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1.

INTRODUÇÃO

A implantodontia se popularizou como uma nova alternativa para reabilitações em


áreas desdentadas, uma opção mais estética e funcional para os pacientes, fazendo com
que, ao sofrerem a perda de um dente, eles desejem sua restauração de forma rápida e
segura. A prática como vemos atualmente, com reabilitações de arcos edentados totais
inferiores, iniciou-ase na década de 70 por Bränemark (Bränemark et al., 1977) mostrando
o sucesso da osseointegração. Porém, o ser humano se preocupa em substituir os dentes
perdidos desde muito antes, como apresentado por estudos arqueológicos, que indicaram
evidências de transplantes entre indivíduos no período Medieval (1001 d.C a 1800) até o
período Contemporâneo (1931 aos dias atuais), chegando em nas técnicas utilizadas hoje
em dia.
Para alta taxa de previsibilidade em osseointegração são necessários dois fatores
fundamentais, estabilidade primária e ausência de micro movimentação (Albrektsson et
al., 1981). Para garantir esse processo, o protocolo de Bränemark envolvia duas etapas
cirúrgicas: instalação dos implantes em um primeiro momento, e após o período de 3 a 6
meses seria realizada a reabertura e instalação da prótese. Durante anos, foi seguido
esse protocolo cirúrgico, que preconizava a manutenção do implante sem carga por um
período, para que a osseointegração fosse alcançada sem micromovimentos causados
por forças funcionais em torno da interface osso-implante, durante o período de
cicatrização, que causariam a formação de tecido fibroso não desejado, interferindo no
processo de osseointegração que levaria à perda do implante. Mas, em 1990, Schnitman
publicou o primeiro estudo clínico sugerindo o possível sucesso de carregamento imediato
ou precoce dos implantes. Desde então, várias técnicas são constantemente pesquisados
para evitar uma perda precoce dos implantes e diminuir o tempo de cicatrização de
ossseointegração.
Alguns dos critérios e limitações para a realização do implante de carga imediata
baseiam-se na qualidade do tecido ósseo, propriedades macroscópicas e microscópicas
do implante, estabilização biocortical, distribuição dos implantes e uso cauteloso do
cantilever, componentes cirúrgicos e protéticos, próteses provisórias sem contato oclusal
em máxima intercuspidação funcional e sem contatos em movimentos excursivos e
confeccionadas em acrílico, próteses bem adaptadas aos componentes protéticos,
conexão rígida entre implantes através das infraestruturas metálicas rígidas e bem
resistentes e boa estabilidade oclusal para que os dentes adjacentes recebam carga
oclusal maior que o dente implantado. Já os pacientes devem apresentar as
características: não possuir risco sistêmico como defeito da homeostase, doenças
descontroladas, problemas psicológicos e/ou álcool ou de abuso da nicotina, pacientes
que sofreram diferentes tipos de enxertos ósseos, além de outros fatores como a diabetes
não controlada, dependência de vitamina D, osteoporose, apresentar hábitos como
bruxismo, má qualidade do tecido ósseo ou quando o volume é insuficiente.
Novos protocolos vem sido aplicados com o objetivo de encurtar o tempo de
tratamento, reduzir o número de intervenções e desconforto causado ao paciente em ter
de utilizar próteses provisórias, diminuindo o impacto psicológico sobre o paciente e
manutenção dos tecidos moles. Atualmente, micromovimentos de pequena amplitude
(menores que 150μm) vêm sendo considerados aceitáveis. O carregamento imediato de
implantes odontológicos tem sido definido como situação na qual a prótese dentária é
conectada ao implante, no mais tardar, 72 horas após a cirurgia.
Diante da crescente busca por parte dos pesquisadores e pelos cirurgiões-
dentistas pela validação da carga imediata em implantes unitários como procedimento
padrão, o presente artigo tem como objetivo relatar um caso clínico de instalação de
implante em área anterior, previamente edentada, com confecção de prótese provisória
sobre implante realizada imediatamente após a cirurgia, proporcionando um tratamento
em tempo clínico reduzido.

2. RELATO DE CASO E DISCUSSÃO

Paciente V.P.L., gênero masculino, 43 anos, compareceu a clínica do Grupo


Avançado de Prótese e Implante (GAPI) em Uberlândia/MG em busca de uma reabilitação
do dente 11 implanto-suportada. Durante a anamnese, nenhum problema sistêmico foi
notificado.
Para que seja uma indicação acertada, é necessário levar em consideração fatores
que auxiliem em uma boa cicatrização e ancoragem dos implantes, como a saúde
sistêmica do paciente, qualidade e quantidade óssea, a estabilidade primária do implante
e o manejo adequado dos tecidos moles.
A área a ser trabalhada apresentava boas dimensões ósseas de largura e altura,
sendo planejada a cirurgia de instalação de implante e, eventualmente, a carga imediata
de prótese sobre implante, por ser uma área estética e com bom prognóstico para
utilização da técnica.

Após a antisepsia com clorexidina a 0,2% e posicionamento dos campos


operatórios, foram realizados bloqueios do nervo alveolar direito e do nervo incisivo na
região de trabalho. Em seguida, foi realizada a incisão intra-sulcular seguida do
descolamento muco-periosteal minimamente necessário para instalação do implante sem
prejudicar o contorno periodontal.
A região já tinha ausência dentária, portanto foi dado prosseguimento aos
protocolos de implantodontia. Foram realizadas as fresagens para instalação do implante,
sempre atentando para o correto posicionamento mésio-distal e vestíbulo-lingual durante
essa etapa. A perfuração inicial foi realizada com broca lança na posição ideal, seguida da
fresa 2,0mm e 3,0mm de diâmetro. Em seguida, instalou-se um implante de 3,75mm de
diâmetro x 13mm de altura (Cone Morse Titamax EX, Neodent®, Curitiba-PR, Brasil), com
travamento de 40N.cm.

Para a confecção da restauração provisória, foi escolhido um componente protético


reto de 4,5mm x 3,5mm x 6mm (sistema protético para implante Cone Morse, Neodent®,
Curitiba-PR, Brasil), permitindo que a estética pudesse ser devolvida a paciente (Figura
4). Como medicação profilática, foi prescrito (inserir medicamentos prescritos)

De acordo com o protocolo padrão, um período sem carga é um dos requisitos


mais influentes para a integração dos implantes. Entretanto, os implantes com carga
imediata em região estética vêm se tornando cada vez mais previsíveis, podendo ser
funcional e não funcional. Quando as proteses são infraoclusais, ou seja, adaptadas de 1
a 2 milimetros aquém do contato oclusal, elas são denominadas carga imediata não
funcional. A literatura comprova os resultados previsíveis e animadores com o uso da
carga imediata, comparáveis aos da técnica convencional com dois estágios cirúrgicos,
sem diferenças estatíticas muito relevantes, quando bem indicadas.
Segundo Mota (2018) a coroa provisória imediata favorece a manutenção dos
tecidos duro e mole da região, formando uma barreira entre o tecido duro que recebeu o
implante beneficiando o sucesso dos casos. O biótipo gengival tem grande influência na
estética no tratamento com implantes, sendo o mais fino com maior susceptibilidade a
recessão gengival. Próteses provisórias são importantes durante reabilitações orais com
implantes, capazes de devolver a função de mastigação, fonética e estética do paciente,
contribuindo também para a saúde e manutenção dos tecidos periodontais.
Outro autor, Batista (2019) avaliou o comportamento dos tecidos perimplantares
(moles e duros) após a carga imediata de implantes unitários em áreas estéticas de
maxila através de uma revisão de literatura. O comportamento desses tecidos em
implantes com carga imediata foi semelhante aos observados em implantes com carga
tardia. Em longos períodos de acompanhamento, foi verificado que as papilas podem
migrar coronalmente ao longo do tempo e que os tecidos duros apresentaram perda
óssea média de 1,0 mm, independentemente da utilização ou não de carga imediata.
Quanto à estética, em geral, os pacientes ficaram satisfeitos e as perdas notadas ao
longo do tempo parecem não interferir da satisfação estética do paciente. Observa-se que
perda de papilas, recessão gengival vestibular e perda óssea podem ocorrer de maneira
sutilmente, sendo o tempo mais importante para sua ocorrência que a utilização de carga
imediata ou não, o que torna a carga imediata uma alternativa viável e promissora em
regiões estéticas sem comprometer o comportamento dos tecidos perimplantares.

A prótese provisória apresentou boa adaptação, permanecendo em infraoclusão e


mantendo a anatomia e o contorno gengival naturais e correspondentes aos dentes da
arcada. Será realizada confecção de prótese sobre implante definitiva em um período de
4 a 6 meses após o procedimento cirúrgico.
A técnica de instalaçao de implantes imediatos apresenta as vantagens de diminuir
alguns meses de espera para a cicatrização completa do alvéolo, possível manutenção da
altura e largura do osso alveolar, manutenção e regeneração dos tecidos moles, redução
dos procedimentos cirúrgicos e resultados estéticos imediatos pelo uso de restaurações
provisórias. Porém, apesar de proporcionar mais conforto e comodidade para o paciente,
essa técnica necessita de um planejamento prévio mais criterioso e robusto, a fim de
eliminar as complicações que dela podem decorrer.
Artigos de revisão de literatura, como os de Jassé F.F (2010) concluem que as
vantagens das próteses de carga imediata vão desde o consequente restabelecimento da
função estética com uso de restaurações provisórias unitárias sem a necessidade de
prótese parcial removível provisória, bem como de um segundo procedimento cirúrgico
para preservação da papila interproximal, contribuindo para melhor resultado estético
final, além da redução do tempo de tratamento para reabilitação do paciente. Se forem
realizados logo após a extração do elemento dentário, parecem manter a altura dos
tecidos moles periimplantares, melhorando a estética gengival. Quanto à comparação
entre carga imediata e carga tardia, foi observado em estudos com animais que o
carregamento imediato pode ter potencial de intensificar a osseointegração em torno do
implante odontológico, resultados estes também reproduzidos em humanos. Em estudo,
no qual os autores afirmaram haver melhora na densidade óssea ao redor de implantes
que receberam carga imediata, quando comparado ao carregamento tardio no qual se
aguarda um período de cicatrização livre de cargas de 3 a 6 meses, entre a cirurgia de
inserção dos implantes e a instalação da prótese. Pesquisas apontam também menor
reabsorção óssea marginal nos implantes submetidos à carga imediata, quando
comparado aos implantes que seguiram o protocolo original de dois estágios. Em análises
radiográficas, pesquisas relatam não haver diferenças significantes quanto ao índice de
estabilidade do implante, estética gengival e taxa de sobrevivência entre um grupo
submetido ao carregamento imediato e outro apenas sob provisionalidade imediata sem
carga. Mesmo que a carga prematura tenha sido interpretada como indutora de
interposição de tecido fibroso, a carga imediata por si só não é responsável pela
encapsulação fibrosa do implante, mas sim o excesso de micro-movimentos que
ultrapasse o limite tolerado durante a fase de cicatrização, que é de 150µm.
Com base nos artigos estudados, pode-se concluir que procedimentos de
carregamento imediato apresentam uma boa previsibilidade e altas taxas de sucesso
quando comparados com protocolo convencional; restabelecem a função estética
imediata com preservação de altura dos tecidos moles; e são uma opção válida de
tratamento logo após uma extração dental;

Aqui tenho dúvidas sobre a estrutura do artigo. No que peguei de exemplo, a discussão
está após o relato de caso. O Bruno sugeriu fazer dentro do relato, explicando e
exemplificando o procedimento. Vou marcar as partes que são discussão e você me ajuda
a pensar se essa será a melhor abordagem ou não.

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