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DISTRITO URBANO DO BENFICA – TALATONA – LUANDA | APONTAMENTOS MÍNIMOS DE LÍNGUA PORTUGUESA | 11ª CLASSE

APONTAMENTOS MÍNIMOS DE LÍNGUA PORTUGUESA 1

Texto narrativo
Texto narrativo: relato de um acontecimento ou série de acontecimentos localizados no tempo e no espaço, sob a
acção de um ou mais personagens.
Elementos do texto narrativo
O narrador
Quanto à presença na acção, o narrador pode ser:
- Participante ou homodiegético: como personagem ou como mero testemunha.
- Não participante ou ausente ou heterodiegético.
Quanto à posição, o narrador pode ser:
- Objectivo: mostra-se imparcial face aos acontecimentos.
- Subjectivo ou omnisciente: toma posição, comentando os acontecimentos.
A acção
Quanto à relevância dos acontecimentos, a acção pode ser:
- Principal ou central: acontecimento de maior importância.
- Secundária(s): acontecimento(s) de menor relevo em relação à acção principal.
Quanto à estrutura da sequência narrativa, a narração pode conter:
- Introdução: corresponde à situação inicial (informação sobre o tempo e o espaço, apresentação dos
personagens...).
- Desenvolvimento: a sucessão das peripécias e o ponto culminante.
- Conclusão ou desenlace.
Quanto à organização das sequências narrativas ou das acções, a narração pode conter:
- Encadeamento: ordenação cronológica dos acontecimentos: A » B » C » D » ...
- Alternância: as sequências e/ ou acções vão correndo alternadamente, chegando a entrelaçar-se: A » B » A »
B » ...
- Encaixe: uma acção e/ ou sequência é introduzida noutra: A » B « A.
Quanto à delimitação:
- Fechada: a acção é totalmente solucionada.
- Aberta: não se apresenta a solução definitiva.
Os personagens
Quanto ao papel ou relevo…
- Principais: à volta dos quais decorre a acção.
- Secundários: participam na acção sem um papel decisivo.
- Figurantes: servem apenas para funções decorativas dos ambientes.
Quanto aos processos de caracterização…
- Directa: através de palavras do personagem acerca de si próprio, de palavras de outros personagens, de
afirmações do narrador;
- Indirecta: deduções do leitor acerca do personagem, a partir das suas atitudes, do seu comportamento.
- Mista: coexistência da caracterização directa e indirecta.
Quanto à concepção ou composição…
- Planos ou tipos: são estáticos, sem vida interior; muitas vezes representam um grupo social ou profissional;
- Modelados ou redondos: são dinâmicos, com vida interior.
Quanto às funções:
- Destinador: força ou entidade que orienta a acção.

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Estes “Apontamentos Mínimos de Língua Portuguesa” não substituem o Manual/Sebenta oficial da disciplina intitulado
“Caderno de Língua Portuguesa”. Os Apontamentos Mínimos são apenas um guia básico que pode facilitar durante as aulas na
sala de aula, evitando o desperdício de tempo com ditados e tornando a aula mais prática que teórica. Todavia, após a aula o aluno
pode aprofundar o tema estudado através de sua Sebenta, em casa, que possui mais detalhes sobre cada conteúdo apresentado
incluindo exemplos práticos. Dependendo das condições da turma e da disponibilidade do professor, pode-se coordenar a criação
de uma turma virtual, pelo WhatsApp ou equivalente, através do qual os alunos entre si e o professor, e vice-versa, podem interagir
de forma efectiva e produtiva. A Sebenta “Caderno de Língua Portuguesa” foi feita pensando somente nas suas aulas. Contacte
seu professor para a adquirir ou baixe-a através do link
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- Destinatário: personagem atingido pelos acontecimentos ou para quem os factos vão acontecendo.
- Sujeito: personagem que tenta vencer obstáculos para atingir o objectivo.
- Objecto: objectivo a atingir pelo sujeito.
- Adjuvante: personagem que ajuda o sujeito.
- Oponente: personagem que impede o sujeito a alcançar o objectivo.
O espaço
- Físico: lugar onde decorre a acção.
- Social: corresponde ao ambiente social, económico, cultural e moral em que vivem os personagens.
- Psicológico: espaço dos pensamentos, dos sonhos, dos desejos dos personagens.
O tempo
- Da história ou cronológico: corresponde ao decurso e duração dos acontecimentos, marcados
cronologicamente por anos, dias, horas etc.
- Do discurso: corresponde ao modo como o narrador organiza o tempo da história, alongando, resumindo,
alterando ou omitindo os dados do tempo cronológico.
- Histórico: contexto histórico (época, período) em que se situa a narrativa.
O Narratário
O narratário é o personagem a quem o narrador se dirige ou conta a história. Pode ser intradiegético/ presente ou
extradiegético/ ausente.
Os modos de apresentação da narração
Narração: forma de expressão literária que confere dinamismo à acção e se utiliza para contar factos.
Descrição: representação de paisagens, lugares, coisas ou seres integradas na narração; constitui um momento de
pausa na acção. São formas de descrição:
a) O retracto: descrição oral ou escrita de pessoa ou coisas.
b) A exposição: pode surgir quando a descrição procura dar a conhecer o assunto que se propõe
desenvolver em pormenor, o tempo, o espaço ou as circunstâncias de um acontecimento.
Diálogo: conversa entre duas ou mais pessoas.
Monólogo: discurso de um personagem que fala sozinho (consigo próprio).
Efusão lírica: forma de monólogo, embora possa surgir ligada ao comentário, através da qual o personagem ou o
narrador expande os seus sentimentos pessoais e o que sente, recorrendo a frases inspiradas ou cheias de entusiasmo.
Comentário: interpretação e explicação que se dá às frases, actos ou acontecimentos.

Subgéneros da narração
Poema épico ou epopeia: poema narrativo escrito em estilo elevado que tem como objectivo pôr em destaque a
grandeza de acontecimentos e personagens, de um indivíduo ou de um povo. Ex., Os Lusíadas.
Romance: género narrativo de maior complexidade que a novela e o conto. A diferença entre romance e novela não
é clara, mas costuma-se definir que no romance há um paralelo de várias acções, enquanto na novela há uma
concatenação de acções individualizadas.
Crónica: narração histórica que ordena os factos pelo tempo em que foram acontecendo, sem transpor os objectivos
de um texto literário.
Novela: narração em prosa de menor extensão do que o romance. Em comparação ao romance, pode-se dizer que a
novela apresenta uma maior economia de recursos narrativos; em comparação ao conto, um maior desenvolvimento
de enredo e personagens.
Parábola: narrativa alegórica que transmite uma mensagem por meio de comparação ou analogia e que, normalmente,
encerra com um preceito moral ou religioso; muitas vezes erroneamente definida como fábula, sua característica é ser
protagonizada por seres humanos e possuir sempre uma razão moral que pode ser tanto implícita como explícita.
Conto: forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho). Entre suas principais
características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total. O conto precisa causar
um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade.
Fábula: narrativa curta, na qual os personagens são, principalmente, animais e nelas, sempre, no final, mostram uma
lição de moral.
Lenda: narração (em prosa ou em verso) de factos históricos deformados pela imaginação do narrador ou de
acontecimentos que nunca sucederam. De carácter fantástico e/ou fictício, as lendas combinam factos reais e
históricos com factos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca humana.

Tipologias ou modalidades de texto


Narrativo ou fílmico: relata acções ou processos, reais ou ficcionais, que ocorrem no espaço e no tempo, envolvendo
personagens.

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Descritivo ou fotográfico: caracteriza pessoas (retrato físico e/ou psicológico), objectos (estáticos ou dinâmicos),
contextos (cenários, ambientes, paisagens, épocas…).
Argumentativo ou lógico-demonstrativo: defende um determinado ponto de vista (opinião, tese…), com recurso
a mecanismos lógicos de carácter demonstrativo.
Explicativo ou didáctico ou expositivo: desdobra uma informação mais opaca em micro-informação mais
transparente, fazendo compreender uma questão que necessita de explicação.
Directivo ou instrucional ou injuntivo: apresenta instruções (de funcionamento, por ex.) ou gera e implica
obrigatoriedade de cumprimento (leis, regulamentos etc.).
Diálogo ou conversacional: corporiza (em discurso directo), e alternadamente, o intercâmbio das falas de duas ou
mais personagens.

Contracção de textos
Resumo. Resumir é reduzir um texto às suas partes mais importantes, usando palavras claras e precisas.
Partindo do texto a resumir, deve proceder-se da seguinte forma:
1-Compreender o texto original / preparar o resumo;
2-Construir um novo texto / redigir o resumo.
Síntese. Embora se aproxime muito do resumo e, portanto, as regras para a sua preparação e redacção sejam
semelhantes, a síntese – a que se chama, por vezes, resumo crítico – tem as suas especificidades:
1ª É menos impessoal do que o resumo, pois é redigida na 3ª pessoa, com indicação de nome dos autores e é
mais dirigida ao leitor apresentando um carácter apreciativo, pois permite que se destaquem as intenções do
autor;
2ª Embora mantenha a neutralidade e a fidelidade na reconstituição das ideias do texto original, confere maior
liberdade na ordem e na organização das ideias;
3ª É usada, com frequência, para comparar vários textos entre si, dando maior relevo à confrontação dos textos
do que à reconstituição exaustiva das ideias dos textos-base.
A tomada de notas: resumo ou síntese que se faz a partir de um discurso oral, numa conferência ou colóquio, num
programa radiofónico ou televisivo, ou numa aula. Saber tirar apontamentos é uma garantia de que se adquire apenas
a informação que é realmente importante.

Artigos
Artigos: palavras que se empregam para designar seres que são conhecidos (artigos definidos) e seres que não são
conhecidos (artigos indefinidos).
Todos os artigos podem aparecer em contracção com preposições:
ao (a+o); à (a+a); dos (de+os); no (em+o); pelo (per+o); pelas (per+as); numa (em+uma); dum (de+um) etc.

Nomes
Nome ou substantivo: palavra que tem como propriedades semânticas, sintácticas e morfológicas seguintes:
1-Representar coisas, seres, estados ou qualidades. Ex.: Lisboa, árvore, alegria, inteligência.
2-Ser precedido por determinantes ou quantificadores. Ex:: esta cidade, os frutos, muita paciência.
3-Ser flexionável em número, género e grau. Ex.: rapazes, raparigas, rapazito.
Nome próprio e nome comum
Nomes próprios: individualizam os seres (pessoas, animais ou coisas), distinguindo-os de todos os outros da sua
espécie. Escrevem-se sempre com maiúscula inicial. Ex: Passei em Física. O Pedro tem um gato.
Nomes comuns: não individualizam os seres. Ex: O rapaz tem um gato.
Nome concreto e nome abstracto
Nomes concretos: designam pessoas, animais ou coisas pertencentes ao mundo físico. Ex: O basquetebolista enfiou
a bola no cesto.
Nomes abstractos: designam acções, qualidades ou estados. Ex: Ela deu mostras de grande amor e lealdade.
Nome contável e nome não-contável
Nomes contáveis: designam partes de conjuntos em que podem distinguir-se e enumerar-se partes singulares ou
partes plurais num conjunto mais vasto. Ex: Este mês li o livro. O mês passado li dois livros.
Nomes não-contáveis designam conjuntos que não podem ser descontinuados, distinguindo partes singulares
ou partes plurais. Ex: Bebi água assim que pude.
Nomes massivos: nomes não-contáveis que referem nomes de matéria ou nomes de substância. Ex: água, vinho,
ar, farinha, açúcar, areia, ferro etc.
Nome colectivo

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Nomes colectivos: designam o conjunto de seres ou coisas, referindo o todo, uma parte organizada como um
todo ou um grupo de seres da mesma espécie. Ex: assembleia, alcateia, pomar, exército, multidão etc.

Género de nomes
Existem dois géneros gramaticais em Português: o masculino e o feminino. São masculinos os nomes a que se
podem antepor os artigos o, os, um, uns; são femininos os nomes a que se podem antepor os artigos a, as, uma,
umas.

Número de nomes
Existem dois números em Português:
Singular: designa uma pessoa ou coisa.
Plural: designa várias pessoas ou coisas.

Grau de nomes
Os nomes têm formas para indicar o aumento (grau aumentativo) ou a diminuição (grau diminutivo) da ideia ou do
ser:
Grau normal: rapaz, pardal, casa
Grau aumentativo: rapagão, pardalão, casarão
Grau diminutivo: rapazinho, pardalito, casinha
O grau aumentativo ou diminutivo pode ser expresso por dois processos:
Sintético: por meio dos sufixos aumentativos e diminutivos: rapagão, ricaço, fornalha, bocarra, rapazinho, viela,
folheto, riacho
Analítico: por meio de um adjectivo que se junta ao nome: rapaz grande, casa enorme; rapaz pequeno, casa minúscula.

Pronomes
Pronome: palavra que faz a vez do nome, em certos casos, para evitar repetição de uma palavra ou até de uma frase.
O pronome nunca precede o nome.
Classes de pronomes
Os pronomes subclassificam-se em pronomes pessoais, possessivos, demostrativos, indefinidos, relativos e
interrogativos.
Pronome pessoal: usado para se referir aos participantes do discurso; pode exercer na frase a função de sujeito,
complemento directo, complemento indirecto, complemento oblíquo ou circunstancial.
O pronome pessoal, no entanto, indica a pessoa:
1ª, a que fala, locutor: eu, nós
2ª, a quem se fala, o destinatário: tu, vós
3ª, de quem se fala: ele (ela), eles (elas)
Pronome possessivo: palavra que estabelece uma relação de pertença com um elemento do discurso ou
antecedente tomado por um possuidor. Ex: meu, teu, nosso, vosso, seu…
Pronome demonstrativo: palavra que estabelece uma referência de proximidade ou distância com um participante
do discurso ou um antecedente textual. Ex: este, esse, esta, essa, estes…
Pronome indefinido: corresponde ao uso pronominal do determinante indefinido e do quantificador. Ex:
algum, nenhum, alguns, nenhumas…
Pronome relativo: inicia uma oração relativa, retomando o antecedente. Ex: quem, que, onde…
Pronome interrogativo: introduz uma pergunta sobre a pessoa ou a coisa que o sintagma ou grupo nominal
designaria. Ex: qual?, quais?, que?, quem?...

Pronominalização
Pronominalizar é substituir um complemento directo ou indirecto numa oração, pelo pronome pessoal
correspondente.
A posição do pronome na frase depende de vários aspectos. Pode aparecer antes, depois e no meio do verbo.
O pronome aparece depois do verbo, nas frases declarativas afirmativas. Ex: Chamo-me Ary.
O pronome aparece antes do verbo:
- Nas frases negativas. Ex: Não me chamo Ary.
- Nas frases interrogativas (com o emprego do interrogativo). Ex: Como te chamas? / O que lhe aconteceu?
Quem me telefonou?
- Depois das conjunções ou locuções subordinativas. Ex: Ele quer que lhe digas a verdade.
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- Depois dos advérbios já, ainda, bem, só, sempre, também, talvez, etc. Ex: Já me esqueci disso. Ainda nos
vamos arrepender.
- Depois das preposições para, de, por, sem, até. Ex: Isto é para te lembrares de mim. Cansei-me de te avisar.
- Depois dos indefinidos todo (a), todos (as), tudo, alguém, nada, ninguém. Ex: Todos se esqueceram de
tomar o medicamento. Tudo se transforma, nada se perde.
O pronome aparece no meio do verbo:
- Quando o verbo se apresenta no futuro, nas frases declarativas afirmativas. Ex: Dir-lhe-ei a verdade.
- Quando o verbo se apresenta no condicional, nas frases declarativas afirmativas. Ex: Comprá-lo-ia se tivesse
dinheiro.

Contracção dos pronomes


Os pronomes complementos directos e indirectos podem aparecer contraídos. Ex: Eu entrego-te a carta. / Eu
entrego-ta. Não ta entrego agora.

Adjectivos
Adjectivos: palavras que servem para precisar o significado dos nomes ao juntar-lhes características que os delimitam.
O adjectivo é um modificador do nome. Ser adjectivo ou ser nome não decorre, portanto, de características
morfológicas da palavra, mas de sua actuação efectiva numa frase da língua; decorre no contexto da morfossintaxe.
Ex.: O jovem angolano tornou-se participativo.
O angolano jovem enfrenta dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.
Os adjectivos variam em género, número e grau.
Género de adjectivos
Adjectivos biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino. Ex: homem alto / mulher
alta.
Adjectivos uniformes: têm a mesma forma tanto para o masculino como para o feminino. Ex: homem inteligente/
mulher inteligente.
Número de adjectivos
O adjectivo concorda em número com o nome que caracteriza.
Grau de adjectivos
O grau dos adjectivos varia entre normal, comparativo e superlativo.
GRAU EXEMPLO
Grau normal forte
Grau comparativo de superioridade mais forte do que
Grau comparativo de igualdade tão forte como
Grau comparativo de inferioridade menos forte do que
Grau superlativo absoluto sintético fortíssimo
Grau superlativo absoluto analítico muito forte
Grau superlativo relativo de superioridade o mais forte
Grau superlativo relativo de inferioridade o menos forte
Classes de adjectivos
Adjectivo qualificativo: exprime qualidades, estados ou modos de ser expressos pelo nome. Ex: menino lindo /
casa grande.
Adjectivo relacional: combina-se com nomes, atribuindo um valor temático ou referencial. Normalmente, derivam
de uma base nominal. Ex: conselho estudantil / população americana.
Adjectivo numeral: expressa ordem ou sucessão e precede o nome, antecedidos por artigos, demonstrativos ou
possessivos. Tradicionalmente, pertencem à subclasse dos numerais ordinais. Ex: O vigésimo quinto ano de casamento
foi festejado com toda a pompa. O meu primeiro nome é Augusto.

Numerais
Numerais: palavras variáveis que indicam a quantidade exacta de seres ou a posição que o ser ocupa.
Numerais cardinais: indicam o número de pessoas, animais ou coisas. Ex: Sete atletas cortaram a meta.
Numerais ordinais: indicam a ordem que as pessoas, animais ou coisas ocupam numa série. Ex: Este atleta foi o
sétimo a cortar a meta.
Numerais multiplicativos: indicam o aumento proporcional, a sua multiplicação. Ex: A mãe deu-lhe o triplo dos
encargos que me deu a mim.
Numerais fraccionários: indicam a diminuição proporcional, a sua divisão. Ex: Comi um terço de maçã.

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Numerais colectivos: indicam um grupo de seres. Ex: Eles formam um trio notável.
Numeração árabe: 1, 2, 3…
Numeração romana: I, II, III…

Determinantes
Determinante: palavra variável que determina o nome, precedendo-o.
Classes de determinantes
Os determinantes subclassificam-se em artigos, determinantes possessivos, determinantes demostrativos,
determinantes indefinidos, determinantes interrogativos e determinantes relativos. Há referências incontestáveis
sobre determinantes numerais, adjectivos, entre outras.
Determinante artigo: distingue o grau de especificidade do nome, com o qual estabelece concordância de número
e de género.
Determinante possessivo: influencia a construção referencial do nome que precede, atribuindo-lhe valor de posse.
Determinante demonstrativo: influencia a construção referencial do nome que precede, atribuindo-lhe valor de
proximidade ou distância no tempo ou no espaço.
Determinante indefinido: influencia a construção referencial do nome que precede de modo indefinido, não sendo
identificado o referente do nome que determina.
Determinante relativo: precede o nome na oração relativa, determinando uma relação entre o referente do nome e
o referente da oração principal.
Determinante interrogativo: precede o nome na oração interrogativa, identificando o constituinte interrogado.

Quantificadores
Quantificador: palavra ou locução que expressa uma informação acerca do valor de número, qualidade ou parte
do referente do nome com que se combina.
Classes de quantificadores
Quantificador universal: estabelece uma relação entre o grupo nominal e todos os elementos do grupo a que
pertence. Ex: Todo o homem é mortal.
Quantificador existencial: atribui informação acerca da existência da entidade referida pelo nome, remetendo
para uma parte do conjunto. Ex: Vários rapazes foram à discoteca.
Quantificador numeral: indica uma quantidade precisa ou o lugar que a quantidade ocupa numa série ordenada.
Ex: O meu primo fez dois anos.
Quantificador interrogativo: identifica o constituinte interrogativo nas frases interrogativas, sendo substituído
por um quantificador. Ex: Quantos bolos comeste?
Quantificador relativo: tem como antecedente relativizado um grupo nominal introduzido por quantificador.
Ex: Fiz todos os trabalhos quantos pude fazer. / Comi tudo quanto havia.

Advérbios
Advérbio: palavra que serve para determinar ou intensificar o sentido do verbo, do adjectivo ou de outro advérbio.
Locução adverbial: conjunto de duas ou mais palavras que funciona como um advérbio. Formam-se geralmente
associando…
. uma preposição e um nome. Ex: Sintam-se à vontade.
. uma preposição e um adjectivo. Ex: Fui de novo à Quinta da Regaleira.
. uma preposição e um advérbio. Ex: Ainda não sei para onde vou.
Grau de advérbios
Normal: perto.
Comparativo
. de superioridade: mais perto
. de igualdade: tão perto
. de inferioridade: menos perto
Superlativo absoluto
. analítico: muito perto
. sintético: pertíssimo
Superlativo relativo
. de superioridade: o mais perto
. de inferioridade: o menos perto
Os advérbios bem e mal, à semelhança dos adjectivos bom e mau, também apresentam comparativos e superlativos
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irregulares. Ex:
- O Zé escreveu melhor a carta. / A viagem correu pior do que se esperava. [advérbios]
- O João é melhor (mais bom) aluno. / O tempo, hoje, está pior que ontem. [adjectivos]

Classes de advérbios
Advérbio de predicado: ocorre internamente ao grupo verbal com função de complemento oblíquo, modificador
do grupo verbal ou predicativo do sujeito (Ele ficou ali.); pode ser afectado pela negação (Ele não ficou ali.); não é
afectado por estruturas interrogativas (Foi ali que ele ficou?)
Advérbio de frase: modifica a frase (Provavelmente, vou chegar tarde.); não é afectado pela negação (*Não
provavelmente, vou chegar tarde.); não é afectado por estruturas interrogativas (*É provavelmente que vais chegar tarde?)
Advérbio conectivo: estabelece relações entre frases ou constituintes de frases (Saí de casa. Seguidamente, tomei um
café.); estabelece relações, por exemplo, de consequência, contraste ou ordenação (Comi demais, consequentemente
tive uma dor de barriga.); não é afectado pela negação (*Comi demais, não consequentemente tive uma dor de barriga.); não
é afectado por estruturas interrogativas (*Foi consequentemente que tiveste uma dor de barriga?); podem ocorrer entre
o sujeito e o predicado, ao contrário das conjunções (A Maria, porém, havia-me avisado).
Advérbio de negação: nega o sentido afirmativo de uma frase ou constituinte (As flores [não] são bonitas.); ocorre
como modificador do grupo verbal ou de um constituinte do grupo verbal (O João não ofereceu flores à mae).
Advérbio de afirmação: usa-se nas respostas às interrogativas totais (Gostaste do filme? - Sim.); ocorre como
modificador de um constituinte, para reforçar o valor afirmativo (Não fui à sessão da tarde, mas sim à da noite).
Advérbio de quantidade e grau: ocorre internamente ao predicado ou como modificador de grupos adjectivais e
adverbiais, com informação da variação de grau (Comi demais).
Advérbio de inclusão e exclusão: realça o constituinte que modifica (Todos saíram, salvo o João.); ocorre internamente
ao predicado ou como modificador de grupos adjectivais, adverbiais, nominais ou preposicionais (Só agora te vi).
Advérbio interrogativo: identifica o constituinte interrogativo (Onde estiveste?)
Advérbio relativo: identifica o constituinte relativizado numa oração relativa e é substituível por um grupo adverbial
ou preposicional (A discoteca onde estive era enorme. [Estive lá / na discoteca]).

Verbos
O verbo é a palavra que tem como propriedades semânticas e morfológicas:
- representar acontecimentos, processos, acções ou estados;
- integrar noções gramaticais de pessoa, número, tempo e modo.
Flexão verbal
Os verbos flexionam-se em número, pessoa, modo e tempo, cujos valores estão contidos nos afixos adjuntos ao
verbo sob a forma de desinência.
As categorias verbais de voz e aspecto não se manifestam através de processos de afixação, tal como os tempos
compostos. Contudo, os valores aspectuais podem surgir em associação com os tempos verbais.
O verbo é constituído, no seu infinitivo impessoal, pelo radical+vogal temática+desinência do infinitivo: amar <
am(radical)+a(vogal temática)+r(desinência).
O tema é constituído pelo radical+vogal temática: ama.
Vogal temática
A vogal temática identifica o paradigma de flexão verbal a que um determinado verbo pertence.
Primeira conjugação: paradigma seguido pelos verbos que se identificam pela vogal temática –a-, na forma
infinitiva do verbo.
Segunda conjugação: paradigma seguido pelos verbos que se identificam pela vogal temática –e-, na forma
infinitiva do verbo.
Terceira conjugação: paradigma seguido pelos verbos que se identificam pela vogal temática –i-, na forma
infinitiva do verbo.
Especificidades da flexão verbal: amálgama
A flexão verbal das formas simples acumula no mesmo sufixo valores de tempo, modo, número e pessoa, podendo
a desinência conter os vários valores em simultâneo. Ex: andamos [O sufixo –amos codifica simultaneamente o valor
de primeira pessoa, de número plural, de tempo presente e modo indicativo.]
Número de verbo
Singular: ando, andas, anda;
Plural: andamos, andais, adam.
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Pessoa
O verbo possui três pessoas que referem a pessoa gramatical que serve de sujeito: Primeira (ando, andamos), Segunda
(andas, andais), Terceira (anda, andam).

Modo
Os modos verbais expressam gramaticalmente as atitudes e opiniões dos falantes, tais como, constatação, certeza,
dúvida, suposição, permissão, obrigação etc.
Formas verbais finitas
As formas verbais finitas correspondem aos modos verbais indicativo, conjuntivo, condicional e imperativo.
Modo indicativo: exprime uma acção, um estado ou um facto considerado como realidade. Ex: Estou na praia.
Modo conjuntivo: perspectiva as acções, os estados ou os factos no plano de incerteza, probabilidade,
eventualidades ou irrealidades. Ex: Oxalá esteja bom tempo.
Modo condicional: usado, regularmente, para, em orações condicionadas, referir factos que não se realizaram e
cuja realização é incerta. Ex: Se pudesse, gostaria de visitar Tóquio.
Modo imperativo: expressa permissão, obrigação ou ordem, podendo também ser usado para transmitir
informações, instruções, conselhos, convites, súplicas etc. Ex: Levanta-te e trabalha.
Formas verbais não finitas
As formas verbais não finitas correspondem aos modos verbais: Infinitivo, Gerúndio e Particípio.
Modo Infinitivo: quando usado na forma invariável – infinitivo impessoal – não exprime nem tempo, nem modo.
O Infinitivo exibe, deste modo, o processo verbal em potência, de forma vaga (Ex: Viver para o trabalho).
O modo Infinitivo admite flexão em número e pessoa – infinitivo pessoal – quando tem sujeito próprio (A Joana
pediu para nós irmos com ela).
Modo gerúndio: apresenta a acção designada pelo verbo no decorrer do seu desenvolvimento. Ex: Estavam
todos rindo como loucos.
Particípio: apresenta o resultado da acção. Ex: Tenho visto muitos estrangeiros.

Tempos de verbos
Os tempos gramaticais orientam-se em três domínios: passado, presente e futuro, tendo como referência três pontos
de localização temporal: ponto da enunciação, ponto de evento, ponto de referência.
Tempos simples: formam-se pela junção do radical, com a vogal temática, o sufixo de tempo, modo e aspecto e
a desinência de pessoa e número.
TEMPOS VERBAIS SIMPLES
MODOS: TEMPOS:
Presente (ando, andas…)
Imperfeito (andava, andavas…)
FORMAS VERBAIS

Perfeito (andei, andaste…)


Indicativo Pretérito
Mais-que-perfeito (andara,
FINITAS

andaras…)
Futuro (andarei, andarás…)
Presente (ande, andes…)
Conjuntivo Imperfeito (andasse, andasses…)
Futuro (andar, andares…)
Condicional (andaria, andarias…)
Imperativo (tu anda, vós andai)
Impessoal (andar)
Infinitivo
FINITA
VERBS.
FORS.

Pessoal (eu andar, tu andares…)


NÃO

Gerúndio (andando)
Particípio (andado)
Tempos compostos: são constituídos por formas do verbo ter (ou haver), o verbo auxiliar, e o particípio do verbo
principal.
TEMPOS COMPOSTOS
MODOS: TEMPOS:
Perfeito (tenho andado, tens andado…)
Pretérito
Indicativo Mais-que-perfeito (tinha andado, tinhas andado…)
Futuro (terei andado, terás andado…)
Perfeito (tenha andado, tenhas andando…)
Pretérito Mais-que-perfeito (tivesse andado, tivesses
Conjuntivo
andado…)
Futuro (tiver andado, tiveres andado…)

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Condicional (teria andado, terias andado…)


Impessoal (ter andado)
Infinitivo
Pessoal (ter andado, teres andado…)
Gerúndio (tendo andado)
Aspecto
O aspecto é a categoria que permite descrever e identificar o sentido de uma situação, a partir da informação lexical e
gramatical.
Aspecto lexical: apresenta-se através do significado intrínseco que a palavra ou conjuntos de palavras veiculam,
podendo ser alterado pelo aspecto gramatical.
O aspecto lexical permite estabelecer a distinção entre…
1ª Situações estativas ou estados (situações não dinâmicas). Ex: O Pedro é simpático.
2ª Eventos (situações dinâmicas):
a) Durativos ou processo culminado. Ex: A Maria lavou a louça.
b) Não durativos ou ponto. Ex: O Luís acordou.
Aspecto gramatical: verifica-se no domínio da predicação, podendo o valor aspectual variar em função do valor
temporal e das combinações com verbos auxiliares e estruturas de quantificação.
O aspecto gramatical pode distinguir-se entre…
REFERÊNCIAS
VALOR ASPECTUAL EXEMPLOS
GRAMATICAL
- Estados ou processos - Pretérito Perfeito - O João leu o livro.
Culminad

terminados. Indicativo; - O Marcos já tinha lido livro que os


- Pretérito Mais-que-Perfeito amigos lhe ofereceram.
o

Indicativo; - A tia acabou de chegar.


Perífrase acabar de.
- Estados ou processos não - Pretérito Imperfeito do - O Pedro lia o livro, quando apareceste.
culminad

terminados. Indicativo; - Estava a estudar, quando chegaste.


Não

- Perífrase estar a, começar a,


o

continuar a.
- Estados que apresentam - Presente do Indicativo; - Sou extrovertido e simpático.
uma propriedade. - Sintagma adverbial e - Levanto-me cedo todos os dias.
Habitual

- Processo que apresenta quantificação; - Passo o Natal com a família.


um hábito. - Sintagma adverbial e - Ando a ler um livro.
- Sem intervalo e tempo duração;
delimitado. - Perífrase andar a.
- Estados que referem - Presente do Indicativo; - A Terra gira em torno do Sol.
situações plurais, aceites - Artigo definido; - O homem é humano.
Genérico

como verdades genéricas. - Advérbios ou locuções com - Geralmente, no Verão faz calor.
- Sem valor temporal. sentido plural. - Os adolescentes são vaidosos.
- Sem intervalo de tempo - Normalmente, os homens gostam de
limitado. futebol.
- Estados ou processos - Pretérito Perfeito - Tenho almoçado em casa.
Iterativ

com início no passado que Composto Indicativo; - A Ana tem estado doente.
o

perduram no presente. - Advérbios ou locuções


adverbiais de tempo.

Voz
A categoria verbal admite duas perspectivas de voz:
Voz activa: o acontecimento ou situação expressa pelo verbo é praticado pelo sujeito.
Voz passiva: o acontecimento ou situação expressa pelo verbo é sofrida pelo sujeito. O processo de conjugação
da voz passiva compreende o verbo auxiliar ser, no tempo e modo que se quer conjugar, e o particípio passado do
verbo principal.
Ex.: O público aplaudiu a cantora (>voz activa). / A cantora foi aplaudida pelo público (>voz passiva).

Tipologias verbais
Verbos regulares: são conjugados totalmente conforme o paradigma de conjugação a que pertencem, primeira,
segunda ou terceira conjugação. Ex: cantar, escrever, exprimir.
Verbos irregulares: não se conjugam conforme o paradigma a que pertencem, podendo haver variações no radical
do verbo ou nos sufixos de flexão. Ex: estar (esteja, estivesse…), ser (fui, era, fosse…), ouvir (ouço, ouça…).

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Verbos abundantes: possuem duas formas de sentidos equivalentes, verificando-se esta ocorrência sobretudo em
formas do particípio.
A forma fraca corresponde à forma verbal flexionada de forma regular, afixando a desinência de modo –do.
A forma forte apresenta-se reduzida ou irregular relativamente ao paradigma verbal.
VERBO FORMA FORTE FORMA FRACA
gastar gasto gastado
aceitar aceite aceitado
acender aceso acendido
infectar infecto infectado
agradecer grato agradecido
assentar assente assentado
imprimir impresso imprimido
incluir incluso incluído
completar completo completado
concluir concluso concluído
corrigir correcto corrigido
Etc.
Verbos defectivos: são usados apenas em alguns tempos, modos ou pessoas, tendo, portanto, formas
inexistentes. São exemplos de verbos defectivos:
- Verbos que não possuem a 1ª pessoa do Presente do Indicativo (ungir: eu - / tu unges/…);
- Verbos que possuem apenas a 1ª e 2ª pessoas do plural no Presente do Indicativo (remir: eu -/ tu -/ ele - /nós
remimos/ vós remis/ eles -).
Verbos impessoais: são verbos cuja ideia expressa não pode aplicar-se a pessoas, conjugando-se apenas na 3ª
pessoa do singular. Ex: chover (chove, choveu).
Verbos unipessoais: são verbos cuja ideia expressa não pode aplicar-se a pessoas. São apenas conjugados na 3ª
pessoa do singular e do plural. Ex: ladrar (ladra/ ladram).

Classes de verbos
Verbo principal: constitui o núcleo semântico de uma oração e determina a ocorrência do sujeito e dos
complementos. Dependendo da determinação ou não da selecção de complementos, pode classificar-se como:
intransitivo, transitivo directo, transitivo indirecto, transitivo directo e indirecto e transitivo-predicativo.
Verbo intransitivo: não selecciona complementos. Ex: A Maria e o pai desapareceram.
Verbo transitivo directo: selecciona o complemento directo. Ex: Eu adorei as flores.
Verbo transitivo indirecto: selecciona o complemento indirecto. Ex: Esta pasta pertence ao Pedro.
Verbo transitivo directo e indirecto: selecciona o complemento directo e o indirecto ou o oblíquo. Ex: A Fernanda
deu uma prenda à mãe. / Confundi o meu cão com o teu.
Verbo transitivo-predicativo: selecciona o complemento directo e o predicativo do complemento directo. Ex: A
escola considerou a Paula a melhor aluna. / O professor nomeou o António chefe de turma.
Verbo auxiliar: ocorre na oração ou frase sem determinar o sujeito ou os complementos e precedendo o verbo
principal ou o verbo copulativo. Os verbos auxiliares são usados na formação de tempos compostos, na formação
da voz passiva ou em perífrases de valor aspectual. Ex: Eu tinha dito que era melhor esperares. / Este vestido foi
oferecido pela maria. / Os amigos estão a chegar.
Verbos copulativos: transmitem uma informação acerca do sujeito através de um complemento essencial para a
designação do sujeito, o predicativo do sujeito. Ex: A minha mãe é bibliotecária. / A turma está irrequieta. / Os
feirantes continuam muito mal.
Formas de conjugações
Conjugação pronominal: efectiva-se com os pronomes pessoais o, a, os, as; a acção do sujeito reflecte-se num
outro. Os pronomes tomam por vezes as formas lo, la, los, las e no, na, nos, nas. Ex.: Ela ama-o com todo o afecto.
(eu amo-o, tu ama-lo, ele ama-o; nós amamo-lo, vós amai-lo, eles amam-no)
Conjugação pronominal reflexa: feita com os pronomes me, te, se, nos, vos, se; a acção do sujeito recai sobre ele
próprio. Ex.: Sentei-me nas escadas. (eu sento-me, tu sentas-te, ele senta-se; nós sentamo-nos, vós sentais-vos, eles
sentam-se)
Conjugação pronominal recíproca é formada com os pronomes pessoais do plural, exprimindo reciprocidade na
acção praticada; a acção de cada um dos sujeitos recai mutuamente sobre ambos. Ex: nós abraçamo-nos, vós abraçais-
vos, eles abraçam-se.
Conjugação perifrástica: constituída por um verbo principal no infinitivo ou no gerúndio, e um verbo auxiliar, no
tempo que se quer conjugar.
Alguns dos verbos auxiliares da conjugação perifrástica são: ir, vir, andar, dever, deixar, estar, ter, haver, começar,
acabar, continuar. Ex.: Tenho de comprar o livro. (>ideia de necessidade) / A neve ia caindo. (>ideia de duração)
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TEXTO DE LEITURA – 1
O CASTIGO DA RAPOSA
Depois de muitas queixas sobre a falta de tranquilidade, sobretudo à noite, no bairro do tio
Kondombolo, o Soba decidiu mandar chamar à Ombala o Galo e a Raposa.
Pretendia ter uma conversa muito séria com os dois, pois os habitantes daquela zona da cidade
queixavam-se de não poder dormir.
Todas as noites uma barulheira danada, entre galinhas e pintos no bairro do tio Kondombolo, o
Galo.
Não faltou quem afirmasse categoricamente que era a Raposa a causadora de toda aquela zaragata,
aquela confusão nocturna.
Os protestos foram tantos que o Soba decidiu mandá-los chamar para pôr a claro a questão que
estava prestes a causar mesmo um confronto armado, com tiros, pauladas e tudo, por parte de algum vizinho
mais nervoso.
A Raposa, que é manhosa, ficou tanto aflita, assustada mesmo, pois sabia melhor que ninguém que
era ela a verdadeira culpada. Assim, foi procurar o Galo a casa, de manhã cedo, para fazer-lhe a proposta.
Sugeria que se apresentassem juntos, como amigos, de modo que o Soba nada teria de dizer, limitando-se
possivelmente a umas recomendações.
Kondombolo, porém, há já muito tempo que queria ver-se livre da Raposa. Mal a viu ao longe e
adivinhando-lhe as intenções escondeu a cabeça debaixo da asa.
A Raposa chegou entretanto. Cumprimentou com toda a humildade, com o falso carinho que só ela
é capaz de fingir, e fez a proposta esperada:
- Querido Amigo Galo, vim cá para irmos juntos ao Soba. Apresentando-nos os dois, nada temos a
recear e acabam-se as intrigas. Não achas?
O Galo debaixo da asa responde:
- Estou cheio de medo, amiga Raposa. Sabes lá o que nos espera? Para evitar maiores castigos, pedi
à minha mulher n’Sanji, a Galinha, que me cortasse a cabeça. Apresentando-me com a cabeça cortada, o
Soba perdoar-me-á certamente de todos os erros que tenho cometido. Como vês já estou de cabeça cortada.
A Raposa, atrapalhada, pergunta:
- E como é que conseguiste cortar a cabeça e continuar a falar?
Isso não é problema. Pedi à minha mulher n’Sanji que fizesse o trabalho: cortar-me a cabeça de um
só golpe, deixando-a ligada ao corpo pela pele. Assim fez e aqui estou. Quando voltar é só dar um ponto e
fica tudo na mesma.
A Raposa, oportunista, não quis saber de mais nada. Correu para casa. Contando tudo à mulher,
pediu-lhe que lhe cortasse a cabeça rapidamente por que já era tarde para a hora marcada. O Galo já estava
pronto, podia chegar primeiro a casa do Soba e assim só ele é que seria perdoado. Que cortasse depressa
para que ele corresse e chegasse primeiro.
A mulher da Raposa foi buscar um grande njaviti e de um só golpe decepou a cabeça ao marido,
deixando-a pendurada a sangrar. Mas quando viu o marido cair morto, ficou desesperada e furiosa. Correu
à casa do Kondombolo para castigá-lo pela mentira que levara o marido à morte.
Kondombolo já tinha partido quando chegou a mulher da Raposa. Esta encontrou a Galinha atrás
de uma espessa rede, a chocar e mal-humorada.
- Onde está o teu marido? – gritou-lhe de fora a Raposa. – Onde está, que quero hoje mesmo dar
cabo dele, de ti e de toda a vossa família se te atreveres a sair daí.
- Não te preocupes que o Galo foi ao Soba contar-lhe tudo. É o merecido castigo para o teu marido
e para ti, já que vocês não têm feito outra coisa na vida senão assaltar traiçoeiramente as capoeiras para se
banquetearem com os pintos, as galinhas e os galos que aí dormem indefesos sem fazer mal a ninguém. É
bem feito e não tornes a aparecer para que te não suceda o mesmo. Nós vamos organizar a nossa defesa.
Durante as duras batalhas travadas pela libertação do nosso país da invasão inimiga os pioneiros
lutaram heroicamente contra forças mais poderosas e venceram, pondo em prática prodígios de invenção.
Avó Chica conta várias vezes a estória do castigo da Raposa e termina sempre dizendo:
- Os pioneiros ganhavam sempre porque a inteligência e a astúcia é a arma dos fracos contra os
fortes e os malvados.
Avó Chica, porém, não consegue nunca reter a lágrima teimosa que reflecte, brilhante como sol, o
seu neto pioneiro, Zito, igual a todos os seus netos pioneiros, vítimas dos assassinos definitivamente
derrotados pela força invencível da sua inteligência, honestidade e coragem.
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Costa Andrade, in Lenha Seca, Edição: UEA/Sá da Costa, 1986


In MAGALHÃES et alii, Língua Portuguesa 11ª Classe. Portugal: Porto, 2008, págs. 79-80

TEXTO DE LEITURA – 2
O ELEFANTE E O SAPO
Sempre que as crianças vêem chegar o tocador de mbulumbumba, Sakusseia, ficam contentes. Sabem
que ele traz uma estória nova para contar. Estória que as diverte, lhes ensina alguma coisa, lhes mostra os
mundos desconhecidos que ele percorre.
Sakusseia chegou, nessa tarde de calor, depois de uma grande ausência. Andou terras, distâncias de
dias e meses. Deve trazer com certeza uma estória nova.
As crianças bateram palmas, gritaram a sua satisfação por vê-lo chegar e imediatamente perguntaram
pela estória linda que desta vez lhes trazia.
«O Amigo Elefante, o Njamba e o primo Tchimboto, o Sapo, iam à tardinha namorar duas irmãs
que viviam na casa dos pais, na aldeia próxima. Vocês sabem que o Sapo foi sempre uma pessoa complexada,
devido ao seu tamanho e à sua voz funda. Por isso mesmo lembrou-se um dia de dizer à noiva do Elefante:
- Passas a vida a gabar o teu noivo, o maior de todos, o mais forte, o mais não sei o quê… Pois o
teu noivo é meu cavalo. Hei-de vir cá um dia montado nele, açoitando-o com uma chibata feita de rabo de
palanca.
A noiva do Elefante ficou envergonhada e lamentou-se junto das amigas. Assim, quando chegou o
Elefante, todas as moças e os rapazes da aldeia gritaram-lhe em coro, troçando:
- Olha o cavalo do Sapo, ah! ah! ah! Olha o cavalo do Sapo, ah! ah! ah!
Nada satisfeito com a brincadeira o Elefante perguntou à noiva o que vinha a ser aquilo, pois não
achava piada que se estivessem a rir dele, sem respeito nenhum. Se ele fosse dos que se irritam facilmente,
nem sabia o que podia acontecer.
A noiva contou-lhe tudo e ele, nada refeito da fúria que o invadira, foi imediatamente à procura do
Sapo e encontrou-o a tomar banho.
- Então tu disseste à minha noiva que eu sou o teu cavalo?
- Eu? Claro que não! Como é que ia dizer uma coisa dessas de ti? – mentiu o Sapo.
- Então vem comigo: Vamos tirar isso a limpo.
Partiram juntos para a aldeia. A certa altura, queixando-se de que estava exausto e não
completamente recuperado de uma gripe que o atormentava, o Sapo disse com fingido constrangimento ao
Elefante:
- Não posso mais, meu velho. Não posso acompanhar-te. Tens um passo largo demais para mim. Se
me deixasses subir para as tuas costas, não atrasaríamos por minha causa. Doutra maneira só lá chegaremos
amanhã ou depois de amanhã.
O Elefante, que estava interessado em pôr as coisas a claro o mais depressa possível, consentiu e o
Sapo subiu logo. Passos andados, o Sapo continuou a tossir e a espirrar, lamentando-se.
- Que tens agora? – pergunta o Elefante, nervoso.
- Tenho medo de cair daqui. Se me deixasses procurar uma corda para amarrar à tua tromba ficaria
mais seguro. Assim poderia até correr e chegaríamos mais depressa.
O Elefante, que não queria outra coisa, acedeu imediatamente. O Sapo atou com cuidado a corda
em torno da tromba, como se fossem as rédeas de um cavalo. Aproveitando ainda a ocasião, levou consigo
um pequeno ramo de folhas para enxotar as moscas que incomodavam constantemente o Elefante.
Vendo-os chegar a galope, os habitantes da aldeia, velhos e novos, sobretudo os jovens em idade de
casar, vieram para a rua a rir e a gritar:
- Olhem, olhem, afinal o Elefante é mesmo o cavalo do Sapo!»
Os pioneiros rebolaram pelo chão a rir. Sakusseia agarrou no seu mbulumbumba e disse:
- Divirtam-se, brinquem, mas não à custa dos outros, nunca à custa do mal alheio. Pensem no
Elefante e no Sapo: os furiosos não conseguem nunca ver claro, distinguir o que melhor fazer. Perante a
afronta e a provocação há que ter calma e escolher cuidadosamente a resposta. Devemos sempre responder
com a razão serena.
Costa Andrade, in Lenha Seca
In DA FONTE, Dora Martins et alii, Outros Horizontes, Língua Portuguesa 10ª Classe. Angola: Nzila, 2001, págs. 140-141

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TEXTO DE LEITURA – 3
O CANTO E A FOME
Tinha chuva grande. Na corrida rápida do vento, o capim alto dobrava-se todo, as árvores estremeciam.
Os pássaros já tinham passado. Só uma andorinha voava, perdida. Antes da chuva as cabras correram à toa,
saltaram vedações, regressaram à sanzala. Brincadeira das crianças lá fora terminara. As mulheres preparavam o fogo
da cozinha dentro das cubatas. Às vezes uma faísca cortava o negro do céu. Tinha chuva. Chovia. Chuva grande.
O canto crescia. Cada vez que as enxadas cavavam a terra, as vozes eram mais fortes. Desbravando a terra,
os contratados cantavam. O chicote marcava o ritmo do canto nas costas negras.
Canto. Trabalho. Canto. Trabalho. Canto. Trabalho.
Canto. Força! Força! Trabalho! Trabalho forçado! Força!
Quando começaram a trabalhar era de manhã. Sol ainda nascente. Ainda que chovesse, o tempo estava
marcado. Os contratados tinham de trabalhar sem parar. Cortar capim alto, terra preparar, café plantar, plantar,
plantar. Trabalho de contratado.
Agora estavam na fila. Alinhados. Os contratados não podiam tossir, nem falar. À frente deles, a uma certa
distância, o patrão, barrigudo, encharutado, continuava a fazer contas, a assinar papéis. Quase não olhava para os
contratados. No fim de cada mês era sempre assim.
- João Tomé? – começou finalmente a chamada dos contratados.
- Presente! – respondeu o contratado, enquanto avançava em direcção à mesa onde estava o patrão.
Humildemente.
- Seis vales na cantina, mais a visita do médico, mais o imposto indígena… descontando tudo, não tens nada
a receber. Nada a receber! – aqui o patrão falava alto para todos ouvirem.
Entretanto, a cena foi acontecendo cada vez. A maior parte dos contratados não recebia nada. Alguns
recebiam dez angolares para todo o mês! Avançavam esperançados, para recuarem tristes, na fila. Ninguém percebia
as contas que o patrão fazia. Os contratados não sabiam ler nem escrever.
Terra flor, o café florescia. O patrão aumentava a sua riqueza. Todos os anos comprava carros novos e ia
passar as férias no estrangeiro. Os contratados não tinham descanso.
David Kassule esperava a vez dele. Não estava quieto na fila: mexia-se muito, fechava as mãos de nervos.
Ferviam pensamentos na sua cabeça. Cada tempo que passava, ele mais nervoso ainda.
David Kassule! – o patrão lhe chamou. Fez aldrabice nas contas, assinou os papéis e disse: - Não tens nada a
receber! Vá! Toca a andar! Outro! Vá! Toca a andar!
Vendo que o contratado não saía daquele lugar, começou a ficar furioso. Levantou-se e lhe empurrou. (…)
Arrastando os pés descalços, os contratados regressavam. Era noite. Cantavam o mesmo canto. A fila do
regresso ficando pequena. Uns iam caindo. O canto enfraquecia. Os pés arrastavam-se. As vezes morriam. Não tinha
mais canto. A fila dos contratados desaparecera na escuridão da noite escura.
Boaventura Cardoso, in O Fogo da Fala
In DA FONTE, Dora Martins et alii, Outros Horizontes, Língua Portuguesa 10ª Classe. Angola: Nzila, 2001, págs. 148-149

TEXTO DE LEITURA – 4
FREI JOÃO SEM CUIDADO
O rei ouvia sempre falar em Frei João Sem Cuidados como um homem que não se afligia com coisa nenhuma
deste mundo:
- Deixa-te estar, que eu é que te hei-de meter em trabalhos.
Mandou-o chamar à sua presença, e disse-lhe:
- Vou dar-te uma adivinha, e se dentro de três dias me não souberes responder, mando-te matar. Quero que
me digas:
- Quanto pesa a Lua?
- Quanta água tem o mar?
- O que é que eu penso?
Frei João Sem Cuidados saiu do palácio bastante atrapalhado, pensando na resposta que havia de dar àquelas
perguntas. O seu moleiro encontrou-o no caminho, e lá estranhou de ver Frei João Sem Cuidados, de cabeça baixa e
macambúzio.
- Olá, senhor Frei João Sem Cuidados, então o que é isso, que o vejo tão triste?
- É que o rei disse-me que me mandava matar, se dentro de três dias eu lhe não respondesse a estas perguntas:
- Quanto pesa a Lua? Quanta água tem o mar? E o que é que ele pensa?
O moleiro pôs a rir, e disse-lhe que não tivesse cuidado, que lhe emprestasse o hábito de frade, que ele iria
disfarçado e havia de dar boas respostas ao rei.
Passados os três dias, o moleiro, vestido de frade, foi pedir audiência ao rei. O rei perguntou-lhe:
- Então, quanto pesa a Lua?

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DISTRITO URBANO DO BENFICA – TALATONA – LUANDA | APONTAMENTOS MÍNIMOS DE LÍNGUA PORTUGUESA | 11ª CLASSE

- Saberá Vossa Majestade que não pode pesar mais do que um arrátel, porque todos dizem que ela tem quatro
quartos.
- É verdade. E agora: Quanta água tem o mar?
Respondeu o moleiro:
- Isso é muito fácil de saber; mas como Vossa Majestade só quis saber da água do mar, é preciso que primeiro
mande tapar todos os rios, porque sem isso nada feito.
O rei achou bem respondido; mas zangado por ver que Frei João se escapava das dificuldades, tornou:
- Agora, se não souberes o que é que eu penso, mando-te matar!
O moleiro respondeu:
- Ora Vossa Majestade pensa que está falando com Frei João Sem Cuidados, e está mas é falando com o seu
moleiro.
Deixou cair o hábito de frade e o rei ficou pasmado com a esperteza do ladino.
Teófilo Braga, in Contos Tradicionais Portugueses
In DA FONTE, Dora Martins et alii, Outros Horizontes, Língua Portuguesa 10ª Classe. Angola: Nzila, 2001, págs. 200-201

TEXTO DE LEITURA - 5
A VERDADE E A MENTIRA
Um príncipe da região de Thing-Zda, no norte da China, estava em vista de ser coroado imperador,
mas, de acordo com a lei, ele deveria casar-se primeiro. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma disputa entre
as moças da corte a fim de escolher a sua futura esposa. Então anunciou que receberia, com uma recepção
especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma serva do palácio há muitos anos, ouvindo falar sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza,
pois sabia que a sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe. Ao chegar a casa,
relata o facto à jovem. Mas, espantada por ouvi-la dizer que pretendia ir a recepção, indagou incrédula: Filha
o que farás lá? Estarão presentes as mais bela e ricas moças da corte!... Tira essa ideia insensata da cabeça…
Eu sei que deve estar a sofrer mas não torne o sofrimento uma loucura.
A filha respondeu: não, querida mãe. Eu sei que jamais serei a eleita, mas é a minha única
oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe. Isso já me torna feliz, pois sei que o
meu destino é outro.
No dia da recepção, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de facto, todas as mais belas raparigas
com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou:
Darei a cada uma de vocês uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela
flor será escolhida para minha esposa e futura imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo que valorizava muito a
especialidade de cultivar.
O tempo passou e a doce jovem como não tinha muita habilidade na sorte da jardinagem cuidava
com muita paciência e ternura da sua semente, pois sabia que se a beleza das flores surgisse na mesma
extensão do seu amor ela não precisava de se preocupar com o resultado. Passaram-se três meses e nada
surgiu. A jovem de tudo tentou. Usou todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia a dia,
ela percebia cada vez mais longe o seu sonho e cada vez mais profundo o seu amor. Por fim, os seis meses
haviam passado e ela nada havia cultivado.
Consciente do seu esforço e da sua dedicação, comunicou à mãe que, independentemente das suas
circunstâncias, retornaria ao palácio na data e hora combinadas, pois não pretendia nada, além de mais alguns
momentos na companhia do príncipe.
A hora marcada, ela estava lá com o seu vaso vazio e, junto com ela, todas as pretendentes, cada uma
com uma flor mais bela de todos os tipos e cores. Ela ficou absorta: nunca presenciara tão bela cena.
Finalmente chega o momento anelado. O príncipe surge no salão e observa cada uma das pretendes
com muito cuidado e atenção.
Depois de passar por todas, ele anuncia o resultado e indica a filha da serva como sua futura esposa.
Os presentes tiveram as mais inusitadas reacções. Ninguém compreendia porque ele escolhera justamente
aquela que nada cultivara. Então, calmamente, o príncipe esclareceu:
- Ela foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz, a flor da
honestidade. Todas as sementes que lhes dei eram estéreis.
(Autor desconhecido)

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