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FICHAMENTO DE

ARTIGO
Curso de Nutrição
Campus Marquês
Nome do Aluno (a): RA:
Semestre: - Período: DATA:
Componente: Docente Responsável:
Tema: Avaliação Nutricional em Renais Crônicos
Título e Subtítulo:
Avaliação do estado nutricional de pacientes renais crônicos em hemodiálise do Instituto de Hipertensão
Arterial e Doenças Renais de Campo Grande-MS
Autores:
Ana Paula Martone, Vanessa Coutinho, Rafaela Liberali.
Revista, Editora e Ano de Publicação:
Revista Brasileira de Nutrição Clínica; Publicado em 2012.
Referencia Bibliográfica Completa:
Vancouver
Martone AP, Coutinho V, Liberali R. Avaliação do estado nutricional de pacientes renais crônicos
em hemodiálise do Instituto de Hipertensão Arterial e Doenças Renais de Campo Grande-MS. Rev
Bras Nutr Clin. 2012; 27 (1): 9-16.

Objetivos.
Avaliar o estado nutricional de pacientes renais crônicos submetidos ao tratamento hemodialítico, a fim de
diagnosticar pacientes desnutridos ou em risco nutricional, em indivíduos de ambos os sexos, com idade
entre 18 a 60 anos, atendidos em uma clínica de hemodiálise de Campo Grande/ MS.
Introdução:

- A doença renal crônica (DRC) é um problema de saúde pública mundial, com 1,8 milhões de pessoas em
terapia renal substitutiva.

- A doença renal crônica é uma síndrome clínica decorrente da perda lenta, progressiva e irreversível das
funções renais. São classificados como portadores de DRC indivíduos com dano renal ou taxa de filtração
glomerular (TFG) inferior a 60 mL/min/1,73 m2 por um período maior ou igual a três meses. Quando a TFG
se reduz a valores limítrofes, em torno de 15 mL/min/1,73 m2, faz-se necessário o início da terapia renal
substitutiva, seja ela diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal) ou transplante renal.

- A hemodiálise é um processo de filtração do sangue que remove o excesso de líquidos e metabólitos e


também aminoácidos, peptídios e vitaminas hidrossolúveis. A terapia é intermitente onde ocorre acúmulo de
substâncias tóxicas e líquidos nos intervalos interdialíticos

- A terapia é intermitente onde ocorre acúmulo de substâncias tóxicas e líquidos nos intervalos interdialíticos.

- Para avaliação do estado nutricional, podem-se utilizar métodos clínicos, bioquímicos e antropométricos,
porém a junção de vários parâmetros se faz necessária para que um mais preciso diagnóstico seja
realizado.

- A desnutrição protéico-calórica é um achado comum entre os pacientes com doença renal crônica em
hemodiálise e está associada ao aumento da morbidade e mortalidade. As causas incluem: ingestão
alimentar deficiente, distúrbios hormonais e gastrointestinais, restrições rigorosas na dieta, uso de
medicamentos que interferem na absorção de nutrientes, diálise insuficiente e presença de enfermidades
intercorrentes. A uremia, a acidose metabólica e o procedimento de hemodiálise são hipercatabólicos e
estão associados a aumento da proteólise muscular e perdas de nutrientes no paciente.
Métodos:

- A pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, de campo e retrospectiva.

- A população do estudo correspondeu a N= 210 homens e mulheres que faziam hemodiálise no Instituto de
Hipertensão Arterial e Doenças Renais de Campo Grande-MS. Destes foram selecionados uma amostra de
n = 127 homens e mulheres, escolhidos através de alguns critérios : assinatura do formulário de
consentimento livre e esclarecido, […] ser voluntário espontâneo da pesquisa, encontrar-se em programa
regular de hemodiálise por no mínimo três meses, possuir idade entre 18 a 60 anos e não ser portador de
doenças consumptivas, como câncer e AIDS.

- A coleta de dados foi realizada no período entre abril e maio de 2009, incluindo: doença de base, sexo,
idade, grau de instrução e tempo de hemodiálise. Os dados foram retirados do prontuário eletrônico da
clínica (Nefrodata).

- Após a sessão de hemodiálise, foram coletados os dados antropométricos. Estes incluíram peso pós-
hemodiálise, altura, Índice de Massa Corporal (IMC), circunferência do braço (CB), pregas cutâneas tricipital
(PCT) e Circunferência Muscular do Braço (CMB).

- Para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), foi utilizada a classificação proposta pela Organização
Mundial da Saúde.

- A circunferência muscular do braço (CMB) foi calculada por meio da equação: CMB (cm) = CB (cm) – p x
[PCT (mm) ÷ 10]. Os dados obtidos da CMB e os dados da PCT foram comparados aos do National Health
and Nutrition Exami-nation Survey (NHANES I), por idade e sexo, demonstrados em tabelas de percentis por
Frisancho.

- A adequação da PCT e da CMB foi calculada, utilizando os percentis definidos para a população normal 5º,
10º, 25º, 50º, 75º, 90º e 95º. As adequações, para essas medidas, e a classificação do estado nutricional
foram realizadas de acordo com Cuppari.

- Para avaliação bioquímica foram inclusos níveis séricos pré-dialíticos de albumina, ureia, creatinina,
hemoglobina e PTH. Foi analisado, também, o índice de remoção de ureia (Kt/V), para avaliar a adequação
do procedimento dialítico.

- Tanto o método analítico empregado para a determinação da albumina sérica (verde de bromcresol), como
a fórmula utilizada para o cálculo do Kt/V (Daugirdas II) encontram-se descritos em Riella & Martins. Para a
equação do Kt/V utilizou-se o ponte de corte 1,2 para níveis ideais. Para a albumina foi considerado normal
o ponte de corte acima de maior ou igual a 3,5g/dl. Todos os exames de sangue foram retirados do
prontuário eletrônico (Nefrodata), que é utilizado na clínica.

- A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva (média e desvio padrão). O teste “t” de
Student foi utilizado para amostras independentes e o teste U Mann-Whitney para verificar a diferença entre
os sexos nas variáveis quantitativas e qualitativas. Para análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste
x2= qui- quadrado de independência: partição: l x c. O teste de Correlação Linear de Spearman foi usado
para verificar a associação entre as variáveis. Posteriormente, utilizou-se a regressão linear múltipla, tendo
como vari-ável dependente o IMC, comparados a outras variáveis independentes. O nível de significância
adotado foi p <0,05. Para a análise de dados foi utilizado os softwares Bioestast versão 5,0 e SPSS versão
15.0.
Discussão:

- A idade média encontrada foi de 48,55 ± 14,52 anos.

- Ressalta-se a elevada média de tempo de tratamento dialítico apresentado por pacientes do sexo
masculino e feminino aqui avaliado.

- A CMB esteve mais baixa nos homens do que nas mulheres.

- Em relação ao IMC, observa-se predominância de eutrofia em ambos os sexos. Utilizando o mesmo


indicador nutricional (IMC), pesquisas realizadas no Maranhão, em Maringá no Paraná e no Vale do Itajaí
encontraram eutrofia em quase 70%, 57,89% e 56%, respectivamente.

- O baixo peso verificado nesse estudo esteve presente em maior porcentagem nas mulheres,
diferentemente do estudo de Koehnlein et al., que se comportou de modo semelhante entre homens e
mulheres, de ambos os grupos (adultos e idosos), com 12,90% de pacientes com baixo peso.

- Ao avaliar a composição de compartimentos corporais, observou-se que a 58,4% dos homens e 50% das
mulheres apresentam algum grau de desnutrição na CB; 51,9% dos homens e 74% das mulheres em
relação à PCT e 53,2% dos homens e 26% das mulheres em relação à CMB. Venezuela et al.16, em seu
estudo com pacientes no Amazonas/Brasil, apesar da ocorrência de baixo peso em apenas 4% dos
pacientes, evidenciaram desnutrição em 44,8% deles, quando os parâmetros utilizados foram as medidas do
braço.

- A albumina apresentou média de 3,8 para homens e 3,7 para mulheres, estando dentro do adequado
para ambos os sexos. A albumina atualmente é um marcador comumente utilizado para diagnóstico de
desnutrição.

- De fato, particularmente nessa população, valores de albumina sérica mesmo dentro da faixa de
normalidade (3,5 a 4,0 g/dl) estão associados a risco de mortalidade duas vezes maior.

- A maioria dos pacientes apresentou desnutrição em relação aos compartimentos corporais, como
observado nesse artigo, e a albumina esteve adequada na maioria dos pacientes, sem correlação entre
níveis de albumina e parâmetros antropométricos de desnutrição para compartimentos corporais. Também
não apresentou correlação estatística com o IMC […]. No entanto, devemos lembrar que inúmeros
problemas coexistentes nos hemodialisados podem alterar os valores de albumina, e que, portanto,
devemos excluí-los antes de fazer o diagnóstico de desnutrição com base apenas nesse parâmetro.

- Em ambos os sexos, foram encontrados valores de hemoglobina menor que 10 g/dl.

- O PTH pode estar relacionado com a desnutrição, se relativamente baixo ou quando muito elevado, […].
Comparando o resultado do presente estudo, também não foi encontrada correlação positiva entre o estado
nutricional e PTH, quando correlacionadas as medidas de CB E CMB verificado na Tabela 5, portanto,
quanto maior o nível de PTH, não quer dizer que menor seja a CB E CMB. O nível de PTH não teve
correlação significativa entre os sexos p<0,05). Diferentemente, estudo avaliou que, com ingestão alimentar
semelhante, quanto maior o nível de paratormônio e o tempo em diálise, menor é a gordura corporal nos
pacientes com hiperparatireoidismo secundário grave, o que demonstra que níveis altos de paratormônio
contribuem para alterações no estado nutricional nestes pacientes. Porém, no mesmo estudo, foi verificada
correlação negativa entre a % CMB e o PTH (r= - 0,62, p<0,05).
Conclusão:

- Os testes estatísticos usados para a análise dos dados não demonstraram diferenças estatisticamente
significativas entre os sexos masculinos e femininos […].
- Os testes estatísticos usados para a análise dos dados demonstraram diferenças estatisticamente
significativas entre os sexos masculino e feminino nas variáveis antropométricas IMC, % de CMB, % de
PCT; na classificação do IMC houve diferença entre os sexos nos índices abaixo de peso e normalidade;
nas variáveis bioquímicas, ureia e KTV. O teste de correlação revelou que existe associação
estatisticamente significativa entre CB, CMB e PCT x IMC masculino e IMC feminino. O teste de regressão
mostrou que o IMC é mais afetado por alterações do CB e CMB do que pelo PCT.
- Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que a maioria dos pacientes em relação ao IMC
apresenta-se eutrófica, porém avaliando os compartimentos corporais, a maioria está classificada dentro da
faixa de desnutrição, onde a gordura esteve diminuída no sexo feminino e a massa muscular, no sexo
masculino.
- Os exames laboratoriais, em sua maioria, apresentaram resultados esperados para a referência do
paciente renal. A hemoglobina baixa pode estar contribuindo para uma piora no estado nutricional,
diminuindo o apetite e contribuindo para perda de massa muscular e para desnutrição. Quanto ao KTV e à
ureia, apresentaram-se dentro da faixa de normalidade, sendo um indicativo que a diálise está sendo
eficiente.

Assinatura do Discente Assinatura do Docente Responsável


Assinaturado
Coordenador

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