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Avaliação - Elementos da Análise do Discurso

Henrique Gomes Moreira da Silva - RA: 221032711

1. Ao afirmar que “a enunciação supõe a conversão individual da língua em discurso”,


Benveniste explicita o fato de que a enunciação diz respeito ao ato de dar sentido à língua de
forma individual. Ou seja, o enunciador, ao elaborar o enunciado, se utiliza da língua para
formular o sentido da própria pontualmente e então explicitar sua mensagem, e esta utilização
é a própria enunciação. Logo, o enunciado não mais é somente um conjunto de signos
organizados de determinada forma, mas sim uma subjetivação das características individuais
do enunciador em prol de um sentido específico determinado pelo mesmo: a língua torna-se
discurso.

2. a) O discurso ser uma “organização além da frase” significa que o discurso é submetido a
um conjunto de normas estruturais que não são evidenciadas na constituição da frase, mas
sim em fatores contextuais do uso da língua, que vão além das regras de organização de uma
construção frasal. Ou seja, tais normas podem ser provenientes tanto do âmbito situacional,
como o uso da língua na elaboração de uma explicação, quanto do âmbito dos gêneros
discursivos, como o uso da língua dentro de uma entrevista.

2. b) O discurso ser “assumido por um sujeito” significa que o que define o discurso é o fato
de ele somente existe quando o enunciador se coloca como referência sustentadora de sua
mensagem e manuseia o sentido que quer dar a tal mensagem a partir de si mesmo para com
o interlocutor. Portanto, entende-se que uma afirmação como “fazer tatuagem é doloroso” diz
respeito tão somente a uma certeza daquele que afirma, mas a mensagem também é moldável
e pode incluir uma incerteza do próprio enunciador em sua afirmação ao transformar a frase
em “talvez fazer tatuagem seja doloroso”.

2. c) O discurso ser “assumido no bojo de um interdiscurso” significa que todo discurso parte
de uma congruência de múltiplos discursos anteriores e correlacionados com este. Ou seja, a
ideia prevalecente é a de que um discurso não se origina do nada, mas sim da concepção de
todos os outros discursos que outrora foram assimilados e relacionados por um enunciador
para elaborar um novo discurso. Sendo assim, entende-se que redigir um poema, por
exemplo, passa a ser um ato de relacionar tal poema com todos os outros escritos dentro
desse mesmo gênero, conscientemente ou não, por definição.

3. a) A ideia de que podemos admitir o texto como único tanto quando é colocado como
anúncio quanto quando é colocado como poema diz respeito à questão da polifonia presente
no texto, ou seja, às múltiplas vozes presentes que dão múltiplos sentidos a partir de relação
com fatores exteriores ao texto. Logo, compreende-se que as presenças da voz de linguagem
farmacêutica e da voz de linguagem poética dão certa opacidade ao sentido do texto, o que
amplia sua unicidade a partir das múltiplas apresentações lhe que podem ser dadas. Colocar o
texto como anúncio publicitário em uma revista farmacêutica é evidenciar uma voz específica
que ativa uma funcionalidade presente no texto e o torna único como anúncio, mas tal
funcionalidade também é coexistente com a funcionalidade poética que seria evidenciada se
colocada no contexto da revista literária, o tornando único como poema.

3. b) No caso da circulação do poema/anúncio dentro da revista farmacêutica, o sentido do


texto está em ilustrar a função efetiva do “Disenfórmio” em acabar com as perturbações
intestinais com uma linguagem poética e informar a sua composição química para o leitor
especializado com uma linguagem científica, além do nome do laboratório que o produz com
uma linguagem comercial. Já no caso da circulação dentro da revista literária, o sentido do
texto está em parodiar toda essa linguagem do anúncio publicitário farmacêutico a partir de
uma ilustração visual e poética da agressividade com que o “Disenfórmio” atua no corpo para
acabar com as perturbações intestinais, ironizando inclusive a presença dos múltiplos nomes
de compostos químicos presentes no anúncio que, para um leitor não especializado no âmbito
científico, não possuem sentido técnico e, por isso, dão um sentido artístico de ironização
dessa linguagem comercial-farmacêutica.

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