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A memória familiar na

construção da História
contemporânea de Portugal
HISTÓRIA-B 11
MARTIM DIAS

Doc.1- panfleto, Setembro 1975


Siglas e Abreviaturas utilizadas

PREC- Processo Revolucionário em Curso;

Verão Quente de 1975- Período mais conturbado da mudança do sistema politico em


Portugal (de maio a novembro de 1975);

Cores Revolucionárias (minha interpretação)- Cores associadas aos partido de


extrema-esquerda, o encarnado e amarelo;

Democracias Populares- Regimes Comunistas instalados nos países da europa de Leste


no Pós II Guerra Mundial;

Gonçalvismo- Período compreendido entre o II e o V Governo Provisório, onde Vasco


Gonçalves, fora primeiro-ministro e implementara políticas de nacionalizações;

MFA- Movimento das Forças Armadas

Conselho da Revolução- Órgão de soberania surgido na sequência do golpe


contrarrevolucionário de 11 de março de 1975;

Documento dos nove - Manifesto de resposta aos militares radicais, apresentado ao


presidente da República, general Costa Gomes, pelos militares favoráveis ao
estabelecimento de um regime político pluralista;

COPCON- Foi um comando militar e politico, com o objetivo de intervir diretamente na


manutenção e restabelecimento da ordem.

Doc.2-Capa do Diário de Noticias, Abril de 1975


Caracterização
O panfleto apresentado, datado de 1975, é representativo do período mais
conturbado do PREC, o Verão Quente de 1975. Após a instabilidade vivida durante o
mandato do V Governo Provisório do período constitucional.
Na busca por uma marca desta época, encontrei, juntamente com a minha avó, na
agenda da minha bisavó este mesmo panfleto, que através da digitalização o consegui
apresentar para este trabalho.
É nos passada, a partir de cores revolucionárias , uma mensagem de revolta e contra a
formação do governo que se avizinhava.
A vermelho destacam-se os lemas principais daquela época, objetivadas para
transmitirem a mensagem de uma forma imediata e agressiva. “Nem fascismo, nem
social-fascismo, Governo Popular”, nesta citação, apercebemo-nos da repugnância
pelo sistema que teria o seu apogeu anteriormente, mas também afirma querer impor
um “Governo Popular” , isto é, um executivo inspirado nas democracias populares de
Leste. “Soldados ao lado do povo, e sob a direcção da classe operária”. Um ano e meio
divide este cartaz da revolução de Abril, mas mesmo passados todos estes meses, a
influência militar mantém-se na sociedade portuguesa, que procurava nas milícias um
pilar estrutural na manutenção e na consolidação da democracia. O deslumbramento
por uma democracia livre e pluralista, segundo muitos
simpatizantes dos partidos de extrema- esquerda, era
compatível com o “ditadura do proletariado”,
de modo a assegurar a manutenção do processo revolucionário, distanciando-o assim
do capitalismo.

O gonçalvismo, encontrava-se em decadência, e o então presidente da Républica,


Francisco da Costa Gomes, procurara por uma alternativa a quatro governos
sucessivos de Vasco Gonçalves. “Nenhum apoio ao governo Provisório”, é a primeira
afirmação a vermelho no panfleto, querendo destacar a rejeição ao governo que iria
tomar posse a 19 de setembro de 1975, liderado por Pinheiro de Azevedo.

Significado Histórico
A queda do Regime opressivo de Marcello caetano, trouxe, para a sociedade
portuguesa, um sentimento imediato de liberdade, que embarcou num mar de
reformas político-económicas. A partir da Revolução de Abril, que o MFA, procurara
por um processo de transição rígido e espaçado. As 1ª eleições livres realizam-se num
espaço de um ano, e a 2 de Abril de 1976, a constituição seria aprovada na assembleia
constituinte, que se dissolvera pouco tempo depois.
A fase mais conturbado deste processo de transição deu-se no decorrer da segunda
metade de 1975, aquando Vasco Gonçalves era primeiro-ministro do IV Governo
Provisório. Assaltos a sedes partidárias, e ameaças bombistas marcavam o dia-a-dia
dos portugueses, e em particular dos centros urbanos. O País estava sob um clima
tenso, e a guerra civil era iminente. A 7 de Agosto de 1975, Nove membros do
Conselho da Revolução entregam ao PR um documento, que recusa as vias totalitárias,
que se insurgiam nas milícias portuguesas . Fica conhecido como, o Documento dos
Nove. Esta declaração foi fraturante para todos os portugueses, e principalmente para
os que se destacavam nos quadros militares.
Passado apenas um dia, Costa Gomes dá posse a um novo governo, o V Governo
Provisório, devido a toda a pressão
iniciada com a publicação do
documento dos nove no Jornal
Novo. É também a 9 de agosto de
1975, que o Jornal publica uma
carta aberta de Mário Soares a
Costa Gomes. Mário Soares pede a
demissão de Vasco Gonçalves e
nega categoricamente que a opção
da política portuguesa fosse entre
revolução ou reação, o que é
entendido como sendo um claro
apoio ao Documento dos Nove.

Doc.3- Vasco Gonçalves, 1974-1975

É a 12 de Setembro, que Vasco Gonçalves é definitivamente afastado do cargo de


primeiro-ministro, tendo sido exonerado por Costa Gomes. As negociações para a
formação do VI Governo Constitucional, já haveria começado nos finais de agosto, mas
só apenas a 14 de setembro é que Pinheiro de Azevedo apresenta o programa de
governo (Génese da ideologia governamental). É na sexta-feira seguinte (19 de
setembro), que o governo chefiado por Pinheiro de Azevedo toma posse, onde o
presidente da Republica afirmara “Fechamos hoje um período crítico da nossa
revolução”. A critica começara a cair sob o VI Governo Provisório, e até Otelo Saraiva
de Carvalho anunciara que se o governo iniciar uma “politica de direita”, este marcaria
uma posição desfavorável contra o Governo.
O poder executivo adietou-se e a 26 de setembro do mesmo ano, retira ao COPCON, os
poderes de intervenção para o restabelecimento da ordem pública.

Durante estes acontecimentos, várias foram as manifestações contra a politica do VI


Governo Provisório. E a manifestação do Rossio a 12 de setembro foi mais uma entre
outras tantas, que promoveram a queda do último governo provisório do período
democrático.

Algumas das medidas contestadas deste governo foram:

“ a) Reforçar a autoridade do governo que pretende ser intérprete da vontade


maioritária do povo português pela eficiência e disciplina das forças necessárias ao seu
exercício;
(...)
m) Publicar legislação severamente punitiva dos grupos civis armados.”

- Programa do governo- 14 Agosto 1975


A autoridade era vista como um retrocesso ao período marcelista, e por isso, não
agradara a muitos o acréscimo de autoridade ao poder executivo.
Era através de grupos organizados que se montavam ataques de ambas as fações. E
eram também, estes grupos que muitas vezes estratificavam organizações políticas,
que consequentemente favoreceu um abandono da alínea m) tanto pelos reacionários
como pelos revolucionários .

Avaliação Crítica
Com este Projeto, aprofundei os meus conhecimentos históricos, relativos ao PREC, e
aos governos provisórios. Conheci novos sites fidedignos, onde procurei guias para a
construção deste trabalho.

Webgrafia
GOVERNO PROVISÓRIO VI
https://www.historico.portugal.gov.pt/pt/o-governo/arquivo-historico/governos-
provisorios/gp06.aspx

TOMADA DE POSSE DO VI GOVERNO PROVISÓRIO


https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/acontecimento/tomada-de-posse-do-vi-
governo-provisorio/

O MFA NO PROCESSO REVOLUCIONÁRIO


https://www.scielo.br/j/rbh/a/k7vrdj5Vy5mCLNRrqfKhbHK/?lang=pt

DOCUMENTO DOS NOVE


https://media.rtp.pt/memoriasdarevolucao/acontecimento/documento-dos-nove/

CRONOLOGIA DO PROCESOS REVOLUCIONÁRIO-CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA UC


http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=PulsarAgosto75

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