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1 VALORES
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As M A N E I R A S C O M O AS C I Ê N C I A S SÃO E NÃO SÃO L I V R E S D E V A L O R E S
C o n s i d e r a ç õ e s pertinentes à valorização m o d e r n a do c o n t r o -
le ocuparão u m papel central nas críticas à neutralidade e à auto-
nomia que farei a seguir; p o r isso, d i s c o r r e r e i brevemente sobre
ela, ilustrando ao mesmo t e m p o m i n h a alegação de que as pers-
pectivas de valor se t o r n a m racionalmente aceitáveis à luz dos
pressupostos que servem para t o r n á - l a s coerentes. Com o o b j e -
tivo de compreender que o caráter d i s t i n t i v o do controle na m o -
dernidade (e das atitudes e m relação a ele) reside na extensão de
seu alcance e e m seu m o d o de relacionar-se c o m outros valores
(cf. SVF, p. 111-5; Lacey, 1999a), i d e n t i f i c o os componentes da
valorização moderna do controle assim:
ST
Hugh Lacey
ia
As M A N E I R A S COMO AS C I Ê N C I A S SÃO E NÃO SÃO L I V R E S D E V A L O R E S
to
Hugh Lacey
2 C I Ê N C I A L I V R E D E VALORES
IMPARCIALIDADE
A imparcialidade p r e s s u p õ e u m a d i s t i n ç ã o e n t r e valores
cognitivos e valores de outros tipos (cf. SVF, p. 2 i 6 - s t 3 ; Lacey,
1999b). Ela representa o valor que deve estar presente e i n c o r p o -
rado n u m a prática científica de forma que:
3 As explicações sucintas apresentadas aqui devem ser tratadas como aproximações. Deta
lhes, nuanças, qualificações, variações e propostas alternativas são discutidas em SVF, cap.
4. 10).
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U m a t e o r i a é aceita c o m relação a u m d o m í n i o de f e n ô -
menos se e apenas se ela manifesta os valores cognitivos
e m alto grau, de acordo c o m os padrões mais elevados, à
luz dos dados e m p í r i c o s disponíveis; e uma teoria é r e j e i -
tada se e apenas se u m a teoria inconsistente c o m ela f o i
corretamente aceita. A s s i m , não existe u m papel para va-
lores morais e sociais (e para as maneiras c o m as teorias
são usadas, e p o r q u e m ) nos juízos envolvidos na escolha
de teorias.
NEUTRALIDADE
4 0 primeiro pressuposto não implica que aceitar teorias não tenha consequências (lógi-
cas) no que diz respeito a quais são (ceteris paribus) os valores racionalmente aceitáveis (cf.
SVF, p. 74-82; VAC, cap. 8, seções 1, 2, 3) pois, como sustentei acima, uma perspectiva de
valor é considerada racionalmente admissível em virtude de vários pressupostos acerca do
que é possível e acerca da natureza humana, pressupostos que deveriam ser rejeitados se
fossem inconsistentes com teorias científicas corretamente aceitas (cf. VAC, cap. 2). Dessa
forma, as consequências no domínio dos valores não são implicações, mas são mediadas
pelo papel dos pressupostos.
4.9
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AUTONOMIA
•1
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3 A V A L I A Ç Ã O DA " C I Ê N C I A L I V R E D E V A L O R E S "
ESTRATÉGIAS MATERIALISTAS
H O 1 ' i i i i i T i l n (Ir " I ' H l i a l c g i a " d e r i v a d o e o n c e i l o k i i l i n i a n o d e " p a r a d i g m a " (cf. .STF. p. 361).
Hugh Lacey
•• 1
'"' ralegias promissoras segundo as quais possibilidades não materiais pode-
" ' w .1 o . i i l . r , para pesquisa na agricultura, estratégias agroecológicas (l.acev.
t•!'<'»'••. I'•«•.! pesquisa na liiologia psicossocial, estratégias feministas. Antes da hegemonia
(Ian rnliuiegiiiM materialista*, as estratégias aristotélicas foram dominantes (cf. SVF, cap. 8,
I , <J, rrxpei lu.linenle)
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H u g h Lacey
4.8
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11 1 , 1
momento não pode ser realizado sem a realização prévia do primeiro; mas
11 11.10 se apoia de forma alguma nas relações dialéticas entre estratégias e valores.
W v r i i l i i d e . sei capaz de reconhecer a lógica em ação no segundo momento pode depender
(palnilugicamcnlc) do engajamento na pesquisa feita segundo essas estratégias. A pesqui-
M poili o.lo s e i i o m l i i / i i l a e m unia determinada área porque os resultados a serem obtidos
••oioiiHidriailos potencial mente significantes. Mas uma teoria só pode tornar-se aeei-
W ( l i o « r g u n i l o momento) se a pesquisa relevante - investigação no primeiro momento -
||Vf 1 alilo leali/.ida Segue se que uma teoria não pode ser aceita a menos que seja poten-
>|>liiienli' mgiiilicanle. (lunlimi.i a ser um erro grave derivar a falsidade das teorias da au-
M111 I l i d e Ki^iiiln . o u 1.1 potencial, ou de seu fracasso em ajustar se às restrições das estraté-
Hugh Lacey
no
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W
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ENDOSSANDO A NEUTRALIDADE?
9 Isto dá origem a questões importantes acerca de quem são os membros das comunidade!
engajadas na investigação empírica sistemática (científica), se elas incluem apenas "pro
fissionais" com qualificações específicas, e se é também apropriado exigir que exista, enl re
os membros das comunidades, uma disseminação das perspectivas de valor (cf. a discusuílo
a respeito da autonomia emSVF, cap. 4, 10). Também são levantadas questões a respeito do
lugar da ciência na democracia (cf. Anderson, 1999).
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4 CONCLUSÃO
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CAPÍTULO 2