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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ

Área: ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS


Componente Curricular: OPERAÇÕES UNITÁRIAS I
Carga horária: 80 h/a
Professor: Gustavo Lopes Colpani

1 BOMBEAMENTO E INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS – PARTE II

1.2 Curva Característica de Bombas

As curvas características são representações gráficas, obtidas de forma


experimental, conforme Figuras 19 e 20, que descrevem as características operacionais
de uma bomba, permitindo relacionar:

Pressão de descarga (Hm, altura manométrica);


Capacidade, Q;
Eficiência, η;
Potência, P.

Figura 19 – Curva característica de bombas.

ηx Q
Hm Hm x
Q
P
PxQ η

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Figura 20 – Experimento para obtenção de curvas características de bombas.

Fonte: Silva, 2003.

A altura manométrica é a medida de altura de uma coluna de líquido que a


bomba poderia criar resultante da energia cinética que a bomba fornece ao fluido. A
principal razão para usar altura ao invés de pressão para medir a energia de uma bomba
centrífuga é que a pressão variará dependendo da densidade (ρ) do fluido, porém a
altura permanecerá a mesma.
Analisando o gráfico, observa-se que:

Com o aumento da vazão há necessidade do aumento de potência, pois ocorre


conversão de energia mecânica a calor.
Aumentando a vazão, aumenta η até um ponto máximo, ocorrendo
posteriormente uma queda devido às perdas por cavitação, vibração e/ou energia
fornecida ao sistema.
Aumentando a vazão, diminuímos a altura manométrica, devido perda de carga
por atrito.

Para uma mesma carcaça, a intensidade das forças centrífugas geradas no rotor
varia com as dimensões, forma e número de giros deste dispositivo. No entanto, para
determinado rotor, com forma, diâmetro e rotação definidos, a curva característica da
bomba não muda, qualquer que seja o fluido bombeado.
A curva característica da bomba depende somente da forma, diâmetro e
velocidade de rotação (rpm), e independe do fluido. Para uma bomba operando com um
fluido incompressível, sem cavitação, onde a geometria da bomba é específica, o
aumento da pressão pode ser expresso como:
(
∆P = f Q a , µ b , ρ c , N d , D e )
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Portanto, dependendo da variação ou comportamento destas variáveis, o
comportamento da curva característica da bomba também é alterado. Avaliemos
algumas situações:

Diâmetro do rotor (D): mantendo-se a forma do rotor e velocidade de rotação


constante, conforme Figura 21.

Figura 21 – Curva característica com variação de diâmetro do rotor.

Hm

D2 D2 > D1
D1

Q
As equações que regem as regras de afinidade são:

2 3
Q2 D2 H 2  D2  P2  D2 
≈ ≈  ≈ 
Q1 D1 H 1  D1  P1  D1 

onde o subscrito (1) representa a condição projetada e o subscrito a condição desejada.

Rotação (N): (N2 > N1)

2 3
Q2 N 2 H 2  N2  P2  N 2 
≈ ≈  ≈ 
Q1 N1 H 1  N 1  P1  N1 

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Forma do rotor :

Figura 20 – Curva característica com variação na forma do rotor.

Hm
(1) - Rotor estreito
(2) - Rotor largo
(2)
(1)

Q
- Para mesma rotação: Q2 > Q1
- Para mesma vazão: Hm2 > Hm1

Bombas para grandes alturas e pequenas vazões: rotores grandes com aletas
estreitas.
Bombas para pequenas alturas e grandes vazões: rotores pequenos e aletas largas.

Exemplo 01: Uma bomba com as características dadas na Fig. 21.17 (Foust) é usada
para dar uma vazão de 275 gal∙min-1 a uma pressão de 80 ft. Qual o diâmetro do rotor
que se deve usar? Qual a potência dissipada? Qual a eficiência da bomba? Qual o NPSH
da bomba?
(Pág. 521, Foust Fig. 21.17)

2.3 Curva Característica do Sistema

O sistema pode ser representado graficamente pela Figura 23, sendo


consideradas perdas de carga (∆h) devido configurações da tubulação e a altura estática
(Hg) por desníveis entre sucção e descarga.
Portanto, esta curva é obtida pela seguinte equação:

∆P ∆u 2
HM = + + lwf + ∆z
γ 2g
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Figura 21 – Curva característica do sistema.

A intersecção das curvas características da bomba e do sistema é necessária para


se definir os parâmetros ideais para a operação da bomba, sendo possível atingir o
rendimento máximo. Esta intersecção é determinada de Ponto de Trabalho, sendo
demonstrados exemplos na Figura 24.

Figura 24 – Modelos de sistemas e curvas características correspondentes.

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2.4 NPSH (Net Positive Suction Head)

Esta grandeza representa a disponibilidade de energia com que o fluido é


introduzido na sucção da bomba e que a ele permitirá atingir a borda das hélices do
rotor. Em termos técnicos, o NPSH define-se como a diferença entre a carga estática na
entrada de sucção e a carga correspondente à pressão de vapor do líquido na entrada da
bomba.

NPSH = hSUCÇÃO − P V

P0  PV 
NPSH = −  + Δz + lwf s + lwf b 
γ  γ 

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Para que se possa estabelecer, comparar e alterar os dados da instalação, se
necessário, é usual desmembrar-se os termos da fórmula anterior, a fim de obter-se os
dois valores característicos (instalação e bomba), sendo:

NPSH disponível: é a carga residual disponível na instalação para sucção do fluido.


Diferença entre a carga na entrada da bomba e a carga correspondente a Pv.

P0  PV 
NPSH disponível = NPSH d = −  + Δz + lwf s 
γ  γ 

NPSH requerido: é a carga exigida pela bomba para aspirar o fluido do poço de
sucção. Este dado é fornecido pelo fabricante da bomba.

P0  PV 
NPSH requerido = NPSH r = −  + Δz + lwf b 
γ  γ 

Por correlação entre as equações acima:

NPSH d − lwf b = NPSH r − lwf s

Normalmente lwf b > lwf s , sendo NPSH d > NPSH r .

2.5 Cavitação

Quando a condição NPSHd > NPSHr não é garantida pelo sistema, ocorre o
fenômeno denominado cavitação. Este fenômeno dá-se quando a pressão do fluído na
linha de sucção adquire valores inferiores ao da pressão de vapor do mesmo, formando-
se bolhas de ar, isto é, a rarefação do fluído (quebra da coluna de água) causada pelo
deslocamento das pás do rotor, natureza do escoamento e/ou pelo próprio movimento de
impulsão do fluído.
Estas bolhas de ar são arrastadas pelo fluxo e condensam-se voltando ao estado
líquido bruscamente quando passam pelo interior do rotor e alcançam zonas de alta
pressão. No momento desta troca de estado o fluído já está em alta velocidade dentro do

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rotor, o que provoca ondas de pressão de tal intensidade que superam a resistência à
tração do material do rotor, podendo arrancar partículas do corpo, das pás e das paredes
da bomba, inutilizando-a com pouco tempo de uso por conseqüente queda de
rendimento da mesma. O ruído de uma bomba cavitando é diferente do ruído de
operação normal da mesma, pois dá a impressão de que ela está bombeando areia,
pedregulhos ou outro material que cause impacto. Na verdade, são as bolhas de ar
“implodindo” dentro do rotor. Para evitar a cavitação de uma bomba, dependendo da
situação, devem-se adotar as seguintes providências:

Reduzir a altura de sucção e o comprimento desta tubulação, aproximando, ao


máximo, a bomba da captação.

Reduzir as perdas de carga na sucção, aumentando o diâmetro dos tubos e


conexões.

Refazer todo o cálculo do sistema e a verificação do modelo da bomba.

Quando possível, sem prejudicar a vazão e/ou a pressão final requeridas no


sistema, pode-se eliminar a cavitação trabalhando-se com registro na saída da
bomba ”estrangulado”, ou, alterando-se o(s) diâmetro(s) do(s) rotor(es) da
bomba. Estas, porém, são providências que só devem ser adotadas em último
caso, pois podem alterar substancialmente o rendimento hidráulico do conjunto.

2.5.1 Balanço de energia


O balanço de energia mecânica para a Figura 25 segue a equação de Bernoulli.

Figura 25 – Sistema de bombeamento.

hs
hs > 0
0

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∆u b2 ∆P
+ + g∆Z + lw f = 0
2 ρ

Considerando que:

γ = ρ.g; Z1 = hS;
u0 = 0; Po = Patm;
Zo = 0. lwf = lwfs + lwfb;

onde
lwfs = perda de carga por atrito na sucção;
lwfb = perda de carga ligada à geometria e tipo de rotor.

Assim:
u12 − u02 P1 − P0
+ + (Z1 − Z 0 ) + lw f = 0
2g γ

u12 P1 − Patm
+ + hS + lwfs + lwfb = 0
2g γ
2
P − P1 u 1
hs= atm − − lwfs− lwfb
γ 2g
A cavitação ocorre quanto P1 ≤ Pv , ou seja, quando a pressão do sistema na
sucção é igual ou menor à pressão de vapor do fluido, portando é possível calcular-se a
altura máxima na sucção:
Patm  Pv u12 
hs MAX ≤ −  + + lwfs + lwfb 
γ  γ 2g 

Obs: Na prática hsMAX deve ser relativamente menor por questões de segurança.

Exemplo 02: Calcular a altura máxima de sucção para bombear água a 30 oC, sabendo-
se que se deseja bombear 5 m3/h em uma tubulação de ferro galvanizado de 2” e Sch 40,
com uma válvula pé de tampão articulado.

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2.6 Associação de Bombas Centrífugas
Muitas vezes é necessário a utilização de mais de uma bomba centrífuga para
exercer determinada tarefa em um sistema. Esta associação pode ser:

a) Em série
A associação de bombas em série é utilizada para desenvolver grandes pressões.

A vazão da série é mantida constante: Qsérie = Q1 = Q2.


A altura de elevação da série é a soma da altura desenvolvida por cada bomba:
Hsérie = H1 + H2.

Para bombas iguais:

Hm

Sistema
HSérie
Série

H1
1
H2
2
QSérie Q

a) Em paralelo
A associação de bombas em paralelo é utilizada para desenvolver grandes
vazões. As bombas devem ser iguais.

A pressão (altura de elevação) da associação paralelo é mantida constante:


Hparalelo = H1 = H2.

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A vazão da associação é a soma das vazões de cada bomba:
Q Paralelo = Q1 + Q 2 + ... + Q N = N ⋅ Q i

Hm

1e2 Sistema
Paralelo

Q1 e Q2
Q

2.7 Velocidade Específica de uma Bomba Centrífuga


É a velocidade, em rpm, em que um bomba teórica, geometricamente
semelhante à bomba real, operaria com o máximo de eficiência. Esta bomba,
determinada Bomba Unidade é capaz de levantar 75 kg de água a 1 m durante 1 s, ou
seja, potência de 1 hp.
A determinação da velocidade específica permite a identificação da bomba
quanto ao escoamento interno e que é uma grandeza muito importante para o fabricante
deste tipo de equipamento
A partir da teoria dos modelos semelhantes e da análise dimensional:

3,65 ⋅ n ⋅ Q
NS =
H 0 ,75
onde:

NS = Velocidade específica, rpm.


n = Velocidade real da bomba, rpm.
Q = Vazão na velocidade n, m3/s.
H = Carga total por estágio, m.

ou ainda,
n⋅ Q
NS =
H 0 , 75
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onde:
NS e n = [rpm]
Q = [gal/min]
H = [ft]

Exemplo 03: Uma bomba centrífuga, cujas características são dadas na tabela abaixo, é
utilizada para elevar água (27oC), através do sistema da figura abaixo. O sistema é
composto por 8 m de tubulação de ferro fundido de 2 in Sch 40 na sucção e 65 m de
tubulação de ferro fundido de 2 in Sch 40 na descarga. Calcule:
a) a vazão, em l/s.
b) a potência real da bomba.

Características da bomba:
Vazão (l/min) Carga (m) Rendimento (%)
0 36,6 0
37,8 36,4 13
75,6 35,7 23,5
113,4 34,4 31,6
151,2 32,8 37,5
189,0 30,6 42,2
227,0 28,4 42,5
264,4 25,9 41,7
302,5 23,5 39,5

Joelho padrão 90o

1 16,5m

Válvula gaveta
totalmente aberta
2,7m

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Exemplo 04: Utilizar-se-á uma bomba centrífuga com NPSH requerido de 3,2 m para
bombear etanol puro de um reservatório subterrâneo para um caminhão tanque. A
tubulação é de ferro fundido de 2” e sch 40. O sistema, no lado da sução, esta
representado na figura abaixo. Esta bomba poderá ser utilizada para este serviço?

Dados para o etanol: ρ = 789 Kg/m3 µ = 1,1x10-3 Kg/(m.s)


PV = 60 mmHg Q = 15 m3/h

Joelho padrão
Válvula gaveta aberta

3,5 m 4,5 m

1 P1

1,5 m P1 = 800 mmHg

Válvula pé

1.9 Anexos

1.9.1 Tabela Schedule

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