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UFAM - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FT – FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO E GÁS

Lincoln Carneiro Fabar Dos Santos Junior

ENGENHARIA DE RESERVATÓRIOS I

Manaus

Abril de 2022
Lincoln Carneiro Fabar Dos Santos Junior

Trabalho apresentado à Universidade Federal do


Amazonas, como requisito obrigatório para
obtenção de crédito na disciplina FTP005 –
Engenharia de Reservatórios I.

Docente: Ana Carolina

Manaus

Abril de 2022
1. EFEITO DE PELÍCULA E DANO (OU ESTÍMULO) DE FORMAÇÃO

O efeito de película em uma formação é um modelo matemático, idealizado por van


Everdingen (1953) e Hurst (1953), cuja a finalidade é simular uma situação física causada por
um fenômeno real, que é o dano (ou estímulo) de formação ao redor de um poço. Podendo
ocorrer pelos seguintes fatores:

 Redução da permeabilidade absoluta da formação, causada pelo tamponamento dos


canais interligados pelos poros ou o inchamento de argilas;
 Redução da permeabilidade relativa ao óleo, devido ao aumento da saturação de água
ou gás;
 Aumento da viscosidade do óleo por parafinação, formação de emulsões, etc.

Fatores mecânicos ou mesmo geológicos, tais como a penetração parcial da zona produtora,
canhoneio inefetivo, fluxo turbulento, redução da espessura permeável ou quaisquer outras
anomalias que impliquem na redução da produtividade, são também classificados como dano
de formação. Na maioria das vezes, as causas do dano de formação não são diagnosticadas,
mas seus efeitos são evidenciados através de testes realizados nos poços.

Por exemplo, supõe-se uma situação de um poço danificado onde uma região ao seu
redor se apresente com uma permeabilidade alterada. Caso a permeabilidade da região
alterada (ka) seja menor que a permeabilidade da formação (k), o fluido precisará de uma
energia adicional ao atravessar a região alterada, ocorrendo uma maior queda de pressão nas
imediações do poço.

k ka rw ka k
re

Quando a região alterada se restringe às imediações do poço, normalmente, nota-se


uma variação brusca do gradiente de pressão na interface das duas regiões, e o perfil de
pressão em um determinado instante da produção apresenta o seguinte comportamento:
pe

pa
pw'

pw
ka k
ln rw ln ra ln r

Se não houvesse alteração da permeabilidade do reservatório, a queda de pressão


devida à produção do poço com vazão qw, do ponto ra até o poço, seria dada por:

2 πkh
qw μ
( pa− p w ')=ln
ra
rw( )
Entretanto, a queda de pressão na região alterada é:

2 π ka h
qw μ
( p a− pw ) =ln
ra
rw ( )
Essas duas equações podem ser usadas para a determinação da queda de pressão
adicional devida à alteração da permeabilidade nas imediações do poço:

( )( )
2 πkh k ra
( pw '− p w )= −1 ln
qw μ ka rw

O modelo de efeito de película foi criado para descrever matematicamente o


comportamento físico anterior. Nesse modelo admite-se que toda queda de pressão adicional
devida ao dano de formação ocorra em uma película de espessura infinitesimal junto à parede
do poço.
pe

pw'
Δps
pw

ln rw ln r
A partir deste fenômeno, pode ser definido um fator adimensional s, denominado fator
de película, que representa a queda de pressão devida à alteração das características do
reservatório. Assim,

2 πkh
qw μ w
( p ' − pw ) =s

ou

2 πkh
∆ p s=s
qw μ

Assim, durante o regime transiente de fluxo, normalmente pode ser empregada a


aproximação logarítmica em substituição à solução da função integral exponencial. A equação
pode ser escrita como:

2 πkh 1
( p − p )= ln
qw μ i w 2 (
4 kt
2
γϕμ c t r w
+s
)
Para o caso específico de alteração de permeabilidade, a relação entre o fator s, as
permeabilidades e o raio da região alterada podem ser obtidos comparando-se as equações
anteriores.

( kk −1) ln ( r )
ra
s=
a w

Observa-se que quando ka < k, o valor de s é positivo e a indicação é de dano da


formação. Para ka > k, o valor de s é negativo, indicando estímulo do poço. Quando s = 0 a
produtividade do poço é a original.

Índice de Produtividade

Uma outra maneira de se verificar a produtividade de um poço é através da razão de


dano, que é a relação entre os índices de produtividade teórico e real do poço. O índice de
produtividade de um poço é a relação entra a vazão de produção e o diferencial de pressão
necessário para se obter essa vazão:

qw
IP=
pi −p w
Portanto, a razão de dano é dada por:

p i − pw
RD=
p i− pw −∆ p s

Razões de dano maiores que 1 indicam poço danificado. A equação também pode ser escrita
como:

1 ∆ pS
=1−
RD pi − p w

Para um poço produzindo com vazão constante de um reservatório infinito (regime


transiente), pw está em função do tempo e as equações produzem:

2s
RD=1+
ln
( 4 kt
2
γϕμ c t r w )
Superposição de Efeitos

Se for utilizada a solução do modelo da linha fonte para representar a queda de pressão
no poço quando há presença de efeito de película, a expressão a ser empregada é:

[ ( ) ]
2
qw μ 1 ϕμ c t r w
∆ p(r=r w , t) ≡∆ p w (t)= Ei +s
2 πkh 2 4 kt

Aplicando-se o princípio da superposição de efeitos ao esquema acima, obtém-se:

{ ( ) ( ) ( ) }
2 2 2
μ 1 ϕμ c t r w 1 ϕμ c t r w 1 ϕμ c t r w
∆ p w ( t N )= q 1 Ei + ( q2−q 1 ) E i +⋯+ ( q N −q N−1 ) Ei +q N s
2 πkh 2 4 k tN 2 4 k ( t N −t 1 ) 2 4 k ( t N −t N−1 )

2. PRODUTIVIDADE DE POÇOS EM REGIMES ESTABILIZADOS DE POÇO

Quando se estuda os regimes estabilizados de fluxo, em geral é conveniente encontrar-


se uma equação para o cálculo da vazão, em função das pressões estáticas e de fluxo em um
determinado momento de vida produtiva do poço. Essa equação permite a estimativa da
produtividade do poço em um regime estabilizado de fluxo.

Fluxo Pseudopermanente

No regime pseudopermanente o índice de produtividade é definido pela relação:


qw
IP=
p− pw

Onde p é a pressão estática do reservatório, pw é a pressão de fluxo no poço e q w.

No caso de fluxo radial pseudopermanente de líquido, a pressão estática p é igual à


pressão média na região de drenagem do poço, e pode ser encontrada através de uma média
ponderada em função do volume drenado:

re

∫ pdV
rw
p= re

∫ dV
rw

Pela qual se obtém a expressão, junto à adição do fator volume-formação para o


cálculo nas condições-padrão:

2 πkh ( p− pw )
q w=

[ ( )]
Bμ re 3
ln −
rw 4

E o índice de produtividade é dado por:

2 πkh
IP=

[() ]
Bμ ln
re 3

rw 4

Para uma geometria qualquer, a equação pode ser generalizada introduzindo-se o fator
de forma ou de geometria CA, que pode mudar de acordo com a geometria a ser estudada.
Incluindo-se o fator de película, a equação passa a ser dada por:

2 πkh ( p− pw )
q w=

[ ( )]
Bμ 1 4A
ln +s
2 2
γ C A rw

Ou,

2 πkh ( p−p w )
q w=

[ ( ]
Bμ 1
2
ln
2,2458 A
2
C A rw
+s
)
Onde A é a área horizontal do reservatório. Deve-se observar que o valor de C A =
31,62 serve para o caso de um poço localizado no centro de uma área de drenagem circular.
Aplicando a definição de índice de produtividade no regime pseudopermanente, uma outra
alternativa incluindo o efeito de película, será:

2 πkh
IP=

[ ( )]
1
2
ln
4A
2
γ CA rw
+s

E a razão de dano,

(IP)teórico q w /( p−p w −∆ p s)
RD= =
(IP)real q w /( p−p w )

Obtendo-se da expressão:

2s
RD=1+
ln
(4A
2
γ CA r w )
E para esta geometria, o tempo adimensional é dado por:

kt
t DA =
ϕμc t A

De forma mais geral, a expressão para a vazão no regime pseudopermanente é formulada por
Drake, 1978:

2 πkh ( p− pw )
q w=

[ ( ) ]
Bμ 1 4A
ln + s+ sm + D q w
2 γ C A rw
2

Em que s é o fator de película devido à penetração parcial, à restrição ao fluxo imposta


pelos canhoneios e as eventuais estimulações, tais como acidificação e/ou fracking; sm é o
chamado fator de película mecânico, devido aos danos eventualmente causados ao poço,
durante as operações de perfuração e de completação; e Dqw é o fator de dano causado pela
turbulência localizado no fluxo ao redor do poço, onde as velocidades de fluxo são mais altas
do que no interior do reservatório. O fator de turbulência geralmente é desprezado em fluxos
líquidos, sendo mais importante nos poços produtores ou injetores de gás, onde a velocidade
de fluxo nas imediações é bem mais alta, devido à baixa viscosidade do gás.
Outra forma de se expressar o fluxo pseudopermanente é utilizar o fator de forma ou
geometria CA em termos de um fator de película de referência, como o fator de geometria
circular com poço no centro, CA = 31,62. Define-se assim o fator de forma-película, s CA, por
meio da expressão:

1 1
sCA = ln(C Aref /C A )= ln(31,62/C A )
2 2

Para a área de drenagem circular, a equação da vazão pode ser reescrita:

2 πkh ( p− pw )
q w=

[() ]
Bμ re 3
ln − + s + s+ s m + D qw
r w 4 CA

Para o caso de fluxo radial, a equação do regime pseudopermanente pode ser escrita
também em termos do tempo adimensional. Para uma geometria qualquer, o comportamento
da pressão adimensional no poço é dado pela expressão:

1 A 1
pwD =2 π t DA + ln 2 + ln
2 rw 2 ( ) ( )
4
γCA

Fluxo Permanente

No caso de fluxo radial permanente, em geral define-se o índice de produtividade


como sendo:

qw
IP=
p e− p w

Vazão:

2 πkh ( pe − pw )
q w=
Bμ ln (r e /r w )

Índice de Produtividade:

2 πkh
IP=

[()]
Bμ ln
re
rw
+s

A razão de dano será dada por:


s
RD=1+
ln ( r e /r w )

É de suma importância lembrar que no caso de fluxo permanente, a pressão estática, a


qual o reservatório atingiria se mantido o poço fechado por um tempo muito grande, difere da
pressão média no instante do fechamento. A pressão média pode ser determinada de modo
similar ao empregado para o caso de fluxo pseudopermanente, resultando em:

2 πkh ( p−p w )
q w=

[() ]
Bμ re 1
ln − +s
rw 2

3. RAIO EFETIVO DE UM POÇO

Uma outra forma de predefinir o dano ou estímulo do poço com a inclusão do efeito de
película nas equações de fluxo, é por meio do conceito do raio efetivo ou equivalente de um
poço. O raio efetivo seria o valor do raio do poço a ser utilizado nas equações de fluxo, com o
objetivo de substituir o efeito do fator de película s. Por exemplo, para um fluxo radial
permanente, a expressão da vazão de um poço danificado ou estimulado, é dada por:

2 πkh ( pe − pw )
q w=
Bμ [ ln ( r e /r w )+ s ]

Seria modificada para:

2 πkh ( pe − pw )
q w=
Bμ [ ln( r e / r w ') ]

Em que,

1 1
=
ln (r e /r w ') ln (r e /r w )+s

Portanto,

−s
r w '=r w e

4. RESERVATÓRIOS NATURALMENTE FRATURADOS

A maioria dos modelos físicos e matemáticos estudados anteriormente supõem que o


meio poroso que constitui o reservatório seja homogêneo e isotrópico, isto é, que a porosidade
seja igual em todos os pontos do reservatório e que a permeabilidade não varie com a direção
considerada. Mesmo que haja variações de porosidade e de permeabilidade, os reservatórios
admitidos como sendo convencionais não apresentam variações bruscas de porosidade e/ou
permeabilidade ao longo de sua extensão. No entanto, os reservatórios naturalmente
fraturados são uma exceção, exibindo uma marcante heterogeneidade. Esse tipo de
reservatório é marcado por um meio poroso conhecido como dupla-porosidade, formado por
uma rocha matriz e um sistema de fraturas ou fissuras naturais.

O reservatório fraturado real pode ser representado como um meio heterogêneo


enquanto o idealizado é constituído de paralelepípedos.

Formação Real Formação Idealizada

Matriz
Matriz Fratura Fratura

O comportamento do fluxo em reservatórios naturalmente fraturados difere


consideravelmente do que ocorre nos reservatórios convencionais. De uma maneira bastante
simplificada, pode-se dizer que em um reservatório naturalmente fraturado ocorrem quatro
regimes de fluxo quando o poço produz com vazão constante:

a) Fluxo transiente nas fraturas;


b) Período de transição;
c) Fluxo transiente no sistema total (fatura + matriz);
d) Fluxo permanente (se o reservatório é realimentado externamente) ou
pseudopermanente (se o reservatório não é realimentado externamente).
5. PRODUTIVIDADE DE POÇOS VERTICAIS

As principais formas de se aumentar a produtividade de um poço ou remover o seu


dano é através de operações de acidificação ou fraturamento hidráulico. Na operação de
acidificação ocorre a injeção de uma substância ácida no poço produtor, removendo um
eventual dano existente nas imediações do poço ou até aumentando a permeabilidade da
formação, por meio da dissolução de parte do material rochoso que compõe a formação.

Uma outra forma de se aumentar a produtividade é a operação de fracking. Neste tipo


de procedimento, é induzida uma fratura artificial de maior condutividade que a rocha-
reservatório. Esta fratura se torna um canal de alta permeabilidade, facilitando o escoamento
dos fluidos em direção ao poço produtor, ou do poço para o interior do reservatório, no caso
de um poço injetor.

A tendência é que as fraturas artificiais percorram um plano ou direção de fratura


perpendicular as direções de menor tensão. Assim, com exceção de poços pouco profundos,
as fraturas geralmente são verticais.

Enquanto em poços convencionais as fraturas artificiais podem aumentar


consideravelmente os índices de produtividade, nos reservatórios naturalmente fraturados isso
pode não ocorrer, pois em reservatórios naturalmente fraturados, as fraturas artificiais tendem
a ser paralelas às naturais, não resultando em incrementos significativos dos índices de
produtividade dos poços.

xf xf

L L
O ideal em uma operação de fraturamento seria a criação de uma fratura de longa
extensão e de alta condutividade, de preferência infinita, tal que não houvesse queda de
pressão durante o fluxo de fluidos no seu interior. Na prática, no entanto, isso não acontece, e
as fraturas artificiais acabam tendo comprimentos limitados e condutividades finitas. Do
ponto de vista matemático, são considerados três tipos de fratura. Como mostra a figura
abaixo:

a) Fluxo uniforme;
b) Condutividade infinita;
c) Condutividade finita.
Fratura Vertical
q*

a)

Poço

b)

c)

Na qual q* é a densidade de fluxo ao longo do comprimento da fratura, isto é, q* é a


vazão de fluido que penetra na fratura por unidade de comprimento.

No modelo de fluxo uniforme (a)a, a densidade de fluxo q* é a mesma para toda a


extensão da fratura. Nesse modelo ocorre uma queda de pressão finita no interior de fratura.
Um poço artificialmente fraturado, com fratura de fluxo uniforme, pode ser comparado a um
poço não fraturado com um raio efetivo ou equivalente dado por (Joshi, 1991):

'
r w =L/(2 e)=x f /e , onde e=2,718

No modelo de fratura com condutividade infinita (b), se considera que a pressão seja
uniforme ao longo do comprimento da fratura. Nesse modelo a densidade de fluxo é máxima
nas extremidades da fratura e mínima no centro da fratura. O raio efetivo ou equivalente é
obtido através da expressão (Joshi, 1991):

r 'w =L/4=x f /2 , para x f / x e ≤ 0,3

Onde xe é a metade de uma área de drenagem quadrada.

A prática de modelo mais comum é provavelmente é o de fratura com condutividade


finita (c). De acordo com a figura, a forma da curva de q* varia ao longo do comprimento em
relação a sua condutividade, de forma a diminuir a medida que se distancia do poço e aumenta
quando começa chegar próximo da extremidade da fratura, onde a densidade é máxima.

Agarwal et al (1979) definem a condutividade adimensional de uma fratura (F CD)


como sendo:

F CD =k f b f / ( k x f )

Onde kf é a permeabilidade da fratura, bf é a largura da fratura, k a permeabilidade da


formação e xf a metade do comprimento da fratura. O valor do raio efetivo de um poço, no
caso de uma fratura de condutividade finita, pode ser estimado através do seguinte gráfico:

Fonte: Rosa, 2006


Para FCD < 0,1, estimado através da equação (Cinco-Ley et al,1987):

'
r w =0,2807 k f bf / k

As companhias de serviço que realizam fraturamentos hidráulicos normalmente


fornecem estimativas dos produtos kfbf, bem como o comprimento de fratura. O valor de xf
pode ser estimado a partir da análise de testes de pressão realizados nos poços.

Segundo Joshi (1991), o resultado de um fraturamento pode ser considerado pobre


quando FCD < 10, entre bom e excelente quando 10 < FCD < 50, e excelente quando FCD > 50.

6. CONE DE ÁGUA E/OU GÁS EM POÇOS VERTICAIS

A formação de cones de água em reservatórios de gás que possuem aquífero de fundo


atuante é um fenômeno que pouco foi estudado e que vem atormentando a indústria
petrolífera há décadas, pois pode levar ao abandono completo dos poços devido aos altos
custos para se lidar com a produção de água associada, acarretando sérios prejuízos para o
projeto. (Alves, 2013).

Um cone de água ocorre quando o contato óleo/água eleva-se mais nas imediações de
um poço produtor, provocando um aumento na razão água/óleo, com consequente perda de
produção de óleo. Por isso, ações devem ser tomadas para se minimizar ou pelo menos
retardar a formação desses cones. Em um reservatório onde não haja capa de gás, por
exemplo, uma dessas ações consiste em se completar o intervalo produtor somente em sua
parte superior. Por outro lado, em um poço com capa de gás, deve-se canhonear nas partes
inferiores do intervalo, para se evitar ou minimizar a formação de um cone de gás. E
finalmente, se um poço possui tanto um aquífero de fundo como uma capa de gás, seja ela
primaria ou secundária, então o poço deve ser canhoneado no centro do intervalo da zona de
óleo ou logo abaixo do centro, ou seja, mais próximo do aquífero do que da capa de gás.

Embora as propriedades dos fluidos envolvidos possam acentuar a formação de cones


de água e/ou gás, é o diferencial entre a pressão do reservatório e a pressão de fluxo no poço
que causa a ocorrência do cone, principalmente porque nas imediações de um poço vertical o
gradiente de pressão no reservatório é máximo. Um reservatório de baixa permeabilidade tem
mais chances de formar um cone que um de alta permeabilidade, já que são necessários altos
diferenciais de pressão. Em casos de reservatórios naturalmente fraturados, especialmente
naqueles em que há um grande número de fraturas verticais, podem ocorrer sérios problemas
de formação de cone, apesar da alta permeabilidade. Isso se deve porquanto a água flui
através das fraturas de alta condutividade. Nesse caso, a probabilidade de formação de cones
pode ser reduzida através da diminuição da vazão de produção, ou através do uso de poços
horizontais.

7. POÇOS HORIZONTAIS

Apesar dos sistemas de produção e injeção de fluidos em reservatórios de petróleo


continuarem a utilizar em sua maioria poços verticais, nas últimas décadas tem sido crescente
o uso de poços inclinados e até mesmo horizontais, devido à suas vantagens, tanto do ponto
de vista técnico quanto econômico, em diversas situações. Um de seus principais objetivos é o
de aumentar o IP ou IJ do mesmo, quando comparado ao de um poço vertical. Isso ocorre
devido a uma maior área de reservatório abrangida, no caso do poço horizontal.

Inicialmente, pelo seu alto custo e aplicações específicas, os poços horizontais tiveram
pouca aplicação. A partir do início da década de 1980, no entanto, o uso desse tipo de poço
passou a ser mais frequente, devido ao desenvolvimento de novas técnicas de perfuração e de
completação, o que reduziu os problemas técnicos antes enfrentados e os custos.

Em comparação aos poços verticais, os poços horizontais apresentam muitas


vantagens em alguns casos. Quando a formação produtora possui pouca espessura, por
exemplo, pode ser utilizado um poço horizontal, pois um único poço horizontal pode ser
equivalente à vários poços verticais em termos de área exposta ao fluxo da formação para o
interior do poço. Sua utilização não se limita somente à poços não-fraturados, mas também
em casos de poços naturalmente fraturados, onde o seu uso é interessante pelo fato do poço
horizontal poder interceptar diversas fissuras ou fraturas. Problemas de cone de água ou gás
também podem ser minimizados com a utilização de poços horizontais. Poços horizontais têm
sido usados em projetos de recuperação secundária convencional (injeção de água) e em
métodos especiais de recuperação secundária (injeção de polímero, injeção de miscíveis), com
o objetivo de aumentar a eficiência de varrido (Joshi, 1991).

Poço Vertical Poço Horizontal

reh
rev h h

óleo L
2rw

8. REFERÊNCIAS

 Rosa, A. J., Carvalho, R. S., Xavier, J. A. D., Engenharia de reservatório de petróleo,


editora Interciência, 2006.
 Joshi, S.D. "A Review of Horizontal Well and Drainhole Technology." Paper
presented at the SPE Annual Technical Conference and Exhibition, Dallas, Texas,
September 1987.
 Van Everdingen, A.F.. "The Skin Effect and Its Influence on the Productive Capacity
of a Well." J Pet Technol 5 (1953): 171–176.
 Hurst, W.: Establishment of the Skin Effect and its Impediment to Fluid Flow into a
Well Bore. Pet. Eng, B-6 through B-16. Oct. 1953
 Agarwal, R.G., Carter, R.D., and C.B. Pollock. "Evaluation and Performance
Prediction of Low-Permeability Gas Wells Stimulated by Massive Hydraulic
Fracturing." J Pet Technol 31 1979.

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