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N° 1| V.

3| 2021

A BELEZA ATRAVÉS DA COMIDA. AS CORES QUE OS FRUTOS E


VEGETAIS POSSUEM A PARTIR DE UM OLHAR ARTÍSTICO.

ISSN2675-861X
ÍNDICE 42
LIVES PROLIM 2020
O uso do campo virtual para divulgação de conteúdo
sobre a Comunicação.
6
EDITORIAL
54
COVID-19
8 Sob a ótica de professores de inglês.
AUTOBIOGRAFIA
Um pouco sobre a tragetória do Rafael Lasmar.
58
11 ARTIGO
FOTOGRAFIAS Um Universo de Possibilidades: Uma análise de Steven
Frutos e vegetais divertidos - 12 Universe e o lúdico como ferramenta para a diversidade.
Cores quentes da comida - 22 Bárbara Machado
Os pimentões e suas cores - 33

68
MONOGRAFIA
40 A imagem desconstruída em Oz: o uso de esteriótipos na
MÍDIA PIU construção da personagem Glinda.
Projeto do aluno Iury Almeida. Vanderléia Siqueira

2 3
MISSÃO
Divulgar material que abordem temas relacionados a área do
Jornalismo e da Publicidade e Propaganda produzidos no Brasil,
correlatos a área da Comunicação Social aos vários nomes de
estudantes, professores, pesquisadores e profissionais nacionais,
anônimos e consagrados que queiram publicar suas produções
autorais. Fandom - Jornalismo & Publicidade e Propaganda é
FANDOM - Jornalismo & uma revista interdisciplinar, criada com o objetivo de dinamizar a
Publicidade e Propaganda pesquisa, a produção, criação e a divulgação de material jornalístico
e publicitário, bem como contribuir com a documentação
histórica e o estudo de novas técnicas de produção e de criação
Revista Brasileira de Pesquisa e na comunicação. Sentados lado a lado, jornalistas e publiciários,
Divulgação das Comunicações Sociais debateram e apreciaram no espaço acadêmico, as possibilidades
do CEPCCOM - Centro de Editoração e os resultados da aproximação entre estas duas áreas do
Publicação e Criação em Comunicação conhecimento humano, sempre com o intuito de promover vocações
Social da UEMG, Unidade Divinópolis e estimular processos criativos, permitindo que estudantes de
graduação e de pósgraduação também possam enviar materiais
Fandom é uma publicação anual do práticos e teóricos que abordem sobre estes diversos talentos
CEPCCOM Centro de Editoração, brasileiros. Com o objetivo de dinamizar a pesquisa, produção,
Publicação e Criação em Comunicação criação e divulgação de material produzidos por alunos dos cursos
Social da UEMG, Unidade Divinópolis. de Jornalismo e de Publicidade e Proapaganda em suas diversas
disciplinas e/ou resultados em campo, a revista recebe material
prático, notícias, resenhas em fluxo contínuo e funciona apenas no
ISSN - 2447-2638 formato digital. As submissões dessas imagens e textos devem
estar em sintonia com a Missão da Revista.
Publicação Online
4 5
Editorial:
Eliane Meire Soares Raslan

Editorial
Coordenador do Centro CEPCCOM:
Eliane Meire Soares Raslan

Conselho Editorial:
Dra. Ana Carolina Lima Santos - UFOP
Dra. Gabriela Borges Martins Caravela - UFJF
Prof. Dra. Eliane M. Soares Raslan Dra. Janie Kiszewski Pacheci - ESPM/Sul
Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda e curso de Jornalismo da UEMG, Dr. Victor Laus-Gomes – UCB
Unidade Divinópolis Conselho vinculado ao PPGCOM - Programa de Pós-gra-
duação da Faculdade de Comunicação de suas
instituições.

Conselho Gráfico:
Silvestre Rondon – ED/UEMG
Os meios midiáticos fazem parte do contexto diário dos profissionais de comunicação
e no período de Pandemia mundial, com o COVID-19, os alunos do curso de publicidade e Projeto Gráfico: Sanny Caroliny Cunha

de jornalismo também precisaram se adaptar. Pensando nesta importância do mercado dentro Produção: Ana Carolina P. de C. Silva; Sanny Caroliny
deste contexto de Isolamento Social, verificamos que os alunos tentam se adequar ao modo de Cunha; Gustavo D’Angelo Resende.

ensino superior, antes presencial e agora no formato online, assim como em suas atividades Fotografia da capa: Lorena Andrade
dentro das empresas. Ressaltamos alunos como estudantes e alunos como profissionais, ainda
Apoio:
levamos o leitor a pensar na convivência e nas novas adaptações de espaço e de tempo, então Edital 01/2019 - Programa Institucional de Apoio à Pes-
partimos da temática: “Alunos comunicam e atualizam suas ações como profissionais”, já que quisa - PAPq /UEMG

estes necessitam em determinado momento se tornarem professores, como a matéria sobre Data de publicação:
o covid-19 e as crianças online, realizada por uma aluna do curso de Publicidade/UEMG, esta
“O meio é a mensagem. 10.01.2021
Dossiê temático: “Alunos comunicam e atualizam suas
ministra aulas de inglês para crianças e tenta se adaptar a rotina atual, já que a didática e ações como profissionais”
ISSN 2447-2638 – Publicação Online
a questão da linguagem tecnológica são diferentes no olhar infantil. Professores na área da O homem cria a ferramenta. A ferramenta Primeiro semestre de 2021 Nº 1- V. 3. Ano 2021
comunicação também precisam mudar suas rotinas e abraçar os problemas dos alunos para recria o homem. 117 páginas
que estes continuem a estudar, já que a pandemia gera problemas psicológicos e desistência Formato: 210mm x 297mm

estudantil, como o caso de refletirmos sobre as imagens, elas nos levam a diferentes diálogos? Artigos, trabalhos de conclusão de curso, resenhas e
A fotografia é uma forma de comunicar? Entendemos que ela vai além do fato de informar, já que
A criança de hoje está perplexa quando entra material jornalístico e publicitário: Fluxo livre

aqui, a fotografia foi um ato não só de aprendizado à distância, mas de readaptação dos alunos no ambiente do século XIX que ainda carac- A Revista FANDOM – Jornalismo & Publicidade é uma
publicação sem fins lucrativos do CEPCCOM – Centro
de graduação – cursos de publicidade e de jornalismo, um escape deste momento de isolamento teriza o sistema educacional onde a informa- de editoração, publicações e criações em Comunicação
social, não apenas para evitar aglomeramentos, mas também como técnica de ensino para que ção é escassa, mas ordenada e estruturada Social do curso de Comunicação Social - Publicidade e
estes alunos afastado do seu meio de educacional – espaço físico da universidade, pudesse Propaganda e do curso de Jornalismo da UEMG, unidade
por padrões fragmentados e classificados de Divinópolis. Revista Interdisciplinar com publicação anual
realizar as diversas sessões fotográficas individualmente, mas em equipe. Outro momento, de matéria, artigos científicos, monografias e de materiais
essa linguagem midiática esteve presente nas Lives, algo que viralizou como atividade do meio
assuntos e horários. da área do Jornalismo e da Publicidade e Propaganda
produzidos por brasileiros. Todas as imagens, matérias e
acadêmico online, sendo uma alternativa de aproximar os diversos temas da Comunicação para opiniões emitidas são de inteira responsabilidade dos seus
autores. Os direitos de todas as imagens pertencem aos
que o universo universitário possibilitasse aproximar dos alunos. Ainda, temos o projeto de mídia A nova interdependência eletrônica recria o respectivos autores de cada seção. Todo o conteúdo do
piu, e o lúdico como ferramenta de diversidade no universo de possibilidades em Steve Universe, mundo em uma imagem de aldeia global. material publicado é de inteira responsabilidade dos seus
do mesmo modo, a imagem continua sendo retratada ao ser desconstruída em OZ. autores.

Contato: Endereço: Av. Paraná, 3001, Bairro Jardim
Belvedere. Cidade de Divinópolis - MG. Brasil. CEP:
35501–170. Telefone(s): (37) 3229-3500
Por Marshall McLuhan E-mail: fandomuemg@gmail.com
Link:https://fandomuemg.wixsite.com/fandom-n2-v1-2019
Centro CEPCCOM - Link: <https://cepccomuemg.wixsite.
com/cepccom>
Link do PROLIM: https://www.facebook.com/prolim.
imagensmidiaticas.9

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autobiografia
“Olá, meu nome é

Rafael Lasmar
Sou estudante de Jornalismo da UEMG Divinópolis. Antes de começar o
curso, eu tive experiências como músico freelance, cantando e tocando
percussão. Sempre fui apaixonado pela arte, por isso, me encantei, logo
nos primeiros dias de faculdade, pela fotografia. Ao longo dos anos como
estudante, consegui ótimas oportunidades de estágio na minha área.
Comecei, já no segundo período, um estágio em comunicação no INSS
de Divinópolis, onde fiquei por quase dois anos. Foi o pontapé inicial das
minhas experiências práticas.

Ainda no segundo período, fui selecionado, junto aos meus colegas de


sala, para fazer a cobertura da semana UEMG, na cidade de Barbacena.
As matérias foram publicadas no site da universidade. Após o estágio
no INSS, rapidamente fui chamado para um outro estágio, desta vez, em
uma agência de publicidade da cidade, experiência que me trouxe muito
aprendizado.

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TRABALHOS DA DISCIPLINA DE

fotografia
Durante esse estágio, tive a oportunidade, também, de participar do Grupo
Gabiroba, um grupo de jornalistas da universidade. Fomos convidado pelo
Guarani, time de futebol da cidade, para fazer a cobertura total da campanha
da equipe no Módulo II do Campeonato Mineiro, em 2018, registros que
estão no YouTube do clube e do Grupo e também no médium, portal de
notícias impressas. Juntamente com tudo isso, fui convidado a participar
do programa Conexão Esportes, da TV Candidés, onde fui, algumas vezes, Os alunos do primeiro período de Comunicação Social - Publicidade
como comentarista esportivo. e Propaganda e Jornalismo da UEMG, em 2020, tiveram a tarefa de
produzirem fotografias de frutas e vegetais com o maquinário que tinham
Fiquei como estagiário da agência durante um ano e fui contratado como em casa, uma vez que estavam tendo aulas remotas. O belíssimo trabalho
Social Media, mas não me encaixei e não continuei nessa área. Investi desenvolvido por eles será exposto nessa edição da revista FANDOM.
em uma câmera fotográfica, comecei a trabalhar como fotógrafo e cada A responsável pela disciplina de Fotografia foi a professora Eliane Meire
dia mais me aperfeiçoo e me encanto pela arte de eternizar momentos Raslan.
especiais.
O primeiro trabalho explora a tonalidade verde encontrada em frutos
Recentemente, fui selecionado para uma entrevista na TV Integração, e vegetais. De maneira descontraída e divertida, a autora trabalha a
afiliada da Globo em Divinópolis. Fui selecionado e, hoje, sou estagiário da composição dos vegetais picados para despertar a atenção.
empresa que sonhei desde o primeiro dia de aula na universidade.
O nome dos fotografos se encontra junto a descrição da imagem ou nas
Me adaptei, ao longo dos anos, para trilhar meu caminho. Hoje, não sou informações técnicas.
mais o menino que toca em bares da região, apesar da música ainda ser
uma das minhas paixões. Sou eternamente grato por todas as minhas Fotógrafa: Iolanda Faia Oliveira Naves
experiências que me modelaram para eu chegar onde estou. Que venham
mais degraus para eu me esforçar e aprender a chegar cada vez mais
alto.”

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“ [...]os produtos foram dispostos de forma dinâmica, para ca-
tivar o olhar do consumidor. O fundo de madeira traz harmo-
nia à paleta de cores composta por vários tons de verde. . “

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“ Os legumes acima também foram dispostos de forma criati-
va. Expor combinações do produto inteiro e também fatiado
visa atrair a atenção do consumidor e despertar desejo nele.“

“ Essa foto traz dois cocos, um fatiado e um fechado, acom-


panhados de uma taça cheia de água de coco e gelo. O
objetivo era provocar a sensação de frescor e, mais uma vez,
destacar a cor verde.“

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“ Os legumes acima também foram dispostos de forma criati-
va. Expor combinações do produto inteiro e também fatiado
visa atrair a atenção do consumidor e despertar desejo nele.“

“ As frutas nelas contidas foram levemente molhadas, para


passar ao consumidor uma sensação refrescante ao observá-
-las e despertar ainda mais seu interesse. Cores neutras foram
utilizadas como fundo para destacar a cor verde.“

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“ As três fotos acima envolvem uma abordagem mais descon-
traída e divertida. As frutas e legumes foram organizados para
que parecessem flores e rostos sorridentes, mais uma vez bus-
cando encantar o potencial consumidor.“

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TRABALHOS DA DISCIPLINA DE

fotografia

Neste projeto, os alunos exploraram as tonalidades mais quentes, como


o vermelho e o amarelo. Com composições muito agradáveis, eles
conseguiram refletir a beleza das cores nos alimentos.

A foto da capa dessa edição foi feita e editada por Lorena Andrade,
integrante deste grupo.

O nome dos fotografos se encontra junto a descrição da imagem ou nas


informações técnicas.

Equipe: Gabriel Azevedo, Gustavo Tolentino, Giulia Pieroni, Letícia Ferreira,


Lorena Andrade, Newton César.

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“ Foto tirada com o celular usando madeira de fundo com foco “ Foto tirada com o celular usando madeira de fundo com foco
na cor vermelha contrastando com a cor secundária amarela, e na cor vermelha contrastando com a cor madeira,
o objetivo da foto foi destacar a pimenta biquinho vermelha e os e o objetivo da foto foi destacar a pimenta, o morango e o toma-
pontos de luz que focam no legume. te cereja e a cor densa da madeira juntamente com um ponto-
Fotógrafo(a) Lorena Andrade.. “ mais claro das rolhas de garrafa.
Fotógrafo(a) Lorena Andrade. “

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“Foto tirada com o celular usando papel branco de fundo com
foco na cor vermelha, e o objetivo da foto foi
destacar o morango e a sua suculência natural.
Fotógrafo(a) Lorena Andrade.. “

“Foto tirada com a câmera usando o azul do céu como fundo


com foco na cor vermelha do morango e do tecido
branco, e o objetivo da foto foi destacar o morango e as cores
azul e vermelha para melhor contraste.
Fotógrafo(a) Letícia Ferreira.“

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“Foto tirada com a câmera usando a cor preta de fundo com
foco na cor vermelha do morango destacando o
branco da tigela, e o objetivo da foto foi destacar a harmonia de
cores centrais. Fotógrafo(a) Letícia Ferreira.“

“Foto tirada com o celular usando madeira de fundo com foco


na cor vermelha da melancia, e o objetivo da foto foi destacar a
suculência e sabor da fruta.
Fotógrafo(a) Lorena Andrade. “

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“Foto tirada com o celular usando papel branco de fundo com
foco na cor vermelha, e o objetivo da foto foi
destacar o morango e a sua suculência natural.
Fotógrafo(a) Lorena Andrade. “

“Foto tirada com o celular usando papel branco de fundo com


foco na cor vermelha, e o objetivo da foto foi
destacar o morango e a cor da madeira como ponto central.
Fotógrafo(a) Lorena Andrade. “

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TRABALHOS DA DISCIPLINA DE

fotografia

Neste último ensaio, os integrantes utilizaram pimentões como as estrelas


da sessão. Explorando as cores dos tipos mais comuns encontrados no
mercado, os alunos conseguiram explorar composições que valorizassem
as tonalidades.

O nome dos fotografos se encontra junto a descrição da imagem ou nas


informações técnicas.

Equipe: Déborah Teixeira, Guilherme Dutra e Izabella Amaral.


Fotógrafa: Izabella Amaral

“Foto tirada com o celular usando madeira de fundo com foco


na cor vermelha das sementes da fruta, e o objetivo da foto foi
destacar a romã e os traços da fruta danificada.
Fotógrafo(a) Lorena Andrade. “

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“Para dar uma perspectiva diferente ao cenário “Canon SL2 - Lente 50mm A foto ao lado foi de fácil composi-
anterior, aproximamos a câmera na parte ção,uma vez que os elementos nela contidoseram facilmente ma-
frontal dos pimentões. Trazendo assim mais leáveis. Porém,notou-se uma certa dificuldade naedição, já que
detalhes aos produtos, tábua de vidro e faca.“ as cores das maçãs nãoestavam em harmonia anteriormente.“

“Colocamos os pimentões mais


aproximamos entre si, e ao lado deles
colocamos as três facas, uma do lado da
outra, trazendo harmonia à foto.“

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“Com a ideia de trazer mais detalhes dos pimentões para a foto,
posicionamos os pimentões em um meio círculo e
aproximamos mais a câmera com ela
levemente posicionada para a parte
superior dos produtos. “

“Em seguida, colocamos os pimentões em


cima de uma tábua de vidro, junto com uma
faca. Queríamos passar a ideia de que os
pimentões seriam cortados naquele local.“

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“Na fotografia ao lado esquerdo, tínhamos em mente dar uma
perspectiva diferente do produto, fazendo o “clique” com a câ-
mera levemente posicionada para a parte
superior dos pimentões“

“Nesta foto, escolhemos tirar uma foto,


posicionamento a câmera na parte frontal
dos pimentões trazendo, além de outra
perspectiva, mais detalhes aos mesmos.“

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VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?

mídia piu
Iury Almeida é estudante de Publicidade e Propaganda pela UEMG/
Divinópolis e desenvolveu essa campanha para ser anexada em diversos
lugares, como em ponto de ônibus, front light, outdoors e vários outros
lugares.

“Meu intuito é falar sobre a fome no Brasil durante e após a Pandemia da Covid-19,
uma vez que “essa condição atinge mais de 15 milhões de pessoas no Brasil (7,4%
de toda a população)”, segundo dados do IBGE mais recentes, haja vista que esta
situação está se agravando cada dia mais por causa da situação pandêmica. A @
midiapiu é uma página que eu criei no Instagram para falar sobre o setor publicitário
na cidade de Divinópolis e região (página feita durante a Pandemia, no dia 09 de Abril).
Logo, criei a campanha como se fosse o perfil Mídia Piu promovendo.”
Acompanhe no Instagram @mídiapiu

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DEBATES DA COMUNICAÇÃO ONLINE


lives prolim
No ano de 2020, entre os meses de junho e setembro, foi realizado o
I Fórum de Comunicação do PROLIM. O Grupo de Estudos Prolim
(Processos e Linguagens das Imagens Midiáticas), vinculado ao Centro
de Editoração, Publicações e Criações em Comunicação (CEPCCOM), da
UEMG Unidade Divinópolis, realizou lives para debater sobre assuntos da
área da comunicação.

Todo o conteúdo produzido pode ser assistido no Facebook do grupo


através do link https://www.facebook.com/prolim.imagensmidiaticas.9.

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Em nome de toda a equipe CEPCCOM, agradecemos pela participação de
todos os convidados do Fórum, por terem cedido tempo para o grupo e por
terem compartilhado conhecimentos com os discentes e comunidade.

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Um Universo de Possibilidades: Uma análise de Steven Universe e o lúdico como guerreiras intergaláticas Crystal Gems. Steven acompanha as Gems - Garnet,
ferramenta para a diversidade
Amethyst e Pearl - na defesa da Terra contra a ameaça de outras de sua própria
espécie, enquanto busca compreender melhor sua realidade como o único meio -
Bárbara Machado Rocha¹
humano, meio - Gem.
Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG - Unidade Acadêmica de Divinópolis Steven tem as Gems como suas tutoras, já que sua mãe - Rose Quartz - abdicou
de sua forma física para que ele pudesse nascer, formando uma família não
convencional onde cada Gem assume um papel de responsabilidade quanto ao garoto,
RESUMO tentando ajudá - lo na sua jornada de amadurecimento.
Criada por Rebecca Sugar e exibida pela emissora Cartoon Network entre os Delimita- se como objeto desse estudo a série original, exibida entre Novembro
anos de 2013 e 2019, “Steven Universe” é uma premiada série animada que retrata a de 2013 e Janeiro de 2019, contabilizando 154 episódios de aproximadamente 11
vida e amadurecimento do garoto Steven ao lado das Crystal Gems - Garnet, Amethyst minutos cada, divididos em 5 temporadas.
e Pearl, alienígenas humanóides com poderes mágicos- na cidade fictícia de Beach
Rebecca Sugar desenvolveu Steven Universe baseando - se em sua infância e
City.
experiências ao lado do irmão mais novo, abordando também temas que considera
Ao longo de 5 temporadas, os temas de amor e família tomam mais espaço no
relevantes para o público do desenho, como representatividade LGBTQIA, inserindo
enredo e, usando de sua premissa lúdica, passa a retratar com mais clareza as relações
na trama personagens homossexuais, bissexuais e âgeneros, ou seja, que não se
entre seus personagens.
identificam com nenhum gênero.
Nesse artigo, analisa - se como a animação utiliza do lúdico de sua narrativa
fantástica para representar diversidade sexual e a subversão de papéis sociais de
Nós precisamos mostrar para as crianças que eles têm um lugar no mundo. (...)
gênero, usando de seu enredo, personagens e elementos narrativos com o objetivo de Você não pode esperar até que eles sejam adultos ou o estrago já estará feito. Você
precisa lhes contar enquanto ainda são crianças que eles merecem amor e apoio,
gerar uma reflexão sobre o tema, usando de análise semiótica, de discurso e
que as pessoas querem ouvir suas histórias. Quando você priva uma criança de
hermenêutica. histórias com personagens LGBTQIA, eles crescem e se tornam adultos que não
contarão suas próprias histórias por acreditarem que elas são inapropriadas e eles
terão um bom motivo para isso, porque foi o que eles ouviram durante toda a sua
infância. (Tradução livre). (SUGAR em entrevista ao ENTERTAINMENT
Palavras chave: Representatividade. Gênero. Sexualidade. Animação. Steven WEEKLY, 2018).
Universe.

Com o decorrer da série, é revelado a relação entre duas Gems, Ruby e


INTRODUÇÃO
Sapphire, caracterizando um relacionamento homossexual. Também fica subentendido

“Steven Universe” é uma série animada exibida entre 2013 e 2019 pela as intenções românticas de Pearl em relação à Rose Quartz e seu ressentimento com

emissora norte americana Cartoon Network, sendo sua primeira animação criada por Greg, pai de Steven, por ter interferido na relação entre as duas e “roubado” Rose.

uma mulher. A animação retrata a vida e os dilemas do menino Steven ao lado das Além disso, sendo Sugar a primeira mulher a criar um desenho para a emissora

Estudante de Graduação 6º semestre do Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da UEMG,


¹ americana Cartoon Network, a animação apresenta uma forte influência feminina na
email: babimachador@hotmail.com narrativa, quebrando intencionalmente a ideia de que Steven Universe seria um
desenho masculinizado por conta do gênero de seu protagonista. O próprio Steven não

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se adequa aos papéis sociais de gênero, sendo extremamente sensível e sentimental, e Todas as Gems são baseadas em gemas reais que, na mitologia da série, são
por várias vezes, performando características consideradas femininas. representadas como sua essência e principal fonte de poder. Garnet é a pedra granada,
As Gems não possuem gênero definido por se tratarem de seres não humanos, associada à força pessoal e proteção, características condizentes à sua representação na
porém são lidas como mulheres por performarem o gênero feminino através da forma animação.
física que escolhem assumir e pronomes de tratamentos usados por outros Durante o episódio 12 da primeira temporada ( Giant Woman) é estabelecido
personagens. que as Gems possuem a habilidade de se fundir quando necessário em batalha. O
resultado é uma nova Gem com características e habilidades combinadas das originais,
Género não é uma essência já feita que seria vivenciada pelos sujeitos mas sim um tendo o dobro do tamanho e um novo nome. No mesmo episódio fica claro que o
permanente fazer pela sua própria reiteração performativa, que poderia subverter
ou não os padrões dualistas hegemônicos. processo de fusão é complicado, pois para que seja bem sucedido, estável e duradouro
(BUTLER apud FERNANDES, 2006, p. 143)
é necessário que as Gems originárias estejam em perfeita sincronia física, mental e

Neste artigo, dois dos casos citados acima serão expostos e analisados de emocional. As fusões viram um tema recorrente durante a série à medida que Steven

maneira mais aprofundada, usando de teorias que permeiam as questões de aprende mais sobre sua própria natureza e a de suas guardiãs.

representatividade de minorias na mídia, performance e normas de gênero. No último episódio da primeira temporada (Jail Break), é revelado que Garnet
é na realidade a fusão de Ruby e Sapphire.

MADE OF LOVE: GARNET E O RELACIONAMENTO RUBY E SAPPHIRE

Sapphire e Ruby, respectivamente (Steven Universe Wiki)

Durante “Jail Break”, Steven e as Crystal Gems são capturadas pelas invasoras
Garnet (Steven Universe Wiki) Jasper e Peridot. Garnet é ferida e reduzida a apenas suas gemas e, consequentemente,
Ruby e Sapphire se veem separadas, revelando a real natureza da personagem.
Apresentada inicialmente como uma única Gem, Garnet é a líder do grupo de Ruby se mostra perdida e aflita quando sozinha, sendo seu único interesse
heroínas. Sua posição de liderança à garante um ar de respeito e seriedade diante das encontrar Sapphire e, ao se reunirem, é visível os sentimentos que partilham: as duas
outras Gems, sendo retratada como calma, pragmática e direta. Fisicamente, Garnet é se abraçam, Ruby chora e Sapphire a beija no rosto, então as duas se fundem
alta e possui um corpo musculoso, sua pele é um tom de roxo de fundo avermelhado, novamente.
seu cabelo é um penteado afro em formato cúbico e seus olhos estão geralmente
escondidos por trás de um visor.

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sabedoria da pedra safira. Juntas, elas são o roxo de Garnet, a grandeza e harmonia da
união entre os opostos.
Ao longo das 5 temporadas, o relacionamento entre entre as duas é explorado
com ainda mais clareza, culminando na oficialização de sua relação no primeiro
casamento homossexual realizado em um desenho animado infantil (PRIDE, 2018).

Sapphire e Ruby se reencontram e retomam a fusão (captura de tela realizada pela autora)

Durante seu confronto final contra Jasper, Garnet performa a canção “Stronger
Than You”( “mais forte que você”, em tradução livre) onde deixa explìcito que ela é
mais que apenas uma fusão, ela é um sentimento, o fruto de um relacionamento
O casamento de Ruby e Sapphire e Garnet após a oficialização (captura de tela realizada pela autora)
romântico: “ Vá em frente e tente me derrubar se puder. Você não vê que meu
relacionamento é estável? Posso ver que você odeia o jeito que nos misturamos, mas
Steven Universe usou das possibilidades mágicas de seu universo para
acho que você só está brava por estar sozinha ”, repetindo diversas vezes que é “feita
representar de maneira lúdica um relacionamento homossexual saudável, dando ao seu
de amor” e que isso a torna mais forte que sua adversária
A partir deste momento, a fusão passa a ser interpretada como uma
público um referencial positivo e não estereotipado de membros da comunidade

representação de um relacionamento romântico homossexual e Garnet, a LGBTQIA+, sendo capaz de promover a identificação entre telespectador/
personificação de seu amor, só se mantendo permanentemente pelo equilíbrio personagem e modelando suas visões de mundo. Sobre a importância das
emocional entre Ruby e Sapphire, sendo uma combinação harmônica de todas as suas representações na construção de identidades sociais, Stuart Hall (1992) declara:
qualidades.
Através de uma análise semiótica das características físicas e comportamentais “(...) devemos pensar as identidades sociais como construídas no interior da
representação, através da cultura, não fora delas. Elas são o resultado de um
de Ruby e Sapphire, é possível enxergar como elas se expressam em Garnet. Ruby é o
processo de identificação que permite que nos posicionemos no interior das
rubi, a pedra da coragem, sua cor de pele e roupas vermelhas tem associação afetiva definições que os discursos culturais (exteriores) fornecem ou que nos
subjetivemos (dentro deles).”
(FARINA, 2006) com a força e excitação de sua personalidade e sua natureza
guerreira. Sapphire é o oposto: sua cor é o azul do divino, serenidade, emoção e

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STEVEN: O HERÓI SUBVERSIVO O garoto também não tem problemas em exercer trabalhos domésticos
comumente associados à mulheres ou até mesmo se vestir de maneira considerada
feminina.

Steven e seu escudo (Steven Universe Wiki)


Steven lava suas roupas e se veste de maneira “feminina”, respectivamente (capturas de tela realizadas
pela autora)
Steven é um garoto de 13 anos (primeira temporada), sendo o filho da primeira
líder das Crystal Gems , Rose Quartz, com o humano Greg Universe, possuindo
Apesar de não estar fisicamente presente, Rose Quartz exerce uma grande
poderes da gema de sua mãe em um corpo mortal.
influência sobre o filho. Steven vive à sombra do legado de sua mãe, herdando sua
Ao contrário da maioria das animações protagonizadas por garotos, que usam
gema - localizada no mesmo lugar que a dela, no umbigo-, seus poderes e sua missão
de reproduções associadas ao papel de gênero (LOURO, 1997, p.24) masculino e a
de proteger a Terra.
masculinidade hegemônica (CONNELL, 1995), Steven Universe subverte a
idealização do herói masculinizado e consequentemente violento.

Os rapazes são pressionados a agir e a sentir dessa forma e a se distanciar do


comportamento das mulheres, das garotas e da feminilidade, compreendidas como
o oposto. A pressão em favor da conformidade vem das famílias, das escolas, dos
grupos de colegas, da mídia e, finalmente, dos empregadores. A maior parte dos
rapazes internaliza essa norma social e adota maneiras e interesses masculinos,
tendo como custo, freqüentemente, a repressão de seus sentimentos (CONNELL,
1995)
Rose Quartz empunhando suas armas (Steven Universe Wiki)

Steven é um menino emocional, sensível e pacifista, características notadas à


Rose e Steven são o quartzo rosa, pedra associada à cura e ao amor, tais
primeira vista pela predominância da cor salmão em suas roupas, dando uma alta
características agem em ambos personagens tornando- os amáveis, gentis, sensíveis e
positividade e a idéia de uma vaga doçura aveludada (FARINA, 2006).
dotados de poderes de cura.
Durante toda a série, é visto como Steven é livre expressando seus sentimentos,
Apesar de possuir a magia e o armamento de sua mãe, Steven abre mão de sua
sendo eles positivos ou negativos, não tendo vergonha de ser vulnerável e tendo o
espada, indo ao campo de batalha armado apenas de seu escudo e habilidades de cura e
diálogo como parte fundamental de suas relações familiares e sociais.

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proteção, demonstrando sua natureza pacifista. A negação da espada é "uma crítica de
uma parte importante da masculinidade hegemônica: a sua tendência à violência"
(CONNELL, 1995). FARINA, M, Cor: signo cultural e psicológico. In:______. (org.). Psicodinâmica das
Além disso, seus poderes - a criação de bolhas de proteção e a invocação de cores em comunicação. São Paulo. 5ed. Edgar Blucher, 2006.
seu escudo - se manifestam somente quando ele sente a necessidade, quase maternal,
de proteger ou ajudar os outros.
FERNANDES, Telmo. Louro, Guacira Lopes, Um Corpo Estranho – Ensaios
sobre sexualidade e teoria queer. Revista Crítica de Ciências Sociais. Editora Centro de
Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, 2006.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11 ed. Rio de Janeiro. DP&A


Editora, 1992.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós


estruturalista. Petrópolis. Vozes, 1997.

Steven usa seus poderes para proteger as Crystal Gems em momentos de perigo (capturas de tela LGBT. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
realizadas pela autora) LGBT>. Acesso em 14. Nov. 2019.

Connell (1995) afirma que: SUGAR, Rebecca. Stronger Than You. Cartoon Network, 2015. Disponível em <https://
www.youtube.com/watch?v=6OWq38TikzU>. Acesso em: 28. Nov. 2019.
“(...) a narrativa convencional vê o gênero como um molde social cuja marca é
estampada na criança, como se as personalidades masculinas saíssem, como numa SMITH, Nia. ‘Steven Universe’ creator on growing up, gender politics, her brother.
fábrica de chocolate, da ponta de uma esteira. Isso subestima de forma lamentável Entertainment Weekly, 2019. Disponível em: <https://ew.com/article/2015/06/15/steven-
a energia, a atividade e a dimensão ativa de uma pessoa em crescimento. “ universe-creator-growing-gender-politics-her-brother/>. Acesso em: 14. Nov. 2019.

Steven é a representação da subversão do comportamento esperado para HENDERSON, Taylor. Steven Universe Makes LGBT History with Same-Sex Wedding.
garotos, oferecendo ao público um novo e saudável exemplo de herói compassivo e
Pride, 2018. Disponível em: <https://www.pride.com/stevenuniverse/2018/7/11/steven-
universe-makes-lgbt-history-same-sex-wedding>. Acesso em 28. Nov. 2019.
empático que não se envergonha de ser como é , provando que as noções de papel de
gênero podem ser desconstruídas.
STEVEN UNIVERSE. In: Fandom: the fan-trusted source in entertainment. Disponível
em: <https://steven-universe.fandom.com/wiki/>. Acesso em 29. Nov. 2019.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRISTAIS AQUARIUS. Disponível em: <https://www.cristaisaquarius.com.br/blog>
.Acesso em 14. Nov. 2019.
CONNELL, R. W. Políticas da masculinidade. In: Educação e Sociedade. 1995.

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5

RESUMO
VANDERLÉIA SIQUEIRA CORRÊA

A imagem da bruxa foi construída no imaginário social, criando estereótipos


relacionados à sua aparência, atos, hábitos e costumes. As bruxas reproduziam
imagens geralmente representadas por velhas más e horrendas, com roupas
esfarrapadas, chapéus pontudos e pretos, com o rosto coberto por verrugas e
voando em vassouras às gargalhadas (Carvalho, 2009). Nessa monografia
analisa-se o uso de estereótipos na construção da personagem Glinda através
dos filmes: “O mágico de Oz” (1939) e “Oz, mágico e poderoso” (2013), a fim de

A IMAGEM DESCONSTRUÍDA EM OZ: gerar uma reflexão específica envolvida na construção da personagem.
O USO DE ESTEREÓTIPOS NA CONSTRUÇÃO Apresenta-se uma metodologia analítica comparativa, abordando os atributos
DA PERSONAGEM GLINDA principais do objeto de estudo.

Palavras chave: Personagem, Estereótipos, Bruxa, “O Mágico de Oz”, “Oz,


mágico e poderoso”.

ABSTRACT
Monografia apresentada no curso de
Comunicação Social – habilitação em
Publicidade e Propaganda da Universidade do
The image of the witch was built in the social imaginary, creating stereotypes
Estado de Minas Gerais como requisito para
obtenção do grau de bacharel. related to their appearance, acts, habits and customs. The witches reproduced
Orientadora: Prof. Me. Marina de Morais images usually depicted by horrible old women, with ragged clothes, pointy hats
and blacks, their faces covered with warts and flying on broomsticks with laughter
(Carvalho, 2009). This monograph analyzes the use of stereotypes in the
construction of the character Glinda through the films "The Wizard of Oz" (1939)
and "Oz, The Great and Powerful" (2013), in order to generate a specific
reflection involved in the construction of character. It presents a comparative
analytical methodology, addressing the main attributes of the object of study.

Keywords: Character, Stereotypes, Witch, "The Wizard of Oz", "Oz, The Great
and Powerful".
DIVINÓPOLIS - MG
2017

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SUMÁRIO
Introdução..........................................................................................................10 10
1. O Imaginário e a busca por um significado....................................................14
1.2. Construindo os estereótipos...............................................................15 INTRODUÇÃO
1.3. O estereótipo de bruxa.......................................................................17
Iniciar uma discussão acerca do que caracteriza uma bruxa remete a um
1.4. Representações midiáticas estereotipadas........................................18
passado desde a Idade Média, referindo-se a algo que relaciona magia e religião,
2. Construção de personagem no cinema.........................................................22
onde essa estava no topo do domínio da sociedade. Está relacionada também
2.1. A bruxa no cinema..................................................................................23
com o imaginário das pessoas que era despertado pelos mitos do clero.
3. Modelo metodológico.....................................................................................26
4. Análises..........................................................................................................29
Segundo Camila Carvalho (2009), que cita uma das maiores pensadoras
4.1. Contextualização dos filmes...................................................................29
feministas Marilyn French, o mundo se divide em quatro tempos de origem
4.1.1. Oz, Mágico e poderoso (2013) ............................................................29
mitológica na história de sua criação: O primeiro mito seria criado por uma deusa
4.1.2. O Mágico de Oz (1939) .......................................................................31
mãe (mito grego); o segundo por um deus andrógino (mito chinês); o terceiro
4.2. Contextualização das personagens........................................................34
seria criado por um deus homem sobre o corpo de uma deusa primordial (mito
4.2.1. Glinda a bruxa boa do sul em “Oz, Mágico e poderoso” (2013)” ..........34
sumério); e por fim o deus que criaria o mundo sozinho (mito cristão). É a partir
4.2.2. Glinda a bruxa do norte em “O Mágico De Oz (1939)” .........................35
desse último pressuposto que surgiram os estereótipos da mulher inferiorizada
4.3. Análise das cenas...................................................................................36
e, que recebe culpabilidade pelas dores do mundo de forma a marginalizá-la
I – Cena: A primeira aparição de Glinda...................................................36
durante muito tempo. (MURARO, 1991 apud CARVALHO, 2009).
a) “Oz, mágico e poderoso” (2013) ..............................................36
b) “O mágico de Oz” (1939) .........................................................37
De acordo com o autor Serberna (2003), encontra-se a existência de técnicas de
c) Comparação entre as cenas....................................................38
manejo do imaginário em todas as sociedades, o que pode confundir com os
II – Cena: As primeiras impressões das personagens Dorothy e Mágico
mitos e os ritos, pois, os “guardiões do imaginário” social são também os
quando veem Glinda................................................................................39
“guardiões do sagrado”.
a) “Oz, mágico e poderoso” (2013) ..............................................39
b) “O mágico de Oz” (1939) .........................................................40
c) Comparação entre as cenas....................................................41 Assim, os símbolos e mitos podem tornar-se receptores das projeções
III – Cena: Aparição da Bruxa má.............................................................44 dos medos, interesses e inspirações, modelando comportamento,
condutas e visões de mundo desde que partilhado por pessoas criando
a) “Oz, mágico e poderoso” (2013) ..............................................44 uma comunidade de sentido e solidificando uma determinada visão de
mundo. Neste sentido, o campo do imaginário é também um campo de
b) “O mágico de Oz” (1939) .........................................................45 enfrentamento político, extremamente importante nos momentos de
c) Comparação entre as cenas....................................................46 mudança política e social e quando se configuram novas identidades
coletivas. Isto coloca a questão da duplicidade dos fatos sociais, isto é,
IV – Cena: Os personagens se sonambulizam no campo de papoulas a sua dupla referência a um real empírico e a sua função imaginal, isto
é, a sua posição ocupada no imaginário do grupo social em questão.
próximo à Cidade das Esmeraldas..........................................................48 (SERBENA, 2003. p. 2 e 3)
a) “Oz, mágico e poderoso” (2013) ..............................................48
9
b) “O mágico de Oz” (1939) .........................................................49
Segundo Carvalho (2009), o clero, almejando garantir e manter o seu domínio
c) Comparação entre as cenas....................................................50 sobre a sociedade, necessitava dentre outras ações humanizar os “espíritos
5. Considerações Finais.....................................................................................51 maléficos”, tentando procurar uma imagem que representasse a figura do diabo.
Referências .......................................................................................................53
Filmografia ........................................................................................................56
Eletrônicos.........................................................................................................57

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11 12

A cultura da época ligou a imagem dos feiticeiros às pessoas que praticavam o No filme de 1939, “Glinda” surge no início a fim de descobrir quem é Dorothy,
mal e/ou que teriam ligação com ele, passando assim, a serem chamados de uma menina que chegara à Oz. A bruxa é quem guia Dorothy durante a narrativa,
espíritos maléficos. dá conselhos à personagem para norteá-la no desenrolar da história, trazendo
sentido e justificando o contexto geral do filme.
Ainda segundo a autora, a imagem da bruxa fora construída no imaginário social
criando estereótipos relacionados à sua aparência, atos, hábitos e costumes. Na adaptação de 2013, a personagem “Glinda” é membro da alta realeza do
Geralmente são representadas por velhas más e horrendas, com roupas Mundo de Oz, é filha do rei, acusada pelo envenenamento do próprio pai, e
esfarrapadas, chapéus pontudos e pretos, com rosto coberto por verrugas e considerada pela maioria como bruxa má. Expulsa da Cidade das Esmeraldas
voando em vassouras às gargalhadas. se refugiou em um distante reino pacífico juntamente com outros povoados do
Mundo de Oz. Segundo a profecia, – feita pelo finado pai e antigo rei – esse povo
A partir desse panorama, estabelece-se uma interface dos estereótipos criados aguarda a chegada do poderoso mágico de Oz, que teria o mesmo nome do
na Idade Média trazidos até os dias atuais, com o imaginário construído da Mundo de Oz, chegaria e os libertaria, retomando o trono.
personagem “bruxa” no contexto audiovisual.
Partindo do pressuposto de que o cinema possui os estereótipos de bruxa bem
Desde os contos orais as pessoas estão acostumadas a ouvir histórias
fixados no imaginário social, este estudo identifica possíveis influências de
onde ser feio significa ser mau e ser belo significa ser bom. Essa
afirmação foi interferindo na construção do caráter do ser humano, estereótipos de bruxas na construção da personagem “Glinda” nos filmes; “O
estabelecendo padrões e armazenando-se no nosso imaginário. Por
este motivo o cinema reproduzia na maioria das vezes, em suas mágico de Oz” (1939) e “Oz, mágico e poderoso” (2013), e, dessa forma, analisa
produções, histórias em que a bruxa além de ser maltratada, feia e
perseguida, também tinha um final infeliz das tramas. (SILVA, 2015, p. como é construída a personagem individualmente nos dois filmes, que
10).
posteriormente compara as personagens “Glinda” em ambas adaptações do

O recorte deste estudo está voltado para a cultura cinematográfica. Objetiva-se livro.

mostrar, com o desenvolvimento deste, como os estereótipos são utilizados na


construção de personagens bruxas. Este trabalho será dividido em três partes. Num primeiro momento, trata-se das
questões teóricas sobre os aspectos que envolvem esta pesquisa: o imaginário

Segundo Freitas (2010), personagem é a representação ficcional da realidade, social, a concepção e representação de estereótipos na publicidade e no cinema,

inspirada em pessoas reais. O personagem é ao mesmo tempo um ser físico, a construção do estereótipo da bruxa, a construção de personagem, a bruxa no

psicológico e social que se constitui através de suas ações. cinema, bem como a apresentação da metodologia.

Para o desenvolvimento dessa análise, fora escolhido como objeto de estudo a A segunda parte enfoca-se o objeto de análise: A personagem “Glinda” criada

personagem “Glinda”, criada pelo autor L. Frank Baum no livro “O maravilhoso pelo autor L. Frank Baum no livro “O maravilhoso mágico de Oz” (1900) e

mágico de Oz” (1900), e suas adaptações nas obras cinematográficas “O mágico adaptação nas obras cinematográficas “O mágico de Oz” (1939) e “Oz, mágico

de Oz” (1939) e “Oz, mágico e poderoso” (2013). e poderoso” (2013). Será apresentado um breve histórico sobre a personagem,
sua relevância, participação e identificação na narrativa, iniciando a análise e
comparação das personagens.

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13 14

Por fim, serão apresentadas as conclusões deste estudo e as possíveis 1. O IMAGINÁRIO E A BUSCA POR UM SIGNIFICADO
contribuições acerca do tema proposto. Foram analisadas as possíveis
influências dos estereótipos na personagem “Glinda” para estipular a O imaginário foi tema de diversos estudos e um importante marco de debates
compreensão de como as bruxas foram apresentadas desde a antiguidade na teóricos da década de 1960, fazendo com que fossem atribuídos sentidos
construção do imaginário social. diversos ao termo, relacionados na maioria das vezes, ao irreal ou ilusório.

Os estudos de Gilbert Durand e de Cornelius Castoriadis (apud ANAZ, 2015)


foram relevantes na elaboração de uma teoria do imaginário. Com foco nos
estudos da cultura e da política cultural, Durand definiu o conceito de imaginário
como um conjunto de atitudes fantasiosas que o homem tem inventado para lidar
com as aflições causadas pela percepção do tempo que passa e pela
consciência de sua própria mortalidade, ou seja, o imaginário desempenha o
papel de fornecer equilíbrio biológico, psicológico e social.

Decorrente dos avanços sobre o estudo do imaginário são as contribuições de


Cornelius Castoriadis (apud ANAZ, 2015), que buscam ultrapassar os limites da
distinção entre real e imaginário, a partir da análise de como as definições do
real se consolidam e se propagam no tempo por significações que pertencem ao
imaginário. Ele busca definir o imaginário como elemento fundamental da
condição humana, abandonando as visões que o identificam como irreal.
Portanto, para o autor, é a partir de uma rede simbólica que o imaginário se
estabelece, onde são estruturados os modos de percepção dos indivíduos.

Em seus estudos, o filósofo Baczko (apud ANAZ, 2015) procura comprovar como
o imaginário social vai se formando no fenômeno da vida cotidiana. Ele foca na
relação entre o imaginário e o real, evidenciando que o indivíduo de cada
geração carrega consigo uma definição do homem descritiva e ordenada,
respectivamente, fazendo que com ele crie ao mesmo tempo, uma ideia da
imaginação daquilo que ela é, ou deveria ser.

Portanto, seguindo essa lógica, não há desvinculação do imaginário com o real,


ele será o conjunto de representações que apontará o termo imaginário. “Este
foi um constante ponto de discórdia com o pensamento científico ou materialista,

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15 16

que tradicionalmente considerou o imaginário como algo ilusório (...)”. (BACZKO, Brito e Bona (2014), citam que foi somente nos anos 1920 que o termo foi
1991, p. 12/13 apud PESAVENTO, 1995, p. 11). utilizado pela primeira vez desvinculado a placa de impressão. O publicitário
norte-americano Walter Lippman, emprega o termo stereotypes como as
Como um duplo fenômeno, o autor também define o sentido de social. imagens pré-concebidas que mediam nossa relação com a realidade.

Por um lado, trata-se da orientação da atividade imaginativa em direção


ao social, isto é, a produção de representações da “ordem social”, dos Correlacionando o estereótipo de Didot e o de Lippman, percebe-se a definição
atores sociais e das suas relações recíprocas (hierarquia, dominação,
de algo imutável, tanto a placa de metal, quanto as imagens pré-concebidas que
obediência, conflito, etc.), bem como das instituições sociais, em
particular as que dizem respeito ao exercício do poder, as imagens do mantém a sua estabilidade.
“chefe”, etc. Por outro lado, o mesmo adjetivo designa a participação da
atividade imaginativa individual num fenómeno coletivo. (BACZKO,
1985, p. 309 apud MAGALHÃES, 2016, p. 103)
Contudo, os estereótipos podem e necessitam ser reavaliados e remodelados,
Portanto, segundo Baczko, o imaginário constitui os pontos de referências pelas pois, sofrem mutações de acordo com o contexto. A fim de mostrar que o termo
quais a sociedade aponta as leis, códigos e metas sociais. é passível de uma relativização maior do que o imaginado, outros teóricos
revisitaram essa nova definição de estereótipo.
É assim que, através dos seus imaginários sociais, uma coletividade
designa a sua identidade; elabora uma certa representação de si;
estabelece a distribuição dos papéis e das posições sociais; exprime e Os autores Brito e Bona (2014) apresentam as definições de Ruth Amossy
impõe crenças comuns; constrói uma espécie de código de “bom
comportamento”, designadamente através da instalação de modelos acerca do tema. A autora define que o estereótipo é um instrumento de distinção
formadores tais como o do “chefe”, o “bom súdito”, o “guerreiro corajoso”,
etc. Assim é produzida, em especial, uma representação global e
entre grupos sociais diferentes, que estereotipar o outro, seria um movimento de
totalizante da sociedade como uma “ordem” em que cada elemento reafirmação de si e de pertencimento ao seu grupo social. Portanto, neste
encontra o seu “lugar”, a sua identidade e a sua razão de ser. (BACZKO,
1985, p. 309 apud MAGALHÃES, 2016, p. 103) contexto o estereótipo assume uma função isenta de doutrina por ser um
movimento natural, um fator enraizado ao imaginário coletivo.
Deste modo, o autor apresenta o imaginário social como um regulamentador da
vida em sociedade, definindo sua identidade, as posições sociais hierárquicas, A definição de estereótipos não é algo tão simples, pode-se destacar a sua
a imposição de crenças, e assim cria uma ordem de lugar e espaço de cada importância ao abranger o uso e os desdobramentos que estes estereótipos
indivíduo dentro daquela coletividade. podem vir a ter. Seus estudos são importantes para análise da linguagem.

O teórico indiano Bhabha, apresenta uma nova perspectiva sobre o estereótipo


1.2. CONSTRUINDO OS ESTEREÓTIPOS que propõe a noção de simplificação. Ainda nos estudos dos autores Brito e
Bona (2014), eles exemplificam como Bhabha consegue produzir uma série de
Datada do século XIX, a designação de estereótipo tem origem nas outros aspectos ao estudo desse fenômeno.
revolucionarias técnicas de impressão de Didot, que introduziu a técnica por
meio de placas inteiras de metal fundido, chamada estereotipia. (BRITO e BONA, O estereótipo não é uma simplificação porque é uma falsa representação
de uma dada realidade. É uma simplificação porque é uma forma presa,
2014) fixa, de representação, que, ao negar o jogo da diferença (que a negação
através do outro permite), constitui um problema para a representação
do sujeito em significações de relações psíquicas e sociais. (BHABHA,
2013, p. 130 apud Brito e Bona, 2014, p. 20)

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Maia (2015) descreve que ao introduzir o termo estereótipo no campo social, sofrerem inúmeras torturas, essas mulheres que na maioria das vezes não
passa a ser considerado como tendo uma definição que envolve um tipo haviam praticado o ato de bruxaria, acabavam confessando só para se livrarem
imagético já concebido e cristalizado, determinando certa função social, dos atos cruéis.
principalmente no campo das relações e intenções sociais.
Carvalho (2009) menciona que com a imagem da bruxa relacionada à mulher,
Portanto, em outras palavras, dois grupos sociais não conseguem se enxergar fora construído no imaginário social, os estereótipos das bruxas relacionados à
com clareza, e sim são vistos mutuamente a partir de noções disformes acerca sua aparência, atos, hábitos e costumes. Geralmente representadas por velhas
do outro. más e horrendas, com roupas esfarrapadas, chapéus pontudos e pretos, com
rosto coberto por verrugas e voando em vassouras às gargalhadas.

1.3. O ESTEREÓTIPO DE BRUXA


1.4. REPRESENTAÇÕES MIDIÁTICAS ESTEREOTIPADAS
Entre os séculos Xll e Xlll que se originaram as crenças com relação às práticas
de magia, mas foi somente nos séculos XlV e XV que essas práticas foram Estereótipos e mídia aparecem juntos em muitas análises e comentários sobre
associadas à bruxaria, o que auxiliou a construção da imagem bruxa de forma o funcionamento das sociedades contemporâneas. A autora Biroli (2011),
estereotipada. discorre em seus estudos que a mídia é vista como responsável por um ambiente
comunicativo cheio de informações e visões de mundo diversas e conflitantes.
A autora Carvalho (2009) relata que o clero, almejando garantir e manter o seu Essas visões passam a fazer parte do cotidiano dos indivíduos, contribuindo para
domínio sobre a sociedade, precisava dentre outras ações, humanizar os que os meios de comunicação passem a trabalhar contra a manutenção dos
“espíritos maléficos”. Tentando procurar uma imagem que representasse a figura estereótipos. Porém, se os meios de comunicação são vistos como instrumentos
do diabo, a cultura da época ligou a imagem dos feiticeiros à pessoas que de uma ordem social irregular, eles passam a ser propagadores dos estereótipos
praticavam o mal e/ou que teriam ligação com ele, passando assim a serem contradizendo a visão anterior.
chamados de espíritos maléficos.
Ainda segundo a autora, a primeira das duas visões pode ser associada com o
conhecimento e razão. As superações dos preconceitos associados aos
Em seus estudos, Silva (2015) afirma que as bruxas eram conhecidas por
estereótipos são baseadas nas informações disponibilizadas pela mídia, existe,
fazerem pacto com o diabo e também por renunciarem a fé católica. A mulher
portanto, uma conexão positiva entre a quantidade e a variedade das
muitas vezes era injustiçada e considerada bruxa por não pertencer à igreja
informações disponíveis, criando a possibilidade de superação das visões
católica ou ir contra os dogmas da religião. A bruxaria então passou a ser
sociais distorcidas ou estereotipadas.
considerada crime, e diante disso, o processo de julgamento era cruel e utilizava
métodos de tortura para que elas confessassem os “crimes”.
Biroli (2011) discorre sobre o imaginário dizendo que a livre circulação de ideias
e opiniões podem ser correlacionadas entre a compreensão e a busca da
Portanto, se a mulher fosse fora dos padrões considerados bons para a igreja e
verdade, pois, interferem diretamente na construção do imaginário. Com o
para a sociedade dominante, ela era denominada bruxa. Com isso, após
avanço e o aumento da quantidade de informações, as qualidades das

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interações foram afetadas, uma vez que colocou os indivíduos em contato com A publicidade pode refletir os valores existentes e respaldar o ponto de vista
opiniões e experiências diferentes das suas caindo diretamente sobre as dominante, e aliada aos meios de comunicação, influencia os padrões de
identidades de grupo, as formas e etapas de socialização e as hierarquias. comportamento social. Porém, a publicidade tem apresentado uma pequena
mudança, algumas grandes marcas já começaram a repensar seus rumos de
Consequentemente, o indivíduo passou a ter diversas informações além das que representação social. Esse cenário se dá pelo reflexo de lutas e engajamentos
ele já possuía advindas de seu grupo social. Esse advento afetou a sua políticos e sociais de classes e grupos minoritários que estão ganhando força e
construção de imagens e estereótipos, contrafazendo sua identidade alterando voz. Ou seja, a publicidade é uma via de dois sentidos, ela pode reforçar ou
sua vida social. refutar determinados imaginários sociais, e a sociedade como interlocutora,
também pode fazer o mesmo direcionando a publicidade.
A autora Biroli (2011) ainda pondera acerca da segunda visão apresentada sobre
a relação entre mídia e estereótipos. Destacando o papel dos meios de Um exemplo dessa pequena mudança de representação, são as empresas do
comunicação de massa como propagadores dos estereótipos, afirma que eles ramo de beleza que estão revendo seu posicionamento devido a agitação das
surgem como uma extensão da imposição pelos grupos dominantes de sua visão novas tendências culturais de padrão e representação da beleza feminina.
de mundo e suas hierarquias sociais, e a mídia aparece como a principal
ferramenta de sua propagação. Nesse caso, existe uma barreira entre o A mulher “escrava da beleza” também tem sido questionada pela
publicidade. Em um movimento iniciado há mais de uma década, que
conhecimento e a possível superação das imagens estereotipadas, pois o tem a campanha da Dove pela “Real Beleza” como um marco
significativo, anunciantes tem criticado os excessos do próprio discurso
controle das informações e até mesmo a produção da verdade, estão centradas publicitário no fomento de um padrão estético inatingível. Desse modo,
campanhas protagonizadas por mulheres “reais” ou modelos retratadas
em um grupo dominante. sem o recurso do Photoshop tem sido a estratégia de produtos que
pretendem demonstrar sua preocupação com o tema. (CRUZ, 2016, p.
8)
Assim sendo, o fato de que a mídia coloca em circulação uma infinidade de
informações, é insuficiente para concluirmos que ela potencializa as diversas A marca Dove - empresa de cosméticos - está apostando em uma controvérsia
representações sociais, e é insuficiente também para que se estabeleça um estratégia de veiculação da imagem feminina. A marca apostou recentemente
vínculo direto entre a superação dos preconceitos relacionados aos estereótipos. em uma campanha diferente, que mostra a mulher em uma perspectiva
incomum.
A relação com o mundo é mediada por imagens produzidas e difundidas
em escala industrial, fazendo com que nossas referências sejam uma
fusão entre o mundo com o qual temos contato diretamente e o mundo
que conhecemos pelas telas da TV, pela internet e pelas páginas de
revistas e jornais. (BIROLI, 2011, p. 85)

Portanto, o indivíduo é moldado pela mídia. Ao direcionar o olhar para o campo


publicitário, desde seu início, a publicidade e propaganda trabalha utilizando
imagens pré-estabelecidas no imaginário social, ou seja, a publicidade
dimensiona os agentes formadores do social, potencializa, resigna e recodifica
as diversas representações sociais.

Figura 01: Campanha publicitaria da marca Dove. Fonte: theinspirationroom.com

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A imagem da esquerda foge completamente dos rostos lindos e maquiados que 2. CONSTRUÇÃO DE PERSONAGEM NO CINEMA
são constantemente representados em anúncios do estilo, e a imagem da direita,
apresenta a mulher em um ambiente fora dos padrões, um ambiente A construção de personagem, de modo geral, é uma fundamentação histórica
estereotipado como masculino. que permeia até os dias atuais: “a palavra personagem surge do grego
“persona”, e significa máscara.” (CAMPOS; WOLF; VIEIRA, 2014, p.18). Essa
Os meios de comunicação social, com especial destaque para a construção reforça as significações sobre a influência e criação de estereótipos
televisão, constituem-se como uma fonte de aprendizagem privilegiada
dos estereótipos de gênero. As análises de conteúdo de várias no campo social.
categorias de programas televisivos demonstram que abundam os
modelos de comportamentos padronizados quanto ao género com
imagens normalmente estereotipadas e distorcidas em relação à
realidade atual (FREITAS, 2010, p. 4)
A persona é a maneira como o indivíduo irá se apresentar, é a forma de
identificação do público. A persona é quem guia e manipula-o a fim de persuadi-
Por maiores que sejam as mudanças, o imaginário social e a construção do lo, porém, a apropriação de estereótipos ocorrida de maneira natural por parte
estereótipo se mantem forte e presente na sociedade contemporânea. A de cada indivíduo, pode reforçar ou refutar aquilo que a personagem quer
publicidade pode trazer algumas mudanças superficiais que irão se destacar de apresentar.
alguma forma, porém ainda não são significantes perante a classe social
dominante. Moura (2010) argumenta sobre o conceito de personagem afirmando que existe
um paradoxo entre a ficção e a realidade. O conceito de personagem se define
entre um ser irreal, porém baseado na constituição do que o humano considera
real. Apesar do poder de criação sobre o personagem, ele nunca conseguirá ser
ou se igualar a realidade. Os aspectos físicos são passíveis de cópia e podem
se equiparar ao real, mas os sociais e os psicológicos não podem ser copiados
por serem intangíveis e inesperados.

Freitas (2010) diz que no campo da Literatura, os aspectos fundamentais na


construção do personagem são resultado da criatividade e do talento do escritor.
Por sua vez, no cinema a criação do personagem não é um trabalho individual,
ele se dá de forma conjunta, é um trabalho coletivo.

O poder de caracterização a que passa pela capacidade do ator de


interpretar o personagem, do roteirista para dar-lhe verossimilhança e
uma trajetória coerente (mesmo que dentro de sua falsidade e
incoerência, quando for o caso), do diretor para orquestrar a narração e
de diversos técnicos para criar o ambiente audiovisual que melhor serve
à caracterização e às ações dos personagens. (BASTOS, 2010, p. 47)

Embora os autores Freitas e Bastos concordem que a criação do personagem


de cinema é um trabalho conjunto, Freitas (2010) argumenta em seu estudo que

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dependendo do diretor e do roteiro, a apresentação do personagem pode ser esfarrapadas, chapéus pontudos e pretos, com rosto coberto por verrugas e
completamente diferente. Ângulos e movimento de câmera, ajudam na voando em vassouras às gargalhadas. (CARVALHO, 2009)
caracterização dos personagens, a iluminação é um fator crucial para a criação
da expressividade da imagem, o vestuário, a cor, a música, dentre outros. No cinema esse retrato estereotipado é reforçado. Para a construção da
personagem bruxa, diversos elementos são utilizados e necessários para criar a
Portanto, é um conjunto de ideias e de trabalho mútuo, os perfis dos expressão ao qual cada gênero fílmico pretende reproduzir. Apresenta-se a
personagens são criados de forma conjunta. No cinema a apresentação do seguir, com base nos estudos da autora Silva (2015), alguns elementos que
personagem depende de diversos aspectos que influenciam seu entendimento compõe e são de aspectos essenciais para a representação da bruxa no cinema.
e representação do imaginário.
Responsável pela criação da expressividade da imagem, a iluminação contribui

Na obra de Syd Field (2001), na qual ele oferece instruções para a construção para a criação do “clima”. Em filmes com bruxas, a iluminação é baixa mantendo

do personagem cinematográfico, o autor deixa claro que tudo faz parte de um o ambiente sombrio.

processo fundamentado em valores pessoais, profissionais e privados do


personagem. Enfatiza ainda a importância do personagem cinematográfico, Outro item essencial e fundamental para a expressividade é o vestuário

dizendo que “O personagem é o fundamento essencial de seu roteiro. É o (figurino). Ele imprime uma impressão imediata, e no caso das bruxas seu

coração, alma e sistema nervoso de sua história. Antes de colocar uma palavra figurino não é distinto dos relatos do imaginário. Com base nos estereótipos, as

no papel, você tem que conhecer o seu personagem.” (FIELD, 2001, p. 27). bruxas aparecem vestindo o mesmo estilo de roupa, vestidos longos, capas
escuras e velhas, sem deixar de lado o chapéu e a vassoura. Outro aspecto que
auxilia a construção da personagem no cinema é o cenário, ele geralmente
Assim sendo, é através da criação do personagem que o autor exprime seu
atinge o psicológico, remetendo a mistério, instalando medo no espectador e
desejo que manipulará e norteará determinada história no contexto estabelecido,
exaltando suspense para prender a atenção.
pois o personagem é quem argumenta completamente o sentido da história.

Por fim, e não menos importante, a cor é responsável também, segundo a autora
Quando se lê um livro, o espectador cria um personagem para cada elemento
através de estereótipos, sendo essa criação mutável e instável. Entretanto, Silva (2015), pelo aumento do realismo.

quando se assiste determinados personagens, a imagem criada não se alterará


As cores são as grandes responsáveis por guiarem nossos sentimentos
e todo o sentido e contexto da história estarão relacionados diretamente a ele. e o nosso estado de espírito, por isso podem ser escolhidas e criadas
para revelar o que o autor busca informar ao espectador. Os filmes de
terror ou suspense são associados a cores escuras, essas cores
transmitem sensações e são elementos básicos e poderosos no que diz
respeito a filmes. (SILVA, 2015, p. 45)
2.1. A BRUXA NO CINEMA

Estes aspectos são essenciais para a construção e representação da bruxa no


A imagem da bruxa fora construída no imaginário social desde a Idade Média, cinema, pois envolvem todos os sentidos do espectador e reforçam o imaginário
criando estereótipos relacionados à sua aparência, atos, hábitos e costumes. inconsciente do indivíduo. Da mesma forma que esses aspectos auxiliam a
Geralmente são representadas por velhas más e horrendas, com roupas

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manutenção do estereótipo da bruxa, eles também podem ser utilizados para 3. MODELO METODOLÓGICO
uma nova representação de sua imagem.
Seguindo a proposta metodológica da autora Novais (2014), pretende-se
analisar as cenas que se passem de forma semelhante nas obras fílmicas “O
No cinema contemporâneo, Silva (2015) relata em seu estudo que as
mágico de Oz” (1939) e “Oz, mágico e poderoso” (2013), enfatizando os
adaptações da literatura têm sido trazidas com outra perspectiva. Já existem
elementos narrativos semelhantes, já que ambos, retratam narrativas diferentes
algumas mudanças na representação das bruxas, que têm sido retratadas de
em que, uma aborda a narrativa de Dorothy (protagonista) e a segunda aborda
uma maneira diferente. Eles emitem discussões sociais que contestam os
a narrativa do mágico Óscar (Oz). Ressalta-se que as análises ocorrerão
estereótipos trazidos dos clássicos de bruxas feias e más.
especificamente em sequências que foram construídas dentro da narrativa
cinematográfica de maneira adjunta.
Um exemplo dessa mudança é o filme “Malévola” (2014), uma adaptação do
conto de fadas “A bela adormecida”. Ele narra à história de Malévola, uma fada
As análises, enfim, são feitas sobre sequencias e não sobre filmes
protetora que foi traída por seu “amigo”, que acabou virando Rei. Após essa inteiros: falar do filme em sua globalidade é certamente o exercício mais
habitual de interpretação (nas conversas do cotidiano ou nos jornais),
traição, Malévola aparentemente se tornou uma bruxa má e vingativa. mas esse exercício supõe ir mais longe da mecânica íntima da narração
fílmica e dos detalhes da cenografia (...). (JULLIER & MARIE, 2009, p.17
apud NOVAIS, 2014, p. 50)

Utiliza-se a aplicação do método de análise de imagens em movimento trazido


pela autora Rose (2002), de modo a definir os aspectos sintáticos (verbais) e
semânticos (imagéticos) de cada cena proposta.

Ainda segundo o método acima, utilizar-se-ão tabelas de frequência para as


unidades de análise descrevendo quais seriam as diferenças e semelhanças nas
sequências amostrais selecionadas.

A análise perpassará em três âmbitos. O primeiro a ser analisado será o físico,


Figura 02: Personagem Malévola Figura 03: Personagem Malévola
antes. depois. de como a personagem Glinda se apresenta fisicamente, ou seja, aborda-se
Fonte: seriesemcena.com.br Fonte: obviousmag.org como é o porte corporal, como são as vestimentas, os cabelos, etc. O segundo
âmbito a ser analisado será o de cunho social, ou seja, envolvendo qual a função
Visto que os estereótipos são construções culturais antigas da sociedade e que social da personagem na narrativa, em qual meio ela se encontra inserida, se é
vem sendo contestados em novas adaptações do cinema contemporâneo, a considerada heroína, qual a interpretação de personagens que a envolvem
análise de uma personagem tida como bruxa, é fundamental para analisarmos diretamente, etc. E por fim, será analisado o perfil psicológico, ou seja, como a
as possíveis mudanças ou reafirmações do conceito e da construção do personagem se constrói em termos psicológicos, a forma como se comporta e
imaginário social. etc.

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Foram selecionadas oito sequências amostrais de cenas, que serão analisadas entender a contribuição da personagem na história, qual a amarração que a ação
em pares formando quatro grupos de unidades de análise por possuírem da personagem dá ao desenrolar da narrativa e sua construção e
semelhanças fílmicas com elementos narrativos similares entre si. desencadeamento para a mesma.

A partir deste resultado de análise, será possível abstrair um entendimento


acerca da questão proposta sobre o estereótipo da bruxa e de que forma este
estereótipo pode influenciar narrativas fílmicas comparando-as em épocas
distintas, sendo uma em 1939 e a outra em 2013.

As cenas analisadas nas duas narrativas, “O mágico de Oz (1939) e “Oz, mágico


e poderoso” (2013), são: O aparecimento de Glinda, as primeiras impressões
causadas nos personagens Dorothy e o Mágico Oz ao verem Glinda, a cena de
aparição da bruxa má, e a cena em que as personagens se sonambulizam no
Campo de Papoulas próximo à Cidade das Esmeraldas.

Na cena do aparecimento de Glinda, ressalta-se a importância de sua análise,


tendo em vista a forma como ambas as personagens são apresentadas na
narrativa, observando o impacto que sua aparição traz para o contexto da
história.

Na cena onde Glinda é vista pela primeira vez pelo Mágico e por Dorothy, no
filme “Oz, mágico e poderoso” (2013) e “O mágico de Oz” (1939),
respectivamente, servirá para analisar como a personagem Glinda se apresenta
física, social e psicologicamente diante deles e como ela é considerada pelos
personagens secundários que fazem parte da cena, ou seja, o povo de Oz.

Nas cenas em que a bruxa má aparece no País dos Anões no filme de 1939 e
no Reino Pacífico no filme de 2013, trará contribuições às análises psicológicas
e seus atos subsequentes para a pesquisa, como por exemplo, análise de
comportamentos vingativos ou violentos como os estereótipos criados acerca
das bruxas propõem.

No Campo de Papoulas, uma cena que se passa num mesmo cenário, em


ambas as narrativas, porém, em com contextos distintos, será importante para

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4. ANÁLISES Evanora, a conselheira do rei e irmã de Teodora, explica ao mágico que para
que ele tenha o trono e fique com todo o ouro que existe na cidade das
4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS FILMES Esmeraldas, ele deveria matar a bruxa má.

4.1.1. OZ, MÁGICO E PODEROSO (2013)


Sem pensar duas vezes, o mágico sai em busca da bruxa má. Para matá-la, ele
deve simplesmente quebrar sua varinha, mas quando o mágico chega até a
bruxa, ele vê Glinda e, após uma conversa percebe que Glinda não é uma bruxa
má. Ela foi injustiçada pela morte do próprio pai, que fora envenenado por
Evanora que queria o trono da cidade das Esmeraldas, por este motivo culpou
Glinda que se refugiou em um reino distante junto com outros povos do reino de
Oz.

O mágico se encanta por Glinda e resolve ajudá-la a retomar o trono, pois após
uma conversa ele vê que a única esperança que aquele povo tem de conseguir
a paz novamente é com sua ajuda.
Figura 04: Cartaz do filme “Oz, mágico e poderoso.” (2013). Fonte: adorocinema.com

Como o mágico Oz é um ilusionista e não tem poderes mágicos, Glinda e ele


O filme “Oz, Mágico e Poderoso” (2013) conta a história de Óscar, um mágico elaboram um plano de truques para conseguir retomar o trono da Cidade das
de um circo. Esmeraldas.

Óscar é pego em falcatrua e foge no seu balão, porém durante a fuga se forma Evanora, a bruxa má, mostra a Teodora que o mágico Oz havia trocado de lado.
uma grande tempestade e seu balão é levado para muito longe, chegando em Teodora, que estava apaixonada por Oz, ao ver que ele também estava jogando
um reino diferente e muito colorido, lá ele encontra uma mulher muito atraente seu charme para Glinda, fica muita furiosa.
aos seus olhos, essa mulher se chamava Teodora, uma bruxa que vive no
Mundo de Oz. Oz, o mágico, fica espantado quando se depara com Teodora, Evanora dá a ela uma poção mágica, para que revele o seu verdadeiro ser.
pois ela é muito bonita e não se parece com uma bruxa. A bruxa fica muito feliz Quando Teodora toma a poção se transforma em uma bruxa verde, nesse
em saber que Oz havia chegado devido a uma profecia de que quando um momento, ela vai atrás de Oz e Glinda no reino distante. Este reino é protegido
mágico chegasse ao Mundo de Oz, o reino ficaria em paz novamente. por um muro mágico, e somente pessoas de bom coração podem atravessar
como Teodora não tinha um coração ruim, consegue atravessar essa proteção
Teodora leva o mágico até a cidade das Esmeraldas para que ele tome o trono entrando no reino, ameaçando Glinda e o mágico Oz.
e o Mundo de Oz fique em paz.

Oz e Glinda resolvem colocar os planos em prática para retomar o trono da


cidade das Esmeraldas. Durante a execução do plano, Glinda é capturada pelas
irmãs, porém o plano de Oz consegue sucesso e ela consegue derrotar Evanora

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quebrando sua pedra mágica. A bruxa Teodora foge em sua vassoura e o povo Ela sai de casa e percebe que não está mais no Kansas, nesse momento Glinda
de Oz consegue viver tranquilamente de novo na cidade das Esmeraldas, sem aparece e Dorothy tem a certeza que não está no Kansas.
que eles saibam que ele o mágico OZ está vivo, pois durante o plano, ele encena
que seu balão explode. Glinda conversa com Dorothy e conta que ela havia matado a bruxa do Leste,
até que de repente a irmã de Glinda aparece para saber quem havia matado a
bruxa má do Leste e pegar os sapatos de rubi.
4.1.2. O MÁGICO DE OZ (1939)
Glinda diz a bruxa má do Oeste, que os sapatos são de Dorothy e que ela não
podia fazer mais nada para tê-los e a expulsa da cidade. Ela explica a Dorothy
que precisa encontrar o Mágico de Oz, pois só ele pode ajudá-la a voltar para
casa.

Durante sua jornada em busca do Mágico de Oz, Dorothy encontra um


Espantalho o ajudando a sair do milharal e se tornam amigos. Ele decide ir com
ela até O Mágico de Oz para que ele lhe dê um cérebro.

Durante o caminho eles encontram um homem de lata que está enferrujado há


muito tempo os dois o ajudam colocando óleo em suas juntas. O homem de lata
Figura 05: Cartaz do filme “O mágico de Oz.” (1939). Fonte: adorocinema.com decide ir junto com eles para pedir ao mágico que lhe dê um coração, e então os
três seguem a estrada de tijolos amarelos em direção a cidade das Esmeraldas.

O filme conta a história de Dorothy, uma garota que vive com os tios em uma
Quando estão em uma floresta ouviram um rugido muito alto e amedrontador de
fazenda no Kansas.
um leão que tenta espantar os três, porém ele não possui coragem e começa a
chorar. Dorothy diz ao Leão que o mágico pode ajudá-lo a conseguir coragem e
Dorothy havia fugido de casa, pois seus tios deixaram levar seu cachorro de
o Leão decide ir junto com eles atrás do mágico.
estimação, Totó, embora. Durante sua fuga ela encontra um mágico de circo que
diz a ela que precisa voltar, pois sua tia está preocupada.
Antes de chegar à cidade das Esmeraldas, eles atravessam um campo de

Dorothy corre para casa, mas não encontra seus tios, pois eles estavam Papoulas que foi enfeitiçado pela bruxa má colocando uma espécie de feitiço do

escondidos devido ao furacão que se aproximava, ela então se refugia dentro de sono. Quando os quatro estão nesse campo, Dorothy e o leão caem em um sono

sua casa. O furacão é muito forte e faz com que a casa se erga do chão e gire profundo. Desesperados, o espantalho e o homem de lata começam a gritar por

no ar. Dorothy é atingida na cabeça e desmaia, sua casa aterrissa em uma terra socorro, e neste momento Glinda, em uma espécie de aparição, lança um feitiço

desconhecida e diferente. e começa a nevar quebrando o feitiço do sono.

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Quando eles conseguem falar com o mágico, ele diz que pode ajudá-los, mas 4.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS PERSONAGENS
que para que isso aconteça eles precisam trazer a vassoura da bruxa má. Os
quatro partem a procura da bruxa má, mas Dorothy é capturada no caminho 4.2.1. GLINDA A BRUXA BOA DO SUL EM “OZ, MÁGICO E
PODEROSO” (2013)”
pelos macacos voadores. O Homem de Lata, Leão e Espantalho resolvem
invadir o castelo da bruxa má para resgatar Dorothy.

Durante a fuga dos quatro, a bruxa coloca fogo no Espantalho, mas Dorothy pega
um balde de água para apagar o fogo e acaba acertando a bruxa, que começa
a derreter e morre.

Eles pegam a vassoura e voltam para falar com o mágico. Durante a conversa
descobrem que ele é um farsante, que tudo não passava de um truque. Porém
após eles indagarem sobre a promessa do cérebro, coração e a coragem que
lhes foram prometidos, ele entrega para o Espantalho um diploma dizendo que
todos podem ter um cérebro, mas que só ele tem um diploma. Entrega uma
Figura 06: Glinda, “Oz, mágico e poderoso” (2013). Fonte: ocamundongo.com.br
medalha para o Leão dizendo que ele está enganado que ele tem sim coragem.
Confere um relógio em forma de coração para o Homem de Lata e diz a ele que
“um coração não se julga por quanto você ama, mas sim por quanto você é
amado”. À Dorothy, o mágico promete que voltarão juntos para o Kansas em um
A personagem Glinda é membro da alta realeza do Mundo de Oz e filha do Rei.
balão.
Seu drama se inicia quando Evanora, a conselheira real, envenena seu pai a fim
de possuir o trono e culpar Glinda por este ato. A personagem Glinda, acusada
Em meio a uma festa na Cidade das Esmeraldas prestes a partirem com o balão,
do envenenamento, e considerada pela maioria como bruxa má, foi expulsa da
Dorothy sai correndo atrás de Totó, seu cachorrinho. O mágico vai embora sem
Cidade das Esmeraldas e se refugiou em um distante reino pacífico juntamente
Dorothy, que fica desolada, pois não consegue voltar para o Kansas, neste
com outros povos do mundo de Oz, que por sua vez, também não acreditaram
momento aparece Glinda. Ela diz para Dorothy que a garota tem o poder de
e iam contra a acusação de Evanora. São eles: Quadiling que são em sua
voltar para casa, que ela sempre teve esse poder: é só ela bater os pés três
maioria fazendeiros, Tinkers que são pessoas estudadas e engenhosas capazes
vezes com seus sapatinhos de rubi e pedir com muita força que voltaria para
de construir qualquer coisa e Munchkin que fazem belas vestimentas e cantam.
casa.

Eles vivem isolados em um reino cercado por um muro mágico (bolha), que
Dorothy bate o pé e acorda de um sonho, e ao seu lado estão seus tios, o mágico
somente as pessoas de bom coração são capazes de atravessar, e aguardam a
e os três funcionários da fazenda preocupados, pois ela havia ficado em meio a
chegada do mágico de Oz, antiga profecia feita pelo finado Rei. Essa profecia
um furacão muito forte. Dorothy diz que teve um sonho, mas que nunca mais vai
relatava que um poderoso mágico que teria o mesmo nome de Oz, e chegaria
fugir, pois não há lugar melhor que a sua casa.
para libertá-los, retomando o trono.

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4.2.2. GLINDA A BRUXA DO NORTE EM “O MÁGICO DE OZ (1939)” 4.3. ANÁLISES DAS CENAS

I - CENA: A PRIMEIRA APARIÇÃO DE GLINDA

a) “Oz, mágico e poderoso” (2013)

Figura 07: Glinda, “O mágico de Oz” (1939). Fonte: aurorasginjoint.com


Figura 08: A primeira aparição de Glinda no filme “Oz, mágico e poderoso” (2013)

A personagem Glinda é uma personagem chave na história, nesta narrativa ela As personagens Boneca de porcelana, Macaco e Mágico Oz, estão a

possui um papel de menor destaque, em relação à adaptação de 2013, pois o procurar por Glinda para quebrar sua varinha mágica, a pedido de Evanora,

enredo do filme se desenvolve num contexto vivenciado por outra personagem bruxa má na trama, para que Glinda perdesse seus poderes tornando-a mais

(Dorothy), porém, suas aparições no filme são de extrema importância para o fraca. O Mágico Oz ao se deixar influenciar por Evanora e, sabendo da

desenvolvimento e coesão do roteiro. recompensa que ia ganhar por tal feito, -todo o ouro da Cidade das
Esmeraldas-, consegue chegar até Glinda, considerada por ele como bruxa
Glinda é uma bruxa boa que surge no início do filme a fim de descobrir quem é
má, nesta cena.
Dorothy, uma menina que chegara a Oz por um acidente com sua casa que cai
em cima da malvada bruxa do Leste, matando-a. A personagem Glinda surge no filme “Oz, mágico e poderoso” no tempo
00:57:54, em uma cena externa noturna, trajando vestes escuras de forma
mística, a flutuar sobre a neblina que cobre o chão.

Sua aparição se dá misteriosamente com um BG (música de fundo) de


suspense, em meio a uma floresta escura com galhos retorcidos, árvores
secas e espinhosas, arbustos, ao lado de uma cerca de um cemitério,
carregando em uma de suas mãos uma varinha mágica reluzente.

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b) “O mágico de Oz” (1939) c) Comparação entre as cenas

Glinda 2013 Glinda 1939


Diferenças - Glinda aparece a noite -Glinda aparece de dia

- Aparece em uma floresta - Aparece em uma cidade


com galhos secos e com árvores cheias de flores
retorcidos e montanhas verdes ao
fundo

- Aparece flutuando com - Aparece flutuando em uma


uma veste negra bolha rosa

Semelhanças - Aparecem misteriosamente

- Surgem flutuando
Figura 09: A primeira aparição de Glinda no filme “O mágico de Oz” (1939)

Tabela 01: A primeira aparição de Glinda - Comparação entre as cenas

Dorothy, personagem principal na trama, acaba de chegar ao desconhecido


mundo de Oz, por um tornado que levara sua casa aos ares. Ao se deparar Comparando as cenas em que ambas as personagens Glinda aparecem pela
com aquele ambiente, logo percebe que não está no Kansas, terra onde primeira vez nas narrativas, é possível perceber diversas diferenças e
mora. Junto com Totó, seu cachorro de estimação, presenciam a chegada de algumas semelhanças de forma física.
uma bolha flutuante em suas direções.
A Glinda da mais recente adaptação, 2013, reforça o estereótipo de bruxa,
A personagem Glinda surge no filme “O mágico de Oz” no tempo 00:18:10, aparecendo obscuramente, em uma floresta escura, ao som de uivos e
em uma cena externa, diurna, dentro de uma bolha cor de rosa, de forma a música de suspense, sem revelar sua face, em um ambiente completamente
flutuar sob as montanhas. misterioso e amedrontador.

Sua aparição se dá inesperadamente intrigando a personagem Dorothy, em Por sua vez, a Glinda do filme de 1939, aparece também de forma misteriosa,
meio a uma cidade, cheia de árvores e flores, em frente a uma pequena porém o contexto e o cenário que envolvem sua aparição são completamente
ponte, próxima a estrada de tijolos amarelos. opostos ao da primeira personagem citada, é uma cena diurna, em uma
cidade, onde os pássaros cantam, com montanhas ao fundo, com flores que
enfeitam todo o entorno da cena, e a cor rosa de sua bolha reluzente, esse
contexto ambientaliza o espectador de forma agradável, não causando
estranhamento ou medo com a aparição da personagem.

Uma semelhança que pode ser percebida em ambas as cenas é que as duas
bruxas aparecem na narrativa flutuando de forma misteriosa, isso enfatiza o
ambiente lúdico que a narrativa apresenta.

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II- AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES DAS PERSONAGENS DOROTHY E Ao ficar sabendo da triste história da Boneca de Porcelana que foi encontrada
MÁGICO QUANDO VEEM GLINDA pelo mágico sozinha em sua aldeia destruída, Glinda se solidariza e sente
compaixão. Com um semblante triste a Boneca conta que foi Evanora quem
a) “Oz, mágico e poderoso” (2013)
destruiu sua vila e “quebrou” toda sua família.

Glinda é paciente, esperançosa, é sonhadora por acreditar que um Mágico irá


salvar o reino de Oz.

Determinada, positiva e otimista, com a chegada do mágico Oz, Glinda toma


iniciativa e o encoraja, pois ele é sua única esperança. Ela o guia para que
consigam derrotar Evanora, e retomar o trono.

b) “O mágico de Oz” (1939)

Figura 10: A primeira impressão causada nos personagens “Oz, mágico e poderoso” (2013)

Fonte:
Glinda aparece obscuramente, em uma floresta enevoada, com uma veste preta.
O mágico Oz, em seu primeiro contato com Glinda, sem a capa preta cobrindo
seu rosto, se surpreende, pois criara um estereótipo em que Glinda seria uma
bruxa má, feia, maldosa e que havia matado o próprio pai. Após uma conversa, Figura11: A primeira impressão causada nos personagens “O mágico de Oz” (1939)

ele descobre que na verdade Glinda, foi injustiçada e que a verdadeira bruxa má
é Evanora, na trama.
Dorothy acaba de chegar em um lugar diferente quando de repente, vê uma
Glinda é jovem, alta, magra, branca, com cabelos claros, com olhos castanhos, bolha cor de rosa brilhante vindo no ar em sua direção. Essa bolha se aproxima
o rosto redondo, o nariz largo, maquiagem clara, lábios grandes, tem uma voz e se transforma em uma mulher com aspecto e roupas diferentes de tudo que
doce, usa uma coroa pequena de pedras, possui uma varinha mágica e tem o Dorothy havia visto.
semblante angelical e suave.
Glinda usa vestimentas compostas com cores claras e contidas, usa uma roupa
Glinda fica feliz e se enche de esperança, pois ao encontrar Oz, vê a chance da volumosa cor de rosa, com mangas exuberantes, também volumosas, uma
profecia de seu pai se concretizar, a profecia de que um mágico com o mesmo coroa grande e altiva, e segura um mastro com uma estrela brilhante na ponta,
nome do reino chegaria e libertaria seu povo. Eles vivem isolados em um pacífico seus cabelos são avermelhados e ondulados, na altura do ombro, é branca,
reino cercado por um muro mágico (bolha), onde somente as pessoas de bom magra e alta.
coração são capazes de o atravessar, aguardam a chegada do mágico de Oz
para libertá-los, retomando o trono da Cidade das Esmeraldas.

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Aparece sorridente ao ver Dorothy, apesar de causar estranhamento na Semelhanças - Causam medo nos outros personagens
personagem, Glinda mantém seu sorriso e leveza em cena. - Aparecem com sorriso no rosto
- Possuem uma coroa
Ao se deparar com Dorothy, Glinda aparenta tranquilidade e fica um pouco
- Magras
confusa, pois na trama a personagem acredita que Dorothy é uma bruxa que
- Brancas
acaba de matar a Bruxa Má do Norte, porém, Dorothy insiste em dizer que não
- Guiam os protagonistas no decorrer da história
é uma bruxa.
- São vistas como protetoras
Glinda acha engraçado quando Dorothy diz que bruxas são feias e velhas, - Pacientes
porém, Glinda tenta explicar que ela é uma bruxa boa, e que ela estava ali pois - Calmas
os anõezinhos tinham a chamado para ajudar.
Tabela 02: As primeiras impressões das personagens Dorothy e mágico quando veem
Glinda é calma e paciente, a personagem aparenta uma forma altiva e superior, Glinda - Comparação entre as cenas
às vezes, se demonstra arrogante e irônica por ser muito confiante.

Ela é quem guia Dorothy durante a narrativa, dá conselhos para a personagem Comparando as cenas da primeira impressão causada, é possível perceber

principal a fim de norteá-la no desenvolver da história, como se fosse uma fada algumas diferenças e semelhanças, que dependem do aspecto analisado, pois

madrinha, trazendo sentido e justificando o contexto do filme. ocorrem em unidades temporais e de espaço diferentes.

A Glinda do “Oz, mágico e poderoso” (2013), apesar de aparecer obscuramente,


c) Comparação entre as cenas em uma floresta escura, com uma veste preta, ao se revelar, supreende o mágico
e desfaz seu sentimento de medo. Ele imaginava que Glinda seria uma bruxa
Glinda 2013 Glinda 1939 má, feia e velha, e ela vai contra essa imagem criada por ele.
Diferenças - Aparece vestindo preto - Aparece com vestido
- Cabelo claro volumoso rosa Ela aparenta calma e felicidade ao ver o Mágico Oz, é paciente, esperançosa,
- Possui uma varinha - Cabelo avermelhado sente compaixão, é sonhadora, determinada, positiva e otimista.
mágica - Possui um mastro
- Coroa pequena - Coroa grande Da mesma forma Glinda do “O mágico de Oz” (1939), aparece de forma
- Feliz - Confusa misteriosa, o que causa medo na personagem Dorothy. Esse estranhamento se
- Esperançosa - Arrogante dá pelo fato de ser algo inesperado pra Dorothy, ao se revelar, Glinda usa uma
- Sente Compaixão - Irônica roupa cor de rosa, Dorothy estranha ao saber que ela é uma bruxa, pois contradiz
- Sonhadora - Confiante a imagem de bruxa descrita por Dorothy.
- Determinada
- Positiva No aspecto social Glinda do “Oz, mágico e poderoso” (2013), possui uma
- Otimista posição de superioridade, porém vive isolada e busca por melhores condições

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de vida, para ela e para seu povo. Ela espera que a profecia de seu pai, fosse III – APARIÇÃO DA BRUXA MÁ
cumprida. a) “Oz, mágico e poderoso” (2013)

Glinda do “O mágico de Oz” (1939), também apresenta uma posição de


superioridade, aparenta tranquilidade, é um pouco confusa, porém consegue
reverter sua situação no contexto analisado.

Ambas são respeitadas pelo povo de Oz, revelando a confiança depositada nas
personagens, contradizendo mais uma vez, o estereótipo de bruxa.

Uma semelhança que pode-se perceber em ambas as cenas, é que as duas


surpreendem os personagens envolvidos, por irem contra uma imagem
estereotipada de bruxa.

Ambas as Glindas são consideradas protetoras e de boa índole para os


personagens que representam o povo, ao longo das narrativas guiam os que
convivem diretamente com ela, direcionando para o desfecho da narrativa,
cumprindo o papel social da personagem.

Essa imagem de protetora e de heroína, exibida na personagem em ambas as


narrativas, reforçam que o estereótipo empregnado na personagem, foge dos
Figura12: Aparição da bruxa má “O, mágico e poderoso” (2013)
padrões de bruxa, e se assemelha ao de uma fada madrinha, uma fada protetora
que cuida de seus entes queridos.
Os personagens principais estão no reino pacifico juntamente com alguns povos
do mundo de Oz, envoltos pela “bolha” que protege este lugar, com permissão
para atravessar somente aqueles de bom coração.

Após Glinda apresentar para o Mágico Oz, o que cada povo tinha como talento
para a tomada da Cidade das Esmeraldas, o céu escurece e surge uma bola de
fogo que penetra na proteção do muro, era a bruxa má querendo atravessá-lo.
Nesse momento Glinda, ainda incerta se a bruxa má conseguiria atravessar a
bolha protetora ou não, exprime um instinto de proteção e, preocupada, pede
para que o povo se esconda e se proteja, temendo que algo de pior aconteça a
eles, porém, ela mesma não sai da posição em que se encontra.

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Em meio a uma “festa” pela chegada de Dorothy e por ela ter matado a Bruxa
Quando a esfera em chamas atinge o chão da cidade, Glinda a enfrenta crendo Má do Leste, estão Dorothy, Glinda e os habitantes da cidade. De repente, no
que seria Evanora, e vai em direção as chamas, até que Teodora, irmã de meio de todos os anõezinhos da cidade, uma grande explosão acontece,
Evanora na trama, surge, e Glinda se assusta. Teodora está com outra espalhando uma nuvem de fumaça na cor laranja. Todos os habitantes correm
aparência, ela se tornara verde, usa vestes escuras, um chapéu pontudo e preto, ou caem pelo chão, Dorothy corre com medo para resgatar Totó, e, Glinda se
e, nesta cena, ela rouba uma vassoura de uma das personagens secundárias e mantém altiva e não sai de seu lugar de destaque, em uma posição elevada, em
usa-a para voar. relação aos demais, e não transparece medo algum.

Quando Teodora cai, através da bola de fogo, próximo a eles, Glinda exibe um Quando a Bruxa Má, aparece procurando por sua irmã que acabara de ser morta
tom de surpresa, porém o instinto protetor ainda permanece e por uma ordem pela casa de Dorothy que caíra em cima dela, Dorothy fica com medo e neste
desafiadora que parte dela, Teodora sai do reino pacífico. Glinda é considerada momento Glinda é quem a protege, a Bruxa Má amedronta a todos, exceto
pelo povo como uma líder. Glinda que esboça um sorriso de deboche.

Quando Glinda se sente ameaçada pela aparição da bruxa má, por mais Quando a Bruxa Má, enfrenta Glinda tentando recuperar os sapatos de rubi que
confiante que seja, fica amedrontada pelo seu povo e apreensiva pelo o que eram de sua irmã e que Glinda havia colocado em Dorothy, ela mantém um
poderia acontecer. semblante sério e desafiador, é irônica, não recua e a enfrenta para proteger
Dorothy, até o momento em que a Bruxa Má vai embora após Glinda expulsá-la
Apesar de ser uma bruxa e possuir poderes ela não se sente superior aos de lá.
demais, tem humildade, é positiva e otimista, não foi rude nem violenta ao
proteger o reino.
c) Comparação entre as cenas

b) O mágico de Oz” (1939) Glinda 2013 Glinda 1939


Diferenças - Diante da bruxa má, se - Diante da bruxa má, não se
apresenta com esperança e diminui e se apresenta como
confiança. confiante
- Se sente ameaçada - Não demostra medo
- Fica amedrontada e - Ela mantém um semblante
apreensiva sério e desafiador
- Se preocupa com o povo - Se sustenta altiva e
- Teme que algo de pior superior
acontece
- Não se sente superior aos
demais

Figura13: Aparição da Bruxa Má “O mágico de Oz” (1939)

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- Tem humildade IV - OS PERSONAGENS SE SONAMBULIZAM NO CAMPO DE


PAPOULAS PRÓXIMO À CIDADE DAS ESMERALDAS
- É positiva
- É otimista a) Oz, mágico e poderoso” (2013)

Semelhanças - Possuem posição de superioridade


- São vistas como protetoras
- Não são rudes nem violentas

Tabela 03: Aparição da Bruxa Má - Comparação entre as cenas

A Glinda do “Oz, mágico e poderoso” (2013), diante da bruxa má se sente


ameaçada, fica amedrontada e apreensiva pelo o que poderá acontecer, porém
se mantém como protetora. Ela demostra os seus sentimentos, é sonhadora e
confiante no mágico. Quando se encontra diante da bruxa má, se apresenta com
esperança, confiança, apesar de seu receio com o que estaria por vir. Ela não
se sente superior aos demais e se preocupa com seu povo, porque teme que
algo de pior acontece a eles.

Glinda do “O mágico de Oz” (1939), ao contrário da adaptação de 2013, se


sustenta altiva e superior não demostrando medo nenhum da Bruxa Má. Ela
mantém um semblante sério e desafiador, protege Dorothy e não recua, pelo
contrário, à enfrenta. Diante da Bruxa Má, não se diminui e é firme na sua fala,
nesta parte da narrativa fica evidenciado sua posição como protetora.

Figura 14: Os personagens se sonambulizam no campo de papoulas próximo à cidade das


Ambas as personagens são consideradas protetoras e de boa índole para os esmeraldas “Oz, mágico e poderoso” (2013)
personagens que representam o povo, no aparecimento de uma ameaça são
fortes e cumprem seu papel de protege-lo. Glinda usa seus poderes mágicos e cria uma névoa branca que cobre, todo um
campo de flores (papoulas), isso faz parte de um plano do Mágico Oz, para
atacar os guardiões da Cidade das Esmeraldas.

Evanora e Teodora, ao verem que poderão ser atacadas, ordenam que os


Macacos Voadores contra-ataquem, mas são surpreendidos com o campo de
papoulas coberto pela névoa. As papoulas têm o poder de adormecer quem inala

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seu cheiro, após os Macacos perceberem que tudo não passava de um truque, c) Comparação entre as cenas
eles caem em um sono profundo, fazendo com que Glinda e o povo de Oz
Glinda 2013 Glinda 1939
ganhassem aquela batalha.
Diferenças - Usou sua magia para - Usou sua magia para
atacar remediar
O papel social de Glinda nesta cena é o de heroína, a partir do momento em que
usa seus poderes para enganar outros personagens, afim de ajudar o Mágico
Semelhanças - Ambas são consideradas como protetoras
Oz a ganhar o trono, conforme a profecia e assim consequentemente, ajudar seu
povo. Tabela 04: Os personagens se sonambulizam no campo de papoulas próximo à Cidade das
Esmeraldas - Comparação entre as cenas

b) “O mágico de Oz” (1939) Comparando as cenas, as funções sociais das personagens são bem próximas,
pois ambas conseguem ajudar quem elas se propuseram e usam de magia pelo
bem de seus protegidos.

A Glinda do “Oz, mágico e poderoso” (2013), usa seus poderes para camuflar o
ataque e ganhar vantagem sobre seus oponentes.

Glinda do “O mágico de Oz” (1939), retira o efeito sonâmbulo, colocado pela


Bruxa Má, causado ao inalar o cheiro das papoulas, ela usa sua magia para
acordar os personagens, para que consigam cumprir sua jornada.

O estereótipo de bruxa, que usa magia para fazer o mal a outros, é refutado
Figura 15: As personagens se sonambulizam no campo de papoulas próximo à cidade das nesta cena, ambas as personagens executam ações em prol de outros, porém a
esmeraldas “O mágico de Oz” (1939)
Glinda de “Oz, mágico e poderoso” (2013) usa sua magia em um ataque, ou seja,
para enganar os Macacos Voadores, a Glinda do “O mágico de Oz” (1939),
Dorothy, Espantalho, Homem de Lata e Leão, atravessam um campo de
apenas retira o efeito causado aos personagens, acordando-os para que
papoulas a fim de chegar à Cidade das Esmeraldas, quando de repente Leão e
prossigam na sua jornada.
Dorothy caem em um sono profundo. Sem saber o que fazer e desesperados, o
Homem de Lata e o Espantalho gritam por socorro. Como se fosse uma aparição
Apesar de usar de mágica para atacar, Glinda da versão de 2013, executa essa
e sem ser vista pelos personagens, Glinda faz uma mágica e imediatamente
ação em prol de algo maior, ou seja, ela não deseja o mal para os Macacos
começa a nevar, fazendo com que os personagens adormecidos, acordassem.
Voadores, pois eles apenas estão dormindo, ela usa dessa artimanha para, de
certa forma, proteger seu povo, reforçando, mais uma vez, a imagem de fada
Glinda demostra nessa cena mais uma vez seu poder de proteção, ela viu que
madrinha
eles estavam precisando de ajuda e se propôs a ajudá-los.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de estereótipos, dentro dos filmes analisados criam uma conexão com
as próprias personagens das narrativas, e consequentemente da sociedade
O campo do imaginário social, e seus estudos de construções do simbólico, como um todo, portanto, a partir disso, pode-se concluir que sua importância se
possuem grande significância para o entendimento das relações entre os dá pelo entendimento de que os meios de comunicação e o imaginário social
indivíduos e as diversas representações construídas através dele. Durante o estão intrinsicamente interligados.
processo de pesquisa, muitos questionamentos foram levantados e muitas
teorias foram estudas, para propor argumentos e questões acerca do tema. Acredita-se ser válido ainda salientar que uma personagem criada no século
passado, a partir do autor L. Frank Baum no livro “O maravilhoso mágico de Oz”
Com esse estudo, a busca por significados, as características da construção do (1900), já continha inicialmente uma desconstrução do imaginário social acerca
imaginário social e a construção de estereótipos, em especial o estereótipo da do que é uma bruxa, ou seja, desde o século passado essas transformações já
bruxa, obteve-se a possibilidade de um entendimento do campo social e suas veem acontecendo de alguma forma.
representações através de meios relacionados a publicidade, e com isso, foi
possível identificar as influências de estereótipos de bruxas na construção da A seriedade deste trabalho consiste no entendimento de que, se no ano de 1939,
personagem Glinda nos filmes “O mágico de Oz” (1939) e “Oz, mágico e com a obra fílmica “O mágico de Oz”, a representação da bruxa já foi feita fora
poderoso” (2013). dos padrões estereotipados, cabe ao cinema, e/ou, aos meios de comunicação,
reiterar estas mudanças.
Após as análises detalhadas de cada uma das cenas, nas obras fílmicas, conclui-
se que a personagem Glinda, tida como objeto de estudo, é considerada em A sociedade passou por diversas transformações que a fizeram estar diferente
ambas como bruxa, porém, os estereótipos criados e que se empregam nela atualmente, após algum tempo, ela irá se modificar novamente e estes estudos
nitidamente, não são os de uma bruxa. devem continuar sendo feitos, afim de acompanhar as diversas representações
e outras transformações do simbólico.
Tendo em vista que a construção de personagem é baseada na constituição do
que o humano considera real e irreal, a construção da personagem Glinda nos Este trabalho foi de fundamental importância para o conhecimento acerca do
filmes é baseada em estereótipos, porém não são os de uma bruxa e sim de uma tema proposto, seu aprofundamento fez compreender melhor como ocorre o
fada madrinha. imaginário social e a criação de estereótipos, tendo como base a construção da
personagem Glinda dentro das obras fílmicas analisadas. Este estudo pode
Nos aspectos físicos, sociais e psicológicos, a personagem apresenta servir de base para estudos futuros e a análise sobre o uso de estereótipos na
estereótipos de uma fada madrinha, por possuir elementos que a caracterizam construção de personagens é algo que não se encerra aqui.
como tal, por exemplo varinha de condão, roupas claras, loira, ser bondosa e
protetora.

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E-mail: fandomuemg@gmail.com /
Disponível em: <https://cepccomuemg.wixsite.com/cepccom>
Endereço: Av. Paraná, 3001, Bairro Jardim Belvedere.
Cidade de Divinópolis - MG. Brasil.
CEP: 35501–170. Telefone(s): (37) 3229-3500

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