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1. INTRODUÇÃO
*
Economista da Secretaria de Planejamento, Comissão de Financiamento da Produção. As opiniões
contidas neste trabalhe, são da exclusiva responsabilidade do autor.
602 - A interferência do governo na comercialização e a administração do risco de mercado na
agricultura
Este trabalho está dividido em quatro partes. Na segunda parte faz-se uma
revisão sumária das políticas de intervenção do governo na comercialização, nas
três últimas décadas. A terceira parte discute a intervenção do governo na
comercialização dentro de um contexto teórico de administração do risco na
agricultura, seus mecanismos, suas políticas e suas instituições como formas de
redistribuição dos riscos de mercado. A quarta e última parte discute algumas
questões fundamentais ligadas à existência de um modelo de intermediação na
agricultura brasileira, à interferência do governo como fonte de risco institucional,
à possibilidade real de substituição do setor privado pelo governo, à eliminação do
preço como fator de racionamento da oferta nos tabelamentos e à política de
estoques.
A interferência do governo na comercialização tem sido interpretada de
muitas maneiras, salientando-se o combate à inflação, a distribuição de renda, a
necessidade de redução dos preços de "bens salários", a política de "comida
barata" e o uso dos termos de troca, como forma de taxar a agricultura para o
desenvolvimento.
Neste trabalho, propõe-se uma interpretação diferente, de que a
interferência do governo na comercialização, principalmente no setor de cereais,
grãos, carne e leite, conquanto tenha sido interpretada pela "sabedoria comum"
como truculenta e excessiva, deveu-se, em larga medida, à necessidade de
redistribuir os riscos de mercado, de preço, de suprimento e de qualidade ou tipos.
Contudo, ao que tudo indica, ao tentar remanejar e reduzir estes riscos, o governo
criou possivelmente uma fonte adicional de risco: o risco institucional.
2 Apesar de serem conduzidos esses levantamentos no governo, não têm sido divulgados
amplamente. A divulgação desses levantamentos ainda é restrita.
3As importações de alimentos em períodos de escassez transferem os riscos dos consumidores para
os produtores e intermediários.