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Vem Lianor Vaz visitá-la e ela Pêro Marques tem que herdou
finge-se muito anojada. 20 fazenda de mil cruzados,
mas vós quereis avisados…
Lianor Inês Não! Já esse tempo passou.
Como estais, Inês Pereira?
Inês Sobre quantos mestres são
Lianor Muito triste, Lianor Vaz. experiência dá lição.
Inês Que fareis ao que Deus faz? 25 Lianor Pois tendes esse saber,
5 Lianor Casei por minha canseira1. querei ora a quem vos quer,
Inês dai ao demo a opinião.
Se ficaste prenhe, basta.
Lianor Bem quisera eu dele casta2, Vai-se Lianor Vaz por Pêro Marques
mas não quis minha ventura.
Inês Andar! Pêro Marques seja.
Filha, não tomeis tristura,
10 Quero tomar por esposo
que a morte a todos gasta. 30 quem se tenha por ditoso
Inês de cada vez que me veja.
O que havedes de fazer? Por usar de siso mero3,
Casade-vos, filha minha. asno que me leve quero,
15 e não cavalo folão4.
Jesu! Jesu! Tão asinha!
35 Antes lebre que leão,
Lianor Isso me haveis de dizer? antes lavrador que Nero.
Quem perdeu um tal marido,
tão discreto e tão sabido,
e tão amigo de minha vida?
Dai isso por esquecido,
buscai outra guarida.
Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente
1. canseira: desgraça; 2. casta: descendência; 3. siso mero: senso comum; 4. folão: fogoso.
Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem .
7. Interpreta a ironia presente nos versos “Quem perdeu um tal marido, / tão discreto e tão sabido, / e tão amigo
de minha vida?”
Com esta ironia o autor quis demostrar como o marido que tinha morto na guerra a fugir não era inteligente e muito
menos discreto(tao discreto e tao sabido) e a parte de ( e tao amigo de minha vida) quis ironizar o facto de ele lhe
maltratar e ser um mal marido e ao dizer isso mostra q ela n ficou triste pela morte dele mas sim aliviada por se ter
livrado das maltrataçoes com ela.