Professor: Marcos Augusto Perez / Floriano Azevedo Marques
Interferência na Propriedade Privada
NOME DO ALUNO: Emanuel Pereira da Silva
NÚME RO USP: 12564367
Ficha de Reação:
O texto dessa semana é o capítulo do livro "Direito Administrativo Moderno" da
doutrinarista Odete Medauar que trata didaticamente da intervenção do Estado na propriedade privada. Ao abordar o tema, a autora elenca seus conceitos, bases legais, doutrinárias e jurisprudênciais mais relevantes para elucidar os pontos importantes da matéria. Frise-se aqui que o instituto mais paradigmático da leitura é a desapropriação.
Em primeiro ponto, interessa pontuar que o instituto é a ilustração perfeita de como o
Direito Administrativo configura-se como um segmento do direito que é exorbitante e derrogatório do direito comum (Direito Civil). Ora, ao se falar de desapropriação, se fala obrigatoriamente em poder de polícia administrativa, posto que é nesse poder que reside as bases e razões de ser da desapropriação. O poder em questão é uma das quatro funções públicas desempenhadas pela Administração, com vistas especialmente em possibilitar que o interesse público seja garantido na materialidade pelo impedimento ou deslocamento do interesse privado. Obviamente, isso o é feito a partir da correta ação pautada, entre outros elementos, no respeito aos princípios norteadores das atividades da Administração Pública, a saber: legalidade, impessoalidade, moralidade administrativa, publicidade e eficiência (art. 37, caput da Constituição Federal de 1988). Ademais, importa pontuar que os mesmos diplomas legislativos que conferem embasamento à esse poder exorbitante e derrogatório, simultaneamente conferem aos particulares por ele afetados as garantias de um Estado Democrático de Direito. Dentre elas, prepondera o direito do expropriado de receber justa indenização pela ação do Estado.
Em segundo plano, e se tratando do instituto em si, nota-se, ao menos em teoria, um
cuidado com uso indiscriminado do instituto. É cristalino que, especialmente em um modo de produção liberal/capitalista, o conceito da propriedade privada é completamente sacralizado, de modo que as bases legais dos Estados-Nacionais sobre esse assunto foram firmemente estabelecidas nos ordenamentos pátrios durante a vigência do Estado Liberal. O Estado Social, embora historicamente tivesse progredido em relativizar as liberdades individuais e o interesse privado, pouquíssimo ousou alterar no que tange à propriedade, posto sua posição nuclear no estabelecimento do atual modo de produção. Dessa maneira, o instituto, embora subsidiado por uma função-poder evidente e clara para se fazer cumprir os fins últimos do Estado, encontra seus limites bem definidos na legislação e doutrina.
Ademais, importa pontuar que, processualmente, também há no preocupação constante
em atestar ao direito material da Administração o real nível de legitimidade e legalidade possível da ação expropriatoria, abarcando desde a possibilidade de tratativas extrajudiciais e judiciais (podendo ou não serem administrativas) de caráter acordante até a possibilidade de se interpor recurso contra a sentença que dá fim à ação judicial de expropriação. A primeira vista, pode aparentar que tais procedimentos são meramente intuitivos, todavia, embora de fato o sejam, revelam o movimento de transformação da ótica analítica do Direito Administrativo, traduzindo a transição de uma visão histórica retrógrada deste como um simples justificante do império dos atos estatais para um verdadeiro estatuto do cidadão.
A leitura, embora sucinta e generalista, chama atenção para as infinitas possibilidades
de deslinde que cada processo de desapropriação confere. Como futuro advogado, achei importante notar tal pluralidade para a atuação contenciosa de litigância contra e à favor da Administração Pública.
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