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Ensaio

Sociologia da Educação

Ensaio:
História, Pra Que?

Diamantina – MG
2022
O objetivo deste ensaio é questionar a atuação da educação e da história como um todo na
vida dos jovens brasileiros e discutir qual a importância do ensino de história para o
estudante.
Através do diálogo entre escritores e professores contemporâneos busco indagar aquele que
tem a intenção de atuar na área da educação, principalmente na área de história, qual o
propósito de seu trabalho.
Este ensaio não tem a intenção de trazer respostas, mas fazer perguntas, logo, é apartir de tal
proposta que é fundamentado seu núcleo, logo se este é o objeto de análise do ensaio...
O que é educação?
A educação no sentido contemporâneo tem um sentido demasiadamente mistificado, como
sendo um projeto em que talvez trará frutos no futuro, trata-se de uma ideia abstrata a que
sempre carrega consigo um ideário de crenças em melhoras, mas melhoras sempre num futuro
distante.
Para a juventude brasileira trata-se quase como uma aposta onde se investe tempo em uma e
promessa de benefício, mas sem garantias presentes. Este ideário pode ser comprovado pela
pesquisa feita pela The Changing Childhood Project, nesta pesquisa, os jovens brasileiros se
estabelecem em penúltima colocação dentre os 21 países analisados quando se trata de
esperanças de melhora, mas constitui a segunda colocação dentre os países a depositar suas
esperanças na educação.
Quanto ao sentido de educação contemporâneo no brasil o professor Silveira diz:
- A educação é um projeto de esperança em seu estado mais puro, só se pode investir
tempo dinheiro esforço e recurso em algo cujo o resultado a gente vai colher no futuro
se você tiver ao menos um pouco de esperança, mas eu não gosto quando se fala de
educação como um sinônimo de futuro, por que assim pode parecer que ela é uma
coisa abstrata, incerta e nada além disso. A Educação também é o presente é uma parte
fundamental do que a gente vive hoje, das nossas alegrias, tristezas e experiências de
hoje. (SILVEIRA, Juliano M. 2022)
Assim, ele desmistifica o ideário de educação como apenas esperança. O professor estabelece
uma visão de educação onipresente, uma constante que faz parte do cotidiano brasileiro.
Silveira vai mais além ao indagar: Se a geração dos Millenials foi a geração que mais
despendeu tempo com estudos é a que hoje atinge maior taxa de desemprego.
“Quando alguns poucos indivíduos com diploma de nível superior não conseguem emprego
na área para qual se formaram, pode-se imaginar que foram afetados por perturbações de
ordem pessoal: fizeram a escolha errada, desiludiram-se com a carreira, optaram por outro
emprego etc. Mas quando, em determinada área “isso é uma questão pública, e não podemos
esperar sua solução dentro da escala de oportunidades abertas às pessoas individualmente, A
estrutura mesma das oportunidades entrou em colapso” (VALDIR, João)
Cabe ao jovem a pergunta, pergunta, estudar pra que?
Levando em conta a construção da LDB/96 que afunila a educação para o âmbito profissional,
se não por uma profissão de melhor reconhecimento ou rentabilidade, cabe a cada indivíduo
responder a este questionamento, mas talvez o reconhecimento de cada um como sujeito
histórico e crítico social seja o primeiro passo para a construção desta resposta.

O professor Valdir consta que a educação é um fator atuante na vida do brasileiro desde sua
juventude. O estudante médio passa cerca de 13 anos frequentando a uma escola ou
instituição semelhante, isso ignorando os 18,3 milhões que decidem estender seus estudos ao
ensino superior que pode aumentar sua jornada de estudos para até 21 anos, assim é
impossível ignorar as influências que as instituições de ensino têm sobre a vida do cidadão e
logo sobre o Brasil. Neste cenário o ensino de História está presente desde os anos iniciais do
indivíduo como estudante demonstrando assim a importância que tal disciplina tem. Contudo
convém a ser questionado quem ou o quê atribui tal importância ao estudo de história.
Em tese, a disciplina de história no currículo escolar objetiva “uma formação de pensamento
transformador, permitindo a ela que se perceba como sujeito histórico e que tudo que a cerca
também faz parte desse processo.” (VIEIRA, Angélica C. 2018.). Neste sentido coloca-se em
debate o quanto de influência ideológica ou política é ensinado juntamente com a disciplina. É
exatamente em debates como esse que surgem projetos como “Escola Sem Partido”. A
formação e reconhecimento do estudante como sujeito histórico está diretamente relacionado
ao seu entendimento de atuação na história, assim como a compreensão de outro atuantes
como Marx e Hobbes, é impossível retirar do ensino de história seus vieses, suas críticas.
Como diz o professor Marcelo Gomes da Silva negar a parcialidade, o âmbito político do
estudo histórico é regredir ao positivismo do séc XIX.
A partir desta constatação o leitor pode se indagar: Então o estudo de história serve para a
formação ideológica? Se não, pra que serve?
Já de antemão eu respondo: Não. O estudo de história não tem por objetivo transmitir
ideologias sociais, políticas ou de qualquer tipo embora atravessar tais estudos seja
inseparável da história como disciplina. Esta não tem um objetivo, mas serve a diversos
propósitos, como forte exemplo pode-se citar a unificação de todo o território brasileiro como
um país, tal feito só foi possível graças a formação da identidade do “ser brasileiro” e
formação de tal identidade graças ao estudo e ao ensino da história como ferramenta de
transformação.
Então, a quem serve?
O estudo histórico transpassa os fatos e marcos histórico, para Braudel estudar história dando
foco aos acontecimentos históricos é como o piscar dos vagalumes que nunca conseguem
iluminar completamente a noite, o estudo histórico em seu amago serve ao historiador. É
impossível dissociar o estudo histórico do ensino histórico, assim a historiografia cabe não ao
julgamento, mas ao ato de destrinchar e descobrir. Esta formação histórica serve a
humanidade como proposito de aprendizagem, melhora, de não esquecimento, mas não a fim
de evitar a repetição, afinal para o Dr. João Paulo G. Pimenta, quem diz que se deve estudar a
história para não a repetir não estuda história já que a história não se repete.

A educação, em especial o ensino de história serve a um proposito maior, transformador. Em


correlação entre os supracitados Valdir e Silveira é possível enxergar que tal projeto tem em
seu núcleo o objetivo de modificar a sociedade, de criação de esperança e moldar futuro. Em
suma as mãos invisíveis da educação atuam no presente erigindo aos poucos transformações
sociais para o futuro.
É por essa capacidade transformadora que o projeto de educação como um todo é alvo de
investidas sempre que se move.
A atuação desta é naturalmente um sinônimo de quebra do status quo ou de manutenção dele.

Bibliografia:
ANTÍDOTO. Brasil e Educação, 2022 Disponível em: <(1032) Brasil e Educação Antídoto -
YouTube>. Acesso em: 22/09/2022

BIALIK, Kristen, FRY, Richard. Millenial life: How Young adulthood today compares
with prior generations. 2019. Disponível em: <How Millennials compare with prior generations
| Pew Research Center> Acesso em: 26/09/2022

BOCCHINI, Bruno. Unicef: jovens estão menos otimistas, mas acreditam mais na
educação. 2021. Disponível em: <Unicef: jovens estão menos otimistas mas acreditam mais na
educação | Agência Brasil (ebc.com.br) > Acesso em: 26/09/2022

MATUOKA, Ingrio. Por que o Escola Sem Partido vai contra o papel da escola. 2018.
Disponível em <Por que o Escola Sem Partido vai contra o papel da escola - Centro de Referências
em Educação Integral (educacaointegral.org.br) > Acesso em: 26/09/2022

VIEIRA, Angélica Catarino. TONIOSO, José Pedro. O Ensino da História nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental: Concepções dos Professores Sobre a Prática em Sala de
Aula. 2018
SOUZA João Valdir A. Introdução à Sociologia da Educação. Autêntica. 2015.

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