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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR E TECNOLÓGICO DO MARANHÃO –


INSUTEC
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

ANA MARIA MENDES DA SILVA

OS DESAFIOS DOCENTES FRENTE ÀS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA


COM ALUNOS DE 05 ANOS DA CRECHE MENINO JESUS

BALSAS – MA
2022
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ANA MARIA MENDES DA SILVA

OS DESAFIOS DOCENTES FRENTE ÀS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA


COM ALUNOS DE 05 ANOS DA CRECHE MENINO JESUS

Monografia apresentada ao Instituto de Ensino


Superior e Tecnológico do Maranhão – INSUTEC,
para obtenção do grau de licenciada em
Pedagogia.

Orientador: Profa. Deuzina dos Santos Silva

BALSAS – MA
2022
3

FOLHA DE APROVAÇÃO

ANA MARIA MENDES DA SILVA

OS DESAFIOS DOCENTES FRENTE ÀS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA


COM ALUNOS DE 05 ANOS DA CRECHE MENINO JESUS

Aprovada em ____/_____/_____

Monografia apresentada ao Instituto de Ensino


Superior e Tecnológico do Maranhão – INSUTEC,
para obtenção do grau de licenciada em
Pedagogia.

Orientador: Profa. Deuzina dos Santos Silva

Banca Examinadora:

_____________________________________________
Profª
(Examinador)

___________________________________________________
Prof.
Examinador
(Orientador)

BALSAS – MA
2022
4

Dedico este trabalho a todos os


meus familiares e amigos que
sempre colaboraram para sua
realização.
5

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, que fez com que nossos objetivos fossem
alcançados, durante todos esses anos de dedicação aos estudos. Foi nosso Pai
Celestial que permitiu que não desistíssemos nunca, em meio a tantos obstáculos
encontrados durante o caminho. Foi exatamente ele que nos deu força para
chegarmos até aqui.
Agradecemos aos nossos familiares que nos encorajaram sempre e
procuraram nos entender quando a ausência em momentos foram substituídos pelas
ocupações acadêmicas.

Agradecemos aos nossos amigos, que sempre estiveram ao nosso lado e


certamente nos deram muita força para concluirmos esse trabalho.

Agradeço a minha orientadora Deuzina dos Santos Silva, pelas suas


orientações e incentivos em todos os sentidos para que essa monografia se
tornasse realidade.
Agradeço a esta Universidade, seu corpo docente, a direção
administração dessa instituição de ensino.
6

(Marion Welchmann)
LISTA DE GRÁFICOS

Figura 1 - Número de alunos com dificuldades de leitura e quais são......…........37


Figura 2 - Quantidade de alunos com dificuldades de escrita e quais são...........38
Figura 3 - Seus pais lhe incentiva a ler e a escrever? …………...........................39
7

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................08

2 CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO.....................................................09

3 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

SOCIAL.................................................................................................................12

4 A LEITURA E A ESCRITA COMO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

HUMANO...............................................................................................................14

4.1 A leitura e a escrita em debate………………………........................................17

4.2 O Papel do professor no âmbito escolar..........................................................18

5 O PAPEL DO PROFESSOR QUE ATUA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.............20

5.1 A leitura e a escrita na educação infantil.........................................................21

5.2 Dificuldades de leitura e escrita na educação infantil......................................24

7 CAMINHOS PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA...........................….31

8 METODOLOGIA.................................................................................................38

8.1 Análise de resultados.......................................................................................37

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................40

REFERÊNCIAS.....................................................................................................41

ANEXOS
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1 INTRODUÇÃO

A educação infantil, etapa inicial da vida das crianças, precisa ser


oferecida de forma diferenciada, tendo em vista que o objetivo é fazer com que as
crianças desenvolvam habilidades que lhes garanta o avanço para as séries
seguintes. Nesse contexto, é indispensável um trabalho diferenciado do professor,
através de práticas alternativas que chamem a atenção da criança, despertando nela
a criatividade e motivação para aprender, principalmente aprender a ler e a escrever.
A presente pesquisa visa apontar as dificuldades de leitura e escrita com
alunos de 05 anos da Creche Municipal Menino Jesus, localizada no Povoado
Jenipapo, a 15 km da sede do município de Balsas, Estado do Maranhão, com uma
turma de 12 alunos devidamente matriculados no ano de 2021. A pesquisa visa,
ainda, descrever os principais desafios dos educadores que lidam com essa
clientela. Além disso, descreve os benefícios da leitura e sua importância para a
melhoria da escrita e, consequentemente, formação do indivíduo.
Para um estudo sistemático acerca do tema, é importante analisar o
contexto histórico da educação no Brasil, desde o período colonial, como forma de
compreender o processo evolutivo do sistema educacional brasileiro, bem como
mencionar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, os Parâmetros
Curriculares Nacionais, dentre outros, apontando os fatores de norteiam o processo
de ensino e aprendizagem e como ele ocorre na criança. Além disso, recorreu-se a
pesquisadores cujos trabalhos são fundamentais na discussão acerca do tema, que
é muito relevante.
Cumpre destacar que é preciso refletir sobre as práticas pedagógicas
adotadas pelos professores, analisando o papel da educação enquanto propulsora
do desenvolvimento da criança e os benefícios da leitura e escrita com esses
alunos. O método utilizado é a pesquisa exploratória, por meio da análise de
conteúdo (Bardin, 1977), que se caracteriza pelas seguintes fases: análise (leitura
do material para determinar de uma forma geral e sucinta os componentes básicos
de cada um dos artigos); pré-exploração do material (selecionar o que é relevante);
e processo de categorização e subcategorização (relacionar os itens relevantes
encontrados).
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2 CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Inicialmente, antes de enveredar-se para o campo da educação infantil, é


importante analisar os saltos evolutivos da educação no Brasil, considerando os
pormenores, analisando dados e sublinhando ideias de autores cujas obras são de
grande relevância para se conhecer todo o processo histórico de implantação do
sistema educacional brasileiro. Considera-se, portanto, que a educação brasileira
vem avançando bastante, dada à iniciativa de pesquisadores, da classe política, da
evolução científica e tecnológica, e outros fatores que contribuíram intensamente
para as diversas evoluções educacionais da qual o Brasil foi palco.
Cumpre destacar que o Brasil, mesmo tendo sido descoberto em 1500, a
sua ocupação aconteceu após trinta anos. Nesse período, os exploradores da Terra
recém-descoberta, que tinham o objetivo apenas de obter lucros, encontraram
grupos indígenas que teriam que ser convertidos à fé católica, por meio dos
primeiros modelos pedagógicos trazidos pelos padres jesuítas.
Somente entre os anos de 1554 e 1759 é que as primeiras escolas de
instrução elementar foram fundadas. A primeira escola jesuística foi erguida em
Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues, de apenas 21 anos, que
tornou-se o primeiro professor nos moldes europeus e durante mais de 50 anos
dedicou-se ao ensino e a propagação da fé religiosa.
Para ARANHA (2005), os jesuítas atuaram não só no ensino das
primeiras letras, mas abriram também os cursos de Letras e Filosofia, na época
considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível
superior, para a formação de sacerdotes para a Companhia.
Posteriormente, atritos culminaram com a expulsão de religiosos de
Portugal e de suas colônias, no ano de 1759, por Marquês de Pombal, período em
que o sistema educacional brasileiro entra num período de retrocesso, porque
“Várias medidas desconexas e fragmentadas antecedem as primeiras providencias
mais efetivas, levadas a sério só a partir de 1772, quando é implantado o ensino
público oficial (ARANHA, 1996, p. 134)”.
É importante salientar que o sistema educacional tanto em Portugal
quanto nas colônias estava desestruturado, situação em que Marquês de Pombal via
como oportunidade de endurecer ainda mais a sua política de massacre cultural.
Para FIGUEIRA (2005), o plano foi posto em prática por meio do Alvará Régio, cuja
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intenção era dar continuidade ao trabalho pedagógico interrompido com a expulsão


dos jesuítas, visto como primeiro esforço de reorganizar a educação (FIGUEIRA,
2005).
Quando a Família Real chegou ao Brasil, em 1808, a situação começou a
mudar, pois a nova família precisava encontrar no País condições para que seus
filhos pudessem estudar. Houve, portanto, a necessidade de uma reorganização
administrativa e nomeação de pessoas para ocuparem o primeiro escalão dos
ministérios criados, bem como a contratação de funcionários para as diversas áreas
da administração pública e da justiça. Logicamente, muitas foram as mudanças no
campo social e econômico, mas é no campo educacional e cultural que nascem
muitas propostas e realizações.
Para RIBEIRO (2000) procurando atender às necessidades da Família
Real e sua corte, D. João cria várias instituições, entre elas a Imprensa Régia, em
13 de maio de 1808, que possibilitou a impressão do Jornal Gazeta do Rio de
Janeiro, o primeiro jornal brasileiro.
Em 1812 é criado o primeiro laboratório de química. Em 1817 é criado o
Jardim Botânico para estudos de botânica e análogos. Os cursos para formação de
técnicos nas áreas de agricultura surgiram em 1814. Já os cursos de Química,
abrangendo Química Industrial, Geologia e Mineralogia foram criados no ano de
1817, e no ano seguinte, o de desenho técnico. Esses cursos deveriam formar
técnicos para as áreas de economia, agricultura e indústria. Merece ainda destaque
a criação da Escola Nacional de Belas Artes e m 1816, logo após a chegada da
Missão Francesa, que tinha como membro Jean-Baptiste Debret.
No dia 3 de maio de 1823, teve início a Assembleia Constituinte que
redigiria a primeira Constituição do Império. Em 25 de março do ano seguinte, em
cerimônia solene No Rio de Janeiro, o imperador outorgou a Primeira Constituição
Política do Império do Brasil. A Constituição estabelecia o governo monárquico,
hereditário, constitucional e representativo. RIBEIRO (2000) diz que D. Pedro I
promulga uma lei geral referente ao ensino público: Projeto de Lei Geral de 15 de
outubro de 1827, que determinava a criação de escolas de primeiras letras e institui
o ensino primário para o sexo feminino em todas as cidades, vilas ou povoados mais
populosos, com o intuito de criar uma rede escolar no Brasil, e baixava
determinações sobre formação e contratação de professores.
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A primeira tentativa de organizar um modelo de educação ideal para o


Brasil aconteceu por meio de decreto do então presidente do Estado de São Paulo,
Prudente de Morais, em 12 de março de 1890. O mesmo previa a urgência em
formar professores por meio de bons recursos pedagógicos e de conhecimentos
científicos do momento. Ainda previa o cargo de Diretor da escola pública com a
criação da Escola-modelo, escola de prática de ensino dos alunos normalistas,
anexa à Escola Normal.
Após a Proclamação da República, Marechal Deodoro da Fonseca eleva
a educação à categoria de ministério, quando cria o Ministério da Instrução Pública
Correios e Telégrafos, extinto em 1892 e recriado em 1894, durante o governo de
Floriano Peixoto.

Os primeiros anos do novo regime não apresentaram condições favoráveis


às reformas que todos consideravam urgentes no plano educacional. Em
1894, foi criado o Ministério da Instrução Pública. Naquela época havia,
excetuando-se as crianças abaixo da idade escolar 67% de brasileiros
totalmente analfabetos. A Constituição de 24 de fevereiro de 1891 baniu
inteiramente o ensino religioso das escolas, bem como a assistência
religiosa nos quartéis, nos hospitais e nas prisões, blasonando, no entanto
da sua intenção de civilizar e moralizar o Brasil (PEETERS; COOMAN
(1969, p. 146).

Durante o período da Primeira República serão feitas quatro reformas no


ensino secundário, em nível nacional, são elas: Código de Epitácio Pessoa ou
Código dos Institutos Oficiais de Ensino Superior e Secundário, esboçado em 1901,
estabelece condições para equiparações das instituições particulares. Na sua
proposta inclui a lógica entre as matérias e retira a biologia, a sociologia e a moral,
acentuando, assim, a parte literária em detrimento da científica.
Para NISKIER (1969, p. 60), “todas essas reformas não ajudaram a
educação a ganhar uma posição segura. Havia uma evidente discrepância entre as
nossas necessidades educacionais e os métodos utilizados”. Apesar da intenção de
reformular a educação, as práticas pedagógicas eram ineficazes e o sistema de
ensino não conseguia alcançar o seu objetivo.
Em 1931, o governo provisório sanciona uma série de decretos para
organizar o ensino secundário e as universidades brasileiras, que praticamente não
existiam. Esses decretos serão conhecidos como Reforma Francisco Campos.
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“Esta reforma pôs fim ao monopólio do Estado e estabeleceu as condições para


reconhecimento de estabelecimentos particulares” (PEETERS; COOMAN, 1969, p.
149). No ano de 1932 é publicado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. “O
documento defende a educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever
do Estado, a ser implantada em programa de âmbito nacional” (ARANHA, 1996, p.
198).
As grandes lutas de pessoas ligadas aos movimentos sociais,
pesquisadores e educadores culminaram com a elaboração da Lei de Diretrizes de
Bases da Educação Nacional que será concluída em 1996. Este foi o principal salto
evolutivo da educação no Brasil.
Segundo ARANHA (2005), outro grande avanço foi a Constituição da
República Federativa do Brasil, outorgada em 05 de outubro de 1988, cujos artigos
referentes à educação destacam-se: direito de todos e dever do Estado e da família;
deve ser gratuita nos estabelecimentos oficiais; oferecer igualdade de condições
para o aceso e permanência na escola; será um espaço de liberdade de aprender,
ensinar, pesquisar, divulgar o pensamento, a arte e o saber. Tudo isso deve
acontecer com a promoção, incentivo e colaboração da sociedade, visando o pleno
desenvolvimento da pessoa, a boa formação para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Portanto, a educação precisa ocupar um lugar de destaque na sociedade,
buscando formar pessoas críticas, que tenham autonomia para lutar por seus
direitos e que possam agir com verdadeiros agentes de transformação social.
Logicamente, o pontapé inicial começa com a leitura e a escrita. Notadamente, o
primeiro passo deve iniciar nos primeiros anos escolares, quando a criança passa a
ter o primeiro contato com a escola.

3 A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Sendo uma instituição que tem como principal objetivo a socialização e


interação do indivíduo com o seu meio social, a escola deve ser flexível, democrática
e participativa, de modo a contribuir para o desenvolvimento da educação e do
sujeito da aprendizagem, ou seja, os alunos. Ou seja, este processo comum
consiste na inserção do aluno ao campo do saber, através de instrumentos e
procedimentos metodológicos, aprimorados por meio de práticas pedagógicas,
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principalmente quando se trata de alunos das séries iniciais, que estão tem seu
primeiro contato com o âmbito escolar.
A Constituição Federal valoriza a educação e transfere a todos a
incumbência de promovê-la e incentivá-la. A Carta Magna acrescenta:

“Art. 205. A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).

Cumpre acrescentar, também a ideia PIAGET apud CUNHA (2000),


quando diz que o desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre a criança e o
seu mundo, ou seja, as pessoas com quem ela mantém contatos. É evidente que a
criança aprende a partir da interação com o ambiente que o cerca. Neste caso, “a
escola, terreno fértil de aprendizagens diversas, constitui o espaço privilegiado para
as manifestações de ordem afetiva, social e cognitiva dos sujeitos em enfrentamento
do outro e da cultura” (FIGUEIREDO, 2002, p. 70).
Outro dispositivo indispensável à educação é a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, que dispõe:

Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem


na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais.
§ 1º - Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. (BRASIL,
1996).

Por muitos anos a educação infantil era tida apenas como assistencialista,
e a escola tinha apenas o papel de “[...] atender às necessidades da mãe
trabalhadora de ‘guardar’ as crianças, liberando a mãe para o trabalho” (GARCIA,
1993, p. 9).
Nesse contexto, a escola não é depósito de crianças e não visa somente
à preparação dos alunos das séries iniciais para as séries finais do ensino
fundamental e ensino médio. Nos dias atuais, o âmbito escolar assumiu um papel
diferente: o de colocar o aluno como um sujeito da aprendizagem para que possa,
gradativamente, obter a noção do mundo à sua volta, potencializar as ferramentas
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para a transformação da sua realidade, ampliar o seu nível de aprendizado, dentre


outros.
É exatamente nesse sentido que se faz necessário considerar as
experiências sociais acumuladas de cada aluno e seu contexto social, de modo a
construir a partir daí, um ambiente escolar acolhedor em que o aluno se sinta parte
do todo e esteja totalmente aberto a novas aprendizagens. PERRENOUD (2001)
acrescenta que aprender é uma tarefa complexa, que mobiliza, dentre outros, o
gosto pela exploração, a angústia, o desejo, a criatividade.
COMENIUS (2002) defende que o cérebro na idade infantil é tido como
úmido e pronto para receber todas as imagens que lhe chegam, apreendendo
rapidamente o que lhes é ensinado. Esse processo de aprendizado precisa ser
estimulado no âmbito escolar, através de métodos e práticas pedagógicas
direcionadas para este fim. A interação é algo essencial durante o processo de
busca pelo saber. Neste aspecto:

As interações sociais (entre alunos e professores) no contexto escolar


passam a ser entendidas como condição necessária para a produção de
conhecimentos por parte dos alunos, particularmente aquelas que permitem
o diálogo, a cooperação e troca de informações mútuas, o confronto de
pontos de vista divergentes e que implicam na divisão de tarefas onde cada
um tem uma responsabilidade que, somadas, resultarão no alcance de um
objeto comum. Cabe, portanto, ao professor não somente permitir que elas
ocorram, como também promovê-las no cotidiano das salas de aula.
(VYGOTSKY apud REGO, 1995, p.110).

É preciso que haja interação entre educando e educador, principalmente


em se tratando da educação infantil, onde são exigidos cuidados essenciais para
que o processo de ensino e aprendizagem seja pautado na qualidade, na ludicidade
e com vistas ao pleno desenvolvimento da criança.

4 A LEITURA E A ESCRITA COMO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO

Para FREIRE (2006), o homem deve ser um sujeito ativo na construção


de sua própria história, isso retrata a visão de que a educação assim como a prática
da leitura são processos de formações que não são recebidos, mas constituídos
gradualmente, nos quais o próprio sujeito participa, sendo um coautor.
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Como ser histórico e social, o homem deve ter consciência de todas as


transformações que ocorrem em seu meio. Frisa-se, portanto, o seguinte
pensamento, que retrata a importância da informação e a linguagem como
indispensáveis ao desenvolvimento da consciência humana que, por sua vez,
desencadeia o desenvolvimento humano:

Ao transmitir a informação mais complexa, produzida ao longo de muitos


séculos de prática histórico-social, a linguagem permite ao homem assimilar
essa experiência e por meio dela dominar um ciclo imensurável de
conhecimentos, habilidades e modos de comportamento, que em hipótese
alguma poderiam ser resultado da atividade independente de um indivíduo
isolado [...] e que a linguagem é realmente o meio mais importante de
desenvolvimento da consciência. (LURIA, 1994, p.81 apud VALOMIN, 2011,
p. 9)

Notadamente, a sociedade exige a construção de cidadãos pensantes,


reflexivos e críticos. É onde entra o papel da escola e da importância da leitura e
escrita como possibilidade de conscientização e desenvolvimento humano, pois com
o acesso e o uso dos conhecimentos, das informações que possui, o sujeito-leitor
poderá intervir nesses processos de mudanças, criando e recriando as relações ali
existentes, não apenas recebendo essas ações.
É evidente que todo esse processo de construção do conhecimento e do
desenvolvimento de habilidades importantes ao indivíduo, como o de aprender a ler
a escrever precisa ser estimulado na escola, logo nos primeiros anos de vida
escolar. É a partir desse período que a criança passa a ter ou não interesse por
estudar, por buscar aprender, por frequentar a escola.

[...] o homem contemporâneo é afetado por outros homens, fatos e


processos por vezes tão distantes de seu cotidiano, que somente uma
rede muito complexa de informações pode dar conta de situá-lo,
minimamente, na teia de relações em que se encontra inserido. Neste
universo, tão mais vasto e complexo, a escrita assume relevante função
registrando e colocando ao seu alcance as informações que podem
esclarecê-lo melhor (KLEIN, 2000, p. 11 apud VALOMIN, 2005, p.7).

Cumpre mencionar que processo de aquisição construção do


conhecimento acerca da leitura e escrita inicia nos primeiros anos de vida, quando
as crianças começam a despertar a curiosidade, a fazer alguns rabiscos na intenção
de reproduzir o seu pensamento. Esse processo faz parte da construção do
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conhecimento e sua posterior consolidação. O seu contato com o âmbito escolar vai
inseri-la no campo do conhecimento sistematizado.
É bem verdade que alfabetizar tem se tornado um verdadeiro desafio,
tendo em vista todas as dificuldades e equívocos que permeiam esse processo.
Muitas vezes, a escola não fornece condições adequadas para que os professores
possam desenvolver um trabalho mais eficiente. A prontidão para a leitura e a
escrita depende muito mais das ocasiões sociais do contato com a leitura e a
escrita, do que de qualquer outro fator cognitivo, emocional ou psicológico. Ou seja,
a criança necessita ter esse contato. Mesmo que ela ainda não saiba ler e nem
escrever, o professor pode, inclusive, ler um texto para ela, fazendo-a estimular a
sua imaginação. A escola, obviamente, precisa criar mecanismos que possibilitem
esse contato da criança com o universo da leitura e da escrita.
Para aprender a ler e a escrever, cada criança possui um ritmo individual
e o tempo para que possa se apossar do código linguístico é algo muito relativo e
singular. O professor (a) deve portanto respeitar esse tempo e compreender que se
trata de um processo no qual ele é agente primordial, que através da sua didática,
proporciona meios e estímulos que servirão como nortes, os quais conduzirão a
criança à apropriação da leitura e escrita.
No ato de ler e escrever, além de mobilizar o conjunto dessas funções
intelectuais, a criança também precisa ter vontade de expressar ou comunicar
alguma experiência vivida, por tudo isso a aprendizagem da escrita é importante
para o desenvolvimento humano. Motivação para aprender, conforme já foi
explicitado, é algo fundamental para o aprendizado. FERREIRO (1999, p. 23)
elencou algumas propostas relevantes no processo de alfabetização inicial:

Restituir à língua escrita seu caráter de objeto social;


Desde o início (inclusive na pré-escola) se aceita que todos na escola
podem produzir e interpretar escritas, cada qual em seu nível;
Permite-se e estimula-se que a criança tenha interação com a língua escrita,
nos mais variados contextos;
Permite-se o acesso o quanto antes possível à escrita do nome próprio;
Não se supervaloriza a criança, supondo que de imediato compreenderá a
relação entre a escrita e a linguagem;
Não se pode imediatamente, ocorrer correção gráfica nem correção
ortográfica.

A autora supracitada tem uma contribuição significativa na discussão quanto


à importância da leitura e escrita na educação infantil, onde a criança tem o seu
17

primeiro contato com a escola. É evidente que o educador necessitar estar vinculado à
ideia de que está lidando com uma clientela que precisa desenvolver habilidades
contínuas, para as séries seguintes e, por isso, um trabalho responsável e zeloso é
crucial nesse sentido.

4.1 A leitura e a escrita em debate

Um dos objetivos da escola é a formação de leitores, cidadãos críticos e


não alunos ledores. Há, portanto, uma distinção entre aluno leitor e aluno ledor:

Leitor e ledor não se confundem, pois o leitor não se apoia na decifração de


letra por letra, sílaba por sílaba, palavra por palavra (como faz o ledor). Para
o leitor, a abordagem do texto (sua leitura) realiza-se através de um
processo de questionamento, que não é estritamente dependente da
decifração linear, ou seja, decifrar palavra por palavra da primeira à última
linha do texto. O leitor faz hipóteses de sentido a partir de indícios
discursivos (e não restrito a cada palavra) e verifica essas hipóteses no
texto; para ele ler é uma situação de vida, isto é, fonte de crescimento
pessoal, tanto afetivo como cognitivo e não meramente um exercício escolar
(GONÇALVES, 2004, p. 78 apud NETA e AGUIAR, 2015, p. 4)

O papel do professor é essencial no processo de formação de sujeitos


leitores e escritores. Isso exige dedicação, até porque algo mais significativo que
ensinar a ler e a escrever é transmitir o gosto pela leitura e escrita. Para isso, são
fundamentais ações concretas e planejadas para tal fim, de forma a instigar o aluno
a ter interesse e expressar com liberdade. Sabe-se que a leitura não é uma prática
limitada ao ambiente escolar, mas a vários contextos sociais.
Por meio do envolvimento social, as pessoas passam a ter o interesse e o
hábito pela leitura e escrita não deixando de lado a mobilidade da família, motivando
a criança mesmo antes de ir à escola e isso faz com que o discente perceba a leitura
como um ato prazeroso e necessário à sua convivência diária, pois um leitor
competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, entre os
textos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade
particular.
Nesse contexto, o professor pode fazer uma seleção criteriosa com quais
textos trabalhará em sala de aula, fazendo uma leitura aos alunos e estimulando a
capacidade de percepção e promovendo o desenvolvimento da imaginação deles.
Diante dessas ideias, é cabível o seguinte questionamento? Qual a contribuição da
18

leitura e escrita para alunos inseridos na creche, com idade de 05 anos, onde sequer
conseguem segurar o lápis na mão?
Obviamente, alunos com essa idade sequer consegue, talvez, identificar a
letra “a”, “b”, “c”, por exemplo. No entanto, eles precisam encontrar no âmbito
escolar alguns estímulos que lhes ajudem a gostar de frequentar às aulas. Uma das
propostas, logicamente, é fazer uma leitura de alguma estorinha com os alunos,
dentre outras estratégias que serão mencionadas posteriormente. Certamente, o
objetivo é fazer com que as crianças adquiram desde cedo o hábito de leitura.
Ler é uma prática prazerosa que contribui na compreensão da realidade,
no acesso à informação e aos conhecimentos, na aquisição de novas palavras ao
vocabulário, no estímulo à criatividade e no desenvolvimento pessoal e profissional.
Além desses benefícios, o aluno desenvolve a competência linguística, ou seja,
gradualmente vai reconhecendo os elementos que compõem determinado gênero
textual, o objetivo do texto e assim adquire mais facilidade na compreensão e
contextualização do que se lê.
Assim, as práticas de leitura e escrita como objeto de formação do
indivíduo devem estar direcionadas às suas realidades. Logicamente, o aluno só irá
ler algo que lhe interessa e só vai escrever sobre algo que circunda a sua realidade.
De nada adianta o professor pedir que seus alunos escrevam sobre aspectos
distantes de seus universos, até porque tanto a prática de leitura quanto a da escrita
precisa ser prazerosa e deve estar inserida dentro do contexto do aluno.

4.2 O Papel do professor no âmbito escolar

É óbvio que os princípios da educação estão direcionados à valorização


dos saberes prévios do aluno, ao respeito às suas experiências e vivências. Ou seja,
ao que a criança traz consigo, quando inicia a vida escolar. Com isso, destaca-se
que o papel do professor não é mais o de detentor do conhecimento, até porque
existem diversas fontes de aprendizado e de informação. O objetivo do educador,
portanto, é o de mediar a busca pelo conhecimento, utilizando práticas pedagógicas
que ajudem a criança nesse processo educativo.
É cabível destacar o pensamento de FREIRE (1996, p. 47) quando afirma
que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
própria produção ou a sua construção”. Assim, deve-se mudar a visão que se tinha a
19

respeito do professor, como um ser que meramente transmite um rol de conteúdos


pré-determinados que se encontram nos livros didáticos.
Em se tratando especificamente de alunos inseridos em creches, o
campo do conhecimento precisa ser explorado de forma lúdica, criativa e pautada na
compreensão de que, a partir dali, o aluno terá um longo caminho pela frente. Esse
caminho precisa ser trilhado a partir das experiências que ele teve na família e na
escola. Daí a importância de criar no aluno um sentimento de pertencimento ao
âmbito escolar, para que ele se sinta sempre motivado a buscar o aprendizado.
O modelo de “ensino bancário”, onde o aluno não questiona ou reflete
sobre o conhecimento e o recebe como algo pronto e acabado não contribui para o
desenvolvimento da criança. O educador deve viabilizar uma educação onde se
problematiza e instiga os alunos a pensar nas possibilidades de resoluções de
determinadas situações para que possam atuar com mais eficácia no cotidiano.
Embora sejam crianças com idade de 05 anos, inseridas em creche, o
desenvolvimento das potencialidades dos alunos precisa ser estimulado pelo
educador, para que se tornem pessoas capazes de posteriormente intervir no
desenvolvimento da sociedade.
A educação é o instrumento pelo qual toda e qualquer sociedade pode se
desenvolver. Reza a Constituição (1988, art. 209) que, embora livre para a iniciativa
privada, a educação escolar é um dever do Estado e um direito do cidadão, da
família e da sociedade. Ou seja, os entes federados, a família e a sociedade são
responsáveis pela promoção da educação, de forma geral.
Nesse contexto, LIBÂNEO (2005, p. 27 apud GODINHO) defende que
existem basicamente três modalidades de educação: a informal, que corresponde a
influências exercidas pelo ambiente sociocultural e que se desenvolve por meio das
relações dos sujeitos e grupos com seu ambiente humano, social, físico, das quais
resultam práticas e experiências que não são organizadas e intencionais.
Já a educação não-formal é realizada em instituições, mas que
apresentam certo grau de estruturação; e a formal, que compreende instâncias de
formação, escolares ou não, onde há objetivos educativos explícitos e uma ação
intencional institucionalizada, estruturada e sistemática, ou seja, é aquela onde o
planejamento é norteado em função de conteúdos, metodologias e procedimentos
didáticos.
20

FREIRE (1987), mais uma vez, destaca que a ação docente é a base de
uma boa formação escolar e contribui para a construção de uma sociedade
pensante. Mas para que isso seja possível, o docente precisa assumir seu
verdadeiro compromisso e encarar o caminho do aprender a ensinar.
Evidentemente, ensinar é uma responsabilidade que precisa ser trabalhada e
desenvolvida. Em se tratando de crianças inseridas nas séries iniciais, por exemplo,
a responsabilidade é ainda maior.
O professor precisa compreender a sua profissão e o seu objetivo, que é,
dentre outros, ajudar no crescimento do seu aluno. É preciso que assuma o seu
papel com o objetivo claro da relação de ensino (que é o de ensinar), levando em
consideração a condição de ambos os lados dessa prática, como parceiros
intelectuais, desiguais em termos de desenvolvimento psicológico e dos lugares
sociais ocupados no processo histórico, mas por isso mesmo, parceiros na relação
contraditória do conhecimento.
Um educador precisa sempre, a cada dia, renovar sua forma pedagógica
para, da melhor maneira, atender a seus alunos, pois é por meio do
comprometimento e da “paixão” pela profissão e pela educação que o educador
pode assumir o seu papel e se interessar em realmente aprender a ensinar.
A criança aprende por meios de diversas fontes de aprendizagem. A
escola serve, neste caso, como orientadora deste conhecimento, tendo em vista que
ela é um espaço dinâmico, de interação e da busca pelo saber, e o professor é o
profissional que tem o papel de mediar esse conhecimento.

5 O PAPEL DO PROFESSOR QUE ATUA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Não se pode falar da educação sem mencionar a prática pedagógica do


professor em sala de aula, que precisa ser reflexiva e inovadora. A escola tem o
papel de formar o indivíduo para a vida e, por isso, exige que o professor utilize
diferentes instrumentos teóricos para o aperfeiçoamento de sua prática pedagógica,
que deve ser reflexiva e faz parte da função social do ensino e do conhecimento de
como se aprende, como defende ZABALA (1988).
Buscar aperfeiçoar a sua prática pedagógica é algo essencial para
estimular no aluno a busca pelo conhecimento, dando a ele a oportunidade de
conhecer o mundo que lhe rodeia.
21

A prática pedagógica dos professores das séries iniciais do ensino


fundamental precisa ser feita de forma reflexiva, afinal, as crianças estão tendo o
primeiro contato com o âmbito escolar, com outro campo de conhecimento. E, por
isso, as situações de aprendizagens precisam ser organizadas, até porque “tudo é
construído numa tentativa pedagógica de harmonizar a especificidade da criança
com as influências do meio, com as generalidades do desenvolvimento humano”
(CERIZARA, 1990, p.108).
Assim, a educação tem o propósito de construir um novo indivíduo para
viver que em sociedade, para adquirir as ferramentas necessárias que lhe possibilite
atuar ativamente em seu meio social. Esse processo é iniciado, logicamente, nas
séries iniciais, quando o aluno tem o seu primeiro contato com o saber
sistematizado, com a leitura, escrita, enfim, com outro campo de conhecimento.
FREIRE (1996, p. 37), afirma que “não posso ser professor sem me pôr
diante dos alunos, sem revelar com facilidade ou com relutância minha maneira de
ser, de pensar politicamente”. Mesmo atuando nas séries iniciais, o professor
precisa resgatar na criança motivação para aprender a pensar, a buscar conhecer o
mundo que o cerca, por meio de diálogos, experimentos, experiências, pois se a
“situação de aprendizagem é gratificante e agradável, o aprendizado tende a se
dinamizar, a extrapolar-se para situações novas e similares e, por fim, a inspirar
novas aprendizagens” (RODRIGUES, 1976, p.179).
DANTAS (1994) sublinha que é preciso haver empatia entre professor e
aluno. O professor precisa utilizar-se de diferentes meios para potencializar a busca
pelo conhecimento, principalmente a partir do diálogo. Além disso, precisa entender
que a educação é uma troca de experiências, conhecimentos, vivências, afinal,
antes mesmo de a criança ter o primeiro contato com a escola, ela já possui alguns
conhecimentos prévios adquiridos no âmbito familiar. Explorar diferentes práticas
pedagógicas durante as aulas é de grande relevância para acolher a criança na
escola.
A afetividade assume um papel preponderante durante o processo
educativo para as crianças. A busca pelo saber preciso ser prazeroso, num espaço
aconchegante, acolhedor, mediado por um educador que tem um objetivo
estabelecido, embora a educação seja um processo, que não se finda em sim
mesmo. A atuação do professor em sala de aula tem um propósito: apontar o
22

caminho a ser seguido e, para que isso ocorra de forma satisfatória, é importante a
criação de um clima de confiança, segurança, respeito mútuo e motivação na escola.
Nesse sentido, sublinha-se a ideia abaixo:

Os resultados positivos de uma relação educativa movida pela afetividade


opõem–se àqueles apresentados em situações em que existe carência
desse componente. Assim, num ambiente afetivo, seguro, os alunos
mostram–se calmos e tranqüilos, constroem uma auto–imagem positiva,
participam efetivamente das atividades propostas e contribuem para o
atendimento dos objetivos educativos. No caso contrário, o aluno rejeita o
professor e a disciplina por ele ministrada, perde o interesse em frequentar
a escola, contribuindo para seu fracasso escolar. O professor que possui a
competência afetiva é humano, percebe seu aluno em suas múltiplas
dimensões, complexidade e totalidade (RIBEIRO e JUTRAS, 2006).

Entender como se processa o conhecimento da criança aponta caminhos


para o aperfeiçoamento da prática pedagógica, que deve explorar a interação, o
diálogo e a afetividade, para que a busca pelo conhecimento aconteça de forma
prazerosa e dinâmica, a fim de formar indivíduos críticos, que sejam capazes de
intervir no seu meio social.
Com isso, destaca-se que prática pedagógica eficaz é aquela que coloca o
indivíduo no centro do processo educativo. Além disso, é importante entender como se
processa a aprendizagem na criança e organizar essas fontes de aprendizagens,
pautando-se na interação, no diálogo e na afetividade. Só assim, a escola criará um
ambiente favorável à criança, e o auxiliará na sua preparação para a vida adulta.
Não é possível explorar a leitura e a escrita sem que o aluno tenha
confiança no seu educador. Ou seja, o professor precisa ser um reflexo do que está
ensinando.

5.1 A leitura e a escrita na educação infantil

A criança, ao iniciar sua interação com a leitura e a escrita, como ouvir


alguém ler e ter acesso aos livros, tendo oportunidade de rabiscar, ela passa a se
interagir e desenvolver o prazer pela leitura e a escrita, e essas habilidades
precisam ser desenvolvidas em sala de aula. Ela precisa se sentir à vontade e
estimulado e cresça com o hábito de ler e escrever e que a leitura e escrita possam
23

ser vista como uma das ferramentas mais importante para o seu crescimento
profissional e educacional. Nesse aspecto, destaca-se:

Aprender a ler e escrever se faz uma oportunidade para que mulheres e


homens percebam o que realmente significa dizer a palavra: Um
comportamento humano que envolve ação e reflexão. Dizer as palavras em
sentidos verdadeiros, e o direito de expressar – se e expressar o mundo de
criar e recriar de decidir de optar (FREIRE, 1982, p. 49).

Note-se que o pensamento de Freire, embora tendo sido publicado em


1982, ainda pode ser utilizado nos dias atuais, pois apresenta um grande significado
do que é realmente aprender a ler e a escrever. Para que as crianças despertem-se
para o desenvolvimento da leitura e escrita é necessário que os educadores
incentivem a interação uns com os outros, bem como a participação em sala de
aula.
Com as interações contextualizados com os pares desenvolvem-se a
leitura dando significado e clareza no entendimento. Ao praticar a leitura por meio de
índices textuais e interação uns com os outros para desenvolver os trabalhos em
sala de aula, mesmo antes das crianças dominarem a leitura e a escrita com
facilidade, será uma forma de facilitar o desenvolvimento delas. Portanto, os
educadores devem depositar confiança e acreditar e motivá-los para que elas se
sintam à vontade e motivadas.
Para MARTINS (1994, p. 31-32), as várias concepções a respeito da
leitura podem ser caracterizadas em duas formas: a leitura de decifrar as suas
produções e a leitura que precede seu entendimento. Obviamente, o objetivo inicial
é fazer com que as crianças comecem a conhecer as letras do alfabeto.
Posteriormente, o professor deve ensinar a elas como essas letras podem juntar-se
a outras formando sons que, por sua vez, forma uma palavra. Segundo
TEBEROSKY e COLOMER (2007), quando as crianças analisavam as sílabas,
descobrem a vogal, que é o elemento com maior sonoridade, núcleo da sílaba.
No processo de ensino e aprendizagem, principalmente em se tratando de
crianças inseridas na Creche, deve-se desenvolver meios de produzir, interpretar e
compreender, principalmente de forma lúdica. Essa prática é indispensável quando o
objetivo é fazer com que a criança dê os primeiros passos rumo ao aprendizado da
leitura e da escrita, até porque
24

Toda educação verdadeiramente comprometida com exercício da cidadania


precisa criar condições para o desenvolvimento da capacidade de uso eficaz
da linguagem que satisfaça necessidades pessoais que podem esta
relacionada às ações efetivas do cotidiano, transformação e busca de
Informação, ao exercício da reflexão (PCNs, 2001, p. 30).

Obviamente, a escrita também tem um papel fundamental no processo


educativo, pois ela tem a função de disponibilizar as diversas hipóteses que
transmitem ideias para beneficiar as proximidades encontradas na caminhada da
vida. A escrita, portanto, atua como instrumento indispensável à transformação
social.
Em se tratando especificamente de alunos inseridos em creches, cumpre
destacar que, assim como as letrinhas do alfabeto, os desenhos são mecanismos
importantes para o desenvolvimento da escrita, pois disponibiliza aos educandos
incentivos para reproduzir suas ideias de forma a desenvolver pensamentos lógicos.
Certamente, é preciso haver estratégias de ensino para efetivar a prática.
Os jogos pedagógicos, por exemplo, desperta o interesse do aluno e
facilita a construção do conhecimento, até porque a ludicidade é um método capaz
de desenvolver a criatividade do educando.
É importante destacar que a educação precisa estar inserida numa
perspectiva de desenvolvimento das potencialidades do aluno, principalmente
quando se trata de alunos inseridos na creche, que estão tendo o primeiro contato
com outra instituição, que é a escola. A essa clientela, precisa ser oferecida um
ambiente aconchegante, atraente. Apesar de muitos desafios, os professores
precisam ser criativos e comprometidos com o crescimento e desenvolvimento
dessas crianças, dando a elas a oportunidade de se tornarem pessoas capazes de
intervir na sociedade.

5.2 Dificuldades de leitura e escrita na educação infantil

Obviamente, uma criança de 05 anos, inserida numa creche certamente


ainda não consegue ler e nem escrever, porém, é importante que nessa faixa etária
o aluno comece a ser preparado para o universo da leitura cuja prática deve ser uma
25

constante na vida dos alunos. Assim, é importante que o professor, como mediador
do conhecimento, estimule esse hábito.
Destaca que várias são as causas que interferem na aprendizagem dos
alunos, dentre eles, ensino inadequado feito por meio de currículos obsoletos, falta
de motivação e fatores socioeconômicos e culturais. Outros fatores são os biológicos
e psicológicos (causas relacionadas ao desenvolvimento biológico e psicológico) tais
como a falta de percepção, atenção, memória ou requisitos básicos para a
elaboração do conhecimento escolar.
Nesse sentido, ressalta-se a ideia de que,

A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos os poderes,


capacidades, potencialidades do homem, tanto físicas, quanto mentais e
afetivas, isto significa que aprendizagem não pode ser considerada somente
como um processo de memorização ou que emprega apenas o conjunto das
funções mentais ou unicamente os elementos físicos ou emocionais, pois
todos estes são aspectos necessários (CAMPOS, 1979, p. 33).

O pesquisador menciona que, no processo de aquisição da


aprendizagem, são vários os fatores que devem fazer parte dele. São elas: boa
saúde física e mental, motivação, maturação, inteligência e afetividade. Quando há
ausência de algum desses fatores ou até mesmo uma inadequação pedagógica,
pode ocorrer uma dificuldade de aprendizagem, principalmente em se tratando do
desenvolvimento da habilidade de leitura e escrita.
CASTILLO (1999) aponta que para que a criança faça uso da leitura e
escrita é necessário que se desenvolva algumas habilidades, tais como:
discriminação visual, auditiva, memória visual e auditiva, coordenação motora,
coordenação motora fina, conhecimento do esquema corporal, orientação espacial,
atenção seletiva, domínio da linguagem oral, diferenciação entre letras e outros
símbolos, cópia de modelos e memorização de relatos curtos, canções infantis,
versos de rima fácil. Percebe-se que, para ler e escrever, são exigidas das crianças
diversas habilidades. Na maioria das vezes, o educador não consegue lidar com
elas.
O processo de ensino-aprendizagem e as dificuldades que os alunos
apresentam em sala de aula em relação à leitura e a escrita, não devem jamais ser
julgados sem uma análise sobre a vida cotidiana dos educandos.
26

Ou seja, o educador precisa, antes de tudo, conhecer a realidade do


aluno, pois isso serve de parâmetro para adotar uma prática pedagógica mais
próxima da realidade do aluno.
Nesse contexto, verifica-se que é importante primeiramente, analisar a
realidade externa e interna dos alunos inseridos no ambiente escolar, pois, é
necessário conhecer realmente a vida, os sentimentos, os sofrimentos, a rotina e a
família dos alunos que chegam até a escola e que apresentam tais dificuldades de
aprendizagem.
A escola, juntamente com seus educadores, e a comunidade escolar, tem
que saber trabalhar de modo inclusivo, ou seja, desempenhar trabalhos em grupos e
adequar recursos concretos à prática da leitura, da escrita, e das necessidades dos
alunos, como forma de valorizar as ideais do educando, suas experiências, a
bagagem vivida por eles e o que os mesmos já obtêm de saberes e conhecimentos.
Sabe-se, que são muitos os desafios enfrentados nos anos iniciais do
ensino fundamental em relação à defasagem da leitura e da escrita dos alunos, não
há como negarmos os desafios, pois eles estão no nosso dia a dia educacional,
basta só observamos. Nota-se então, desde a despreparação do professor/educador
frente à prática educativa pedagógica, despreparação essa, que muitas vezes
acontece por falta de uma formação continuada ou de cursos complementares na
área em que o mesmo atua.
Portanto, analisa-se, que para se tornar um leitor competente e um
escritor eficiente, será preciso primeiramente de professores capacitados, isto é,
educadores conscientes de sua prática educativa e preparados para os desafios
constantes da atualidade, pois os professores/educadores têm que ser capaz de
desenvolver uma mediação qualitativa no ensino-aprendizagem, com base em
estímulos nos mais diversos contextos sociais, tanto no contexto formal, quanto no
contexto não formal, na busca de formar alunos leitores competentes.
É interessante que o aluno conheça textos verbais e não-verbais e que as
temáticas textuais sejam voltadas às suas reais necessidades, aos problemas do
cotidiano. Devido às inúmeras possibilidades advindas das tecnologias, a leitura
pode ser realizada em diversos meios e suportes, não apenas por meio impresso.

O mundo do ciberespaço também nos aponta novos actores na produção e


no tratamento dos conhecimentos, além de novas formas de apropriação
dos saberes. O papel do professor não pode mais ser o de detentor do
27

conhecimento, uma vez que ele é assegurado mais eficazmente por outros
meios. Com a Internet, por exemplo, os alunos podem navegar no oceano
da informação e de conhecimentos disponíveis em rede. Com o CD-ROM,
as bases de dados multimodais interactivas on-line, podem ter acesso, de
modo rápido e atraente, a vastos conjuntos de informação, estando fora ou
dentro da escola. (SOARES, 2005, p. 3).

As atividades de leitura nesse contexto devem estar relacionadas ao que


Paulo Freire chama de “leitura de mundo” em sua obra Pedagogia da Autonomia
(2006). Para ele, ler não é apenas decodificar as palavras, mas discutir, analisar,
problematizar, dar outros significados aos textos e ter um posicionamento crítico da
realidade, conclusões que levem à transformação social, pois somente assim o ato
de educar-se acontece.
Formar sujeitos sociais, leitores da realidade em que se inserem e
capazes de usar a leitura como instrumento indispensável à sua participação na
construção do mundo histórico e cultural, implica garantir uma ação educacional
voltada para o desenvolvimento da competência comunicativa do aluno, da sua
capacidade de interpretar construções simbólicas, de modo que este se torne capaz
de ler e pronunciar o mundo (FREIRE, 1982 apud SOARES, 2005, p.3).
Hoje em dia, algumas crianças estão matriculadas em determinadas
séries, mas o seu nível de conhecimento é inferior. Ou seja, há situações de
crianças estudando o terceiro ano, mas ainda não conhecem as letras do alfabeto
nem formar palavras, por exemplo. Nesse sentido, é preciso buscar mecanismos
para entender como acontece o aprendizado da criança, de forma a adotar uma
prática pedagógica que garanta o desenvolvimento cognitivo da criança na idade
certa.
Compreender os processos de desenvolvimento cognitivo da criança é
fundamental para a adoção de práticas pedagógicas eficazes, porque existem
desafios durante o processo de ensino e aprendizagem, e isso precisa ser
enfrentado. A criança precisa ser compreendida em seus diferentes aspectos e isso
é fundamental para a melhoria da prática pedagógica.
É preciso que sejam criadas diferentes formas de aprendizagem, até
porque o campo do conhecimento é muito amplo, e cada ao educador deve adotar
diferentes estratégias para fazer com que o aluno construa o seu conhecimento.
Para compreender essa situação, é preciso fazer um corte da realidade,
analisando dados a partir de pesquisa de campo, interação com professores e
28

alunos. Essas informações são importantes por demonstrar um retrato das


dificuldades de leitura e escrita enfrentadas pelos educadores em sala de aula, além
de evidenciar a prática pedagógica adotada para vencer esse desafio.
Para que a leitura e escrita sejam significativas e direcionadas com êxito
de modo a adequar-se à realidade social do aluno, autores apontam que é
importante o professor conhecer quais são as práticas de leitura realizadas pelos
alunos nos contextos onde estão inseridos (família, igreja, movimentos sociais,
associações, no trabalho). Muitas vezes, esses hábitos estão distantes da forma
como a leitura e a escrita se dão na sala de aula.
A leitura proporciona a descoberta de um mundo novo e fascinante. Para
tanto, a apresentação da leitura para as crianças deve ser feita de uma maneira
diferenciada e atrativa, para que assim elas possam ter uma visão prazerosa a
respeito do ato de ler, de modo que seja um prazer e um hábito que ela
acrescentará em sua vida sem que seja visto como algo obrigatório. Quanto aos
alunos inseridos em creches, que ainda não detêm a habilidade de ler e escrever, é
indispensável ao professor trabalhar com leitura e escrita de forma diferenciada,
procurando adotar estratégias que auxiliem os alunos no processo de
desenvolvimento dessas habilidades.
A leitura tem o poder de desenvolver a capacidade intelectual e crítica das
pessoas, devendo assim, fazer parte do seu dia a dia e desenvolver a criatividade
em relação ao seu próprio meio e o meio externo. Quando a criança é incentivada a
ler, ela se torna ativa e está sempre disposta a desenvolver novas habilidades,
querendo sempre mais.
O gostar de ler é construído em um processo que é individual e social ao
mesmo tempo, pois ouvir histórias é pra quem sabe e também para aquele que não
sabe ler. O professor deve entender e compreender as dificuldades particulares de
cada aluno, e deve, ao mesmo tempo, estimulá-los a produzirem e ouvirem textos,
para que assim ele possa desenvolver suas competências e habilidades,
estimulando a leitura como um processo de libertação da criatividade e da reflexão
crítica do cidadão.
Então, a leitura é fundamental e necessária para a criação de um
indivíduo crítico, apto para discutir seus pontos de vista, por estar preparado e
equipado com uma carga intelectual, superior a outro indivíduo que não obteve a
29

mesma carga literária. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais


(BRASIL, 1997, p.36):

Não se formam bons leitores oferecendo materiais empobrecidos,


justamente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo da
escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma a
qualidade de suas vidas melhora com a leitura. No âmbito desta
abordagem, fica evidente que os recursos didáticos e procedimentos devem
viabilizar e enriquecer a forma como se procede a uma atividade, seja ela
individual ou coletiva, com intuito de facilitar à criança desenvolver seus
próprios esquemas mentais na organização do processo de aprendizagem.
Sabe-se que os procedimentos estão relacionados ao domínio do uso de
instrumentos de trabalho, que possibilitem a construção de conhecimento e
o desenvolvimento de habilidades. Favorecem, portanto, a construção, por
parte dos alunos, de instrumentos que os ajudarão a analisar os resultados
de sua aprendizagem e os caminhos percorridos para efetivá-la. Como
exemplo, tem-se a realização de pesquisas, produções textuais, resolução
de problemas, elaboração de sínteses e outros.

Fica evidente, portanto, que o trabalho com leitura e escrita em sala de


aula precisa ser feito de forma organizada e objetiva. É importante que o aluno
perceba o que busca através da leitura, o que lhe motiva a praticar esse ato, não é
apenas ler para aprender a ler, mas para solucionar um problema, buscar uma
informação precisa, indagar sobre determinado assunto. É dessa forma que a leitura
contribui na formação crítica que conduzirá o sujeito a saber lidar e resolver as
situações reais do dia-a-dia.

6 A LUDICIDADE COMO CAMINHO PARA O ENSINO DA LEITURA E ESCRITA

Destaca-se que o lúdico é uma forma de despertar o interesse do aluno


no ato de aprender a ler a escrever, tendo em vista que todo o universo escolar, com
seus materiais pedagógicos, figuras, letreiros, etc., precisam despertar na criança
esse sentimento de que precisa aprender a ler e a escrever.
Para que essa estratégia seja consolidada, a escola deve ser criativa,
buscando mecanismos para despertar os interesses dos alunos para que eles
possam fazer parte do mundo letrado e evitar que veja a aprendizagem como algo
insatisfatório e somente como uma necessidade de ser aprovado no final do ano.
30

O desenhar e brincar deveriam ser estágios preparatórios ao desenvolvimento


da linguagem escrita das crianças. Os educadores devem organizar todas
essas ações e todo o complexo processo de transição de um tipo de linguagem
escrita para outro. Devem acompanhar esse processo através de seus
momentos críticos até o ponto da descoberta de que se pode desenhar não
somente objetos, mas também a fala. Se quiséssemos resumir todas essas
demandas práticas e expressá-las de uma forma unificada, poderíamos dizer o
que se deve fazer é, ensinar às crianças a linguagem escrita e não apenas a
escrita de letras (Vygotsky, 2001, p.134).

Para que o ensino da leitura e da escrita seja ampliado no processo de


aquisição, é indispensável a qualificação do professor. A alfabetização de alunos não
deve ser encarado simplesmente como um ato que tradicionalmente simboliza cópia
repetição, decodificação simplória, dentre outras práticas. Nos primeiros anos de vida,
as crianças têm contato com um texto, porém oralmente, através das estórias contadas
por seus pais, avós e/ou responsáveis. À medida que crescem, conseguem inventar
fatos, narrar o que ouviu acrescentar detalhes às estórias, bem como escolher trechos
que mais lhe atraem. De acordo com Sandroni & Machado (1988, p.15), “os livros
aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança
começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real”.

6.1 Contação de estórias

ABRAMOVICH (1993), defende que o ouvir histórias pode estimular o


desenhar, o musicar, o ficar, o sair, o pensar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o
escrever, o rabiscar. Escutar estórias é, portanto, o início para tornar-se um grande
leitor.
Quem ouve histórias desenvolve a capacidade de entender e imaginar,
enriquecendo a sua leitura do mundo. Criam-se condições para que quem ouve
amplie o seu mundo simbólico e desenvolva a consciência das suas emoções,
vivenciando o conto como fazendo parte dele (JOLIBERT, 1994, p. 38)

O desenvolvimento da criança precisa estar associado a inúmeros


fatores, que vai desde a sua infância, quando ela tem contato com as primeiras
estórias e as primeiras letras, até a fase adulta, quando ela adquiriu a capacidade de
percepção e suas habilidades estão mais desenvolvidas. A escola tem um papel
31

preponderante nesse aspecto. Outro fator que não pode ser negligenciado é a
participação da família.
A participação dos pais no processo educativo, principalmente em se
tratando de aprender a ler e a escrever é de grande importância, porque essa
motivação para aprender precisa ser estimulada tanto na escola quando na família.
Além disso, inserir a criança em espaços que estimulem a busca pelo aprendizado é
também muito relevante.

Desde muitos pequenos as crianças constrói conhecimento remetente sobre a


escrita e a leitura e, se tiverem a oportunidade isto e se alguém for capais de
sela no nível de conhecimento para apresenta o desafio ajustado poderão ir
construindo outros novos, que cada vez estarão mais de acordo com o ponto
de vida adulto (SOLE, 1998, p.61-62).

O hábito para a leitura e a escrita precisa ser formado muito antes de


aprender a ler a escrever. Quando ouve estorinhas, a criança já cria ali uma relação
com o mundo. Notadamente, os professores devem contar estórias para seus alunos,
e essa prática deve ser estendida ao âmbito familiar, fazendo com que ambas as
instituições trabalhem em prol do desenvolvimento cognitivo da criança.
Ações como folhear o livro, contemplar as gravuras, falar o que veem nelas,
identificar figurinhas são passos importantes rumo ao vasto conhecimento da leitura e
escrita. Cumpre destacar que nas escolas em que a participação dos pais é frequente,
o processo educativo acontece de forma mais eficiente. Daí a participação das duas
instituições estarem em consonância, juntas, reunidas, imbuídas no mesmo propósito.
Essa parceria ajuda os educandos a terem sucesso na vida escolar contribuindo para
diminuição do desinteresse e violência na escola e na família.
Nesse contexto, a instituição de ensino deve criar situações que envolvem
os familiares nas atividades escolar de seus filhos, como promover palestra, debates
sobre a participação da família na escola, tratando de um assunto que envolva o
interesse em geral, dentre outros.

7 CAMINHOS PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA

Ensinar a não é simplesmente ensinar técnicas mecanizadas e regras de


leitura, mas sim, ampliar saberes e conhecimentos que os alunos já possuem,
32

buscando estratégias significativas no desenvolvimento eficiente da leitura. Desta


forma, cabe o entendimento de que,

Atualmente, os professores, além de das técnicas de alfabetização devem


procurar novas maneiras de incentivar a leitura. Portanto, o professor é um
dos principais agentes da promoção da leitura. Entretanto, a referida autora
alerta para o fato de que são raros os professores leitores proficientes, mas
segundo ela “a inexistência da atividade da leitura não se restringe aos
docentes” (COSTA, 2008, p. 49).

Inicialmente, é necessário que o educador esteja preparado para


trabalhar leitura e escrita em sala de aula. Precisa compreender o que é leitura. O
conhecimento crítico sobre isso deve estar bem fundamentado dentro da concepção
de leitura interacionista, pois somente desse modo será possível ao professor
desenvolver um trabalho de qualidade, com planejamento diferenciado e atuação
efetiva em classe, com uma prática pedagógica bem estruturada.
A leitura é uma conquista social, que está presente no nosso universo
todos os dias e todas as horas, desde o momento em que começamos a
compreender as primeiras letras e a conhecer o mundo que nos rodeia.
É lendo que se estabelece o interesse pelo aprendizado, pelo enredo,
pela fantasia, pelo desenvolvimento da linguagem, da imaginação, da criatividade,
da expressão de ideias, do prazer pela leitura e pela escrita de forma concreta,
oportunizando situações significativas, nas quais as crianças passam a interagir em
seu processo de construção do conhecimento, possibilitando assim, o seu
desenvolvimento de forma gradativa e qualitativa nos diversos contextos sociais.
Em relação especificamente à leitura, é fundamental citarmos como
referência os Parâmetros Curriculares Nacionais, os quais apresentam uma lista de
razões sobre a importância da leitura nos diversos contextos sociais, reproduzidas
integralmente a seguir (BRASIL, 1997, p. 47):

Ampliar a visão de mundo e inserir o leitor na cultura letrada;


Estimular o desejo de outras leituras;
Possibilitar a vivência de emoções, o exercício da fantasia e da imaginação;
Permitir a compreensão do funcionamento comunicativo da escrita: escreve
se para ser lido;
Expandir o conhecimento a respeito da própria leitura;
Aproximar o leitor dos textos e os tornar familiares – condição para a leitura
fluente e para a produção de textos;
Possibilitar produções orais, escritas e em outras linguagens;
33

Informar como escrever e sugerir sobre o que escrever;


Ensinar a estudar;
Possibilitar ao leitor compreender a relação que existe entre a fala e a
escrita;
Favorecer a aquisição de velocidade de leitura;
Favorecer a estabilização das formas ortográficas.

O professor precisa ser, antes de tudo, criativo e reflexivo, fazendo uso de


diferentes métodos para fazer com que seu aluno aprenda ou desenvolva a sua
habilidade de leitura e escrita. Assim sendo, por meio do uso de diferentes textos é
possível trabalhar diferentes estratégias de leitura em todas as disciplinas
componentes do currículo escolar.
DUKE e PEARSON (2002) apontam seis tipos de estratégias de leitura
que o professor pode trabalhar em sala de aula. A primeira estratégia é “Pensar em
Voz Alta”, porque auxilia na compreensão, pois ao verbalizar o pensamento o leitor
pode expressar aquilo que compreendeu sobre o texto.
O questionamento auxilia o leitor a entender o que está lendo, pois ao
refletir sobre o assunto estará aprofundando sua capacidade de compreensão e
entendimento.
Outro fator indispensável durante o trabalho com leitura é a disposição
desses textos aos alunos. Devem ser textos que despertem a atenção deles, que
sejam interessantes, de fácil compreensão, de escrita simples. Além disso, precisa
ter expressividade, ou seja, ser necessário ao aluno, produzir inquietações e abordar
questões sob diferentes perspectivas.
Quando se propõe ao aluno retornar ao texto, a estratégia é fazer com
que ele possa ir além do superficial, da informação contida no texto. Seria como se o
texto lido fosse um instrumento para novos conhecimentos, e isso só é possível por
meio de questões que não priorizem apenas as informações que o leitor já tenha
memorizado por meio da leitura dinâmica ou mesmo por meio dos seus
conhecimentos prévios.
Outro ponto relevante é propor discussões a partir da temática, questionar
os conhecimentos dos alunos a partir do tema, sondar possíveis hipóteses para
explorar o texto em questão. Quando o professor compreende a importância da
relação do leitor com o texto ocorre a interatividade, ou seja, o aluno tem a
capacidade de compreender, analisar e sintetizar novas ideias, assim como fazer
34

julgamentos e argumentar. Em outras palavras, ao educador cabe a tarefa de fazer


com que o texto lido seja discutido, analisado sob diferentes aspectos.
Trabalhando de forma eficiente, adotando estratégias de leitura torna o
ato de ler prazeroso e significativo, fazendo surgir outra habilidade extremamente
importante, que é a prática de escrita. Segundo (VYGOTSKI, 2001), a escrita é uma
representação de segunda ordem. Ela se constitui por um sistema de signos,
palavras escritas, que representam os sons e palavras da linguagem oral, que tem
relação com o mundo real.

A escrita precisa ser apresentada a criança como um instrumento que tem


uma função social: a função de expressar ou comunicar, ideias e
sentimentos, ou seja, é um equívoco pensa que o ensino dos aspectos
técnicos da escrita para a criança permite-lhe aprender a escrever e ler
conforme requer o uso da escrita nas diversas situações sociais em que é
utilizada. (VYGOTSKI, 2001, p. 156).

O professor precisa estimular a escrita em sala de aula, mas o primeiro


passo para isso é trabalhar a leitura para, a partir daí, propor que o aluno escreva,
faça apontamentos ao texto, escreva o que entendeu, escolha finais diferentes para
as histórias, dentre outros caminhos que podem ser seguidos para que se tenha
uma leitura e escrita eficientes.
O ato de aprender a ler e a escrever deve ser conduzido de forma
prazerosa, harmônica e repleta de construções, descobertas e trocas de
experiências. Assim como o educador precisa conhecer o que é leitura, também
precisa saber o que é escrever. Analisa-se que existem muitos professores
despreparados na hora de ensinar seus alunos os primeiros traços da escrita,
prejudicando o processo de ensino e aprendizagem nos anos iniciais do ensino
fundamental.
Muitas vezes, o professor acredita que seus alunos não aprenderão a
escrever corretamente os primeiros traços de escrita. Acredita-se, que os
“rabisquinhos” fazem parte de todo o processo de escrita, e desde então, a criança
necessita dos erros e dos rabiscos para desenvolver uma escrita correta e
significativa pouco a pouco.
A escrita através de “rabiscos”, muitas vezes é considerada errada e sem
lógica pelos professores dos anos iniciais do ensino fundamental, mas observa-se
35

que esse processo deveria ser mais refletido, dialogado e desenvolvido por toda a
equipe escolar, pois a mesma é um processo lento e significativo para todos os
envolvidos.
Acredita-se, que não se pode, em momento algum descartar a
possibilidade de aprendizagem dos alunos e o processo de escrita por pequenos
“erros” cometidos no traçado das crianças, pois os erros são necessários, seja, para
testar hipóteses, para experimentar e para aprender e evoluir, pois o erro é uma
parte significativa do processo de ensino-aprendizagem, tanto da leitura como da
escrita. De modo que o educador precisa acreditar no potencial do seu aluno, na
capacidade que ele tem de aprender, embora apresente dificuldades para aprender.
Trabalhar com produção textual nas séries iniciais é um grande desafio
para o educador. No entanto, não é impossível, se o seu trabalho for desenvolvido a
partir do que rege os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 49-50),
quando demonstra alguns procedimentos assim resumidos:

Oferecer textos escritos de boa qualidade para que sirvam de referências


para as futuras produções;
Solicitar aos alunos que produzam textos antes de saberem grafá-los,
ditando para alguém ou gravando;
Propor situações de produção de textos em pequenos grupos, para que
possam dividir as tarefas: produzir, grafar, revisar. Essa estratégia, além de
ajudar aqueles que têm mais dificuldades, pode desenvolvê-los para a
atitude colaborativa;
Conversar com os alunos sobre o processo de escrita para que não criem
fantasias de que escrever é muito fácil para algumas pessoas.

Em outras palavras, o professor deve trabalhar textos simples e objetivos.


Jamais o professor deve propor que seus alunos escrevam sobre assuntos que eles
não dominam. Se assim o for, precisa fornecer a eles outros textos sobre aquele
determinado assunto, etc. Ou seja, é preciso que o aluno tenha um embasamento
para escrever.

8 METODOLOGIA

Notadamente, todo e qualquer projeto de pesquisa parte, inicialmente, de


um problema que precisa ser analisado. A partir daí, reúne-se alguns dados prévios
que servem de embasamento para a pesquisa. O presente trabalho de pesquisa foi
36

realizado partindo da premissa de que é preciso identificar desafios e perspectivas


quanto ao ensino de leitura e escrita com alunos de 05 anos da Creche Menino
Jesus. A metodologia aplicada para o desenvolvimento do presente trabalho de
pesquisa foi a pesquisa bibliográfica exploratória de abordagem qualitativa.
Na realização deste trabalho científico, foram utilizadas obras e escritos
de diversos autores, os quais relatam a importância da leitura e da escrita o mais
cedo possível no contexto social das crianças que estão em processo de
alfabetização, principalmente aqueles inseridos em creches, especificamente os de
05 anos da Creche Menino Jesus. A fonte de dados como descrita acima foi obtida
através da pesquisa bibliográfica fundamentada em livros, revistas, jornais, artigos,
enfim em diversos estilos de bibliografia, que dizem respeito à temática da
dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita dos anos iniciais do ensino
fundamental.
A metodologia empregada consiste na exposição de pesquisas e ideias
sobre o tema, refletindo a importância de se obter o hábito saudável de leitura e de
escrita nos anos iniciais do ensino fundamental. A prática da leitura e da escrita é
um atributo essencial na aprendizagem e na vida das crianças em sociedade, como
também, fundamental para o desenvolvimento de cidadãos ativos, críticos,
autônomos e, sobretudo leitores.
A partir da análise dos dados obtidos na Escola Municipal Menino Jesus,
utilizou-se ideias de diversos educadores e expoentes da educação brasileira para o
desenvolvimento de um trabalho objetivo e conciso sobre a leitura e a escrita nas
séries iniciais do ensino fundamental.
Primeiramente, foi realizado uma discussão sobre o contexto histórico da
educação no Brasil. Em seguida, foi feita a pontuação sobre como deve ser a prática
pedagógica do professor que atua na Creche Menino Jesus.
Posteriormente, houve uma conversa inicial com a professora regente
acerca como se processa o conhecimento da criança e, em seguida, analisando os
fatores que ocasionam as dificuldades de leitura e escrita. Finalmente, apontei
possíveis caminhos para resolver ou, pelo menos, minimizar os problemas
relacionados à leitura e escrita em sala de aula.
Logicamente, para uma pesquisa eficaz e com resultados satisfatórios, é
indispensável uma conversa informal com os educadores da Creche, campo de
37

pesquisa. Posteriormente, a aplicação de um questionário é de grande relevância


por possibilitar o registro dos dados a serem analisados.

8.1 Análise de resultados

Conforme o exposto, os educadores se deparam com diversas


dificuldades de leitura e escrita em sala de aula. Nesse sentido, foi realizada uma
pesquisa de campo com alunos de 05 anos da Creche Menino Jesus, localizada no
Povoado Jenipapo, município de Balsas, onde foram aplicados questionários para
alunos e professores, com o objetivo de fazer um recorte da realidade e discutir os
aspectos que precisam ser melhorados no que se refere à leitura e a escrita.
Foram aplicados dois questionários (questionário 01 para professor;
questionário 02 para alunos). Ao todo, foram entrevistados 12 alunos e a professora
de Língua Portuguesa Raimunda Nunes da Conceição. Através do questionário 01,
aplicado para o professor, obteve-se a seguinte resposta:

Figura 1 - Número de alunos com dificuldades de leitura e quais são:

Fica evidente que a professora conseguiu identificar que 03 alunos


conhecerm parcialmente as letras do alfabeto. 04 alunos conseguem conhecer todas
as letras do alfabeto e 05 não conhece as letras do alfabeto, número bastante
considerável.
38

Figura 2 - Quantidade de alunos com dificuldades de escrita e quais são:

Quanto às dificuldades de escrita, a professora Raimunda Nunes da


Conceição respondeu que 05 alunos não conseguem escrever todas as letras do
alfabeto. Ou seja, escreve parcialmente. 04 alunos não consegue de jeito nenhum
escrever todas as letras. Apenas 03 alunos da turma consegue escrever
perfeitamente as letras do alfabeto.
Ao ser questionada sobre as metodologias aplicadas em sala de aula, a
professora Raimunda disse que utiliza ditado de letras, Interpretação de textos de
diversos tipos, Leitura de histórias infantis etc.

Logo que comecei a trabalhar com essa turma aqui na Creche Menino
Jesus, procurei identificar inicialmente quais eram as maiores dificuldades
os alunos. Percebi que muitos não conseguiam sequer segurar no lápis. Já
outros já conseguiam escrever algumas letras do alfabeto e até mesmo
reconhecer as letras; eles aprenderam em casa, com seus pais. Aqui na
Creche procurei fazer com que eles passassem a conhecer as letrinhas.
Para isso, venho utilizando diversos métodos, como lendo e contando
historinhas para eles, pedindo a eles, leitura de pequenos textos para eles e
e em seguida trabalhando a interpretação com eles. Eu uso bastante com
eles a questão de ditado com eles. Eu vou ditando algumas letras e eles vão
escrevendo em seus cadernos. (Professora Raimunda Nunes da Conceição,
pesquisa de campo).

Em se tratando das séries iniciais, onde a criança tem o seu primeiro


contato com a escola e com outras fontes de aprendizagem, a educação precisa ser
feita de forma reflexiva. O professor deve conhecer o seu aluno e estabelecer com
ele uma proximidade, o que garante, obviamente, segurança e confiança na busca
pelo saber.
É importante destacar que o trabalho com leitura e escrita precisa ser feito
de forma prazerosa, despertando no aluno o interesse pelo trabalho em sala de aula.
Além das perguntas objetivas, merece destaque o questionamento sobre outras
39

dificuldades de leitura e escrita enfrentadas em sala de aula e quais as metodologias


aplicadas para melhorar esse quadro. Ao ser questionada sobre isso, a professora
destacou que grande parte dos alunos não recebem incentivos em casa, deixando a
incumbência de educar apenas à instituição de ensino.

Eu sempre observo que muitos pais de alunos acreditam que a


responsabilidade de educar cabe apenas à escola. Alguns alunos chegam
aqui e já conseguem escrever algumas letrinhas, outros sequer sabem
segurar o lápis. Daí eu friso a questão da participação da família nesse
quesito, principalmente quando se trata de crianças, que estão inicialmente
a sua vida estudantil (Professora Raimunda Nunes da Conceição, pesquisa
de campo).

A pesquisa evidenciou que alguns alunos provêm de famílias sem


estruturas, onde pais são analfabetos ou tiveram pouco contato com a escola, o que,
na maioria das vezes, dificulta o trabalho pedagógico. Somente no ambiente escolar
não é possível melhorar a leitura e a escrita, porque o tempo com o estudo é pouco.
Através do segundo questionário aplicado aos doze alunos de 05 anos da
Creche Menino Jesus, do Povoado Jenipapo, obteve-se o seguinte resultado:

Figura 3 - Seus pais lhe incentivam a estudar?

Sobre o não incentivo, alguns responderam que seus pais não sabem ler
e nem escrever e, por isso, preferem deixar que a escola assuma a responsabilidade
de ensinar a ler e a escrever. Houve aluno que alegou falta de tempo para ler e a
escrever: “De manhã eu venho para a escola, e de tarde vou ajudar meu pai na roça.
De noite eu vou dormir”, respondeu Willan da Silva Alves.
40

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Obviamente, o trabalho do educador é essencial na vida do estudante.


Em se tratando de alunos de 05 anos, inseridos em creche, como é o caso de uma
turma de 12 alunos da Creche Municipal Menino Jesus, localizada no Povoado
Jenipapo, é indiscutível a função do educador na condução do processo educativo.
Notadamente, trabalhar com leitura e escrita com alunos com essa faixa
etária representa um grande desafio, tendo em vista que são educandos que estão
tendo a oportunidade de acessarem pela primeira vez o saber sistematizado, aquele
que ocorre no âmbito escolar. Muitos alunos sequer têm habilidades para segurar o
lápis, por exemplo, exigindo do professor um trabalho docente que consiga adequar
às expectativas do ensino.
A leitura e a escrita são ferramentas de transformação social essenciais
na sala de aula e nos demais contextos sociais. Além de aguçar a criatividade,
contribuir na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento pessoal e
profissional, como também na expressão oral e escrita, a leitura garante outros
benefícios ao indivíduo, tais como: o aperfeiçoamento da competência linguística, a
inserção no mundo da cultura letrada e as possibilidades de exercer a cidadania de
forma livre, crítica e consciente. Certamente, o desenvolvimento da habilidade de
leitura reflete consideravelmente na escrita.
Nesse sentido, o papel do professor nessa conjuntura é de suma
importância, principalmente quando se trata de educação infantil, onde o trabalho
precisa ser realizado utilizando diversas alternativas, como contação de estórias,
leitura e interpretação de textos para eles, dentre outros trabalhos que fazem com
que a criança desperte a criatividade e a vontade de aprender a ler e a escrever.
Outro fator preponderante é a ajuda da família, que deve assumir um
papel importante no incentivo à leitura e escrita, não delegando esse incentivo
somente a escola, até porque o tempo em que o aluno passa no âmbito escolar é
muito pouco. Cabe, portanto, o entendimento da escola e da família que a educação
precisa ser incentivada por ambas as instituições, para fazer com que os alunos
sejam ativos na sociedade e se tornem instrumentos de transformação social.
41

REFERÊNCIAS

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44

ANEXOS
45

QUESTIONÁRIO 01 – Professor
PESQUISA DE CAMPO

Nome: _____________________________________________

1º) Qual a quantidade de alunos que apresentam as seguintes dificuldades de


leitura:

a. Não conhece as letras do alfabeto _____________________________


b. Conhecem parcialmente as letras do alfabeto ____________________
c. Conhece as letras do alfabeto ________________________________

2º) Qual a quantidade de alunos que apresentam as seguintes dificuldades de


escrita:

a. Consegue escrever todas as letras do alfabeto_______________________


b. Não consegue escrever todas as letras do alfabeto ___________________
c. Escreve parcialmente as letras do alfabeto__________________________

3º) Qual a metodologia usada para melhorar a leitura e escrita em sala de aula?

( ) Ditado de letras
( ) Ditado de sílabas
( ) Leitura do alfabeto
( ) Leitura do alfabeto e sílabas

4º) Cite abaixo outras dificuldades de leitura e escrita enfrentadas em sala de


aula e a metodologia utilizada.

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________
46

QUESTIONÁRIO 02 – Aluno
PESQUISA DE CAMPO

Nome: _____________________________________________

2º) Seus pais lhe incentiva a estudar?

( ) Sim ( ) Não

3º) Seus pais se preocupam com o estudo de vocês? Justifique sua resposta
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

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