração. Dentre as diversas atividades/serviços que a
contabilidade pode prestar ao setor agropecuário, para promover e facilitar o
seu crescimento, destacam-se as seguintes.

Figura 10: Serviços contábeis para o Agronegócio

20
E la b o r a ç ã o d o o r ç a m e n t o d a e m p r e s a : r e la c io n a r o s r e c u r s o s d is p o n ív e is ,
e s ti m a r o q u e o s r e c u r s o s p o d e r ã o p r o d u z ir p r e v is ã o d a s c u ltu r a s e c r ia ç õ e s ,
e s ti m a r a s d e s p e s a s a d m in is t r a ti v a s d a f a z e n d a e o s c u s t o s r e la c io n a d o s a o s
a n im a is e c u lt u r a s , p r e v is ã o d o v o lu m e d e v e n d a s e d o s p r e ç o s d e v e n d a ,
c o n s o lid a r r e c e it a s e d e s p e s a s , m o n t a r o fl u x o d e c a ix a .

A n á lis e d o n e g ó c io d a e m p r e s a : o s r e g is t r o s c o n t á b e is e s u a s
d e m o n s t r a ç õ e s fi n a n c e ir a s , t r a b a lh o s d e a u d it o r ia e p e r íc ia s c o n t á b e is ,
a n á lis e in d iv id u a liz a d a d e c u lt u r a o u c r ia ç ã o , a v a lia ç ã o d a e fi c iê n c ia d o
n e g ó c io a g r ic u lt u r a e / o u p e c u á r ia , a n á lis e d a r e n t a b ilid a d e ,
e n d iv id a m e n t o e liq u id e z .

Id e n ti fi c a ç ã o d a s a lte r n a ti v a s d e in v e s ti m e n t o s d a e m p r e s a : fo n t e s d e
fi n a n c ia m e n t o , m e lh o r e s a p lic a ç õ e s fi x a s , r e t o r n o d o s in v e s ti m e n t o s ,
e n tre o u tro s.

C o n t r o le d a o p e r a ç ã o : c o n t a s a p a g a r e a r e c e b e r , q u a d r o d e p e s s o a l, c o n t r o le
d o e s t o q u e e p r o d u ç ã o , a p lic a ç õ e s fi n a n c e ir a s , r e d u ç ã o d e d e s p e s a s
d e s n e c e s s á r ia s .

Fonte: Vilhena e Antunes (2010, p.04).

Para Vilhena e Antunes (2010), seja qual for o ramo de atuação, existe a
obrigatoriedade Fiscal da Contabilidade, e em uma época em que a
importância da informação é indiscutível, fica claro que a contabilidade é
essencial para todos os negócios e organizações.

No Código Civil Brasileiro - O artigo 1.179 da Lei 10.406/2002, são


tratadas as obrigações dos empresários e sociedades comerciais de manter
contas. Desta forma, os empresários e empresas comerciais, seja as
mecanizadas ou não, são obrigados a manter um sistema de contabilidade
baseado na escrituração uniforme dos livros conforme suas normativas.

De forma geral temos que a contabilidade é o registro dos fatos


administrativos que alteram a imparcialidade, qualitativa ou quantitativamente,
e esses registros devem ser divulgados por meio das demonstrações
financeiras. A finalidade da contabilidade é o capital, a totalidade dos bens,
direitos e obrigações, seus itens variáveis e suas mensurações.

Com relação ao Imposto de Renda do Produtor Rural, as pessoas


jurídicas que se dediquem a esta atividade, passam a estar sujeitas às mesmas

21
regras aplicáveis de imposto de renda (incluindo adições) e contribuição social
sobre o lucro líquido das demais pessoas jurídicas. Lei 8.023/1990 de 04/12 Se
o resultado da atividade rural for positivo, a base de cálculo é incluída na
declaração de ajuste anual. Neste sentido, Vilhena e Antunes (2010, p. 04), são
firmes ao defender que,

O resultado da exploração da atividade rural exercida pela pessoa


física é apurado mediante a escrituração do livro Caixa, abrangendo
as receitas, as despesas, os investimentos e demais valores que
integram a atividade. É permitido à pessoa física apurar o resultado
pela forma contábil, nesse caso, deve efetuar os lançamentos em
livros próprios de contabilidade, necessários para cada tipo de
atividade, como Diário, Caixa, Razão, entre outros, de acordo com as
normas contábeis, comerciais e fiscais pertinentes a cada um dos
livros de registro utilizados. (VILHENA; ANTUNES 2010, p.04).

Portanto, devemos perceber a Contabilidade como uma importante


ferramenta de gestão para o empreendedor rural, desta forma a escrituração
contábil, que surgiu no final do século XV, atua como uma ferramenta de
gestão, e o livro, que foi reconhecido como ponto de partida para a
escrituração, e destinado aos comerciantes e proclamado como forma de
controle das empresas.

FINALIZANDO

Os contadores responsáveis pelos negócios rurais desempenham um


papel cada vez mais importante à medida que os mercados agrícolas se
tornam mais produtivos e competitivos. Sua presença será fundamental para
auxiliar os produtores locais a aplicar as práticas de planejamento e gestão a
todas as operações realizadas pelo empreendimento e garantir sua
continuidade. sua respectiva escrituração de fatos contábeis.

Implementar a contabilidade rural de forma que possa ser utilizada como


ferramenta de gestão não é uma tarefa fácil para os contadores devido à
dificuldade de levantamento de informações e falta de conhecimento legislativo,
administrativo e contábil. Nesse cenário, contadores devem ser acionados para
explorar relações mais próximas com produtores locais e empresas
relacionadas ao setor. Isso reduz a distância existente entre eles, pois sua
presença efetiva é essencial para identificar, medir e atender às necessidades

22
do setor. Oferecer as melhores opções de negócios para melhor aproveitar as
oportunidades e aumentar a lucratividade.

A percepção dos produtores rurais de que a contabilidade é uma


importante ferramenta de gestão e que o planejamento e a gestão da produção
são necessários independente do porte do empreendimento é uma tarefa
tediosa e difícil para os profissionais da contabilidade. Só assim o contador
exerce a função de gerar informações que auxiliam a tomada de decisões e o
crescimento consistente da empresa.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto-lei nº 79, de 19 de dezembro de 1966. Institui normas para


a fixação de preços mínimos e execução das operações de financiamento e
aquisição de produtos agropecuários e adota outras providências. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0079.htm> Acesso em
06 de DEZ, 2023.

BRASIL. Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga


dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de
7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições
relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Diário
Oficial da União, Poder Executivo, 28 dez. 2007. p. 2. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm#:~:te
xt=LEI%20N%C2%BA%2011.638%2C%20DE%2028%20DE%20DEZEMBRO
%20DE%202007.&text=Altera%20e%20revoga%20dispositivos%20da,e
%20divulga%C3%A7%C3%A3o%20de%20demonstra%C3%A7%C3%B5es
%20financeiras.> Acesso em: 06 de DEZ, 2023.

BRITO, Antonia Jairi. Contabilidade do agronegócio. Londrina: Editora e


Distribuidora Educacional S.A., 2018.

FERREIRA, Carla Samara dos Santos; SILVA, Paulo Sergio Siberti da. Política
Agrícola. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.

PAULA, Josiane Souza de. Economia rural. Indaial: UNIASSELVI, 2017.


VILHENA, Naiara Larissa Jordão; ANTUNES, Maria Auxiliadora. A
Importância da contabilidade rural para o produtor rural. XIII Encontro
Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de
Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. 2010. Disponível em: <
https://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/0288_0280_01.pdf>
Acesso em: 06 de DEZ, 2023.

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