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LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
CAXIAS - MA
2022
INSTITUTO FEDERAL DO MARANHAO - IFMA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
CAXIAS - MA
2022
FRANCISCA DA COSTA RIBEIRO DA SILVA
APROVADO EM ___/___/___.
BANCA EXAMINADORA
Prof. 1º Examinador)
_______________________________________________________________________
AÇAILÂNDIA-MA
2022
RESUMO
The present research aimed to analyze and understand the repercussions of Youth and
Adult Education in the municipality of Açailândia, state of Maranhão, through the
perception of teachers working in this modality. For this, research was carried out with the
following objectives: to identify the conception of teachers who work in the education of
young people and adults about the teaching process; contextualize youth and adult
education in the municipality of Açailândia; and, to analyze the teachers' perception of
scalar learning and teaching knowledge. The main theoretical source in the development
of the work was based on the studies of Paulo Freire (1963). This research is
characterized as a case study and has a qualitative character, used as data collection,
questionnaires and interviews with teachers who work at EJA in Açailândia-MA. Research
has shown that the implementation of education in the municipality, although it has a
pedagogical project and public policies aimed at this sector, is lacking an effective
method, focused on the particularities of the public served, through investment in the
continuing education of teachers in this sector.
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................6
2 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................8
2.1 Educação de jovens e adulto: contextualização...................................................10
3. FORMAÇÃO DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA EJA...................................15
3.1. EJA no cenario do municipio de Açailândia maranhão......................................22
4 PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS...................................................................................................................28
5 METODOLOGIA DA PESQUISA E ANALISE DOS DADOS.................................33
6 DISCUSSÃO DOS DADOS: achados da pesquisa..............................................35
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................41
ANEXO 1.....................................................................................................................44
ANEXO 2.....................................................................................................................45
1 INTRODUÇÃO
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no município de Açailândia 3) analisar a percepção dos professores sobre a
aprendizagem escalar e os saberes docentes.
No capítulo um, apresenta-se o referencial teórico da pesquisa, foi realizado um
levantamento acerca das normas que regem a Educação de Jovens e Adultos, foi
apresentado ainda os principais autores relacionados ao tema a ser explorado dentro da
pesquisa e realizado uma breve contextualização da EJA, foi apresentada sua trajetória
do Brasil e os pioneiros nesta modalidade.
No capítulo dois, apresenta-se um discursão sobre a formação do professor no
contexto da EJA, atrelado a políticas públicas de formação dos docentes. Destaca-se
também os aspectos educacionais voltados para o município de Açailândia-Ma.
No capítulo três, abre-se um debate sobre os processos de aprendizagem da EJA
fazendo uma relação entre o ato de ensinar e aprender.
Enquanto o capítulo quatro apresenta as metodologias da pesquisa e análise de
dados com base nos instrumentos de coletas utilizado no presente estudo.
Já no capítulo cinco, encontra-se o processamento dos achados na pesquisa. Foi
realizado um discursão embasado nas entrevistas com os professores do ensino EJA do
município de Açailândia e apresentado um parecer pautado nas respostas obtidas, a
partir das percepções dos envolvidos.
Por fim, no capítulo seis apresenta-se, as considerações finais desta pesquisa, um
breve parecer sobre os resultados obtidos.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
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2.1 Educação de jovens e adultos: contextualização
A educação de jovens e adultos foi marcada por uma trajetória repleta de lutas
pela alfabetização, permeada por seu extenso caminho no Brasil, durante muitos anos o
índice de pessoas analfabetas no país foi altíssimo, com o passar do tempo vários
programas de alfabetização foram criados com a finalidade de transformar esse cenário.
O analfabetismo se tornou um problema no período colonial, com as
transformações da sociedade e se estendeu durante muito tempo, mais precisamente,
durante quatro séculos. No processo de alfabetização, os primeiros a serem
beneficiados foram os jesuítas, onde a principal motivação se dava em relação a
formação religiosa desses indivíduos, pautada pelas regras e mandamentos religiosos.
Devido à falta de acesso às escolas, esses povos não sabiam ler e nem escrever, deste
modo, o método educacional ocorria por meio da oralidade (BACELOS, 2014).
Moura (2003), relata que apenas muito tempo após os jesuítas terem acesso à
educação eles conseguiram difundir os ensinamentos, através de muito trabalho
estabeleceram escolas para os filhos dos colonizadores e dos indígenas. Deste modo:
Foi ela, a educação dada pelos jesuítas, transformada em educação de classe,
com as características das que tão bem distinguiam a aristocracia rural brasileira
que atravessou todo o período colonial e imperial e atingiu o período republicano,
sem ter sofrido, em suas bases, qualquer modificação estrutural, mesmo quando
a demora social de educação começou a aumentar, atingindo as camadas mais
baixas da população e obrigando a sociedade a ampliar sua oferta escolar
(MOURA, 2003, p. 26)
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até então, a educação ainda era bem limitada e repleta de falhas (LELLIS; COSTA,
2021).
Freire estabeleceu um novo caminho para a EJA, onde foi associado a
aprendizagem da leitura e da escrita, como também o conhecimento e as expressões
culturais, assim como o desenvolvimento da conscientização, do ser pensante capaz de
perceber, analisar e criticar a realidade aos seus derredores, bem como os conflitos
políticos e econômicos do Brasil.
Freire (2005), defendia que somente através da educação o indivíduo seria capaz
de entender o mundo e as condições humanas, ou seja, sua própria existência, que até
então estava sendo negligenciada ou limitada. Por meio dessa perspectiva, ampliou-se a
metodologia do ensino, que a partir de então, comtemplou o conhecimento das causas, a
identificação dos sujeitos, com a finalidade de se estabelecer um método com base na
realidade dos envolvidos no processo de alfabetização que fosse eficaz para o
verdadeiro aprendizado, baseado na linguagem do povo, assim surgiu as práticas
pedagógicas de Paulo Freire, que destaca:
[...] a obra de Paulo Freire, assim como a obra de todo bom herói, é um desses
fenômenos de forte apelo mítico. De tão bem que ele desencantou o mundo,
encantou-se, e nos fez encantarmo-nos com ele. Sua obra e sua figura pessoal
encontram-se, pois, intensamente cercadas de uma aura. Isso não é
surpreendente. Isso veio sendo construído ao longo de sua vida profissional, e se
acentuou à medida que envelhecia. O fundamento político dessa construção foi
sua condição de patriota vitimado, que arriscou sua vida para realizar um projeto
salvador: a libertação cultural e política de seus irmãos miseráveis, analfabetos,
oprimidos. O que lhe custou um exílio. Ao mesmo tempo, valeu-lhe o acesso ao
mundo, e ao mundo, o acesso a ele (CASALI, 1998, p. 98).
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Segundo as ideologias de Paulo Freire, o ato de ensinar não pode obedecer a
uma única regra, um sistema não se aplica a todos, afinal se faz necessário uma boa
didática baseado nas características e individualidade das pessoas, afinal, não pode se
limitar uma simples transmissão de conteúdo, mas sim um processo de construção de
ideias e desenvolvimento do intelectual. Assim a conversa, o conhecimento dos
costumes, da pessoa como um todo de modo que, para a alfabetização do indivíduo todo
o contexto em que ele está inserido, são primordiais, para que haja sucesso no
aprendizado. Desta forma, tem-se a LDB na EJA (LELLIS; COSTA, 2021).
As experiências educacionais que marcaram os primórdios da alfabetização, pode-
se evidenciar o Movimento de Educação de Base (MEB) que foi criado pela
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os Centros Populares de Cultura
(CPCs) estabelecidos pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e também o início da
execução do Plano Nacional de Alfabetização (PNA), de janeiro de abril de 1964, todos
esses movimentos, se tratam de programas desenvolvidos pelo governo federal com
base nas ideias e metodologias propostas por Paulo Freire, que prioriza as questões
econômicas, políticas e sociais do país (LELLIS; COSTA, 2021).
Após o golpe militar de 1964, o governo desenvolveu o Movimento Brasileiro de
Alfabetização (MOBRAL), este se limitava a alfabetizar de modo mais funcional e técnico,
com essa metodologia sistematizada se utilizava apostilas como recurso. Com a LDB
5692/71, o MOBRAL entrou em declínio, quando implantou-se o ensino supletivo onde
um capítulo ficou destinado para a EJA. Em 1967 qualquer pessoa poderia ministrar as
aulas neste programa, desta maneira o MOBRAL se tornou alvo de críticas, porque não
dava garantia de permanência nos estudos, e os alunos esqueciam com facilidade a ler e
escrever. Pelo fato de não haver um caráter crítico e problematizador, toda a orientação
do programa se tratava de um programa centralizado, assim os alunos muitas vezes
aprendiam apenas escrever o nome, mas não conseguiam se desenvolver na leitura e
tão pouco na leitura (LELLIS; COSTA, 2021).
Em 1985 com o início da Nova República, o governo federal tornou o MOBRAL
obsoleto e criou a Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos, educar.
Quando então houve a descentralização dos recursos que antes se tratava de
reponsabilidade do governo federal, foi transferida para os estados e municípios. No
entanto, a educar não permaneceu durante muito tempo, em 1990 no governo de
Fernando Afonso Collor de Mello, ela foi extinta. Nesse período não houve nenhum
programa voltado para Educação de Jovens e adultos, que sofreu um declínio.
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Ainda em 1990 foi promulgado a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei nº 9394/96, passando a considerar a EJA uma modalidade de educação
básica nas etapas do ensino médio.
No ano 2000 houve inúmeros questionamentos acerca das práticas de educação
de jovens e adultos adotas na década de 1990. A divulgação das Diretrizes Curriculares
Nacionais de Educação, foi divulgada no dia 10/05/2000, a partir dessas diretrizes se
abre uma novo caminha para a EJA. Esse documento detalha as diferenças de tempo e
espaço dos jovens e adultos, o debate dos conteúdos circulares e ainda a importância de
compreender as faixas etárias e diferenças que há nessa modalidade de ensino de
jovens e adultos para a formalização dos projetos pedagógicos (LELLIS; COSTA, 2021).
As Diretrizes destacam a EJA como direto, promovendo a ideia de compensação e
transformando-a em reparação de equidade. Sendo que para realizar o exame de acesso
se faz necessário que o aluno tenha mais de 15 anos para o ensino fundamental e mais
de 18 para o ensino médio. Ainda nessa época, foi ressaltado a inclusão da educação de
jovens e adultos no Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 09/01/2001, pelo
governo federal, essa determinação nacional adiciona como um dos objetivos do PNE a
integração de ações de responsabilidade do poder público de promover ações capazes
de erradicar o analfabetismo (BRASIL, 2002).
Diante dos dados descritos, discutir sobre a Educação de Jovens e Adultos se
mostra essencial e urgente, principalmente devido ao cenário de crises políticas no
Brasil. Apesar de haver vários pontos de vistas técnicos que são úteis ao
desenvolvimento profissional, a educação também deve contribuir para a formação
integral do indivíduo e, principalmente, atingir objetivos pessoais e alianças interpessoais
dos jovens e adultos. E, deste modo, o pensamento em relação a EJA e sua qualidade
de ensino exigem flexibilidade, maturidade psicológica, criatividade e complexidade
cognitiva, ao mesmo tempo em que se busca satisfazer às características e qualidades
de desenvolvimento e de cultura dos jovens e adultos, às suas histórias de vida e
contextos sociais.
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3. FORMAÇÃO DO PROFESSOR NO CONTEXTO DA EJA
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A Educação de Jovens e Adultos (EJA), se alia a esta base fundamental, com o
objetivo de garantir a escolarização para sujeitos que de alguma forma anteriormente
foram excluídos dela. Em 1997, foi realizada a V Conferência Internacional de Educação
de Adultos, conhecida como Declaração de Hamburgo sobre Aprendizagem de Adultos.
Afirma que a educação de jovens e adultos seria a chave para o século XXI, sendo uma
ação conjunta tanto de empenho da sociedade em prol disso quanto também, um ato de
cidadania:
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ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) - O Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foi criado pelo Governo Federal em 2011, por
meio da Lei nº 12.513, com a finalidade de ampliar a oferta de cursos de Educação
Profissional e Tecnológica (EPT), por meio de programas, projetos e ações de
assistência técnica e financeira.
A Educação de Jovens e Adultos, segundo o autor Soares et al (2005) via Cartilha
sobre Diretrizes Operacionais Educação de Jovens e Adultos do Distrito Federal (2021),
é constituída por jovens e adultos oriundos de camadas populares que em algum
momento tiveram a necessidade de interromper seus estudos, portanto é necessário
considerar não apenas o acesso à educação, mas fatores políticos, culturais e
socioeconômicos interferentes também.
[...] concepções e propostas da EJA voltadas à formação e à emancipação
humana, que passam a entender quem são esses sujeitos e que processos
político-pedagógicos deverão ser desenvolvidos para dar conta de suas
necessidades, desejos, resistências e utopias (BRASIL, 2009a, p. 28)
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implicam diretamente no processo pedagógico. Conhecer como se estabelece a
formação dos professores atuantes do EJA é fundamental, bem como as dificuldades por
eles enfrentadas, desafios com o intuito de se alcançar o acesso à educação frente aos
sujeitos outrora excluídos.
Para tanto, faz-se necessário usar estratégias sensíveis que favoreçam o exercício
da autonomia, e promovam um clima favorável para que haja a participação e
diálogo entre os diferentes sujeitos jovens e adultos. Podemos destacar que a EJA,
entre outras coisas, exige do docente uma visão ampla, voltada a desenvolver o
conhecimento a partir da diversidade cultural e social, respeitando a
heterogeneidade de seus alunos. (FERNANDES; GOMES, 2015 p.2).
Com maior razão, pode-se dizer que o preparo de um docente voltado para a EJA
deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor,
aquelas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino. Assim,
esse profissional do magistério deve estar preparado para interagir empaticamente
com esta parcela de estudantes e de estabelecer o exercício do diálogo. Jamais
um professor aligeirado ou motivado apenas pela boa vontade ou por um
voluntariado idealista e sim um docente que se nutra do geral e das
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especificidades que a habilitação como formação sistemática requer. (FERREIRA,
2008 p.14)
De acordo com Ferreira (2008) não existe a exigência quanto uma formação
específica dos professores para atuarem na EJA, são eles os responsáveis pela sua
própria formação, de forma que para atuar exigiria que qualquer professor, obviamente
com formação, possa atuar no Ensino Fundamental e Médio como docente de EJA,
ainda que esse professor não tenha realizado disciplinas específicas para a EJA
durante a sua graduação ou tenha visto sobre a temática por meio de outras disciplinas
que tenham a abordado.
Como descrito por Jamil Cury (2000), o qual foi relator do PARECER CNE/CNB
11/2000, a Educação de Jovens e Adultos possui três funções: reparadora, equalizadora
e qualificadora, a saber:
Função Reparadora
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“Segundo o autor, a Função Reparadora da EJA não se refere apenas à entrada
dos jovens e adultos no âmbito dos direitos civis. Passa também pela restauração
de um direito a eles negado, ou seja, o direito a uma escola de qualidade e ao
reconhecimento da igualdade de todo e qualquer ser humano ter acesso a um bem
real, social e simbolicamente importante. No entanto, não se pode confundir a
noção de reparação com a de suprimento, pois é indispensável que seja um
modelo educacional que crie situações pedagógicas satisfatórias para atender as
necessidades de aprendizagens específicas de alunos jovens e adultos” (apud
FERREIRA,2008, p.7).
Função Equalizadora
Função Qualificadora
Outro importante elemento destacado pelo autor Ferreira (2008), presentes nas
Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA (DCEs,), a qual destaca a importância da
função social da Educação de Jovens e Adultos. Com base no perfil a que se destina o
ensino dos educandos, os métodos de avaliação e formas. O currículo de EJA seria
dividido em três eixos articuladores: cultura, trabalho e tempo.
A partir das reflexões durante o processo de elaboração das DCE para a Educação
de Jovens e Adultos, identificaram-se os eixos cultura, trabalho e tempo como os
que deverão articular toda a ação pedagógico-curricular nas escolas. Tais eixos
foram definidos tendo em vista a concepção de currículo como um processo de
seleção de cultura, bem como pela necessidade de atender o perfil do educando
da EJA. (FERREIRA,2008, p.8)
Assim como descritas por meio das Diretrizes Curriculares Estaduais de EJA, a
ideia é que a Educação de Jovens e Adultos seja uma forma de ensino que possua uma
estrutura mais flexível quando comparada ao ensino regular, onde o tempo de
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aprendizagem do aluno seja considerado, onde os educadores apresentem propostas
educativas que atendam às necessidades individuais dos sujeitos e que dessa forma, se
combata a evasão do ensino e permanência nas escolas.
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que a compreensão dos sujeitos envolvidos é essencial e, portanto, uma forma de
inclusão dos mesmos no processo de ensino- aprendizagem:
Com maior razão, pode-se dizer que o preparo de um docente voltado para a EJA
deve incluir, além das exigências formativas para todo e qualquer professor,
aquelas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino.
Assim, esse profissional do magistério deve estar preparado para interagir
empaticamente com esta parcela de estudantes e de estabelecer o exercício do
diálogo. Jamais um professor aligeirado ou motivado apenas pela boa vontade ou
por um voluntariado idealista e sim um docente que se nutra do geral e das
especificidades que a habilitação como formação sistemática requer (BRASIL,
2000, , apud BELMAR; WIELEWSKI, 2018 p.???).
No ano de 2013 o número de alunos matriculados pelo EJA foi de 1.438 alunos, os
quais estavam distribuídos em 57 turmas, em 17 escolas/polos da zona urbana e
educação do campo. Atuando diretamente assim no combate à evasão e permitindo para
esses jovens e adultos um direito à educação que antes foi excluído, seja por motivos
socioeconômicos entre outros. Esse combate à evasão escolar é um desafio tanto do
município de Açailândia quanto uma luta nacional.
Outra meta descrita era a de ampliar até o ano de 2016, o atendimento escolar
oferecido a população de 15 - 17 anos, elevar esse número em 99% “a elevar até 2020 a
taxa líquida* de matrículas de 40,6% para 75,4% nessa faixa etária. “Entre as estratégias
para o cumprimento da meta constava uma busca ativa dos jovens de 15 a 17 anos que
estavam fora da escola, isso juntamente por meio de parcerias com serviços de
assistência social, à saúde e de proteção do adolescente e da juventude. Outra
estratégia seria uma articulação para promover uma chamada pública de matrícula e
“recenseamento de adolescentes, jovens e adultos”, atualizando assim o censo
educacional de Açailândia.
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Desenvolvimento, assim favorecendo o ensino continuado básico. Mais estratégias em
prol da meta eram de turmas diurnas do EJA, realização de diagnóstico de demanda
ativa para vagas do EJA, chamadas públicas a cada dois anos, realizada em pares, para
monitorar os dados quanto à alfabetização da população do segmento do EJA.
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4 PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS
As autoras também destacam quando a forma de dirigir aos alunos, onde devido a
condição prévia de exclusão da escola, além de misturados a sensação de ou
dificuldades em conseguir aprender, pode despertar nos alunos do EJA a sensação de”
incapacidade para aprender”. Assim, esse conjunto é importante para se refletir e
também considerar durante o processo de aprendizagem.
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Os autores Belmar e Wielewski (2018) consideram que esses cuidados durante o
processo de ensino-aprendizagem são importantes, não por considerar que os
estudantes do EJA sejam limitados a aprender ou que deva ser ministrado conteúdos
mais fáceis, portanto:
[...] organizar o espaço interativo (formando grupos compostos por indivíduos com
diferentes níveis de conhecimento), apresentar problemas desafiadores e,
fundamentalmente, prover feedback, ao longo da realização do trabalho. Essa
pontuação do adulto, mais do que direcionar, possibilita um referencial para os
grupos prosseguirem em suas discussões, de modo a alcançarem o resultado
esperado. O feedback do adulto consiste, portanto, em signo mediador da
atividade, o que remete claramente à concepção do método genético
experimental ou método da dupla estimulação, proposto por Vygotsky. A dupla
estimulação consiste, nesse caso, na própria tarefa proposta e nos signos
linguísticos utilizados, pelo adulto, como mediação, de modo a permitir às
crianças alcançarem os objetivos propostos. Destaca-se, por outro lado, que, em
situações de instrução sistematizada, sempre que a discussão envolver regras,
valores ou conceitos em processo de construção (para os quais não há, portanto,
consenso), cabe ao adulto não só permitir - como promover - a manifestação, por
parte de seus alunos, de seus pontos de vista, explicitando que verdades
absolutas não existem, pois, todo conhecimento, por ser sempre uma construção,
é necessariamente provisório.” (Zanella (1994, apud MEDEIROS; ARAUJO,
2019, p. 108-109)
Conhecer seu modo de inserção na vida social, suas atividades, seu acesso a
diferentes tecnologias e linguagens para estabelecer diálogo com instrumentos,
signos e modos de pensar próprios da escola é uma tarefa que possibilita maior
participação dos estudantes adultos e jovens em seu processo de escolarização,
tornando-o mais significativo e motivador” (MEDEIROS; ARAÚJO, 2019 p.8).
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plurais recursos didático-pedagógicos, para se expandir as possibilidades de tais recurso
pelos estudantes, de acordo também com seus próprios interesses e necessidades, e
também de forma que melhor lhe atenda suas condições de vida.
Dessa forma, se aprenderia tanto sozinho “dentro de nós” como também a partir
da relação com o ambiente inserido, onde também é impactado e aprende com o sujeito
que atua tanto aprendendo como contribuindo para aprendizado. Este mesmo processo
esperasse também no ambiente de sala de aula, estimulando a autonomia dos sujeitos
envolvidos.
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Outro autor que também reflete sobre isso é Imenes (1997, apud RIBEIRO, 2021,
p. 55), onde discorre sobre o processo de aprendizagem, explicando que este não ocorre
somente quando se ministra os conteúdos de sala de aula de forma organizada ou ainda
quando “os alunos repetem os modelos estudados. Ela somente se completa pela
reflexão do aluno em face das várias situações que envolvem uma mesma ideia”.
Ribeiro (2021), destaca que por meio de uma pesquisa realizada, mostra que um
importante aliado no processo de ensino do EJA é a tecnologia, por meio dos recursos
tecnológicos, os quais “têm sido bastante importantes no programa do EJA para os
alunos, pois os ensinamentos através dos computadores ajudam muito neste novo
modelo de passar conhecimentos”. (RIBEIRO, 2021, p.5)
Andrade (2003 apud RIBEIRO, 2021, p. 6) ressalta que para os novos avanços de
aprendizagem, provêm de “educadores mais dinâmicos e reflexivos que têm levado os
alunos a terem uma percepção melhor de sua realidade”, onde tais profissionais
estimulam que os alunos do EJA sejam mais críticos de sua realidade, uma vez que por
meio de reflexões eles através destes questionamentos são possíveis aprender mais
facilmente.
É preciso insistir que tudo quanto fazemos em aula, por menor que seja, incide
em maior ou menor grau na formação de nossos alunos. A maneira de organizar
a aula, o tipo de incentivos, as expectativas que depositamos, os materiais que
utilizamos, cada uma destas decisões veicula determinadas experiências
educativas, e é possível que nem sempre estejam em consonância com o
pensamento que temos a respeito do sentido e do papel que hoje em dia tem a
educação (apud FERREIRA,2008 p.13)”.
Ferreira (2008) destaca algumas práticas essenciais a serem desenvolvidas por
educadores para com os educandos: I) Valorizar os conhecimentos do aluno, ouvir suas
experiências e suposições e relacionar essa sabedoria aos conceitos teóricos; II)
Dialogar sempre, com linguagem e tratamento adequado ao público; III) Perguntar o que
os estudantes sabem sobre o conteúdo e a opinião deles a respeito dos temas antes de
abordá-los cientificamente. Dessa forma, o educador mostra que eles sabem mesmo sem
se dar conta disso; IV) compreender que educar jovens e adultos é um ato político e,
para isso, ele deve saber estimular o exercício da cidadania.
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aprendizagem, respeitando os limites e possibilidades; e, VIII) Compromisso com a
transformação social (FERREIRA, 2008).
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6 DISCUSSÃO DOS DADOS: achados da pesquisa
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professores, suas experiências e considerações acerca da EJA, assim como os pontos
negativos e positivos da execução desta modalidade.
Entre os pontos positivos citados pelos professores, percebe-se a oportunidade
ofertada por meio do conhecimento aos alunos que em algum momento da sua vida foi
privado do direito à educação, destaca-se também a metodologia de ensino aplicado na
modalidade que segundo a professora 01 que atua na 4 etapa da EJA em Açailândia, se
trata de métodos lúdicos, que visa garantir que os alunos se sintam à vontade e
motivados a participar de forma mais próxima, ela acrescenta que a interação entre
professor e aluno garante uma troca de experiências e aprendizados, logo, tal método se
torna eficiente na construção do conhecimento. A professora 3, que é graduada em
pedagogia desde de 2005 e atua na EJA há escrever por extensos anos, relata que se
sente segura no exercício do ensino em sala de aula e acrescenta que o seu público
atendido, é formado pessoas que priorizam o respeito e a disciplina, a mesma relata que
não sente nenhuma dificuldade para ministrar suas aulas da EJA.
Enquanto o professor 4, que atua na EJA desde de 1997 (vinte e cinco anos) se
encontra na terceira e quarta fase da EJA, destaca que as etapas do ensino são
oferecidas e organizadas com base na idade. Acrescenta que sobre a relevância da EJA
no município de Açailândia falta interesse e investimento no programa. relata que sua
maior dificuldade na oferta do ensino está relacionada a falta de disciplina do público
adolescente, no entanto, acrescenta que se sente seguro para atuar como professor da
EJA e acredita que essa segurança se deve ao fato de poder acrescentar mais
conhecimento na vida dos alunos.
Para o professor 6, que trabalha há 20 anos com a EJA e atuante na quarta fase
do ensino em Açailândia, a dificuldade de alguns alunos na aprendizagem é nítida e
acrescenta que as dificuldades encontradas em sala de aula, se deve à falta de disciplina
dos alunos e também a base escolar, ela diz ainda se sentir segura na sala de aula e que
isso se deve a identificação que sente com os alunos.
A professora 8, atuante no ensino da EJA há 15 anos e atualmente na terceira
etapa EJA, chama a atenção quanto a dificuldades enfrentadas em sala de aula, ela
afirma está relacionada a falta de base. Ela explica que se sente segura quanto sua
atuação em sala de aula e que tal segurança está atrelada a identificação que ela sente
com os alunos, ela destaca ainda a relevância da EJA na sociedade e na vida dos
alunos, pois segundo sua percepção garantir a educação desses alunos é extremamente
importante.
Diante da pesquisa realizada e com base na percepção dos professores é possível
observar que a oferta do ensino em Açailândia - MA, se encontra estruturada de acordo
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com a idade e dividido em etapas.
Os professores que atuam na EJA, necessitam de incentivo e investimento das
políticas públicas em educação, para melhorar a base de ensino dos estudantes, uma
vez que as maiores dificuldades citadas pelos professores estão diretamente atreladas a
ausência de conhecimentos prévios dos estudantes e a indisciplina de uma parte do
público.
No questionário utilizado para levantamento de dados, no item 3, os professores
foram indagados quanto a se sentirem seguros para atuar como professor(a) do EJA e o
porquê e também quanto a relevância do EJA, para o município de Açailândia. As
respostas foram variadas, alguns destacaram as dificuldades encontradas como falta de
interesse ou investimentos.
O professor 4, ressaltou que: “Falta mais interesse e investimento no programa”.
De acordo com o professor 6: “No bairro em que estamos inseridos percebemos a
dificuldade de alguns alunos na aprendizagem "Além disso, foi mencionado também
quanto à importância que o programa desempenha na vida dos jovens e adultos quanto à
possibilidade de acesso à educação”, segundo o Professor 1: “É muito importante, pelo
fato de que está oferecendo uma nova chance para aquelas pessoas que não tiveram
oportunidade de estudar quando eram jovens/crianças.” Para o professor 4, o programa
do EJA é fundamental uma vez que segundo ele é uma oportunidade de acrescentar
mais conhecimentos na vida dos alunos.
Percebe-se, dois pontos positivos a saber: i) a metodologia de ensino, sejam elas
por meio das leituras criativas, caracterização de situações problemas, ii) interação entre
professores e alunos por meio das dinâmicas e conversas. Todas elas se mostram
eficientes quanto sua execução e finalidade, uma vez que são capazes de aproximar os
alunos de seus professores, gerando assim mais confiança para fazer perguntas e
interagir.
No item 4, da entrevista perguntou-se aos professores exatamente quanto ao
método, que eles citassem algum método de ensino que utiliza na sala de aula na
modalidade EJA. A leitura foi o principal método destacado utilizado,” leitura
compartilhada de textos”. De acordo com o Professor 1, o qual faz uso de métodos
lúdicos, estes são importantes uma vez que permite que: “os alunos se sintam à vontade
e possam participar de forma mais próxima, professor/aluno. Fazendo troca de
experiências e aprendizado.” Outro método também citado foi a utilização de situações
problema, fundamental para que o aluno relacione o conhecimento com o cotidiano e
assim assimilar mais facilmente o conteúdo ministrado em sala de aula.
Logo, evidencia-se que o principal aspecto da proposta pedagógica para EJA,
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deve estar relacionado a estratégias diferenciadas e com foco no ensino, a fim de suprir
as necessidades existentes dentro desse grupo em questão. Deste modo fica perceptível
que a formação continuada precisa contemplar a gestão escolar e os professores, pois
dessa maneira será possível enfatizar e trabalhar as particularidades dos sujeitos da
EJA, a fim de gerar um maior entendimento acerca desta modalidade de ensino.
Conforme defendido por Ventura (2012 apud LELLIS; COSTA, 2021, p.12), "superar o
amadorismo e a improvisação e qualificar os quadros docentes para um trabalho que
respeite às especificidades do público jovem e adultos” pois somente assim será possível
promover um ensino qualificado que gere qualidade em todos os aspectos do processo
de escolaridade desses indivíduos.
No item 6 da entrevista, os professores foram questionados quais seriam as
dificuldades para ministrar aulas na modalidade EJA, alguns destacaram quanto ao
comportamento dos jovens em sala de aula: “dificuldade em relação à indisciplina dos
adolescentes”, outros destacaram a “falta de base”, ou seja, um ensino primário
deficitário o que prejudica para a compreensão dos conhecimentos subsequentes e há
ainda aqueles que não listaram dificuldades, pois não enfrentam.
Ainda que com respostas variadas, quanto as dificuldades e desafios, notou-se
que para o educador do EJA é notório o quanto o programa pode fazer a diferença na
vida de jovens e adultos, mas que ainda precisa de mais investimentos de políticas
públicas, como também esforço e engajamento para o seu fortalecimento, tanto dos
educandos quanto da sociedade, além oferecimento de uma educação de base
adequada e incentivos da formação continuada para o professor atuante nesta
modalidade.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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modalidade, bem como a qualificação dos professores, que atuam há mais de
dez anos na Educação de Jovens e Adultos, o que ratificando a falta de
políticas públicas efetivas voltadas para essa modalidade de ensino.
Por fim, a pesquisa mostra que a EJA em Açailândia - MA, está carente
de uma restruturação, pois os planos de ensino se mostram ineficiente devido à
falta de planejamento e investimento adequado ao setor, necessita
principalmente de mais investimento na qualificação dos docentes e na
elaboração de métodos que visem tanto o desenvolvimento intelectual dos
sujeitos quanto social e profissional.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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perspectivas metodológicas. In: ABRAHÃO, Maria Helena Menna Barreto;
PASSEGGI. Maria da Conceição. (Org.). Dimensões epistemológicas e
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http://periodicos.unitau.br/ojs/index.php/exatas/article/viewFile/
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APÊNDICE A
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APÊNDICE B
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