AV1

Julieta Brenda Fernandes Morão

Disciplina: Direito Administrativo I

Turno: Noite

CRATO/CE
2022
Elabore uma dissertação (mínimo cinquenta linhas) sobre o tema: AS
ORIGENS DO DIREITO ADMINISTRATIVO E SEU OBJETO DE ESTUDO

É certo que a atividade administrativa existia antes de o Direito

Administrativo surgir como ciência de fato, pois onde quer que existam relações
de poder e formação de sociedade, têm-se também órgãos que funcionem para
ministrar as funções administrativas de cada lugar. A diferença marcante nessas
sociedades antes da origem do Direito Administrativo é justamente a falta de
autonomia da função administrativa.

Na Idade Média, por ser composta por monarquias absolutas em que o rei
concentrava todo o poder em suas mãos, não haviam condições de existir um
Direito Administrativo já que ele não poderia vir, como já citado, atrelado à
autonomia, não podendo então agir sem ser submisso à figura do rei. Porém, a
partir das teorias do contrato social, com a Revolução Francesa e com a
formação do Estado Moderno, mais precisamente com o modelo de Estado
Liberal, o Direito Administrativo finalmente encontra um lugar em que ele possa
desempenhar suas funções de forma autônoma, já que o poder absoluto foi
extinto, fazendo com que até os monarcas fossem controlados por um Estado
de Direito.

No Estado Moderno, o Direito Administrativo surge juntamente a outras

parcelas do direito público, quando se observa o crescimento do Estado de
Direito, construído em cima do princípio da legalidade, em que inclusive os
governantes são submetidos à lei, e erguido também sobre o princípio da
separação de poderes, que tem como finalidade garantir que os direitos
individuais sejam protegidos. Ou seja, o Direito Administrativo teve sua origem
marcada pela quebra de governança de um poder absoluto, e pode ser
conceituado como o ramo do Direito Público que estuda normas e princípios que
regulam o exercício da função administrativa.

Após sua origem, o Direito Administrativo entrou em uma discussão para

especificar qual seria o seu objeto de estudo. Hoje, se predomina que o objeto
de estudo do Direito Administrativo é a função administrativa, podendo essa ser
exercida pelo Executivo, Legislativo, Judiciário e até por particulares por meio de
delegação estatal. A função administrativa é a função realizada de forma
predominante pelo Poder Executivo, tendo caráter infralegal com a utilização de
prerrogativas instrumentais e é por meio dela que as leis são produzidas.

Um ponto válido a ressaltar é que não se pode citar o Direito

Administrativo sem que existam princípios específicos que tenham relação de
coerência entre si que componham um sistema lógico, ou seja, só se pode falar
em Direito Administrativo se existir um Regime Jurídico Administrativo. Essa
expressão engloba um conjunto de traços que especificam o Direito
Administrativo, em que a Administração Pública é colocada em uma posição de
prioridade na relação jurídico-administrativa.

Pode-se dizer também que o Direito Administrativo nasce em decorrência

de restrições e prerrogativas, de acordo com o que Di Pietro destaca em seu
livro, já que de um lado tem-se a vontade de satisfazer os interesses coletivos e
do outro há o objetivo de proteção aos direitos individuais. Dessa forma, para
garantir a liberdade, a Administração Pública é submetida à lei e ao direito,
aplicando-lhe o princípio da legalidade, e para que autoridade da Administração
Pública não seja retirada, são impostas prerrogativas que permitem-lhe
assegurar a supremacia do interesse público em relação ao particular. Assim,
esse conjunto de privilégios e limitações constitui o chamado regime jurídico
administrativo.

É importante também fazer um comentário sobre o princípio mais

importante da Administração Pública: a Supremacia do Interesse Público. Ele é
considerado o princípio mais relevante pois o regime jurídico administrativo se
fundamenta nele, ele não está escrito em lei, portanto, é implícito, e porque todos
os outros princípios do Direito Administrativo existem em decorrência lógica dele.
É válido explicar que o interesse público é toda a porção do estado que garanta
a efetividade dos Direitos Fundamentais e pode ser dividido em interesse público
primário (interesse da coletividade) e em interesse público secundário (interesse
do Estado como pessoa jurídica). Em suma, o princípio da supremacia do
interesse público, então, inspira o legislador e une a autoridade da administração
em sua completa atuação, estando presente no momento da criação e da
execução da lei pela Administração Pública.

Portando, o Direito Administrativo teve sua origem ligada intrinsicamente

à implantação de um novo modelo de governo, em que a sua autonomia poderia
existir sem submissão a outrem, além do que, seu desenvolvimento em buscar
sempre equilibrar os interesses coletivos e proteger os direitos individuais,
fortalecem cada vez mais a execução de um Estado mais justo para a sociedade.