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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLOGICA E DA SAÚDE – CCBS

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROFESSOR: JOSENALDO LOPES DIAS

COMPONENTE CURRICULAR: DESENVOLVIMENTO E APREDIZAGEM MOTORA

LUÍS FILLIPE DE ALMEIDA LEITE – RDM: 221150226

ARTHUR HENRIQUE AMORIM ALVES – RDM: 212150480

ACOPLAMENTO ENTRE INFORMAÇÃO VISUAL E OSCILAÇÃO


CORPORAL EM CRIANÇAS COM DISLEXIA

CAMPINA GRANDE

2022
1. COMENTÁRIO GERAL
A dislexia desenvolvimental é caracterizada pela dificuldade de aprendizagem
do indivíduo na leitura, escrita e ação motora, sem nenhuma causa especifica, mas
pode estar relacionada a uma desordem neurocomportamental. O artigo mostra esse
fato através de um estudo feito, para examinar a relação entre informação sensorial e
ação motora, utilizando estratégia de manipular o fornecimento da informação
sensorial de um dado canal sensorial, com o objetivo de verificar as consequências
motoras a que tal manipulação induz, por isso foram colocados em uma sala móvel
dois tipos de pessoas: dez crianças que apresentam algum grau de dislexia e dez
crianças que não apresentam. A sala móvel, local onde foi feito o experimento, é
constituída por 3 paredes e um teto montado sobre quatro rodas, na qual possibilitava
o movimento do teto para frente e para trás, com intuito de analisar a postura corporal
dos dois grupos de crianças.
A sala possui dimensões de: 2,1 x 2,1 x 2,1 metros. As paredes da sala são
pintadas de preto e branco fazendo listras verticais intercaladas, para obter
informações visuais das crianças, através de estímulos. Os movimentos realizados na
sala, são controlados por um mecanismo chamado de “servomecanismo”, que era
constituído por um controlador e um servomotor, que são acionados e controlados por
um computador que possui alguns programas específicos para esta área.
Para identificar a oscilação antero-posterior e médio-lateral que ocorria nas
crianças, foram feitas capturas através de um sistema de análise tridimensional de
movimento, que são sensores que contém infravermelho, colocados entre as
escápulas das crianças. Mais sensores foram colocados nas paredes para obter mais
resultados, onde os sinais eram captados com uma frequência de 10Hz.
Em relação a oscilação corporal das crianças, foi notado que as crianças que
apresentam dislexia tinham maior oscilação corporal durante o experimento. Essa
oscilação corporal teve influencia pela informação visual das crianças, que acontecia
durante a movimentação da sala. Ambos grupos apresentaram mais oscilação na
frequência de 0,2 Hz do que na 0,5 Hz.
Já ao acoplamento entre a oscilação corporal e a informação visual, ela foi
maior no grupo de crianças sem dislexia, aonde a frequência mais forte foi de 0,2 Hz.
O relacionamento temporal foi similar aos dois grupos, porém, o grupo sem dislexia
teve maior estabilidade neste relacionamento. O desvio angular que ocorreu no
estudo, foi maior no grupo de dislexia, mas nenhuma diferença foi observada entre os
grupos.
No momento em que a sala foi movimentada na frequência de 0,5 Hz, a
oscilação corporal das crianças foi atrasada em relação ao movimento realizado na
sala, sendo 120 graus aproximado de atraso temporal. O desvio angular foi maior
quando a sala estava na frequência de 0,5 Hz do que na frequência de 0,2 Hz.
Portanto, nota-se que a estrutura temporal é a mesma entre os grupos o movimento
desencadeou instabilidade entre todas as crianças, entretanto o acoplamento entre a
oscilação corporal e a informação visual foi mais fraco e mais variado em crianças
com dislexia, no qual elas recebem a informação sensorial e conseguem realizar a
ação motora, porém a sua performance do controle postural não é efetuada de forma
precisa e consciente, ou seja, crianças com esse problema possui não só alta
dificuldades na leitura e escrita, como também transcende para outros campos de
aprendizagem e seu desenvolvimento. Como indica Skottun (2001), a dislexia estaria
relacionada com déficits visuais, considerando especialmente o tamanho do estímulo
visual (neste caso, o tamanho das letras), assim crianças com dislexia possui
problemas em selecionar informações mais úteis e relevantes para a realização da
tarefa, neste caso, a informação visual proveniente do movimento da sala móvel.
Interessante é que quando a qualidade de um estímulo visual foi aumentada, a
identificação deste estímulo melhorou (TALCOTT et al., 2000), sugerindo que crianças
disléxicas conseguem realizar a tarefa quando o estimulo sensorial está adequado,
mas que infelizmente no presente estudo tal manipulação não foi produzida.

• DÚVIDA: Atualmente, parece consenso que dislexia


desenvolvimental está relacionada a desordem
neurocomportamental (PAULESU et al., 2001; RAMUS, 2001), e duas
linhas de possíveis causas têm sido sugeridas. Para um grupo de
estudiosos, a dislexia desenvolvimental seria decorrente de déficits
visuais (GOLDIE et al., 1994; FACOETTI ET et al., 2000; FACOETTI
et al., 2001) relacionados à problemas na formação das células M
ou magnocélulas que formam o caminho retino cortical
(CRAWFORD; HIGHAM, 2001). Para outro grupo de estudiosos, a
dislexia desenvolvimental seria decorrente de problemas no
cerebelo, responsável por integrar informações sensoriais
provenientes de diferentes canais e utilizar estes sinais para a
produção de ações motoras (NICOLSON et al., 2001; NICOLSON,
2001; NICOLSON et al., 2002).

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