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CENTRO PRESBITERIANO DE PÓSGRADUAÇÃO ANDREW JUMPER

BAT303/BNT304 — HERMENÊUTICA

PROJETO 1

GIOVANNI G. R. ZARDINI
PROFESSOR DR. DANIEL SANTOS JÚNIOR

São Paulo
2021

CENTRO PRESBITERIANO DE PÓSGRADUAÇÃO ANDREW JUMPER

BAT303 — HERMENÊUTICA
Professor: Dr. Daniel Santos Júnior
Aluno: Giovanni G. R. Zardini TIA 81309376
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Projeto 1

VANHOOZER, Kevin J. Há um significado neste texto? Editora Vida, 2005.

1. Vanhoozer faz uma distinção entre o “quê” e o “quem” do significado.


Descreva com suas próprias palavras esta distinção proposta pelo autor. Explique por
que esta distinção é importante para a tarefa de interpretação.

Quanto à ação comunicativa, o “quê” do significado é o produto da atividade


significante do autor, isto é, aquilo que ele realizou pressuposicionalmente por meio do
texto para a comunicação do significado. É a compreensão do texto como ato
comunicativo. Assim sendo, o significado está no texto independente da leitura ou
interpretação, mas que poderá ser reconhecido por meio destas atividades. Entretanto, por
sua vez, o “quem" na ação comunicativa é o agente autoral que comunica significado por
meio do ato comunicativo, isto é, o texto.
É ele, o autor, aquele cuja ação determina o sentido do texto. Assim sendo, a
distinção proposta por Vanhoozer estabelece uma relação complementar necessária entre
autor e texto na ação comunicativa do significado objetivo, de modo que o agente
comunicativo (o “quem”) é responsável pela promoção do ato comunicativo (o “que”). A
importância do respeito adequado a tal distinção está no fato de valorar tanto o significado
residente no texto quanto a participação autoral como responsável pela ativação do
sistema de linguagem e significação específica por meio do texto.





2. Defina em suas próprias palavras os conceitos de “regras constitutivas” e


“fatos institucionais”. Qual a importância que o autor atribui a estes conceitos na
tarefa de interpretação?

Um fato institucional é o significado designado em dependência da intensão


conjunta relativa às convenções contextuais em que a linguagem ou ação comunicativa
ocorre. Por sua vez, uma regra constitutiva é o que forma o sistema convencional
específico que sustenta um fato institucional, fornecendo a constituição do significado
específico a partir da intencionalidade do ato comunicativo no contexto específico de sua
ocorrência. Tais conceitos, portanto, são, segundo Vanhoozer, de alta relevância na
atividade hermenêutica, de modo que afirma ser o próprio exercício de fala e escrita um
exercício intrínseco a fatos institucionais e regras constitutivas.
Na linguagem textual a intenção do autor é expressa se valendo das garantias de
sentido suportadas pelas intenções conjuntas e convenções de sentido contextuais
específicas. Identificá-las é, portanto, aproximar o leitor do sentido intencionado pelo
autor no texto.

3. Qual é a diferença entre “significado” e “significância”? Descreva distinção


com suas próprias palavras e depois opine sobre a proposta do autor.

Significado é aquilo que o autor intencionou e determinou ao comunicar através da


mensagem. O significado, portanto é estático, imutável e condicionado pelo passado, isto
é, seu contexto de produção. Diferentemente, a significância é o sentido variado que um
determinado texto pode assumir ao ter seu significado experimentado em relação — e
submissão — às nuances contextuais futuras ao longo da história e em distanciamento do
autor. Vanhoozer propõe, em suma, que, na busca hermenêutica a fim de entender o que o
autor quer dizer por meio da ação comunicativa, o significado intencionado pelo autor
deve ser o princípio regulador para a interpretação, fazendo-se necessário, portanto, que
na tarefa da interpretação, se mantenha distinto significado de significância.




4. Defina com suas próprias palavras a distinção entre descrições “densas” e


“tênues”? Explique por que estas definições são importantes para uma boa metodologia
exegética.

No exercício hermenêutico os dados textuais poderão ser submetidos a descrições


consideradas como tênues ou densas, segundo Ryle, dependendo do tipo de relato que se
faz para os mesmos conteúdos. Enquanto a descrição tênue é uma explicação mínima,
detida e precisa sobre o evento, desinteressada de seu contexto mais amplo de ocorrência
e desprovida de significado, a descrição densa é aquela que, valorizando o contexto do
evento e a complexidade dos elementos nele envolvidos, visa aplicar valor interpretativo.
O valor de se fazer bom uso de ambas abordagens na empreitada exegética é
inquestionável, sobretudo quanto à descrição densa, visto que a interpretação textual é
uma questão de compreender aquilo que os autores pretenderam dizer com o ato
comunicativo dentro de contextos próprios. Assim sendo, enquanto a descrição tênue é
capaz de perceber bem o que foi exatamente dito, na descrição densa encontramos o que
foi dito relacionado e acomodado em seu contexto comunicativo e com seus relativos
elementos referenciais para a concretização do ato comunicativo.

5. Como o autor define “sentido literal”?

O autor define sentido literal como o sentido do ato literário, ou o sentido literário
em si, isto é, como sendo a intenção do autor incorporada no texto no ato comunicativo.
Ele é encontrado e definido dentro do próprio texto, no parâmetro funcional de sua
literatura. Aplicado à literatura Bíblica, o sentido literal pode ser entendido como o
sentido literário, histórico e canônico do texto, de modo que o texto é o responsável pela
transmissão de seu referente.

6. Defina em suas próprias palavras os conceitos de “entendimento” e


“sobreentendimento”?
O entendimento de um texto é o respeito e compreensão para com o objetivo
intentado pelo autor, através do texto, no ato comunicativo. É o ato de, pela leitura,




reconhecer o texto por aquilo que ele é, como um fim, e não meio, para o significado
autoral.
Sobreentendimento é o entendimento próprio e superior que um determinado
interprete pode assumir a cerca de uma questão em detrimento do sentido aparente no
texto. Embora seja facilmente esta uma forma de perder de vista a intenção autoral e o
significado do texto, o sobreentendimento pode servir como meio para a possibilidade de
provocar o texto à respostas aparentemente não pretendidas literariamente em busca de
significância e atualização.

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