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#LEGIS

Rafael Figueiredo
Aprovado na Defensoria Pública de Rondônia e do Distrito Federal.
Especialista em Processo Penal. Graduado pela UFGD. Advogado.

lei de execução penal

FIGUEIREDO, Rafael. Lei de execução penal. Fortaleza: Ouse


Saber, 2020.

Lei de execução penal. execução penal.

ISBN:– 978-65-990143-3-8.
#LEGIS

Proposta do Legis

A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur-
sos públicos do país.

Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públi-
cos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei
é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova
objetiva, o conhecimento adequado da legislação.

Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante.
Para vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legis-
lação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na
preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários
rápidos e objetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamen-
to do conteúdo estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e
organização do estudo da lei em formato de plano dividido por dias.

É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e
agradável possível.

Bons estudos e Ouse Saber!

Filippe Augusto
Defensor Público Federal
Mestre e Doutor em Direito
Coordenador do Legis
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Sumário

Plano de Leitura da Lei:

Dia 01............................................................................. Dos Arts. 1º ao 37


Dia 02............................................................................ Dos Arts. 38 ao 60
Dia 03............................................................................ Dos Arts. 61 ao 81
Dia 04............................................................................ Dos Arts. 81 ao 95
Dia 05.......................................................................... Dos Arts. 96 ao 146
Dia 06........................................................................ Dos Arts. 147 ao 170
Dia 07........................................................................ Dos Arts. 147 ao 170

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DIA 1 Parágrafo único. Não haverá qualquer dis-


tinção de natureza racial, social, religiosa ou
política.
Disciplina: Execução Penal.
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Comentários: dispositivo que, para além de pre-
Dia 01: Do Art. 1º ao 37º. ver o princípio da igualdade, repele qualquer
ataque aos direitos do condenado, salvo decor-
rentes da condenação, como a prisão e a suspen-
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 são dos direitos políticos (art. 15, inciso III, da
CF). Repare que o caput praticamente reproduz
o que consta no artigo 38 do Código Penal, o qual
diz: “O preso conserva todos os direitos não atingi-
TÍTULO I dos pela perda da liberdade, impondo-se a todas
Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução as autoridades o respeito à sua integridade física
Penal e moral.”.

Art. 1º A execução penal tem por objetivo


Exposição de Motivos: no mais, note o que
efetivar as disposições de sentença ou decisão consta há muito na exposição de motivos da
criminal e proporcionar condições para a har- LEP, precisamente no item 20: “É comum,
mônica integração social do condenado e do no cumprimento das penas privativas de
internado. liberdade, a privação ou a limitação de direitos
inerentes ao patrimônio jurídico do homem e
Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sen- não alcançados pela sentença condenatória.
tença condenatória, compete ao juízo das execu- Essa hipertrofia da punição não só viola medida
ções a aplicação de lei mais benigna. da proporcionalidade, como se transforma em
poderoso fator de reincidência, pela formação
de focos criminógenos que propicia.”. Não fosse
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tri- só, diz o item 66: “O Projeto declara que ao con-
bunais da Justiça ordinária, em todo o Território denado e ao internado serão assegurados todos
Nacional, será exercida, no processo de execu- os direitos não atingidos pela sentença ou pela
ção, na conformidade desta Lei e do Código de lei (art. 3º). Trata-se de proclamação formal de
Processo Penal. garantia, que ilumina todo o procedimento da
execução”.
Daí a razão pela qual toda a leitura da LEP deve
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á ser feita a partir desse entendimento.
igualmente ao preso provisório e ao condena-
do pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando re-
colhido a estabelecimento sujeito à jurisdição Art. 4º O Estado deverá recorrer à coopera-
ordinária. ção da comunidade nas atividades de execução
da pena e da medida de segurança.
Comentários: note que, estando o sujeito loca-
lizado no estabelecimento “sujeito à jurisdição Anotações sobre os artigos anteriores:
ordinária”, aplica-se, à ele, a LEP.

Súmula 192-STJ: Compete ao Juízo das Exe-


cuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal,
Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabe-
lecimentos sujeitos a administração estadual.

Art. 3º Ao condenado e ao internado se-


rão assegurados todos os direitos não atingidos
pela sentença ou pela lei.

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TÍTULO II Parágrafo único. Ao exame de que trata este


Do Condenado e do Internado artigo poderá ser submetido o condenado ao
cumprimento da pena privativa de liberdade em
CAPÍTULO I regime semi-aberto.
Da Classificação
Comentários: note que o exame criminológico
Art. 5º Os condenados serão classificados, (art. 8º) é feito para fundamentar a classificação
do interno. Vale dizer, para evitar confusões, que
segundo os seus antecedentes e personalida- o exame criminológico, na praxe, não costuma
de, para orientar a individualização da execu- ser realizado tão logo haja o ingresso no sistema
ção penal. prisional, mas quando há pedido de progressão,
por exemplo. Bitencourt o define como “a pes-
Comentários: o dispositivo relaciona-se ao prin- quisa dos antecedentes pessoais, familiares,
cípio constitucional da individualização da pena, sociais, psíquicos, psicológicos do condenado,
previsto no artigo 5º, XLVI, da Constituição Fede- para obtenção de dados que possam revelar
ral (“a lei regulará a individualização da pena e a sua personalidade.”. Já Luiz Régis Prado: “O
adotará, entre outras, as seguintes: (...)”). exame criminológico exsurge na Lei de Exe-
cução Penal como instrumento indispensável
para a elaboração do programa individualiza-
Art. 6º A classificação será feita por Comis- dor da execução de modo a oportunizar a cada
são Técnica de Classificação que elaborará o sentenciado os elementos necessários para
programa individualizador da pena privativa sua reinserção social”.
de liberdade adequada ao condenado ou preso
provisório.
Comentários: Art. 34, CP - O condenado será
submetido, no início do cumprimento da pena,
Art. 7º A Comissão Técnica de Classifica- a exame criminológico de classificação para indi-
ção, existente em cada estabelecimento, será vidualização da execução. Perceba que o artigo
presidida pelo diretor e composta, no mínimo, mencionado faz alusão ao assunto tratado.
por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquia-
tra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social,
quando se tratar de condenado à pena privativa Súmula Vinculante 26-STF: para efeito de pro-
gressão de regime no cumprimento de pena por
de liberdade. crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execu-
ção observará a inconstitucionalidade do art. 2º
Parágrafo único. Nos demais casos a Co- da Lei n. 8072, de 25 de julho de 1990, sem prejuí-
missão atuará junto ao Juízo da Execução e será zo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
integrada por fiscais do serviço social. os requisitos objetivos e subjetivos do benefício,
podendo determinar, para tal fim, de modo fun-
Comentários: esses artigos, de baixa incidência damentado, a realização de exame criminológi-
em provas de Defensoria, Magistratura e Minis- co.
tério Público, descrevem, como se vê, a compo-
sição da comissão técnica de classificação. Esta Súmula 439-STJ: Admite-se o exame criminoló-
será a responsável pelo chamado programa indi- gico pelas peculiaridades do caso, desde que em
vidualizador, o qual instrumentalizará o princípio decisão motivada.
da individualização da pena.
Jurisprudência-STJ: Mesmo que inexigível, uma
Art. 8º O condenado ao cumprimento de vez realizado o exame criminológico, nada obs-
pena privativa de liberdade, em regime fechado, ta sua utilização pelo magistrado como funda-
mento válido para o indeferimento do pedido
será submetido a exame criminológico para a
de progressão de regime. 6ª Turma. AgRg no HC
obtenção dos elementos necessários a uma ade- 451804/MS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
quada classificação e com vistas à individualiza- 18/09/2018.
ção da execução.
Fonte: Dizer o direito.

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Art. 9º A Comissão, no exame para a ob- ao procedimento durante o cumprimen-


tenção de dados reveladores da personalidade, to da pena.
observando a ética profissional e tendo sempre
presentes peças ou informações do processo, po- Comentários: a lei impõe a coleta de material
derá: genético dos condenados que tiverem cometido
crime doloso + com violência grave ou hedion-
I - entrevistar pessoas; do.
II - requisitar, de repartições ou estabele- Guardem também que o banco de dados é regu-
cimentos privados, dados e informações a lamentado pelo Poder Executivo.
respeito do condenado; Além disso, será armazenado de forma sigilosa,
III - realizar outras diligências e exames ne- cujo acesso poderá ser deferido a terceiros pelo
cessários. juiz. É assegurado, por outro lado, ao titular dos
dados genéticos, o acesso irrestrito.
Notem, ademais, que o §1º-A, §3º e 4º foram in-
Comentários: esse artigo também traz somente
cluídos pela Lei 13.964/19.
a questão burocrática da classificação dos inter-
nos, sem grande importância para fins de prova.

Art. 9º-A. Os condenados por crime prati- § 8º Constitui falta grave a recusa do con-
denado em submeter-se ao procedimen-
cado, dolosamente, com violência de nature- to de identificação do perfil genético.
za grave contra pessoa, ou por qualquer dos
crimes previstos no art. 1º da Lei no 8.072, de
25 de julho de 1990, serão submetidos, obriga- Comentários: o parágrafo 8º, também incluído
pela Lei 13.964/19, diz que é falta grave a negativa
toriamente, à identificação do perfil genético,
de submissão a identificação do perfil genético.
mediante extração de DNA - ácido desoxirribonu- Interessante que para alguns autores, como Aury
cleico, por técnica adequada e indolor. Lopes Jr., esse dispositivo seria inconstitucional,
dada a vedação de produção de prova contra si
§ 1º A identificação do perfil genético será (nemo tenetur se detegere). Aliás, esse comando
armazenada em banco de dados sigiloso, é repetido no novo inciso VIII do art. 50.
conforme regulamento a ser expedido
pelo Poder Executivo.
Anotações sobre os artigos anteriores:
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer
constar garantias mínimas de proteção
de dados genéticos, observando as me-
lhores práticas da genética forense.
§ 2º A autoridade policial, federal ou esta-
dual, poderá requerer ao juiz competente,
no caso de inquérito instaurado, o acesso
ao banco de dados de identificação de
perfil genético.
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de da-
dos genéticos o acesso aos seus dados
constantes nos bancos de perfis genéti-
cos, bem como a todos os documentos da
cadeia de custódia que gerou esse dado,
de maneira que possa ser contraditado
pela defesa.
§ 4º O condenado pelos crimes previstos
no caput deste artigo que não tiver sido
submetido à identificação do perfil gené-
tico por ocasião do ingresso no estabele-
cimento prisional deverá ser submetido

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Questões: CAPÍTULO II
Da Assistência
1. MPE-SC (MPE-SC – 2019) De acordo com a Lei
de Execução Penal, os condenados por crime SEÇÃO I
praticado, dolosamente, com violência de natu- Disposições Gerais
reza grave contra pessoa, ou por qualquer dos
crimes previstos na Lei dos Crimes Hediondos, Lei penal no tempo
incluída a prática de tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo, serão Art. 10. A assistência ao preso e ao inter-
submetidos, prioritariamente, à identificação nado é dever do Estado, objetivando prevenir
do perfil genético, mediante extração de DNA – o crime e orientar o retorno à convivência em
ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada sociedade.
e indolor.
Parágrafo único. A assistência estende-se
ao egresso.
2. MPE-SC (MPE-SC – 2016) A Lei n. 7.210/84 (Exe-
cução Penal) tratou em capítulo próprio acerca Art. 11. A assistência será:
da classificação dos condenados, com o objetivo
de orientar a individualização da execução penal. I - material;
Quanto à identificação dos condenados, todavia,
a referida lei padece pela desatualização, inexis- II - à saúde;
tindo previsão de coleta de perfil genético como III - jurídica;
forma de identificação criminal, a exemplo do
que já ocorre em outros países. IV - educacional;
V - social;
VI - religiosa.
3. MPE-SC (MPE-SC – 2013) Consoante a Lei n.
7210/84, os condenados serão classificados, na
Comentários: para responder questões de prova
sua totalidade, segundo os seus antecedentes,
sobre esse tema, via de regra, basta saber a litera-
personalidade e culpabilidade, para orientar a
lidade da lei. Portanto façam uma leitura atenta.
individualização da execução penal.
Desse modo, os artigos seguintes somente terão
marcação daquilo que é considerado mais im-
portante.

SEÇÃO II
Da Assistência Material

Art. 12. A assistência material ao preso e


ao internado consistirá no fornecimento de ali-
mentação, vestuário e instalações higiênicas.

Art. 13. O estabelecimento disporá de ins-


talações e serviços que atendam aos presos nas
suas necessidades pessoais, além de locais des-
tinados à venda de produtos e objetos permiti-
dos e não fornecidos pela Administração.

SEÇÃO III
Da Assistência à Saúde

Art. 14. A assistência à saúde do preso e do


Gabarito: 1-E, 2-E, 3-E. internado de caráter preventivo e curativo, com-

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preenderá atendimento médico, farmacêutico e SEÇÃO IV


odontológico. Da Assistência Jurídica

§ 1º (Vetado). Art. 15. A assistência jurídica é destinada


§ 2º Quando o estabelecimento penal não aos presos e aos internados sem recursos finan-
estiver aparelhado para prover a assistência ceiros para constituir advogado.
médica necessária, esta será prestada em
outro local, mediante autorização da di- Comentários: neste caso, a atribuição é da De-
reção do estabelecimento. fensoria Pública (art. 81-A e 81-B da LEP).
§ 3º Será assegurado acompanhamen-
to médico à mulher, principalmente no Art. 16. As Unidades da Federação deverão
pré-natal e no pós-parto, extensivo ao ter serviços de assistência jurídica, integral e gra-
recém-nascido.
tuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos
estabelecimentos penais. (Redação
Comentários: não se esqueça do dispositivo dada pela Lei nº 12.313, de 2010).
constitucional correlacionado:
Art. 5º. (...) L - às presidiárias serão asseguradas § 1º As Unidades da Federação deverão
condições para que possam permanecer com prestar auxílio estrutural, pessoal e ma-
seus filhos durante o período de amamentação; terial à Defensoria Pública, no exercício
de suas funções, dentro e fora dos estabe-
Anotações sobre os artigos anteriores: lecimentos penais. (Incluído pela
Lei nº 12.313, de 2010).
§ 2º Em todos os estabelecimentos pe-
nais, haverá local apropriado destinado
ao atendimento pelo Defensor Público.
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
§ 3º Fora dos estabelecimentos penais, se-
rão implementados Núcleos Especializados
da Defensoria Pública para a prestação de
assistência jurídica integral e gratuita aos
réus, sentenciados em liberdade, egressos
e seus familiares, sem recursos financei-
ros para constituir advogado. (Incluído
pela Lei nº 12.313, de 2010).

Comentários: interessante pontuar que é incum-


bência da Defensoria a defesa dos necessitados –
não somente econômicos, como já decidiu o STJ.
Isso por expressa previsão constitucional e legal:

Art. 5º, LXXIV, CF - o Estado prestará assistência


jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos;

Art. 134, CF A Defensoria Pública é instituição


permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe, como expressão e ins-
trumento do regime democrático, fundamen-
talmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus,
judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
coletivos, de forma integral e gratuita, aos neces-

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sitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Art. 19. O ensino profissional será ministra-
Constituição Federal. do em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento
técnico.
Art. 1º, LC 80/94. A Defensoria Pública é institui-
ção permanente, essencial à função jurisdicional Parágrafo único. A mulher condenada terá
do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e
instrumento do regime democrático, fundamen- ensino profissional adequado à sua condição.
talmente, a orientação jurídica, a promoção dos
direitos humanos e a defesa, em todos os graus, Art. 20. As atividades educacionais podem
judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e ser objeto de convênio com entidades públicas
coletivos, de forma integral e gratuita, aos neces- ou particulares, que instalem escolas ou ofere-
sitados, assim considerados na forma do inciso çam cursos especializados.
LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.
Art. 21. Em atendimento às condições lo-
SEÇÃO V cais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma
Da Assistência Educacional biblioteca, para uso de todas as categorias de
reclusos, provida de livros instrutivos, recrea-
Art. 17. A assistência educacional com- tivos e didáticos.
preenderá a instrução escolar e a formação
profissional do preso e do internado. Art. 21-A. O censo penitenciário deverá
apurar: (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigató-
rio, integrando-se no sistema escolar da Unidade I - o nível de escolaridade dos presos e
das presas; (Incluído pela Lei nº 13.163, de
Federativa.
2015)
II - a existência de cursos nos níveis funda-
Art. 18-A. O ensino médio, regular ou su-
mental e médio e o número de presos e pre-
pletivo, com formação geral ou educação pro- sas atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163,
fissional de nível médio, será implantado nos de 2015)
presídios, em obediência ao preceito constitu- III - a implementação de cursos profissio-
cional de sua universalização. (Incluído pela Lei nais em nível de iniciação ou aperfeiçoa-
nº 13.163, de 2015) mento técnico e o número de presos e pre-
sas atendidos; (Incluído pela Lei nº 13.163,
§ 1º O ensino ministrado aos presos e pre- de 2015)
sas integrar-se-á ao sistema estadual e IV - a existência de bibliotecas e as condi-
municipal de ensino e será mantido, ad- ções de seu acervo; (Incluído pela Lei nº
ministrativa e financeiramente, com o 13.163, de 2015)
apoio da União, não só com os recursos V - outros dados relevantes para o aprimo-
destinados à educação, mas pelo sistema ramento educacional de presos e presas.
estadual de justiça ou administração pe- (Incluído pela Lei nº 13.163, de 2015)
nitenciária. (Incluído pela Lei nº 13.163, de
2015)
SEÇÃO VI
§ 2º Os sistemas de ensino oferecerão aos
Da Assistência Social
presos e às presas cursos supletivos de
educação de jovens e adultos. (In-
cluído pela Lei nº 13.163, de 2015) Art. 22. A assistência social tem por finali-
dade amparar o preso e o internado e prepará-
§ 3º A União, os Estados, os Municípios e o
Distrito Federal incluirão em seus progra- -los para o retorno à liberdade.
mas de educação à distância e de utilização
de novas tecnologias de ensino, o atendi- Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência
mento aos presos e às presas. 7.627 (Incluí- social:
do pela Lei nº 13.163, de 2015)
I - conhecer os resultados dos diagnósticos
ou exames;

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II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabe- SEÇÃO VII


lecimento, os problemas e as dificuldades Da Assistência Religiosa
enfrentadas pelo assistido;
III - acompanhar o resultado das permis- Art. 24. A assistência religiosa, com liber-
sões de saídas e das saídas temporárias; dade de culto, será prestada aos presos e aos in-
IV - promover, no estabelecimento, pelos ternados, permitindo-se-lhes a participação nos
meios disponíveis, a recreação; serviços organizados no estabelecimento penal,
V - promover a orientação do assistido, na bem como a posse de livros de instrução reli-
fase final do cumprimento da pena, e do li- giosa.
berando, de modo a facilitar o seu retorno
à liberdade; § 1º No estabelecimento haverá local
apropriado para os cultos religiosos.
VI - providenciar a obtenção de documen-
tos, dos benefícios da Previdência Social e § 2º Nenhum preso ou internado poderá
do seguro por acidente no trabalho; ser obrigado a participar de atividade re-
ligiosa.
VII - orientar e amparar, quando necessário,
a família do preso, do internado e da víti-
ma. Jurisprudência-STJ: Reeducando, em prisão
domiciliar, pode ser autorizado a se ausentar de
sua residência para frequentar culto religioso no
Anotações sobre os artigos anteriores:
período noturno. O cumprimento de prisão do-
miciliar não impede a liberdade de culto, quando
compatível com as condições impostas ao reedu-
cando, atendendo à finalidade ressocializadora
da pena. STJ. 6ª Turma. REsp 1788562-TO, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/09/2019 (Info
657).

Fonte: Dizer o direito.

SEÇÃO VIII
Da Assistência ao Egresso

Art. 25. A assistência ao egresso consiste:

I - na orientação e apoio para reintegrá-lo


à vida em liberdade;
II - na concessão, se necessário, de alo-
jamento e alimentação, em estabeleci-
mento adequado, pelo prazo de 2 (dois)
meses.

Parágrafo único. O prazo estabelecido no


inciso II poderá ser prorrogado uma única vez,
comprovado, por declaração do assistente so-
cial, o empenho na obtenção de emprego.

Art. 26. Considera-se egresso para os efei-


tos desta Lei:

I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1


(um) ano a contar da saída do estabeleci-
mento;

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II - o liberado condicional, durante o perío- CAPÍTULO III


do de prova. Do Trabalho

Art. 27. O serviço de assistência social cola- SEÇÃO I


borará com o egresso para a obtenção de tra-
Disposições Gerais
balho.
Art. 28. O trabalho do condenado, como
Questões: dever social e condição de dignidade humana,
terá finalidade educativa e produtiva.
1. MPE-SC (MPE-SC – 2014) Considera-se egres-
so para efeitos da Lei de Execução Penal o libera-
do definitivo, pelo prazo de um ano a contar da Comentários: não se esqueça dos dispositivos
saída do estabelecimento no qual estava recolhi- constitucionais relacionados, em especial:
do, e o que estiver cumprindo livramento condi- Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada
cional, durante o período da prova. pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado De-
mocrático de Direito e tem como fundamentos:
Anotações sobre os artigos anteriores:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
V - o pluralismo político.

Art. 5º. (...)

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra decla-


rada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;.

§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos


de trabalho as precauções relativas à segu-
rança e à higiene.
§ 2º O trabalho do preso NÃO está sujeito
ao regime da Consolidação das Leis do
Trabalho.

Art. 29. O trabalho do preso será remune-


rado, mediante prévia tabela, não podendo ser
inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.

§ 1° O produto da remuneração pelo


trabalho deverá atender:
Gabarito: 1-C.

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a) à indenização dos danos causados SEÇÃO II


pelo crime, desde que determinados Do Trabalho Interno
judicialmente e não reparados por outros
meios;
Art. 31. O condenado à pena privativa de li-
b) à assistência à família; berdade está obrigado ao trabalho na medida de
c) a pequenas despesas pessoais; suas aptidões e capacidade.
d) ao ressarcimento ao Estado das despe-
sas realizadas com a manutenção do con- Parágrafo único. Para o preso provisório,
denado, em proporção a ser fixada e sem o trabalho NÃO é obrigatório e só poderá ser
prejuízo da destinação prevista nas letras executado no interior do estabelecimento.
anteriores.
Comentários: decorem essas informações, em
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, especial a do parágrafo único. Raciocinem assim:
será depositada a parte restante para cons- como o sujeito é preso provisório e está ali jus-
tituição do pecúlio, em Caderneta de Pou- tamente para não fugir ou atrapalhar o processo
pança, que será entregue ao condenado de alguma forma, não poderá trabalhar fora do
quando posto em liberdade. estabelecimento, sob pena de subverter a pró-
pria lógica do sistema. Ademais, os artigos 34,
Art. 30. As tarefas executadas como pres- §1º, 35, §1º e 36, §1º, todos do CP, ao tratarem,
tação de serviço à comunidade NÃO serão re- respectivamente, do regime fechado, semiaber-
muneradas. to e aberto, dizem: “art. 34, §1º - O condenado
fica sujeito a trabalho no período diurno e a
isolamento durante o repouso noturno.”, “art.
Anotações sobre os artigos anteriores: 35, §1º O condenado fica sujeito a trabalho em
comum durante o período diurno, em colônia
agrícola, industrial ou estabelecimento simi-
lar.” e “art. 36, §1º, o condenado deverá, fora
do estabelecimento e sem vigilância, traba-
lhar, freqüentar curso ou exercer outra ativi-
dade autorizada, permanecendo recolhido du-
rante o período noturno e nos dias de folga. ”

Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão


ser levadas em conta a habilitação, a condição
pessoal e as necessidades futuras do preso,
bem como as oportunidades oferecidas pelo
mercado.

§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto pos-


sível, o artesanato sem expressão econômi-
ca, salvo nas regiões de turismo.

Jurisprudência-STJ: Ficando comprovado que


o reeducando efetivamente exerceu o trabalho
artesanal, ele tem direito à remição. A alegação
do Ministério Público no sentido de que é impos-
sível controlar as horas trabalhadas com artesa-
nato não é um argumento válido. Cabe ao Estado
ao Estado administrar o cumprimento do traba-
lho no âmbito carcerário, não sendo razoável im-
putar ao sentenciado qualquer tipo de desídia na
fiscalização ou controle desse meio. Caso concre-
to: o apenado trabalhou na confecção de tapetes

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por 98 dias, tendo direito à remição de 32 dias de nomia administrativa, e terá por objetivo a for-
pena. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1720785/RO, mação profissional do condenado.
Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2018.
Fonte: Dizer o direito. § 1º. Nessa hipótese, incumbirá à entidade
gerenciadora promover e supervisionar a
§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos po- produção, com critérios e métodos empre-
derão solicitar ocupação adequada à sua sariais, encarregar-se de sua comercializa-
idade. ção, bem como suportar despesas, inclusi-
ve pagamento de remuneração adequada.
§ 3º Os doentes ou deficientes físicos so- (Renumerado pela Lei nº 10.792, de 2003)
mente exercerão atividades apropriadas
ao seu estado. § 2º Os governos federal, estadual e mu-
nicipal poderão celebrar convênio com a
iniciativa privada, para implantação de
Comentários: a LEP demonstra, com esse artigo, oficinas de trabalho referentes a setores
uma preocupação – em especial, etária e huma- de apoio dos presídios. (Incluído pela Lei
nitária – com a individualização do trabalho. Ain- nº 10.792, de 2003)
da, o artigo 34, §2º do CP diz: “o trabalho será
em comum dentro do estabelecimento, na
conformidade das aptidões ou ocupações an- Art. 35. Os órgãos da Administração Direta
teriores do condenado, desde que compatíveis ou Indireta da União, Estados, Territórios, Dis-
com a execução da pena.”. trito Federal e dos Municípios adquirirão, com
dispensa de concorrência pública, os bens ou
produtos do trabalho prisional, sempre que não
Art. 33. A jornada normal de trabalho não
for possível ou recomendável realizar-se a venda
será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito)
a particulares.
horas, com descanso nos domingos e feriados.
Parágrafo único. Todas as importâncias ar-
Parágrafo único. Poderá ser atribuído ho-
recadadas com as vendas reverterão em favor da
rário especial de trabalho aos presos designa-
fundação ou empresa pública a que alude o arti-
dos para os serviços de conservação e manuten-
go anterior ou, na sua falta, do estabelecimento
ção do estabelecimento penal.
penal.

Jurisprudência-STF: Segundo o art. 33 da LEP,


a jornada diária de trabalho do apenado deve Comentário: somente para recordar outra hipó-
ser de, no mínimo, 6 horas e, no máximo, 8 ho- tese de dispensa de licitação relacionada aos es-
ras. Apesar disso, se um condenado, por de- tabelecimentos prisionais, veja o art. 24, XXXV, da
terminação da direção do presídio, trabalha 4 Lei 8.666/93.
horas diárias (menos do que prevê a Lei), este
período deverá ser computado para fins de re- Art. 24. É dispensável a licitação:
mição de pena. Como esse trabalho do preso foi
feito por orientação ou estipulação da direção XXXV - para a construção, a ampliação, a
do presídio, isso gerou uma legítima expectativa reforma e o aprimoramento de estabele-
de que ele fosse aproveitado, não sendo possí- cimentos penais, desde que configurada
vel que seja desprezado, sob pena de ofensa aos situação de grave e iminente risco à segu-
princípios da segurança jurídica e da proteção da rança pública. (Incluído pela Lei nº 13.500,
confiança. Vale ressaltar, mais uma vez, o traba- de 2017)
lho era cumprido com essa jornada por conta da
determinação do presídio e não por um ato de Anotações sobre os artigos anteriores:
insubmissão ou de indisciplina do preso. STF. 2ª
Turma. RHC 136509/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, jul-
gado em 4/4/2017 (Info 860).

Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado


por fundação, ou empresa pública, com auto-

10
#LEGIS

SEÇÃO III Aptidão;


Do Trabalho Externo Disciplina;
Responsabilidade e;
Art. 36. O trabalho externo será admissível
para os presos em regime fechado somente em Cumprimento de 1/6 da pena.
serviço ou obras públicas realizadas por ór-
gãos da Administração Direta ou Indireta, ou 3º. Revogação se:
entidades privadas, desde que tomadas as
cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. Praticar crime;
Punido com falta grave;
§ 1º O limite máximo do número de presos Tiver comportamento contrário aos requisitos.
será de 10% (dez por cento) do total de
empregados na obra. Decorem tudo isso, por favor.
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à
entidade ou à empresa empreiteira a re- Súmula 40-STJ. Para obtenção dos benefícios de
muneração desse trabalho. saída temporária e trabalho externo, Considera-
§ 3º A prestação de trabalho à entidade -se o tempo de cumprimento da pena no regime
privada depende do CONSENTIMENTO ex- fechado.
presso do preso.
Jurisprudência:
Comentário: dispositivo de muita importância,
dada a contínua incidência em provas. Decorem STJ: A prática de falta grave durante o cum-
que o sujeito no regime FECHADO pode realizar primento da pena não acarreta a alteração da
trabalho EXTERNO, em obras/serviços da adm. data-base para fins de saída temporária e tra-
Direta/indireta ou entidades privadas. balho externo. Dito de outro modo: a prática de
falta grave no curso da execução não interrompe
Ainda, se houver 300 empregados na obra, so- o prazo para a concessão da saída temporária e
mente 30 podem ser presos do fechado, em ra- trabalho externo. Não interrompe o requisito ob-
zão da limitação de 10% do §1º. jetivo do lapso temporal para obtenção dos be-
nefícios de trabalho externo e de saída temporá-
Por fim, isso depende do consentimento EX- ria. Isso porque os requisitos para tais benefícios
PRESSO do preso. Releiam várias vezes esse dis- estão expressamente previstos nos arts. 36, 37 e
positivo, pois cai muito em provas. 123 da LEP e neles não se menciona a necessi-
dade de reinício da contagem do prazo em caso
de prática de falta grave. STJ. 5ª Turma. AgRg no
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a REsp 1755701/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julga-
ser autorizada pela direção do estabelecimen- do em 06/11/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp
to, dependerá de aptidão, disciplina e respon- 985.011/RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro,
sabilidade, além do cumprimento mínimo de julgado em 27/02/2018. Cuidado para não con-
1/6 (um sexto) da pena. fundir. A prática de falta grave: • revoga os be-
nefícios da saída temporária e do trabalho ex-
Parágrafo único. Revogar-se-á a autoriza- terno. • mas não interrompe o prazo para a con
ção de trabalho externo ao preso que vier a pra- cessão de saída temporária e para o trabalho
externo.
ticar fato definido como crime, for punido por
falta grave, ou tiver comportamento contrário STJ: O fato de o irmão do apenado ser um dos
aos requisitos estabelecidos neste artigo. sócios da empresa empregadora não constitui
óbice à concessão do benefício do trabalho ex-
Comentários: importantíssimas informações! terno, ainda que se argumente sobre o risco de
Vamos esquematizar? ineficácia da realização do trabalho externo
devido à fragilidade na fiscalização. Ex: João,
1º. É o DIRETOR que autoriza o trabalho externo; que cumpria pena em regime fechado, teve direi-
to à progressão, passando ao regime semiaberto.
2º. Requisitos: O reeducando requereu, então, ao juízo da exe-

11
#LEGIS

cução penal o direito de, todos os dias úteis, sair Questão:


para trabalhar, retornando ao final do expedien-
te(trabalho externo). Para fazer esse requerimen- 1. MPE-SC (MPE-SC - 2013) A prestação de tra-
to, o preso deverá comprovar que recebeu possui balho externo, a ser autorizada pela direção do
uma proposta de trabalho. A fim de cumprir essa estabelecimento, dependerá de aptidão, disci-
exigência, João apresentou uma proposta de tra- plina e responsabilidade, além do cumprimento
balho da empresa “XXX” que declarava que iria mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.
contratá-lo. Ocorre que o Ministério Público opôs
ao deferimento do pedido sob o argumento de
que a empresa “XXX” pertence ao irmão de João.
2. DPE-AM (FCC – 2018) Conforme a Lei de Execu-
Logo, na visão do MP, não haveria nenhuma ga-
ção Penal, o trabalho do preso
rantia de que o preso iria realmente trabalhar no
local, podendo ele ser acobertado em suas fal-
a) sujeita-se aos ditames da Consolidação das
tas em razão do parentesco. A tese do MP não foi
Leis do Trabalho (CLT).
aceita. O simples fato de a empresa contratante
pertencer ao irmão do preso não impede que ele b) em entidade privada depende de seu consen-
tenha direito ao trabalho externo. STJ. 5ª Turma. timento expresso.
HC 310515-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em c) deve ser remunerado quando consistir em ta-
17/9/2015 (Info 569). refas executadas como prestação de serviço à
comunidade, sob pena de configurar trabalho
STJ: A Lei de Execuções Penais (Lei nº 7.210/84) escravo.
prevê que o condenado à pena privativa de liber-
dade é obrigado a trabalhar (art. 31 e art. 39, V). d) provisório pode ser interno e externo em razão
Caso o preso se recuse, injustificadamente, a do princípio da presunção de inocência a que se
realizar o trabalho obrigatório, ele comete fal- submete.
ta grave (art. 50, VI), podendo ser punido. Obs: o e) deve ser remunerado mediante prévia tabela,
dever de trabalho imposto pela LEP ao apenado não podendo ser inferior a um salário-mínimo.
não é considerado como pena de trabalho força-
do, não sendo incompatível com o art. 5º, XLVII,
“c”, da CF/88. STJ. 6ª Turma. HC 264989-SP, Rel.
Min. Ericson Maranho, julgado em 4/8/2015 (Info 3. Titular de Serviços de Notas e de Registros
567). (IESES – 2018) Está obrigado ao trabalho na me-
dida de suas aptidões e capacidade, segundo a
STJ: A exigência de que o condenado cumpra Lei de execução penal, o condenado à:
1/6 da pena para ter direito ao trabalho externo
aplica-se para os regimes fechado, semiaberto e a) Pena alternativa de liberdade.
aberto? Em outras palavras, o art. 37, caput, da b) Pena de multa.
LEP é regra válida para as três espécies de regi-
me? NÃO. A exigência objetiva do art. 37 de que c) Pena restritiva de direitos.
o condenado tenha cumprido no mínimo 1/6 d) Pena privativa de liberdade.
da pena, para fins de trabalho externo, aplica-
-se apenas aos condenados que se encontrem
em regime fechado. Assim, o trabalho externo é
admissível aos apenados que estejam no regime 4. Delegado de Polícia de SC (ACAFE – 2014) De
semiaberto ou aberto mesmo que ainda não te- acordo com o Código de Penal e com relação ao
nham cumprido 1/6 da pena. Em tese, o conde- cumprimento da pena em regime fechado, anali-
nado ao regime semiaberto ou aberto poderia ter se as afirmações a seguir a assinale a alternativa
direito ao trabalho externo já no primeiro dia de correta.
cumprimento da pena. O art. 37 da LEP (que exige
o cumprimento mínimo de 1/6 da pena) somente I O condenado fica sujeito a trabalho no período
se aplica aos condenados que se encontrem em diurno e a isolamento durante o repouso notur-
regime inicial fechado. STF. Plenário. EP 2 TrabE- no.
xt-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em II O trabalho será em comum dentro do estabe-
25/6/2014 (Info 752). lecimento, na conformidade das aptidões ou
ocupações anteriores do condenado, desde que
Fonte: Dizer o direito. compatíveis com a execução da pena.

12
#LEGIS

III O trabalho externo é inadmissível.


IV O trabalho externo é admissível, desde que o
condenado frequente cursos supletivos profis-
sionalizantes, de instrução de segundo grau ou
superior.
a) Apenas I, II e III estão corretas.
b) Apenas I e II estão corretas.
c) Apenas II, III e IV estão corretas.
d) Todas as afirmações estão corretas.
e) Todas as afirmações estão incorretas.

Anotações sobre os artigos anteriores:

Gabarito: 1-C, 2-B, 3-D, 4-B.

13
#LEGIS

DIA 2 Comentários: gravem que esse dispositivo é


aplicável aos presos provisórios e que, os incisos
II e V, se violados, geram falta grave (art. 50, VI, da
Disciplina: Execução Penal. LEP).
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo.
Dia 01: Do Art. 38 ao 60. SEÇÃO II
Dos Direitos
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o
respeito à integridade física e moral dos conde-
nados e dos presos provisórios.
CAPÍTULO IV
Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina Art. 41 - Constituem direitos do preso:

SEÇÃO I I - alimentação suficiente e vestuário;


Dos Deveres II - atribuição de trabalho e sua remunera-
ção;
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das III - Previdência Social;
obrigações legais inerentes ao seu estado, sub-
IV - constituição de pecúlio;
meter-se às normas de execução da pena.
V - proporcionalidade na distribuição do
Art. 39. Constituem deveres do condenado: tempo para o trabalho, o descanso e a re-
creação;
I - comportamento disciplinado e cumpri- VI - exercício das atividades profissionais,
mento fiel da sentença; intelectuais, artísticas e desportivas ante-
riores, desde que compatíveis com a execu-
II - obediência ao servidor e respeito a ção da pena;
qualquer pessoa com quem deva relacio-
nar-se; VII - assistência material, à saúde, jurídica,
educacional, social e religiosa;
III - urbanidade e respeito no trato com os
demais condenados; VIII - proteção contra qualquer forma de
sensacionalismo;
IV - conduta oposta aos movimentos indivi-
duais ou coletivos de fuga ou de subversão IX - entrevista pessoal e reservada com o
à ordem ou à disciplina; advogado;
V - execução do trabalho, das tarefas e X - visita do cônjuge, da companheira, de
das ordens recebidas; parentes e amigos em dias determina-
dos;
VI - submissão à sanção disciplinar impos-
ta; XI - chamamento nominal;
VII - indenização à vitima ou aos seus suces- XII - igualdade de tratamento salvo quanto
sores; às exigências da individualização da pena;
VIII - indenização ao Estado, quando pos- XIII - audiência especial com o diretor do
sível, das despesas realizadas com a sua estabelecimento;
manutenção, mediante desconto propor- XIV - representação e petição a qualquer
cional da remuneração do trabalho; autoridade, em defesa de direito;
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alo- XV - contato com o mundo exterior por
jamento; meio de correspondência escrita, da lei-
X - conservação dos objetos de uso pessoal. tura e de outros meios de informação
que não comprometam a moral e os bons
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provi- costumes.
sório, no que couber, o disposto neste artigo.

14
#LEGIS

XVI – atestado de pena a cumprir, emitido presos provisórios e, aqui a LEP foi expressa, para
anualmente, sob pena da responsabilida- aqueles submetidos à medida de segurança.
de da autoridade judiciária competente.
(Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003)
Art. 43 - É garantida a liberdade de
contratar médico de confiança pessoal do
Parágrafo único. Os direitos previstos nos
internado ou do submetido a tratamento
incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou res-
ambulatorial, por seus familiares ou
tringidos mediante ato motivado do diretor do
dependentes, a fim de orientar e acompanhar
estabelecimento.
o tratamento.

Comentários: sem sombra de dúvidas, embo- Parágrafo único. As divergências entre o


ra seja importante a leitura integral, o parágra- médico oficial e o particular serão resolvidas
fo único é o dispositivo com mais incidência. As
pelo Juiz da execução.
provas tentam confundir que é o juiz que restrin-
ge esses direitos, quando na verdade é o diretor.
Além disso, embaralham os direitos restringíveis, Anotações sobre os artigos anteriores:
que são:

Distribuição de tempo (trabalho, descanso e re-


creação);

Visitas (mais famoso em provas);

Contato com o mundo exterior.

Jurisprudência-STJ: O ordenamento jurídico ga-


rante a toda pessoa privada da liberdade o direito
a um tratamento humano e à assistência familiar
e não prevê nenhuma hipótese de perda defi-
nitiva do direito de visita. Assim, a negativa da
revisão do cancelamento do registro de visitante
está em descompasso com a proibição constitu-
cional de penalidades de caráter perpétuo. Na
hipótese é ilegal a sanção administrativa que
impede definitivamente o preso de estabele-
cer contato com seu genitor por suprimir o di-
reito previsto no art. 41, X, da LEP, porquanto
tem-se por caracterizado o excesso de prazo da
medida, que deve subsistir por prazo razoável
à implementação de sua finalidade. Até mesmo
nos casos de homologação de faltas graves (fuga,
subversão da disciplina etc.) ou de condenações
definitivas existe, nos regimentos penitenciários
ou no art. 94 do CP, a possibilidade de reabilita-
ção. Toda pena deve atender ao caráter de tem-
porariedade. (Inf. 661)

Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao


submetido à medida de segurança, no que cou-
ber, o disposto nesta Seção.

Comentários: como reforçado no artigo 39, gra-


vem que esses direitos também valem para os

15
#LEGIS

Questões: SEÇÃO III


Da Disciplina
1. MPE-SC (MPE-SC – 2016) Um dos direitos con-
sagrados aos presos pela Lei n. 7.210/84 é o de
manter contato com o mundo exterior por meio SUBSEÇÃO I
de correspondência escrita, da leitura e de ou- Disposições Gerais
tros meios de informação que não comprome-
tam a moral e os bons costumes. A mesma lei, Art. 44. A disciplina consiste na colaboração
todavia, confere ao diretor do estabelecimento a com a ordem, na obediência às determinações
suspensão ou restrição desse direito, desde que das autoridades e seus agentes e no desempe-
o faça mediante ato motivado.
nho do trabalho.

Parágrafo único. Estão sujeitos à discipli-


2. MPE-SC (MPE-SC – 2016) São deveres do con- na o condenado à pena privativa de liberdade
denado, previstos na Lei n. 7.210/84: conduta ou restritiva de direitos e o preso provisório.
oposta aos movimentos individuais ou coletivos
de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
submissão à sanção disciplinar imposta; indeni- Comentários: pode ser concluído, portanto, que
zação à vítima ou aos seus sucessores; indeni- o absolvido impropriamente, ou seja, aquele que
zação ao Estado, quando possível, das despesas recebeu medida de segurança, não está sujeito à
realizadas com a sua manutenção, mediante des- disciplina. Ademais, há precedente informando
conto proporcional da remuneração do trabalho. que o sujeito em livramento condicional também
não está sujeito a essa disciplina.
Anotações gerais:
Jurisprudência-STJ: Não configura prática de
falta grave a hipótese de cometimento de novo
crime no curso do livramento condicional. Isso
porque, praticado novo crime do curso do livra-
mento condicional, este deverá ser revogado e
o tempo que o apenado esteve solto não será
descontado da pena, conforme art. 86, I e art.
88, do Código Penal, bem como o art. 145 da
LEP. Ademais, o livramento condicional ostenta
a particularidade especial de ser um benefício
que, conquanto submetido à disciplina regular
da execução penal, é fruído integralmente fora
do sistema prisional, circunstância que deter-
mina tratamento específico e conforme às suas
características. Dessa forma, inexistente previsão
legal de sanções outras que não a suspensão/
revogação do benefício e a de não se descontar
da pena o tempo que o apenado esteve liberado,
inviável, por força do princípio da legalidade, es-
tender a esta hipótese a possibilidade de confi-
guração de falta grave e de todos os consectários
que lhe são inerentes. (HC 479923/RS, 5ª Turma,
DJe 07.03.2019).

Art. 45. Não haverá falta nem sanção dis-


ciplinar sem expressa e anterior previsão legal
ou regulamentar.

Comentários: prevê o princípio da legalidade


Gabarito: 1-C, 2-C. aplicável às sanções disciplinares (art. 5º, XXXIX,

16
#LEGIS

CF. Não há crime sem lei anterior que o defina, SUBSEÇÃO II


nem pena sem prévia cominação legal;). Das Faltas Disciplinares

§ 1º As sanções não poderão colocar em Art. 49. As faltas disciplinares classificam-


perigo a integridade física e moral do -se em leves, médias e graves. A legislação lo-
condenado. cal especificará as leves e médias, bem assim
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. as respectivas sanções.

Comentários: os §§ 1º e 2º decorrem do princípio Parágrafo único. Pune-se a tentativa com


da humanidade das penas (art. 5º, XLVII, CF. Não a sanção correspondente à falta consumada.
haverá penas: e) cruéis;).
Comentários: a LEP adotou a teoria subjetiva/
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. voluntarística/monista da tentativa ao tratar
das faltas disciplinares. De acordo com essa teo-
ria, não se considera o desvalor do resultado, mas
Art. 46. O condenado ou denunciado, no o da ação. Assim, mesmo que tentado, pune-se
início da execução da pena ou da prisão, será como se houvesse consumação. É diferente do
cientificado das normas disciplinares. art. 14, II, do CP, o qual adota a teoria objetiva/
realística/dualista, em que se considera tanto o
Art. 47. O poder disciplinar, na execução desvalor da ação, quanto o do resultado. Quanto
da pena privativa de liberdade, será exercido mais se aproxima da consumação, menor a redu-
pela autoridade administrativa conforme as ção da pena.
disposições regulamentares.
Art. 50. Comete falta grave o condenado à
Art. 48. Na execução das penas restritivas pena privativa de liberdade que:
de direitos, o poder disciplinar será exercido
pela autoridade administrativa a que estiver I - incitar ou participar de movimento para
sujeito o condenado. subverter a ordem ou a disciplina;
II - fugir;
Parágrafo único. Nas faltas graves, a auto-
ridade representará ao Juiz da execução para
Jurisprudência:
os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§
1º, letra d, e 2º desta Lei. STJ: não há fuga quando sujeito descumpre o
perímetro do monitoramento eletrônico: A não
Comentários: gravem que pela literalidade da observância do perímetro estabelecido para mo-
lei, o poder disciplinar incumbe à autoridade ad- nitoramento de tornozeleira eletrônica configura
ministrativa, mas, havendo falta grave, esta deve- mero descumprimento de condição obrigatória
rá representar ao juiz. que autoriza a aplicação de sanção disciplinar,
mas não configura, mesmo em tese, a prática de
falta grave. (Inf. 595)
Anotações sobre os artigos anteriores:
Divergência!

STJ: Comete falta grave o apenado que viola a


zona de monitoramento eletrônico. Apenado
que está em prisão domiciliar, com o uso de
tornozeleira eletrônica, e viola o perímetro
(zona) do monitoramento: esta conduta con-
figura falta grave, nos termos do art. 50, V, da
LEP. STJ. 6ª Turma. HC 481.699/RS, Rel. Min. Se-
bastião Reis Júnior, julgado em 12/03/2019. De
acordo com o art. 50, VI, da LEP, comete falta
grave o condenado à pena privativa de liberda-

17
#LEGIS

de que inobservar as ordens recebidas (art. 39, V, VI - inobservar os deveres previstos nos
da LEP), como é a hipótese de violação da zona incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
de monitoramento. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1798047/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fon-
Jurisprudência-STJ: A Lei de Execuções Penais
seca, julgado em 14/05/2019. Julgado específico
(Lei nº 7.210/84) prevê que o condenado à pena
envolvendo saída temporária. Apenado está go-
privativa de liberdade é obrigado a trabalhar (art.
zando o benefício da saída temporária e sendo
31 e art. 39, V). Caso o preso se recuse, injusti-
monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele des-
ficadamente, a realizar o trabalho obrigatório,
cumpre o perímetro de inclusão declarado para
ele comete falta grave (art. 50, VI), podendo ser
o período noturno, ou seja, não permanece no
punido. Obs: o dever de trabalho imposto pela
endereço que deveria ficar durante a noite e o
LEP ao apenado não é considerado como pena
monitoramento eletrônico detecta essa inobser-
de trabalho forçado, não sendo incompatível
vância: • a conduta não configura falta grave por-
com o art. 5º, XLVII, “c”, da CF/88. STJ. 6ª Turma.
que não se amolda em nenhuma das hipóteses
HC 264989-SP, Rel. Min. Ericson Maranho, julgado
do art. 50 da LEP, cujo rol é taxativo; • por outro
em 4/8/2015 (Info 567).
lado, representa descumprimento de condição
obrigatória, que autoriza sanção disciplinar, nos
Fonte: Dizer o direito.
termos do art. 146-C, parágrafo único da LEP. STJ.
6ª Turma. REsp 1.519.802-SP, Rel. Min. Maria The-
reza de Assis Moura, julgado em 10/11/2016 (Info VII – tiver em sua posse, utilizar ou forne-
595). cer aparelho telefônico, de rádio ou simi-
lar, que permita a comunicação com ou-
Não confundir: tros presos ou com o ambiente externo.
(Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007)
• Apenado que descumpre o perímetro (zona) es-
tabelecido para tornozeleira eletrônica: configu-
Comentários: certamente o inciso mais polêmi-
ra a prática de falta grave.
co das faltas graves. Leiam com atenção os julga-
• Apenado que, durante saída temporária, des- dos a seguir:
cumpre o perímetro estabelecido para torno-
zeleira eletrônica: não configura a prática de fal- Jurisprudência: (...) Segundo entendimento da
ta grave (há um julgado da 6ª Turma do STJ que Terceira Seção deste Tribunal Superior, a posse
afirma que, neste caso, não há previsão no rol do de aparelho celular, bem como de seus com-
art. 50 da LEP). ponentes essenciais, tais como “chip”, carre-
• Apenado que rompe a tornozeleira eletrônica gador ou bateria, isoladamente, constitui falta
ou mantém a bateria sem carga suficiente: confi- disciplinar de natureza grave após o advento
gura falta grave (art. 50, VI, da LEP). da Lei n. 11.466/2007. Ademais, a jurisprudên-
cia deste Tribunal Superior é pacífica no senti-
do de ser prescindível, para a configuração da
O STJ já decidiu que a fuga, por ser uma falta dis- falta grave, a realização de perícia no aparelho
ciplinar de natureza especialmente grave, jus- telefônico ou nos componentes essenciais,
tifica a adoção do percentual máximo de perda dentre os quais o “chip”, a fim de demonstrar
dos dias remidos. (5ª Turma. HC 465565/RS, Rel. o funcionamento. (HC 395.878/PR, Rel. Minis-
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em tro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
25/09/2018). 27/06/2017, DJe 01/08/2017).
Fonte: Dizer o direito. A conduta praticada por visitante, ao tentar en-
trar em estabelecimento prisional com um cabo
III - possuir, indevidamente, instrumento USB, um fone de ouvido e um microfone, não
capaz de ofender a integridade física de pode alcançar a pessoa do preso e configurar fal-
outrem; ta grave, porque não são acessórios essenciais
ao funcionamento de aparelho de telefonia ce-
IV - provocar acidente de trabalho; lular ou rádio de comunicação e, portanto, não
V - descumprir, no regime aberto, as condi- se amoldam à finalidade da norma prevista no
ções impostas; art. 50, VII, da Lei 7.210/1984. (HC 255.569/SP,
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA
TURMA, julgado em 21/03/2013, DJe 03/04/2013)

18
#LEGIS

VIII - recusar submeter-se ao procedimen- comutação da pena, salvo se o requisito for ex-
to de identificação do perfil genético. (In- pressamente previsto no decreto presidencial.
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Fonte: Dizer o direito.
Comentários: esse inciso cairá muito nas próxi-
mas provas, em razão de ter sido inserido pela Lei Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta gra-
13.964/19. ve decorrente do cometimento de fato definido
como crime doloso no cumprimento da pena
Parágrafo único. O disposto neste artigo prescinde do trânsito em julgado de sentença
aplica-se, no que couber, ao preso provisório. penal condenatória no processo penal instaura-
do para apuração do fato.
Art. 51. Comete falta grave o condenado à Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prá-
pena restritiva de direitos que: tica de falta disciplinar no âmbito da execução
penal, é imprescindível a instauração de procedi-
I - descumprir, injustificadamente, a restri- mento administrativo pelo diretor do estabeleci-
ção imposta; mento prisional, assegurado o direito de defesa,
II - retardar, injustificadamente, o cumpri- a ser realizado por advogado constituído ou de-
mento da obrigação imposta; fensor público nomeado.
III - inobservar os deveres previstos nos in- Súmula 534-STJ: A prática de falta grave inter-
cisos II e V, do artigo 39, desta Lei. rompe a contagem do prazo para a progressão
de regime de cumprimento de pena, o qual se
Comentários: consequências decorrentes da reinicia a partir do cometimento dessa infração.
prática de falta grave:
Jurisprudência: Se o Estado demorar muito
- Atrapalha a Execução:
tempo para punir o condenado que praticou uma
falta disciplinar, haverá a prescrição da infração
PROGRESSÃO: interrompe o prazo para a pro-
disciplinar.
gressão de regime (ressalte-se que a Lei 13.964/19
previu expressamente essa possibilidade que,
Não existe lei federal prevendo de quanto será
antes somente estava sumulada no enunciado
esse prazo prescricional. Por essa razão a juris-
534 do STJ)
prudência aplica, por analogia, o menor prazo
prescricional existente no Código Penal, qual
REGRESSÃO: acarreta a regressão de regime.
seja, o de 3 anos, previsto no art. 109, VI, do CP.
SAÍDAS: revogação das saídas temporárias.
Assim, se entre o dia da infração disciplinar e a
data de sua apreciação tiver transcorrido prazo
REMIÇÃO: revoga até 1/3 do tempo remido.
superior a 3 anos a prescrição restará configura-
da.
RDD: pode sujeitar o condenado ao RDD.
STF. 2ª Turma. HC 114422/RS, Rel. Min. Gilmar
DIREITOS: suspensão ou restrição de direitos.
Mendes, julgado em 6/5/2014 (Info 745).
ISOLAMENTO: na própria cela ou em local ade-
STJ. 5ª Turma. HC 426.905/RJ, Rel. Min. Reynaldo
quado.
Soares da Fonseca, julgado em 27/02/2018.
- Não interfere na Execução:
• Se a falta grave foi praticada antes da Lei nº
12.234/2010: o prazo prescricional para apuração
. LIVRAMENTO CONDICIONAL: não interrompe o
da conduta será o de 2 anos.
prazo para obtenção de livramento condicional
(Súmula 441-STJ).
• Se a falta grave foi cometida depois da Lei nº
12.234/2010: o prazo prescricional para apuração
. INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: não interfe-
da conduta será o de 3 anos.
re no tempo necessário à concessão de indulto e
Fonte: Dizer o direito.

19
#LEGIS

Anotações sobre os artigos anteriores: a depender das faltas praticadas, por até 1 ano
(pois, representa 1/6 da pena). Hoje, o sujeito
pode, já na primeira sanção, receber RDD por até
2 anos e, em caso de repetição da sanção, esse
prazo pode ser renovado, sem limite de tempo.
Inegável, portanto, que se trata de novatio legis in
pejus, não podendo retroagir.

II - recolhimento em cela individual;


III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas
por vez, a serem realizadas em instala-
ções equipadas para impedir o contato
físico e a passagem de objetos, por pes-
soa da família ou, no caso de terceiro, au-
torizado judicialmente, com duração de 2
(duas) horas;

Comentários: o inciso III também agravou a si-


tuação do RDD, na medida em que reduziu a
periodicidade das visitas (antes eram semanais,
hoje quinzenais), impediu o contato físico e, além
disso, condicionou a visita de pessoa estranha à
família à decisão judicial. Atente-se, ainda, para o
disposto no §6º logo adiante, que inclui a neces-
sidade de gravação da visita, podendo, caso haja
decisão judicial, ser fiscalizada por um agente.
Art. 52. A prática de fato previsto como Já o §7º permite, para aqueles que não recebe-
crime doloso constitui falta grave e, quando ram visita nos 6 primeiros meses, dois telefone-
ocasionar subversão da ordem ou disciplina mas por mês, de até 10 minutos.
internas, sujeitará o preso provisório, ou con-
denado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo IV - direito do preso à saída da cela por 2
da sanção penal, ao regime disciplinar diferen- (duas) horas diárias para banho de sol,
ciado, com as seguintes características: em grupos de até 4 (quatro) presos, des-
de que não haja contato com presos do
mesmo grupo criminoso;
Comentários: ATENÇÃO(!!), pois os comentários
serão focados nas alterações legislativas ocasio-
nadas pela Lei 13.964/19. Fiz questão de, além de Comentários: antes da Lei 13.964/19, o inciso IV
negritar, sublinhar as novidades. se limitava a dizer que “o preso terá direito à saí-
da da cela por duas horas diárias para banho de
A expressão “nacional ou estrangeiro” do caput sol.”. Hoje, como se vê, o banho de sol é restrito
não existia antes. a grupos de até 4 pessoas e não podem ser inte-
grantes do mesmo grupo criminoso.
I - duração máxima de até 2 (dois) anos,
sem prejuízo de repetição da sanção por V - entrevistas sempre monitoradas, ex-
nova falta grave de mesma espécie; ceto aquelas com seu defensor, em insta-
lações equipadas para impedir o contato
físico e a passagem de objetos, salvo ex-
Comentários: o inciso I diz que o regime discipli- pressa autorização judicial em contrário;
nar diferenciado terá duração de até 2 anos, po-
dendo ser reaplicada a sanção. Ocorre que antes VI - fiscalização do conteúdo da corres-
da Lei 13.964/19 a punição era de até 360 dias, pondência;
com limitação máxima de 1/6 da pena. Exemplo: VII - participação em audiências judiciais
sujeito condenado a 6 anos. Antes da nova lei, preferencialmente por videoconferên-
se aplicada a sanção do RDD, poderia recebê-la,

20
#LEGIS

cia, garantindo-se a participação do de- duradoura do grupo, a superveniência de


fensor no mesmo ambiente do preso. novos processos criminais e os resulta-
dos do tratamento penitenciário.
Comentários: os incisos V, VI e VII são novos § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste
e sem correspondente na legislação anterior. artigo, o regime disciplinar diferenciado
Leiam com atenção. deverá contar com alta segurança inter-
na e externa, principalmente no que diz
respeito à necessidade de se evitar con-
§ 1º O regime disciplinar diferenciado tam- tato do preso com membros de sua orga-
bém será aplicado aos presos provisórios nização criminosa, associação criminosa
ou condenados, nacionais ou estrangeiros: ou milícia privada, ou de grupos rivais.
I - que apresentem alto risco para a or- § 6º A visita de que trata o inciso III do
dem e a segurança do estabelecimento caput deste artigo será gravada em sis-
penal ou da sociedade; tema de áudio ou de áudio e vídeo e,
com autorização judicial, fiscalizada por
II - sob os quais recaiam fundadas suspei- agente penitenciário.
tas de envolvimento ou participação, a
qualquer título, em organização crimino- § 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de
sa, associação criminosa ou milícia pri- regime disciplinar diferenciado, o pre-
vada, independentemente da prática de so que não receber a visita de que trata
falta grave. o inciso III do caput deste artigo poderá,
após prévio agendamento, ter contato
telefônico, que será gravado, com uma
Comentários: o §1º condensou os antigos §§1º pessoa da família, 2 (duas) vezes por mês
e 2º e, além disso, previu o RDD para quando e por 10 (dez) minutos.
houve fundada suspeita de envolvimento ou
participação em associação criminosa e milícia
privada. Mais ainda, disse que tais condutas in- Comentários: leiam com atenção do §3º ao 7º,
dependem do reconhecimento de prática de fal- pois todos foram incluídos pela Lei 13.964/19 e
ta grave. certamente serão cobrados.

§ 2º (Revogado). SUBSEÇÃO III


Das Sanções e das Recompensas
§ 3º Existindo indícios de que o preso
exerce liderança em organização crimi-
nosa, associação criminosa ou milícia Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
privada, ou que tenha atuação crimino-
sa em 2 (dois) ou mais Estados da Fede- I - advertência verbal;
ração, o regime disciplinar diferenciado II - repreensão;
será obrigatoriamente cumprido em es-
tabelecimento prisional federal. III - suspensão ou restrição de direitos
(artigo 41, parágrafo único);
§ 4º Na hipótese dos parágrafos anterio-
res, o regime disciplinar diferenciado IV - isolamento na própria cela, ou em lo-
poderá ser prorrogado sucessivamente, cal adequado, nos estabelecimentos que
por períodos de 1 (um) ano, existindo in- possuam alojamento coletivo, observado o
dícios de que o preso: disposto no artigo 88 desta Lei.
V - inclusão no regime disciplinar diferen-
ciado. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)
I - continua apresentando alto risco para
a ordem e a segurança do estabelecimen-
to penal de origem ou da sociedade; Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art.
53 serão aplicadas por ato motivado do diretor
II - mantém os vínculos com organiza-
do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e
ção criminosa, associação criminosa ou
milícia privada, considerados também o fundamentado despacho do juiz competente.
perfil criminal e a função desempenhada (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)
por ele no grupo criminoso, a operação

21
#LEGIS

Comentários: importantíssimo! Lembre-se de SUBSEÇÃO IV


que o RDD é uma sanção disciplinar imposta pelo Da Aplicação das Sanções
juiz.
Art. 57. Na aplicação das sanções discipli-
§ 1º A autorização para a inclusão do preso nares, levar-se-ão em conta a natureza, os mo-
em regime disciplinar dependerá de re- tivos, as circunstâncias e as conseqüências do
querimento circunstanciado elaborado fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo
pelo diretor do estabelecimento ou outra
de prisão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
autoridade administrativa. (Incluído pela
Lei nº 10.792, de 2003) 2003)
§ 2º A decisão judicial sobre inclusão de
preso em regime disciplinar será precedi- Comentários: note que esse artigo seria o equi-
da de manifestação do Ministério Público valente ao 59 do CP, pois delimita os aspectos
e da defesa e prolatada no prazo máximo que serão levados em consideração para aplicar
de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 10.792, a sanção.
de 2003)
Parágrafo único. Nas faltas graves, apli-
Comentários: o dispositivo é expressão do di- cam-se as sanções previstas nos incisos III a V
reito fundamental ao contraditório e da ampla do art. 53 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
defesa (art. 5º, LV, CF). Vale também mencionar 10.792, de 2003)
o artigo 8.1 da Convenção Americana de Direitos
Humanos: “Toda pessoa tem direito a ser ouvi- Comentários: inciso III – suspensão ou restrição
da, com as devidas garantias e dentro de um de direitos; inciso IV – isolamento; inciso V - RDD.
prazo razoável, por um juiz ou tribunal compe-
tente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qual- Art. 58. O isolamento, a suspensão e a res-
quer acusação penal formulada contra ela, ou trição de direitos não poderão exceder a trinta
para que se determinem seus direitos ou obri- dias, ressalvada a hipótese do regime disci-
gações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou plinar diferenciado. (Redação dada pela Lei nº
de qualquer outra natureza.” 10.792, de 2003)

Art. 55. As recompensas têm em vista o Parágrafo único. O isolamento será sem-
bom comportamento reconhecido em favor do pre comunicado ao Juiz da execução.
condenado, de sua colaboração com a discipli-
na e de sua dedicação ao trabalho. Comentários: o art. 58 estabelece a coerência do
sistema, ao ressalvar o RDD. Isso porque, como
Art. 56. São recompensas: vimos, ele pode ser fixado em prazo de até 2
anos, renováveis se houver novas faltas.
I - o elogio;
II - a concessão de regalias. SUBSEÇÃO V
Do Procedimento Disciplinar
Parágrafo único. A legislação local e os re-
gulamentos estabelecerão a natureza e a forma Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá
de concessão de regalias. ser instaurado o procedimento para sua apura-
ção, conforme regulamento, assegurado o direi-
Anotações sobre os artigos anteriores: to de defesa.

Parágrafo único. A decisão será motivada.

Comentários: o dispositivo, além de reforçar o


direito ao contraditório e ampla defesa (art. 5º,
LV, CF e 8.1, da CADH), explicita a necessidade

22
#LEGIS

de motivação da decisão, prevista no art. 93, IX, Questões:


da CF (“IX - todos os julgamentos dos órgãos do
Poder Judiciário serão públicos, e fundamenta- 1. MPE-SC (MPE-SC – 2019) Segundo os termos
das todas as decisões, sob pena de nulidade, da Súmula n. 534 do STJ, a prática de falta grave
podendo a lei limitar a presença, em determina- interrompe a contagem do prazo para a progres-
dos atos, às próprias partes e a seus advogados, são de regime de cumprimento de pena, o qual
ou somente a estes, em casos nos quais a pre- se reinicia a partir do cometimento dessa infra-
servação do direito à intimidade do interessado ção. Por sua vez, dispõe a Súmula n. 535 do STJ
no sigilo não prejudique o interesse público à que a prática de falta grave não interrompe o pra-
informação;”). Lembrando que mesmo a decisão zo para fim de comutação de pena ou indulto.
dada pela autoridade penitenciária, pelo dispos-
to no parágrafo único, deve ser motivada.
2. DP-DF (CESPE – 2019) Considerando o enten-
Art. 60. A autoridade administrativa po- dimento jurisprudencial do STJ, julgue o item a
derá decretar o isolamento preventivo do fal- seguir em relação às faltas disciplinares pratica-
toso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do das no curso da execução penal.
preso no regime disciplinar diferenciado, no
O reconhecimento de falta grave decorrente da
interesse da disciplina e da averiguação do fato,
prática de fato definido como crime doloso inde-
dependerá de despacho do juiz competente. pende do trânsito em julgado de sentença penal
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003) condenatória.

Parágrafo único. O tempo de isolamento


ou inclusão preventiva no regime disciplinar
3. DP-DF (CESPE – 2019) Considerando o enten-
diferenciado será COMPUTADO no período de dimento jurisprudencial do STJ, julgue o item a
cumprimento da sanção disciplinar. (Redação seguir em relação às faltas disciplinares pratica-
dada pela Lei nº 10.792, de 2003) das no curso da execução penal.

Comentários: Bastante atenção. O art. 58 diz que A prática de falta grave não interrompe os prazos
o isolamento (assim como a suspensão e a res- para fins de comutação de pena nem para a con-
trição de direitos), salvo RDD, não pode exceder cessão de indulto, tampouco para obtenção de
a 30 dias. Esse é o teto. Já o art. 60 diz que o iso- livramento condicional.
lamento preventivo, que é aquele determinado
pela autoridade administrativa, tem o tempo
máximo de 10 dias. 4. Delegado Federal (CESPE – 2018) Julgue o
item que se segue, relativos a execução penal,
Bastante relevante o parágrafo único que prevê desarmamento, abuso de autoridade e evasão
uma espécie de detração da sanção disciplinar. de dívidas.
Portanto, mesmo o isolamento preventivo já é
computado no tempo estipulado da sanção. Preso provisório não pode ser submetido ao regi-
me disciplinar diferenciado.
Anotações sobre os artigos anteriores:

5. Delegado Federal (CESPE – 2018) Em cada


item que se segue, é apresentada uma situação
hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada
com base na legislação de regência e na juris-
prudência dos tribunais superiores a respeito de
aplicação de pena, cominação de penas, regime
de penas, medidas de segurança e livramento
condicional.

Caio, condenado a nove anos de prisão, cumpria


a pena no regime fechado. Passado um ano do

23
#LEGIS

cumprimento da pena, ele cometeu falta grave. 9. DP-DF (CESPE – 2013) De acordo com a Lei de
Nessa situação, serão interrompidas as conta- Execução Penal, julgue os itens subsequentes.
gens dos prazos tanto para a obtenção do livra- É pacificado, na jurisprudência do STJ, o
mento condicional quanto para a progressão de entendimento de que o cometimento de falta
regime de cumprimento de pena, devendo am- disciplinar de natureza grave pelo condenado que
bas ser reiniciadas a partir da data do cometi- cumpre pena privativa de liberdade interrompe o
mento da falta grave. prazo para a obtenção do livramento condicional.

6. MPE-SC (MPE-SC – 2016) A Lei n. 7.210/84, ao 10 – MPE-SC (MPE-SC – 2013) De acordo com a
tratar da disciplina do preso, previu a existência lei de execução penal o poder disciplinar, na exe-
do regime disciplinar diferenciado, caracterizan- cução da pena privativa de liberdade, será exerci-
do-o. Dispôs que estarão sujeitos a tal regime do pela autoridade judicial.
tanto os presos provisórios como os condena-
dos, nacionais ou estrangeiros, que apresentem
alto risco para a ordem e para a segurança do es- Anotações gerais:
tabelecimento penal ou da sociedade.

7. DPE-PE (CESPE – 2015) Enquanto cumpria


pena no regime fechado, João foi acusado da
prática de falta disciplinar de natureza grave,
cometida em 2/1/2012, consistente na posse de
um chip para aparelho celular. Em 14/7/2014, o
promotor de justiça requereu o reconhecimento
da prática da falta grave e a revogação de todo o
tempo remido de João.

A respeito dessa situação hipotética, julgue o


próximo item, com base na jurisprudência domi-
nante dos tribunais superiores pertinente a esse
tema.

A falta disciplinar de natureza grave imputada a


João estava prescrita quando da requisição do
promotor de justiça.

8. DPE-PE (CESPE – 2015) Enquanto cumpria


pena no regime fechado, João foi acusado da
prática de falta disciplinar de natureza grave,
cometida em 2/1/2012, consistente na posse de
um chip para aparelho celular. Em 14/7/2014, o
promotor de justiça requereu o reconhecimento
da prática da falta grave e a revogação de todo o
tempo remido de João.

A respeito dessa situação hipotética, julgue o


próximo item, com base na jurisprudência domi-
nante dos tribunais superiores pertinente a esse
tema.

A posse exclusivamente de chip para aparelho


celular não caracteriza falta disciplinar de natu- Gabarito: 1-C, 2-C, 3-C, 4-E, 5-E, 6-C, 7-E, 8-E, 9-E,
reza grave. 10-E.

24
#LEGIS

DIA 3 CAPÍTULO II
Do Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária
Disciplina: Execução Penal.
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. Comentários: os artigos a seguir dependem de
Dia 01: Do Art. 61 ao 81. simples leitura. Quando incidem em prova não
costumam ter maiores dificuldades.
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
Art. 62. O Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, com sede na Capital da
República, é subordinado ao Ministério da Jus-
TÍTULO III tiça.
Dos Órgãos da Execução Penal
Art. 63. O Conselho Nacional de Política
CAPÍTULO I Criminal e Penitenciária será integrado por 13
Disposições Gerais (treze) membros designados através de ato do
Ministério da Justiça, dentre professores e pro-
Art. 61. São órgãos da execução penal: fissionais da área do Direito Penal, Processual
Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem
I - o Conselho Nacional de Política Criminal como por representantes da comunidade e dos
e Penitenciária; Ministérios da área social.
II - o Juízo da Execução;
Parágrafo único. O mandato dos membros
III - o Ministério Público;
do Conselho terá duração de 2 (dois) anos, reno-
IV - o Conselho Penitenciário; vado 1/3 (um terço) em cada ano.
V - os Departamentos Penitenciários;
VI - o Patronato; Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária, no exercício de suas ati-
VII - o Conselho da Comunidade. vidades, em âmbito federal ou estadual, incum-
VIII - a Defensoria Pública. (Incluído pela be:
Lei nº 12.313, de 2010).
I - propor diretrizes da política criminal
Comentários: embora eu tenha destacado três quanto à prevenção do delito, administra-
órgãos da lista, é imprescindível a lembrança de ção da Justiça Criminal e execução das pe-
cada um deles. Não é incomum que as provas nas e das medidas de segurança;
questionem sobre os órgãos. II - contribuir na elaboração de planos na-
cionais de desenvolvimento, sugerindo as
“MACETE”: 3 Conselhos, 2 “Ps” e audiência: metas e prioridades da política criminal e
- 3 Conselhos: CNPCP, Cons. Penitenciário e penitenciária;
Cons. da Comunidade;
III - promover a avaliação periódica do sis-
- 2 “Ps”: Depart. Penitenciário e Patronato) e; tema criminal para a sua adequação às ne-
cessidades do País;
- Audiência: que são os 3 cargos que sempre es- IV - estimular e promover a pesquisa crimi-
tão presentes na audiência - Defensor, Juiz e Pro- nológica;
motor. V - elaborar programa nacional penitenciá-
rio de formação e aperfeiçoamento do ser-
Anotações gerais: vidor;
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura
e construção de estabelecimentos penais e
casas de albergados;

25
#LEGIS

VII - estabelecer os critérios para a elabora- CAPÍTULO III


ção da estatística criminal; Do Juízo da Execução
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabele-
cimentos penais, bem assim informar-se, Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz
mediante relatórios do Conselho Peniten- indicado na lei local de organização judiciária e,
ciário, requisições, visitas ou outros meios, na sua ausência, ao da sentença.
acerca do desenvolvimento da execução
penal nos Estados, Territórios e Distrito
Federal, propondo às autoridades dela in- Art. 66. Compete ao Juiz da execução:
cumbida as medidas necessárias ao seu
aprimoramento; Súmula 192-STJ: Compete ao Juízo das Exe-
IX - representar ao Juiz da execução ou à cuções Penais do Estado a execução das penas
autoridade administrativa para instauração impostas a sentenciados pela Justiça Federal,
de sindicância ou procedimento adminis- Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabe-
trativo, em caso de violação das normas lecimentos sujeitos à administração estadual.
referentes à execução penal;
X - representar à autoridade competente I - aplicar aos casos julgados lei posterior
para a interdição, no todo ou em parte, de que de qualquer modo favorecer o con-
estabelecimento penal. denado;

Anotações sobre os artigos anteriores: Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sen-


tença condenatória, compete ao juízo das execu-
ções a aplicação de lei mais benigna.

II - declarar extinta a punibilidade;


III - decidir sobre:

a) soma ou unificação de penas;

Súmula 715-STF: A pena unificada para atender


ao limite de trinta anos de cumprimento, deter-
minado pelo art. 75 do Código Penal, não é con-
siderada para a concessão de outros benefícios,
como o livramento condicional ou regime mais
favorável de execução..

b) progressão ou regressão nos regimes;

Súmula Vinculante 26-STF: Para efeito de pro-


gressão de regime no cumprimento de pena por
crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execu-
ção observará a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuí-
zo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
os requisitos objetivos e subjetivos do benefício,
podendo determinar, para tal fim, de modo fun-
damentado, a realização de exame criminológi-
co.

c) detração e remição da pena;


d) suspensão condicional da pena;

26
#LEGIS

e) livramento condicional; nando em condições inadequadas ou com


f) incidentes da execução. infringência aos dispositivos desta Lei;
IX - compor e instalar o Conselho da Comu-
nidade.
IV - autorizar saídas temporárias;
X – emitir anualmente atestado de pena
a cumprir. (Incluído pela Lei nº 10.713, de
Comentários: a saída temporária é espécie, ao 2003)
lado da permissão de saída, do gênero autori-
zação de saída. Como trataremos mais adiante,
devemos destacar que, ao passo que a saída Anotações sobre os artigos anteriores:
temporária é deferida pelo juiz, a permissão
de saída é autorizada pelo diretor.

Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporá-


ria no âmbito da execução penal é ato jurisdicio-
nal insuscetível de delegação à autoridade admi-
nistrativa do estabelecimento prisional.

V - determinar:

a) a forma de cumprimento da pena restri-


tiva de direitos e fiscalizar sua execução;
b) a conversão da pena restritiva de direitos
e de multa em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberda-
de em restritiva de direitos;
d) a aplicação da medida de segurança,
bem como a substituição da pena por me-
dida de segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da
situação anterior;
g) o cumprimento de pena ou medida de
segurança em outra comarca;
h) a remoção do condenado na hipótese
prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de
2010)

VI - zelar pelo correto cumprimento da pena


e da medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os esta-
belecimentos penais, tomando providên-
cias para o adequado funcionamento e
promovendo, quando for o caso, a apura-
ção de responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte, es-
tabelecimento penal que estiver funcio-

27
#LEGIS

CAPÍTULO IV CAPÍTULO V
Do Ministério Público Do Conselho Penitenciário

Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a Comentários: os artigos a seguir demandam


execução da pena e da medida de segurança, ofi- simples leitura atenta.
ciando no processo executivo e nos incidentes da
execução. Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão
consultivo e fiscalizador da execução da pena.
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Pú-
blico: § 1º O Conselho será integrado por
membros nomeados pelo Governador do
I - fiscalizar a regularidade formal das guias Estado, do Distrito Federal e dos Territórios,
de recolhimento e de internamento; dentre professores e profissionais da
II - requerer: área do Direito Penal, Processual Penal,
Penitenciário e ciências correlatas, bem
a) todas as providências necessárias ao de- como por representantes da comunidade.
senvolvimento do processo executivo; A legislação federal e estadual regulará o
seu funcionamento.
b) a instauração dos incidentes de excesso
ou desvio de execução; § 2º O mandato dos membros do Conselho
Penitenciário terá a duração de 4 (quatro)
c) a aplicação de medida de segurança, anos.
bem como a substituição da pena por me-
dida de segurança;
Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciá-
d) a revogação da medida de segurança; rio:
e) a conversão de penas, a progressão ou
regressão nos regimes e a revogação da I - emitir parecer sobre indulto e comu-
suspensão condicional da pena e do livra- tação de pena, excetuada a hipótese de
mento condicional; pedido de indulto com base no estado de
f) a internação, a desinternação e o resta- saúde do preso; (Redação dada
belecimento da situação anterior. pela Lei nº 10.792, de 2003)
II - inspecionar os estabelecimentos e ser-
viços penais;
III - interpor recursos de decisões profe-
ridas pela autoridade judiciária, durante a III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre
execução. de cada ano, ao Conselho Nacional de Po-
lítica Criminal e Penitenciária, relatório dos
Parágrafo único. O órgão do Ministério Pú- trabalhos efetuados no exercício anterior;
blico visitará mensalmente os estabelecimen- IV - supervisionar os patronatos, bem
tos penais, registrando a sua presença em livro como a assistência aos egressos.
próprio.

Anotações sobre os artigos anteriores: Anotações sobre os artigos anteriores:

28
#LEGIS

CAPÍTULO VI § 1º Incumbem também ao Departamento


Dos Departamentos Penitenciários a coordenação e supervisão dos estabeleci-
mentos penais e de internamento federais.
(Redação dada pela Lei nº 13.769, de 2018)
SEÇÃO I
Do Departamento Penitenciário Nacional § 2º Os resultados obtidos por meio do
monitoramento e das avaliações periódi-
cas previstas no inciso VII do caput deste
Comentários: os artigos a seguir demandam artigo serão utilizados para, em função da
simples leitura atenta. efetividade da progressão especial para a
ressocialização das mulheres de que trata
o § 3º do art. 112 desta Lei, avaliar even-
Art. 71. O Departamento Penitenciário Na- tual desnecessidade do regime fechado de
cional, subordinado ao Ministério da Justiça, cumprimento de pena para essas mulheres
é órgão executivo da Política Penitenciária nos casos de crimes cometidos sem violên-
Nacional e de apoio administrativo e financeiro cia ou grave ameaça. (Incluído pela Lei nº
do Conselho Nacional de Política Criminal e 13.769, de 2018)
Penitenciária.
Anotações sobre os artigos anteriores:
Art. 72. São atribuições do Departamento
Penitenciário Nacional:

I - acompanhar a fiel aplicação das normas


de execução penal em todo o Território Na-
cional;
II - inspecionar e fiscalizar periodicamente
os estabelecimentos e serviços penais;
III - assistir tecnicamente as Unidades Fe-
derativas na implementação dos princípios
e regras estabelecidos nesta Lei;
IV - colaborar com as Unidades Federativas
mediante convênios, na implantação de es-
tabelecimentos e serviços penais;
V - colaborar com as Unidades Federativas
para a realização de cursos de formação de
pessoal penitenciário e de ensino profissio-
nalizante do condenado e do internado.
VI – estabelecer, mediante convênios com
as unidades federativas, o cadastro nacio-
nal das vagas existentes em estabeleci-
mentos locais destinadas ao cumprimento
de penas privativas de liberdade aplicadas
pela justiça de outra unidade federativa,
em especial para presos sujeitos a regime
disciplinar. (Incluído pela Lei nº 10.792, de
2003)
VII - acompanhar a execução da pena das
mulheres beneficiadas pela progressão es-
pecial de que trata o § 3º do art. 112 desta
Lei, monitorando sua integração social e a
ocorrência de reincidência, específica ou
não, mediante a realização de avaliações
periódicas e de estatísticas criminais. (In-
cluído pela Lei nº 13.769, de 2018)

29
#LEGIS

SEÇÃO II de direção, chefia e assessoramento do estabele-


Do Departamento Penitenciário Local cimento e às demais funções.

Comentários: os artigos a seguir demandam Art. 77. A escolha do pessoal administrati-


simples leitura atenta. vo, especializado, de instrução técnica e de vigi-
lância atenderá a vocação, preparação profissio-
nal e antecedentes pessoais do candidato.
Art. 73. A legislação local poderá criar De-
partamento Penitenciário ou órgão similar, com § 1° O ingresso do pessoal penitenciário,
as atribuições que estabelecer. bem como a progressão ou a ascensão
funcional dependerão de cursos específicos
Art. 74. O Departamento Penitenciário lo- de formação, procedendo-se à reciclagem
cal, ou órgão similar, tem por finalidade super- periódica dos servidores em exercício.
visionar e coordenar os estabelecimentos pe- § 2º No estabelecimento para mulheres
nais da Unidade da Federação a que pertencer. somente se permitirá o trabalho de pes-
soal do sexo feminino, salvo quando se
Parágrafo único. Os órgãos referidos no tratar de pessoal técnico especializado.
caput deste artigo realizarão o acompanhamento
de que trata o inciso VII do caput do art. 72 desta Anotações sobre os artigos anteriores:
Lei e encaminharão ao Departamento Peniten-
ciário Nacional os resultados obtidos. (Incluído
pela Lei nº 13.769, de 2018)

SEÇÃO III
Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos
Penais

Comentários: os artigos a seguir demandam


simples leitura atenta.

Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de


estabelecimento deverá satisfazer os seguintes
requisitos:

I - ser portador de diploma de nível supe-


rior de Direito, ou Psicologia, ou Ciências
Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços So-
ciais;
II - possuir experiência administrativa na
área;
III - ter idoneidade moral e reconhecida
aptidão para o desempenho da função.

Parágrafo único. O diretor deverá residir no


estabelecimento, ou nas proximidades, e dedica-
rá tempo integral à sua função.

Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário


será organizado em diferentes categorias funcio-
nais, segundo as necessidades do serviço, com
especificação de atribuições relativas às funções

30
#LEGIS

CAPÍTULO VII CAPÍTULO VIII


Do Patronato Do Conselho da Comunidade

Art. 78. O Patronato público ou particular Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Con-
destina-se a prestar assistência aos alberga- selho da Comunidade composto, no mínimo, por
dos e aos egressos (artigo 26). 1 (um) representante de associação comercial ou
industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção
Comentários: o próprio caput faz referência ao da Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um) Defen-
artigo 26, o qual ensina o que é o egresso. Como sor Público indicado pelo Defensor Público Geral
já visto, é o: e 1 (um) assistente social escolhido pela Delega-
cia Seccional do Conselho Nacional de Assisten-
a) liberado definitivo, até um ano após a sua saí- tes Sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de
da; 2010).
b) o liberado condicional, durante o período de
prova. Parágrafo único. Na falta da representação
prevista neste artigo, ficará a critério do Juiz da
Art. 79. Incumbe também ao Patronato: execução a escolha dos integrantes do Conselho.

I - orientar os condenados à pena restritiva Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comuni-


de direitos; dade:
II - fiscalizar o cumprimento das penas de
I - visitar, pelo menos mensalmente, os
prestação de serviço à comunidade e de li-
estabelecimentos penais existentes na co-
mitação de fim de semana;
marca;
III - colaborar na fiscalização do cumpri-
II - entrevistar presos;
mento das condições da suspensão e do
livramento condicional. III - apresentar relatórios mensais ao Juiz
da execução e ao Conselho Penitenciário;
Anotações sobre os artigos anteriores: IV - diligenciar a obtenção de recursos ma-
teriais e humanos para melhor assistência
ao preso ou internado, em harmonia com a
direção do estabelecimento.

Anotações sobre os artigos anteriores:

31
#LEGIS

DIA 4 e) a detração e remição da pena; (Incluído


pela Lei nº 12.313, de 2010).
f) a instauração dos incidentes de excesso
Disciplina: Execução Penal. ou desvio de execução; (Incluído pela Lei nº
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. 12.313, de 2010).
Dia 01: Do Art. 81 ao 95. g) a aplicação de medida de segurança e
sua revogação, bem como a substituição
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 da pena por medida de segurança; (Incluí-
do pela Lei nº 12.313, de 2010).
h) a conversão de penas, a progressão nos
regimes, a suspensão condicional da pena,
CAPÍTULO IX o livramento condicional, a comutação
DA DEFENSORIA PÚBLICA de pena e o indulto; (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). 12.313, de 2010).
i) a autorização de saídas temporárias; (In-
Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela cluído pela Lei nº 12.313, de 2010).
regular execução da pena e da medida de se- j) a internação, a desinternação e o resta-
gurança, oficiando, no processo executivo e nos belecimento da situação anterior; (Incluído
incidentes da execução, para a defesa dos ne- pela Lei nº 12.313, de 2010).
cessitados em todos os graus e instâncias, de k) o cumprimento de pena ou medida de
forma individual e coletiva. (Incluído pela Lei nº segurança em outra comarca; (Incluído
12.313, de 2010). pela Lei nº 12.313, de 2010).
l) a remoção do condenado na hipótese
Comentários: o artigo prevê a atuação coletiva prevista no § 1o do art. 86 desta Lei; (Incluí-
da Defensoria no âmbito criminal. Bastante im- do pela Lei nº 12.313, de 2010).
portante para fundamentar ações civis públicas
em geral (com o intuito de interditar um presídio,
por exemplo). Outra observação importante, es- I - requerer a emissão anual do atestado de
pecialmente para quem estuda para Defensoria, pena a cumprir; (Incluído pela Lei nº 12.313,
é que ele prevê a defesa dos “necessitados”. Note de 2010).
que não limita somente aos necessitados econô- II - interpor recursos de decisões proferidas
micos. pela autoridade judiciária ou administrati-
va durante a execução; (Incluído pela Lei nº
Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pú- 12.313, de 2010).
blica: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). III - representar ao Juiz da execução ou à
autoridade administrativa para instaura-
I - requerer: (Incluído pela Lei nº 12.313, de ção de sindicância ou procedimento admi-
2010). nistrativo em caso de violação das normas
referentes à execução penal; (Incluído pela
a) todas as providências necessárias ao de- Lei nº 12.313, de 2010).
senvolvimento do processo executivo; (In- IV - visitar os estabelecimentos penais, to-
cluído pela Lei nº 12.313, de 2010). mando providências para o adequado fun-
b) a aplicação aos casos julgados de lei cionamento, e requerer, quando for o caso,
posterior que de qualquer modo favorecer a apuração de responsabilidade; (Incluído
o condenado; (Incluído pela Lei pela Lei nº 12.313, de 2010).
nº 12.313, de 2010). V - requerer à autoridade competente a in-
c) a declaração de extinção da punibilida- terdição, no todo ou em parte, de estabele-
de; (Incluído pela Lei nº 12.313, cimento penal. (Incluído pela Lei nº 12.313,
de 2010). de 2010).
d) a unificação de penas; (Incluído pela Lei
nº 12.313, de 2010).

32
#LEGIS

Parágrafo único. O órgão da Defensoria TÍTULO IV


Pública visitará periodicamente os estabeleci- Dos Estabelecimentos Penais
mentos penais, registrando a sua presença em li-
vro próprio. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010). CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Questões:
Art. 82. Os estabelecimentos penais desti-
1. MPE-SC (MPE-SC – 2014) Segundo a LEP, com-
pete somente ao Juiz da Execução Penal ins- nam-se ao condenado, ao submetido à medida
pecionar, mensalmente, os estabelecimentos de segurança, ao preso provisório e ao egresso.
penais existentes na sua comarca de atuação,
encaminhando relatório ao representante do Comentários: note que estabelecimento penal é
Ministério Público, o qual, constando alguma ir- gênero que comporta as seguintes espécies:
regularidade deverá se deslocar até o ergástulo
para checar a situação e tomar as medidas legais a) penitenciária;
pertinentes.
b) colônia agrícola, industrial ou similar;
c) casa do albergado;
2. MPE-SC (MPE-SC – 2014) São considerados d) centro de observação;
órgãos da execução penal, segundo a Lei n. e) hospital de custódia e tratamento psiquiátrico
7.210/84, o Patronato, o Conselho da Comunida- e;
de e a Defensoria Pública.
f) cadeia pública.
Cada uma dessas espécies será tratada na se-
Anotações sobre os artigos anteriores: quência.

§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos,


separadamente, serão recolhidos a estabe-
lecimento próprio e adequado à sua con-
dição pessoal. (Redação dada pela Lei nº
9.460, de 1997)

Comentários: artigo que deve ser lido em con-


junto com o art. 5º, XLVIII e L, da CF:

XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimen-


tos distintos, de acordo com a natureza do delito,
a idade e o sexo do apenado;

L - às presidiárias serão asseguradas condições


para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação.

§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico po-


derá abrigar estabelecimentos de desti-
nação diversa desde que devidamente
isolados.

Art. 83. O estabelecimento penal, conforme


a sua natureza, deverá contar em suas depen-
dências com áreas e serviços destinados a dar
assistência, educação, trabalho, recreação e
Gabarito: 1-E, 2-C. prática esportiva.

33
#LEGIS

§ 1º Haverá instalação destinada a estágio § 2º Os serviços relacionados neste artigo


de estudantes universitários. (Renumera- poderão compreender o fornecimento de
do pela Lei nº 9.046, de 1995) materiais, equipamentos, máquinas e pro-
§ 2º Os estabelecimentos penais destina- fissionais. (Incluído pela Lei nº 13.190, de
dos a mulheres serão dotados de berçá- 2015).
rio, onde as condenadas possam cuidar
de seus filhos, inclusive amamentá-los, Art. 83-B. São indelegáveis as funções de
no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. direção, chefia e coordenação no âmbito do sis-
(Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009) tema penal, bem como todas as atividades que
exijam o exercício do poder de polícia, e nota-
Comentários: novamente faz-se necessário lem- damente: (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
brar-se do inciso L do artigo 5º da CF: L - às pre-
sidiárias serão asseguradas condições para que I - classificação de condenados; (Incluído
possam permanecer com seus filhos durante o pela Lei nº 13.190, de 2015).
período de amamentação. II - aplicação de sanções disciplinares; (In-
cluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
Interessante que a OMS recomenda o aleitamen-
to materno pelo menos até os dois anos de idade. III - controle de rebeliões; (Incluído pela Lei
nº 13.190, de 2015).
§ 3º Os estabelecimentos de que trata o § IV - transporte de presos para órgãos do
2º deste artigo deverão possuir, exclusiva- Poder Judiciário, hospitais e outros locais
mente, agentes do sexo feminino na se- externos aos estabelecimentos penais. (In-
gurança de suas dependências internas. cluído pela Lei nº 13.190, de 2015).
(Incluído pela Lei nº 12.121, de 2009).
§ 4º Serão instaladas salas de aulas desti- Anotações sobre os artigos anteriores:
nadas a cursos do ensino básico e profis-
sionalizante. (Incluído pela Lei nº 12.245,
de 2010)
§ 5º Haverá instalação destinada à Defen-
soria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.313,
de 2010).

Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução


indireta as atividades materiais acessórias, ins-
trumentais ou complementares desenvolvidas
em estabelecimentos penais, e notadamente:
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015).

I - serviços de conservação, limpeza, infor-


mática, copeiragem, portaria, recepção,
reprografia, telecomunicações, lavanderia Art. 84. O preso provisório ficará separa-
e manutenção de prédios, instalações e do do condenado por sentença transitada em
equipamentos internos e externos; (Incluí- julgado.
do pela Lei nº 13.190, de 2015).
II - serviços relacionados à execução de § 1º Os presos provisórios ficarão separa-
trabalho pelo preso. (Incluído pela Lei nº dos de acordo com os seguintes critérios:
13.190, de 2015). (Redação dada pela Lei nº 13.167, de 2015)

§ 1º A execução indireta será realizada I - acusados pela prática de crimes hedion-


sob supervisão e fiscalização do poder dos ou equiparados; (Incluído pela Lei nº
público. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 13.167, de 2015)
2015).

34
#LEGIS

II - acusados pela prática de crimes cometi- inciso XLIX, da Constituição Federal (RE 841526/
dos com violência ou grave ameaça à pes- RS). Não haverá responsabilidade civil do Esta-
soa; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) do se o Tribunal de origem, com base nas provas
III - acusados pela prática de outros crimes apresentadas, decide que não se comprovou que
ou contravenções diversos dos aponta- a morte do detento foi decorrente da omissão
dos nos incisos I e II. (Incluído pela Lei nº do Poder Público e que o Estado não tinha como
13.167, de 2015) montar vigilância a fim de impedir que o preso
ceifasse sua própria vida. Tendo o acórdão do Tri-
bunal de origem consignado expressamente que
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era ficou comprovada causa impeditiva da atuação
funcionário da Administração da Justiça estatal protetiva do detento, rompeu-se o nexo
Criminal ficará em dependência separa- de causalidade entre a suposta omissão do Po-
da. der Público e o resultado danoso. STJ. 2ª Turma.
REsp 1305259/SC, Rel. Min. Mauro Campbell Mar-
§ 3º Os presos condenados ficarão separa- ques, julgado em 08/02/2018.
dos de acordo com os seguintes critérios:
(Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) STF: Considerando que é dever do Estado, im-
posto pelo sistema normativo, manter em seus
presídios os padrões mínimos de humanidade
VI - condenados pela prática de crimes he- previstos no ordenamento jurídico, é de sua res-
diondos ou equiparados; (Incluído pela Lei ponsabilidade, nos termos do art. 37, § 6º, da
nº 13.167, de 2015) Constituição, a obrigação de ressarcir os danos,
V - reincidentes condenados pela prática inclusive morais, comprovadamente causados
de crimes cometidos com violência ou gra- aos detentos em decorrência da falta ou insufi-
ve ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº ciência das condições legais de encarceramento.
13.167, de 2015) STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori
Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julga-
VI - primários condenados pela prática de
do em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).
crimes cometidos com violência ou gra-
ve ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº
STF: Em caso de inobservância de seu dever es-
13.167, de 2015)
pecífico de proteção previsto no art. 5º, inciso
VII - demais condenados pela prática de ou- XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela mor-
tros crimes ou contravenções em situação te de detento. STF. Plenário. RE 841526/RS, Rel.
diversa das previstas nos incisos I, II e III. Min. Luiz Fux, julgado em 30/3/2016 (repercussão
(Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) geral) (Info 819).

Fonte: Dizer o direito.


§ 4º O preso que tiver sua integridade fí-
sica, moral ou psicológica ameaçada pela
convivência com os demais presos fica- Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter
rá segregado em local próprio. (Incluído lotação compatível com a sua estrutura e fina-
pela Lei nº 13.167, de 2015) lidade.

Comentários: tem relação com a própria respon- Parágrafo único. O Conselho Nacional de
sabilidade do Estado pela integridade física dos Política Criminal e Penitenciária determinará
presos. Inclusive é o disposto no artigo 5º, XLIX, o limite máximo de capacidade do estabeleci-
da CF: XLIX - é assegurado aos presos o respeito à mento, atendendo a sua natureza e peculiarida-
integridade física e moral. des.

Jurisprudência: Súmula Vinculante 56-STF: A falta de estabele-


cimento penal adequado não autoriza a manu-
STJ: O STF decidiu que a responsabilização obje- tenção do condenado em regime prisional mais
tiva do Estado em caso de morte de detento so- gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese,
mente ocorre quando houver inobservância do os parâmetros fixados no Recurso Extraordinário
dever específico de proteção previsto no art. 5º, (RE) 641320.

35
#LEGIS

E quais são esses parâmetros? Assim, sequer é possível falar em regime mais
ou menos gravoso ou estabelecer um sistema de
a) A falta de estabelecimento penal ade- progressão ou regressão da prisão.
quado não autoriza a manutenção do con- STJ. 5ª Turma. RHC 99006-PA, Rel. Min. Jorge
denado em regime prisional mais gravoso; Mussi, julgado em 07/02/2019 (Info 642).
b) Os juízes da execução penal poderão
avaliar os estabelecimentos destinados aos STJ: A inexistência de estabelecimento penal
regimes semiaberto e aberto, para quali- adequado ao regime prisional determinado para
ficação como adequados a tais regimes. o cumprimento da pena não autoriza a conces-
São aceitáveis estabelecimentos que não são imediata do benefício da prisão domiciliar,
se qualifiquem como “colônia agrícola, in- porquanto, nos termos da Súmula Vinculante n
dustrial” (regime semiaberto) ou “casa de 56, é imprescindível que a adoção de tal medida
albergado ou estabelecimento adequado” seja precedida das providências estabelecidas
(regime aberto) (art. 33, §1º, alíneas “b” e no julgamento do RE 641.320/RS, quais sejam:
“c”, do CP);
i) saída antecipada de outro sentenciado
c) Havendo déficit de vagas, deverá deter- no regime com falta de vagas, abrindo-se,
minar-se: assim, vagas para os reeducandos que aca-
baram de progredir;
(i) a saída antecipada de sentenciado no re- ii) a liberdade eletronicamente monitorada
gime com falta de vagas; ao sentenciado que sai antecipadamente
(ii) a liberdade eletronicamente monitora- ou é posto em prisão domiciliar por falta de
da ao sentenciado que sai antecipadamen- vagas; e
te ou é posto em prisão domiciliar por falta iii) cumprimento de penas restritivas de
de vagas; direitos e/ou estudo aos sentenciados em
(iii) o cumprimento de penas restritivas de regime aberto.
direito e/ou estudo ao sentenciado que
progride ao regime aberto; STJ. 3ª Seção. REsp 1710674-MG, Rel. Min. Rey-
d) Até que sejam estruturadas as medidas naldo Soares da Fonseca, julgado em 22/08/2018
alternativas propostas, poderá ser deferida (recurso repetitivo) (Info 632).
a prisão domiciliar ao sentenciado. Fonte: Dizer o direito.
STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gil-
mar Mendes, julgado em 11/5/2016 (reper- Art. 86. As penas privativas de liberdade
cussão geral) (Info 825). aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federati-
va podem ser executadas em outra unidade,
Fonte: Dizer o direito. em estabelecimento local ou da União.

Súmula 192-STJ: Compete ao Juízo das Exe-


Jurisprudência: cuções Penais do Estado a execução das penas
impostas a sentenciados pela Justiça Federal,
STJ: A SV 56 destina-se com exclusividade aos ca- Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabe-
sos de cumprimento de pena, ou seja, aplica-se lecimentos sujeitos à administração estadual.
tão somente ao preso definitivo.
Exemplo: supondo que o sujeito foi condenado
Não se pode estender a citada súmula vincu- pela justiça federal, mas está cumprindo pena
lante ao preso provisório (prisão preventiva), na penitenciária estadual de Mato Grosso do Sul.
eis que se trata de situação distinta. Nesse caso, a competência será do juízo estadual.
Por deter caráter cautelar, a prisão preventiva
não se submete à distinção de diferentes regi- § 1º A União Federal poderá construir es-
mes. tabelecimento penal em local distante da
condenação para recolher os condenados,
quando a medida se justifique no inte-
resse da segurança pública ou do próprio

36
#LEGIS

condenado. (Redação dada pela Lei nº CAPÍTULO II


10.792, de 2003) Da Penitenciária
§ 2° Conforme a natureza do estabeleci-
mento, nele poderão trabalhar os liberados Art. 87. A penitenciária destina-se ao con-
ou egressos que se dediquem a obras pú- denado à pena de reclusão, em regime fechado.
blicas ou ao aproveitamento de terras ocio-
sas. Parágrafo único. A União Federal, os Esta-
§ 3º Caberá ao juiz competente, a requeri- dos, o Distrito Federal e os Territórios poderão
mento da autoridade administrativa defi- construir Penitenciárias destinadas, exclusi-
nir o estabelecimento prisional adequado vamente, aos presos provisórios e condena-
para abrigar o preso provisório ou conde- dos que estejam em regime fechado, sujeitos
nado, em atenção ao regime e aos requisi-
tos estabelecidos. (Incluído pela ao regime disciplinar diferenciado, nos termos
Lei nº 10.792, de 2003) do art. 52 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792,
de 2003)
Anotações sobre os artigos anteriores:
Comentários: alguns dispositivos correlatos:

Reclusão e detenção
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida
em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A
de detenção, em regime semi-aberto, ou aber-
to, salvo necessidade de transferência a regi-
me fechado.

§ 1º - Considera-se:

a) regime fechado a execução da pena em


estabelecimento de segurança máxima ou
média;

Regras do regime fechado

Art. 34 - O condenado será submetido, no início


do cumprimento da pena, a exame criminoló-
gico de classificação para individualização da
execução. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho


no período diurno e a isolamento durante
o repouso noturno. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - O trabalho será em comum dentro


do estabelecimento, na conformidade das
aptidões ou ocupações anteriores do con-
denado, desde que compatíveis com a exe-
cução da pena.(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)

§ 3º - O trabalho externo é admissível, no


regime fechado, em serviços ou obras pú-
blicas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

37
#LEGIS

Art. 88. O condenado será alojado em cela Comentários: veja o que diz o artigo 37 do CP:
individual que conterá dormitório, aparelho
sanitário e lavatório. Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabe-
lecimento próprio, observando-se os deveres e
Parágrafo único. São requisitos básicos da direitos inerentes à sua condição pessoal, bem
como, no que couber, o disposto neste Capítulo.
unidade celular: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) salubridade do ambiente pela concor-
rência dos fatores de aeração, insolação e Art. 90. A penitenciária de homens será
condicionamento térmico adequado à exis- construída, em local afastado do centro urba-
tência humana; no, à distância que não restrinja a visitação.
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros
quadrados). Anotações sobre os artigos anteriores:

Jurisprudência-STF: Considerando que é de-


ver do Estado, imposto pelo sistema normativo,
manter em seus presídios os padrões mínimos de
humanidade previstos no ordenamento jurídico,
é de sua responsabilidade, nos termos do art. 37,
§ 6º, da Constituição, a obrigação de ressarcir os
danos, inclusive morais, comprovadamente cau-
sados aos detentos em decorrência da falta ou
insuficiência das condições legais de encarcera-
mento.

STF. Plenário. RE 580252/MS, rel. orig. Min. Teori


Zavascki, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julga-
do em 16/2/2017 (repercussão geral) (Info 854).
Fonte: Dizer o direito.

Art. 89. Além dos requisitos referidos no


art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada
de seção para gestante e parturiente e de cre-
che para abrigar crianças maiores de 6 (seis)
meses e menores de 7 (sete) anos, com a finali-
dade de assistir a criança desamparada cuja res-
ponsável estiver presa. (Redação dada pela Lei nº
11.942, de 2009)

Parágrafo único. São requisitos básicos da


seção e da creche referidas neste artigo: (Incluí-
do pela Lei nº 11.942, de 2009)

I – atendimento por pessoal qualificado,


de acordo com as diretrizes adotadas pela
legislação educacional e em unidades au-
tônomas; e (Incluído pela Lei nº 11.942, de
2009)
II – horário de funcionamento que garanta
a melhor assistência à criança e à sua res-
ponsável. (Incluído pela Lei nº 11.942, de
2009)

38
#LEGIS

CAPÍTULO III Comentários: o referido dispositivo rememora a


Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar salubridade:

“a) salubridade do ambiente pela concorrência


Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Si- dos fatores de aeração, insolação e condiciona-
milar destina-se ao cumprimento da pena em mento térmico adequado à existência humana.”.
regime semi-aberto.
Parágrafo único. São também requisitos
Comentários: artigos correlatos do Código Pe- básicos das dependências coletivas:
nal:

Reclusão e detenção a) a seleção adequada dos presos;


b) o limite de capacidade máxima que
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida atenda os objetivos de individualização da
em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A pena.
de detenção, em regime semi-aberto, ou aber-
to, salvo necessidade de transferência a regi-
me fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de Anotações gerais sobre os artigos anteriores:
11.7.1984)

§ 1º - Considera-se: (Redação dada pela Lei


nº 7.209, de 11.7.1984)

(...)

b) regime semi-aberto a execução da pena


em colônia agrícola, industrial ou estabele-
cimento similar;

(...)

Regras do regime semi-aberto

Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código,


caput, ao condenado que inicie o cumprimento
da pena em regime semi-aberto. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - O condenado fica sujeito a trabalho


em comum durante o período diurno, em
colônia agrícola, industrial ou estabeleci-
mento similar. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - O trabalho externo é admissível, bem
como a freqüência a cursos supletivos pro-
fissionalizantes, de instrução de segundo
grau ou superior. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984).

Art. 92. O condenado poderá ser alojado


em compartimento coletivo, observados os re-
quisitos da letra a, do parágrafo único, do arti-
go 88, desta Lei.

39
#LEGIS

CAPÍTULO IV Anotações sobre os artigos anteriores:


Da Casa do Albergado

Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao


cumprimento de pena privativa de liberdade,
em regime aberto, e da pena de limitação de
fim de semana.

Comentários: artigos correlatos do Código Pe-


nal:

Regras do regime aberto

Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisci-


plina e senso de responsabilidade do condena-
do.

§ 1º - O condenado deverá, fora do estabe-


lecimento e sem vigilância, trabalhar, fre-
qüentar curso ou exercer outra atividade
autorizada, permanecendo recolhido du-
rante o período noturno e nos dias de folga.
§ 2º - O condenado será transferido do re-
gime aberto, se praticar fato definido como
crime doloso, se frustrar os fins da execu-
ção ou se, podendo, não pagar a multa
cumulativamente aplicada.

Limitação de fim de semana

Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste


na obrigação de permanecer, aos sábados e do-
mingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de
albergado ou outro estabelecimento adequado.

Parágrafo único - Durante a permanência pode-


rão ser ministrados ao condenado cursos e pales-
tras ou atribuídas atividades educativas.

Art. 94. O prédio deverá situar-se em cen-


tro urbano, separado dos demais estabeleci-
mentos, e caracterizar-se pela ausência de obs-
táculos físicos contra a fuga.

Art. 95. Em cada região haverá, pelo me-


nos, uma Casa do Albergado, a qual deverá con-
ter, além dos aposentos para acomodar os pre-
sos, local adequado para cursos e palestras.

Parágrafo único. O estabelecimento terá


instalações para os serviços de fiscalização e
orientação dos condenados.

40
#LEGIS

DIA 5 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doen-


ça mental ou desenvolvimento mental incom-
pleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
Disciplina: Execução Penal. omissão, inteiramente incapaz de entender o ca-
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor-
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. do com esse entendimento. (Redação dada pela
Dia 01: Do Art. 96 ao 146. Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um


a dois terços, se o agente, em virtude de pertur-
CAPÍTULO V bação de saúde mental ou por desenvolvimento
Do Centro de Observação mental incompleto ou retardado não era inteira-
mente capaz de entender o caráter ilícito do fato
ou de determinar-se de acordo com esse enten-
Art. 96. No Centro de Observação realizar- dimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos 11.7.1984)
resultados serão encaminhados à Comissão Téc-
nica de Classificação. Relevantíssima também a leitura dos artigos 96 a
99 do Código Penal.
Parágrafo único. No Centro poderão ser
realizadas pesquisas criminológicas. Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais
exames necessários ao tratamento são obriga-
Art. 97. O Centro de Observação será insta- tórios para todos os internados.
lado em unidade autônoma ou em anexo a esta-
belecimento penal. Art. 101. O tratamento ambulatorial, pre-
visto no artigo 97, segunda parte, do Código
Art. 98. Os exames poderão ser realizados Penal, será realizado no Hospital de Custódia
pela Comissão Técnica de Classificação, na fal- e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local
ta do Centro de Observação. com dependência médica adequada.

Comentários: a Comissão Técnica de Classifica- Comentários: confira a redação do artigo 97 do


ção está prevista, também, nos artigos 6º e 7º da CP:
LEP.
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz de-
CAPÍTULO VI terminará sua internação (art. 26). Se, todavia, o
fato previsto como crime for punível com deten-
Do Hospital de Custódia e Tratamento ção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento am-
Psiquiátrico bulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psi-
quiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-
-imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágra- Anotações sobre os artigos anteriores:
fo único do Código Penal.

Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que


couber, o disposto no parágrafo único, do arti-
go 88, desta Lei.

Comentários: confira a íntegra do art. 26 do CP:


Inimputáveis

41
#LEGIS

CAPÍTULO VII TÍTULO V


Da Cadeia Pública Da Execução das Penas em Espécie

Art. 102. A cadeia pública destina-se ao re- CAPÍTULO I


colhimento de presos provisórios. Das Penas Privativas de Liberdade

Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 SEÇÃO I


(uma) cadeia pública a fim de resguardar o in-
Disposições Gerais
teresse da Administração da Justiça Criminal e
a permanência do preso em local próximo ao
Art. 105. Transitando em julgado a senten-
seu meio social e familiar.
ça que aplicar pena privativa de liberdade, se o
réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a
Art. 104. O estabelecimento de que trata
expedição de guia de recolhimento para a exe-
este Capítulo será instalado próximo de centro
cução.
urbano, observando-se na construção as exigên-
cias mínimas referidas no artigo 88 e seu pará-
grafo único desta Lei. Comentários: Há uma sutil distinção entre exe-
cução provisória e execução antecipada da pena.
Aquela discussão no STF é atinente a execução
antecipada da pena (embora o próprio Supremo
TABELA DE ACORDO COM A LEP e a mídia tenham apelidado de execução provi-
sória). A execução provisória, por sua vez, é a tra-
tada na Resolução 113/2010 do CNJ e na súmula
ESTABELECIMENTO INTERNO 719 do Supremo e serve para que sejam agenda-
dos os direitos executivos. Note o disposto no art.
8º da referida Resolução 113:
Condenado a pena de re-
Penitenciária clusão em regime fecha- “Art. 8º. Tratando-se de réu preso por sentença
do condenatória recorrível, será expedida guia de
recolhimento provisória da pena privativa de li-
Condenado ao regime se- berdade, ainda que pendente recurso sem efei-
Colônia Agrícola to suspensivo, devendo, nesse caso, o juízo da
miaberto execução definir o agendamento dos benefícios
cabíveis.”

Condenado ao regime
Casa do Albergado aberto e pena de limita- Súmula 716-STF: Admite-se a progressão de re-
ção de fim de semana gime de cumprimento da pena ou a aplicação
imediata de regime menos severo nela determi-
nada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.
Local de realização de
Centro de Observação exames gerais e crimino-
lógicos Jurisprudência-STF: O art. 283 do CPP, que exige
o trânsito em julgado da condenação para que se
inicie o cumprimento da pena, é constitucional,
sendo compatível com o princípio da presunção
Destinado a inimputáveis de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88. As-
Hospital de Custódia
e semi-imputáveis sim, é proibida a chamada “execução provisória
da pena”. Vale ressaltar que é possível que o réu
seja preso antes do trânsito em julgado (antes do
esgotamento de todos os recursos), no entanto,
Destinado aos presos pro- para isso, é necessário que seja proferida uma
Cadeia Pública
visórios decisão judicial individualmente fundamenta-
da, na qual o magistrado demonstre que estão

42
#LEGIS

presentes os requisitos para a prisão preventiva § 2º As guias de recolhimento serão


previstos no art. 312 do CPP. Dessa forma, o réu registradas em livro especial, segundo
até pode ficar preso antes do trânsito em julga- a ordem cronológica do recebimento, e
do, mas cautelarmente (preventivamente), e não anexadas ao prontuário do condenado,
como execução provisória da pena. STF. Plená- aditando-se, no curso da execução, o
rio. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. cálculo das remições e de outras retificações
Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019 (Info 958). posteriores.
Fonte: Dizer o direito.
Art. 108. O condenado a quem sobrevier
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída doença mental será internado em Hospital de
pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas Custódia e Tratamento Psiquiátrico.
e a assinará com o Juiz, será remetida à autori-
dade administrativa incumbida da execução e Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o
conterá: condenado será posto em liberdade, mediante
alvará do Juiz, se por outro motivo não estiver
I - o nome do condenado; preso.
II - a sua qualificação civil e o número do
registro geral no órgão oficial de identifica- Anotações sobre os artigos anteriores:
ção;
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença
condenatória, bem como certidão do trân-
sito em julgado;
IV - a informação sobre os antecedentes e o
grau de instrução;
V - a data da terminação da pena;
VI - outras peças do processo reputadas in-
dispensáveis ao adequado tratamento pe-
nitenciário.

§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência


da guia de recolhimento.
§ 2º A guia de recolhimento será retificada
sempre que sobrevier modificação quanto
ao início da execução ou ao tempo de
duração da pena.
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato,
era funcionário da Administração da Jus-
tiça Criminal, far-se-á, na guia, menção
dessa circunstância, para fins do dispos-
to no § 2°, do artigo 84, desta Lei.

Art. 107. Ninguém será recolhido, para


cumprimento de pena privativa de liberdade,
sem a guia expedida pela autoridade judiciá-
ria.

§ 1° A autoridade administrativa incumbida


da execução passará recibo da guia de
recolhimento para juntá-la aos autos do
processo, e dará ciência dos seus termos
ao condenado.

43
#LEGIS

Questões: Anotações gerais sobre os artigos anteriores:

1. Delegado Federal (CESPE – 2018) Em cada


item a seguir, é apresentada uma situação hi-
potética, seguida de uma assertiva a ser julgada
com base na legislação de regência e na juris-
prudência dos tribunais superiores a respeito de
execução penal, lei penal no tempo, concurso de
crimes, crime impossível e arrependimento pos-
terior.

Diogo, condenado a sete anos e seis meses de re-


clusão pela prática de determinado crime, deve
iniciar o cumprimento da pena no regime semia-
berto. Todavia, na cidade onde se encontra, só há
estabelecimento prisional adequado para a exe-
cução da pena em regime fechado. Nessa situa-
ção, o juiz poderá determinar que Diogo inicie o
cumprimento da pena no regime fechado.

2. MPE-SC (MPE-SC – 2016) Determina a Lei n.


7.210/84 que o preso provisório ficará separado
do condenado por sentença transitada em jul-
gado. Os presos condenados, da mesma forma,
serão entre si separados de acordo com critérios
como a reincidência e a gravidade do crime a que
foram condenados. A legislação, contudo, não
previu critérios de separação entre presos provi-
sórios.

3. MPE-SC (MPE-SC – 2016) Importante e legí-


timo órgão da execução penal é o Conselho da
Comunidade, com atribuições conferidas pela
própria Lei n. 7.210/84, dentre as quais: visitar se-
mestralmente os estabelecimentos penais exis-
tentes na comarca; apresentar relatórios das visi-
tações ao Promotor de Justiça com atribuição na
área de execução penal; diligenciar a obtenção
de recursos materiais e humanos para melhor
assistência ao preso ou internado, em harmonia
com a direção do estabelecimento.

4- MPE-SC (MPE-SC – 2014) Segundo dispõe a Lei


n. 7.210/84, a Penitenciária destina-se ao conde-
nado à pena de reclusão, cumpri-la nos regimes
fechado e semi-aberto, sendo vedado expressa-
mente para o cumprimento do regime aberto.

Gabarito: 1-E, 2-E, 3-E, 4-E.

44
#LEGIS

SEÇÃO II ALTERAÇÃO DA DATA-BASE. ACÓRDÃO MANTIDO.


Dos Regimes RECURSO NÃO PROVIDO.

1. A superveniência de nova condenação no cur-


Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá so da execução penal enseja a unificação das
o regime no qual o condenado iniciará o cum- reprimendas impostas ao reeducando. Caso o
primento da pena privativa de liberdade, obser- quantum obtido após o somatório torne incabí-
vado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do vel o regime atual, está o condenado sujeito a re-
Código Penal. gressão a regime de cumprimento de pena mais
gravoso, consoante inteligência dos arts. 111, pa-
Art. 111. Quando houver condenação por rágrafo único, e 118, II, da Lei de Execução Penal.
mais de um crime, no mesmo processo ou em
processos distintos, a determinação do regi- 2. A alteração da data-base para concessão
de novos benefícios executórios, em razão da
me de cumprimento será feita pelo resultado unificação das penas, não encontra respaldo
da soma ou unificação das penas, observada, legal. Portanto, a desconsideração do período
quando for o caso, a detração ou remição. de cumprimento de pena desde a última pri-
são ou desde a última infração disciplinar, seja
Parágrafo único. Sobrevindo condenação por delito ocorrido antes do início da execução
no curso da execução, somar-se-á a pena ao da pena, seja por crime praticado depois e já
restante da que está sendo cumprida, para de- apontado como falta disciplinar grave, confi-
terminação do regime. gura excesso de execução.

3. Caso o crime cometido no curso da execução


Comentários: note que o regime é determina- tenha sido registrado como infração disciplinar,
do não de forma isolada – cada crime praticado seus efeitos já repercutiram no bojo do cumpri-
– mas pela somatória dos delitos praticados em mento da pena, pois, segundo a jurisprudência
concurso ou, até mesmo, decididos em proces- consolidada do Superior Tribunal de Justiça, a
sos e momentos distintos. prática de falta grave interrompe a data-base
para concessão de novos benefícios executórios,
Exemplo: João é condenado a 1 ano em regime à exceção do livramento condicional, da comu-
aberto no processo nº 1. Ocorre que, na sequên- tação de penas e do indulto. Portanto, a super-
cia, sofre condenação de 4 anos, também em re- veniência do trânsito em julgado da sentença
gime aberto (processo nº 2). O juiz da execução, condenatória não poderia servir de parâmetro
cumprindo o disposto no art. 66, III, “a”, da LEP, para análise do mérito do apenado, sob pena de
diante das duas guias de recolhimento expedidas flagrante bis in idem.
(art. 105, LEP), somará as penas. Como alcança-
remos a quantia de 5 anos, pelo disposto no art. 4. O delito praticado antes do início da execução
33, §2º, “b”, do CP, João passará a cumprir pena da pena não constitui parâmetro idôneo de ava-
no regime semiaberto. liação do mérito do apenado, porquanto evento
anterior ao início do resgate das reprimendas
Não podemos esquecer que o próprio art. 111 da impostas não desmerece hodiernamente o com-
LEP diz que deve ser considerada a detração, que portamento do sentenciado. As condenações por
é o desconto da pena já cumprida (arts. 42 do CP fatos pretéritos não se prestam a macular a ava-
e 387, §2º do CPP), e a remição, que será vista liação do comportamento do sentenciado, visto
logo adiante. que estranhas ao processo de resgate da pena.

5. Recurso especial representativo da controvér-


Jurisprudência-STJ: RECURSO ESPECIAL. REA- sia não provido, assentando-se a seguinte tese:
FIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. RECURSO RE- a unificação de penas não enseja a alteração da
PRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. EXECUÇÃO data-base para concessão de novos benefícios
PENAL. UNIFICAÇÃO DE PENAS. executórios.
SUPERVENIÊNCIA DO TRÂNSITO EM JULGADO DE (ProAfR no REsp 1753509/PR, Rel. Ministro ROGE-
SENTENÇA CONDENATÓRIA. RIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado
TERMO A QUO PARA CONCESSÃO DE NOVOS BE-
NEFÍCIOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA em 18/12/2018, DJe 11/03/2019)

45
#LEGIS

Anotações sobre os artigos anteriores: Art. 112. A pena privativa de liberdade


será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a
ser determinada pelo juiz, quando o preso ti-
ver cumprido ao menos: (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)

I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o


apenado for primário e o crime tiver sido
cometido sem violência à pessoa ou gra-
ve ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o
apenado for reincidente em crime co-
metido sem violência à pessoa ou grave
ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena,
se o apenado for primário e o crime tiver
sido cometido com violência à pessoa ou
grave ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o
apenado for reincidente em crime co-
metido com violência à pessoa ou grave
ameaça; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se
o apenado for condenado pela prática
de crime hediondo ou equiparado, se for
primário; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se
o apenado for: (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

a) condenado pela prática de crime he-


diondo ou equiparado, com resultado
morte, se for primário, vedado o livra-
mento condicional; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
b) condenado por exercer o comando,
individual ou coletivo, de organização
criminosa estruturada para a prática de
crime hediondo ou equiparado; ou (In-
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) condenado pela prática do crime de
constituição de milícia privada; (Incluí-
do pela Lei nº 13.964, de 2019)

46
#LEGIS

VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se Crime hediondo ou


o apenado for reincidente na prática de equiparado, com
crime hediondo ou equiparado; (Incluí- 70%
do pela Lei nº 13.964, de 2019) morte e condenado
reincidente
VIII - 70% (setenta por cento) da pena,
se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado Súmula Vinculante 26-STF: Para efeito de pro-
morte, vedado o livramento condicional. gressão de regime no cumprimento de pena por
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execu-
ção observará a inconstitucionalidade do art. 2º
da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuí-
Comentários: NOVIDADE LEGISLATIVA (Lei nº zo de avaliar se o condenado preenche, ou não,
13.964/19)! Por isso destacamos dessa forma. os requisitos objetivos e subjetivos do benefício,
podendo determinar, para tal fim, de modo fun-
Note que, antes da lei, sendo primário ou reinci- damentado, a realização de exame criminológi-
dente em crime comum, bastaria o cumprimen- co.
to de 1/6 da pena – que equivale a 16,66% - para
progredir; e, tratando-se de crime hediondo, se
fosse primário, deveria cumprir 2/5 da pena – Súmula 716-STF: Admite-se a progressão de re-
40% - ou 3/5 – 60% - se reincidente. gime de cumprimento da pena ou a aplicação
imediata de regime menos severo nela determi-
Com o advento da Lei 13.964/19, há um grande nada, antes do trânsito em julgado da sentença
escalonamento de como a progressão se dará. condenatória.
Faremos uma tabela para facilitar.
Súmula 471-STJ: Os condenados por crimes he-
NOVA TABELA DE diondos ou assemelhados cometidos antes da
PROGRESSÃO SEGUNDO A LEP vigência da Lei nº 11.464/2007 sujeitam-se ao
disposto no art. 112 da Lei nº 7.210/84 (Lei de
CARACTERÍSTICAS % PARA Execução Penal) para a progressão de regime pri-
DO CRIME PROGREDIR sional.

SEM violência ou 16% primário


Súmula 491-STJ: É inadmissível a chamada pro-
grave ameaça 20% reincidente gressão per saltum de regime prisional.
25% primário
COM violência ou
grave ameaça 30% reincidente § 1º Em todos os casos, o apenado só terá
direito à progressão de regime se osten-
Crime hediondo ou 40% primário tar boa conduta carcerária, comprovada
equiparado pelo diretor do estabelecimento, respei-
60% reincidente tadas as normas que vedam a progres-
são. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
Crime hediondo ou 2019)
equiparado, com
§ 2º A decisão do juiz que determinar a
morte e condenado
progressão de regime será sempre mo-
primário tivada e precedida de manifestação do
+ Ministério Público e do defensor, proce-
Condenado pelo co- dimento que também será adotado na
mando de org. crim. 50% concessão de livramento condicional, in-
p/ crimes hedion- dulto e comutação de penas, respeitados
dos os prazos previstos nas normas vigentes.
+ (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
Condenado pelo cri-
me de constituição Comentários: o novo §2º previu a necessidade
de milícia privada de contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV, da
CF).

47
#LEGIS

§ 3º No caso de mulher gestante ou que Comentários: o §5º adapta o entendimento já


for mãe ou responsável por crianças ou consolidado nos tribunais superiores, no sentido
pessoas com deficiência, os requisitos de que o §4º, do art. 33, da Lei de Drogas não é
para progressão de regime são, cumulati- hediondo.
vamente: (Incluído pela Lei nº 13.769, de
2018)
Jurisprudência: “O chamado “tráfico privi-
legiado”, previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº
I - não ter cometido crime com violência 11.343/2006 (Lei de Drogas), não deve ser consi-
ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela derado crime equiparado a hediondo. STF. Ple-
Lei nº 13.769, de 2018) nário. HC 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 23/6/2016 (Info 831). O tráfico ilícito
II - não ter cometido o crime contra seu de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, §
filho ou dependente; (Incluído pela Lei nº 4º, da Lei nº 11.343/2006) não é crime equipara-
13.769, de 2018) do a hediondo e, por conseguinte, deve ser can-
III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oita- celado o Enunciado 512 da Súmula do Superior
vo) da pena no regime anterior; (Incluído Tribunal de Justiça. STJ. 3ª Seção. Pet 11796-DF,
pela Lei nº 13.769, de 2018) Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
IV - ser primária e ter bom comportamen- em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595). O
to carcerário, comprovado pelo diretor que dizia a Súmula 512-STJ: “A aplicação da cau-
do estabelecimento; (Incluído pela Lei nº sa de diminuição de pena prevista no art. 33, §
13.769, de 2018) 4º, da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez
do crime de tráfico de drogas.” STF. Plenário. HC
V - não ter integrado organização crimi- 118533/MS, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
nosa. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) 23/6/2016 (Info 831) e STJ. 3ª Seção. Pet 11796-
DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julga-
do em 23/11/2016 (recurso repetitivo) (Info 595)
§ 4º O cometimento de novo crime doloso
ou falta grave implicará a revogação do be- Fonte: Dizer o direito.
nefício previsto no § 3º deste artigo. (In-
cluído pela Lei nº 13.769, de 2018)
Jurisprudência:
Comentários: artigo correlato, mas que trabalha STF: HABEAS CORPUS COLETIVO. ADMISSIBILI-
com as prisões cautelares: DADE. DOUTRINA BRASILEIRA DO HABEAS COR-
PUS. MÁXIMA EFETIVIDADE DO WRIT. MÃES E
Art. 318-A, CPP. A prisão preventiva imposta à GESTANTES PRESAS. RELAÇÕES SOCIAIS MASSI-
mulher gestante ou que for mãe ou responsá- FICADAS E BUROCRATIZADAS. GRUPOS SOCIAIS
vel por crianças ou pessoas com deficiência VULNERÁVEIS. ACESSO À JUSTIÇA. FACILITAÇÃO.
será substituída por prisão domiciliar, desde EMPREGO DE REMÉDIOS PROCESSUAIS ADEQUA-
que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). DOS. LEGITIMIDADE ATIVA. APLICAÇÃO ANALÓ-
GICA DA LEI 13.300/2016. MULHERES GRÁVIDAS
I - não tenha cometido crime com violência ou OU COM CRIANÇAS SOB SUA GUARDA. PRISÕES
grave ameaça a pessoa; (Incluído pela Lei nº PREVENTIVAS CUMPRIDAS EM CONDIÇÕES DE-
13.769, de 2018). GRADANTES. INADMISSIBILIDADE. PRIVAÇÃO DE
CUIDADOS MÉDICOS PRÉ-NATAL E PÓS-PARTO.
II - não tenha cometido o crime contra seu filho FALTA DE BERÇÁRIOS E CRECHES. ADPF 347 MC/
ou dependente. (Incluído pela Lei nº 13.769, de DF. SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO. ESTADO
2018). DE COISAS INCONSTITUCIONAL. CULTURA DO
ENCARCERAMENTO. NECESSIDADE DE SUPERA-
ÇÃO. DETENÇÕES CAUTELARES DECRETADAS DE
§ 5º Não se considera hediondo ou equi- FORMA ABUSIVA E IRRAZOÁVEL. INCAPACIDADE
parado, para os fins deste artigo, o crime DO ESTADO DE ASSEGURAR DIREITOS FUNDA-
de tráfico de drogas previsto no § 4º do MENTAIS ÀS ENCARCERADAS. OBJETIVOS DE DE-
art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto SENVOLVIMENTO DO MILÊNIO E DE DESENVOL-
de 2006. (Incluído pela Lei nº 13.964, de VIMENTO SUSTENTÁVEL DA ORGANIZAÇÃO DAS
2019) NAÇÕES UNIDAS. REGRAS DE BANGKOK. ESTATU-

48
#LEGIS

TO DA PRIMEIRA INFÂNCIA. APLICAÇÃO À ESPÉ- -parto, inexistindo, outrossim berçários


CIE. ORDEM CONCEDIDA. EXTENSÃO DE OFÍCIO. e creches para seus filhos.
VIII – “Cultura do encarceramento” que se
I – Existência de relações sociais massifi- evidencia pela exagerada e irrazoável im-
cadas e burocratizadas, cujos problemas posição de prisões provisórias a mulheres
estão a exigir soluções a partir de remé- pobres e vulneráveis, em decorrência de
dios processuais coletivos, especialmente excessos na interpretação e aplicação da
para coibir ou prevenir lesões a direitos de lei penal, bem assim da processual penal,
grupos vulneráveis. mesmo diante da existência de outras solu-
II – Conhecimento do writ coletivo home- ções, de caráter humanitário, abrigadas no
nageia nossa tradição jurídica de conferir ordenamento jurídico vigente.
a maior amplitude possível ao remédio he- IX – Quadro fático especialmente inquie-
roico, conhecida como doutrina brasileira tante que se revela pela incapacidade de
do habeas corpus. o Estado brasileiro garantir cuidados mí-
III – Entendimento que se amolda ao dis- nimos relativos à maternidade, até mes-
posto no art. 654, § 2º, do Código de Pro- mo às mulheres que não estão em situação
cesso Penal - CPP, o qual outorga aos juízes prisional, como comprova o “caso Alyne
e tribunais competência para expedir, de Pimentel”, julgado pelo Comitê para a Eli-
ofício, ordem de habeas corpus, quando no minação de todas as Formas de Discrimina-
curso de processo, verificarem que alguém ção contra a Mulher das Nações Unidas.
sofre ou está na iminência de sofrer coação X – Tanto o Objetivo de Desenvolvimento
ilegal. do Milênio nº 5 (melhorar a saúde mater-
IV – Compreensão que se harmoniza tam- na) quanto o Objetivo de Desenvolvimento
bém com o previsto no art. 580 do CPP, Sustentável nº 5 (alcançar a igualdade de
que faculta a extensão da ordem a todos gênero e empoderar todas as mulheres e
que se encontram na mesma situação pro- meninas), ambos da Organização das Na-
cessual. ções Unidades, ao tutelarem a saúde re-
produtiva das pessoas do gênero feminino,
V - Tramitação de mais de 100 milhões de corroboram o pleito formulado na impetra-
processos no Poder Judiciário, a cargo de ção. XII – Incidência de amplo regramento
pouco mais de 16 mil juízes, a qual exige internacional relativo a Direitos Huma-
que o STF prestigie remédios processuais nos, em especial das Regras de Bangkok,
de natureza coletiva para emprestar a má- segundo as quais deve ser priorizada
xima eficácia ao mandamento constitu- solução judicial que facilite a utilização
cional da razoável duração do processo e de alternativas penais ao encarceramen-
ao princípio universal da efetividade da to, principalmente para as hipóteses em
prestação jurisdicional que ainda não haja decisão condenatória
VI - A legitimidade ativa do habeas cor- transitada em julgado.
pus coletivo, a princípio, deve ser reser- XIII – Cuidados com a mulher presa que
vada àqueles listados no art. 12 da Lei se direcionam não só a ela, mas igual-
13.300/2016, por analogia ao que dispõe a mente aos seus filhos, os quais sofrem
legislação referente ao mandado de injun- injustamente as consequências da prisão,
ção coletivo. em flagrante contrariedade ao art. 227 da
VII – Comprovação nos autos de existên- Constituição, cujo teor determina que se dê
cia de situação estrutural em que mulhe- prioridade absoluta à concretização dos di-
res grávidas e mães de crianças (entendi- reitos destes.
do o vocábulo aqui em seu sentido legal, XIV – Quadro descrito nos autos que exige
como a pessoa de até doze anos de idade o estrito cumprimento do Estatuto da Pri-
incompletos, nos termos do art. 2º do Es- meira Infância, em especial da nova reda-
tatuto da Criança e do Adolescente - ECA) ção por ele conferida ao art. 318, IV e V, do
estão, de fato, cumprindo prisão preven- Código de Processo Penal.
tiva em situação degradante, privadas
de cuidados médicos pré-natais e pós- XV – Acolhimento do writ que se impõe de
modo a superar tanto a arbitrariedade ju-
dicial quanto a sistemática exclusão de

49
#LEGIS

direitos de grupos hipossuficientes, típica 318-A do Código de Processo Penal, introduzido


de sistemas jurídicos que não dispõem de pela Lei n. 13.769/2018, estabelece um poder-
soluções coletivas para problemas estrutu- -dever para o juiz substituir a prisão preventi-
rais. va por domiciliar de gestante, mãe de criança
XVI – Ordem concedida para determinar menor de 12 anos e mulher responsável por
a substituição da prisão preventiva pela pessoa com deficiência, sempre que apresen-
domiciliar - sem prejuízo da aplicação tada prova idônea do requisito estabelecido
concomitante das medidas alternativas na norma (art. 318, parágrafo único), ressalva-
previstas no art. 319 do CPP - de todas das as exceções legais. A normatização de ape-
as mulheres presas, gestantes, puérpe- nas duas das exceções não afasta a efetividade
ras ou mães de crianças e deficientes, do que foi decidido pelo Supremo no Habeas
nos termos do art. 2º do ECA e da Con- Corpus n. 143.641/SP, nos pontos não alcança-
venção sobre Direitos das Pessoas com dos pela nova lei. O fato de o legislador não ter
Deficiências (Decreto Legislativo 186/2008 inserido outras exceções na lei, não significa que
e Lei 13.146/2015), relacionadas neste pro- o Magistrado esteja proibido de negar o benefício
cesso pelo DEPEN e outras autoridades es- quando se deparar com casos excepcionais. As-
taduais, enquanto perdurar tal condição, sim, deve prevalecer a interpretação teleológica
excetuados os casos de crimes pratica- da lei, assim como a proteção aos valores mais
dos por elas mediante violência ou grave vulneráveis. Com efeito, naquilo que a lei não
ameaça, contra seus descendentes ou, regulou, o precedente da Suprema Corte deve
ainda, em situações excepcionalíssimas, continuar sendo aplicado, pois uma interpreta-
as quais deverão ser devidamente funda- ção restritiva da norma pode representar, em de-
mentadas pelos juízes que denegarem o terminados casos, efetivo risco direto e indireto à
benefício. criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser
integral e prioritária. Assim, a separação excep-
XVII – Extensão da ordem de ofício a to- cionalíssima da mãe de seu filho, com a decreta-
das as demais mulheres presas, gestan- ção da prisão preventiva, somente pode ocorrer
tes, puérperas ou mães de crianças e de quando violar direitos do menor ou do deficien-
pessoas com deficiência, bem assim às te, tendo em vista a força normativa da nova lei
adolescentes sujeitas a medidas socioe- que regula o tema. (HC 470.549/TO, Rel. Ministro
ducativas em idêntica situação no terri- REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TUR-
tório nacional, observadas as restrições MA, julgado em 12/02/2019, DJe 20/02/2019)
acima. (HC 143641/SP)
Fonte: Dizer o direito.
STJ: O art. 318-A do Código de Processo Penal,
introduzido pela Lei n. 13.769/2018, estabelece § 6º O cometimento de falta grave duran-
um poder-dever para o juiz substituir a prisão te a execução da pena privativa de liber-
preventiva por domiciliar de gestante, mãe de dade interrompe o prazo para a obtenção
criança menor de 12 anos e mulher responsável da progressão no regime de cumprimen-
por pessoa com deficiência, sempre que apre- to da pena, caso em que o reinício da con-
sentada prova idônea do requisito estabelecido tagem do requisito objetivo terá como
na norma (art. 318, parágrafo único), ressalvadas base a pena remanescente. (Incluído pela
as exceções legais. Todavia, naquilo que a lei Lei nº 13.964, de 2019)
não regulou, o precedente da Suprema Corte
(HC n. 143.641/SP) deve continuar sendo apli- Comentários: o §6º positiva aquilo que já esta-
cado, pois uma interpretação restritiva da norma va consolidado jurisprudencialmente, através da
pode representar, em determinados casos, efeti- Súmula 534 do STJ.
vo risco direto e indireto à criança ou ao deficien-
te, cuja proteção deve ser integral e prioritária.
(HC 487.763/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOA- Súmula 534-STJ: A prática de falta grave inter-
RES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em rompe a contagem do prazo para a progressão
02/04/2019, DJe 16/04/2019) de regime de cumprimento de pena, o qual se
STJ: A prisão domiciliar consiste no recolhimento reinicia a partir do cometimento dessa infração.
do indiciado ou acusado em sua residência, só
podendo dela ausentar-se com autorização judi-
cial (art. 317 do Código de Processo Penal). O art. § 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)

50
#LEGIS

Art. 114. Somente poderá ingressar no re-


Anotações sobre os artigos anteriores: gime aberto o condenado que:

I - estiver trabalhando ou comprovar a


possibilidade de fazê-lo imediatamente;
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou
pelo resultado dos exames a que foi sub-
metido, fundados indícios de que irá ajus-
tar-se, com autodisciplina e senso de res-
ponsabilidade, ao novo regime.

Parágrafo único. Poderão ser dispensadas


do trabalho as pessoas referidas no artigo 117
desta Lei.

Jurisprudência-STJ: O art. 114, inciso I, da Lei


de Execuções Penais, exige do condenado, para a
progressão ao regime aberto, a comprovação de
trabalho ou a possibilidade imediata de fazê-lo.
Segundo a 5ª Turma do STJ, esta regra deve ser
interpretada com temperamentos, pois a realida-
de mostra que, estando a pessoa presa, raramen-
te ela possui condições de, desde logo, compro-
var a existência de proposta efetiva de emprego
ou de demonstrar estar trabalhando, por meio
de apresentação de carteira assinada. Desse
modo, é possível a progressão mesmo sem o
cumprimento desse requisito, devendo o ape-
nado, após conseguir a progressão, demonstrar
que conseguiu a ocupação lícita, sob pena de ser
cassado o benefício. STJ. 5ª Turma. HC 229494-
RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
11/9/2012.

Fonte: Dizer o direito.

Comentários: as pessoas referidas no art. 117


são:

a) gestante;
b) maior de 70 anos;
c) pessoa com doença grave ou;
d) pessoa com filho menor, com deficiência física
ou mental.

Art. 115. O Juiz poderá estabelecer con-


Art. 113. O ingresso do condenado em regi- dições especiais para a concessão de regime
me aberto supõe a aceitação de seu programa e aberto, sem prejuízo das seguintes condições
das condições impostas pelo Juiz. gerais e obrigatórias:

I - permanecer no local que for designado,


durante o repouso e nos dias de folga;

51
#LEGIS

II - sair para o trabalho e retornar, nos horá- Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preven-
rios fixados; tiva pela domiciliar quando o agente for: (Reda-
III - não se ausentar da cidade onde reside, ção dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
sem autorização judicial;
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela
IV - comparecer a Juízo, para informar e jus- Lei nº 12.403, de 2011).
tificar as suas atividades, quando for deter-
minado. II - extremamente debilitado por motivo de
doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).
Súmula 493-STJ: É inadmissível a fixação de
III - imprescindível aos cuidados especiais
pena substitutiva (artigo 44 do CP) como condi-
de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade
ção especial ao regime aberto.
ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011).
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condi- IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº
ções estabelecidas, de ofício, a requerimento 13.257, de 2016)
do Ministério Público, da autoridade adminis-
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos
trativa ou do condenado, desde que as circuns-
de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº
tâncias assim o recomendem. 13.257, de 2016)
VI - homem, caso seja o único responsável
Anotações sobre os artigos anteriores: pelos cuidados do filho de até 12 (doze)
anos de idade incompletos. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016)

Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigi-


rá prova idônea dos requisitos estabelecidos nes-
te artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mu-


lher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substi-
tuída por prisão domiciliar, desde que: (Incluído
pela Lei nº 13.769, de 2018).

I - não tenha cometido crime com violência


ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela
Lei nº 13.769, de 2018).
Art. 117. Somente se admitirá o recolhi- II - não tenha cometido o crime contra seu
mento do beneficiário de regime aberto em re- filho ou dependente. (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018).
sidência particular quando se tratar de:

I - condenado maior de 70 (setenta) anos; Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts.
318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da
II - condenado acometido de doença gra- aplicação concomitante das medidas alternati-
ve; vas previstas no art. 319 deste Código. (Incluído
III - condenada com filho menor ou defi- pela Lei nº 13.769, de 2018).
ciente físico ou mental;
IV - condenada gestante. Jurisprudência:
Comentários: não confundir com os artigos 318, STJ: Pela literalidade da LEP, somente teria di-
318-A e 318-B do CPP, os quais tratam da prisão reito à prisão domiciliar a pessoa condenada ao
cautelar domiciliar. Confira: regime aberto que se enquadrasse em uma das
hipóteses do art. 117 da LEP. No entanto, em
hipóteses excepcionais, a jurisprudência tem

52
#LEGIS

autorizado que condenados que estejam no re- Jurisprudência-STJ: Para o reconhecimento da


gime fechado ou semiaberto possam ter direito prática de falta disciplinar será necessária a oiti-
à prisão domiciliar. Assim, o STJ tem admitido a va prévia do condenado em processo administra-
concessão da prisão domiciliar aos condenados tivo (Súmula 533-STJ).
que se encontram em regime semiaberto e fe-
chado, em situações excepcionalíssimas, como, No entanto, é possível que seja determinada a
por exemplo, no caso de portadores de doença regressão cautelar do reeducando que prati-
grave, desde que comprovada a impossibilidade cou falta grave mesmo sem a sua prévia oitiva.
da assistência médica no estabelecimento prisio-
nal em que cumprem sua pena. STJ. 5ª Turma. HC Assim, para fins de regressão cautelar não é ne-
365.633/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em cessária a prévia instauração ou conclusão do
18/05/2017. STJ. 6ª Turma. HC 358.682/PR, Rel. procedimento administrativo - PAD e a oitiva do
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em sentenciado em juízo. Tais providências são exi-
01/09/2016. gíveis apenas no caso de regressão definitiva.
É imprescindível a realização de audiência de jus-
STJ: Reeducando, em prisão domiciliar, pode ser tificação apenas quando o Juízo da execução pe-
autorizado a se ausentar de sua residência para nal proceder à regressão definitiva do apenado a
frequentar culto religioso no período noturno. O regime mais gravoso, de modo que a regressão
cumprimento de prisão domiciliar não impede cautelar prescinde de prévia oitiva judicial.
a liberdade de culto, quando compatível com as STJ. 5ª Turma. RHC 81.352/MA, Rel. Min. Joel Ilan
condições impostas ao reeducando, atendendo à Paciornik, julgado em 18/04/2017.
finalidade ressocializadora da pena. STJ. 6ª Tur- STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 423.979/RS, Rel.
ma. REsp 1788562-TO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, jul- Min. Maria Thereza De Assis Moura, julgado em
gado em 17/09/2019 (Info 657). 06/03/2018.
Fonte: Dizer o direito.
II - sofrer condenação, por crime anterior,
STJ: É possível a concessão de prisão domici-
cuja pena, somada ao restante da pena em
liar, ainda que se trate de execução provisória
execução, torne incabível o regime (artigo
da pena, para condenada com filho menor de 12
111).
anos ou responsável por pessoa com deficiência.
(HC 487.763-SP)
Comentários: inciso que deve ser lido em con-
junto ao art. 111 da LEP. Por isso, remeto o leitor
Art. 118. A execução da pena privativa de para os comentários feitos naquele dispositivo.
liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com
a transferência para qualquer dos regimes mais
rigorosos, quando o condenado: § 1° O condenado será transferido do regime
aberto se, além das hipóteses referidas nos
incisos anteriores, frustrar os fins da exe-
I - praticar fato definido como crime dolo- cução ou não pagar, podendo, a multa
so ou falta grave; cumulativamente imposta.

Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta gra- Jurisprudência:


ve decorrente do cometimento de fato definido
como crime doloso no cumprimento da pena STJ: O não pagamento voluntário da pena de
prescinde do trânsito em julgado de sentença multa impede a progressão no regime prisional?
penal condenatória no processo penal instaura- SIM. O Plenário do STF decidiu o seguinte: • Re-
do para apuração do fato. gra: o inadimplemento deliberado da pena de
multa cumulativamente aplicada ao sentenciado
Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prá- impede a progressão no regime prisional. • Exce-
tica de falta disciplinar no âmbito da execução ção: mesmo sem ter pago, pode ser permitida a
penal, é imprescindível a instauração de procedi- progressão de regime se ficar comprovada a ab-
mento administrativo pelo diretor do estabeleci- soluta impossibilidade econômica do apenado
mento prisional, assegurado o direito de defesa, em quitar a multa, ainda que parceladamente.
a ser realizado por advogado constituído ou de- STF. Plenário. EP 12 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min.
fensor público nomeado. Roberto Barroso, julgado em 8/4/2015 (Info 780).

53
#LEGIS

STJ: Como regra, o inadimplemento delibera- crime. Após regular tramitação de processo nos
do da pena de multa cumulativamente aplicada juízos competentes, Gerson foi condenado pela
ao sentenciado impede a progressão no regime prática de extorsão mediante sequestro e Gilson,
prisional. Em outras palavras, a pessoa só pode- por cometimento de infração análoga a esse cri-
rá progredir se pagar a pena de multa. Exceção: me.
mesmo sem ter pago, pode ser permitida a pro-
gressão de regime se ficar comprovada a abso- Com relação a essa situação hipotética, julgue o
luta impossibilidade econômica do apenado em próximo item.
quitar a multa, ainda que parceladamente. Se o
juiz autorizar que o condenado pague a pena de Conforme entendimento dos tribunais superio-
multa parceladamente, o apenado poderá pro- res, tendo sido condenado pela prática de crime
gredir de regime, assumindo o compromisso de hediondo, Gerson deverá ser submetido ao exa-
quitar todas as prestações da multa. Caso deixe me criminológico para ter direito à progressão de
de pagar injustificadamente o parcelamento, ha- regime.
verá a regressão de regime. O inadimplemento
injustificado das parcelas da pena de multa au-
toriza a regressão no regime prisional. STF. Ple-
3. MPE-SC (MPE-SC – 2014) A pena privativa de
nário. EP 16 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto
liberdade será executada em forma progressiva
Barroso, julgado em 1º/7/2016 (Info 832).
com a transferência para regime menos rigoroso,
Fonte: Dizer o direito.
a ser determinada pelo juiz da execução penal,
quando o preso tiver cumprido ao menos um
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
anterior, deverá ser ouvido previamente comportamento carcerário, comprovado pelo
o condenado. boletim de informação penal. Não ocorrendo ne-
nhum incidente de execução, deverá o juiz con-
ceder imediatamente a progressão, por se tratar
Comentários: mais uma vez sendo prestigiado o de direito inquestionável do apenado, não sen-
contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV, da CF). do necessário ouvir Ministério Público e Defesa.
(ATENÇÃO PARA AS MUDANÇAS LEGISLATIVAS)
Art. 119. A legislação local poderá estabe-
lecer normas complementares para o cumpri-
mento da pena privativa de liberdade em regime 4. MPE-SC (MPE-SC – 2013) Juiz poderá estabe-
aberto (artigo 36, § 1º, do Código Penal). lecer condições especiais para a concessão de
regime aberto, sem prejuízo das seguintes con-
dições gerais e obrigatórias: permanecer no local
Questões: que for designado, durante o repouso e nos dias
de folga; sair para o trabalho e retornar, nos horá-
1. MPE-SC (MPE-SC – 2019) Nos termos da Lei de rios fixados; não se ausentar da cidade onde re-
Execução Penal, no caso de mulher gestante ou side, sem autorização judicial; comparecer a Juí-
que for mãe ou responsável por crianças, ado- zo, para informar e justificar as suas atividades,
lescentes ou pessoas com deficiência, os requi- quando for determinado.
sitos para progressão de regime são, cumulativa-
mente: não ter cometido crime com violência ou
grave ameaça a pessoa; não ter cometido o cri- Anotações gerais sobre as questões anteriores:
me contra seu filho ou dependente; ter cumpri-
do ao menos 1/8 (um oitavo) da pena no regime
anterior; ser primária e ter bom comportamento
carcerário, comprovado pelo diretor do estabele-
cimento; e não ter integrado organização crimi-
nosa.
Gabarito: 1-E, 2-E, 3-E, 4-C.
SEÇÃO III
2. DPU (CESPE – 2015) Gerson, com vinte e um
anos de idade, e Gilson, com dezesseis anos de Das Autorizações de Saída
idade, foram presos em flagrante pela prática de

54
#LEGIS

SUBSEÇÃO I
Da Permissão de Saída

Art. 120. Os condenados que cumprem


pena em regime fechado ou semi-aberto e os
presos provisórios poderão obter permissão
para sair do estabelecimento, mediante escolta,
quando ocorrer um dos seguintes fatos:

I - falecimento ou doença grave do cônjuge,


companheira, ascendente, descendente ou
irmão;
II - necessidade de tratamento médico (pa-
rágrafo único do artigo 14). SUBSEÇÃO II
Da Saída Temporária
Parágrafo único. A permissão de saída será
concedida pelo diretor do estabelecimento Art. 122. Os condenados que cumprem
onde se encontra o preso. pena em regime semi-aberto poderão obter
autorização para saída temporária do estabele-
Art. 121. A permanência do preso fora do cimento, sem vigilância direta, nos seguintes
estabelecimento terá a duração necessária à fi- casos:
nalidade da saída.
I - visita à família;
Comentários: lembre-se: permissão de saída II - freqüência a curso supletivo profissio-
é uma das espécies de autorização de saída, ao nalizante, bem como de instrução do 2º
lado da saída temporária. grau ou superior, na Comarca do Juízo da
Execução;
AUTORIZAÇÃO DE SAÍDA III - participação em atividades que concor-
ram para o retorno ao convívio social.
Saída
Permissão de Saída
Temporária
§ 1º A ausência de vigilância direta não im-
PERMISSÃO DE SAÍDA pede a utilização de equipamento de moni-
toração eletrônica pelo condenado, quan-
Regime fechado, semia- do assim determinar o juiz da execução.
Regimes
berto (ou preso provisório) § 2º Não terá direito à saída temporária a
Controle Escolta que se refere o caput deste artigo o con-
denado que cumpre pena por praticar
Quem defere Diretor crime hediondo com resultado morte.

Duração Tempo necessário


Comentários: o §2º é novidade da Lei 13.964/19.
a) Falecimento ou doença Antes não existia essa vedação.
grave do CADI;
Hipóteses b) Necessidade de trata- Art. 123. A autorização será concedida por
mento médico. ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Mi-
nistério Público e a administração penitenciária
Anotações sobre os artigos anteriores: e dependerá da satisfação dos seguintes requi-
sitos:

55
#LEGIS

Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporá- autorização ou revelar baixo grau de aprovei-
ria no âmbito da execução penal é ato jurisdicio- tamento do curso.
nal insuscetível de delegação à autoridade admi-
nistrativa do estabelecimento prisional. Parágrafo único. A recuperação do direi-
to à saída temporária dependerá da absolvição
I - comportamento adequado; no processo penal, do cancelamento da punição
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) disciplinar ou da demonstração do merecimento
da pena, se o condenado for primário, e 1/4 do condenado.
(um quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benefício com os Comentários: lembre-se: saída temporária é
objetivos da pena. uma das espécies de autorização de saída, ao
lado da permissão de saída.
Art. 124. A autorização será concedida por
prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser
SAÍDA TEMPORÁRIA
renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o
ano.
Regime Regime semiaberto
§ 1º Ao conceder a saída temporária, o juiz
imporá ao beneficiário as seguintes con-
dições, entre outras que entender com- Sem controle direto,
patíveis com as circunstâncias do caso e a Controle
mas pode monitoração
situação pessoal do condenado: (Incluído
pela Lei nº 12.258, de 2010)
Quem defere Juiz
I - fornecimento do endereço onde reside
a família a ser visitada ou onde poderá ser a) Curso: tempo necessá-
encontrado durante o gozo do benefício; rio
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
b) Demais casos: até 7
II - recolhimento à residência visitada, Duração dias, renovadas outras 4
no período noturno; (Incluído pela Lei nº
12.258, de 2010) vezes, respeitado o inter-
valo de 45 dias entre cada
III - proibição de frequentar bares, casas uma
noturnas e estabelecimentos congêneres.
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) a) Visita à família;
b) Curso;
§ 2º Quando se tratar de frequência a cur- Hipóteses
so profissionalizante, de instrução de en- c) Outras atividades que
sino médio ou superior, o tempo de saída concorram para o retorno
será o necessário para o cumprimento das ao convívio social
atividades discentes. (Renumerado do pa-
rágrafo único pela Lei nº 12.258, de 2010) a) Comportamento ade-
§ 3º Nos demais casos, as autorizações de quado;
saída somente poderão ser concedidas b) Cumprir 1/6 se primário
com prazo mínimo de 45 (quarenta e cin- Requisitos
e ¼ se reincidente;
co) dias de intervalo entre uma e outra.
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) c) Compatibilidade com os
objetivos da pena.
Art. 125. O benefício será automaticamen-
te revogado quando o condenado praticar fato
Jurisprudência:
definido como crime doloso, for punido por fal-
ta grave, desatender as condições impostas na

56
#LEGIS

STJ: Há compatibilidade entre o benefício da recomendável que cada autorização de saída


saída temporária e prisão domiciliar por falta de temporária do preso seja precedida de decisão
estabelecimento adequado para o cumprimento judicial motivada. Entretanto, se a apreciação in-
de pena de reeducando que se encontre no re- dividual do pedido estiver, por deficiência exclu-
gime semiaberto. STJ. 6ª Turma. HC 489106-RS, siva do aparato estatal, a interferir no direito sub-
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 13/08/2019 jetivo do apenado e no escopo ressocializador da
(Info 655). pena, deve ser reconhecida, excepcionalmente,
a possibilidade de fixação de calendário anual
STJ: A prática de falta grave durante o cumpri- de saídas temporárias por ato judicial único, ob-
mento da pena não acarreta a alteração da da- servadas as hipóteses de revogação automática
ta-base para fins de saída temporária e trabalho do art. 125 da LEP. STJ. 3ª Seção. REsp 1544036-
externo. Dito de outro modo: a prática de falta RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
grave no curso da execução não interrompe o 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).
prazo para a concessão da saída temporária e
trabalho externo. Não interrompe o requisito ob- STJ: Competência do juiz da execução para fixa-
jetivo do lapso temporal para obtenção dos be- ção do calendário prévio de saídas temporárias
nefícios de trabalho externo e de saída temporá- O calendário prévio das saídas temporárias de-
ria. Isso porque os requisitos para tais benefícios verá ser fixado, obrigatoriamente, pelo Juízo das
estão expressamente previstos nos arts. 36, 37 e Execuções, não se lhe permitindo delegar à auto-
123 da LEP e neles não se menciona a necessi- ridade prisional a escolha das datas específicas
dade de reinício da contagem do prazo em caso nas quais o apenado irá usufruir os benefícios.
de prática de falta grave. STJ. 5ª Turma. AgRg no STJ. 3ª Seção. REsp 1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio
REsp 1755701/RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julga- Schietti Cruz, julgado em 14/9/2016 (recurso re-
do em 06/11/2018. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp petitivo) (Info 590).
985.011/RS, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro,
julgado em 27/02/2018. Cuidado para não con- STF: A contagem do prazo do benefício de saí-
fundir. A prática de falta grave: • revoga os benefí- da temporária de preso é feita em dias e não em
cios da saída temporária e do trabalho externo. • horas. O apenado pedia que o prazo para a saída
mas não interrompe o prazo para a concessão de temporária fosse computado em horas. Segundo
saída temporária e para o trabalho externo. alegou, ele só é liberado do presídio às 12 horas
do primeiro dia do benefício, o que lhe é preju-
STJ: Possibilidade de concessão de mais de cin- dicial, já que assim ele perde algumas horas e,
co saídas temporárias por ano Respeitado o li- na prática, usufrui de apenas 6 dias e meio. A 2ª
mite anual de 35 dias, estabelecido pelo art. 124 Turma do STF entendeu que, na esfera penal, a
da LEP, é cabível a concessão de maior número contagem do prazo é feita em dias (art. 10 do CP),
de autorizações de curta duração. STJ. 3ª Seção. não sendo possível fazê-la em horas. CP/Art. 10.
REsp 1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info Contam-se os dias, os meses e os anos pelo ca-
590). lendário comum. STF. 2ª Turma. HC 130883/SC,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/5/2016 (Info
STJ: Prazo mínimo entre saídas temporárias As 828).
autorizações de saída temporária para visita à
família e para participação em atividades que
concorram para o retorno ao convívio social, se Fonte: Dizer o direito.
limitadas a cinco vezes durante o ano, deverão
observar o prazo mínimo de 45 dias de intervalo Anotações sobre os artigos anteriores:
entre uma e outra. Na hipótese de maior número
de saídas temporárias de curta duração, já inter-
caladas durante os doze meses do ano e muitas
vezes sem pernoite, não se exige o intervalo pre-
visto no art. 124, § 3º, da LEP. STJ. 3ª Seção. REsp
1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julga-
do em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).

STJ: Possibilidade de fixação de calendário anual


de saídas temporárias por ato judicial único É

57
#LEGIS

§ 1º A contagem de tempo referida no caput


será feita à razão de: (Redação dada pela
Lei nº 12.433, de 2011)

I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze)


horas de frequência escolar - atividade
de ensino fundamental, médio, inclusive
profissionalizante, ou superior, ou ainda de
requalificação profissional - divididas, no
mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído
pela Lei nº 12.433, de 2011)
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias
de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.433,
de 2011)

Comentários: a remição é basicamente o des-


conto de pena pela utilização produtiva do tem-
po. A LEP prevê expressamente a remição pelo
trabalho e pelo estudo.

Note que ambas são aplicadas àqueles que estão


no regime fechado e semiaberto.
O mais importante, contudo, é decorar as pro-
porções:

Trabalho: 1 dia a menos de pena a cada 3 traba-


lhados;

Estudo: 1 dia a menos de pena a cada 12 horas,


divididas em, pelo menos, 3 dias (Ex.: 4h + 4h +
4h).

Aprofundando: há, ainda, a possibilidade de


remição pela leitura, a qual é disciplinada pela
Portaria Conjunta nº 276/2012 e Recomendação
44/2013 do CNJ.

STJ: É possível computar a remição pelo simples


fato de o apenado ficar lendo livros (sem fazer um
curso formal)? SIM. A atividade de leitura pode
ser considerada para fins de remição de parte do
tempo de execução da pena. STJ. 6ª Turma. HC
SEÇÃO IV 312486-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julga-
Da Remição do em 9/6/2015 (Info 564). (Fonte: Dizer o direito)
No mais, no RHC 165.084, em decisão monocráti-
Art. 126. O condenado que cumpre a pena ca, o STF permitiu a remição de pena por aprova-
ção no ENEM.
em regime fechado ou semiaberto poderá re-
mir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo
de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº § 2º As atividades de estudo a que se refere
12.433, de 2011). o § 1º deste artigo poderão ser desenvolvi-
das de forma presencial ou por metodolo-
gia de ensino a distância e deverão ser cer-
tificadas pelas autoridades educacionais

58
#LEGIS

competentes dos cursos frequentados. Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz pode-
(Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011) rá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido,
§ 3º Para fins de cumulação dos casos de observado o disposto no art. 57, recomeçando a
remição, as horas diárias de trabalho e de contagem a partir da data da infração disciplinar.
estudo serão definidas de forma a se com- (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
patibilizarem. (Redação dada pela Lei nº
12.433, de 2011) Súmula Vinculante 9-STF: O disposto no artigo
127 da Lei 7.210/1984 (Lei de Execução Penal)
Comentários: as diferentes espécies de remição foi recebido pela ordem constitucional vigente,
podem ser cumuladas. e não se lhe aplica o limite temporal previsto no
caput do artigo 58.

§ 4º O preso impossibilitado, por acidente, Súmula 534-STJ: A prática de falta grave inter-
de prosseguir no trabalho ou nos estudos rompe a contagem do prazo para a
continuará a beneficiar-se com a remi- progressão de regime de cumprimento de pena,
ção. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011) o qual se reinicia a partir do cometimento dessa
infração.
Comentários: parte da doutrina chama essa re-
mição do §4º de remição ficta, pois, embora não Súmula 535-STJ: A prática de falta grave não in-
tenha trabalhado/estudado, tem o direito. Não terrompe o prazo para fim de comutação de pena
confundir com a remição ficta por inexistência ou indulto.
de oportunidade de trabalho ou estudo, a qual
é afastada pela jurisprudência e será vista logo Art. 128. O tempo remido será computado
adiante. como pena cumprida, para todos os efeitos. (Re-
dação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 5º O tempo a remir em função das horas
de estudo será acrescido de 1/3 (um ter- Art. 129. A autoridade administrativa enca-
ço) no caso de conclusão do ensino fun- minhará mensalmente ao juízo da execução có-
damental, médio ou superior durante o pia do registro de todos os condenados que este-
cumprimento da pena, desde que certifi-
jam trabalhando ou estudando, com informação
cada pelo órgão competente do sistema de
educação. (Incluído pela Lei nº 12.433, de dos dias de trabalho ou das horas de frequência
2011) escolar ou de atividades de ensino de cada um
§ 6º O condenado que cumpre pena em re- deles. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
gime aberto ou semiaberto e o que usu-
frui liberdade condicional poderão remir, § 1º O condenado autorizado a estudar fora
pela frequência a curso de ensino regu- do estabelecimento penal deverá compro-
lar ou de educação profissional, parte do var mensalmente, por meio de declaração
tempo de execução da pena ou do período da respectiva unidade de ensino, a frequên-
de prova, observado o disposto no inciso I cia e o aproveitamento escolar. (Incluído
do § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 12.433, de 2011)
12.433, de 2011) § 2º Ao condenado dar-se-á a relação de
seus dias remidos. (Incluído pela Lei nº
Comentários: o artigo esclarece que o condena- 12.433, de 2011)
do em regime aberto pode remir pelo estudo.
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hi- Art. 130. Constitui o crime do artigo 299
póteses de prisão cautelar. (Incluído pela do Código Penal declarar ou atestar falsamente
Lei nº 12.433, de 2011) prestação de serviço para fim de instruir pedido
de remição.
§ 8º A remição será declarada pelo juiz da
execução, ouvidos o Ministério Público e
a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de Jurisprudência:
2011)

59
#LEGIS

STF: Não se admite a remição ficta da pena. realizado antes do início da execução penal, será
Embora o Estado tenha o dever de prover tra- possível a remição da pena porque o delito que
balho aos internos que desejem laborar, re- está sendo agora executado foi praticado antes
conhecer a remição ficta da pena, nesse caso, do trabalho exercido. Não interessa, portanto, se
faria com que todas as pessoas do sistema pri- o trabalho foi realizado antes ou depois do início
sional obtivessem o benefício, fato que causaria da execução penal (início do cumprimento da
substancial mudança na política pública do sis- pena). O que interessa analisar é se o trabalho
tema carcerário, além de invadir a esfera do Po- foi realizado antes ou depois do cometimento do
der Executivo. O instituto da remição exige, ne- crime no qual se quer aproveitar a remição. • Se
cessariamente, a prática de atividade laboral ou o trabalho foi realizado ANTES do crime: não será
educacional. Trata-se de reconhecimento pelo possível a remição na execução penal deste deli-
Estado do direito à diminuição da pena em virtu- to. • Se o trabalho foi realizado APÓS o crime: será
de de trabalho efetuado pelo detento. Não sen- sim possível a remição na execução penal deste
do realizado trabalho, estudo ou leitura, não há delito. STJ. 6ª Turma. HC 420257-RS, Rel. Min. Nefi
que se falar em direito à remição. STF. 1ª Turma. Cordeiro, julgado em 19/04/2018 (Info 625).
HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac.
Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018 (Info STJ: É possível a remição de pena com base no
904). STJ. 5ª Turma. HC 421425/MG, Rel. Min. Fe- trabalho exercido durante o período em que o
lix Fischer, julgado em 27/02/2018. STJ. 6ª Turma. apenado esteve preso em sua residência (pri-
HC 425155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado são domiciliar). A fim de evitar uma interpreta-
em 06/03/2018. ção restritiva da norma, impõe-se o reconheci-
mento dos dias trabalhados, ainda que em prisão
STJ: Ficando comprovado que o reeducando domiciliar. Em se tratando de remição da pena é
efetivamente exerceu o trabalho artesanal, ele possível fazer uma interpretação extensiva em
tem direito à remição. A alegação do Ministério prol do preso e da sociedade. STJ. 6ª Turma. AgRg
Público no sentido de que é impossível contro- no REsp 1689353/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Jú-
lar as horas trabalhadas com artesanato não é nior, julgado em 06/02/2018.
um argumento válido. Cabe ao Estado ao Estado
administrar o cumprimento do trabalho no âm- STJ: O reeducando tem direito à remição de
bito carcerário, não sendo razoável imputar ao sua pena pela atividade musical realizada em
sentenciado qualquer tipo de desídia na fiscali- coral. STJ. 6ª Turma.REsp 1666637-ES, Rel. Min.
zação ou controle desse meio. Caso concreto: o Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2017
apenado trabalhou na confecção de tapetes por (Info 613).
98 dias, tendo direito à remição de 32 dias de
pena. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1720785/RO, STF: Segundo o art. 33 da LEP, a jornada diária de
Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2018. trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6
horas e, no máximo, 8 horas. Apesar disso, se um
STJ: É possível a remição do tempo de traba- condenado, por determinação da direção do
lho realizado antes do início da execução da presídio, trabalha 4 horas diárias (menos do
pena, desde que em data posterior à prática que prevê a Lei), este período deverá ser com-
do delito. Ex: Em 2015, João praticou o crime “A”, putado para fins de remição de pena. Como
respondendo o processo em liberdade. Em 2016, esse trabalho do preso foi feito por orientação
João cometeu o crime “B” e, por conta deste se- ou estipulação da direção do presídio, isso gerou
gundo delito, ficou preso por 3 meses. Durante uma legítima expectativa de que ele fosse apro-
esse período, João trabalhou todos os dias na veitado, não sendo possível que seja desprezado,
unidade prisional. Em 2017, João foi absolvido sob pena de ofensa aos princípios da segurança
do delito “B”. Em 2018, João foi condenado pela jurídica e da proteção da confiança. Vale ressal-
prática do crime “A”, recebendo 6 anos de reclu- tar, mais uma vez, o trabalho era cumprido com
são. Iniciou-se a execução penal quanto ao crime essa jornada por conta da determinação do pre-
“A”. João poderá aproveitar o tempo que ficou sídio e não por um ato de insubmissão ou de in-
preso quanto ao crime “B” para ser beneficiado disciplina do preso. STF. 2ª Turma. RHC 136509/
com a remição relativa ao período. Isso porque o MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017
trabalho em questão foi realizado em momento (Info 860).
posterior (2016) à prática do delito cuja conde-
nação se executa (crime “A” praticado em 2015). STJ: Se o preso, ainda que sem autorização do
Desse modo, ainda que o trabalho tenha sido juízo ou da direção do estabelecimento prisio-

60
#LEGIS

nal, efetivamente trabalhar nos domingos e mana e dias não-úteis? SIM. A remição da pena
feriados, esses dias deverão ser considerados pelo estudo deve ocorrer independentemente
no cálculo da remição da pena. STJ. 5ª Turma. de a atividade estudantil ser desenvolvida em
HC 346948-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fon- dia não útil. O art. 126 da Lei 7.210/84 dispõe
seca, julgado em 21/6/2016 (Info 586). que a contagem de tempo para remição da pena
pelo estudo deve ocorrer à razão de 1 dia de pena
STJ: O fato de o estabelecimento penal onde se para cada 12 horas de frequência escolar, não ha-
encontra o detento assegurar acesso a atividades vendo qualquer ressalva sobre a consideração
laborais e à educação formal, não impede que apenas dos dias úteis para realização da referi-
ele obtenha também a remição pela leitura, que da contagem, sendo, inclusive, expressamente
é atividade complementar, mas não subsidiária, mencionada a possibilidade de ensino à distân-
podendo ocorrer concomitantemente, haven- cia. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1487218-DF, Rel.
do compatibilidade de horários. STJ. 5ª Turma. Min. Ericson Maranho (Desembargador convoca-
HC 353689-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em do do TJ/SP), julgado em 5/2/2015 (Info 556).
14/6/2016 (Info 587).
STF: A LEP estabelece que o cálculo da remi-
STJ: Reconhecida falta grave, a perda de até 1/3 ção da pena será efetuado pelos dias trabalha-
do tempo remido (art. 127 da LEP) pode alcan- dos pelo condenado (art. 126, § 1º, II da Lei nº
çar dias de trabalho (ou de estudo) anteriores à 7.210/84), não podendo o Judiciário construir
infração disciplinar e que ainda não tenham sido uma nova forma de cálculo com base nas horas
declarados pelo juízo da execução no cômputo trabalhadas. STF. 2ª Turma. HC 114393/RS, Rel.
da remição. Por outro lado, a perda dos dias re- Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/12/2013 (Info
midos não pode alcançar os dias trabalhados (ou 731).
de estudo) após o cometimento da falta grave.
STJ. 6ª Turma. REsp 1517936-RS, Rel. Min. Maria Fonte: Dizer o direito.
Thereza de Assis Moura, julgado em 1º/10/2015
(Info 571).
Súmula 562-STJ: É possível a remição de parte
STJ: Uma das punições impostas em caso de falta do tempo de execução da pena quando o conde-
grave é a perda de parte dos dias remidos, con- nado, em regime fechado ou semiaberto, desem-
forme previsto no art. 127 da LEP: Art. 127. Em penha atividade laborativa, ainda que extramu-
caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 ros.
(um terço) do tempo remido, observado o dis-
posto no art. 57, recomeçando a contagem a par-
tir da data da infração disciplinar. Quando o art. Anotações sobre os artigos anteriores:
127 fala que o juiz poderá revogar até 1/3 do tem-
po remido, isso significa que o magistrado tem
a possibilidade de, mesmo tendo sido praticada
uma falta grave, deixar de revogar o tempo remi-
do? NÃO. A prática de falta grave impõe a de-
cretação da perda de até 1/3 dos dias remidos,
devendo a expressão “poderá”, contida no art.
127 da LEP, ser interpretada como verdadeiro
PODER-DEVER do magistrado, ficando no juízo
de discricionariedade do julgador apenas a fra-
ção da perda, que terá como limite máximo 1/3
dos dias remidos. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
1430097-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
19/3/2015 (Info 559).
STJ: Remição é o direito que possui o condena-
do ou a pessoa presa cautelarmente de reduzir Questões:
o tempo de cumprimento da pena mediante o
abatimento de 1 dia de pena a cada 12 horas de 1. MPE-SC (MPE-SC – 2019) Dispõe a Lei n.
estudo ou de 1 dia de pena a cada 3 dias de traba- 7.210/1984 que o condenado que cumpre a pena
lho. É possível computar a remição pelo estudo em regime fechado ou semiaberto poderá remir,
ainda que as aulas ocorram durante finais de se- por trabalho ou por estudo, parte do tempo de
execução da pena. A contagem de tempo referida

61
#LEGIS

será feita à razão de: 1 (um) dia de pena a cada 12 A autorização para saída temporária, sem vigi-
(doze) horas de frequência escolar – atividade de lância direta, do estabelecimento prisional, para
ensino fundamental, médio, inclusive profissio- participação em atividades que concorram para
nalizante, ou superior, ou ainda de requalificação o retorno ao convívio social, pode ser obtida por
profissional – divididas, no mínimo, em 3 (três) condenados que cumpram pena em regime fe-
dias; e 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de chado e semiaberto.
trabalho.

Anotações gerais sobre as questões anteriores:


2. DPU (CESPE – 2017) Com referência à execu-
ção penal e ao regramento internacional de tra-
tamento das pessoas presas, julgue o item sub-
sequente.

Segundo o STF, o trabalho em regime aberto que


for realizado fora da casa de albergado não será
considerado para fins de remição da pena.

3. DPU (CESPE – 2015) Gerson, com vinte e um


anos de idade, e Gilson, com dezesseis anos de
idade, foram presos em flagrante pela prática de
crime. Após regular tramitação de processo nos
juízos competentes, Gerson foi condenado pela
prática de extorsão mediante sequestro e Gilson,
por cometimento de infração análoga a esse cri-
me.

Com relação a essa situação hipotética, julgue o


próximo item.

No cumprimento da pena em regime fechado,


Gerson poderá, para fins de remição, cumular
atividades laborativas com atividades típicas do
ensino fundamental. Nessa hipótese, para cada
três dias de trabalho e estudo concomitante, se-
rão abatidos dois dias de sua pena.

4. MPE-SC (MPE-SC – 2013) O condenado que


cumpre a pena em regime fechado ou semiaber-
to poderá remir um dia de pena a cada 12 (doze)
horas de freqüência escolar – atividade de ensi-
no fundamental, médio, inclusive profissiona-
lizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional – divididas, no mínimo, em 3 (três)
dias, sendo que impossibilitado, por acidente, de
prosseguir nos estudos, continuará a beneficiar- Gabarito: 1-C, 2-C, 3-C, 4-C, 5-E.
-se com a remição.
SEÇÃO V
Do Livramento Condicional
5. DP-DF (CESPE – 2013) De acordo com a Lei de
Execução Penal, julgue os itens subsequentes. Art. 131. O livramento condicional poderá
ser concedido pelo Juiz da execução, presentes

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#LEGIS

os requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo úni- Parágrafo único - Para o condenado por crime
co, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público doloso, cometido com violência ou grave amea-
e Conselho Penitenciário. ça à pessoa, a concessão do livramento ficará
também subordinada à constatação de condi-
ções pessoais que façam presumir que o liberado
Comentários: muitíssima atenção ao artigo 83 não voltará a delinqüir. (Redação dada pela Lei nº
do CP, pois sofreu mudanças da Lei 13.964/19. 7.209, de 11.7.1984)
Desse modo, transcrevo o dispositivo, destacan-
do as mudanças: Observe que, apesar de nova organização reali-
zada pelo inciso III, somente foi incluído o item
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento con- “b”, ao que dispunha o texto anterior.
dicional ao condenado a pena privativa de liber-
dade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: No mais, o inciso V, que não sofreu modificações,
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) deve ser lido à luz dos artigos 112, VI, “a” e VIII, da
LEP, que vedam o livramento para condenados
I - cumprida mais de um terço da pena se por crime hediondo ou equiparado com resulta-
o condenado não for reincidente em crime do morte. Além disso, o art. 2º, §9º da Lei de Or-
doloso e tiver bons antecedentes; (Re- ganizações Criminosas, vedou o livramento con-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) dicional “se houver elementos probatórios que
II - cumprida mais da metade se o conde- indiquem a manutenção do vínculo associativo”.
nado for reincidente em crime doloso; (Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Súmula 441-STJ: A falta grave não interrompe o
III - comprovado: (Redação dada pela Lei prazo para obtenção de livramento condicional.
nº 13.964, de 2019)
Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especifi-
a) bom comportamento durante a execu- cará as condições a que fica subordinado o livra-
ção da pena; (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019) mento.

b) não cometimento de falta grave nos § 1º Serão sempre impostas ao liberado


últimos 12 (doze) meses; (Incluído condicional as obrigações seguintes:
pela Lei nº 13.964, de 2019)
c) bom desempenho no trabalho que a) obter ocupação lícita, dentro de prazo ra-
lhe foi atribuído; e (Incluído pela Lei nº zoável se for apto para o trabalho;
13.964, de 2019)
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua
d) aptidão para prover a própria subsis- ocupação;
tência mediante trabalho honesto; (In-
c) não mudar do território da comarca do
cluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Juízo da execução, sem prévia autorização
deste.
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossi-
bilidade de fazê-lo, o dano causado pela § 2° Poderão ainda ser impostas ao libera-
infração; (Redação dada pela Lei nº do condicional, entre outras obrigações, as
7.209, de 11.7.1984) seguintes:
V - cumpridos mais de dois terços da pena,
nos casos de condenação por crime he- a) não mudar de residência sem comuni-
diondo, prática de tortura, tráfico ilícito cação ao Juiz e à autoridade incumbida da
de entorpecentes e drogas afins, tráfico observação cautelar e de proteção;
de pessoas e terrorismo, se o apenado não
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
for reincidente específico em crimes dessa
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.344, de c) não freqüentar determinados lugares.
2016) (Vigência) d) (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.258, de
2010)

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#LEGIS

Art. 133. Se for permitido ao liberado residir


fora da comarca do Juízo da execução, remeter- § 1º A caderneta conterá:
-se-á cópia da sentença do livramento ao Juízo
do lugar para onde ele se houver transferido e à a) a identificação do liberado;
autoridade incumbida da observação cautelar e b) o texto impresso do presente Capítulo;
de proteção.
c) as condições impostas.
Art. 134. O liberado será advertido da obri-
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao
gação de apresentar-se imediatamente às autori-
liberado um salvo-conduto, em que constem
dades referidas no artigo anterior. as condições do livramento, podendo
substituir-se a ficha de identificação ou o
Art. 135. Reformada a sentença denegató- seu retrato pela descrição dos sinais que
ria do livramento, os autos baixarão ao Juízo da possam identificá-lo.
execução, para as providências cabíveis. § 3º Na caderneta e no salvo-conduto
deverá haver espaço para consignar-se o
Art. 136. Concedido o benefício, será expe- cumprimento das condições referidas no
dida a carta de livramento com a cópia integral artigo 132 desta Lei.
da sentença em 2 (duas) vias, remetendo-se uma
à autoridade administrativa incumbida da execu- Art. 139. A observação cautelar e a proteção
ção e outra ao Conselho Penitenciário. realizadas por serviço social penitenciário, Patro-
nato ou Conselho da Comunidade terão a finali-
Art. 137. A cerimônia do livramento condi- dade de:
cional será realizada solenemente no dia marca-
do pelo Presidente do Conselho Penitenciário, I - fazer observar o cumprimento das condi-
no estabelecimento onde está sendo cumprida a ções especificadas na sentença concessiva
pena, observando-se o seguinte: do benefício;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na
I - a sentença será lida ao liberando, na pre- execução de suas obrigações e auxiliando-
sença dos demais condenados, pelo Presi- -o na obtenção de atividade laborativa.
dente do Conselho Penitenciário ou mem-
bro por ele designado, ou, na falta, pelo Parágrafo único. A entidade encarregada
Juiz; da observação cautelar e da proteção do liberado
II - a autoridade administrativa chamará a apresentará relatório ao Conselho Penitenciário,
atenção do liberando para as condições im- para efeito da representação prevista nos artigos
postas na sentença de livramento; 143 e 144 desta Lei.
III - o liberando declarará se aceita as con-
dições. Art. 140. A revogação do livramento condi-
cional dar-se-á nas hipóteses previstas nos arti-
gos 86 e 87 do Código Penal.
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado
termo subscrito por quem presidir a
cerimônia e pelo liberando, ou alguém Parágrafo único. Mantido o livramento con-
a seu rogo, se não souber ou não puder dicional, na hipótese da revogação facultativa, o
escrever. Juiz deverá advertir o liberado ou agravar as con-
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida dições.
ao Juiz da execução.
Comentários: Confira o que dispõe o Código Pe-
Art. 138. Ao sair o liberado do estabeleci- nal a respeito:
mento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo Revogação do livramento
de seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma ca- Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado
vem a ser condenado a pena privativa de liber-
derneta, que exibirá à autoridade judiciária ou
administrativa, sempre que lhe for exigida.

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#LEGIS

dade, em sentença irrecorrível: (Redação dada tuação, o sujeito perde o tempo cumprido, pois
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) afrontou a boa-fé estatal depositada nele (Ex.:
durante o LC o sujeito comete um roubo). Já na
I - por crime cometido durante a vigência segunda situação ele já respondia por outro cri-
do benefício; (Redação dada pela Lei nº me, e tão somente perdeu o livramento, porque o
7.209, de 11.7.1984) direito se tornou incompatível, contudo não des-
II - por crime anterior, observado o dispos- cumpriu propriamente as condições. Daí a razão
to no art. 84 deste Código. (Redação dada de não perder o tempo cumprido de LC.
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 143. A revogação será decretada a re-
Revogação facultativa querimento do Ministério Público, mediante
representação do Conselho Penitenciário, ou, de
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livra- ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.
mento, se o liberado deixar de cumprir qual-
quer das obrigações constantes da sentença, ou Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento
for irrecorrivelmente condenado, por crime ou do Ministério Público, da Defensoria Pública ou
contravenção, a pena que não seja privativa mediante representação do Conselho Peniten-
de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984) ciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as
condições especificadas na sentença, devendo
Efeitos da revogação o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por
uma das autoridades ou funcionários indicados
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, obser-
novamente concedido, e, salvo quando a revoga- vado o disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o do
ção resulta de condenação por outro crime ante- mesmo artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.313,
rior àquele benefício, não se desconta na pena de 2010).
o tempo em que esteve solto o condenado. (Re-
dação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Art. 145. Praticada pelo liberado outra in-
Ao passo que o art. 86 do CP traz as hipóteses de fração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão,
revogação obrigatória do livramento condicio- ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério
nal, o 87 traz as de revogação facultativa. Público, suspendendo o curso do livramento
condicional, cuja revogação, entretanto, ficará
Art. 141. Se a revogação for motivada por dependendo da decisão final.
infração penal anterior à vigência do livramen-
to, computar-se-á como tempo de cumprimen- Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento
to da pena o período de prova, sendo permi- do interessado, do Ministério Público ou median-
tida, para a concessão de novo livramento, a te representação do Conselho Penitenciário, jul-
soma do tempo das 2 (duas) penas. gará extinta a pena privativa de liberdade, se
expirar o prazo do livramento sem revogação.
Art. 142. No caso de revogação por outro
motivo, não se computará na pena o tempo Comentários: o que se extrai da conjugação dos
em que esteve solto o liberado, e tampouco se artigos 145 e 146, somado aos artigos 89 e 90 do
concederá, em relação à mesma pena, novo li- Código Penal (Art. 89 - O juiz não poderá declarar
extinta a pena, enquanto não passar em julgado
vramento.
a sentença em processo a que responde o libera-
do, por crime cometido na vigência do livramen-
Comentários: os artigos 141 e 142 dizem que se to. Art. 90 - Se até o seu término o livramento não
o sujeito tem o livramento condicional revogado, é revogado, considera-se extinta a pena privati-
aquele tempo de livramento não é considerado va de liberdade.) é que, havendo a prática, por
pena cumprida. Contudo, se ele está cumprindo exemplo, de um crime durante o LC, o juiz deve-
o livramento e sobrevém uma condenação de rá, ainda que de ofício, suspender o direito exe-
um crime anterior, não há a perda do tempo de cutivo - lembre-se que a revogação depende de
livramento. A razão disso é que na primeira si- sentença irrecorrível. Ocorre que não tendo havi-

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#LEGIS

do a suspensão, de acordo com a súmula 617 do imposição de faltas disciplinares ao beneficiado


STJ, o juiz é obrigado a extinguir a pena. com o livramento condicional. STJ. 6ª Turma. HC
271907-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julga-
do em 27/3/2014 (Info 539).
Jurisprudência:
STJ: A mudança de endereço sem autorização
STJ: João praticou o crime de furto e foi conde- judicial durante o curso do livramento condicio-
nado a 2 anos (delito 1). Antes da condenação nal, em descumprimento a uma das condições
pelo furto transitar em julgado, ele praticou um impostas na decisão que concedeu o benefício,
estelionato (delito 2). Logo, quando ele cometeu não configura, por si só, falta disciplinar de na-
o delito 2 ele ainda não era reincidente. Depois tureza grave. STJ. 6ª Turma. HC 203015-SP, Rel.
de transitar em julgado as condenações pelos Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
delitos 1 e 2, João praticou um roubo (delito 3). 26/11/2013 (Info 532).
Desse modo, na condenação do delito 3, o juiz
já reconheceu o réu como reincidente. O juiz das Fonte: Dizer o direito.
execuções penais unificou as três condenações
impostas contra João e ele iniciou o cumprimen-
to da pena. A dúvida que surge agora é a seguin- Súmula 617-STJ: A ausência de suspensão ou re-
te: no momento da concessão do livramento con- vogação do livramento condicional antes do tér-
dicional, o juiz das execuções penais, quando for mino do período de prova enseja a extinção da
calcular o requisito objetivo, deverá separar cada punibilidade pelo integral cumprimento da pena.
um dos crimes (ex: exigir 1/3 do cumprimento da
pena para os delitos 1 e 2, por ser ele primário Súmula 715-STF: A pena unificada para atender
na época) e depois exigir o cumprimento de 1/2 ao limite de trinta anos de cumprimento, deter-
da pena para o delito 3 (quando ele era reinci- minado pelo art. 75 do Código Penal, não é con-
dente)? NÃO. O juiz das execuções penais deve- siderada para a concessão de outros benefícios,
rá somar todas as penas e exigir o cumprimen- como o livramento condicional ou regime mais
to de 1/2 do somatório (livramento condicional favorável de execução.
qualificado) por ser o réu reincidente. Segundo
decidiu o STJ, na definição do requisito objetivo
para a concessão de livramento condicional, a Anotações sobre os artigos anteriores:
condição de reincidente em crime doloso deve
incidir sobre a somatória das penas impostas
ao condenado, ainda que a agravante da rein-
cidência não tenha sido reconhecida pelo juízo
sentenciante em algumas das condenações. Isso
porque a reincidência é circunstância pessoal
que interfere na execução como um todo, e não
somente nas penas em que ela foi reconhecida.
A condição de reincidente, uma vez adquirida
pelo sentenciado, estende-se sobre a totalidade
das penas somadas, não se justificando a
consideração isolada de cada condenação e
tampouco a aplicação de percentuais diferentes
para cada uma das reprimendas. STJ. 5ª Turma.
HC 307180-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
16/4/2015 (Info 561).

STJ: A prática de crime no curso do livramento


condicional não pode ser considerada como fal-
ta grave e não gera, por isso, a perda de 1/3 dos
dias remidos (art. 127 da LEP). O cometimento
de novo delito durante a vigência do livramen-
to condicional já traz graves consequências que
são previstas no art. 88 do Código Penal. Esse
dispositivo não menciona a perda dos dias re- Seção VI
midos. Desse modo, não há a possibilidade de

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#LEGIS

Da Monitoração Eletrônica de permitir que outrem o faça; (Incluído


(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) pela Lei nº 12.258, de 2010)
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258,
Art. 146-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº de 2010)
12.258, de 2010)
Parágrafo único. A violação comprovada
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscaliza- dos deveres previstos neste artigo poderá acar-
ção por meio da monitoração eletrônica quando: retar, a critério do juiz da execução, ouvidos o
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) Ministério Público e a defesa: (Incluído pela Lei
nº 12.258, de 2010)
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de
2010) I - a regressão do regime; (Incluído pela Lei
II - autorizar a saída temporária no regime nº 12.258, de 2010)
semiaberto; (Incluído pela Lei nº 12.258, II - a revogação da autorização de saída
de 2010) temporária; (Incluído pela Lei nº 12.258,
III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
de 2010) III a V – VETADOS. Lei nº 12.258, de 2010.
IV - determinar a prisão domiciliar; (Incluí- VI - a revogação da prisão domiciliar; (In-
do pela Lei nº 12.258, de 2010) cluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, VII - advertência, por escrito, para todos
de 2010) os casos em que o juiz da execução decida
não aplicar alguma das medidas previstas
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela nos incisos de I a VI deste parágrafo. (Incluí-
Lei nº 12.258, de 2010) do pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 146-D. A monitoração eletrônica pode-


Comentários: note que são duas as hipóteses
previstas na LEP que autorizam a monitoração rá ser revogada: (Incluído pela Lei nº 12.258, de
eletrônica: 2010)

a) Saída temporária no regime semiaberto; I - quando se tornar desnecessária ou ina-


dequada; (Incluído pela Lei nº 12.258, de
b) Prisão domiciliar. 2010)
II - se o acusado ou condenado violar os
MNEMÔNICO: “Sem Dó” deveres a que estiver sujeito durante a sua
vigência ou cometer falta grave. (Incluído
a) Saída temporária no regime SEMiaberto. pela Lei nº 12.258, de 2010)
b) Prisão DOmiciliar.
Comentários:
Art. 146-C. O condenado será instruído
acerca dos cuidados que deverá adotar com o STJ: A manutenção de monitoramento por meio
equipamento eletrônico e dos seguintes deveres: de tornozeleira eletrônica sem fundamentação
(Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) concreta evidencia constrangimento ilegal ao
apenado. No caso concreto, o condenado pediu
para ser dispensado do uso da tornozeleira ale-
I - receber visitas do servidor responsável gando que estava sendo vítima de preconceito
pela monitoração eletrônica, responder no trabalho e faculdade e que sempre apresen-
aos seus contatos e cumprir suas orienta- tou ótimo comportamento carcerário. O juiz in-
ções; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010) deferiu o pedido sem enfrentar o caso concreto,
II - abster-se de remover, de violar, de mo- alegando simplesmente, de forma genérica, que
dificar, de danificar de qualquer forma o o monitoramento eletrônico é a melhor forma
dispositivo de monitoração eletrônica ou de fiscalização do trabalho externo. Essa decisão
não está adequadamente motivada porque não

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#LEGIS

apontou a necessidade concreta da medida. STJ. Questões:


6ª Turma. HC 351273-CE, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 2/2/2017 (Info 597). 1. MPE-SC (MPE-SC – 2014) Cabe ao Juiz da Vara
de Execução Penal definir o cabimento ou não da
STJ: Comete falta grave o apenado que viola a fiscalização por monitoramento eletrônico, sen-
zona de monitoramento eletrônico. Apenado do tal autorização cabível apenas para os ape-
que está em prisão domiciliar, com o uso de nados do regime semi-aberto, quando gozarem
tornozeleira eletrônica, e viola o perímetro o direito de saída temporária, e aqueles a quem
(zona) do monitoramento: esta conduta con- forem concedida prisão domiciliar.
figura falta grave, nos termos do art. 50, V, da
LEP. STJ. 6ª Turma. HC 481.699/RS, Rel. Min. Se-
bastião Reis Júnior, julgado em 12/03/2019. De
2. DP-DF (CESPE – 2013) De acordo com a Lei de
acordo com o art. 50, VI, da LEP, comete falta
Execução Penal, julgue os itens subsequentes.
grave o condenado à pena privativa de liberda-
Durante a execução da pena privativa de liberda-
de que inobservar as ordens recebidas (art. 39, V,
de, em caso de saída temporária, prisão domici-
da LEP), como é a hipótese de violação da zona
liar e livramento condicional, o juiz poderá de-
de monitoramento. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp
terminar a fiscalização por meio de monitoração
1798047/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fon-
eletrônica
seca, julgado em 14/05/2019. Julgado específico
envolvendo saída temporária. Apenado está go-
zando o benefício da saída temporária e sendo
Anotações sobre os artigos anteriores:
monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele des-
cumpre o perímetro de inclusão declarado para
o período noturno, ou seja, não permanece no
endereço que deveria ficar durante a noite e o
monitoramento eletrônico detecta essa inobser-
vância:
• a conduta não configura falta grave porque não
se amolda em nenhuma das hipóteses do art. 50
da LEP, cujo rol é taxativo;
• por outro lado, representa descumprimento de
condição obrigatória, que autoriza sanção disci-
plinar, nos termos do art. 146-C, parágrafo único
da LEP. STJ. 6ª Turma. REsp 1.519.802-SP, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
10/11/2016 (Info 595).

Não confundir:

• Apenado que descumpre o perímetro (zona) es-


tabelecido para tornozeleira eletrônica: configu-
ra a prática de falta grave.
• Apenado que, durante saída temporária, des-
cumpre o perímetro estabelecido para torno-
zeleira eletrônica: não configura a prática de fal-
ta grave (há um julgado da 6ª Turma do STJ que
afirma que, neste caso, não há previsão no rol do
art. 50 da LEP).
• Apenado que rompe a tornozeleira eletrônica
ou mantém a bateria sem carga suficiente: confi-
gura falta grave (art. 50, VI, da LEP).

Fonte: Dizer o direito. Gabarito: 1-C, 2-E.

68
#LEGIS

DIA 6 à comunidade e de limitação de fim de semana,


ajustando-as às condições pessoais do conde-
nado e às características do estabelecimento, da
Disciplina: Execução Penal. entidade ou do programa comunitário ou estatal.
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo.
Dia 01: Do Art. 147 ao 170. SEÇÃO II
Da Prestação de Serviços
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 à Comunidade

Art. 149. Caberá ao Juiz da execução:

CAPÍTULO II I - designar a entidade ou programa comu-


Das Penas Restritivas de Direitos nitário ou estatal, devidamente credencia-
do ou convencionado, junto ao qual o con-
SEÇÃO I denado deverá trabalhar gratuitamente, de
acordo com as suas aptidões;
Disposições Gerais
II - determinar a intimação do condenado,
cientificando-o da entidade, dias e horário
Art. 147. Transitada em julgado a senten-
em que deverá cumprir a pena;
ça que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz
da execução, de ofício ou a requerimento do Mi- III - alterar a forma de execução, a fim de
nistério Público, promoverá a execução, poden- ajustá-la às modificações ocorridas na jor-
nada de trabalho.
do, para tanto, requisitar, quando necessário, a
colaboração de entidades públicas ou solicitá-la
a particulares. § 1º O trabalho terá a duração de 8 (oito)
horas semanais e será realizado aos sá-
Comentários: importante salientar que mesmo bados, domingos e feriados, ou em dias
antes da retomada do entendimento do STF de úteis, de modo a não prejudicar a jorna-
que é necessário o trânsito em julgado para o da normal de trabalho, nos horários esta-
cumprimento de pena privativa de liberdade, o belecidos pelo Juiz.
STJ já dizia que, em sendo pena restritiva de di- § 2º A execução terá início a partir da data
reito, era necessário o trânsito em julgado, haja do primeiro comparecimento.
vista o disposto nesse dispositivo.
Art. 150. A entidade beneficiada com a pres-
Jurisprudência: tação de serviços encaminhará mensalmente,
ao Juiz da execução, relatório circunstancia-
STJ: Não é possível a execução da pena restri- do das atividades do condenado, bem como, a
tiva de direitos antes do trânsito em julgado da qualquer tempo, comunicação sobre ausência
condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, ou falta disciplinar.
Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi julgado em
14/6/2017 (Info 609).
Comentários: confira os artigos correlatos do
STF: O cumprimento da pena somente pode ter Código Penal:
início com o esgotamento de todos os recursos. É
proibida a chamada execução provisória da pena. Art. 46. A prestação de serviços à comunidade ou
STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF, ADC 54/DF, a entidades públicas é aplicável às condenações
Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 07/11/2019. superiores a seis meses de privação da liberdade.
Fonte: Dizer o direito. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)

§ 1º A prestação de serviços à comunidade ou


Art. 148. Em qualquer fase da execução, po- a entidades públicas consiste na atribuição de
derá o Juiz, motivadamente, alterar, a forma de tarefas gratuitas ao condenado. (Incluído pela Lei
cumprimento das penas de prestação de serviços nº 9.714, de 1998)

69
#LEGIS

§ 2º A prestação de serviço à comunidade dar-se- Parágrafo único. Nos casos de violência do-
-á em entidades assistenciais, hospitais, escolas, méstica contra a mulher, o juiz poderá determi-
orfanatos e outros estabelecimentos congêne- nar o comparecimento obrigatório do agressor a
res, em programas comunitários ou estatais. (In- programas de recuperação e reeducação. (Incluí-
cluído pela Lei nº 9.714, de 1998) do pela Lei nº 11.340, de 2006)
§ 3º As tarefas a que se refere o § 1o serão
atribuídas conforme as aptidões do condenado, Art. 153. O estabelecimento designado en-
devendo ser cumpridas à razão de uma hora de caminhará, mensalmente, ao Juiz da execução,
tarefa por dia de condenação, fixadas de modo relatório, bem assim comunicará, a qualquer
a não prejudicar a jornada normal de trabalho. tempo, a ausência ou falta disciplinar do con-
(Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) denado.

§ 4º Se a pena substituída for superior a um


ano, é facultado ao condenado cumprir a pena Comentários: confira os artigos correlatos do
substitutiva em menor tempo (art. 55), nunca Código Penal:
inferior à metade da pena privativa de liberdade
fixada. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste
na obrigação de permanecer, aos sábados e do-
mingos, por 5 (cinco) horas diárias, em casa de
Anotações sobre os artigos anteriores: albergado ou outro estabelecimento adequado.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Parágrafo único - Durante a permanência pode-


rão ser ministrados ao condenado cursos e pales-
tras ou atribuídas atividades educativas. (Reda-
ção dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Anotações sobre os artigos anteriores:

SEÇÃO III
Da Limitação de Fim
de Semana

Art. 151. Caberá ao Juiz da execução deter-


minar a intimação do condenado, cientificando-
-o do local, dias e horário em que deverá cumprir
a pena.

Parágrafo único. A execução terá início a


partir da data do primeiro comparecimento.

Art. 152. Poderão ser ministrados ao conde-


nado, durante o tempo de permanência, cursos e
palestras, ou atribuídas atividades educativas.

70
#LEGIS

SEÇÃO IV
Da Interdição Temporária
de Direitos

Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comu-


nicar à autoridade competente a pena aplicada,
determinada a intimação do condenado.

§ 1º Na hipótese de pena de interdição


do artigo 47, inciso I, do Código Penal, a
autoridade deverá, em 24 (vinte e quatro)
horas, contadas do recebimento do ofício,
baixar ato, a partir do qual a execução terá
seu início.
§ 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e
III, do Código Penal, o Juízo da execução
determinará a apreensão dos documen-
tos, que autorizam o exercício do direito
interditado.

Art. 155. A autoridade deverá comunicar


imediatamente ao Juiz da execução o descum-
primento da pena.

Parágrafo único. A comunicação prevista


neste artigo poderá ser feita por qualquer preju-
dicado.

Comentários: confira os artigos relacionados do


Código Penal:

Art. 47 - As penas de interdição temporária de


direitos são:

I - proibição do exercício de cargo, função


ou atividade pública, bem como de manda-
to eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, ati-
vidade ou ofício que dependam de habilita-
ção especial, de licença ou autorização do
poder público;
III - suspensão de autorização ou de habili-
tação para dirigir veículo.
IV – proibição de freqüentar determinados
lugares.
V - proibição de inscrever-se em concurso,
avaliação ou exame públicos.

Anotações sobre os artigos anteriores:

71
#LEGIS

CAPÍTULO III correr da audiência prevista no artigo 160 desta


Da Suspensão Condicional Lei.

Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo pe- § 1° As condições serão adequadas ao fato e
ríodo de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução à situação pessoal do condenado, devendo
ser incluída entre as mesmas a de prestar
da pena privativa de liberdade, não superior a 2
serviços à comunidade, ou limitação de fim
(dois) anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 de semana, salvo hipótese do artigo 78, §
do Código Penal. 2º, do Código Penal.
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de
Comentários: confira os dispositivos corre- ofício, a requerimento do Ministério Pú-
latos do Código Penal: blico ou mediante proposta do Conselho
Penitenciário, modificar as condições e
Art. 77 - A execução da pena privativa de li- regras estabelecidas na sentença, ouvido o
berdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá condenado.
ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos,
desde que: § 3º A fiscalização do cumprimento das
condições, reguladas nos Estados, Terri-
I - o condenado não seja reincidente tórios e Distrito Federal por normas su-
em crime doloso; pletivas, será atribuída a serviço social
penitenciário, Patronato, Conselho da
II - a culpabilidade, os antecedentes, Comunidade ou instituição beneficiada
a conduta social e personalidade do com a prestação de serviços, inspeciona-
agente, bem como os motivos e as cir- dos pelo Conselho Penitenciário, pelo Mi-
cunstâncias autorizem a concessão do nistério Público, ou ambos, devendo o Juiz
benefício; da execução suprir, por ato, a falta das nor-
III - Não seja indicada ou cabível a subs- mas supletivas.
tituição prevista no art. 44 deste Códi- § 4º O beneficiário, ao comparecer
go. periodicamente à entidade fiscalizadora,
para comprovar a observância das
§ 1º - A condenação anterior a pena condições a que está sujeito, comunicará,
de multa não impede a concessão do também, a sua ocupação e os salários ou
benefício. proventos de que vive.
§ 2º A execução da pena privativa § 5º A entidade fiscalizadora deverá
de liberdade, não superior a quatro comunicar imediatamente ao órgão de
anos, poderá ser suspensa, por qua- inspeção, para os fins legais, qualquer
tro a seis anos, desde que o condena- fato capaz de acarretar a revogação do
do seja maior de setenta anos de ida- benefício, a prorrogação do prazo ou a
de, ou razões de saúde justifiquem a modificação das condições.
suspensão. § 6º Se for permitido ao beneficiário
Como se nota, o §2º traz hipótese de suspen- mudar-se, será feita comunicação ao Juiz
são condicional da pena etária e humanitá- e à entidade fiscalizadora do local da nova
ria. residência, aos quais o primeiro deverá
apresentar-se imediatamente.
Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença
que aplicar pena privativa de liberdade, na situa- Art. 159. Quando a suspensão condicional
ção determinada no artigo anterior, deverá pro- da pena for concedida por Tribunal, a este caberá
nunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão estabelecer as condições do benefício.
condicional, quer a conceda, quer a denegue.
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando
Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz es- o Tribunal modificar as condições
estabelecidas na sentença recorrida.
pecificará as condições a que fica sujeito o con-
denado, pelo prazo fixado, começando este a § 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão
condicional da pena, poderá, todavia,

72
#LEGIS

conferir ao Juízo da execução a incumbência prova dar-se-ão na forma do artigo 81 e respec-


de estabelecer as condições do benefício, e, tivos parágrafos do Código Penal.
em qualquer caso, a de realizar a audiência
admonitória.
Comentários: confira como está disposto no Có-
digo Penal as hipóteses de revogação do sursis.
Art. 160. Transitada em julgado a senten- Atente-se que, assim como no livramento condi-
ça condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em cional, existe revogação obrigatória e facultativa:
audiência, advertindo-o das conseqüências de
nova infração penal e do descumprimento das Revogação obrigatória
condições impostas.
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso
do prazo, o beneficiário:
Comentários: confira os dispositivos correlatos
às condições, previstos no Código Penal: I - é condenado, em sentença irrecorrível,
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão, o con- por crime doloso;
denado ficará sujeito à observação e ao cumpri-
mento das condições estabelecidas pelo juiz. II - frustra, embora solvente, a execução de
pena de multa ou não efetua, sem motivo
§ 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o justificado, a reparação do dano;
condenado prestar serviços à comunidade III - descumpre a condição do § 1º do art. 78
(art. 46) ou submeter-se à limitação de fim deste Código.
de semana (art. 48).
§ 2° Se o condenado houver reparado o Revogação facultativa
dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e
se as circunstâncias do art. 59 deste Códi- § 1º - A suspensão poderá ser revogada se
go lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz o condenado descumpre qualquer outra
poderá substituir a exigência do parágrafo condição imposta ou é irrecorrivelmente
anterior pelas seguintes condições, aplica- condenado, por crime culposo ou por con-
das cumulativamente: travenção, a pena privativa de liberdade ou
restritiva de direitos.
a) proibição de freqüentar determinados
lugares;
Prorrogação do período de prova
b) proibição de ausentar-se da comarca
onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a § 2º - Se o beneficiário está sendo processado
juízo, mensalmente, para informar e justifi- por outro crime ou contravenção, conside-
car suas atividades. ra-se prorrogado o prazo da suspensão até
o julgamento definitivo.

Art. 79 - A sentença poderá especificar ou- § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz


pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o
tras condições a que fica subordinada a suspen-
período de prova até o máximo, se este
são, desde que adequadas ao fato e à situação não foi o fixado.
pessoal do condenado.

Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou Art. 163. A sentença condenatória será re-
por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não gistrada, com a nota de suspensão em livro espe-
comparecer injustificadamente à audiência ad- cial do Juízo a que couber a execução da pena.
monitória, a suspensão ficará sem efeito e será
executada imediatamente a pena. § 1º Revogada a suspensão ou extinta a
pena, será o fato averbado à margem do
Art. 162. A revogação da suspensão con- registro.
dicional da pena e a prorrogação do período de § 2º O registro e a averbação serão sigilo-
sos, salvo para efeito de informações requi-

73
#LEGIS

sitadas por órgão judiciário ou pelo Minis- CAPÍTULO IV


tério Público, para instruir processo penal. Da Pena de Multa

Súmula 499-STF: Não obsta à concessão do “sur- Art. 164. Extraída certidão da sentença con-
sis” condenação anterior à pena de multa. denatória com trânsito em julgado, que valerá
como título executivo judicial, o Ministério Pú-
Anotações sobre os artigos anteriores: blico requererá, em autos apartados, a citação
do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias,
pagar o valor da multa ou nomear bens à penho-
ra.

§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento


da multa, ou o depósito da respectiva
importância, proceder-se-á à penhora de
tantos bens quantos bastem para garantir
a execução.
§ 2º A nomeação de bens à penhora e a
posterior execução seguirão o que dispuser
a lei processual civil.

Art. 165. Se a penhora recair em bem imó-


vel, os autos apartados serão remetidos ao Juí-
zo Cível para prosseguimento.

Art. 166. Recaindo a penhora em outros


bens, dar-se-á prosseguimento nos termos do §
2º do artigo 164, desta Lei.

Comentários: muita atenção! Como mostrare-


mos a seguir, houve mudança legislativa no Có-
digo Penal, operada pela Lei 13.964/19 e, além
disso há entendimento do STF recente sobre o
tema.

Dito isso, a compreensão do STF expressa que,


primeiramente, cabe ao Ministério Público a exe-
cução da multa e, em passando 90 dias inerte,
incumbe à Fazenda Pública a execução. Já a mu-
dança legislativa surgiu no sentido de esclarecer
que, embora seja dívida de valor, deve ser execu-
tada no juízo da execução. Confira:

Art. 51. Transitada em julgado a sentença conde-


natória, a multa será executada perante o juiz
da execução penal e será considerada dívida de
valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa
da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às
causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Jurisprudência-STF: O Ministério Público possui


legitimidade para propor a cobrança de multa
decorrente de sentença penal condenatória tran-
sitada em julgado, com a possibilidade subsidiá-

74
#LEGIS

ria de cobrança pela Fazenda Pública. Quem exe- A requerimento do condenado e conforme as cir-
cuta a pena de multa? cunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamen-
to se realize em parcelas mensais.
• Prioritariamente: o Ministério Público, na vara
de execução penal, aplicando-se a LEP. § 1º - A cobrança da multa pode efetuar-
• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 se mediante desconto no vencimento ou
dias após ser devidamente intimado: a Fazenda salário do condenado quando:
Pública irá executar, na vara de execuções fiscais,
aplicando-se a Lei nº 6.830/80. STF. Plenário. ADI a) aplicada isoladamente;
3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, b) aplicada cumulativamente com pena
julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Ple- restritiva de direitos;
nário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, jul- c) concedida a suspensão condicional da
gado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). pena.

Fonte: Dizer o direito. § 2º - O desconto não deve incidir sobre


os recursos indispensáveis ao sustento
do condenado e de sua família.
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução
fiscal de multa pendente de pagamento imposta
em sentença condenatória é exclusiva da Procu- Art. 169. Até o término do prazo a que se re-
radoria da Fazenda Pública. SUPERADA fere o artigo 164 desta Lei, poderá o condenado
requerer ao Juiz o pagamento da multa em pres-
Art. 167. A execução da pena de multa tações mensais, iguais e sucessivas.
será suspensa quando sobrevier ao condena-
§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá
do doença mental (artigo 52 do Código Penal).
determinar diligências para verificar a
real situação econômica do condenado
Comentários: muito cuidado com esse artigo, e, ouvido o Ministério Público, fixará o
pois recorrente em provas. Aliás, seu comando é número de prestações.
repetido no Código Penal:
§ 2º Se o condenado for impontual ou se
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa,
melhorar de situação econômica, o Juiz,
se sobrevém ao condenado doença mental.
de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, revogará o benefício executan-
Art. 168. O Juiz poderá determinar que a do-se a multa, na forma prevista neste Ca-
cobrança da multa se efetue mediante desconto pítulo, ou prosseguindo-se na execução já
no vencimento ou salário do condenado, nas hi- iniciada.
póteses do artigo 50, § 1º, do Código Penal, ob-
servando-se o seguinte: Art. 170. Quando a pena de multa for apli-
cada cumulativamente com pena privativa da li-
I - o limite máximo do desconto mensal berdade, enquanto esta estiver sendo executada,
será o da quarta parte da remuneração e o poderá aquela ser cobrada mediante desconto
mínimo o de um décimo; na remuneração do condenado (artigo 168).
II - o desconto será feito mediante ordem
do Juiz a quem de direito; § 1º Se o condenado cumprir a pena
privativa de liberdade ou obtiver livramento
III - o responsável pelo desconto será inti- condicional, sem haver resgatado a multa,
mado a recolher mensalmente, até o dia fi- far-se-á a cobrança nos termos deste
xado pelo Juiz, a importância determinada. Capítulo.
§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo
Comentários: artigo correlacionado no Código anterior aos casos em que for concedida a
Penal: suspensão condicional da pena.
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez)
dias depois de transitada em julgado a sentença.

75
#LEGIS

Jurisprudência:

STF: O indulto da pena privativa de liberdade


não alcança a pena de multa que tenha sido
objeto de parcelamento espontaneamente
assumido pelo sentenciado. O acordo de pa-
gamento parcelado da sanção pecuniária deve
ser rigorosamente cumprido sob pena de des-
cumprimento de decisão judicial, violação ao
princípio da isonomia e da boa-fé objetiva. STF.
Plenário. EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 8/11/2017 (Info 884).

STF: Como regra, o inadimplemento deliberado


da pena de multa cumulativamente aplicada ao
sentenciado impede a progressão no regime pri-
sional. Em outras palavras, a pessoa só poderá
progredir se pagar a pena de multa. Exceção:
mesmo sem ter pago, pode ser permitida a
progressão de regime se ficar comprovada a
absoluta impossibilidade econômica do ape-
nado em quitar a multa, ainda que parcela-
damente. Se o juiz autorizar que o condenado
pague a pena de multa parceladamente, o ape-
nado poderá progredir de regime, assumindo o
compromisso de quitar todas as prestações da
multa. Caso deixe de pagar injustificadamente
o parcelamento, haverá a regressão de regime.
O inadimplemento injustificado das parcelas da
pena de multa autoriza a regressão no regime
prisional. STF. Plenário. EP 16 ProgReg-AgR/DF,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/7/2016
(Info 832) e STF. Plenário. EP 12 ProgReg-AgR/DF,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/4/2015
(Info 780).

Fonte: Dizer o direito.

Anotações sobre os artigos anteriores:

76
#LEGIS

DIA 7 § 1° Ao Ministério Público será dada ciên-


cia da guia de recolhimento e de sujeição a
tratamento.
Disciplina: Execução Penal. § 2° A guia será retificada sempre que so-
Responsável: Prof. Rafael Figueiredo. brevier modificações quanto ao prazo de
Dia 01: Do Art. 171 ao 204. execução.

Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medi-


Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
da de segurança, naquilo que couber, o disposto
nos artigos 8° e 9° desta Lei.

Anotações sobre os artigos anteriores:


TÍTULO VI
Da Execução das Medidas
de Segurança

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

Art. 171. Transitada em julgado a sentença


que aplicar medida de segurança, será ordenada
a expedição de guia para a execução.

Art. 172. Ninguém será internado em Hos-


pital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou
submetido a tratamento ambulatorial, para cum-
primento de medida de segurança, sem a guia
expedida pela autoridade judiciária.

Art. 173. A guia de internamento ou de tra-


tamento ambulatorial, extraída pelo escrivão,
que a rubricará em todas as folhas e a subscreve-
rá com o Juiz, será remetida à autoridade admi-
nistrativa incumbida da execução e conterá:

I - a qualificação do agente e o número do


registro geral do órgão oficial de identifica-
ção;
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença
que tiver aplicado a medida de segurança,
bem como a certidão do trânsito em julga-
do;
III - a data em que terminará o prazo míni-
mo de internação, ou do tratamento ambu-
latorial;
IV - outras peças do processo reputadas in-
dispensáveis ao adequado tratamento ou
internamento.

77
#LEGIS

CAPÍTULO II perícia a qualquer momento, se justificada. Aliás,


Da Cessação da Periculosidade é assim que entende o STJ:

“Ainda que o acórdão impugnado tenha determi-


Art. 175. A cessação da periculosidade nado o prazo mínimo legal (1 ano) para averigua-
será averiguada no fim do prazo mínimo de ção da cessação da periculosidade, estando o pa-
duração da medida de segurança, pelo exame ciente submetido a medida de segurança, o juiz
das condições pessoais do agente, observando- da execução poderá ordenar, a qualquer tempo,
-se o seguinte: a realização de nova perícia, conforme dispõe o
art. 176 da LEP.” (HC 313907/SP, DJe 18.05.2015).
I - a autoridade administrativa, até 1 (um)
mês antes de expirar o prazo de duração Art. 177. Nos exames sucessivos para veri-
mínima da medida, remeterá ao Juiz mi-
ficar-se a cessação da periculosidade, observar-
nucioso relatório que o habilite a resolver
sobre a revogação ou permanência da me- -se-á, no que lhes for aplicável, o disposto no ar-
dida; tigo anterior.
II - o relatório será instruído com o laudo
Art. 178. Nas hipóteses de desinternação
psiquiátrico;
ou de liberação (artigo 97, § 3º, do Código Penal),
III - juntado aos autos o relatório ou reali- aplicar-se-á o disposto nos artigos 132 e 133 des-
zadas as diligências, serão ouvidos, suces- ta Lei.
sivamente, o Ministério Público e o curador
ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para
cada um; Art. 179. Transitada em julgado a sentença,
o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor liberação.
para o agente que não o tiver;
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de Comentários: artigos correlacionados do Código
qualquer das partes, poderá determinar Penal:
novas diligências, ainda que expirado o
prazo de duração mínima da medida de se- Espécies de medidas de segurança
gurança;
VI - ouvidas as partes ou realizadas as dili- Art. 96. As medidas de segurança são:
gências a que se refere o inciso anterior, o
Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5 I - Internação em hospital de custódia e tra-
(cinco) dias. tamento psiquiátrico ou, à falta, em outro
estabelecimento adequado;
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no de- II - sujeição a tratamento ambulatorial.
correr do prazo mínimo de duração da medida
Parágrafo único - Extinta a punibilidade,
de segurança, poderá o Juiz da execução, dian- não se impõe medida de segurança nem
te de requerimento fundamentado do Ministério subsiste a que tenha sido imposta.
Público ou do interessado, seu procurador ou de-
fensor, ordenar o exame para que se verifique a Imposição da medida de segurança para inim-
cessação da periculosidade, procedendo-se nos putável
termos do artigo anterior.
Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz de-
Comentários: o artigo 97, §2º, do Código Penal terminará sua internação (art. 26). Se, todavia, o
diz que deve ser observado um prazo mínimo fato previsto como crime for punível com deten-
para realizar o a perícia médica e aferir a cessa- ção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento am-
ção da periculosidade (§ 2º - A perícia médica bulatorial.
realizar-se-á ao termo do prazo mínimo fixado e
deverá ser repetida de ano em ano, ou a qualquer Prazo
tempo, se o determinar o juiz da execução). Ocor-
re que o artigo 176 deve ser conjugado com os § 1º - A internação, ou tratamento
demais, de modo a permitir que seja realizada a ambulatorial, será por tempo

78
#LEGIS

indeterminado, perdurando enquanto não ciado. STJ. 3ª Seção. CC 149.442-RJ, Rel. Min. Joel
for averiguada, mediante perícia médica, Ilan Paciornik, julgado em 09/05/2018 (Info 626).
a cessação de periculosidade. O prazo
mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos. STJ: Se o réu estava cumprindo pena privativa de
liberdade pelo crime 1 e, em outra ação penal,
Perícia médica recebeu medida de segurança de internação pela
prática do crime 2, isso não significa que a pena
§ 2º - A perícia médica realizar-se-á ao privativa de liberdade que estava sendo executa-
termo do prazo mínimo fixado e deverá da deva ser convertida em medida de segurança.
ser repetida de ano em ano, ou a qualquer Neste caso, após terminar de cumprir a medida
tempo, se o determinar o juiz da execução. de internação, não há óbice que seja determi-
nado o cumprimento da pena privativa da li-
Desinternação ou liberação condicional berdade remanescente. Isso não viola o sistema
vicariante, considerando que este somente proí-
§ 3º - A desinternação, ou a liberação, será be a imposição cumulativa ou sucessiva de pena
sempre condicional devendo ser restabele- e medida de segurança referente a um mesmo
cida a situação anterior se o agente, antes fato. No caso concreto, eram dois fatos distintos.
do decurso de 1 (um) ano, pratica fato in- STJ. 6ª Turma. HC 275635-SP, Rel. Min. Nefi Cor-
dicativo de persistência de sua periculosi- deiro, julgado em 8/3/2016 (Info 579).
dade.
§ 4º - Em qualquer fase do tratamento STF: Indulto é um ato do Presidente da Repúbli-
ambulatorial, poderá o juiz determinar a ca (art. 84, XII da CF/88), materializado por meio
internação do agente, se essa providência de um Decreto, por meio do qual é extinto o efei-
for necessária para fins curativos. to executório da condenação imposta a alguém.
Em outras palavras, mesmo havendo ainda pena
a ser cumprida, o Estado renuncia ao seu direi-
Substituição da pena por medida de segurança to de punir, sendo uma causa de extinção da
para o semi-imputável punibilidade (art. 107, II, CP). Tradicionalmente,
o indulto é concedido a pessoas que receberam
Art. 98 - Na hipótese do parágrafo único do art. uma pena por terem sido condenadas pela prá-
26 deste Código e necessitando o condenado de tica de infração penal. No entanto, é possível
especial tratamento curativo, a pena privativa de que o indulto seja concedido a pessoas que
liberdade pode ser substituída pela internação, receberam medida de segurança. Sobre o tema,
ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo o STF definiu a seguinte tese: “Reveste-se de le-
de 1 (um) a 3 (três) anos, nos termos do artigo an- gitimidade jurídica a concessão, pelo Presidente
terior e respectivos §§ 1º a 4º. da República, do benefício constitucional do in-
dulto (CF, art. 84, XII), que traduz expressão do
Direitos do internado poder de graça do Estado, mesmo se se tratar de
indulgência destinada a favorecer pessoa que,
Art. 99 - O internado será recolhido a estabeleci- em razão de sua inimputabilidade ou semi-impu-
mento dotado de características hospitalares e tabilidade, sofre medida de segurança, ainda que
será submetido a tratamento.. de caráter pessoal e detentivo.” STF. Plenário. RE
628658/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 4
e 5/11/2015 (Info 806).
Jurisprudência:
STF: Passados quase três anos do recolhimento
STF: É inconstitucional a manutenção em do réu em estabelecimento prisional, o Estado
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico não lhe garantiu o direito de cumprir a medida
– estabelecimento penal – de pessoa com de segurança estabelecida pelo juízo sentencian-
diagnóstico de doença psíquica que teve extin- te. Diante da falta de estabelecimento adequa-
ta a punibilidade. Essa situação configura uma do para internação, o condenado permaneceu
privação de liberdade sem pena. STF. 2ª Turma. custodiado por tempo superior ao que dispos-
HC 151523/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado to pelo juízo sentenciante e não foi submetido
em 27/11/2018 (Info 925). ao tratamento médico determinado no decreto
condenatório. Diante disso, o STF concedeu HC
STJ: Compete à Justiça Estadual a execução de de ofício para determinar que ele seja incluído
medida de segurança imposta a militar licen-

79
#LEGIS

em tratamento ambulatorial, sob a supervisão da execução da pena privativa de liberdade, em


do juízo da execução criminal. STF. 2ª Turma. HC razão de superveniência de doença ou perturba-
122670/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julga- ção da saúde mental do condenado terá duração
do em 5/8/2014 (Info 753). determinada, não superior ao tempo restante de
cumprimento da pena privativa de liberdade.
STJ: É ilegal a manutenção da prisão de
acusado que vem a receber medida de
segurança de internação ao final do processo, Anotações sobre os artigos anteriores:
ainda que se alegue ausência de vagas em
estabelecimentos hospitalares adequados à
realização do tratamento. STJ. 6ª Turma. RHC
38499-SP, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura,
julgado em 11/3/2014 (Info 537).

STJ: A prescrição da medida de segurança im-


posta em sentença absolutória imprópria é re-
gulada pela pena máxima abstratamente pre-
vista para o delito. STJ. 5ª Turma. REsp 39920-RJ,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 6/2/2014 (Info
535).

STJ: Em se tratando de medida de segurança


aplicada em substituição à pena corporal, pre-
vista no art. 183 da Lei de Execução Penal, sua
duração está adstrita ao tempo que resta para
o cumprimento da pena privativa de liberdade
estabelecida na sentença condenatória, sob
pena de ofensa à coisa julgada. STJ. 6ª Turma.
HC 130162-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 2/8/2012.

Fonte: Dizer o direito.

Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medi-


da de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao
delito praticado.

Obs: o STF possui julgados afirmando que a me-


dida de segurança deverá obedecer a um prazo
máximo de 30 anos, fazendo uma analogia ao
art. 75 do CP, e considerando que a CF/88 veda
as penas de caráter perpétuo (STF. 1ª Turma. HC
107432, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado
em 24/05/2011).

Fonte: Dizer o direito.

Questões:

1. DP-DF (CESPE – 2013) De acordo com a Lei de


Execução Penal, julgue os itens subsequentes.

De acordo com a jurisprudência mais recente do


Gabarito: 1-C.
STJ, a medida de segurança aplicada, no curso

80
#LEGIS

TÍTULO VII ou se ocorrer qualquer das hipóteses das


Dos Incidentes de Execução letras “a”, “d” e “e” do parágrafo anterior.
§ 3º A pena de interdição temporária de
CAPÍTULO I direitos será convertida quando o conde-
Das Conversões nado exercer, injustificadamente, o direito
interditado ou se ocorrer qualquer das hi-
póteses das letras “a” e “e”, do § 1º, deste
Art. 180. A pena privativa de liberdade, não artigo.
superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida
em restritiva de direitos, desde que:
Comentários: note que o artigo 181 e seus pará-
grafos trata da conversão, instituto que significa
I - o condenado a esteja cumprindo em re- a substituição da pena restritiva de direitos em
gime aberto; pena privativa de liberdade. Ocorre em razão do
II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 descumprimento de alguma(s) condição(ões).
(um quarto) da pena; Dito isso, necessário conjugar a leitura com os §§
4º e 5º do art. 44 do Código Penal:
III - os antecedentes e a personalidade do
condenado indiquem ser a conversão reco- Art. 44. (...)
mendável.
§ 4º A pena restritiva de direitos converte-se
Comentários: uma questão prática é que, por em privativa de liberdade quando ocorrer o
vezes, o regime aberto é melhor que uma pena descumprimento injustificado da restrição
restritiva de direitos, de modo que o artigo teria imposta. No cálculo da pena privativa de
baixa aplicação. liberdade a executar será deduzido o tempo
cumprido da pena restritiva de direitos,
respeitado o saldo mínimo de trinta dias de
Art. 181. A pena restritiva de direitos será detenção ou reclusão.
convertida em privativa de liberdade nas hipó-
teses e na forma do artigo 45 e seus incisos do § 5º Sobrevindo condenação a pena
privativa de liberdade, por outro crime,
Código Penal.
o juiz da execução penal decidirá sobre a
conversão, podendo deixar de aplicá-la se
§ 1º A pena de prestação de serviços à for possível ao condenado cumprir a pena
comunidade será convertida quando o substitutiva anterior.
condenado:

a) não for encontrado por estar em lugar in- Art. 182. Revogado pela Lei 9.268/96.
certo e não sabido, ou desatender a intima-
ção por edital; Art. 183. Quando, no curso da execução da
b) não comparecer, injustificadamente, à pena privativa de liberdade, sobrevier doen-
entidade ou programa em que deva prestar ça mental ou perturbação da saúde mental, o
serviço; Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Pú-
blico, da Defensoria Pública ou da autoridade ad-
c) recusar-se, injustificadamente, a prestar
o serviço que lhe foi imposto; ministrativa, poderá determinar a substituição
da pena por medida de segurança. (Redação
d) praticar falta grave; dada pela Lei nº 12.313, de 2010).
e) sofrer condenação por outro crime à
pena privativa de liberdade, cuja execução Jurisprudência-STJ: Em se tratando de medida
não tenha sido suspensa. de segurança aplicada em substituição à pena
corporal, prevista no art. 183 da Lei de Execução
§ 2º A pena de limitação de fim de semana Penal, sua duração está adstrita ao tempo que
será convertida quando o condenado não resta para o cumprimento da pena privativa
comparecer ao estabelecimento designado de liberdade estabelecida na sentença condena-
para o cumprimento da pena, recusar-se a tória, sob pena de ofensa à coisa julgada. STJ. 6ª
exercer a atividade determinada pelo Juiz

81
#LEGIS

Turma. HC 130162-SP, Rel. Min. Maria Thereza de CAPÍTULO II


Assis Moura, julgado em 2/8/2012. Do Excesso ou Desvio
Fonte: Dizer o direito.
Art. 185. Haverá excesso ou desvio de
execução sempre que algum ato for praticado
Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá além dos limites fixados na sentença, em nor-
ser convertido em internação se o agente revelar mas legais ou regulamentares.
incompatibilidade com a medida.
Comentários: o excesso de execução não se
Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo confunde com o desvio. Enquanto o excesso
mínimo de internação será de 1 (um) ano. diz respeito ao aspecto quantitativo, o desvio
tem relação com a qualidade da pena. Vamos
Comentários: Art. 97, § 4º, do Código Penal - Em aos exemplos:
qualquer fase do tratamento ambulatorial, po-
derá o juiz determinar a internação do agente, se Ex1: João foi condenado a cumprir 5 anos e
essa providência for necessária para fins curati- está cumprindo pena há 6 anos  EXCESSO.
vos. Ex2: João foi condenado a cumprir pena res-
tritiva de direitos e cumpre pena privativa de
liberdade  DESVIO.
Anotações sobre os artigos anteriores:
Art. 186. Podem suscitar o incidente de ex-
cesso ou desvio de execução:

I - o Ministério Público;
II - o Conselho Penitenciário;
III - o sentenciado;
IV - qualquer dos demais órgãos da exe-
cução penal.

Comentários: os demais órgãos da execução pe-


nal são (art. 61 da LEP):

a) Defensoria.
b) Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária;
c) Juízo da Execução;
d) Departamentos Penitenciários;
e) Patronato;
f) Conselho da Comunidade;

Anotações sobre os artigos anteriores:

82
#LEGIS

Questões: CAPÍTULO III


Da Anistia e do Indulto
1. MPE-SC (MPE-SC – 2019) Prescreve a Lei de
Execução Penal que podem suscitar o incidente
de excesso ou desvio de execução, além do Minis- Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de
tério Público, o Conselho Penitenciário, o senten- ofício, a requerimento do interessado ou do Mi-
ciado e qualquer dos demais órgãos da execução nistério Público, por proposta da autoridade ad-
penal, exceto os Departamentos Penitenciários e ministrativa ou do Conselho Penitenciário, de-
o Conselho da Comunidade. clarará extinta a punibilidade.

Comentários: anistia é hipótese de extinção de


Anotações gerais sobre a questão anterior: punibilidade, de competência do Congresso Na-
cional. Está prevista no art. 21, XVII e 48, VIII, am-
bos da CF, além do art. 107, inciso II do Código
Penal.

Art. 188. O indulto individual poderá ser


provocado por petição do condenado, por inicia-
tiva do Ministério Público, do Conselho Peniten-
ciário, ou da autoridade administrativa.

Art. 189. A petição do indulto, acompanha-


da dos documentos que a instruírem, será entre-
gue ao Conselho Penitenciário, para a elabora-
ção de parecer e posterior encaminhamento ao
Ministério da Justiça.

Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista


dos autos do processo e do prontuário, promo-
verá as diligências que entender necessárias e
fará, em relatório, a narração do ilícito penal e
dos fundamentos da sentença condenatória, a
exposição dos antecedentes do condenado e do
procedimento deste depois da prisão, emitindo
seu parecer sobre o mérito do pedido e esclare-
cendo qualquer formalidade ou circunstâncias
omitidas na petição.

Art. 191. Processada no Ministério da Jus-


tiça com documentos e o relatório do Conselho
Penitenciário, a petição será submetida a despa-
cho do Presidente da República, a quem serão
presentes os autos do processo ou a certidão de
qualquer de suas peças, se ele o determinar.

Art. 192. Concedido o indulto e anexada


aos autos cópia do decreto, o Juiz declarará ex-
tinta a pena ou ajustará a execução aos termos
do decreto, no caso de comutação.

Gabarito: 1-C.

83
#LEGIS

Comentários: os artigos 188 a 192 tratam do “in- fato criminoso, examinará as provas, mencionará
dulto individual”, também conhecido como gra- qualquer formalidade ou circunstância omitida
ça. Tal instituto está previsto, também no artigo na petição e exporá os antecedentes do conde-
107, II, do CP, e limitado pela Constituição no in- nado e seu procedimento depois de preso, opi-
ciso XLIII, do art. 5º. É, assim como a anistia, uma nando sobre o mérito do pedido.
hipótese de extinção da punibilidade.
Art. 737. Processada no Ministério da Justiça,
No mais, repare que os artigos 734 a 737 do CPP com os documentos e o relatório do Conselho
explicam o trâmite, assim como a LEP: Penitenciário, a petição subirá a despacho do
Art. 734. A graça poderá ser provocada por peti- Presidente da República, a quem serão presentes
ção do condenado, de qualquer pessoa do povo, os autos do processo ou a certidão de qualquer
do Conselho Penitenciário, ou do Ministério Pú- de suas peças, se ele o determinar.
blico, ressalvada, entretanto, ao Presidente da
República, a faculdade de concedê-la esponta- Art. 738. Concedida a graça e junta aos autos có-
neamente. pia do decreto, o juiz declarará extinta a pena ou
penas, ou ajustará a execução aos termos do de-
Art. 735. A petição de graça, acompanhada dos creto, no caso de redução ou comutação de pena.
documentos com que o impetrante a instruir,
será remetida ao ministro da Justiça por intermé-
dio do Conselho Penitenciário. Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado
por indulto coletivo, o Juiz, de ofício, a reque-
Art. 736. O Conselho Penitenciário, à vista dos rimento do interessado, do Ministério Público,
autos do processo, e depois de ouvir o diretor do ou por iniciativa do Conselho Penitenciário ou
estabelecimento penal a que estiver recolhido da autoridade administrativa, providenciará de
o condenado, fará, em relatório, a narração do acordo com o disposto no artigo anterior.

ANISTIA GRAÇA (indulto individual) INDULTO (indulto coletivo)

É um benefício concedido pelo Congres-


so Nacional, com a sanção do Presiden- Concedidos por Decreto do Presidente da República.
te da República (art. 48, VIII, CF/88), por Apagam o efeito executório da condenação.
meio do qual se “perdoa” a prática de um A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
fato criminoso.
• Procurador Geral da República;
Normalmente, incide sobre crimes políti- • Advogado Geral da União;
cos, mas também pode abranger outras • Ministros de Estado.
espécies de delito.

É concedida por meio de uma lei federal


Concedidos por meio de um Decreto.
ordinária.

Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios só


Pode ser concedida: podem ser concedidos após o trânsito em julgado da con-
denação. Esse entendimento, no entanto, está cada dia
• antes do trânsito em julgado (anistia mais superado, considerando que o indulto natalino, por
própria); exemplo, permite que seja concedido o benefício desde
• depois do trânsito em julgado (anistia que tenha havido o trânsito em julgado para a acusação ou
imprópria). quando o MP recorreu, mas não para agravar a pena impos-
ta (art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).

84
#LEGIS

Classificação

a) Propriamente dita: quando concedida


antes da condenação. Classificação
b) Impropriamente dita: quando concedi-
da após a condenação. a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a pena (co-
a) Irrestrita: quando atinge indistintamen- mutação).
te todos os autores do fato punível.
b) Restrita: quando exige condição pesso- a) Incondicionado: quando não impõe qualquer condição.
al do autor do fato punível. Ex.: exige pri- b) Condicionado: quando impõe condição para sua conces-
mariedade. são.

a) Incondicionada: não se exige condição a) Restrito: exige condições pessoais do agente. Ex.: exige
para a sua concessão. primariedade.
b) Condicionada: exige-se condição para b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do agen-
a sua concessão. Ex.: reparação do dano. te.

a) Comum: atinge crimes comuns.


b) Especial: atinge crimes políticos.

Extingue os efeitos penais (principais e se-


Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
cundários) do crime.
Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza civil
Os efeitos de natureza civil permanecem
permanecem íntegros.
íntegros.

O réu condenado que foi anistiado, se co- O réu condenado que foi beneficiado por graça ou indulto,
meter novo crime, não será reincidente. se cometer novo crime, será reincidente.

É um benefício individual É um benefício coletivo (sem


É um benefício coletivo que, por referir-se (com destinatário certo). destinatário certo).
somente a fatos, atinge apenas os que o
cometeram. Depende de pedido do sen- É concedido de ofício (não de-
tenciado. pende de provocação).
Fonte: Dizer o direito

Jurisprudência: indulto é considerado um ato discricionário e pri-


vativo do Presidente da República. O decreto de
STF: O Decreto nº 9.246/2017, que concedeu in- indulto não é imune ao controle jurisdicional, no
dulto natalino, é constitucional. O indulto é um entanto, suas limitações se encontram no texto
mecanismo de freios e contrapesos exercido pelo constitucional (art. 5º, XLIII, da CF/88). É possível
Poder Executivo sobre o Judiciário, sendo con- a concessão de indulto para crimes de corrupção
sentâneo com a teoria da separação dos poderes. (em sentido amplo) e lavagem de dinheiro. Isso
O indulto não faz parte da doutrina penal, não é porque não há vedação na Constituição Federal.
instrumento consentâneo à política criminal. O parecer oferecido pelo Conselho Nacional de
Trata-se, como já explicado, de legítimo mecanis- Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) acerca
mo de freios e contrapesos para coibir excessos dos critérios de concessão do indulto não vin-
e permitir maior equilíbrio na Justiça criminal. O cula o Presidente da República. STF. Plenário.

85
#LEGIS

ADI 5874/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red.


p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
9/5/2019 (Info 939).

STF: O indulto da pena privativa de liberdade não


alcança a pena de multa que tenha sido objeto
de parcelamento espontaneamente assumido
pelo sentenciado. O acordo de pagamento par-
celado da sanção pecuniária deve ser rigorosa-
mente cumprido sob pena de descumprimento
de decisão judicial, violação ao princípio da iso-
nomia e da boa-fé objetiva. STF. Plenário. EP 11
IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso, julga-
do em 8/11/2017 (Info 884).

STJ: O período compreendido entre a publicação


do decreto concessivo de indulto pleno e a deci-
são judicial que reconheça o benefício não pode
ser subtraído na conta de liquidação das novas
execuções penais, mesmo que estas se refiram a
condenações por fatos anteriores ao decreto in-
dulgente. STJ. 6ª Turma. REsp 1557408-DF, Rel.
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
16/2/2016 (Info 577).

STF: O Presidente da República editou um De-


creto Presidencial concedendo o “indulto nata-
lino”. O TJ condicionou a concessão do indulto
à realização, pelo sentenciado, de exame crimi-
nológico. Ocorre que o Decreto Presidencial em
nenhum momento estabeleceu, como um dos
requisitos para a concessão do indulto, que o
apenado fosse submetido a exame criminológi-
co. Logo, tal condição é indevida. Preenchidos os
requisitos previstos no Decreto, não pode o Judi-
ciário exigir a realização do exame criminológico
para aferição do mérito do sentenciado, por ab-
soluta falta de previsão legal. STF. 2ª Turma. HC
116101/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
17/12/2013 (Info 733).
Fonte: Dizer o direito.

Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos


primários da condenação (pretensão executó-
ria), mas não atinge os efeitos secundários, pe-
nais ou extrapenais.

Súmula 535-STJ: A prática de falta grave não in-


terrompe o prazo para fim de comutação de pena
ou indulto. STJ. 3ª Seção.

Anotações sobre os artigos anteriores:

86
#LEGIS

TÍTULO VIII
Do Procedimento Judicial

Art. 194. O procedimento correspondente


às situações previstas nesta Lei será judicial, de-
senvolvendo-se perante o Juízo da execução.

Art. 195. O procedimento judicial iniciar-


-se-á de ofício, a requerimento do Ministério Pú-
blico, do interessado, de quem o represente, de
seu cônjuge, parente ou descendente, mediante
proposta do Conselho Penitenciário, ou, ainda,
da autoridade administrativa.

Art. 196. A portaria ou petição será autua-


da ouvindo-se, em 3 (três) dias, o condenado e
o Ministério Público, quando não figurem como
requerentes da medida.

§ 1º Sendo desnecessária a produção de


prova, o Juiz decidirá de plano, em igual
prazo.
§ 2º Entendendo indispensável a realização
de prova pericial ou oral, o Juiz a ordenará,
decidindo após a produção daquela ou na
audiência designada.

Art. 197. Das decisões proferidas pelo


Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito sus-
pensivo.

Comentários: gravem que contra todas as deci-


sões proferidas em sede de execução penal cabe
o recurso de agravo em execução. Esse recurso
não tem regramento próprio, estando a jurispru-
dência e doutrina alinhadas no sentido de que
deve ser utilizado o rito e prazos do recurso em
sentido estrito.

Súmula 604-STJ: Mandado de segurança não se


presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo Ministério Público.

Súmula 700-STF: É de cinco dias o prazo para


interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal.

Anotações sobre os artigos anteriores:

87
#LEGIS

TÍTULO IX hospitalar e após o parto, durante o período


Das Disposições Finais em que se encontrar hospitalizada.
e Transitórias
Art. 4º Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos
da execução penal, e ao servidor, a divulgação de
ocorrência que perturbe a segurança e a discipli- Súmula Vinculante 11-STF: Só é lícito o uso de
na dos estabelecimentos, bem como exponha o algemas em casos de resistência e de fundado
preso à inconveniente notoriedade, durante o receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia, por parte do preso ou de ter-
cumprimento da pena. ceiros, justificada a excepcionalidade por escrito,
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e
Art. 199. O emprego de algemas será disci- penal do agente ou da autoridade e de nulidade
plinado por decreto federal. da prisão ou do ato processual a que se refere,
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Comentários: em 26.09.2016 foi editado o Decre-
to 8.858 disciplinando a matéria. Dentre os pon- Art. 200. O condenado por crime político
tos trazidos, além de reforçar a súmula vinculan- não está obrigado ao trabalho.
te 11, vedou o emprego de algemas em mulheres
presas em trabalho de parto, no trajeto para a
unidade hospitalar e, logo após o parto, enquan- Art. 201. Na falta de estabelecimento ade-
to internada. Confira: quado, o cumprimento da prisão civil e da prisão
administrativa se efetivará em seção especial da
Art. 1º O emprego de algemas observará o dis- Cadeia Pública.
posto neste Decreto e terá como diretrizes:
Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não
I - o inciso III do caput do art. 1º e o inciso constarão da folha corrida, atestados ou certi-
III do caput do art. 5º da Constituição , que dões fornecidas por autoridade policial ou por
dispõem sobre a proteção e a promoção auxiliares da Justiça, qualquer notícia ou refe-
da dignidade da pessoa humana e sobre a
proibição de submissão ao tratamento de- rência à condenação, salvo para instruir proces-
sumano e degradante; so pela prática de nova infração penal ou outros
casos expressos em lei.
II - a Resolução nº 2010/16, de 22 de julho
de 2010, das Nações Unidas sobre o trata-
mento de mulheres presas e medidas não Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a con-
privativas de liberdade para mulheres infra- tar da publicação desta Lei, serão editadas as
toras (Regras de Bangkok); e normas complementares ou regulamentares,
necessárias à eficácia dos dispositivos não auto-
III - o Pacto de San José da Costa Rica, que
determina o tratamento humanitário dos -aplicáveis.
presos e, em especial, das mulheres em
condição de vulnerabilidade. § 1º Dentro do mesmo prazo deverão
as Unidades Federativas, em convênio
com o Ministério da Justiça, projetar a
Art. 2º É permitido o emprego de algemas ape- adaptação, construção e equipamento
nas em casos de resistência e de fundado re- de estabelecimentos e serviços penais
ceio de fuga ou de perigo à integridade física previstos nesta Lei.
própria ou alheia, causado pelo preso ou por
terceiros, justificada a sua excepcionalidade § 2º Também, no mesmo prazo, deverá
por escrito. ser providenciada a aquisição ou
desapropriação de prédios para instalação
Art. 3º É vedado emprego de algemas em de casas de albergados.
mulheres presas em qualquer unidade do § 3º O prazo a que se refere o caput
sistema penitenciário nacional durante o deste artigo poderá ser ampliado, por
trabalho de parto, no trajeto da parturiente ato do Conselho Nacional de Política
entre a unidade prisional e a unidade Criminal e Penitenciária, mediante

88
#LEGIS

justificada solicitação, instruída com os


projetos de reforma ou de construção de
estabelecimentos.
§ 4º O descumprimento injustificado dos
deveres estabelecidos para as Unidades
Federativas implicará na suspensão de
qualquer ajuda financeira a elas destina-
da pela União, para atender às despesas
de execução das penas e medidas de se-
gurança.

Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomi-


tantemente com a lei de reforma da Parte Geral
do Código Penal, revogadas as disposições em
contrário, especialmente a Lei nº 3.274, de 2 de
outubro de 1957.

Anotações sobre os artigos anteriores:

89

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