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Ramon Duque Ferraz Burgos

RELATÓRIO DE INSPEÇÃO NAS PONTES DO


RECIFE ANTIGO

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil


Profª Drª. Eliana Monteiro
Matéria: DREC

Recife
2018
Ponte Giratória
Interliga a Avenida Norte ao Cais do Apoio, no bairro do Recife. Datada de 1881,
serviu ao trem que saía da velha estação do bairro do Brum. Hoje é de concreto
armado. A ponte apresenta um pilar-parede que suporta dois tabuleiros; um onde
existe o tráfego constante de veículos e o outro com a antiga linha férrea
desativada. Os pilares apresentam marcas da variação de maré e vários moluscos
encrustados em sua superfície, o que pode gerar uma degradação bioquímica do
concreto. Outro elemento presente de forma homogênea em toda superfície dos
pilares, e no fundo do tabuleiro, foi o bolor. A presença de umidade constante contribui
e favorece o desenvolvimento do bolor, além de problemas no escoamento da água
advinda da parte superior do tabuleiro que intensificam o seu desenvolvimento. A
presença da água drenada de forma incorreta também favorece manifestações
patológicas como eflorescência e corrosão da armadura, que ambas foram
identificadas durante a inspeção visual. Das manifestações identificadas, a mais
preocupante é sem duvida a corrosão de armadura, pois a mesma já leva a estrutura a
uma nova fase da sua vida útil, onde o desempenho pode ser afetado negativamente e
caso não ocorra uma intervenção, a própria ruína da estrutura é uma possibilidade. A
origem de tal manifestação é o cobrimento insuficiente da armadura e a provável
causa a contaminação por cloretos.
Ponte Mauricio de Nassau
Considerada a primeira ponte do Brasil, foi construída, nas proximidades da atual, em
1644. Passou por diversas reformas, sendo a última em 1993. Interliga a Av. Marquês
de Olinda, no bairro do Recife, e a Rua 12.de março, em Santo Antônio. Durante a
inspeção visual foi notado que a mesma sofreu uma intervenção para recuperação das
vigas recente, porém é visível que não houve o controle de qualidade na recuperação
e o acabamento no fundo de uma das vigas não foi feite. Ficando a mesma com uma
superfície irregular e porosa, favorecendo a penetração de agentes agressivos.
Fissurações por retração da argamassa também foram identificados e apontam a falta
de uma cura adequada. Quanto às manifestações patológicas, pontos com
eflorescência foram identificados e sinais iniciais de desplacamento do revestimento
também, o que podem indicar a corrosão de armaduras. Um agravante identificado foi
a falta de controle na fixação de suportes para tubulações, pois vários suportes são
fixados de forma indevida e sem a consulta de um engenheiro responsável para
indicar os pontos mais favoráveis em que os mesmos possam ser instalados sem
prejudicar a estrutura.
Ponte Buarque de Macêdo
A mais extensa do centro do Recife (283,3m), a ponte foi concluída em 1890. Liga a
Praça da República, em Santo Antônio, à Av. Rio Branco, no bairro do Recife.  A
Ponte Buarque Macêdo também apresenta sinais de que uma recuperação foi feita em
suas longarinas, porém logo no momento de acesso ao fundo do tabuleiro, estalactites
desenvolvidas pela lixiviação do concreto são identificadas. Vários pontos de
infiltração se dispõem ao longo da estrutura e manchas de umidade e eflorescência
circundas tais pontos de infiltração de água constante. Fissuras tipo mapa também
estão presentes nas longarinas e a provável causa é a retração do concreto por falta
de uma cura adequada.
Ponte Princesa Isabel
Inaugurada em 1863, foi a primeira ponte em ferro da cidade. Liga a Rua da Aurora,
no bairro da Boa Vista, à Rua do Sol, no bairro de Santo Antônio. Depois de um
século, a estrutura de ferro foi substituída por concreto armado.  Durante a inspeção
da Ponte Princesa Isabel, é notável que uma recuperação já foi executada. Porém
múltiplos pontos de corrosão de armaduras foram identificados em toda a estrutura.
Os danos mais agravantes estão dispostos nas longarinas, onde já existem barras de
aço totalmente corroídas e com uma redução de seção claramente acima dos 10%,
tornando necessária a sua reposição imediata. Visto que a mesma não desempenha
sua função estrutural de forma adequada e sobrecarrega as outras longarinas que
também possuem diversos pontos de corrosão de armadura.
Duarte Coelho
Interliga duas avenidas, a Guararapes e a Conde da Boa Vista. Atendia aos serviços
ferroviários, inaugurados em 1868, que se estendiam até o subúrbio de Caxangá. Foi
construído em concreto armado em 1943. A Ponte Duarte Coelho apresentava a
estrutura do tabuleiro praticamente integra, apenas com pequenas manchas de
umidade que precisam de atenção, pois podem ser comprometedoras para a saúde da
estrutura. As longarinas dispunham de um encamisamento nas suas extremidades,
encamisamento qual que é caracterizado como um reforço da estrutura por aumentar
o cobrimento da armadura e aumentar a seção da longarina nos pontos onde o
esforço cortante é maior. Na mesoestrutura da ponte, foi identificada uma fissura
horizontal no topo das faces do pilar, não foi possível mensurar a espessura da
fissura, porém era evidente que a mesma não se adequa a norma 6118, que
estabelece uma espessura máxima de 0,3 mm para fissura. A mesma pode ser um
ponto vulnerável da ponte e funcionar como uma porta de entrada para agentes
agressivos, pois ela está bem no limite da cota máxima de variação do nível no rio,
sendo submergida periodicamente e possivelmente contaminada com cloretos e
sulfatos.

Conclusões
Diante do que foi observado durante a inspeção, 2 pontes apresentavam armadura
corroída exposta e evidenciam que a vida útil de serviço das estruturas chegou ao seu
limite, com maior agravamento da situação da Ponte Princesa Isabel. Onde já
podemos evidenciar o início da sua fase de vida útil última. Apenas a Ponte Duarte
Coelho pode ser classificada como saudável e a mesma deve ser tomada como
referência para medidas interventivas a serem adotadas nas demais pontes. Pois a
origem dos problemas mais graves são advindas da mesma fonte, como a falta de um
cobrimento adequado e um direcionamento correto das águas presentes no topo do
tabuleiro. Dessa forma garantindo que as pontem tenham condições de desempenhar
de forma segura as solicitações para a quais foram elaboradas e atendendo a
população do Recife no seu direito de ir e vir.

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